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DOS CRIMES CONTRA A PESSOA - RESUMO

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@vitoriahipollito 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Direito Penal 
Crimes Contra a Pessoa 
@vitoriahipollito 
2 
 
Sumário 
Dos Crimes Contra a Vida................................................................................................ 4 
HOMICÍDIO INFORMAÇÕES GERAIS ...................................................................... 4 
Informações rápidas: .................................................................................................... 5 
HOMICÍDIO SIMPLES .................................................................................................... 5 
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO ....................................................................................... 6 
HOMICÍDIO QUALIFICADO ........................................................................................ 7 
HOMICÍDIO CULPOSO .................................................................................................. 9 
PERDÃO JUDICIAL ..................................................................................................... 10 
INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO OU A 
AUTOMUTILAÇÃO– art. 122, CP ................................................................................ 10 
INFANTICÍDIO ............................................................................................................. 12 
ABORTO .......................................................................................................................... 13 
ABORTO LEGAL OU PERMITIDO ............................................................................ 15 
ABORTO NECESSÁRIO .............................................................................................. 15 
ABORTO NO CASO DE GRAVIDEZ RESULTANTE DE ESTUPRO ................. 15 
ABORTO EUGÊNICO OU EUGENÉSICO ................................................................ 16 
DAS LESÕES CORPORAIS – ART. 129, CP ............................................................... 17 
LESÃO CORPORAL LEVE .......................................................................................... 18 
LESÃO CORPORAL GRAVE ...................................................................................... 19 
LESÃO CORPOTAL GRAVÍSSIMA .......................................................................... 20 
LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE............................................................ 20 
LESÃO CORPORAL PRIVILEGIADA ...................................................................... 21 
LESÃO CORPORAL CULPOSA ................................................................................. 21 
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE ........................................................... 23 
PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO – art. 130, CP .............................................. 23 
PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE – art. 131, CP ...................... 25 
PERIGO PARA A VIDA OU SAÚDE DE OUTREM – art. 132, CP .................... 26 
ABANDONO DE INCAPAZ – art. 133, CP.............................................................. 28 
EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO - art. 134, CP ............... 30 
OMISSÃO DE SOCORRO – art. 135, CP .................................................................. 31 
CONDICIONAMENTO DE ATENDIMENTO MÉDICO-HOSPITALAR 
EMERGENCIAL – art. 135-A, CP .............................................................................. 33 
MAUS-TRATOS – art. 136, CP .................................................................................. 34 
Maus-tratos contra idoso ....................................................................................... 35 
Maus-tratos contra animais ................................................................................... 36 
@vitoriahipollito 
3 
 
DA RIXA – art. 137, CP................................................................................................... 36 
DOS CRIMES CONTRA A HONRA ............................................................................... 38 
CALÚNIA – art. 138, CP ................................................................................................. 38 
DIFAMAÇÃO – art. 139, CP ........................................................................................... 42 
INJÚRIA – art. 140, CP .................................................................................................. 43 
 ............................................................................................................................................... 47 
CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL..................................................... 47 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL – art. 146, CP ...................................................... 47 
AMEAÇA – art. 147, CP .............................................................................................. 49 
PERSEGUIÇÃO – art. 147-A, CP .............................................................................. 50 
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONTRA A MULHER – art. 148-B ...................... 53 
SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO – art. 148, CP ........................................... 54 
REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGICA À ESCRAVO – art. 149 .................... 56 
TRÁFICO DE PESSOAS – art. 149-A ....................................................................... 57 
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO .......................... 59 
Violação de domicílio – art. 150, CP ....................................................................... 59 
VIOLAÇÃO DE CORRESPONDÊNCIA – art.151, CP .............................................. 61 
Sonegação ou destruição de correspondência ......................................................... 63 
Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica .................... 64 
CORRESPONDÊNCIA COMERCIAL – art. 152, CP ................................................. 64 
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SEGREDOS ....................... 65 
Divulgação de segredo – art. 153, CP ...................................................................... 65 
Violação do segredo profissional – art. 154, CP .................................................. 67 
Invasão de dispositivo informativo – art. 154 – A ............................................. 68 
 
 
 
 
 
 
 
 
@vitoriahipollito 
4 
 
Dos Crimes Contra a Vida 
O Código Penal arrola quatro crimes contra a vida: 
1. Homicídio; 
2. Induzimento, instigação ou auxilio a suicídio ou a automutilação; 
3. Infanticídio; e 
4. Aborto. 
São crimes dolosos contra a vida, de competência do júri 
(salvo homicídio culposo em fase da presença da culpa, e o 
induzimento ou auxilio à automutilação). 
 
HOMICÍDIO INFORMAÇÕES GERAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A ação penal 
será publica 
incondicionada. 
 
Homicídio 
Culposo 
Doloso 
Simples (caput) 
Privilegiado § 1º 
Qualificado § 2º 
Circunstanciado § 
4º, parte 2, e § 6º e 
7º 
Simples § 3º 
Perdão judicial 
§ 5º 
Circunstanciado 
§4º, parte 1 
Motivos dos crimes: 
 Meios e modos de 
execução do crime, salvo a 
traição (incs. III e IV); 
 Conexão (inc. V); 
 Feminicídio (inc. V); 
 Crime praticado contra 
integrantes dos órgãos de 
segurança pública ou 
pessoas a eles vinculadas 
pelo casamento, pela 
união estável ou pelo 
parentesco (inc. VII); 
 Emprego de arma de fogo 
de uso restrito ou proibido 
(inc. VIII) 
@vitoriahipollito 
5 
 
Informações rápidas: 
Homicídio simples: não é hediondo, em regra. 
Homicídio privilegiado: incomunicável (diminuição obrigatória da pena), não é 
hediondo. 
Homicídio qualificado: é sempre hediondo. 
Homicídio culposo: não admite tentativa. 
Perdão judicial: deve ser concedido na sentença; ato unilateral; não gera 
reincidência. 
Ação penal: publica incondicionada (doloso: rito do júri; culposo: sumário com 
sursis processual).HOMICÍDIO SIMPLES 
O crime de homicídio simples encontra no art. 121 CP, é uma forma livre, embora 
em alguns casos, a forma empregada pelo criminoso qualifique o delito. A 
conduta incriminada é a de matar alguém. 
Núcleo do tipo 
O núcleo do tipo é o verbo “matar”, trata-se de um 
crime de forma livre, ou seja, é admitido qualquer 
meio de execução e pode ser praticado por ação ou 
omissão, desde que presente o poder de agir. 
O crime pode ser praticado de forma direta (quando 
o meio de execução é manuseado diretamente pelo agente) exemplo: golpe com 
uma barra de ferro, ou também de forma indireta, quando o meio de execução 
é manipulado indiretamente pelo homicida (exemplo: ataque por um cão feroz). 
 
Sujeito ativo: o homicídio é um crime comum, podendo ser praticado por 
qualquer pessoa, isoladamente ou em concurso com outro indivíduo. 
Comporta coautoria e participação 
Sujeito passivo: pode ser qualquer pessoa humana, após o nascimento e 
desde que esteja viva. 
Homicídio por ação: 
Exemplo: pauladas, tiros, 
facadas. 
Homicídio por omissão: 
Exemplo: mãe que deixa 
de alimentar a criança. 
@vitoriahipollito 
6 
 
Consumação 
Ocorre a morte com a cessação da atividade encefálica, como determina o art. 
3 º da Lei 9.434/1997. 
Tentativa 
 
É possível a tentativa, podendo ser 
dividido de duas formas: 
 
 
 
HOMICÍDIO PRIVILEGIADO 
 
Possui natureza jurídica de CAUSA OBRIGATÓRIA DE DIMINUIÇÃO DE PENA 
(1/6 A 1/3). 
Hipóteses 
 
Relevante valor social (corresponde ao interesse coletivo. Exemplo: matar um 
perigoso estuprador que aterroriza as mulheres e crianças de uma cidade); 
relevante valor moral (interesse/sentimento pessoal/individual. Exemplo: 
matar aquele que estuprou sua filha e esposa); domínio de violenta emoção 
(após injusta provocação). 
 
OBS: não comunica aos coautores e é reconhecido pelo Conselho de Sentença 
(somente os jurados podem reconhecer este instituto). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tentativa cruenta: a vítima é 
alcançada pela conduta criminosa 
e sofre os ferimentos; 
Tentativa incruenta: a vítima NÃO 
é atingida, embora não ocorra o 
resultado morte. 
a) Domínio de violenta emoção: a emoção 
deve ser violenta, intensa, capaz de 
alterar o estado de ânimo do agente. 
b) Injusta provocação da vítima: pode ser ou 
não criminosa, é o comportamento apto a 
desencadear a violenta emoção e a 
consequente prática do crime. 
c) Reação imediata: é indispensável seja o 
fato praticado “logo em seguida”, 
momentos após a injusta provocação da 
vítima. 
 
@vitoriahipollito 
7 
 
HOMICÍDIO QUALIFICADO 
 
Com base no caput do art. 121, CP a pena do homicídio simples é de 6 a 20 
anos de reclusão, já o homicídio qualificado passa a ser de 12 a 30 anos de 
reclusão. 
 
Importante: o homicídio qualificado é crime hediondo, qualquer que seja a 
qualificadora. É o que consta no art. 1º, inciso I da Lei 8.072/90. 
 
Qualificadoras 
 
I. Mediante paga ou promessa de recompensa, ou por motivo torpe: 
Paga e promessa de recompensa caracteriza o homicídio mercenário, exemplo: 
moça que paga para matar o marido, ou a mulher que se junta com o amante, 
para matar o marido para receber herança e dividir com o amante. 
 
