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@vitoriahipollito 1 Direito Penal Crimes Contra a Pessoa @vitoriahipollito 2 Sumário Dos Crimes Contra a Vida................................................................................................ 4 HOMICÍDIO INFORMAÇÕES GERAIS ...................................................................... 4 Informações rápidas: .................................................................................................... 5 HOMICÍDIO SIMPLES .................................................................................................... 5 HOMICÍDIO PRIVILEGIADO ....................................................................................... 6 HOMICÍDIO QUALIFICADO ........................................................................................ 7 HOMICÍDIO CULPOSO .................................................................................................. 9 PERDÃO JUDICIAL ..................................................................................................... 10 INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO OU A AUTOMUTILAÇÃO– art. 122, CP ................................................................................ 10 INFANTICÍDIO ............................................................................................................. 12 ABORTO .......................................................................................................................... 13 ABORTO LEGAL OU PERMITIDO ............................................................................ 15 ABORTO NECESSÁRIO .............................................................................................. 15 ABORTO NO CASO DE GRAVIDEZ RESULTANTE DE ESTUPRO ................. 15 ABORTO EUGÊNICO OU EUGENÉSICO ................................................................ 16 DAS LESÕES CORPORAIS – ART. 129, CP ............................................................... 17 LESÃO CORPORAL LEVE .......................................................................................... 18 LESÃO CORPORAL GRAVE ...................................................................................... 19 LESÃO CORPOTAL GRAVÍSSIMA .......................................................................... 20 LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE............................................................ 20 LESÃO CORPORAL PRIVILEGIADA ...................................................................... 21 LESÃO CORPORAL CULPOSA ................................................................................. 21 DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE ........................................................... 23 PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO – art. 130, CP .............................................. 23 PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE – art. 131, CP ...................... 25 PERIGO PARA A VIDA OU SAÚDE DE OUTREM – art. 132, CP .................... 26 ABANDONO DE INCAPAZ – art. 133, CP.............................................................. 28 EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO - art. 134, CP ............... 30 OMISSÃO DE SOCORRO – art. 135, CP .................................................................. 31 CONDICIONAMENTO DE ATENDIMENTO MÉDICO-HOSPITALAR EMERGENCIAL – art. 135-A, CP .............................................................................. 33 MAUS-TRATOS – art. 136, CP .................................................................................. 34 Maus-tratos contra idoso ....................................................................................... 35 Maus-tratos contra animais ................................................................................... 36 @vitoriahipollito 3 DA RIXA – art. 137, CP................................................................................................... 36 DOS CRIMES CONTRA A HONRA ............................................................................... 38 CALÚNIA – art. 138, CP ................................................................................................. 38 DIFAMAÇÃO – art. 139, CP ........................................................................................... 42 INJÚRIA – art. 140, CP .................................................................................................. 43 ............................................................................................................................................... 47 CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL..................................................... 47 CONSTRANGIMENTO ILEGAL – art. 146, CP ...................................................... 47 AMEAÇA – art. 147, CP .............................................................................................. 49 PERSEGUIÇÃO – art. 147-A, CP .............................................................................. 50 VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA A MULHER – art. 148-B ...................... 53 SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO – art. 148, CP ........................................... 54 REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGICA À ESCRAVO – art. 149 .................... 56 TRÁFICO DE PESSOAS – art. 149-A ....................................................................... 57 DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO .......................... 59 Violação de domicílio – art. 150, CP ....................................................................... 59 VIOLAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA – art.151, CP .............................................. 61 Sonegação ou destruição de correspondência ......................................................... 63 Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica .................... 64 CORRESPONDÊNCIA COMERCIAL – art. 152, CP ................................................. 64 DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS ....................... 65 Divulgação de segredo – art. 153, CP ...................................................................... 65 Violação do segredo profissional – art. 154, CP .................................................. 67 Invasão de dispositivo informativo – art. 154 – A ............................................. 68 @vitoriahipollito 4 Dos Crimes Contra a Vida O Código Penal arrola quatro crimes contra a vida: 1. Homicídio; 2. Induzimento, instigação ou auxilio a suicídio ou a automutilação; 3. Infanticídio; e 4. Aborto. São crimes dolosos contra a vida, de competência do júri (salvo homicídio culposo em fase da presença da culpa, e o induzimento ou auxilio à automutilação). HOMICÍDIO INFORMAÇÕES GERAIS A ação penal será publica incondicionada. Homicídio Culposo Doloso Simples (caput) Privilegiado § 1º Qualificado § 2º Circunstanciado § 4º, parte 2, e § 6º e 7º Simples § 3º Perdão judicial § 5º Circunstanciado §4º, parte 1 Motivos dos crimes: Meios e modos de execução do crime, salvo a traição (incs. III e IV); Conexão (inc. V); Feminicídio (inc. V); Crime praticado contra integrantes dos órgãos de segurança pública ou pessoas a eles vinculadas pelo casamento, pela união estável ou pelo parentesco (inc. VII); Emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido (inc. VIII) @vitoriahipollito 5 Informações rápidas: Homicídio simples: não é hediondo, em regra. Homicídio privilegiado: incomunicável (diminuição obrigatória da pena), não é hediondo. Homicídio qualificado: é sempre hediondo. Homicídio culposo: não admite tentativa. Perdão judicial: deve ser concedido na sentença; ato unilateral; não gera reincidência. Ação penal: publica incondicionada (doloso: rito do júri; culposo: sumário com sursis processual).HOMICÍDIO SIMPLES O crime de homicídio simples encontra no art. 121 CP, é uma forma livre, embora em alguns casos, a forma empregada pelo criminoso qualifique o delito. A conduta incriminada é a de matar alguém. Núcleo do tipo O núcleo do tipo é o verbo “matar”, trata-se de um crime de forma livre, ou seja, é admitido qualquer meio de execução e pode ser praticado por ação ou omissão, desde que presente o poder de agir. O crime pode ser praticado de forma direta (quando o meio de execução é manuseado diretamente pelo agente) exemplo: golpe com uma barra de ferro, ou também de forma indireta, quando o meio de execução é manipulado indiretamente pelo homicida (exemplo: ataque por um cão feroz). Sujeito ativo: o homicídio é um crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, isoladamente ou em concurso com outro indivíduo. Comporta coautoria e participação Sujeito passivo: pode ser qualquer pessoa humana, após