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Estrutura e propriedades dos compostos orgânicos Contexto Histórico No século XVIII, os cientistas acreditavam que as substâncias conhecidas eram divididas em: ● Compostos Inorgânicos -> que seriam derivados dos minerais e não possuíam ”força vital”. ● Compostos Orgânicos -> que seriam derivados de fontes vivas, pois continham “força vital incomensurável”- a essência da vida! Nota: Assim, como não era possível “criar vida em laboratório”, acreditava-se que também NÃO seria possível criar “compostos orgânicos”! No entanto, em 1828 o cientista alemão Friedrich Whöhler produziu acidentalmente ureia a partir do aquecimento de cianato de amônio. Assim, uma nova de�nição para os compostos orgânicos foi necessária: Substâncias orgânicas são aquelas formadas por átomos de carbono. Nota: Ureia é um composto orgânico cristalino, incolor, de fórmula (NH₂)₂CO, produzido naturalmente pelo fígado como resultado do metabolismo das proteínas provenientes da alimentação. Importância dos Compostos Orgânicos ↪ C ombustíveis (geração de energia), tais como os derivados do petróleo (como a gasolina e o óleo diesel), o etanol, os biocombustíveis, o carvão e o gás natural. Carbono: O que o torna especial? Se olharmos a tabela periódica, o carbono, na família 14, está em uma posição em que à esquerda dele se encontram átomos menos eletronegativos com tendência de receber elétrons e à direita, átomos mais eletronegativos com tendência de doar elétrons. E o carbono, que está no meio desta divisão, tem uma característica interessante, pois ele nem doa nem recebe, preferindo compartilhar os elétrons. É essa tendência de compartilhamento que faz com que ele seja útil na formação de milhões de compostos estáveis Ligações Iônicas e Covalentes Ligações Iônicas são aquelas que partem da premissa de que temos que preencher a última camada de elétrons do átomo de maior energia ou que ela já está preenchida, que é o caso do hélio que só tem dois elétrons, a �m de estabilizar o mesmo, e que todo átomo procura essa estabilidade, doando ou recebendo elétrons. Assim, átomos que são capazes apenas de compartilhar elétrons, são incapazes de realizar esse tipo de ligação, recorrendo à Ligação Covalente. Nota: Ligação Iônica ↪ resulta da atração de íons de cargas opostas. Ligação Covalente ↪ formada pelo compartilhamento de elétrons. Ligação Metálica ↪ ligação entre átomos de metal - raramente ocorre na química orgânica. Ligações Covalentes Apolares e Polares O compartilhamento de elétrons entre os átomos na Ligação Covalente pode ser igual ou diferente, dependendo da polaridade dos átomos de ligação. ● Átomos iguais ou com a mesma eletronegatividade vão compartilhar os elétrons de maneira igualitária, con�gurando a ligação apolar (sem pólos); ● No caso de átomos com eletronegatividade diferente, eles vão compartilhar os elétrons de maneira desigual, ou seja, o átomo mais eletronegativo puxará os elétrons mais para perto dele, formando um dipolo (pólos positivo e negativo) na ligação, a ligação polar . A polaridade da molécula nem sempre é a polaridade da ligação da estrutura. Às vezes uma molécula tem ligações polares, mas a soma de todas as ligações vão gerar uma molécula apolar, pois medimos isso a partir da soma dos vetores dos momentos de dipolo de cada uma das ligações da estrutura. Polaridade das Moléculas ● Molécula Apolar A soma total dos momentos dipolares é igual a zero ( total = 0 ). μ → ● Molécula Polar A soma total dos momentos dipolares é diferente de zero ( total 0 ). μ → = / Nota: indica que é um vetor. → μ Formas Espaciais Moleculares As moléculas não estão dispostas espacialmente exatamente na forma como desenhamos. ● Estrutura de Lewis Fornece a conectividade atômica, ou seja, nos mostra o número e os tipos de ligações entre os átomos. Exemplo: ● Forma Espacial É determinada por seus ângulos de ligações. Exemplo: ↪ Geometria molecular piramidal trigonal. Para prevermos a forma molecular, supomos que os elétrons de valência se repelem e, consequentemente, a molécula assume qualquer geometria 3D que minimize essa repulsão. Este processo é denominado “Teoria de R epulsão do P ar de E létrons no N ível de V alência” (RPENV). Existem cinco geometria mais comuns para a forma molecular dos compostos orgânicos: ↪ Linear ↪ Trigonal Plana ↪ Tetraédrica ↪ Bipiramidal Trigonal ↪ Octaédrica Nota: Dentre essas, a estrutura tetraédrica, piramidal trigonal e a angular são as mais recorrentes. Modelo RPENV ● Para se determinar a forma de uma molécula, fazemos a distinção entre pares de elétrons não-ligantes (aqueles fora de uma ligação), que �cam sob o átomo na iminência de fazer uma interação ou uma ligação com outro átomo e, até mesmo, uma molécula, e pares ligantes (aqueles encontrados entre