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25/07/13 :: Psicopedagogia On Line :: Portal da Educação e Saúde Mental :: www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=984 1/21 Cursos & Eventos CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO 2013 SEDES CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA EPSIBA EDUCAÇÃO CONTINUADA MBA, Especialização, Aperfeiçoamento, Aprimoramento e Extensão COGEAE Quinta-Feira, 25 de Julho de 2013 15:09:23 Para imprimir este artigo sem cortes clique no ícone da impressora >>> SEXUALIDADE NA INFÂNCIA: O QUE PENSAM OS (AS) PROFESSORES (AS) DE EDUCAÇÃO INFANTIL? Dângella Dalinny Pereira Venâncio, Flávia Santos de Arruda, Sandra Patrícia Ataíde Ferreira RESUMO O objetivo deste artigo foi investigar como os (as) docentes concebem a sexualidade infantil, bem como se incluem esta temática em sua prática pedagógica. Para tanto, foram realizadas seis observações em uma creche comunitária, mais precisamente em duas turmas: uma contendo alunos de 3 a 4 anos e outra com alunos de 4 a 5 anos, e entrevista individual com as professoras das respectivas turmas. O resultado deste trabalho apresenta que a dificuldade que as professoras têm em abordar orientação sexual (OS) na escola, se dá, entre outras coisas, pela confusão que elas fazem entre sexo e sexualidade e pela falta de uma formação adequada, resultando assim na insegurança em lidar com este tema com as crianças. Palavras-Chave: infância, sexualidade, orientação sexual. 1.INTRODUÇÃO Embora a temática sexualidade esteja presente nos meios de comunicação, nas discussões sociais, nas músicas, na literatura, ela ainda é, muitas vezes, tratada como algo proibido e inaceitável, especialmente, quando se trata do desenvolvimento da sexualidade infantil e suas expressões no espaço escolar. A cultura tem forte influência no desenvolvimento da sexualidade dos indivíduos e a maneira como uma sociedade concebe e lida com ela se revela, por exemplo, no modo como os adultos reagem frente aos primeiros contatos exploratórios que as crianças fazem em seu corpo e que, em geral, é revestido de medo, culpa ou susto. Essas atitudes ocorrem devido ao tipo de educação – influência cultural – que esses adultos receberam e de suas experiências pessoais, e isso pode repercutir na maneira como as crianças possam vir a praticar sua sexualidade na vida adulta, pois segundo a perspectiva vygotskyana: o processo de desenvolvimento nada mais é do que a apropriação ativa do conhecimento disponível na sociedade em que a criança nasceu, ou seja, é preciso que ela aprenda e integre em sua maneira de pensar o conhecimento da sua cultura. (DAVIS; OLIVEIRA, 1994, p.54). Home Quem Somos Conteúdo Interesse Geral Serviços Busca http://www.psicopedagogia.com.br/ http://www.psicopedagogia.com.br/arquivo/curso_evento.shtml javascript:self.print() http://www.psicopedagogia.com.br/ 25/07/13 :: Psicopedagogia On Line :: Portal da Educação e Saúde Mental :: www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=984 2/21 p.54). A pouca circulação de informação sobre os comportamentos sexuais infantis, mostra o quanto o conservadorismo de uma cultura acerca deste assunto pode refletir sobre o ser humano e assim passar a ser reforçada/reproduzida pela família, pela religião e pela própria escola, dado às regras que cada sociedade cria, formulando assim parâmetros para o comportamento sexual dos indivíduos. A importância de o (a) professor (a) tratar deste assunto com as crianças é que assim elas passam a compreender melhor como se dá a construção do corpo e as relações afetivas, visto que o desenvolvimento do ser humano ocorre a partir da interação de suas condições biológicas com outros indivíduos e com a cultura em que ele está inserido. Por isso ser relevante “(...) desenvolver no educador um olhar para a sala de aula, de modo a perceber nela o que ocorre de forma clara e o de forma não tão clara, porque a sexualidade está presente em nossas vidas, muitas vezes, de forma não explícita” (SILVA, 2002, p.34). Ou seja, o (a) professor (a) não deve apenas dominar os conteúdos programáticos das matérias pelas quais é responsável, mas também ser capaz de inserir temas transversais que fogem à especificidade que está habituado a lidar. 