 Motivo torpe: moralmente desprezível, considerado imoral, vergonhoso. 
Exemplo: matar para receber uma herança, matar por qualquer tipo de 
preconceito. 
 
A vingança não caracteriza automaticamente como motivo torpe, vai depender 
do motivo que levou o indivíduo a vinga-se de alguém. 
O ciúme não é considerado motivo torpe. 
 
II. Motivo fútil: 
Desproporcional, insignificante, crime que há uma desproporcionalidade 
entre o crime e a causa. Exemplo: matar por ter levado uma fechada no 
trânsito. 
 
III. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou 
outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo 
comum: 
 
 
@vitoriahipollito 
8 
 
a) Meio insidioso: fraude, clandestino; 
b) Meio cruel: sujeita as vítimas em um sofrimento excessivo; 
c) Meio que possa resultar perigo comum: é aquele que expõe a vítima e 
um indeterminado de pessoas a uma situação de probabilidade de dano; 
d) Veneno: substância de origem química ou biológica capaz de provocar a 
morte quando introduzida no organismo humano (se foi misturada de 
forma violenta, a qualificadora reporta ao meio cruel); 
e) Fogo: resultado da combustão de produtos infláveis, da qual decorrem 
calor e luz; 
f) Asfixia: supressão da função respiratória, com origem mecânica ou 
tóxica. 
g) Tortura. 
 
IV. À traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro 
recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido: 
 
a) Traição: ataque súbito e sorrateiro (se a vítima percebe e foge, não há 
qualificadora); 
b) Emboscada: tocaia, o agente fica à espreita, à espera da vítima passar; 
c) Dissimulação: disfarce. 
 
V. Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou a 
vantagem de outro crime 
Também chamada de conexão, em face da ligação entre dois ou mais crimes. 
 
a) Na ocultação: o agente pretende impedir que se descubra a prática de 
outro crime; 
b) Na impunidade: o agente deseja evitar a punibilidade do crime anterior; 
c) Na vantagem: tudo o que se auferiu com o outro crime. 
 
VI. Contra a mulher por razões da condição de sexo feminino 
Razoes de condição do sexo feminino (o criminoso não aceita e mata a 
mulher por razões advindas as condições do sexo feminino). 
 
@vitoriahipollito 
9 
 
VII. Agentes estatais 
Inserida pela Lei 13.142/2015, o crime deve estar ligado ao exercício da 
função ou em razão dela, abrangendo cônjuge e companheiro. 
 
HOMICÍDIO CULPOSO 
 
Configura-se crime de homicídio culposo quando o agente realiza uma 
conduta voluntária, com violação do dever objetivo de cuidado a todos 
imposto, por imprudência, negligencia ou imperícia, e assim produz um 
resultado naturalístico (morte) involuntário, nem previsto, nem querido, mas 
objetivamente previsível, que podia com a devida atenção ter evitado. 
 
a) Imprudência: ou culpa positiva, consiste na prática de um ato perigo. 
Exemplo: manusear arma de fofo em um espaço com grande 
concentração de pessoas. 
b) Negligência: ou culpa negativa, é deixar de fazer aquilo que a cautela 
recomendava. Exemplo: deixar arma carregada perto de várias pessoas. 
c) Imperícia: ou culpa profissional, é a falta de aptidão para o exercício de 
arte, profissão ou ofício para qual o agente, em que pese autorizado a 
exercê-la, não possui conhecimentos teóricos ou práticos para tanto. 
 
É importante destacar que para o homicídio culposo praticado na direção de 
veículo automotor aplica-se o crime definido pelo art. 302 da Lei 9.503/97 - 
Código de Trânsito Brasileiro. 
 
Tem um aumento de pena de 1/3 quando decorre da inobservância de regra 
técnica de profissão, arte ou oficio; deixa de prestar socorro imediato à vítima; 
foge. 
 
a) Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício: o sujeito 
não reúne conhecimentos teóricos ou práticos para o exercício de arte, 
profissão ou ofício. 
b) Deixar de presta imediato socorro à vítima: crimes culposos praticados 
na direção de veículo automotor. Essa causa de aumento da pena, 
@vitoriahipollito 
10 
 
fundada na solidariedade humana, relaciona-se unicamente às pessoas 
que por culpa contribuíram para a produção do resultado e não tenham 
prestado imediato socorro à vítima. 
Mas, se no caso concreto, o agente não agiu de forma culposa, mas 
deixou de prestar socorro, responder pelo crime de omissão de socorro 
com a pena majorada pela morte. 
c) Fugir para evitar prisão em flagrante 
 
PERDÃO JUDICIAL 
 
Apenas se admite perdão judicial para homicídio culposo, já que a 
consequência do crime é para o agente punição maior do que a própria pena. 
O perdão judicial somente pode ser concedido na sentença. Essa sentença é 
declaratória da extinção da punibilidade.É um ato unilateral, não precisa ser aceito pelo réu para surtir efeitos. 
INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A 
SUICÍDIO OU A AUTOMUTILAÇÃO– art. 122, CP 
 
A conduta suicida ou de automutilação, não é criminosa no Brasil, ou seja, não 
são puníveis as condutas que lesionam ou expõem a perigo bens jurídicos 
pertencentes exclusivamente a quem praticou. 
Núcleo do tipo 
 
A participação em suicídio ou em automutilação pode ser mora, nos núcleos de 
induzir e instigar, ou material, na conduta de auxiliar alguém a suicidar-se ou a 
praticar automutilação. 
a) Induzir: significa incutir na mente alheia a ideia do suicídio ou da 
automutilação, até então inexistentes. 
b) Instigar: reforçar o propósito suicida ou de automutilação preexistente. 
c) Auxiliar: é concorrer materialmente para a prática do suicídio ou da 
automutilação. 
 
 
@vitoriahipollito 
11 
 
 
 
 
 
 
 
 
Consumação 
A consumação ocorre com a morte ou com a ocorrência de lesão corporal grave. 
OBS: musicas, livros, filmes que estimulam a prática do suicídio, não constituem 
crime, já que a 
 Roleta russa e duelo americano: várias pessoas fazem, 
simultaneamente, roleta-russa ou duelo americano, aos sobreviventes 
será imputado o crime de participação em suicídio. Na roleta-russa a arma 
de fogo é municiada com um único projétil, e o gatilho deve ser acionado 
pelos participantes cada um em sua vez. Já no duelo americano, existem 
duas armas de fogo, uma municiada e a outra desmuniciada, e os 
participantes devem escolher uma delas para apertarem o gatilho contra 
eles mesmos. 
Se no contexto um dos participantes que não sabia se a arma de fogo 
estava ou não apta a efetuar o disparo, aciona seu gatilho, apontando 
para outra pessoa, assim provocando sua morte, o crime será de 
homicídio com dolo eventual. 
 
 Pacto de morte: duas pessoas combinam o suicídio. Se um se mata e o 
outro sobrevive, o sobrevivente responde pelo crime do art. 122, CP. 
 
 
 
Sujeito ativo Sujeito passivo 
É crime comum ou geral, podendo 
ser cometido por qualquer 
pessoa. 
Pode ser qualquer pessoa, desde 
que possua um mínimo de 
capacidade de resistência e de 
discernimento quanto à conduta 
criminosa. 
@vitoriahipollito 
12 
 
INFANTICÍDIO 
 
 
 
 
Informações rápidas: 
 Forma privilegiada de homicídio; 
 O crime é praticado durante ou logo depois do parto; 
 Admite coautoria e participação; 
 Não se admite a modalidade culposa 
 Admite tentativa. 
Conceito 
O infanticídio significa a morte de um infante, é uma forma privilegiada de 
homicídio. Trata de um crime praticado pela mãe contra seu próprio filho, 
nascente ou recém-nascido, durante o parto ou logo após, influenciada pelo 
estado puerperal. 
 
Art. 123 
Matar, sob influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou 
logo depois. 
Pena: Detenção, de dois a seis anos. 
É o conjunto de alterações físicas e psíquicas que acometem a 
mulher em decorrência das circunstâncias relacionadas ao 
parto, tais como convulsões e emoções provocadas pelo 
choque corporal, as quais afetam sua saúde mental. 
Sujeito ativo Sujeito passivo 
Crime próprio, somente pode ser 
praticado pela mãe. Admite 
coautoria e participação. 
É a nascente ou recém-nascido. 
Se a mãe, influenciada pelo estado puerperal 
e logo o após do parto, mata outra criança, 
que acreditava ser seu filho, responde por 
infanticídio putativo. 
Se a mãe mata um adulto, ainda presentes 
as demais elementares previstas no art. 123 
CP, o crime será de homicídio. 
@vitoriahipollito 
13 
 
ABORTO 
Espécies de aborto 
a) Natural: é a interrupção espontânea da gravidez. 
b) Acidental: é a interrupção da gravidez provocada por traumatismos, tais 
como choques e quedas. Não caracteriza crime, por ausência do dolo. 
c) Criminoso: é a interrupção dolosa da gravidez. 
d) Legal ou Permitido: é a interrupção da gravidez de forma voluntária e 
aceita por lei. O art. 128 CP admite o aborto em duas hipóteses: quando 
não há outro meio para salvar a vida da gestante (aborto necessário ou 
terapêutico) e quando a gravidez resulta de estupro (aborto sentimental 
ou humanitário). 
e) Eugênico ou Eugenésico: é a interrupção para evitar o nascimento da 
criança com graves deformidades genéticas. 
f) Econômico ou social: mata-se o feto para não agravar a situação 
miserabilidade enfrentada pela mãe ou por sua família. Trate-se de 
modalidade criminosa, pois não foi acolhida pelo direito penal brasileiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
O art. 124 CP contém duas figuras típicas distintas: 
a) Provocar aborto em si mesma 1ª parte 
Trata-se de autoaborto, em que a gestante efetua contra si própria o 
procedimento abortivo por qualquer modo capaz de levar à morte do feto. 
Exemplo: golpe com instrumento contundente). 
Esse delito admite o concurso de pessoas, na modalidade participação: o 
partícipe do autoaborto, além de responder por esse delito, pratica crime de 
homicídio culposo ou lesão corporal de natureza culposa, se ocorrer morte ou 
lesão corporal grave em relação a gestante. 
Vai ser o feto, ou o feto e a 
gestante se o aborto for sem o seu 
consentimento. 
Sujeito passivo Sujeito ativo 
No autoaborto e no aborto consentido, o sujeito ativo 
é a gestante. Na modalidade provocado por terceiro 
(com ou sem o consentimento da gestante), o sujeito 
ativo é qualquer pessoa. 
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento 
 Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem 
lhe provoque: 
 Pena - detenção, de um a três anos. 
 