dois átomos); ● De�nimos o arranjo eletrônico pelas posições no espaço 3D de TODOS os pares de elétrons (ligantes ou não ligantes); ● Os elétrons assumem um arranjo no espaço para minimizar a repulsão . ee − − − ● ↪ Para determinar o arranjo: 1º. Desenhamos a Estrutura de Lewis, aquela onde colocamos o par de elétrons não- ligantes; 2º. Contamos o número total de pares de elétrons ao redor do átomo central; 3º. Ordenamos os pares de elétrons em uma das geometrias citadas para minimizar a repulsão e contamos as ligações ee − − − múltiplas como um par de ligação. No caso da amônia, por exemplo, temos o arranjo tetraédrico, onde o par de elétrons não- ligantes poderá fazerligação com outro NH3 ou outra estrutura que esteja no meio e ávida ao par de elétrons. Elétrons Não- ligantes e Ligações Múltiplas nos Ângulos de Ligação O efeito dos elétrons não- ligantes nas ligações múltiplas, fará com que tenha redução ou aumento do ângulo de ligação entre os átomos. Modelo Experimental Neste modelo, o ângulo de ligação H-X-H diminui ao passarmos do C para o N e para o O. Como os elétrons em uma ligação são atraídos por dois núcleos, eles não se repelem tanto quanto os pares solitários, consequentemente, os ângulos de ligação diminuem quando o número de pares de elétrons não- ligantes aumenta. Nota: Os elétrons nas ligações múltiplas se repelem mais do que os elétrons nas ligações simples. Nota: Ligação múltipla ocorre quando dois átomos compartilham dois ou mais pares de elétrons. ↪ Um par de elétrons compartilhado = ligação simples; ↪ Dois pares de elétrons compartilhados = ligação dupla; ↪ Três pares de elétrons compartilhados = ligação tripla. Representação dos Compostos Orgânicos Os compostos orgânicos podem ser representados de muitas maneiras: ↪ Fórmula de Lewis ↪ Fórmula Estrutural Nota: a forma estrutural de traços pode ser expandida ou condensada (I e II). ↪ Fórmula em Linhas. ↪ Fórmula Molecular, Mínima e Percentual Orbitais Atômicos e Moleculares Orbital é a região tridimensional em torno do núcleo onde há a possibilidade de se encontrar um elétron. Eles precisam se aproximar, interagir, para que haja formação das ligações químicas. Nota: É uma função matemática que descreve o comportamento de onda de um elétron (ou um par de elétrons) em um átomo. Os orbitais S possuem formato esférico. Já os orbitais P possuem formato de alter. Em Química Orgânica esses são os orbitais que mais utilizamos, pois são estruturas basicamente formadas por carbonos e hidrogênio. Teoria do Orbital Molecular A teoria do orbital molecular combina a tendência dos átomos em completar o octeto, através do compartilhamento de elétrons, com suas propriedades de onda, designando os elétrons para um volume do espaço chamado orbital. A Ligação Covalente resulta da combinação desses orbitais moleculares para formar os orbitais moleculares. Como as Ligações Covalentes são formadas? Os orbitais atômicos se aproximam até estarem em uma distância ideal e começam a se sobrepor, diminuindo a energia, pois há liberação da mesma com o aumento da estabilidade. Essa energia diminui até que os átomos estejam tão próximos, que seus núcleos comecem a se repelir, aumentando- a novamente. A atração entre os elétrons negativos e os núcleos positivos é o que mantém os átomos juntos, formando a Ligação Covalente. Nota: A Ligação Covalente formada é uma Sigma ( ); σ Nota: A distância ideal é o momento de menor energia e repulsão, chamado comprimento da ligação. Nota: A energia liberada quando a ligação se forma é a mesma necessária para romper a ligação, chamada Força de Ligação ou Energia de Dissociação da Ligação. Orbitais Híbridos ↪ Átomos se ligam através de orbitais com elétrons desemparelhados; ↪ Orbitais atômicos se sobrepõem para formar a ligação; ↪ Os orbitais moleculares resultantes são diferentes dos atômicos, portanto: Híbridos. Por exemplo, na ligação H - F ( s-p ) o σ hidrogênio com um elétron tem o orbital s , já o �úor, o orbital de�ciente é o p . Assim, temos a aproximação de um orbital s com o p , formando um orbital molecular híbrido, o sp3 . Em um exemplo F - F ( p-p ) com σ distribuições eletrônicas iguais, o orbital de�ciente de um elétron em ambos é o p. Eles irão se combinar e formar o orbital molecular híbrido, pp . Modelo Experimental No metano temos a distribuição eletrônica do carbono com dois elétrons sobrando nos orbitais 2p e um orbital completamente vazio. O que vai acontecer? Um elétron do orbital s será promovido para o orbital p , fazendo com que �que um elétron para cada orbital ( s , p , p , p ), compondo os orbitais hibridizados sp3 , onde cada um deles se ligará com outros para formar um substância. Essas ligações simples terão in�uência na estrutura do metano, onde teremos a forma tetraédrica com ângulo de ligação 109, 5° (apolar). Já no etano, notamos que a medida que se aumenta o número de carbonos na molécula, aumentasse também o número de de orbitais hibridizados presentes, podendo ter tanto orbitais sp3 , quanto orbitais sp3 - sp3 e sp3 - s , pois estarão interagindo com átomos de hidrogênio. As ligações simples formarão o ângulo de ligação 109, 6° e as ligações C - C com tamanho de 1, 54 Å e C - H com 1, 10 Å. Veremos que a medida que ligações múltiplas são adicionadas aos compostos, o tamanho da ligação sofrerá alteração, assim como os ângulos de ligação. Nota: Å lê-se Ångström, unidade de medida de comprimento, onde 1 Å= metros. 