2. SEXUALIDADE: CONSIDERAÇÕES HISTÓRICAS, SOCIAIS E EDUCACIONAIS Conforme Ribeiro (1996), tratar sexualidade como “objeto do conhecimento” não quer dizer dicotomizá-la do contexto no qual está inserida, pelo contrário, ela faz parte de um universo de relações do meio social, incluindo costumes, civilização, mitos e síntese de experiências vivenciadas. Conhecê-la significa organizar, estruturar e explicar, em um contexto de vida, as ações sobre os objetos que estão dentro de um sistema social historicamente construído. Houve um tempo em que falar e fazer sexo não demandava muitas restrições. Durante o século XV e XVI era admitido que as pessoas satisfizessem suas necessidades sexuais para não pôr a saúde em risco; as trocas de carícias eram permitidas e, para acalmar as crianças, os pais masturbavam-nas. Com a ascensão da burguesia no século XVII, a sexualidade passa a ser vista como a união entre os sexos, ao amor, ao matrimônio e, principalmente, à procriação. “(...) Desnecessário dizer, portanto, que o coito entre pessoas do mesmo sexo era francamente desaprovado”. (PORTER, 1998 apud OLIVEIRA, 2001, p. 24). No século XVIII, predominam as idéias de Rousseau que têm como fundamento a crença na bondade do homem e a sociedade como a origem do mal. Seu trabalho inspirou reformas e políticas educacionais cujos objetivos da educação seriam o desenvolvimento das potencialidades da criança e o seu afastamento dos males sociais. Em sua obra Emílio ou Da Educação, ele associa o sexo à dor, ao sofrimento, às perversões e ao enfraquecimento, por isso, os interesses da criança por essa questão deveriam ser retardados pela educação. Chauí (1987) apud Oliveira (2001) mostra que, no século XIX, o sexo passou a ser investigado e estudado num contexto médico-científico, 25/07/13 :: Psicopedagogia On Line :: Portal da Educação e Saúde Mental :: www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=984 3/21 passou a ser investigado e estudado num contexto médico-científico, em que a maior preocupação era classificar as patologias físicas e psíquicas, a propagação de doenças venéreas, os desvios e as anomalias sexuais com objetivos higiênicos e profiláticos como reguladores das condutas consideradas anormais. A prática higienista teve a escola como um de seus propagadores, uma vez que a família não correspondia de modo satisfatório às prescrições de higiene transmitidas pela pedagogia médica. A partir disso, tanto na Europa quanto no Brasil, surgiram os internatos e os colégios para complementarem a educação familiar aproveitando- se do discurso da higiene para normatizar o comportamento dos alunos. Sob posse do saber médico, o âmbito da educação empenhou- se, entre outros, no combate à masturbação e, nessas circunstâncias, segundo Werebe (1998) apud Oliveira (2001), os (as) professores (as) evitavam o despertar da curiosidade dos (as) alunos (as) desenvolvendo assim o medo e a repulsa nos (as) educandos (as) em relação à sexualidade. Assim, a escola se mostra como espaço da não- sexualidade. No início do século XX, Freud, Fundador da Psicanálise, revolucionou e combateu muitas idéias nos meios científico e médico de sua época a respeito da sexualidade. A idéia mais ousada foi o postulado da existência da sexualidade na infância. Para ele, o recém-nascido traz consigo princípios de moções sexuais que se desenvolvem por algum tempo até sofrerem uma anulação progressiva, mas que a vida sexual da criança costumava aparecer de forma mais acessível à observação no período de três ou quatro anos de idade. Freud (1905) postulou o desenvolvimento sexual infantil em fases a partir da organização da libido - que é uma força quantitativamente variável que poderia medir os processos e transformaçõesocorrentes no âmbito da excitação sexual. A libido está apoiada em uma zona erógena corporal que “trata-se de uma parte da pele ou da mucosa em que certos tipos de estimulação provocam uma sensação prazerosa de determinada qualidade” (FREUD, 1905/2002, p. 61). A cada fase do desenvolvimento sexual corresponde uma estrutura biológica de base, havendo o deslocamento da zona erógena ao longo desse desenvolvimento. As fases ou estágios podem ser assim descritos (SHIRAHIGE; HIGA, 2004): Fase Oral (0-1 ano): a zona erógena principal, zona de prazer, é a boca, com lábios e língua. Os objetos de prazer escolhidos são os seios, dedos, chupeta, alimentos etc. É através da boca, com o ato da sucção, que a criança passa a conhecer o mundo externo e estabelece contato sensorial com outra pessoa, permitindo assim, a formação da afetividade; Fase