o nascimento e desde que esteja viva. Homicídio por ação: Exemplo: pauladas, tiros, facadas. Homicídio por omissão: Exemplo: mãe que deixa de alimentar a criança. @vitoriahipollito 6 Consumação Ocorre a morte com a cessação da atividade encefálica, como determina o art. 3 º da Lei 9.434/1997. Tentativa É possível a tentativa, podendo ser dividido de duas formas: HOMICÍDIO PRIVILEGIADO Possui natureza jurídica de CAUSA OBRIGATÓRIA DE DIMINUIÇÃO DE PENA (1/6 A 1/3). Hipóteses Relevante valor social (corresponde ao interesse coletivo. Exemplo: matar um perigoso estuprador que aterroriza as mulheres e crianças de uma cidade); relevante valor moral (interesse/sentimento pessoal/individual. Exemplo: matar aquele que estuprou sua filha e esposa); domínio de violenta emoção (após injusta provocação). OBS: não comunica aos coautores e é reconhecido pelo Conselho de Sentença (somente os jurados podem reconhecer este instituto). Tentativa cruenta: a vítima é alcançada pela conduta criminosa e sofre os ferimentos; Tentativa incruenta: a vítima NÃO é atingida, embora não ocorra o resultado morte. a) Domínio de violenta emoção: a emoção deve ser violenta, intensa, capaz de alterar o estado de ânimo do agente. b) Injusta provocação da vítima: pode ser ou não criminosa, é o comportamento apto a desencadear a violenta emoção e a consequente prática do crime. c) Reação imediata: é indispensável seja o fato praticado “logo em seguida”, momentos após a injusta provocação da vítima. @vitoriahipollito 7 HOMICÍDIO QUALIFICADO Com base no caput do art. 121, CP a pena do homicídio simples é de 6 a 20 anos de reclusão, já o homicídio qualificado passa a ser de 12 a 30 anos de reclusão. Importante: o homicídio qualificado é crime hediondo, qualquer que seja a qualificadora. É o que consta no art. 1º, inciso I da Lei 8.072/90. Qualificadoras I. Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por motivo torpe: Paga e promessa de recompensa caracteriza o homicídio mercenário, exemplo: moça que paga para matar o marido, ou a mulher que se junta com o amante, para matar o marido para receber herança e dividir com o amante. Motivo torpe: moralmente desprezível, considerado imoral, vergonhoso. Exemplo: matar para receber uma herança, matar por qualquer tipo de preconceito. A vingança não caracteriza automaticamente como motivo torpe, vai depender do motivo que levou o indivíduo a vinga-se de alguém. O ciúme não é considerado motivo torpe. II. Motivo fútil: Desproporcional, insignificante, crime que há uma desproporcionalidade entre o crime e a causa. Exemplo: matar por ter levado uma fechada no trânsito. III. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum: @vitoriahipollito 8 a) Meio insidioso: fraude, clandestino; b) Meio cruel: sujeita as vítimas em um sofrimento excessivo; c) Meio que possa resultar perigo comum: é aquele que expõe a vítima e um indeterminado de pessoas a uma situação de probabilidade de dano; d) Veneno: substância de origem química ou biológica capaz de provocar a morte quando introduzida no organismo humano (se foi misturada de forma violenta, a qualificadora reporta ao meio cruel); e) Fogo: resultado da combustão de produtos infláveis, da qual decorrem calor e luz; f) Asfixia: supressão da função respiratória, com origem mecânica ou tóxica. g) Tortura. IV. À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido: a) Traição: ataque súbito e sorrateiro (se a vítima percebe e foge, não há qualificadora); b) Emboscada: tocaia, o agente fica à espreita, à espera da vítima passar; c) Dissimulação: disfarce. V. Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a vantagem de outro crime Também chamada de conexão, em face da ligação entre dois ou mais crimes. a) Na ocultação: o agente pretende impedir que se descubra a prática de outro crime; b) Na impunidade: o agente deseja evitar a punibilidade do crime anterior; c) Na vantagem: tudo o que se auferiu com o outro crime. VI. Contra a mulher por razões da condição de sexo feminino Razoes de condição do sexo feminino (o criminoso não aceita e mata a mulher por razões advindas as condições do sexo feminino). @vitoriahipollito 9 VII. Agentes estatais Inserida pela Lei 13.142/2015, o crime deve estar ligado ao exercício da função ou em razão dela, abrangendo cônjuge e companheiro. HOMICÍDIO CULPOSO Configura-se crime de homicídio culposo quando o agente realiza uma conduta voluntária, com violação do dever objetivo de cuidado a todos imposto, por imprudência, negligencia ou imperícia, e assim produz um resultado naturalístico (morte) involuntário, nem previsto, nem querido, mas objetivamente previsível, que podia com a devida atenção ter evitado. a) Imprudência: ou culpa positiva, consiste na prática de um ato perigo. Exemplo: manusear arma de fofo em um espaço com grande concentração de pessoas. b) Negligência: ou culpa negativa, é deixar de fazer aquilo que a cautela recomendava. Exemplo: deixar arma carregada perto de várias pessoas. c) Imperícia: ou culpa profissional, é a falta de aptidão para o exercício de arte, profissão ou ofício para qual o agente, em que pese autorizado a exercê-la, não possui conhecimentos teóricos ou práticos para tanto. É importante destacar que para o homicídio culposo praticado na direção de veículo automotor aplica-se o crime definido pelo art. 302 da Lei 9.503/97 - Código de Trânsito Brasileiro. Tem um aumento de pena de 1/3 quando decorre da inobservância de regra técnica de profissão, arte ou oficio; deixa de prestar socorro imediato à vítima; foge. a) Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício: o sujeito não reúne conhecimentos teóricos ou práticos para o exercício de arte, profissão ou ofício. b) Deixar de presta imediato socorro à vítima: crimes culposos praticados na direção de veículo automotor. Essa causa de aumento da pena, @vitoriahipollito 10 fundada na solidariedade humana, relaciona-se unicamente às pessoas que por culpa contribuíram para a produção do resultado e não tenham prestado imediato socorro à vítima. Mas, se no caso concreto, o agente não agiu de forma culposa, mas deixou de prestar socorro, responder pelo crime de omissão de socorro com a pena majorada pela morte. c) Fugir para evitar prisão em flagrante PERDÃO JUDICIAL Apenas se admite perdão judicial para homicídio culposo, já que a consequência do crime é para o agente punição maior do que a própria pena. O perdão judicial somente pode ser concedido na sentença. Essa sentença é declaratória da extinção da punibilidade.É um ato unilateral, não precisa ser aceito pelo réu para surtir efeitos. INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO OU A AUTOMUTILAÇÃO– art. 122, CP A conduta suicida ou de automutilação, não é criminosa no Brasil, ou seja, não são puníveis as condutas que lesionam ou expõem a perigo bens jurídicos pertencentes exclusivamente a quem praticou. Núcleo do tipo A participação em suicídio ou em automutilação pode ser mora, nos núcleos de induzir e instigar, ou material, na conduta de auxiliar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação. a) Induzir: significa incutir na mente alheia a ideia do suicídio ou da automutilação, até então inexistentes. b) Instigar: reforçar o propósito suicida ou de automutilação preexistente. c) Auxiliar: é concorrer materialmente para a prática do suicídio ou da automutilação. @vitoriahipollito 11 Consumação A consumação ocorre com a morte ou com a ocorrência de lesão corporal grave. OBS: musicas, livros, filmes que estimulam a prática do suicídio, não constituem crime, já que a Roleta russa e duelo americano: várias pessoas fazem, simultaneamente, roleta-russa ou duelo americano, aos sobreviventes será imputado o crime de participação em suicídio. Na roleta-russa a arma de fogo é municiada com um único projétil, e o gatilho deve ser acionado pelos participantes cada um em sua vez. Já no duelo americano, existem duas armas de fogo, uma municiada e a outra desmuniciada, e os participantes devem escolher uma delas para apertarem o gatilho contra eles mesmos. Se no contexto um dos participantes que não sabia se a arma de fogo estava ou não apta a efetuar o disparo, aciona seu gatilho, apontando para outra pessoa, assim provocando sua morte, o crime será de homicídio com dolo eventual. Pacto de morte: duas pessoas combinam o suicídio. Se um se mata e o outro sobrevive, o sobrevivente responde pelo crime do art. 122, CP. Sujeito ativo Sujeito passivo É crime comum ou geral, podendo ser cometido por qualquer pessoa. Pode ser qualquer pessoa, desde que possua um mínimo de capacidade de resistência e de discernimento quanto à conduta criminosa. @vitoriahipollito 12 INFANTICÍDIO Informações rápidas: Forma privilegiada de homicídio; O crime é praticado durante ou logo depois do parto; Admite coautoria e participação; Não se admite a modalidade culposa Admite