 
@vitoriahipollito 
14 
 
b) Consentir para terceiro lhe provoque o aborto 2ª parte 
A gravida não pratica em si mesma o aborto, mas autoriza um terceiro qualquer, 
que não precisa ser o médico, a faze-lo 
 
 
 
 
 
 
Esse crime pode concretizar-se em duas hipóteses: 
a) Não houve o consentimento da gestante. Exemplo: agressão pelo antigo 
namorado que a engravidou, terceiro que coloca medicamento abortivo 
em sua comida, entre outros. 
b) A vítima prestou consentimento, mas sua anuência não surte efeitos 
válidos, por se enquadrar em alguma situação indicada no art. 126 CP. 
Trata-se de crime de dupla subjetividade passiva. Há duas vítimas: o feto e a 
gestante. 
 
 
 
 
 
 
Quando um aborto é realizado por terceira pessoa com o consentimento da 
gestante, os dois deveriam responder pelo mesmo crime, pois agiram em busca 
de um fim comum: a morte do feto. 
A gestante que presta o consentimento incide na pena da parte final do art. 124 
CP ao passo que o terceiro que provoca o aborto com o seu consentimento é 
enquadrado no art. 126 CP. 
 Aborto provocado por terceiro 
 Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da 
gestante: 
 Pena - reclusão, de três a dez anos. 
 
 Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
 Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a 
gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, 
ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou 
violência 
 
@vitoriahipollito 
15 
 
O consentimento da gestante deve subsistir até a consumação do aborto, se 
durante o procedimento abortivo ela se arrepender e solicitar ao terceiro a 
interrupção das manobras letais, mas não for obedecida, para ela o fato será 
atípico, e o terceiro responderá pelo crime do art. 125 CP. 
 
 
 
 
 
ABORTO LEGAL OU PERMITIDO 
 
O art. 128 CP prevê duas hipóteses de aborto permitido: aborto necessário e 
aborto no caso de gravidez resultante de estupro. Em ambas, o aborto deve ser 
praticado por médico, pois é ele o profissional habilitado para a segurança da 
gestante. 
 
ABORTO NECESSÁRIO 
O aborto necessário ou terapêutico depende de três requisitos: 
1. Ser praticado por medico;2. A vida da gestante corra perigo em razão da gravidez; e 
3. Não exista outro meio de salvar a sua vida. 
 
ABORTO NO CASO DE GRAVIDEZ RESULTANTE DE ESTUPRO 
É também chamado de aborto sentimental, humanitário, ético ou piedoso. 
Dependera de três requisitos: 
1. Ser praticado por medico; 
2. Consentimento válido da gestante ou de ser responsável legal, se for 
incapaz; e 
3. Gravidez resultante estupro. 
 
 Forma qualificada 
 Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores 
são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou 
dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão 
corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer 
dessas causas, lhe sobrevém a morte. 
 
 Aborto necessário 
 I - Se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
 Aborto no caso de gravidez resultante de estupro 
 II - Se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de 
consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. 
 
@vitoriahipollito 
16 
 
ABORTO EUGÊNICO OU EUGENÉSICO 
O direito brasileiro não contempla regra permissiva do aborto nas hipóteses em 
que os exames médicos pré-natais indicam que a criança nascerá com graves 
deformidades físicas ou psíquicas. O direito penal protege a vida humana desde 
a sua primeira manifestação, basta a vida, pouco importando as anomalias que 
possa apresentar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
@vitoriahipollito 
17 
 
DAS LESÕES CORPORAIS – ART. 129, CP 
A lesão corporal é a ofensa humana direcionada à integridade corporal ou à 
saúde de outras pessoas (atingir, agredir). Depende da produção de algum dano 
no corpo da vítima, interno ou externo, englobando qualquer alteração prejudicial 
à saúde, inclusive problemas psíquicos. 
A dor, por si só, não caracteriza lesão corporal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Objetividade jurídica 
Proteção da saúde e da integridade física da pessoa humana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O
fe
n
sa
 à
 i
n
te
g
ri
d
ad
e 
fí
si
ca
 
Equimose: constitui lesão, já que provoca roxidão decorrente do 
rompimento de pequenos vasos sanguíneos sob a pele ou sob as mucosas.
Hematoma: também constitui lesão, um pouco mais séria, pois além 
de roxo, fica inchado.
Eritema: não constitui lesão, pois configura mera vermelhidão, decorrente 
de uma bofetada.
Perturbaçãofisiológica: é o desarranjo no funcionamento de algum 
órgão do corpo humano. Exemplo: vômitos, paralisia, entre outros.
Perturbação mental: é a alteração prejudicial da atividade cerebral. 
Exemplos: convulsão, depressão, entre outros.
O
fen
sa à saú
d
e
 
Crime livre, pois admite qualquer 
meio de execução. 
Sujeito ativo
• Trata-se de crime omum, pois pode ser praticado
por qualquer pessoa.
Sujeito passivo
• Qualquer pessoa. Em alguns casos como na lesão
corporal grave ou gravíssima, a vítima deve ser
mulher grávida, bem como na lesão praticada
contra a mulher, por razões da condição so sexo
feminino.
@vitoriahipollito 
18 
 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de 
outrem: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano. 
 
 Lesão corporal de natureza grave 
 § 1º Se resulta: 
 I - Incapacidade para as ocupações habituais, por 
mais de trinta dias; 
 II - Perigo de vida; 
 III - debilidade permanente de membro, sentido ou 
função; 
 IV - Aceleração de parto: 
 Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
 § 2° Se resulta: 
 I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
 II - Enfermidade incurável; 
 III perda ou inutilização do membro, sentido ou 
função; 
 IV - Deformidade permanente; 
 V - Aborto: 
 Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 
Tentativa 
É possível em todas as modalidades de lesão corporal dolosa, sendo incabível 
na lesão culposa e na lesão seguida de morte. 
Formas 
a) Lesão corporal leve 
b) Lesão corporal grave 
c) Lesão corporal gravíssima 
d) Lesão corporal seguida de morte 
e) Lesão corporal privilegiada 
f) Lesão corporal culposa 
 
LESÃO CORPORAL LEVE 
 
Ingressa qualquer lesão dolosa leve que não seja o caso de lesão corporal grave 
ou gravíssima, cometida com violência doméstica ou praticada contra mulher, 
por razões de condição do sexo feminino. 
Materialidade: faz a prova da materialidade do fato com o exame de corpo de 
delito, mas para o oferecimento da denúncia é suficiente o boletim médico ou 
exame equivalente. 
Ação penal: é publica condicionada (art. 88 da Lei 9.099/95). 
 
 
 
Em razão da pena ser máxima 
cominada ao delito (um ano), o 
crime de lesão corporal leve 
ingressa no rol das infrações 
penais de menor potencial 
ofensivo. 
@vitoriahipollito 
19 
 
LESÃO CORPORAL GRAVE 
 
I. Incapacidade para ocupações habitacionais por mais de 30 
dias: 
A expressão “ocupação habitacional” compreende qualquer atividade, física ou 
mental, do cotidiano da vítima e não apenas no seu trabalho. Para a 
caracterização da qualificado é irrelevante a idade da vítima, que pode ser uma 
pessoa idosa, ou mesmo uma criança de pouca idade. 
Materialidade: são exigidos dois exames periciais, um exame inicial realizado 
logo após o crime, que se destina a constatar a existência das lesões, um exame 
complementar efetuado logo que decorra o prazo de 30 dias, contado da data do 
crime, que serve para comprovar a duração da incapacidade das ocupações 
habituais em razão dos ferimentos provocados pela conduta. 
II. Perigo de vida: 
Possibilidade grave, concreta e imediata de a vítima morrer em consequência 
das lesões sofridas. Trata de perigo concreto, comprovado por perícia médica, 
que deve indicar, de modo preciso e fundamentado, no que consistiu o perigo de 
vida da vítima. 
III. Debilidade permanente de membro, sentido ou função: 
Debilidade: redução ou enfraquecimento da capacidade funcional. 
Membros: braços, pernas, mãos e pés. Os dedos integram os membros, e a 
perda ou a diminuição funcional de um ou mais dedos acarreta na debilidade 
permanente das mãos ou dos pés. 
Sentidos: São aos mecanismos pelos quais a pessoa humana constata o mundo 
a sua volta (visão, audição, paladar, tato e olfato). 
Função: é a atividade inerente a um órgão ou aparelho do corpo humano. 
A recuperação do membro, sentido ou função por meio cirúrgico ou ortopédico 
não acarreta a exclusão da qualificadora, pois a vítima não é obrigada a 
submeter ao procedimento. 
 