Anal (1-3 anos): nesta fase o ânus é a zona das tensões e gratificações sexuais. A sensação de prazer ou desprazer está relacionada à expulsão ou retenção das fezes, ou seja, a manipulação das mesmas. A criança evacua quando se sente aceita pelo ambiente - as fezes são dadas como prendas/recompensas -, e se nega a fazê-lo quando se sente assustada ou rejeitada; Fase Fálica (3-4 anos): a zona erógena são os órgãos genitais. Chama- se fálica pelo fato do pênis ser o principal objeto de interesse da criança de ambos os sexos. Nesta fase, surge o Complexo de Édipo, 25/07/13 :: Psicopedagogia On Line :: Portal da Educação e Saúde Mental :: www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=984 4/21 criança de ambos os sexos. Nesta fase, surge o Complexo de Édipo, que é a relação de amor que a criança desenvolve com seu progenitor do sexo oposto, e impulsos de rivalidade e ciúme em relação ao progenitor do mesmo sexo. Este período também se caracteriza pelo aparecimento do Complexo de Castração, que no menino se revela sob o signo do medo da castração. Ele teme que seu pai, enciumado de seu relacionamento com a mãe, castigue-o, castrando-o. Na menina, o Complexo de Castração apresenta-se a partir do sentimento de angústia gerado pela descoberta da ausência do pênis. O Narcisismo, outro fenômeno que caracteriza essa fase, aplicado à primeira infância, é chamado narcisismo primário. Neste momento, a criança não relaciona sua libido com o mundo externo, ou seja, ela não distingue o “eu” e o “não-eu”. Sua única realidade é seu próprio corpo com suas sensações de frio, calor, sono, sede. A criança é para si mesma o objeto de amor; Período de Latência (5-6 a 11-12 anos): corresponde ao primeiro período de escolarização (1ª a 4ª série) que antecede a adolescência. A libido é deslocada dos objetos sexuais para o desenvolvimento intelectual e social das crianças, pois é neste período que se inicia a repressão da energia sexual; Fase Genital: apresenta-se na fase de adolescência, quando os impulsos sexuais reprimidos durante o período de latência são reativados. Nesta fase, o narcisismo é substituído por um amor que gere um relacionamento de satisfação mútua. A reprodução é a principal função e os aspectos psicológicos ajudam na realização desse objetivo. É importante salientar que a passagem de uma fase para outra não significa o desaparecimento total da anterior, ou seja, em vários momentos da vida as pessoas podem apresentar as marcas de uma determinada fase. O Pai da Psicanálise atribuiu ao âmbito educacional a responsabilidade de uma moral sexual repressiva, já que as crianças da época apresentavam noções de pudor, vergonha, pecado e inibição resultados das excessivas restrições pelas quais passavam. Para ele, as crianças deveriam receber informações sobre questões sexuais, sempre que demonstrassem interesse pelo assunto, pois não é negando- as que farão com que elas permaneçam puras, ao contrário, são os adultos que criam o mistério ao redor dos assuntos sexuais. Os adultos costumam ficar embaraçados quando as crianças, por exemplo, perguntam como os bebês entram na barriga da mãe. Para responderem esse tipo de pergunta, antes de se deixarem influenciar pelas regras sociais comuns, eles deveriam ter consciência de que as crianças só querem satisfazer suas curiosidades. Conforme Silva (2002), o Brasil é um dos países que está desenvolvendo trabalhos referentes às experiências na área da sexualidade humana dentro da escola. Essas mudanças mostram-se representadas e são apoiadas, por exemplo, na inclusão da Orientação Sexual (OS) na proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), como tema transversal a ser levado para dentro da sala de aula, como se observa nessa passagem do referido documento: O papel da escola é abordar os diversos pontos de vista, valores e 25/07/13 :: Psicopedagogia On Line :: Portal da Educação e Saúde Mental :: www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=984 5/21 O papel da escola é abordar os diversos pontos de vista, valores e crenças existentes na sociedade para auxiliar o aluno a encontrar um ponto de autoreferência por meio da reflexão (...). O trabalho de orientação sexual na escola é entendido como problematizar, levantar questionamentos e ampliar o leque de conhecimentos e de opções para que o aluno, ele próprio, escolha seu caminho. (BRASIL, 1997, p. 121) Os PCNs também deixam claro que a