SEM ENFEITE NENHUM

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SEM ENFEITE NENHUM
Adélia Prado
O conto Sem enfeite nenhum da autora Adélia Prado, escrito no ano de 1979, faz parte da coletânea “Os cem melhores contos do século”, de Ítalo Moriconi, publicada em 2001, nas páginas 349, 350 e 351.
Enredo
O enredo desenrola-se de uma mulher que assume uma posição de ser submissa a seu marido, ou seja, ela está determinada a ser apenas uma dona de casa e nada mais, presa à vida doméstica, ligada à igreja. Enfim era o modelo de vida de várias mulheres que queriam ter uma família naquela época, e para isso elas teriam que entregarem aos laços familiares e religiosos.
O Pai trabalhava fora, a menina se dedicava muito a seus estudos, a mãe acreditava que o estudo era algo mais precioso que uma pessoa poderia ter a mãe também sofria algumas alucinações, e fazia várias campanhas, pois era uma muito católica.
A figura materna 
A figura materna em Sem enfeite nenhum, é frágil de saúde “Sofria palpitação e tonteira, lembro-me dela caindo na beira do tanque” (p.349), tem medo da vida e da morte, “Tinha muito medo da morte repentina” (p.350) ela encontra na família e na religiosidade a razão para continuar vivendo. 
Personagens
As personagens são planas, pois ao longo de toda narrativa elas apresentam características que confirmam a ideia da autora, que de uma mulher domesticada e de uma família religiosa.
Espaço
O espaço em que a maior parte do conto acontece é na casa da família.
Narrador
Quanto ao foco narrativo, é narrado em primeira pessoa, pela menina; “Quando comecei a empinar as blusas com o estufadinho dos peitos, o pai chegou pra almoçar” (p.350). 
Discurso católico
No conto o discurso católico é bastante predominante, pois no decorrer da narrativa a autora apela para renúncia do prazer corporal por parte da mulher e prega que a sua aparência seja casta: “Quero que as mulheres se apresentem em trajes honestos, decentes e modestos. Que os seus enfeites não consistam em tranças, em joias de ouro, nem em vestes luxuosas” (I TIMÓTEO, 2:9 apud MOTTA-RIBEIRO, 2000). Podemos ver a proximidade da passagem bíblica com texto Sem enfeite nenhum na atitude da mãe em não querer que a filha use um relógio e um vestido de bolero: 
... Quando comecei a empinar as blusas com o estufadinho dos peitos, o pai chegou para almoçar, estudando terreno, e anunciou com a voz que fazia nessas ocasiões, meio saliente: companheiro meu tá vendendo um relogim que é uma gracinha, pulseirinha de crom', danado de bom pra do Carmo. Ela foi logo emendando: tristeza, relógio de pulso e vestido de bolér. Nem bolero ela falou direito de tanta antipatia. Foi água na fervura minha e do pai. (p. 349).
Conclusão
Enfim a mãe morreu antes de completar trinta e cinco anos, da morte mais agonizante, pedindo para que todos rezassem para ela a oração dos agonizantes. Adélia Prado mostra a historia de uma família simples, a mãe não ligava para coisas luxuosas, achava que às vezes algo mais simples deveria ser mais valorizado e que o mesmo poderia lhe trazer um proveito melhor.