IV. Aceleração do parto 
Ocorre a antecipação do parto, não sendo exigida a morte do feto, e o agente 
deve saber que a vítima está grávida. Se em consequência da lesão corporal o 
feto for expulso morto do ventre materno, o crime será de lesão corporal 
gravíssima em razão do aborto. 
 
 
 
@vitoriahipollito 
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LESÃO CORPOTAL GRAVÍSSIMA 
 
I. Incapacidade permanente para o trabalho 
Incapacidade para qualquer trabalho, relaciona com a atividade remunerada 
exercida pela vítima, que está prejudicada em seu aspecto financeiro em 
razão da conduta criminosa. 
II. Enfermidade incurável 
É a alteração prejudicial da saúde por processo patológico, físico ou 
psíquico, que não pode ser eficazmente combatida com os recursos da 
medicina à época do crime. 
III. Perda ou inutilização de membro, sentido ou função 
A perda pode ser concretizada por mutilação ou por amputação, em qualquer 
das hipóteses estará delineada a lesão corporal gravíssima. 
Na mutilação, o membro, sentido ou função é eliminado diretamente pela 
conduta criminosa, já na amputação resulta da intervenção médico-cirúrgia 
realizada pela necessidade de salvar a vida do ofendido ou impedir 
consequências ainda mais dolosas. 
IV. Deformidade permanente 
Deformar é alterar a forma de algo. Deformidade permanente consiste no 
dano duradouro de alguma parte do corpo da vítima, que não pode ser 
retificado por si próprio ou ao longo dotempo. 
V. Aborto 
A interrupção da gravidez com a consequente morte do feto, deve ter sido 
provocada culposamente, uma vez que se trata de crime preterdoloso, sendo 
OBRIGATÓRIO o conhecimento do sujeito acerca da gravidez da vítima, pois 
em caso contrário estaria configurada a responsabilidade penal objetiva. 
 
LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE 
 
Crime exclusivamente preterdoloso (sendo o único crime autenticamente 
preterdoloso tipificado pelo Código Penal), exige dolo do crime antecedente 
(lesão corporal) e culpa no resultado (“não quis o resultado nem assumiu o 
risco de produzi-lo”). 
Na lesão corporal seguida de morte, o criminoso quer machucar a vítima 
(lesão corporal), mas acaba não só machucando, mas também matando. 
Ele não quis matar. Só quis machucar. Matou seu querer. 
 
 
@vitoriahipollito 
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LESÃO CORPORAL PRIVILEGIADA 
 
Trata-se de previsão idêntica à do homicídio privilegiado, agora cabível em crime 
de lesão corporal, seja a leve, grave, gravíssima ou seguida de morte. 
A pena deverá ser diminuída de um sexto a um terço. 
Se forem leves as lesões, o juiz poderá substituir a pena de detenção por multa, 
se ocorrer a lesão privilegiada do parágrafo anterior ou se forem recíprocas as 
lesões. 
Lesões recíprocas ocorrem quando duas pessoas dolosamente se 
agridem. Não se configura se um dos agentes tiver agido em legítima 
defesa. 
 
LESÃO CORPORAL CULPOSA 
 
Trata-se da hipótese em que o agente deixa de observar um dever de cuidado, 
vindo a dar causa a uma lesão corporal 
previsível. 
Se for na condução de veículo automotor a 
lesão culposa, configura-se o art. 303 da Lei 
9.503/97. 
 
 
 
Aumento de pena (§ 7º): é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime resulta de 
inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa 
de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir a consequências do 
seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. 
Perdão judicial na lesão corporal culposa (§ 8º): tem os memos requisitos do 
homicídio, se ao causar a lesão culposa o agente sofreu as consequências do 
crime de modo tão grave que torne desnecessária a pena, o juiz concederá o 
perdão judicial. 
Violência doméstica (§§ 9º e 10): Será qualificada (detenção de 3 meses a 3 
anos) a lesão corporal leve se ocorrer qualquer das hipóteses do § 9º, e será 
aumentada a pena de um terço se ocorrer a 
lesão grave, gravíssima ou seguida de morte. 
Aumento de pena por ter sido o crime cometido contra pessoa portadora 
de deficiência. (§ 11): Aumenta-se a pena de um terço. 
 
Não existe a classificação da 
lesão corporal culposa em 
leve, grave ou gravíssima. 
Apenas diz-se lesão corporal 
culposa. 
@vitoriahipollito 
22 
 
Ação penal: o Código Penal nada diz sobre a ação penal do crime de lesão 
corporal, o que significa que vigora a regra, que é a de ação penal pública 
incondicionada. Assim foi até a entrada em vigor da Lei 9.099/95. 
No art. 88 da Lei 9.099/95, estabeleceu que os crimes de lesão corporal leve e 
lesão corporal culposa serão de ação penal pública condicionada à 
representação. 
A Lei Maria da Penha não dispôs diversamente sobre a ação nos crimes de lesão 
corporal leve, cometida no contexto de violência doméstica. No art. 12, I, diz que 
autoridade policial deverá “tomar a representação a termo”. E no art. 16 
estabeleceu-se que uma vez oferecida a representação, a retratação somente 
poderá ser feita em juízo, “em audiência especialmente designada com tal 
finalidade”. 
Contudo, o Supremo Tribunal Federal decidiu que a lesão corporal no contexto 
de violência doméstica contra a mulher é de ação penal pública 
incondicionada (“AÇÃO PENAL – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A 
MULHER – LESÃO CORPORAL – NATUREZA. A ação penal relativa à lesão 
corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública 
incondicionada.” STF — ADI 4424 / DF — Pleno — Rel. Min. Marco Aurélio — 
j.09-02-2012) 
 
Observações: em razão do princípio da alteridade, não se pune a autolesão, e 
nos esportes em que os ferimentos decorrem naturalmente da sua prática, tais 
como lutas marciais e boxe, não há crime em razão da exclusão da ilicitude pelo 
exercício regular do direito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
@vitoriahipollito 
23 
 
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE 
Crimes de perigo são os que se consumam com a mera exposição do bem 
jurídico penalmente tutelado a uma situação de perigo, ou seja, basta a 
probabilidade de dano, podendo ser subdivididas em: 
a) Crimes de perigo abstrato, presumido ou de simples 
desobediências: são os crimes que se consumam, automaticamente, 
com a mera prática da conduta, não se exige a comprovação da produção 
da situação de perigo. 
b) Crimes de perigo concreto: são aqueles que se consumam com a 
efetiva comprovação, no caso concreto, da ocorrência da situação de 
perigo. 
c) Crimes de perigo individual: são os que atingem uma pessoa 
determinada ou então um número determinado de pessoas. 
d) Crimes de perigo comum ou coletivo: são os que alcançam um número 
indeterminado de pessoas. 
e) Crimes de perigo atual: são aqueles em que o perigo está ocorrendo. 
f) Crimes de perigo iminente: são aqueles em que o perigo está na 
iminência de ocorrer 
g) Crimes de perigo futuro ou mediato: são os delitos em que a situação 
de perigo decorrente da conduta se projeta para o futuro. 
 
PERIGO DE CONTÁGIO VENÉREO – art. 130, CP 
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais 
ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia 
venérea, de que sabe ou deve saber que está 
contaminado: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 2º - Somente se procede mediante representação. 
 
Objetividade jurídica 
Proteção da incolumidade física da pessoa em sentido amplo, compreendendo 
sua vida e a sua saúde. 
@vitoriahipollito 
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Núcleo do tipo 
A conduta incriminada é de EXPOR, que significa colocar alguém ao alcance de 
determinada situação de perigo (contaminação) mediante a prática de relações 
sexuais ou qualquer outro ato libidinoso capaz de contagiá-lo com a moléstia 
venérea. 
 No art. 130, CP fica manifesta a necessidade de contato físico entre o 
agente e a vítima. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sujeito ativo 
É crime próprio ou especial, reclama de sujeito ativo uma situação fática 
diferenciada, qual seja estar infectado pela moléstia venérea, pouco importando 
seu sexo e seu estado civil. É também crime de mão própria, de atuação pessoal 
ou de conduta infungível. Pois a sua autoria não pode ser delegada a qualquer 
pessoa. É incompatível com a coautoria, embora admita a participação. 
Sujeito passivo 
Qualquer pessoa, incluindo garotas de programa e prostitutas. 
 É possível a prática no matrimonio, mas se, todavia, a vítima não for 
suscetível à contaminação, seja pelo fato de já possuir a doença venérea, 
Relação sexual
É o coito, o vínculo entre duas pessoas.
Ato libidinoso
É qualquer pratica ligada à satisfação do desejo 
sexual (beijos, toques em partes íntimas, etc).
Moléstia venérea
É toda a doença que se contri pelo contato sexual, o uso de
preservativo ou de qualquer outro meio apto a impedir a
trnsmissão da moléstia venérea exclui o crime, pois a vítima
não é exporta a situação de perigo.
@vitoriahipollito 
25 
 
seja pelo fato de ser imune, estará caracterizado o crime impossível pela 
impropriedade absoluta do objeto material, em sintonia com o art., 17, CP. 
Consumação 
O crime se consuma com a pratica da relação sexual ou do ato libidinoso, 
independentemente da contaminação da vítima. 
Observações: A questão da AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), 
doença fatal e incurável, não é moléstia venérea, uma vez que pode ser 
transmitida por formas diversas da relação e dos atos libidinosos. Se um 
portador do vírus HIV, consciente da letalidadeda moléstia, efetua 
INTENCIONALMENTE com terceira pessoa ato libidinoso que transmite a 
doença, matando-a, responde por homicídio doloso consumado. Se a vítima não 
morrer, a ele deve ser imputado o crime de homicídio tentado. 
 Admite a tentativa; 
 Pode ser praticado em concurso formal com outros delitos; 
 A ação penal é publica condicionada. 
 