orientação sexual na escola não substitui, nem concorre com a função da família, mas antes a complementa. O Ministério da Educação apresenta que o acesso a OS é um direito de todo (a) cidadão (ã), crianças e adolescentes presentes na escola brasileira, cabendo assim, aos (as) educadores (as) construírem uma maneira pela qual estas opções devem ser inclusas no dia-a-dia do trabalho pedagógico dos (as) alunos (as) e professores (as). Embora as autoridades educacionais brasileiras tenham se sensibilizado sobre a importância desta temática na escola, incluindo nos PCNs a OS, quando isto diz respeito à Educação Infantil e Fundamental, torna-se bastante polêmica, pois muitos docentes conservam, ainda hoje, um posicionamento retrógrado. A escola reflete os padrões e normas de comportamentos vigentes na sociedade e, muitas vezes, acaba reproduzindo muito do que se passa no âmbito familiar e social como a omissão, repressão ou negação de questões de ordem sexual que surgem entre as crianças e os jovens. A curiosidade infantil estende-se a todos os aspectos da vida, inclusive o sexual. Embora pareçam “assustadoras” para os adultos, essas curiosidades fazem parte da tentativa da criança entender os diferentes acontecimentos e pessoas do mundo ao seu redor, pois da mesma forma que ela aprende a andar e falar, ela vai aprendendo sobre seu corpo, suas sensações, seu gênero e sua sexualidade a partir desses questionamentos. Egypto (2003) argumenta que geralmente os (as) professores (as) não estão preparados (as) para tratar com esse tipo de situação e muito menos com a masturbação em sala de aula. Pantoni, Piotto e Vitória apud Rosseti-Ferreira (2003) discutem que o (a) professor (a) primário (a) sabe que a criança pequena muitas vezes se masturba em classe, cabendo a ele (a) saber diferenciar se esta masturbação é uma auto- exploração ou se ela está querendo alertar de que algo não vai bem. O alerta pode ser verificado quando o ato de se masturbar se torna freqüente e repetitivo, pois a criança pode estar usando esse recurso para mostrar que algumas de suas necessidades afetivas não estão sendo satisfeitas, por exemplo, falta de atenção, ansiedade, tristeza ou tédio. Ela busca seu corpo para compensar o mal-estar, já que é uma fonte de prazer e alivia a tensão; ou para agredir o adulto ao fazê-lo. É necessário que o (a) professor (a) aborde o (a) aluno (a) para poder conversar com ele (a), investigar o que sente; ensinar o que é intimidade e que para tudo tem seu lugar e hora. Mas para isso, é preciso que o (a) docente conheça o desenvolvimento sexual infantil, respeite esta fase da criança e possa ter condições de promover projetospsicopedagógicos para auxiliar na construção da sexualidade e na orientação sexual das mesmas. 25/07/13 :: Psicopedagogia On Line :: Portal da Educação e Saúde Mental :: www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=984 6/21 na orientação sexual das mesmas. Além de tudo isso, é necessário também que este (a) professor (a) receba formação contínua e supervisão para dar conta dessas questões, uma vez que, não é só quando o (a) professor (a) planeja que este assunto vai surgir; as crianças manifestam dúvidas sobre a sexualidade o tempo inteiro. O saber sexual, na maioria das vezes, não faz parte dos conteúdos curriculares da maioria dos cursos de graduação que formam estes (as) professores (as), resultando na inadequação da seleção, seqüenciação e desenvolvimento dos conteúdos. Deve-se também levar em consideração quais as condições para o (a) professor (a) realizar este trabalho. Muitos (as) deles (as) encontram dificuldade de ordem material, como: condições de trabalho inadequadas, recursos materiais deficientes e falta de circulação de material didático, entre outras. É preciso então que o (a) docente tenha contato com uma formação específica para prepará-lo (a) ao nível de conhecimento, metodologia e postura para trabalhar a sexualidade com as crianças a fim de “(...) possibilitar ao aluno autonomia para eleger seus valores, tomar posições e ampliar seu universo de conhecimento” (BRASIL, 1997, p. 123) em relação a este tema. Enfim, as dificuldades em tratar sobre esse assunto precisam ser esclarecidas através de um trabalho educacional mais eficaz, ou seja, aponta-se a importância do diálogo sobre sexualidade dentro dos espaços escolares, bem como uma formação docente que contemple a questão da mesma, possibilitando que