tentativa. Conceito O infanticídio significa a morte de um infante, é uma forma privilegiada de homicídio. Trata de um crime praticado pela mãe contra seu próprio filho, nascente ou recém-nascido, durante o parto ou logo após, influenciada pelo estado puerperal. Art. 123 Matar, sob influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo depois. Pena: Detenção, de dois a seis anos. É o conjunto de alterações físicas e psíquicas que acometem a mulher em decorrência das circunstâncias relacionadas ao parto, tais como convulsões e emoções provocadas pelo choque corporal, as quais afetam sua saúde mental. Sujeito ativo Sujeito passivo Crime próprio, somente pode ser praticado pela mãe. Admite coautoria e participação. É a nascente ou recém-nascido. Se a mãe, influenciada pelo estado puerperal e logo o após do parto, mata outra criança, que acreditava ser seu filho, responde por infanticídio putativo. Se a mãe mata um adulto, ainda presentes as demais elementares previstas no art. 123 CP, o crime será de homicídio. @vitoriahipollito 13 ABORTO Espécies de aborto a) Natural: é a interrupção espontânea da gravidez. b) Acidental: é a interrupção da gravidez provocada por traumatismos, tais como choques e quedas. Não caracteriza crime, por ausência do dolo. c) Criminoso: é a interrupção dolosa da gravidez. d) Legal ou Permitido: é a interrupção da gravidez de forma voluntária e aceita por lei. O art. 128 CP admite o aborto em duas hipóteses: quando não há outro meio para salvar a vida da gestante (aborto necessário ou terapêutico) e quando a gravidez resulta de estupro (aborto sentimental ou humanitário). e) Eugênico ou Eugenésico: é a interrupção para evitar o nascimento da criança com graves deformidades genéticas. f) Econômico ou social: mata-se o feto para não agravar a situação miserabilidade enfrentada pela mãe ou por sua família. Trate-se de modalidade criminosa, pois não foi acolhida pelo direito penal brasileiro. O art. 124 CP contém duas figuras típicas distintas: a) Provocar aborto em si mesma 1ª parte Trata-se de autoaborto, em que a gestante efetua contra si própria o procedimento abortivo por qualquer modo capaz de levar à morte do feto. Exemplo: golpe com instrumento contundente). Esse delito admite o concurso de pessoas, na modalidade participação: o partícipe do autoaborto, além de responder por esse delito, pratica crime de homicídio culposo ou lesão corporal de natureza culposa, se ocorrer morte ou lesão corporal grave em relação a gestante. Vai ser o feto, ou o feto e a gestante se o aborto for sem o seu consentimento. Sujeito passivo Sujeito ativo No autoaborto e no aborto consentido, o sujeito ativo é a gestante. Na modalidade provocado por terceiro (com ou sem o consentimento da gestante), o sujeito ativo é qualquer pessoa. Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque: Pena - detenção, de um a três anos. @vitoriahipollito 14 b) Consentir para terceiro lhe provoque o aborto 2ª parte A gravida não pratica em si mesma o aborto, mas autoriza um terceiro qualquer, que não precisa ser o médico, a faze-lo Esse crime pode concretizar-se em duas hipóteses: a) Não houve o consentimento da gestante. Exemplo: agressão pelo antigo namorado que a engravidou, terceiro que coloca medicamento abortivo em sua comida, entre outros. b) A vítima prestou consentimento, mas sua anuência não surte efeitos válidos, por se enquadrar em alguma situação indicada no art. 126 CP. Trata-se de crime de dupla subjetividade passiva. Há duas vítimas: o feto e a gestante. Quando um aborto é realizado por terceira pessoa com o consentimento da gestante, os dois deveriam responder pelo mesmo crime, pois agiram em busca de um fim comum: a morte do feto. A gestante que presta o consentimento incide na pena da parte final do art. 124 CP ao passo que o terceiro que provoca o aborto com o seu consentimento é enquadrado no art. 126 CP. Aborto provocado por terceiro Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de três a dez anos. Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de um a quatro anos. Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência @vitoriahipollito 15 O consentimento da gestante deve subsistir até a consumação do aborto, se durante o procedimento abortivo ela se arrepender e solicitar ao terceiro a interrupção das manobras letais, mas não for obedecida, para ela o fato será atípico, e o terceiro responderá pelo crime do art. 125 CP. ABORTO LEGAL OU PERMITIDO O art. 128 CP prevê duas hipóteses de aborto permitido: aborto necessário e aborto no caso de gravidez resultante de estupro. Em ambas, o aborto deve ser praticado por médico, pois é ele o profissional habilitado para a segurança da gestante. ABORTO NECESSÁRIO O aborto necessário ou terapêutico depende de três requisitos: 1. Ser praticado por medico;2. A vida da gestante corra perigo em razão da gravidez; e 3. Não exista outro meio de salvar a sua vida. ABORTO NO CASO DE GRAVIDEZ RESULTANTE DE ESTUPRO É também chamado de aborto sentimental, humanitário, ético ou piedoso. Dependera de três requisitos: 1. Ser praticado por medico; 2. Consentimento válido da gestante ou de ser responsável legal, se for incapaz; e 3. Gravidez resultante estupro. Forma qualificada Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. Aborto necessário I - Se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez resultante de estupro II - Se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. @vitoriahipollito 16 ABORTO EUGÊNICO OU EUGENÉSICO O direito brasileiro não contempla regra permissiva do aborto nas hipóteses em que os exames médicos pré-natais indicam que a criança nascerá com graves deformidades físicas ou psíquicas. O direito penal protege a vida humana desde a sua primeira manifestação, basta a vida, pouco importando as anomalias que possa apresentar. @vitoriahipollito 17 DAS LESÕES CORPORAIS – ART. 129, CP A lesão corporal é a ofensa humana direcionada à integridade corporal ou à saúde de outras pessoas (atingir, agredir). Depende da produção de algum dano no corpo da vítima, interno ou externo, englobando qualquer alteração prejudicial à saúde, inclusive problemas psíquicos. A dor, por si só, não caracteriza lesão corporal. Objetividade jurídica Proteção da saúde e da integridade física da pessoa humana. O fe n sa à i n te g ri d ad e fí si ca Equimose: constitui lesão, já que provoca roxidão decorrente do rompimento de pequenos vasos sanguíneos sob a pele ou sob as mucosas. Hematoma: também constitui lesão, um pouco mais séria, pois além de roxo, fica inchado. Eritema: não constitui lesão, pois configura mera vermelhidão, decorrente de uma bofetada. Perturbaçãofisiológica: é o desarranjo no funcionamento de algum órgão do corpo humano. Exemplo: vômitos, paralisia, entre outros. Perturbação mental: é a alteração prejudicial da atividade cerebral. Exemplos: convulsão, depressão, entre outros. O fen sa à saú d e Crime livre, pois admite qualquer meio de execução. Sujeito ativo • Trata-se de crime omum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa. Sujeito passivo • Qualquer pessoa. Em alguns casos como na lesão corporal grave ou gravíssima, a vítima deve ser mulher grávida, bem como na lesão praticada contra a mulher, por razões da condição so sexo feminino. @vitoriahipollito 18 Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. Lesão corporal de natureza grave § 1º Se resulta: I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; II - Perigo de vida; III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; IV - Aceleração de parto: Pena - reclusão, de um a cinco anos. § 2° Se resulta: I - Incapacidade permanente para o trabalho; II - Enfermidade incurável; III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; IV - Deformidade permanente; V - Aborto: Pena - reclusão, de dois a oito anos. Tentativa É possível em todas as modalidades de lesão corporal dolosa, sendo incabível na lesão culposa e na lesão seguida de morte. Formas a) Lesão corporal leve b) Lesão corporal grave c) Lesão corporal gravíssima d) Lesão corporal seguida de morte e) Lesão corporal privilegiada f) Lesão corporal culposa LESÃO CORPORAL LEVE Ingressa qualquer lesão dolosa leve que não seja o caso de lesão corporal grave ou gravíssima, cometida com violência doméstica ou praticada contra mulher, por razões de condição do sexo feminino. Materialidade: faz a prova da materialidade do fato com o exame de corpo de delito, mas para o oferecimento da denúncia é suficiente o boletim médico ou exame equivalente. Ação penal: é publica condicionada (art. 88 da Lei 9.099/95). Em razão da pena ser máxima cominada ao delito (um ano), o crime de lesão corporal leve ingressa no rol das infrações penais de menor potencial ofensivo. @vitoriahipollito 19 LESÃO CORPORAL GRAVE I. Incapacidade para ocupações habitacionais por mais de 30 dias: A expressão “ocupação