01 10− Ligação Dupla Na ligação dupla teremos a promoção novamente de um elétron do orbital s para um orbital p para acontecer a hibridização de três orbitais: um s e dois p , formando três orbitais sp2 e um orbital p que �ca vazio, perpendicular ao plano. Os ângulos serão de 120° e a geometria triangular, onde tanto a ligação C C = quanto a ligação C - H, diminuirão, tendo: 1,33 Å e 1,08 Å, respectivamente. ↪ Ligação s C = C: sp2-sp2 ; ↪ Ligação s C - H: sp2s. ↪ Ligação p formada pelo orbital p desemparelhado. ↪ Ligações de tamanhos e forçasdiferentes. Ligação Tripla Na ligação tripla teremos também a promoção de um elétron do orbital s para um orbital p e a hibridização ocorrerá entre apenas um orbital s e um p , formando sp , constituídos 50% de cada um dos orbitais. Ficarão dois orbitais p livres na molécula. Os ângulos de ligação serão de 180° e a geometria planar, onde a ligação C C e a ≡ ligação C - H, diminuirão mais ainda, �cando: 1,20 Å e 1,06 Å, respectivamente. ↪ Ligação s C - C: sp-sp; ↪ Ligação s C - H: sp-s. ↪ Duas Ligações formadas pelos dois π orbitais p desemparelhados. ↪ Ligações de tamanhos e forças diferentes Nota: Quanto menor o tamanho das ligações (mais curtas), mais forte serão, necessitando de mais força para separar os átomos. Resumo: Teoria da Ressonância A Teoria da Ressonância foi desenvolvida a partir de algumas observações feitas para estruturas que não tinham tamanho de ligação do jeito esperado. Por exemplo, o ânion carbonato ( ): O3C 2− A estrutura de Lewis prevê duas ligações simples e uma ligação dupla. Sabemos que, em uma ligação C = O, o comprimento da ligação é de 1, 23 Å e que, em média, uma ligação simples C - O tem comprimento de 1, 43 Å. No entanto, dados experimentais mostram que as três ligações têm o mesmo tamanho de ligação: 1, 28 Å. ● Conclusão: não é possível propor uma estrutura de Lewis que explique este dado experimental. ● Solução: emprego da Teoria da Ressonância, onde, os pares de elétron irão transitar livremente sobre a molécula, con�gurando a deslocalização eletrônica. Observações Obs. 1: A teoria da Ressonância preconiza: estruturas de Lewis equivalentes umas às outras podem ser obtidas a partir do deslocamento de elétrons; Obs. 2: Chamamos estas estruturas equivalentes de contribuintes de ressonância e nenhum contribuinte de ressonância é uma representação correta da molécula; Obs. 3: A representação correta vem do híbrido de ressonância (uma “soma” ou “média” de todos os contribuintes de ressonância; Obs. 4: Os contribuintes de ressonância não dão, necessariamente, contribuições de mesmo peso na estrutura do híbrido (alguns podem ser mais relevantes que outros). Contribuintes de Ressonância Podemos representar os contribuintes de ressonância do ânion carbonato a partir da representação abaixo: ↪ Os três contribuintes estão desenhados entre colchetes. ↪ A única diferença entre as três estruturas está na movimentação dos elétrons (a conectividade dos átomos se mantém inalterada). ↪ A seta entre os contribuintes é uma dupla seta (ou seta de ressonância). ↪ É possível também notar que as cargas negativas nos átomos de oxigênio estão sendo passadas de um átomo para o outro (as cargas estão deslocalizadas). O híbrido de ressonância do ânion carbonato será representado assim: As ligações duplas pontilhadas estão indicando que elas estão sendo formadas e quebradas nos deslocamentos de elétrons e os átomos de oxigênio com cargas parciais, que as cargas negativas estão deslocalizadas nos três átomos de oxigênio . Regras para propor contribuintes de ressonância 1. O contribuinte deve obedecer,sempre que possível, a regra do octeto. 2. Apenas elétrons são deslocados (a conectividade da molécula permanece intacta, ou seja, a posição dos átomos é mantida). 3. Contribuintes mais estáveis: ● Contribuintes sem separação de carga são mais estáveis do que contribuintes com átomos carregados; ● Contribuintes com octeto completo são mais estáveis que outros incompletos; ● Contribuintes com maior número de Ligações Covalentes são mais estáveis que contribuintes com menor número de ligações.
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