este tema seja abordado e discutido com as crianças sem preconceitos ou de maneira mais esclarecedora. Existe o conhecimento de que esta dificuldade em tratar sobre sexualidade com as crianças, no âmbito escolar, se expressa, muitas vezes, na falta de habilidade ou mesmo de crença dos (as) professores (as) em relação à existência da sexualidade em tenra idade; uma vez que “muitos consideram, ainda hoje, a abordagem das questões sexuais na escola como algo não-sadio, pois estimularia precocemente a sexualidade da criança” (CAMARGO; RIBEIRO, 1999, p.39). Daí o objetivo de se pesquisar como os (as) educadores (as) concebem a sexualidade infantil, bem como se incluem esta temática em sua prática pedagógica e cotidiana, tomando como base o Projeto Político Pedagógico da escola e o planejamento semanal e/ou mensal desses (as) educadores (as). Assim, através desta investigação, espera-se estar contribuindo para que os (as) professores (as) reflitam sobre o desenvolvimento das suas próprias sexualidades e possam avaliar ou reavaliarem suas práticas quanto a esses aspectos, para que assim, conforme Silva (2002), eles (as) possam produzir, juntamente com a escola, um trabalho pedagógico e sistemático voltado para a orientação sexual de seus (suas) alunos (as). 3. METODOLOGIA A pesquisa foi realizada em campo, através de um estudo de caso, que “é a seleção de um objeto de pesquisa restrito, com o objetivo de aprofundar-lhe os aspectos característicos” (SANTOS, 2002, p.31), e 25/07/13 :: Psicopedagogia On Line :: Portal da Educação e Saúde Mental :: www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=984 7/21 aprofundar-lhe os aspectos característicos” (SANTOS, 2002, p.31), e com utilização das seguintes técnicas de coleta de dados: observação, entrevista e análise documental. 3.1. As Observações em sala de aula Com o objetivo de se obter um melhor conhecimento da prática educativa das professoras e para compreensão de qual significado elas dão aos “inusitados” acontecimentos que surgem dentro de seu dia-a- dia pedagógico, como, por exemplo, a situação em que um (a) aluno (a) dá um “beijo” na boca de outro (a) coleguinha de turma; assim como para verificar possíveis manifestações sexuais das crianças, efetuaram-se seis observações em duas salas de aula, uma contendo crianças de 3 a 4 anos e outra de 4 a 5, cada uma com vinte alunos matriculados, no período de 16/05/06 a 01/06/06. O motivo da escolha dessas turmas é pelo fato de ser nesta faixa etária que “a criança apresenta interesse pelos genitais e pelas diferenças entre meninos e meninas, marcadamente na questão de presença e ausência do pênis.” (GUIMARÃES, 1995, p. 48). Além disso, na instituição investigada, existiam apenas duas turmas com as idades que mais se adequavam a esta pesquisa. As observações foram feitas por duas pesquisadoras que ficaram, cada uma, em uma sala de aula. Essas observações foram realizadas no horário entre 14h e 16h 30 min, duas vezes por semana, em que foram feitos registros das ações, situações e dos comportamentos das docentes e dos (as) discentes que estavam inseridos nesse ambiente, sem intervenções diretas sobre eles (as). As pesquisadoras ficavam no canto da sala, sentadas em uma cadeira, junto à educadora, utilizando papel e caneta para as anotações. No horário do refeitório, saíam para o meio do corredor, que dava de frente para ele, para obterem uma melhor visão sobre os (as) alunos (as). 3.1.1. A Creche Investigada A Creche investigada, localizada na comunidade do Entra Apulso, no bairro de Boa Viagem, foi fundada em Maio de 1991. Entidade sem fins lucrativos atende a mais de cem crianças de zero a seis anos, filhos (as) de noventa mães trabalhadoras da própria comunidade, com horário de funcionamento de 7h às 17h, de segunda à sexta-feira; tendo duas horas de almoço (12h às 14h) para as professoras e escalas para os demais funcionários que, no intervalo de almoço das docentes, ficam com as crianças que permanecem na instituição por tempo integral. Possui boa estrutura física, estando composta por um berçário, duas salas que atendem crianças entre 1,5 e 2 anos, uma sala com crianças entre 2,5 e 3 anos, uma outra que atende crianças de 3 a 4 anos e outra, com alunos de 4 a 5 anos; duas salas de coordenação, sendo uma delas também de recepção; um refeitório; um parquinho para criança e um banheiro para banho coletivo. As salas possuem forma quadrada, geralmente