habitacional” compreende qualquer atividade, física ou mental, do cotidiano da vítima e não apenas no seu trabalho. Para a caracterização da qualificado é irrelevante a idade da vítima, que pode ser uma pessoa idosa, ou mesmo uma criança de pouca idade. Materialidade: são exigidos dois exames periciais, um exame inicial realizado logo após o crime, que se destina a constatar a existência das lesões, um exame complementar efetuado logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do crime, que serve para comprovar a duração da incapacidade das ocupações habituais em razão dos ferimentos provocados pela conduta. II. Perigo de vida: Possibilidade grave, concreta e imediata de a vítima morrer em consequência das lesões sofridas. Trata de perigo concreto, comprovado por perícia médica, que deve indicar, de modo preciso e fundamentado, no que consistiu o perigo de vida da vítima. III. Debilidade permanente de membro, sentido ou função: Debilidade: redução ou enfraquecimento da capacidade funcional. Membros: braços, pernas, mãos e pés. Os dedos integram os membros, e a perda ou a diminuição funcional de um ou mais dedos acarreta na debilidade permanente das mãos ou dos pés. Sentidos: São aos mecanismos pelos quais a pessoa humana constata o mundo a sua volta (visão, audição, paladar, tato e olfato). Função: é a atividade inerente a um órgão ou aparelho do corpo humano. A recuperação do membro, sentido ou função por meio cirúrgico ou ortopédico não acarreta a exclusão da qualificadora, pois a vítima não é obrigada a submeter ao procedimento. IV. Aceleração do parto Ocorre a antecipação do parto, não sendo exigida a morte do feto, e o agente deve saber que a vítima está grávida. Se em consequência da lesão corporal o feto for expulso morto do ventre materno, o crime será de lesão corporal gravíssima em razão do aborto. @vitoriahipollito 20 LESÃO CORPOTAL GRAVÍSSIMA I. Incapacidade permanente para o trabalho Incapacidade para qualquer trabalho, relaciona com a atividade remunerada exercida pela vítima, que está prejudicada em seu aspecto financeiro em razão da conduta criminosa. II. Enfermidade incurável É a alteração prejudicial da saúde por processo patológico, físico ou psíquico, que não pode ser eficazmente combatida com os recursos da medicina à época do crime. III. Perda ou inutilização de membro, sentido ou função A perda pode ser concretizada por mutilação ou por amputação, em qualquer das hipóteses estará delineada a lesão corporal gravíssima. Na mutilação, o membro, sentido ou função é eliminado diretamente pela conduta criminosa, já na amputação resulta da intervenção médico-cirúrgia realizada pela necessidade de salvar a vida do ofendido ou impedir consequências ainda mais dolosas. IV. Deformidade permanente Deformar é alterar a forma de algo. Deformidade permanente consiste no dano duradouro de alguma parte do corpo da vítima, que não pode ser retificado por si próprio ou ao longo dotempo. V. Aborto A interrupção da gravidez com a consequente morte do feto, deve ter sido provocada culposamente, uma vez que se trata de crime preterdoloso, sendo OBRIGATÓRIO o conhecimento do sujeito acerca da gravidez da vítima, pois em caso contrário estaria configurada a responsabilidade penal objetiva. LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE Crime exclusivamente preterdoloso (sendo o único crime autenticamente preterdoloso tipificado pelo Código Penal), exige dolo do crime antecedente (lesão corporal) e culpa no resultado (“não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo”). Na lesão corporal seguida de morte, o criminoso quer machucar a vítima (lesão corporal), mas acaba não só machucando, mas também matando. Ele não quis matar. Só quis machucar. Matou seu querer. @vitoriahipollito 21 LESÃO CORPORAL PRIVILEGIADA Trata-se de previsão idêntica à do homicídio privilegiado, agora cabível em crime de lesão corporal, seja a leve, grave, gravíssima ou seguida de morte. A pena deverá ser diminuída de um sexto a um terço. Se forem leves as lesões, o juiz poderá substituir a pena de detenção por multa, se ocorrer a lesão privilegiada do parágrafo anterior ou se forem recíprocas as lesões. Lesões recíprocas ocorrem quando duas pessoas dolosamente se agridem. Não se configura se um dos agentes tiver agido em legítima defesa. LESÃO CORPORAL CULPOSA Trata-se da hipótese em que o agente deixa de observar um dever de cuidado, vindo a dar causa a uma lesão corporal previsível. Se for na condução de veículo automotor a lesão culposa, configura-se o art. 303 da Lei 9.503/97. Aumento de pena (§ 7º): é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir a consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Perdão judicial na lesão corporal culposa (§ 8º): tem os memos requisitos do homicídio, se ao causar a lesão culposa o agente sofreu as consequências do crime de modo tão grave que torne desnecessária a pena, o juiz concederá o perdão judicial. Violência doméstica (§§ 9º e 10): Será qualificada (detenção de 3 meses a 3 anos) a lesão corporal leve se ocorrer qualquer das hipóteses do § 9º, e será aumentada a pena de um terço se ocorrer a lesão grave, gravíssima ou seguida de morte. Aumento de pena por ter sido o crime cometido contra pessoa portadora de deficiência. (§ 11): Aumenta-se a pena de um terço. Não existe a classificação da lesão corporal culposa em leve, grave ou gravíssima. Apenas diz-se lesão corporal culposa. @vitoriahipollito 22 Ação penal: o Código Penal nada diz sobre a ação penal do crime de lesão corporal, o que significa que vigora a regra, que é a de ação penal pública incondicionada. Assim foi até a entrada em vigor da Lei 9.099/95. No art. 88 da Lei 9.099/95, estabeleceu que os crimes de lesão corporal leve e lesão corporal culposa serão de ação penal pública condicionada à representação. A Lei Maria da Penha não dispôs diversamente sobre a ação nos crimes de lesão corporal leve, cometida no contexto de violência doméstica. No art. 12, I, diz que autoridade policial deverá “tomar a representação a termo”. E no art. 16 estabeleceu-se que uma vez oferecida a representação, a retratação somente poderá ser feita em juízo, “em audiência especialmente designada com tal finalidade”. Contudo, o Supremo Tribunal Federal decidiu que a lesão corporal no contexto de violência doméstica contra a mulher é de ação penal pública incondicionada (“AÇÃO PENAL – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER – LESÃO CORPORAL – NATUREZA. A ação penal relativa à lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada.” STF — ADI 4424 / DF — Pleno — Rel. Min. Marco Aurélio — j.09-02-2012) Observações: em razão do princípio da alteridade, não se pune a autolesão, e nos esportes em que os ferimentos decorrem naturalmente da sua prática, tais como lutas marciais e boxe, não há crime em razão da exclusão da ilicitude pelo exercício regular do direito. @vitoriahipollito 23 DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE Crimes de perigo são os que se consumam com a mera exposição do bem jurídico penalmente tutelado a uma situação de perigo, ou seja, basta a probabilidade de dano, podendo ser subdivididas em: a) Crimes de perigo abstrato, presumido ou de simples desobediências: são os crimes que se consumam, automaticamente, com a mera prática da conduta, não se exige a comprovação da produção da situação de perigo. b) Crimes de perigo concreto: são aqueles que se consumam com a efetiva comprovação, no caso concreto, da ocorrência da situação de perigo. c) Crimes de perigo individual: são os que atingem uma pessoa determinada ou então um número determinado de pessoas. d) Crimes de perigo comum ou coletivo: são os que alcançam um número indeterminado de pessoas. e) Crimes de perigo atual: são aqueles em que o perigo está ocorrendo. f) Crimes de perigo iminente: são aqueles em que o perigo está na iminência de ocorrer g) Crimes de perigo futuro ou mediato: são os delitos em que a situação de perigo decorrente da conduta se projeta para o futuro. PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO – art. 130, CP Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. § 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 2º - Somente se procede mediante representação. Objetividade jurídica Proteção da incolumidade física da pessoa em sentido amplo, compreendendo sua vida e a sua saúde. @vitoriahipollito 24 Núcleo do tipo A conduta incriminada é de EXPOR, que significa colocar alguém ao alcance de determinada situação de perigo (contaminação) mediante a prática de relações sexuais ou qualquer outro ato libidinoso capaz de contagiá-lo com a moléstia venérea. No art. 130, CP fica manifesta a necessidade de contato físico entre o agente e a vítima. Sujeito ativo É crime próprio ou especial, reclama de sujeito ativo uma situação fática diferenciada, qual seja estar infectado pela