PERIGO DE CONTÁGIO DE MOLÉSTIA GRAVE – art. 131, CP 
 Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem 
moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de 
produzir o contágio: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
Objetividade jurídica Objetividade material 
Tutelam-se a vida e a saúde do ser 
humano. 
É a pessoa submetida à conduta apta 
a produzir o contágio de moléstia 
grave. 
 
Núcleo do tipo 
O núcleo do tipo é PRATICAR, realizar ato destinado a propagação da doença. 
Trata-se de crime de forma livre, admite qualquer meio de execução dotado de 
capacidade para transmitir a moléstia grave, que pode ser de duas maneiras: 
a) Direto: relativo ao contato físico (beijo não lascivo, aperto de mão, etc.); 
@vitoriahipollito 
26 
 
b) Indireto: referente ao uso de objetos em geral (copo d’água, talheres, 
etc.) 
Só é punido na forma dolosa, havendo a especial finalidade de transmitir a 
doença. 
 
Sujeito ativo 
É crime próprio, pois precisa de uma situação fática diferenciada por parte do 
sujeito ativo, devendo ser uma pessoa contaminada pela moléstia grave. 
Sujeito passivo 
Qualquer pessoa, inclusive a portadora de moléstia grave, pois a eventual 
transmissão de outra enfermidade tem o condão de debilitar mais a sua saúde e 
expor a perigo novamente sua vida. 
Consumação 
Ocorre no momento da prática do ato capaz de produzir o contágio, 
independentemente da efetiva transmissão. 
Cuida-se de crime de perigo, formal e com dolo de dano. 
 Admite a tentativa; 
 A ação penal é pública incondicionada. 
 
PERIGO PARA A VIDA OU SAÚDE DE OUTREM – art. 132, CP 
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo 
direto e iminente: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não 
constitui crime mais grave. 
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um 
terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a 
perigo decorre do transporte de pessoas para a 
prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer 
natureza, em desacordo com as normas legais. 
 
@vitoriahipollito 
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Núcleo do tipo 
A conduta é de EXPOR a perigo, significa submeter uma pessoa à situação em 
que um dano à saúde é de provável ocorrência. O delito é de ação livre, pois 
admite qualquer meio de execução. 
Normalmente é cometido por ação, mas é admissível a modalidade omissiva 
(exemplo: empresário que não disponibiliza aos seus empregados os 
equipamentos de proteção individual). 
Cuida-se de crime de perigo concreto, pois não basta a prática da conduta ilícita, 
é necessário ficar provado que em razão do comportamento do agente a vítima 
teve sua vida ou sua saúde submetida a risco de lesão; O perigo direto é o que 
alcança pessoa ou pessoas certas e determinadas; perigo iminente é o capaz de 
danificar imediatamente a vida ou a saúde do ofendido. 
Sujeito ativo Sujeito passivo 
Qualquer pessoa Qualquer pessoa 
Elemento subjetivo 
É o dolo de perigo, direto ou eventual. O sujeito quer ou assume o risco de expor 
a vida ou a saúde de outrem a uma situação de perigo concreto. Não se admite 
a modalidade culposa. 
 A consumação se dá no instante em que ocorre a produção do perigo 
concreto para a vítima. 
 É possível a tentativa na modalidade comissiva 
Causa de aumento de pena 
Trata-se de causa de aumento de pena inerente à segurança viária, ou seja, um 
crime de trânsito, sua principal finalidade é punir mais severamente o transporte 
de “boias-frias” sem as cautelas necessárias. 
 
 
 
@vitoriahipollito 
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ABANDONO DE INCAPAZ – art. 133, CP 
 Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, 
guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, 
incapaz de defender-se dos riscos resultantes do 
abandono: 
 Pena - detenção, de seis meses a três anos. 
 § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de 
natureza grave: 
 Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
 § 2º - Se resulta a morte: 
 Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
 Aumento de pena 
 § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-
se de um terço: 
 I - se o abandono ocorre em lugar ermo; 
 II - se o agente é ascendente ou descendente, 
cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima. 
 III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos 
Núcleo do tipo 
A conduta incriminada é de ABANDONAR, que significa desamparar, deixar de 
dar assistência (a consequência dessas condutas é a de gerar risco), o 
abandono é físico, no sentido de deixar o incapaz sozinho, sem a devida 
assistência. 
Trata-se de crime de forma livre. Pode ser praticado por ação (levar a vítima a 
um local distante e perigoso e ali abandona-la) e também por omissão (deixar o 
ofendido só, abandonando-o no lar em que conviviam). O abandono deve ser 
real: depende de separação física, distanciamento entre o responsável e o 
incapaz. 
 
 
@vitoriahipollito 
29 
 
Inexiste crime quando o incapaz é quem abandona seu protetor (exemplo: filho 
que foge de casa), de igual modo, o fato também é atípico quando o responsável 
permanece próximo da vítima, em situação de poder vigiá-la, aguardando que 
alguém a recolha. 
 É dolo de perigo, direto ou eventual, basta praticar a conduta capaz de 
colocar o incapaz em situação de perigo; 
 Não se admite a modalidade culposa 
Sujeito ativo 
É a pessoa que tem o dever de zelar pela vida, pela saúde ou pela segurança 
da vítima. Cuida-se de crime próprio, pois apenas pode ser praticado por aquele 
que tem o incapaz sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade. 
a) Cuidado: é a assistência eventual (exemplo: enfermeira que cuida de 
pessoa idosa e inválida para zelar por si própria. 
b) Guarda: é a assistência duradoura (exemplo: pais em relação aos filhos 
menores de 18 anos de idade). 
c) Vigilância: é a assistência acauteladora, envolve pessoas normalmente 
capazes, mas que não podem se defender em razão de situações 
excepcionais (exemplo: instrutor de alpinismo no tocante aos alunos 
iniciantes). 
d) Autoridade: é a relação de superioridade, de direito público ou de direito 
privado, para emitir ordens em face de outra pessoa. 
Consumação 
No momento do abandono, desde que resulte perigo concreto, o crime é 
instantâneo de efeitos permanentes, pois se consuma em um momento 
determinado, mas seus efeitos se arrastam no tempo, persistindo enquanto o 
incapaz não for devidamente assistido, ou seja, ocorre POR TEMPO 
JURIDICAMENTE RELEVANTE. 
 Admite a tentativa na modalidade comissiva, exclusivamente; 
 A ação penal é pública incondicionada; 
 
@vitoriahipollito 
30 
 
EXPOSIÇÃO OU ABANDONO DE RECÉM-NASCIDO - art. 134, CP 
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para 
ocultar desonra própria: 
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
 § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza 
grave: 
 Pena - detenção, de um a três anos. 
 § 2º - Se resulta a morte: 
 Pena - detenção, de dois a seis anos. 
Núcleo do tipo 
O tipo penal é EXPOR e ABANDONAR. 
Expor: transferir a vítima para lugar diverso daquele em que lhe é prestada 
assistência. 
Abandonar: significa desamparar a vítima no tocante aos cuidados necessários. 
Desonra própria: é a ausência de honra, funciona como elemento normativo de 
um tipo penal aberto, que precisa ser complementado pela valoração do 
magistrado no caso concreto. 
O crime é de forma livre, pode ser praticado por ação ou omissão, reclama uma 
situação de perigo concreto. 
Sujeito ativo 
Trata-se de crime própria ou especial, somentepode ser cometido pela mãe que 
concedeu o filho de forma irregular, e ainda pelo pai adulterino. 
 A mulher pode ser casada ou solteira 
 A prostituta, assim conhecida pelas demais pessoas, quando expõe ou 
abandona o filho recém-nascido, responde pelo crime de abandono de 
incapaz (art. 133, CP), pois não goza de honra apta a ser reservada. 
@vitoriahipollito 
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 O marido agindo por conta própria, abandona o filho adulterino concebido 
por sua esposa infiel pratica crime de abandono de incapaz (art. 133, CP), 
uma vez que a desonra ocultada não lhe pertence. 
Sujeito passivo 
É o recém-nascido, que para a medicina é definido como a pessoa que nasceu 
com a vida, até a queda do cordão umbilical. 
 
Consumação 
Dá-se no momento em que a vítima é submetida ao perigo concreto. O crime é 
instantâneo permanente, pois, depois de abandonado, o recém-nascido continua 
correndo perigo, situação que somente cessa quando socorrido por alguém. 
 É admitida a tentativa, somente quando praticado por ação, isto, é, 
quando tratar de crime comissivo; 
 É crime de dolo direto, não se pude a modalidade culposa; 
 A ação penal é pública incondicionada. 
 
