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Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 Saúde Mental 1 Profª.: Thaís Verztman Slide 12.1: Transtornos Relacionados ao Alcool As mais altas taxas de uso de álcool ocorrem entre os 18 e 29 anos de idade. O consumo é encorajado e intensificado pelo contexto social e hábitos culturais. Mais de 65% dos habitantes nas 10 maiores capitais brasileiras consomem bebidas alcoólicas, estando bem à frente do tabaco. Dentre esses, 50% iniciaram o uso entre os 10 e 12 anos de idade. A dependência de álcool acomete de 10% a 12% da população mundial, e 11,2% dos brasileiros que vivem nas 107 maiores cidades do país. Ser dependente de álcool aumenta o risco de suicídio em 3 a 4 vezes. A incidência de uso é maior entre os homens ♂, sendo também maior entre os mais jovens, especialmente na faixa etária dos 18 aos 29 anos, declinando com a idade. O álcool é responsável por cerca de 60% dos acidentes de trânsito e aparece em 70% dos laudos cadavéricos de mortes violentas. Não existe consumo de álcool isento de riscos. Qualquer dose de bebida alcoólica, por menor que seja, aumenta o risco de morte/mortalidade por todas as causas entre adolescentes e adultos jovens, numa relação dose-dependente. Os benefícios de sobrevida associados ao álcool devem-se à redução da morbimortalidade por doenças cardiovasculares, o que depende da dose. “Beber começa como um ato de vontade, depois caminha para um hábito e finalmente afunda na necessidade” (Benjamin Rush) Subdiagnóstico Devido à falta de treinamento, o diagnóstico da dependência do álcool leva em média 5 anos para ser realizado. O diagnóstico tardio seguramente piora o prognóstico e reforça atitudes negativas dos profissionais sobre a dependência e o dependente químico. Esse quadro poderia ser revertido por meio de políticas que estabelecessem programas de educação continuada para o clínico geral. Na atenção primária: Paciente que procura atendimento médico 5 vezes ou mais em um ano → pode haver patologia psiquiátrica de base. Como muitas vezes o primeiro contato do paciente com o tratamento acontece nas emergências, o pronto-socorro oferece uma “janela de oportunidades” para intervenções. Sinalizadores de problemas decorrentes do uso de álcool e drogas: Faltas frequentes no trabalho e na escola. • História de trauma e acidente frequentes • Depressão • Ansiedade • Hipertensão arterial • Sintomas gastrintestinais • Disfunção sexual • Distúrbio do sono Instrumentos de triagem 1. ASSIST a. ALCOHOL, SMOKING AND SUBSTANCE INVOLVEMENT SCREENING TEST i. Pode ser aplicado por qualquer profissional de saúde ii. É possível calcular o score para substâncias específicas Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 Saúde Mental 2 iii. Define níveis de risco e as intervenções apropriadas b. ALCOHOL USE DISORDERS IDENTIFICATION TEST i. Objetivo: identificar indivíduos com problemas associados ao uso de álcool ii. Pode ser aplicado por qualquer profissional de saúde iii. Rápido e simples iv. Define quatro níveis de risco e intervenções específicas: prevenção primária, orientação básica, intervenção breve e monitoramento, encaminhamento para serviço especializado. 2. CAGE a. Objetivos: detectar principalmente casos de dependência b. Pode ser aplicado por qualquer profissional de saúde c. Rápido e simples d. POUCO SENSÍVEL PARA PROBLEMAS INICIAIS EM DECORRÊNCIA DO USO DE ÁLCOOL TRANSTORNO POR ABUSO DE ÁLCOOL Reclassificado no DSM-5: categoria única de 11 itens. Cid-10: manteve a distinção entre "dependência do álcool" e "uso nocivo/prejudicial". Ação do álcool nos neurotransmissores • O sistema neurotransmissor mais afetado pelo álcool é o GABAérgico (inibitório) que fica mais ativo na intoxicação e menos ativo na abstinência. • O sistema ativador glutamatérgico mediados pelos receptores NMDA ficam menos atuantes. • Estimula o sistema dopaminérgico em áreas cerebrais relacionadas ao prazer e interage com o sistema opioide. Sistema dopaminérgico de recompensas: Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 Saúde Mental 3 I. Uso de baixo risco (mas não sem risco) Homens: não mais do que 14 unidades de bebidas