moléstia venérea, pouco importando seu sexo e seu estado civil. É também crime de mão própria, de atuação pessoal ou de conduta infungível. Pois a sua autoria não pode ser delegada a qualquer pessoa. É incompatível com a coautoria, embora admita a participação. Sujeito passivo Qualquer pessoa, incluindo garotas de programa e prostitutas. É possível a prática no matrimonio, mas se, todavia, a vítima não for suscetível à contaminação, seja pelo fato de já possuir a doença venérea, Relação sexual É o coito, o vínculo entre duas pessoas. Ato libidinoso É qualquer pratica ligada à satisfação do desejo sexual (beijos, toques em partes íntimas, etc). Moléstia venérea É toda a doença que se contri pelo contato sexual, o uso de preservativo ou de qualquer outro meio apto a impedir a trnsmissão da moléstia venérea exclui o crime, pois a vítima não é exporta a situação de perigo. @vitoriahipollito 25 seja pelo fato de ser imune, estará caracterizado o crime impossível pela impropriedade absoluta do objeto material, em sintonia com o art., 17, CP. Consumação O crime se consuma com a pratica da relação sexual ou do ato libidinoso, independentemente da contaminação da vítima. Observações: A questão da AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), doença fatal e incurável, não é moléstia venérea, uma vez que pode ser transmitida por formas diversas da relação e dos atos libidinosos. Se um portador do vírus HIV, consciente da letalidadeda moléstia, efetua INTENCIONALMENTE com terceira pessoa ato libidinoso que transmite a doença, matando-a, responde por homicídio doloso consumado. Se a vítima não morrer, a ele deve ser imputado o crime de homicídio tentado. Admite a tentativa; Pode ser praticado em concurso formal com outros delitos; A ação penal é publica condicionada. PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE – art. 131, CP Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Objetividade jurídica Objetividade material Tutelam-se a vida e a saúde do ser humano. É a pessoa submetida à conduta apta a produzir o contágio de moléstia grave. Núcleo do tipo O núcleo do tipo é PRATICAR, realizar ato destinado a propagação da doença. Trata-se de crime de forma livre, admite qualquer meio de execução dotado de capacidade para transmitir a moléstia grave, que pode ser de duas maneiras: a) Direto: relativo ao contato físico (beijo não lascivo, aperto de mão, etc.); @vitoriahipollito 26 b) Indireto: referente ao uso de objetos em geral (copo d’água, talheres, etc.) Só é punido na forma dolosa, havendo a especial finalidade de transmitir a doença. Sujeito ativo É crime próprio, pois precisa de uma situação fática diferenciada por parte do sujeito ativo, devendo ser uma pessoa contaminada pela moléstia grave. Sujeito passivo Qualquer pessoa, inclusive a portadora de moléstia grave, pois a eventual transmissão de outra enfermidade tem o condão de debilitar mais a sua saúde e expor a perigo novamente sua vida. Consumação Ocorre no momento da prática do ato capaz de produzir o contágio, independentemente da efetiva transmissão. Cuida-se de crime de perigo, formal e com dolo de dano. Admite a tentativa; A ação penal é pública incondicionada. PERIGO PARA A VIDA OU SAÚDE DE OUTREM – art. 132, CP Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais. @vitoriahipollito 27 Núcleo do tipo A conduta é de EXPOR a perigo, significa submeter uma pessoa à situação em que um dano à saúde é de provável ocorrência. O delito é de ação livre, pois admite qualquer meio de execução. Normalmente é cometido por ação, mas é admissível a modalidade omissiva (exemplo: empresário que não disponibiliza aos seus empregados os equipamentos de proteção individual). Cuida-se de crime de perigo concreto, pois não basta a prática da conduta ilícita, é necessário ficar provado que em razão do comportamento do agente a vítima teve sua vida ou sua saúde submetida a risco de lesão; O perigo direto é o que alcança pessoa ou pessoas certas e determinadas; perigo iminente é o capaz de danificar imediatamente a vida ou a saúde do ofendido. Sujeito ativo Sujeito passivo Qualquer pessoa Qualquer pessoa Elemento subjetivo É o dolo de perigo, direto ou eventual. O sujeito quer ou assume o risco de expor a vida ou a saúde de outrem a uma situação de perigo concreto. Não se admite a modalidade culposa. A consumação se dá no instante em que ocorre a produção do perigo concreto para a vítima. É possível a tentativa na modalidade comissiva Causa de aumento de pena Trata-se de causa de aumento de pena inerente à segurança viária, ou seja, um crime de trânsito, sua principal finalidade é punir mais severamente o transporte de “boias-frias” sem as cautelas necessárias. @vitoriahipollito 28 ABANDONO DE INCAPAZ – art. 133, CP Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono: Pena - detenção, de seis meses a três anos. § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de um a cinco anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Aumento de pena § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam- se de um terço: I - se o abandono ocorre em lugar ermo; II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima. III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos Núcleo do tipo A conduta incriminada é de ABANDONAR, que significa desamparar, deixar de dar assistência (a consequência dessas condutas é a de gerar risco), o abandono é físico, no sentido de deixar o incapaz sozinho, sem a devida assistência. Trata-se de crime de forma livre. Pode ser praticado por ação (levar a vítima a um local distante e perigoso e ali abandona-la) e também por omissão (deixar o ofendido só, abandonando-o no lar em que conviviam). O abandono deve ser real: depende de separação física, distanciamento entre o responsável e o incapaz. @vitoriahipollito 29 Inexiste crime quando o incapaz é quem abandona seu protetor (exemplo: filho que foge de casa), de igual modo, o fato também é atípico quando o responsável permanece próximo da vítima, em situação de poder vigiá-la, aguardando que alguém a recolha. É dolo de perigo, direto ou eventual, basta praticar a conduta capaz de colocar o incapaz em situação de perigo; Não se admite a modalidade culposa Sujeito ativo É a pessoa que tem o dever de zelar pela vida, pela saúde ou pela segurança da vítima. Cuida-se de crime próprio, pois apenas pode ser praticado por aquele que tem o incapaz sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade. a) Cuidado: é a assistência eventual (exemplo: enfermeira que cuida de pessoa idosa e inválida para zelar por si própria. b) Guarda: é a assistência duradoura (exemplo: pais em relação aos filhos menores de 18 anos de idade). c) Vigilância: é a assistência acauteladora, envolve pessoas normalmente capazes, mas que não podem se defender em razão de situações excepcionais (exemplo: instrutor de alpinismo no tocante aos alunos iniciantes). d) Autoridade: é a relação de superioridade, de direito público ou de direito privado, para emitir ordens em face de outra pessoa. Consumação No momento do abandono, desde que resulte perigo concreto, o crime é instantâneo de efeitos permanentes, pois se consuma em um momento determinado, mas seus efeitos se arrastam no tempo, persistindo enquanto o incapaz não for devidamente assistido, ou seja, ocorre POR TEMPO JURIDICAMENTE RELEVANTE. Admite a tentativa na modalidade comissiva, exclusivamente; A ação penal é pública incondicionada; @vitoriahipollito 30 EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO - art. 134, CP Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria: Pena - detenção, de seis meses a dois anos. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - detenção, de um a três anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - detenção, de dois a seis anos. Núcleo do tipo O tipo penal é EXPOR e ABANDONAR. Expor: transferir a vítima para lugar diverso daquele em que lhe é prestada assistência. Abandonar: significa desamparar a vítima no tocante aos cuidados necessários. Desonra própria: é a ausência de honra, funciona como elemento normativo de um tipo penal aberto, que precisa ser complementado pela valoração do magistrado no caso concreto. O crime é de forma livre, pode ser praticado por ação ou omissão, reclama uma situação de perigo concreto. Sujeito ativo Trata-se de crime própria ou especial, somentepode ser cometido pela mãe que concedeu o filho de forma irregular, e ainda pelo pai adulterino. A mulher pode ser casada ou solteira A prostituta, assim conhecida pelas demais pessoas, quando expõe ou abandona o filho recém-nascido, responde pelo crime de abandono de incapaz (art. 133, CP), pois não goza de honra apta a ser reservada. @vitoriahipollito 31 O marido agindo por conta própria, abandona o filho adulterino concebido por sua esposa infiel pratica crime de abandono de incapaz (art. 133, CP), uma vez que a desonra ocultada não lhe pertence. Sujeito passivo É o recém-nascido, que para a medicina é definido como a pessoa que nasceu com a vida, até a queda do cordão umbilical. Consumação Dá-se no momento em que a vítima é submetida ao perigo concreto. O crime é instantâneo permanente, pois, depois de abandonado, o recém-nascido continua correndo perigo, situação que somente cessa quando socorrido por alguém. É admitida a tentativa, somente quando praticado por ação, isto, é, quando tratar de crime comissivo; É crime de dolo direto, não se pude a modalidade culposa; A ação penal é pública incondicionada. OMISSÃO DE SOCORRO – art. 135, CP Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. Núcleo do tipo O tipo penal contém dois núcleos: DEIXAR e PEDIR, trata-se de crime omissivo próprio ou puro. Deixar de prestar assistência: significa não socorrer quem se encontra em perigo. Não pedir: deixar de solicitar auxilio da autoridade pública para socorrer quem está em perigo. @vitoriahipollito 32 Sujeito ativo O crime é comum, pode ser praticado por qualquer pessoa, mesmo que não tenha o dever de prestar assistência, mas se houver vinculação jurídica entre os sujeitos do delito (exemplo: pais e filhos), o crime será de abandono de incapaz ou de abandono material. E varias pessoas negam a assistência, todos respondem pelo crime (individualmente), e não em concurso de pessoas. Se apenas uma pessoa prestar socorro, quando diversas poderem tê-lo feito sem risco pessoas, não há crime para ninguém, pois a vítima terá sido socorrida. Omissão médica: o crime de omissão de socorro pode ser praticado por um médico ao deixar de atender uma vítima necessitada em diversas situações: a) Quando exige depósito prévio em dinheiro por parte de pessoa pobre; b) Quando diz estar de folga c) Quando alega não poder prestar socorro pelo fato de a vítima não ser associada a nenhum plano de saúde; d) Quando se recusar ao atendimento sustentando a ausência de vaga no estabelecimento hospitalar. Também se aplica a enfermeira e a secretária do hospital, quando se recusa a pronto atendimento médico com a alegação de necessidade de prévio preenchimento de ficha pessoal. Sujeito passivo Somente pessoas taxativamente indicadas pelo art. 135, CP podem ser vítimas do crime de omissão de socorro: a) Criança abandonada: é a pessoa com idade inferior a 12 anos, que foi intencionalmente deixada em algum lugar por quem devia exercer sua vigilância, e por esse motivo não pode prover a sua própria subsistência. @vitoriahipollito 33 b) Criança extraviada: é a pessoa com idade inferior a 12 anos que está perdida, que não sabe voltar por conta própria ao local em que reside ou possa encontrar resguardo e proteção. c) Pessoa inválida e ao desamparo: invalidez é a característica inerente à pessoa que não pode, por conta própria, praticar os atos cotidianos de um ser humano, pode ser físico ou menta, não basta só a invalidez, exige que a pessoa esteja ao desamparo. d) Pessoa ferida e ao desamparo: é aquela que sofreu lesão corporal, não necessariamente grave, acidentalmente ou provocada por terceira pessoa. Mas não basta que esteja ferida, tem que se encontrar em desamparo. e) Pessoa em grave e iminente perigo: o perigo deve ser sério e fundamentado, apto a causar um mal relevante em curto espaço de tempo. A lei exige somente a presença do grave e iminente perigo. Consumação Ocorre no momento da omissão, não é admitida a tentativa. Só é punido na forma dolosa. CONDICIONAMENTO DE ATENDIMENTO MÉDICO- HOSPITALAR EMERGENCIAL – art. 135-A, CP Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. Núcleo do tipo O núcleo do tipo é EXIGIR, no sentido de ordenar ou impor algo, de modo autoritário e capaz de intimidar (não há emprego de violência á pessoa ou grave ameaça). @vitoriahipollito 34 A exigência é percebida por uma forma de ameaça, de constrangimento, de “forçar”, de “condicionar” o atendimento à: a) Cheque-caução b) Nota promissória c) Qualquer outra garantia d) Preenchimento prévio de formulário de atendimento As condutas não são cumulativas. Sendo um crime doloso, não se admite a modalidade culposa, Sujeito ativo É o representante do estabelecimento de saúde que efetuar a exigência, sendo cabível o concurso de pessoas, nas modalidades coautoria e participação. Sujeito passivo É a pessoa acometida de problemas em sua saúde, por isso, necessita de atendimento médico-hospitalar. Consumação Ocorre com a mera exigência, sendo irrelevante que o atendimento aconteça. Admite tentativa; A ação penal é pública incondicionada. MAUS-TRATOS – art. 136, CP Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de um a quatro anos. § 2º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. § 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. @vitoriahipollito 35 Objetividade jurídica Proteção da vida e da saúde das pessoas. Núcleo do tipo A conduta incriminadora é de EXPOR A PERIGO, onde o sujeito pode praticar o delito expondo a vida ou a saúde da pessoa humana mediante uma única conduta ou por meio de várias condutas, sendo admitida: a) Privação de alimentos ou cuidados indispensáveis; b) Sujeição a trabalho excessivo ou inadequado; c) Abuso dos meios de correção ou disciplina. Sujeito ativo e sujeito passivo Trata-se de crime próprio, só pode ser sujeito ativo de maus tratos quem possui com a vítima relação de autoridade, guarda, vigilância, para fins de educação, ensino, tratamento ou custodia. Já o sujeito passivo deve estar nestas condições. Consumação Ocorre com a prática da conduta, sendo admitida a tentativa, sendo crime doloso, não se admite modalidade culposa. A ação penal é pública incondicionada. Maus-tratos contra idoso Se a vítima for idosa, incide o crime tipificado pelo art. 99 da Lei 10.741/2003 – estatuto do Idoso: Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica, do idoso, submetendo-o a condições desumanasou degradantes ou privando-o de alimentos e cuidados indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou inadequado: Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa. § 1o Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos. § 2o Se resulta a morte: Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. @vitoriahipollito 36 Maus-tratos contra animais O art. 32 da Lei 9.605/1998 – Crimes Ambientais prevê: Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. § 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos § 1º-A Quando se tratar de cão ou gato, a pena para as condutas descritas no caput deste artigo será de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, multa e proibição da guarda § 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal. DA RIXA – art. 137, CP Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores: Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. Núcleo do tipo O núcleo do tipo é de PARTICIPAR, tomar parte nas agressões. Os três ou mais rixosos devem combater entre si, se dois ou mais indivíduos atacam um terceiro que somente se defende, não há rixa. Participa da rixa quem nela pratica, agressivamente, atos de violência material (exemplos: socos, chutes, tapas). Como nessas situações não se pode precisar qual golpe foi efetuado por um determinado agressor contra o outro, todos devem responder pela rixa, em fase da participação tumulto. @vitoriahipollito 37 Não se exige o emprego de armas, nem que lutem fisicamente, porem a rixa não é simples troca de palavras (ameaças ou injúrias). A participação na rixa pode ser material ou moral a) Participação material: é a inerente às pessoas que efetivamente tomam parte na contenda, mediante atos violentos e agressivos (caso da pessoa que efetua socos ou pontapés contra outrem). Aquele que assim é denominado partícipe da rixa. b) Participação moral: é a relativa aos sujeitos que estimulam os demais a lutarem entre si, por meio de induzimento ou instigação. É chamado de partícipe do crime de rixa, e deve ter no mínimo uma quarta pessoa. Sujeito ativo e sujeito passivo A rixa é classificada como crime plurissubjetivo, plurilateral ou de concurso necessário, pois o tipo penal reclama a participação efetiva de ao menos três pessoas na troca de agressões materiais. Cada participante é ao mesmo tempo sujeito ativo e passivo da rixa. Consumação Dá-se com a pratica de vias de fato ou violência reciprocas, momento que se produz o perigo abstrato de dano à vida ou à saúde da pessoa humana. A ação penal é pública incondicionada. @vitoriahipollito 38 DOS CRIMES CONTRA A HONRA É por meio da honra que se vincula a dignidade da pessoa, a honra é o conjunto de qualidades físicas, morais e intelectuais de um ser humano, que o fazem merecedor de respeito no meio social e promovem sua autoestima, cuja ofensa produz uma dor psíquica, em abalo emocional, acompanhados de atos de repulsão ao ofensor. São crimes de dano, já que a consumação exige o