OMISSÃO DE SOCORRO – art. 135, CP 
 Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança 
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente 
perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: 
 Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de 
natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. 
Núcleo do tipo 
O tipo penal contém dois núcleos: DEIXAR e PEDIR, trata-se de crime omissivo 
próprio ou puro. 
Deixar de prestar assistência: significa não socorrer quem se encontra em 
perigo. 
Não pedir: deixar de solicitar auxilio da autoridade pública para socorrer quem 
está em perigo. 
@vitoriahipollito 
32 
 
Sujeito ativo 
O crime é comum, pode ser praticado por qualquer pessoa, mesmo que não 
tenha o dever de prestar assistência, mas se houver vinculação jurídica entre os 
sujeitos do delito (exemplo: pais e filhos), o crime será de abandono de incapaz 
ou de abandono material. 
 E varias pessoas negam a assistência, todos respondem pelo crime 
(individualmente), e não em concurso de pessoas. 
 Se apenas uma pessoa prestar socorro, quando diversas poderem tê-lo 
feito sem risco pessoas, não há crime para ninguém, pois a vítima terá 
sido socorrida. 
Omissão médica: o crime de omissão de socorro pode ser praticado por um 
médico ao deixar de atender uma vítima necessitada em diversas situações: 
a) Quando exige depósito prévio em dinheiro por parte de pessoa pobre; 
b) Quando diz estar de folga 
c) Quando alega não poder prestar socorro pelo fato de a vítima não ser 
associada a nenhum plano de saúde; 
d) Quando se recusar ao atendimento sustentando a ausência de vaga no 
estabelecimento hospitalar. 
Também se aplica a enfermeira e a secretária do hospital, quando se recusa a 
pronto atendimento médico com a alegação de necessidade de prévio 
preenchimento de ficha pessoal. 
Sujeito passivo 
Somente pessoas taxativamente indicadas pelo art. 135, CP podem ser vítimas 
do crime de omissão de socorro: 
a) Criança abandonada: é a pessoa com idade inferior a 12 anos, que foi 
intencionalmente deixada em algum lugar por quem devia exercer sua 
vigilância, e por esse motivo não pode prover a sua própria subsistência. 
@vitoriahipollito 
33 
 
b) Criança extraviada: é a pessoa com idade inferior a 12 anos que está 
perdida, que não sabe voltar por conta própria ao local em que reside ou 
possa encontrar resguardo e proteção. 
c) Pessoa inválida e ao desamparo: invalidez é a característica inerente à 
pessoa que não pode, por conta própria, praticar os atos cotidianos de um 
ser humano, pode ser físico ou menta, não basta só a invalidez, exige que 
a pessoa esteja ao desamparo. 
d) Pessoa ferida e ao desamparo: é aquela que sofreu lesão corporal, não 
necessariamente grave, acidentalmente ou provocada por terceira 
pessoa. Mas não basta que esteja ferida, tem que se encontrar em 
desamparo. 
e) Pessoa em grave e iminente perigo: o perigo deve ser sério e 
fundamentado, apto a causar um mal relevante em curto espaço de 
tempo. A lei exige somente a presença do grave e iminente perigo. 
Consumação 
Ocorre no momento da omissão, não é admitida a tentativa. 
 Só é punido na forma dolosa. 
CONDICIONAMENTO DE ATENDIMENTO MÉDICO-
HOSPITALAR EMERGENCIAL – art. 135-A, CP 
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou 
qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de 
formulários administrativos, como condição para o 
atendimento médico-hospitalar emergencial: 
 Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e 
multa. 
 Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro 
se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de 
natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. 
Núcleo do tipo 
O núcleo do tipo é EXIGIR, no sentido de ordenar ou impor algo, de modo 
autoritário e capaz de intimidar (não há emprego de violência á pessoa ou grave 
ameaça). 
@vitoriahipollito 
34 
 
A exigência é percebida por uma forma de ameaça, de constrangimento, de 
“forçar”, de “condicionar” o atendimento à: 
a) Cheque-caução 
b) Nota promissória 
c) Qualquer outra garantia 
d) Preenchimento prévio de formulário de atendimento 
As condutas não são cumulativas. 
Sendo um crime doloso, não se admite a modalidade culposa, 
Sujeito ativo 
É o representante do estabelecimento de saúde que efetuar a exigência, sendo 
cabível o concurso de pessoas, nas modalidades coautoria e participação. 
Sujeito passivo 
É a pessoa acometida de problemas em sua saúde, por isso, necessita de 
atendimento médico-hospitalar. 
Consumação 
Ocorre com a mera exigência, sendo irrelevante que o atendimento aconteça. 
 Admite tentativa; 
 A ação penal é pública incondicionada. 
MAUS-TRATOS – art. 136, CP 
 Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa 
sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de 
educação, ensino, tratamento ou custódia, quer 
privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, 
quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, 
quer abusando de meios de correção ou disciplina: 
 Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou 
multa. 
 § 1º - Se do fato resulta lesão corporal de 
natureza grave: 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
 § 2º - Se resulta a morte: 
 Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
 § 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime 
é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. 
 
 
@vitoriahipollito 
35 
 
Objetividade jurídica 
Proteção da vida e da saúde das pessoas. 
Núcleo do tipo 
A conduta incriminadora é de EXPOR A PERIGO, onde o sujeito pode praticar o 
delito expondo a vida ou a saúde da pessoa humana mediante uma única 
conduta ou por meio de várias condutas, sendo admitida: 
a) Privação de alimentos ou cuidados indispensáveis; 
b) Sujeição a trabalho excessivo ou inadequado; 
c) Abuso dos meios de correção ou disciplina. 
Sujeito ativo e sujeito passivo 
Trata-se de crime próprio, só pode ser sujeito ativo de maus tratos quem possui 
com a vítima relação de autoridade, guarda, vigilância, para fins de educação, 
ensino, tratamento ou custodia. Já o sujeito passivo deve estar nestas condições. 
Consumação 
Ocorre com a prática da conduta, sendo admitida a tentativa, sendo crime 
doloso, não se admite modalidade culposa. 
 A ação penal é pública incondicionada. 
Maus-tratos contra idoso 
Se a vítima for idosa, incide o crime tipificado pelo art. 99 da Lei 10.741/2003 – 
estatuto do Idoso: 
Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou 
psíquica, do idoso, submetendo-o a condições desumanasou 
degradantes ou privando-o de alimentos e cuidados 
indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo, ou sujeitando-o a 
trabalho excessivo ou inadequado: 
Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa. 
§ 1o Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos. 
§ 2o Se resulta a morte: 
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos. 
@vitoriahipollito 
36 
 
Maus-tratos contra animais 
O art. 32 da Lei 9.605/1998 – Crimes Ambientais prevê: 
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos 
ou domesticados, nativos ou exóticos: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. 
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal 
vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos 
§ 1º-A Quando se tratar de cão ou gato, a pena para as condutas descritas 
no caput deste artigo será de reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, multa e proibição da 
guarda 
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal. 
DA RIXA – art. 137, CP 
 Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os 
contendores: 
 Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou 
multa. 
 Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal 
de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação 
na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. 
Núcleo do tipo 
O núcleo do tipo é de PARTICIPAR, tomar parte nas agressões. 
Os três ou mais rixosos devem combater entre si, se dois ou mais indivíduos 
atacam um terceiro que somente se defende, não há rixa. 
Participa da rixa quem nela pratica, agressivamente, atos de violência material 
(exemplos: socos, chutes, tapas). Como nessas situações não se pode precisar 
qual golpe foi efetuado por um determinado agressor contra o outro, todos devem 
responder pela rixa, em fase da participação tumulto. 
@vitoriahipollito 
37 
 
Não se exige o emprego de armas, nem que lutem fisicamente, porem a rixa não 
é simples troca de palavras (ameaças ou injúrias). 
A participação na rixa pode ser material ou moral 
a) Participação material: é a inerente às pessoas que efetivamente tomam 
parte na contenda, mediante atos violentos e agressivos (caso da pessoa 
que efetua socos ou pontapés contra outrem). Aquele que assim é 
denominado partícipe da rixa. 
b) Participação moral: é a relativa aos sujeitos que estimulam os demais a 
lutarem entre si, por meio de induzimento ou instigação. É chamado de 
partícipe do crime de rixa, e deve ter no mínimo uma quarta pessoa. 
Sujeito ativo e sujeito passivo 
A rixa é classificada como crime plurissubjetivo, plurilateral ou de concurso 
necessário, pois o tipo penal reclama a participação efetiva de ao menos três 
pessoas na troca de agressões materiais. 
Cada participante é ao mesmo tempo sujeito ativo e passivo da rixa. 
Consumação 
Dá-se com a pratica de vias de fato ou violência reciprocas, momento que se 
produz o perigo abstrato de dano à vida ou à saúde da pessoa humana. 
 A ação penal é pública incondicionada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
@vitoriahipollito 
38 
 
DOS CRIMES CONTRA A HONRA 
 
É por meio da honra que se vincula a dignidade da pessoa, a honra é o conjunto 
de qualidades físicas, morais e intelectuais de um ser humano, que o fazem 
merecedor de respeito no meio social e promovem sua autoestima, cuja ofensa 
produz uma dor psíquica, em abalo emocional, acompanhados de atos de 
repulsão ao ofensor. São crimes de dano, já que a consumação exige o efeito 
PREJUÍZO. 
A honra pode ser classificada como objetiva e subjetiva. 
 
 
 
 
 
 
Honra objetiva: julgamento que as pessoas fazem de alguém 
Honra subjetiva: é o juízo que cada pessoa faz de si mesma. Podendo ser 
dividida em: 
a) Honra dignidade: conjunto de qualidades morais do indivíduo; 
b) Honra-decoro: conjunto de qualidades físicas e intelectuais. 
 