por semana (até 2 em um dia) Mulheres: não mais do que 7 unidades de bebidas por semana (até 1 em um dia) Unidades de álcool: é a forma usada para medir o consumo de álcool quantidade em gramas = volume x concentração 1 unidade= 10 gramas de álcool puro II. Uso nocivo O diagnóstico requer que um dano real tenha sido causado à saúde física e mental do usuário. Padrões nocivos de uso são frequentemente criticados por outras pessoas e estão associados a vários tipos de consequências sociais adversas. O uso nocivo não deve ser diagnosticado se a síndrome de dependência, um distúrbio psicótico ou se outra forma específica de distúrbio relacionado ao álcool ou às drogas estiverem presentes. III. Síndrome de dependência ao álcool (SDA) O diagnóstico deve ser feito se três ou mais dos seguintes critérios foram manifestados durante o ano anterior: • Um desejo forte ou senso de compulsão para consumir a substância. Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 Saúde Mental 4 • Dificuldade de controlar o comportamento de consumir a substância em termos de seu início, término ou níveis de consumo. • Síndrome de abstinência fisiológica quando o uso da substância cessou ou foi reduzido. Os sintomas da síndrome de abstinência são característicos para cada substância. • Evidência de tolerância de forma que doses crescentes da substância psicoativa são requeridas para alcançar efeitos originalmente produzidos por doses mais baixas. • Abandono progressivo de outros prazeres em função do uso da substância. IV. Etiologia Fatores genéticos e outros fatores biológicos, juntamente com fatores cognitivos, comportamentais, psicológicos e socioculturais, estão envolvidos no surgimento do TUA. Os fatores ambientais também são importantes. Uma anormalidade genética pode ser necessária para que uma doença ocorra, mas a doença não ocorrerá sem a presença de um fator de risco ambiental. V. Tratamento Objetivos Abstinência completa X Redução de danos Reduzir craving por álcool, reduzir quantidade de álcool consumido, reduzir número de dias de consumo pesado, reduções nos biomarcadores hepáticos de inflamação ou menos visitas ao departamento de emergência e menos internações: reduções na morbidade e mortalidade associadas ao TUA. Intervenção breve Para se iniciar qualquer tipo de intervenção é necessário que se tenha o diagnóstico do uso de álcool (dependência ou uso nocivo) e uma avaliação da motivação do paciente. A motivação é um processo dinâmico, que pode ser influenciada por vários fatores. A conduta do médico frente a essa ambivalência é muito importante. Ele deve ser empático, paciente, ativo e firme no momento da intervenção. Estágios de motivação • Pré-contemplação – a pessoa não entende que está com um problema • Contemplação – a pessoa sabe do problema, mas ainda não age para resolvê-lo • Preparação – a pessoa entende que precisa mudar • Determinação – a pessoa se prepara internamente para a mudança • Ação – mudança ativa • Manutenção – ação continuada Tratamentos psicoterpapicos • Twelve-Step Facilitation (“AA”) • Entrevista Motivacional • Terapias Familiares e Comunitárias • Psicoterapias psicodinâmicas Intervenções farmacológicas Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103Saúde Mental 5 A grande maioria dos pacientes com TUA não são farmacologicamente tratados por muitas razões, incluindo baixa demanda de pacientes, preocupações com cobertura de seguro/plano de saúde, falta de eficácia percebida, o estigma social em torno dos transtornos de dependência e a falta de formação de prestadores de cuidados de saúde. Off-label: Dissulfiram é um sensibilizante ao álcool; barato; inativa a enzima acetoaldeido-desidrogenase hepática, levando a um acúmulo de acetoaldeído no organismo, efeito antabuse (dissulfiram-like → causa muito desconforto ao uso de álcool). Naltrexona é um antagonista opioide; tratamento de 12 semanas, reduz taxa de recaída até o quinto mês após sua suspensão; contraindicada em hepatopatas. Topiramato é usado para vários tipos de compulsão/vícios. Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 Saúde Mental 6 TRANSTORNOS INDUZIDOS PELO ÁLCOOL I. Intoxicação aguda Condição clínica transitória devido à ingesta de bebida alcoólica acima de um nível tolerado, capaz de produzir alterações psíquicas e físicas suficientes para interferir no seu funcionamento habitual. • Complicações clínicas agudas: crises hipertensivas, TCE, sangramentos, hipoglicemia. • Complicações clínicas relacionadas crônicas: por exemplo, hepatomegalia e desnutrição (TOMAR CUIDADO!) • Garantir a segurança do paciente e equipe • Informar os acompanhantes sobre os procedimentos • Avaliar clinicamente a condição do paciente • Avaliar sinais clínicos de alerta para gravidade • SEMPRE FAZER TIAMINA 300MG IM 30 MINUTOS ANTES DA INFUSÃO DE GLICOSE • PREFERÊNCIA AO USO DE ANTIPSICÓTICOS DE ALTA POTÊNCIA NO CASO DE AGITAÇÃO PSICOMOTORA II. Intoxicação alcoólica patológica Intoxicação alcoólica seguida de uma reação de extrema agressividade, violência e fúria, sem motivo específico, não apresentada normalmente pelo indivíduo. Essas reações podem ocorrer mesmo com ingesta de pequena quantidade de álcool. • Investigar história gestacional • Asfixia de canal de parto? → Epilepsias fronto-temporais • Transtorno de personalidade? III. Síndrome de Abstinência Alcoólica (SAA) Conjunto de sinais e sintomas que surgem já nas primeiras 6 horas após a diminuição ou interrupção do uso de álcool, sendo o tempo e a intensidade desse uso diretamente proporcionais à gravidade de sua apresentação. Tem curso flutuante e autolimitado, com pico de duração de 24 a 48 horas após o início dos sintomas, podendo durar até uma semana. Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 Saúde Mental 7 OBS.: Benzodiazepínico só se usa na abstinência! Se for usado na intoxicação vai potenciar os efeitos. Tratamento ambulatorial medicamentoso • Tiamina 300mg 1 amp IM nos primeiros 7-15 dias, depois 300mg dia VO • Diazepam 20 mg dia, com retirada gradual conforme melhora Tratamento hospitalar • Tiamina 300mg 1 amp IM nos primeiros 7-15 dias, depois 300mg dia VO • Diazepam conforme os sintomas o Pode chegar a 10mg IV por hora (administração em boulos, 4 minutos). o Se VO, pode chegar até 60mg dia. Retirada gradual conforme melhora dos sintomas. Sinais de gravidade • Febre • Taquipneia • Tremores • Sudorese • Convulsões IV. Delirium Tremens Principal complicação aguda da abstinência de álcool, jovens ou não. Início de 1 a 5 dias após instalação da SAA→ 5% dos alcoólatras hospitalizados. Mortes em 10% DT não tratado e em 25% dos que possuem complicações médicas concomitantes. Estado de confusão mental agudo, com rebaixamento do nível de consciência, desorientação alopsíquica e alucinações (pp microzoopsias) O prognóstico para DTs é razoavelmente bom se o paciente é medicado agressivamente, mas a morte pode ocorrer enquanto a síndrome progride Tratamento Monitoramento + Farmacoterapia agressiva (prevenção de neuropatia periférica, anemia megaloblástica e síndrome de Wernicke-Korsakoff). • Tiamina 100mg IV imediatamente, e 100mg IM por pelo menos 3 dias até retomar dieta normal.Posteriormente, IV ou VO. Ácido fólico 1 a 5 mg VO ou IM por dia. • Para as convulsões: o Aumentar dose de diazepam o Aumentar dose de tiamina IM o NÃO HIDANTALIZAR O PACIENTE o Considerar magnésio baixo, sulfatar se necessário Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 Saúde Mental 8 Slide 12.2: Transtornos Relacionado a Abuso de Drogas A Pesquisa de Morbidade Psiquiátrica relatou que na Inglaterra a prevalência de dependência de drogas durante os últimos 12 meses foi de 4,1% (5,4% dos homens e 2,3% de mulheres). A maior frequência foi na faixa de 16 a 24 anos. Taxas de dependência de drogas são muito mais altas entre a população em situação de rua e os presos. Maiores taxas em áreas desfavorecidas das grandes cidades. Os adolescentes estão em risco, particularmente em torno da idade de deixar a escola. Uma alta proporção de usuários estão desempregados, com poucos relacionamentos estáveis, e levando uma vida desorganizada. No entanto, muitos usuários permanecem no emprego e aparentemente consideram seus usos de drogas como parte da atividade recreativa normal para seu grupo particular de pares. Drogas mais consumidas: Álcool > Tabaco > Benzodiazepínicos > Maconha > Cocaína > Estimulantes 10% daqueles que experimentam drogas continuarão desenvolver problemas com elas (Robson, 2009). Classificação das SPAs • Depressoras do SNC: álcool, solventes, tranquilizantes, barbitúricos, opioides. • Excitantes do SNC: anfetaminas, cafeína, nicotina, cocaínas (crack, oxi), • Alucinógenas: LSD, cogumelo, santo-daime, datura. • Perturbadoras: cannabis. • “Sex drugs”: GHB, ecstasy, ketamina. • Drogas da beleza: anabolizantes. • Conceitos importantes • Uso nocivo • Dependência • Intoxicação • Abstinência • Tolerância • Dependência Causas para abuso de substâncias • Ampla disponibilidade o Legalmente sem receita médica - nicotina e álcool o Por prescrição médica - benzodiazepínicos, opiáceos e gabapentina o De fontes ilícitas (drogas de rua) Uma vez que o uso de drogas começou, fatores pessoais, sociais e farmacológicos desempenham um papel no uso indevido e dependência. • Fatores pessoais Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 Saúde Mental 9 o Características como a busca de sensações extremas e a impulsividade são comuns. o Muitos dos que abusam de drogas relatam depressão e ansiedade, mas raramente fica claro se essas são as causas ou as consequências do uso indevido e dependência de drogas. o Fatores genéticos estão fortemente implicados em uma variedade de transtornos por uso de substâncias; genes contribuem para a propensão a desenvolver uso nocivo e dependência (Bienvenu et al., 2011) • Fatores sociais o O uso de drogas por indivíduos é influenciado pelo uso de substâncias por seus pares ou pais. Existem também ligações entre o uso indevido de drogas e índices de privação social, como o desemprego e a miséria. • Mecanismos neurobiológicos o Um importante substrato neurobiológico que medeia efeitos de reforço é o sistema de dopamina do mesencéfalo. As vias fazem parte de um sistema de recompensa fisiológica. Efeitos adversos O uso indevido de drogas pode levar as pessoas a negligenciar sua saúde, além das consequências físicas diretas da própria substância. O uso de drogas intravenosas apresenta riscos específicos para a saúde. As complicações mais graves da droga intravenosa uso incluem infecção por HIV e hepatite.As taxas de infecção por HIV entre usuários de drogas no Reino Unido são mais baixas do que aquelas encontradas em alguns outros países europeus, e alguns atribua isso às vigorosas políticas de redução de danos em Reino Unido (prescrição de metadona, troca de agulhas e educação para usuários de drogas). • Consequências sociais o A intoxicação crônica pode afetar negativamente o comportamento, levando ao desemprego, infrações de trânsito, acidentes e problemas familiares, incluindo negligência de crianças. o As drogas ilícitas são geralmente caras. o Os custos econômicos do uso problemático de drogas no Reino Unido foram estimados em cerca de £ 15 bilhões por ano (Associação Médica Britânica, 2013). Drogas e transtornos mentais Existem três teorias: 1. Causalidade (efeitos diretos da substância no SNC). 2. Comorbidade (fatores de risco em comum). 3. Automedicação (uso da substância vem para aliviar o transtorno psiquiátrico). Diagnóstico Sinais: • Marca de agulhas, uso de roupas de manga comprida em dias quentes, trombose de veias. • Ausência da escola ou do trabalho e declínio ocupacional. As pessoas dependentes também podem negligenciar sua aparência, isolar-se de antigos amigos. Os pacientes podem procurar atendimento médico em várias formas. Alguns declaram que são dependentes de drogas. Outros escondem sua dependência e pedem medicamentos controlados para o alívio da dor, Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 Saúde Mental 10 outros apresentam complicações relacionadas às drogas como celulite, pneumonia, hepatite ou acidentes. Outros apresentam efeitos agudos de intoxicação ou de abstinência. Abordagem ao paciente Ao obter um histórico de drogas de um paciente que está fazendo uso indevido de drogas, o médico deve perguntar o paciente para descrever seu uso de drogas no dia anterior e também para descrever um dia típico de uso de drogas (que droga, com que frequência e qual via de uso). O médico deve perguntar sobre