efeito PREJUÍZO. A honra pode ser classificada como objetiva e subjetiva. Honra objetiva: julgamento que as pessoas fazem de alguém Honra subjetiva: é o juízo que cada pessoa faz de si mesma. Podendo ser dividida em: a) Honra dignidade: conjunto de qualidades morais do indivíduo; b) Honra-decoro: conjunto de qualidades físicas e intelectuais. CALÚNIA – art. 138, CP Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga. § 2º - É punível a calúnia contra os mortos. HONRA Objetiva Calúnia Difamação Subjetiva Injúria @vitoriahipollito 39 Caluniar consiste na atividade de atribuir falsamente a alguém a prática de um fato definido como crime, o agressor deve ter ciência de estar fazendo falsa imputação, pode incidir sobre o fato ou pessoa (o fato não aconteceu, ou se ocorreu, foi praticado por outra pessoa). Formas de calúnia: a) Inequívoca ou explícita: a ofensa é direta, não deixa dúvida nenhuma acerca da vontade do sujeito de atacar a honra alheia. b) Equívoca ou implícita: ocorre quando a ofensa é velada, sub-reptícia. O agente dá a entender que alguém teria feito alguma coisa. c) Reflexa: ocorre quando o agente quer caluniar uma pessoa, mas, na narrativa do fato, acaba também atribuindo crime a outra pessoa. A consumação ocorre no momento em que terceira pessoa toma ciência da imputação, sendo irrelevante se a vítima tomou ou não ciência do fato. Sujeito ativo Trata-se de crime comum. Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime de calúnia. Caluniador não é apenas o autor original da imputação, mas também quem a propala ou divulga. Sujeito passivo Sujeito passivo é somente a pessoa humana, porque somente o ser humano é capaz de cometer fatos definidos como crime, daí que é impossível a calúnia contra pessoas jurídicas, que, no sistema brasileiro, não podem ser sujeitos ativos de crimes. A vítima deve ser pessoa certa, determinada. Execução da verdade Exceção da verdade significa a possibilidade que tem o sujeito ativo de poder provar a veracidade do fato imputado (art. 141, § 32, do CP) através de procedimento especial (art. 523 do CPP). Calúnia é, por definição, a imputação falsa, ou seja, é da essência da calúnia a falsidade da acusação, quer em relação à existência do fato, quer em relação à autoria do fato (BITENCOURT, 2012, p. 330). @vitoriahipollito 40 O objeto da imputação falsa pode recair sobre o fato, quando este, atribuído à vítima, não ocorreu; e sobre a autoria do fato criminoso, quando este é verdadeiro, sendo falsa a imputação da autoria. A falsidade da imputação é sempre presumida e a ofensa à honra só deixa de existir se ficar provada a veracidade do crime atribuído ao ofendido. Em função disso, admite, em regra, a lei penal, que o agente prove que a ofensa é verdadeira, afastando, dessa forma, o crime. É a chamada exceção da verdade (CP, art. 141, § 3Q), que se realiza por um procedimento especial (CPP, art. 523). Provada a veracidade do fato criminoso imputado, não há que se falar na configuração do crime de calúnia, ante a ausência do elemento normativo "falsamente”. O fato, portanto, é atípico (CAPEZ, 2004, p. 231/232). Fala-se em dois sistemas relativamente à admissão da exceptio veritatis: um, ilimitado, que acolhe exceção da verdade, indiscriminadamente, para os crimes de calúnia e de difamação, e outro, misto, que estabelece expressamente os casos de concessão ou proibição desse instituto. O Código Penal brasileiro adotou o sistema misto, com critérios próprios: incrimina separadamente calúnia e difamação e admite a exceção da verdade, como regra geral, para a primeira, e, como exceção, para a segunda. Em regra, é admissível a exceção o de verdade salvo nas seguintes hipóteses: a) Se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível. b) Se o fato é imputado a qualquer das pessoas indica das no n. I do art. 141 (inciso 11): se o fato for imputado ao Presidente da República, ou chefe de governo estrangeiro, a exceção da verdade também é inadmissível. Em virtude do cargo efunção que ocupam, evita-se com tal vedação macular o prestígio dessas pessoas, expondo-as ao vexame. Dessa forma, ainda que o fato imputado a elas seja verdadeiro, o caluniador não poderá opor a exceção da verdade. c) Se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível. @vitoriahipollito 41 Prevê o art. 85 do Código de Processo Penal que, "nos processos por crime contra a honra, em que forem querelantes as pessoas que a Constituição sujeita à jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação, àquele ou a estes caberá o julgamento, quando oposta e admitida a exceção da verdade". Trata o citado artigo da competência para julgar a exceção da verdade oposta contra querelante dotado de foro privilegiado (CAPEZ, 2004, p. 234). Pena e ação penal A ação penal, nos crimes contra a honra, é, em regra, de iniciativa privada, procedendo-se mediante queixa do ofendido (art. 145, CP). Se, entretanto, a calúnia tiver sido contra o Presidente da República ou chefe de governo estrangeiro, a ação será de iniciativa pública, condicionada à requisição do Ministro da Justiça. Quando a vítima for funcionário público em razão de suas funções, a ação penal será pública condicionada à representação do ofendido (art. 145, parágrafo único, CP). A pena cominada ao delito de calúnia é a de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, aplicando-a também àquele que, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga, conforme determina o § 1º do art. 138 do Código Penal. A pena será aumentada de um terço, nos termos do caput do art. 141 do Código Penal, se a calúnia for cometida: “I – Contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; II – Contra funcionário público, em razão de suas funções; III – na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a sua divulgação; IV – Contra pessoa maior de 60 anos ou portadora de deficiência.” Poderá, ainda, vir a ser dobrada, se a calúnia for cometida mediante paga ou promessa de recompensa, conforme determina o parágrafo único do art. 141 do diploma repressivo. O art. 143 contém urna causa de extinção da punibilidade: "o querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena". Retratar- se quer dizer desdizer-se, voltar atrás no que foi dito. O ofensor retira as ofensas, @vitoriahipollito 42 reconhecendo, assim, seu erro. Ao fazê-lo estará de certa forma reparando o dano causado à vítima, por isso que, em razão da retratação, extingue-se o direito de punir. A retratação deve ser cabal, plena, total, perfeita, capaz de desfazer qualquer dúvida acerca da honorabilidade da vítima. Não é um simples pedido de desculpas, mas urna confissão da injustiça e, portanto, da inveracidade da imputação feita. Não depende da aceitação do ofendido, e pode ser feita no momento do interrogatório do querelado ou através de petição, mas deve ocorrer, necessariamente, antes da publicação da sentença de primeiro grau. Só se admite a retratação nas ações de iniciativa privada, não cabível portanto nos crimes contra a honra do Presidente da República, de chefe de governo estrangeiro ou de funcionário público em razão de suas funções (TELES, 2004, p. 269). DIFAMAÇÃO – art. 139, CP Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Constitui crime que ofende a honra objetiva, 9º que os outros pensam da vítima), a conduta punida é a de IMPUTAR, ATRIBUIR fato ofensivo à reputação (fato que não constitui crime). A consumação se dá quando terceira pessoa toma conhecimento da ofensa dirigida à vítima. Execução da verdade É irrelevante que o fato seja falso ou verdadeiro. Só será admitida se o ofendido é funcionário público e o fato relativo ao exercício de suas funções. Exceção de notoriedade @vitoriahipollito 43 Diferentemente da exceção da verdade, que tem por escopo demonstrar a veracidade do alegado, a notoriedade, sempre permitida, visa demonstrar o desconhecimento da falsidade da imputação. INJÚRIA – art. 140, CP Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: I - Quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II - No caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria. § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência. § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: Pena - reclusão de um a três anos e multa A injúria é crime contra a honra que ofende a honra objetiva, a dignidade é ofendida quando se atacam as qualidades morais das pessoas, ao passo que o decoro é abalado quando se atenta contra suas qualidades físicas. Podendo ser dividida em: a) Injúria absoluta: a palavra dirigida contra a vítima é indiscutivelmente ofensiva a honra subjetiva, pouco importando a época em que foi proferida ou a região do Brasil na qual foi lançada. Exemplo: quando uma pessoa chama outra de “retardado” ou “débil mental”. b) Injúria relativa: a palavra aparentemente ofensiva pode ser considerada aceitável. Dependendo da época ou