CALÚNIA – art. 138, CP 
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente 
fato definido como crime: 
 Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e 
multa. 
 § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa 
a imputação, a propala ou divulga. 
 § 2º - É punível a calúnia contra os mortos. 
HONRA
Objetiva
Calúnia
Difamação
Subjetiva Injúria
@vitoriahipollito 
39 
 
Caluniar consiste na atividade de atribuir falsamente a alguém a prática de um 
fato definido como crime, o agressor deve ter ciência de estar fazendo falsa 
imputação, pode incidir sobre o fato ou pessoa (o fato não aconteceu, ou se 
ocorreu, foi praticado por outra pessoa). 
Formas de calúnia: 
a) Inequívoca ou explícita: a ofensa é direta, não deixa dúvida nenhuma 
acerca da vontade do sujeito de atacar a honra alheia. 
b) Equívoca ou implícita: ocorre quando a ofensa é velada, sub-reptícia. O 
agente dá a entender que alguém teria feito alguma coisa. 
c) Reflexa: ocorre quando o agente quer caluniar uma pessoa, mas, na 
narrativa do fato, acaba também atribuindo crime a outra pessoa. 
A consumação ocorre no momento em que terceira pessoa toma ciência da 
imputação, sendo irrelevante se a vítima tomou ou não ciência do fato. 
Sujeito ativo 
Trata-se de crime comum. Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo do crime de 
calúnia. Caluniador não é apenas o autor original da imputação, mas também 
quem a propala ou divulga. 
Sujeito passivo 
Sujeito passivo é somente a pessoa humana, porque somente o ser humano é 
capaz de cometer fatos definidos como crime, daí que é impossível a calúnia 
contra pessoas jurídicas, que, no sistema brasileiro, não podem ser sujeitos 
ativos de crimes. A vítima deve ser pessoa certa, determinada. 
Execução da verdade 
Exceção da verdade significa a possibilidade que tem o sujeito ativo de poder 
provar a veracidade do fato imputado (art. 141, § 32, do CP) através de 
procedimento especial (art. 523 do CPP). Calúnia é, por definição, a imputação 
falsa, ou seja, é da essência da calúnia a falsidade da acusação, quer em relação 
à existência do fato, quer em relação à autoria do fato (BITENCOURT, 2012, p. 
330). 
@vitoriahipollito 
40 
 
O objeto da imputação falsa pode recair sobre o fato, quando este, atribuído à 
vítima, não ocorreu; e sobre a autoria do fato criminoso, quando este é 
verdadeiro, sendo falsa a imputação da autoria. A falsidade da imputação é 
sempre presumida e a ofensa à honra só deixa de existir se ficar provada a 
veracidade do crime atribuído ao ofendido. Em função disso, admite, em regra, 
a lei penal, que o agente prove que a ofensa é verdadeira, afastando, dessa 
forma, o crime. É a chamada exceção da verdade (CP, art. 141, § 3Q), que se 
realiza por um procedimento especial (CPP, art. 523). Provada a veracidade do 
fato criminoso imputado, não há que se falar na configuração do crime de 
calúnia, ante a ausência do elemento normativo "falsamente”. O fato, portanto, é 
atípico (CAPEZ, 2004, p. 231/232). 
Fala-se em dois sistemas relativamente à admissão da exceptio veritatis: um, 
ilimitado, que acolhe exceção da verdade, indiscriminadamente, para os crimes 
de calúnia e de difamação, e outro, misto, que estabelece expressamente os 
casos de concessão ou proibição desse instituto. O Código Penal brasileiro 
adotou o sistema misto, com critérios próprios: incrimina separadamente calúnia 
e difamação e admite a exceção da verdade, como regra geral, para a primeira, 
e, como exceção, para a segunda. 
Em regra, é admissível a exceção o de verdade salvo nas seguintes hipóteses: 
a) Se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi 
condenado por sentença irrecorrível. 
b) Se o fato é imputado a qualquer das pessoas indica das no n. I do art. 141 
(inciso 11): se o fato for imputado ao Presidente da República, ou chefe de 
governo estrangeiro, a exceção da verdade também é inadmissível. Em virtude 
do cargo efunção que ocupam, evita-se com tal vedação macular o prestígio 
dessas pessoas, expondo-as ao vexame. Dessa forma, ainda que o fato 
imputado a elas seja verdadeiro, o caluniador não poderá opor a exceção da 
verdade. 
c) Se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por 
sentença irrecorrível. 
@vitoriahipollito 
41 
 
Prevê o art. 85 do Código de Processo Penal que, "nos processos por crime 
contra a honra, em que forem querelantes as pessoas que a Constituição sujeita 
à jurisdição do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais de Apelação, àquele 
ou a estes caberá o julgamento, quando oposta e admitida a exceção da 
verdade". Trata o citado artigo da competência para julgar a exceção da verdade 
oposta contra querelante dotado de foro privilegiado (CAPEZ, 2004, p. 234). 
Pena e ação penal 
A ação penal, nos crimes contra a honra, é, em regra, de iniciativa privada, 
procedendo-se mediante queixa do ofendido (art. 145, CP). 
Se, entretanto, a calúnia tiver sido contra o Presidente da República ou chefe de 
governo estrangeiro, a ação será de iniciativa pública, condicionada à requisição 
do Ministro da Justiça. Quando a vítima for funcionário público em razão de suas 
funções, a ação penal será pública condicionada à representação do ofendido 
(art. 145, parágrafo único, CP). 
A pena cominada ao delito de calúnia é a de detenção, de 6 (seis) meses a 2 
(dois) anos, e multa, aplicando-a também àquele que, sabendo falsa a 
imputação, a propala ou divulga, conforme determina o § 1º do art. 138 do Código 
Penal. 
A pena será aumentada de um terço, nos termos do caput do art. 141 do Código Penal, 
se a calúnia for cometida: 
“I – Contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; 
II – Contra funcionário público, em razão de suas funções; 
III – na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a sua divulgação; 
IV – Contra pessoa maior de 60 anos ou portadora de deficiência.” 
Poderá, ainda, vir a ser dobrada, se a calúnia for cometida mediante paga ou promessa 
de recompensa, conforme determina o parágrafo único do art. 141 do diploma 
repressivo. 
O art. 143 contém urna causa de extinção da punibilidade: "o querelado que, antes da 
sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena". Retratar-
se quer dizer desdizer-se, voltar atrás no que foi dito. O ofensor retira as ofensas, 
@vitoriahipollito 
42 
 
reconhecendo, assim, seu erro. Ao fazê-lo estará de certa forma reparando o 
dano causado à vítima, por isso que, em razão da retratação, extingue-se o 
direito de punir. 
A retratação deve ser cabal, plena, total, perfeita, capaz de desfazer qualquer 
dúvida acerca da honorabilidade da vítima. Não é um simples pedido de 
desculpas, mas urna confissão da injustiça e, portanto, da inveracidade da 
imputação feita. Não depende da aceitação do ofendido, e pode ser feita no 
momento do interrogatório do querelado ou através de petição, mas deve 
ocorrer, necessariamente, antes da publicação da sentença de primeiro grau. Só 
se admite a retratação nas ações de iniciativa privada, não cabível portanto nos 
crimes contra a honra do Presidente da República, de chefe de governo 
estrangeiro ou de funcionário público em razão de suas funções (TELES, 2004, 
p. 269). 
DIFAMAÇÃO – art. 139, CP 
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato 
ofensivo à sua reputação: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano, 
e multa. 
 
Constitui crime que ofende a honra objetiva, 9º que os outros pensam da vítima), 
a conduta punida é a de IMPUTAR, ATRIBUIR fato ofensivo à reputação (fato 
que não constitui crime). A consumação se dá quando terceira pessoa toma 
conhecimento da ofensa dirigida à vítima. 
Execução da verdade 
É irrelevante que o fato seja falso ou verdadeiro. Só será admitida se o ofendido 
é funcionário público e o fato relativo ao exercício de suas funções. 
 
Exceção de notoriedade 
@vitoriahipollito 
43 
 
Diferentemente da exceção da verdade, que tem por escopo demonstrar a 
veracidade do alegado, a notoriedade, sempre permitida, visa demonstrar o 
desconhecimento da falsidade da imputação. 
INJÚRIA – art. 140, CP 
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou 
o decoro: 
 Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: 
 I - Quando o ofendido, de forma reprovável, 
provocou diretamente a injúria; 
 II - No caso de retorsão imediata, que consista em 
outra injúria. 
 § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de 
fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se 
considerem aviltantes: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, 
além da pena correspondente à violência. 
 § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos 
referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a 
condição de pessoa idosa ou portadora de 
deficiência: 
 Pena - reclusão de um a três anos e multa 
A injúria é crime contra a honra que ofende a honra objetiva, a dignidade é 
ofendida quando se atacam as qualidades morais das pessoas, ao passo que o 
decoro é abalado quando se atenta contra suas qualidades físicas. Podendo ser 
dividida em: 
a) Injúria absoluta: a palavra dirigida contra a vítima é indiscutivelmente 
ofensiva a honra subjetiva, pouco importando a época em que foi proferida 
ou a região do Brasil na qual foi lançada. Exemplo: quando uma pessoa 
chama outra de “retardado” ou “débil mental”. 
b) Injúria relativa: a palavra aparentemente ofensiva pode ser considerada 
aceitável. Dependendo da época ou do local em que foi proferida. 
@vitoriahipollito 
44 
 