desejo, sintomas de abstinência e outras características da síndrome de dependência, como o aumento da tolerância à droga e a prioridade da busca por drogas sobre outros deveres e prazeres. Uma história de injeção compartilhada será importante ao estimar o risco de HIV ou hepatite. Um histórico de complicações deve incluir efeitos adversos da própria droga, bem como como complicações da via de administração. História de superdosagem acidental também deve ser levantada. O paciente deve ser questionado sobre família, ocupação e problemas legais. Prevenção Medidas preventivas importantes, como restrição de disponibilidade e diminuição de desigualdades sociais dependem do governo, não dos médicos. No entanto, a redução da prescrição excessiva por parte dos médicos é importante, principalmente no que diz respeito a benzodiazepinas e outras drogas ansiolíticas e opiáceos. Embora os programas de educação por si só não parecem ser eficazes na prevenção, é importante que as informações sobre os perigos do uso indevido de drogas estejam disponíveis para os jovens na escola currículo e pela mídia. Identificação de jovens em risco de uso indevido de drogas deve ser seguido por intervenções psicossociais específicas que são projetados para desviá-los do uso de drogas. Tratamento Há vários objetivos possíveis no tratamento de usuários de drogas. A abstinência é uma, mas o uso mais seguro (redução de danos) pode ser um objetivo mais realista para muitos. Portanto, é importante obter as opiniões dos pacientes sobre o uso de drogas e as mudanças que eles gostariam de fazer. • ABSTINÊNCIA • REDUÇÃO DE DANOS Brasil e Política anti-drogas O Brasil constitui rota de tráfico → extensa fronteira com os países produtores de cocaína e maconha. Disponibilidade de drogas + Ineficiência do policiamento nas fronteiras + Pobreza e desigualdade social + Insuficiência de investimento em políticas sociais = Cenário catastrófico O Brasil é o pioneiro em medidas antidrogas, ou seja, nos especializamos em tratar como caso de polícia o que se configura, antes de tudo, como questão social. O alvo das leis são prioritariamente jovens pobres das periferias urbanas brasileiras, envolvidos com o tráfico de drogas ilícitas. A chamada Nova Lei de Drogas produziu encarceramento em massa de jovens negros, pouco escolarizados e moradores das periferias => RACISMO DE ESTADO (racismo estrutural) Maria Raquel Tinoco Laurindo – MED 103 Saúde Mental 11 Década de 90: Iniciativas governamentais para diminuir a carência de serviços por meio da construção de uma ampla rede extra-hospitalar, treinamento de equipes multiprofissionais e definição de políticas específicas para problemas com drogas. Como é essa rede? • UBS • ESF • NASFs • Consultórios de rua (CR) • Unidades de acolhimento (UA) • CAPS ad E quanto a internação? • Hospitais • CAPS ad III • Comunidades terapêuticas Comunidades terapêuticas (CTs) • A concentração de recursos destinados às CTs nos últimos anos é extraordinária • Esse processo se acelerou em resposta à famigerada “epidemia do crack” O crescimento do financiamento público destinado às CTs tem sido progressivo, apesar das denúncias de desrespeito à orientação religiosa e à imposição da conversão como proposta de tratamento, dentre outras práticas violadoras dos direitos humanos. Nas últimas décadas, a preocupação com o crescimento do uso do crack veio se somar aos principais problemas de saúde pública e social do Brasil. Estima-se que existam cerca de 370.000 usuários de crack nas principais capitais do país e Distrito Federal, a maior parte deles vivendo em situação de vulnerabilidade social, com problemas de saúde e uso de outras drogas lícitas e ilícitas. Ao estigmatizar o usuário de drogas enquanto um criminoso, seu lugar na saúde se dá de dois modos, ou compulsoriamente ou na condição de quem deseja parar de usar drogas. Desse modo, os serviços de saúde tendem a acolher esse usuário somente quando a situação já se agravou bastante: uma rede de produção da situação aguda. Aos usuários que não desejam parar de usar drogas restam duas opções: a exclusão ou o uso da força.
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