do local em que foi proferida. @vitoriahipollito 44 O bullying também conhecido como intimidação sistemática e regulamentado pela Lei 13.185/2015, pode caracterizar o delito de injúria, notadamente nas situações de insultos pessoais e comentários sistemáticos e apelidos pejorativos. Núcleo do tipo Injuriar equivale a ofender, insultar ou falar mal, de modo a abalar o conceito que a vítima tem de si mesma. Basta a atribuição de qualidade negativa, prescindindo-se a imputação de fato determinado. Crime normalmente comissivo, também sendo possível a injúria por omissão. Observações: A tentativa é possível quando a injúria for praticada por escrito; Deve ser dirigida a pessoa determinada, sendo cometido por qualquer pessoa, de qualquer forma; Pode ser cometido por qualquer pessoa, contra qualquer pessoa que tenha capacidade de compreensão do conteúdo da conduta, dos seus atributos. Aspectos gerais Perdão judicial: é a causa de extinção da punibilidade. Quando a ofensa é provocada pelo ofendido (provocação direta) ou por retorsão imediata (ofensas reciprocas). Injúria real: consiste em violência ou vias de fato, que consideram humilhantes. Exemplo: cuspir, empurrar, etc. Injúria qualificada: é a praticada pelo preconceito (raça, cor, etnia, religião, origem ou condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência). Aumento de pena 1/3: Presidente da república ou Chefe de Governo Estrangeiro; @vitoriahipollito 45 Funcionário público, em razão de suas funções, ou contra os Presidentes do Senado, Câmara ou Suprem; Na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da ofensa; Contra pessoa maior de 60 anos ou pessoa portadora de deficiência. Pena em dobro: Se cometido mediante paga ou promessa de recompensa; Pela internet (na internet a pena é aplicada no triplo); Retratação: se ocorrer ANTES da sentença, o agente fica isento de pena. Pedido de explicação: é a medida cautelar e opcional para os casos em que o teor da ofensa não é explícito. Não interrompe o prazo decadencial de oferecimento da queixa; É dirigido ao juiz de Vara Criminal, que será prevento; Não é obrigatória a resposta do interpelado. Imunidades I) Imunidades parlamentares: a imunidadematerial protege o parlamentar em suas opiniões, palavras e votos, desde que relacionadas às suas funções, não abrangendo manifestações desprovidas de conexão com seus deveres constitucionais (art. 58, CF). Abrange senados, deputados federais, deputados estatuais e vereadores. II) Advogados. Na injúria não cabe retratação. @vitoriahipollito 46 Calúnia Difamação Injúria Classificação no tocantes à intensidade do mal visado pela conduta Crimes de dano Classificação quanto à relação entre conduta e resultado naturalístico Delitos formais, de consumação antecipada ou de resultado cortado Sujeito ativo Regra: crimes comuns ou gerais Exceções: imunidades parlamentares Sujeito passivo Qualquer pessoa física e jurídica (na calúnia, relativamente aos crimes ambientais). Qualquer pessoa física Meios de execução Crimes de forma livre Elemento subjetivo Dolo, direto e eventual (exceto no inciso 1º em que o dolo só pode ser direto Dolo, direto ou eventual Lei 9.099 Infrações penais de menor potencial ofensivo Infração penal de menor potencial ofensivo (exceto injúria qualificada) Causas especiais de exclusão da ilicitude (art. 142) Não se aplica Aplica-se Retratação Admitem Não admite Pedido de explicações Admitem @vitoriahipollito 47 CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL O fundamento dos crimes contra a liberdade pessoal repousa no art. 5º da Constituição Federal, que assegura a todos o direito à liberdade. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. CONSTRANGIMENTO ILEGAL – art. 146, CP Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Aumento de pena § 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas. § 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência. § 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo: I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida; II - a coação exercida para impedir suicídio. Núcleo do tipo A conduta incriminadora é de CONSTRANGER, que significa obrigar a alguém a fazer algo contra a sua vontade (pode ser por omissão ou por ação). Mas não basta o agente obrigar a vítima a fazer ou deixar de fazer qualquer coisa, também precisa impor a vítima um comportamento certo e determinado, e o constrangimento precisa ser ilegal. A ilegitimidade da pretensão pode ser: a) Absoluta: quando o agente não tem direito à ação ou omissão. Exemplo: obrigar a vítima a cantar; @vitoriahipollito 48 b) Relativa: quando o agente não tem direito à ação ou omissão, mas a vítima não pode ser compelida a comportar-se da forma por ele visada. Exemplo: obrigar o ofendido a quitar uma dívida resultante de jogo de azar. Constrangimento: tem como meio de execução o emprego de violência ou de grave ameaça, e qualquer outro meio que reduza a capacidade de resistência da vítima. a) Violência: própria ou física, é o emprego de força bruta sobre a vítima. A violência pode ser direta ou imediata, quando dirigida contra a vítima, ou indireta ou mediata, quando dirigida a pessoa ou coisa ligada ao ofendido. b) Grave ameaça: consiste na promessa de realização de mal grave, futuro e sério contra a vítima ou pessoa que lhe é próxima. Pode ser transmitida ao ofendido oralmente ou por escrito. Consumação Ocorre no instante que a vítima faz ou deixa de fazer algo, em decorrência da violência ou grave ameaça, utilizada pelo agente. Cuida-se de crime material e instantâneo. Somente da forma dolosa, havendo o elemento especifico que é o desejo de que a vítima realize o comportamento coagido. É possível a tentativa, tanto quando busca o agente constranger a vítima a não fazer o que a lei permite. Sujeitos a) Ativo: qualquer pessoa (crime comum ou geral) b) Passivo: qualquer pessoa desde que dotada de capacidade de autodeterminação. Excluem as crianças de tenra idade e os doentes mentais, entre outros. A violência pode ser imediata (diretamente sobre aa vítima) ou mediata (a violência recai sobre terceira pessoa). Não se confunde com o crime de ameaça, pois nesta o que é atingido é a liberdade da formação da vontade e o constrangimento ilegal incide sobre a liberdade de autodeterminar-se. @vitoriahipollito 49 Exclusão da adequação típica: não se fala de constrangimento ilegal quando o constrangimento é empregado para impedir o suicídio ou quando é necessário tratamento médico arbitrário. Conflito aparentemente de normas: a) Art. 146 + art. 157: no roubo, o constrangimento é usado para subtrair a coisa; b) Art.146 + art. 158: o constrangimento é usado para obter alguma vantagem; c) Art. 146 + art. 158. 3º: resulta da conjunção do roubo e da extorsão; d) Art. 146 + art. 159: a finalidade é obter resgate. Quando o meio executado for a violência e não se trata dos delitos acima, haverá concurso de crimes. Exemplo: forçar o calouro a beber contra a vontade dele, que sofre lesão gravíssima – concurso entre o art. 146 e art. 129, 2º, CP. AMEAÇA – art. 147, CP Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único - Somente se procede mediante representação. Objetividade jurídica O bem jurídico tutelado pela lei penal é a liberdade da pessoa humana, no tocante à paz de espirito, ao sossego, a tranquilidade e ao sentimento de segurança. Núcleo do tipo O núcleo do tipo é AMEÇAR que significa intimidar, amedrontar alguém, mediante a promessa de causar um mal injusto e grave (físico, econômico ou moral). @vitoriahipollito 50 Não há necessidade de ser a ameaça proferida na presença da vítima. Basta que chegue ao seu conhecimento. Espécies de ameaça a) Direta ou imediata: é a dirigida à própria vítima. b) Indireta ou mediata: é a endereçada a um terceiro, podem vinculado à vítima por questões de parentesco. O delito se divide em: a) Explícita: cometida sem nenhuma margem de dúvida. b) Implícita: aquela em que o agente da a entender que praticará um mal contra alguém. c) Condicional: é a ameaça em que o mal prometido depende da pratica de algum comportamento por parte da vítima. Sujeitos a) Ativo: qualquer pessoa (crime comum). b) Passivo: qualquer pessoa certa e determinada, desde que capaz de compreender o caráter intimidatório da ameaça contra ela lançada. Consumação Ocorre quando a vítima toma conhecimento da ameaça, pouco importando o resultado, o crime é formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado. É admissível a tentativa nas hipóteses de ameaça escrita, simbólica ou por gestos, e incompatível nos casos de ameaça verbal. Forma dolosa. A ação penal é condicionada à representação. PERSEGUIÇÃO – art. 147-A, CP Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa @vitoriahipollito 51 § 1º A pena é aumentada de metade se o crime é cometido: I – contra criança,
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