O bullying também conhecido como intimidação sistemática e regulamentado 
pela Lei 13.185/2015, pode caracterizar o delito de injúria, notadamente nas 
situações de insultos pessoais e comentários sistemáticos e apelidos 
pejorativos. 
Núcleo do tipo 
Injuriar equivale a ofender, insultar ou falar mal, de modo a abalar o conceito que 
a vítima tem de si mesma. Basta a atribuição de qualidade negativa, 
prescindindo-se a imputação de fato determinado. 
Crime normalmente comissivo, também sendo possível a injúria por omissão. 
Observações: 
 A tentativa é possível quando a injúria for praticada por escrito; 
 Deve ser dirigida a pessoa determinada, sendo cometido por qualquer 
pessoa, de qualquer forma; 
 Pode ser cometido por qualquer pessoa, contra qualquer pessoa que 
tenha capacidade de compreensão do conteúdo da conduta, dos seus 
atributos. 
Aspectos gerais 
Perdão judicial: é a causa de extinção da punibilidade. Quando a ofensa é 
provocada pelo ofendido (provocação direta) ou por retorsão imediata (ofensas 
reciprocas). 
Injúria real: consiste em violência ou vias de fato, que consideram humilhantes. 
Exemplo: cuspir, empurrar, etc. 
Injúria qualificada: é a praticada pelo preconceito (raça, cor, etnia, religião, 
origem ou condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência). 
Aumento de pena 1/3: 
 Presidente da república ou Chefe de Governo Estrangeiro; 
@vitoriahipollito 
45 
 
 Funcionário público, em razão de suas funções, ou contra os Presidentes 
do Senado, Câmara ou Suprem; 
 Na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da 
ofensa; 
 Contra pessoa maior de 60 anos ou pessoa portadora de deficiência. 
Pena em dobro: 
 Se cometido mediante paga ou promessa de recompensa; 
 Pela internet (na internet a pena é aplicada no triplo); 
Retratação: se ocorrer ANTES da sentença, o agente fica isento de pena. 
 
 
Pedido de explicação: é a medida cautelar e opcional para os casos em que o 
teor da ofensa não é explícito. 
 Não interrompe o prazo decadencial de oferecimento da queixa; 
 É dirigido ao juiz de Vara Criminal, que será prevento; 
 Não é obrigatória a resposta do interpelado. 
Imunidades 
I) Imunidades parlamentares: a imunidadematerial protege o 
parlamentar em suas opiniões, palavras e votos, desde que 
relacionadas às suas funções, não abrangendo manifestações 
desprovidas de conexão com seus deveres constitucionais (art. 58, 
CF). 
Abrange senados, deputados federais, deputados estatuais e 
vereadores. 
II) Advogados. 
Na injúria não cabe retratação. 
@vitoriahipollito 
46 
 
 Calúnia Difamação Injúria 
Classificação no 
tocantes à intensidade 
do mal visado pela 
conduta 
Crimes de dano 
Classificação quanto à 
relação entre conduta 
e resultado 
naturalístico 
Delitos formais, de consumação antecipada ou de resultado cortado 
Sujeito ativo Regra: crimes comuns ou gerais 
Exceções: imunidades parlamentares 
Sujeito passivo 
Qualquer pessoa física e jurídica (na calúnia, 
relativamente aos crimes ambientais). 
Qualquer pessoa física 
Meios de execução Crimes de forma livre 
Elemento subjetivo 
Dolo, direto e 
eventual (exceto no 
inciso 1º em que o 
dolo só pode ser 
direto 
Dolo, direto ou eventual 
Lei 9.099 
Infrações penais de menor potencial ofensivo 
Infração penal de menor 
potencial ofensivo (exceto 
injúria qualificada) 
Causas especiais de 
exclusão da ilicitude 
(art. 142) 
Não se aplica Aplica-se 
Retratação Admitem Não admite 
Pedido de explicações Admitem 
 
 
 
 
 
 
 
@vitoriahipollito 
47 
 
 
CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL 
O fundamento dos crimes contra a liberdade pessoal repousa no art. 5º da 
Constituição Federal, que assegura a todos o direito à liberdade. 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, 
à igualdade, à segurança e à propriedade. 
 
CONSTRANGIMENTO ILEGAL – art. 146, CP 
 Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave 
ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro 
meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei 
permite, ou a fazer o que ela não manda: 
 Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
 Aumento de pena 
 § 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, 
quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três 
pessoas, ou há emprego de armas. 
 § 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as 
correspondentes à violência. 
 § 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo: 
 I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento 
do paciente ou de seu representante legal, se justificada por 
iminente perigo de vida; 
 II - a coação exercida para impedir suicídio. 
Núcleo do tipo 
A conduta incriminadora é de CONSTRANGER, que significa obrigar a alguém 
a fazer algo contra a sua vontade (pode ser por omissão ou por ação). 
Mas não basta o agente obrigar a vítima a fazer ou deixar de fazer qualquer 
coisa, também precisa impor a vítima um comportamento certo e determinado, 
e o constrangimento precisa ser ilegal. A ilegitimidade da pretensão pode ser: 
a) Absoluta: quando o agente não tem direito à ação ou omissão. Exemplo: 
obrigar a vítima a cantar; 
@vitoriahipollito 
48 
 
b) Relativa: quando o agente não tem direito à ação ou omissão, mas a 
vítima não pode ser compelida a comportar-se da forma por ele visada. 
Exemplo: obrigar o ofendido a quitar uma dívida resultante de jogo de 
azar. 
Constrangimento: tem como meio de execução o emprego de violência ou de 
grave ameaça, e qualquer outro meio que reduza a capacidade de resistência 
da vítima. 
a) Violência: própria ou física, é o emprego de força bruta sobre a vítima. A 
violência pode ser direta ou imediata, quando dirigida contra a vítima, ou 
indireta ou mediata, quando dirigida a pessoa ou coisa ligada ao ofendido. 
b) Grave ameaça: consiste na promessa de realização de mal grave, futuro 
e sério contra a vítima ou pessoa que lhe é próxima. Pode ser transmitida 
ao ofendido oralmente ou por escrito. 
 
Consumação 
Ocorre no instante que a vítima faz 
ou deixa de fazer algo, em decorrência 
da violência ou grave ameaça, utilizada 
pelo agente. Cuida-se de crime material 
e instantâneo. 
 Somente da forma dolosa, havendo o elemento especifico que é o desejo 
de que a vítima realize o comportamento coagido. 
 É possível a tentativa, tanto quando busca o agente constranger a vítima 
a não fazer o que a lei permite. 
Sujeitos 
a) Ativo: qualquer pessoa (crime comum ou geral) 
b) Passivo: qualquer pessoa desde que dotada de capacidade de 
autodeterminação. Excluem as crianças de tenra idade e os doentes 
mentais, entre outros. 
 A violência pode ser imediata (diretamente sobre aa vítima) ou mediata (a 
violência recai sobre terceira pessoa). 
Não se confunde com o 
crime de ameaça, pois nesta 
o que é atingido é a liberdade 
da formação da vontade e o 
constrangimento ilegal incide 
sobre a liberdade de 
autodeterminar-se. 
@vitoriahipollito 
49 
 
 Exclusão da adequação típica: não se fala de constrangimento ilegal 
quando o constrangimento é empregado para impedir o suicídio ou 
quando é necessário tratamento médico arbitrário. 
Conflito aparentemente de normas: 
a) Art. 146 + art. 157: no roubo, o constrangimento é usado para subtrair a 
coisa; 
b) Art.146 + art. 158: o constrangimento é usado para obter alguma 
vantagem; 
c) Art. 146 + art. 158. 3º: resulta da conjunção do roubo e da extorsão; 
d) Art. 146 + art. 159: a finalidade é obter resgate. 
 
 Quando o meio executado for a violência e não se trata dos delitos acima, 
haverá concurso de crimes. Exemplo: forçar o calouro a beber contra a 
vontade dele, que sofre lesão gravíssima – concurso entre o art. 146 e art. 
129, 2º, CP. 
AMEAÇA – art. 147, CP 
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou 
qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: 
 Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 Parágrafo único - Somente se procede mediante representação. 
Objetividade jurídica 
O bem jurídico tutelado pela lei penal é a liberdade da pessoa humana, no 
tocante à paz de espirito, ao sossego, a tranquilidade e ao sentimento de 
segurança. 
Núcleo do tipo 
O núcleo do tipo é AMEÇAR que significa intimidar, amedrontar alguém, 
mediante a promessa de causar um mal injusto e grave (físico, econômico ou 
moral). 
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Não há necessidade de ser a ameaça proferida na presença da vítima. Basta 
que chegue ao seu conhecimento. 
Espécies de ameaça 
a) Direta ou imediata: é a dirigida à própria vítima. 
b) Indireta ou mediata: é a endereçada a um terceiro, podem vinculado à 
vítima por questões de parentesco. 
O delito se divide em: 
a) Explícita: cometida sem nenhuma margem de dúvida. 
b) Implícita: aquela em que o agente da a entender que praticará um mal 
contra alguém. 
c) Condicional: é a ameaça em que o mal prometido depende da pratica de 
algum comportamento por parte da vítima. 
Sujeitos 
a) Ativo: qualquer pessoa (crime comum). 
b) Passivo: qualquer pessoa certa e determinada, desde que capaz de 
compreender o caráter intimidatório da ameaça contra ela lançada. 
Consumação 
Ocorre quando a vítima toma conhecimento da ameaça, pouco importando o 
resultado, o crime é formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado. 
 É admissível a tentativa nas hipóteses de ameaça escrita, simbólica ou 
por gestos, e incompatível nos casos de ameaça verbal. 
 Forma dolosa. 
 A ação penal é condicionada à representação. 
 
PERSEGUIÇÃO – art. 147-A, CP 
Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, 
ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a 
capacidade de locomoção ou, de qualquer forma, invadindo ou perturbando 
sua esfera de liberdade ou privacidade 
Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa 
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§ 1º A pena é aumentada de metade se o crime é cometido: 
I – contra criança,

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