com quatro a cinco mesas, de quatro lugares cada, adequadas para as crianças, exceto o berçário que é composto por três berços, colchonetes distribuídos no chão e três cadeiras apropriadas para as refeições. As paredes são decoradas com colagens de figuras e com os nomes dos (as) alunos (as); 25/07/13 :: Psicopedagogia On Line :: Portal da Educação e Saúde Mental :: www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=984 8/21 decoradas com colagens de figuras e com os nomes dos (as) alunos (as); há pranchas com brinquedos para meninos e meninas que ficam ao alcance das crianças; um filtro, um banheiro e uma pequena pia onde, após as refeições, eles (as) escovam os dentes. Em cada sala, fica uma educadora e, no horário da troca de roupa, uma auxiliar ajuda nessa atividade. Quanto à estrutura administrativa, hoje atua com dezoito funcionários, sendo que nove destes trabalham como educadoras; três como cozinheiras e duas como coordenadoras, sendo uma pedagógica e outra administrativa. Possui também um conselho fiscal, formado por alguns pais dos (as) alunos (as), e uma diretoria. A creche desenvolve atividades de orientação sócio-familiar com encontros mensais com os pais em que são tratados temas sobre o direito das crianças; violência doméstica, verbal, física, emocional e sexual; educação, higiene e saúde; aleitamento materno; prevenção de doenças infecto-contagiosas; meio ambiente; assim como, orientações sobre direito trabalhistas e pensão alimentícia. Tudo o que é realizado dentro da instituição também é informado à comunidade através de reuniões: prestação de contas. Possui apoio financeiro e de serviços de pessoas físicas e jurídicas, assim como trabalho voluntário de psicólogo, terapeuta floral,médico, nutricionista e recreadores, visando proporcionar o desenvolvimento físico, mental e social das crianças. Também conta com o Atendimento Pedagógico desenvolvido por uma pedagoga voluntária que se reúne com a coordenadora pedagógica toda terça-feira e, uma vez por mês, com as demais professoras para auxiliar no andamento dos projetos e efetuar a atualização de seus conhecimentos. Além disso, existe a cooperação da Prefeitura da Cidade do Recife - PCR, que se responsabiliza pelas refeições e fardamentos das crianças; pelo material de limpeza da creche; pela formação contínua das educadoras e pelas cadernetas de freqüências dos (as) alunos (as). As cadernetas, ao final de cada semestre, por exigência da PCR, devem ser encaminhadas à prefeitura com uma análise do desenvolvimento de cada aluno (a), pois é uma forma que ela tem de verificar o trabalho que está sendo realizado por parte da (s) creche/educadoras junto às crianças. 3.2. Entrevista com as professoras Após as observações em sala de aula, foram realizadas entrevistas com as duas professoras das duas turmas observadas a partir de um roteiro semi-estruturado. Esse roteiro era composto de vinte e duas questões que abordavam desde perguntas mais amplas sobre a educação e orientação sexual que elas receberam na escola, na família e na época de preparação para a docência, até perguntas mais específicas, como aquelas relacionadas às suas práticas pedagógicas atuais: se as crianças apresentam algum tipo de comportamento sexual durante a aula, se elas incluem OS em seus planejamentos; e especialmente, como concebem a sexualidade infantil. As entrevistas ocorreram após as observações porque se pretendia evitar que o conteúdo nela explorado influenciasse a atuação das 25/07/13 :: Psicopedagogia On Line :: Portal da Educação e Saúde Mental :: www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=984 9/21 evitar que o conteúdo nela explorado influenciasse a atuação das professoras durante os dias de observação, pois se buscava confrontar o que foi verificado durante as observações com as concepções/conhecimentos sobre sexualidade e OS que as mesmas possuíam. Foram realizadas entrevistas individuais, na sala da coordenação, em 07/06/06, com a participação de duas entrevistadoras: uma orientava e dirigia a conversa e a outra intervia quando necessário. O tempo médio de duração das entrevistas foi de 35 min. Estas foram gravadas e posteriormente transcritas. Sobre as entrevistadas, ambas são da comunidade. Uma delas, a professora da turma de 3 a 4 anos, com 30 anos de idade, possui formação em magistério e ensino médio e a outra, da turma de 4 a 5 anos, contando 46 anos de idade, está concluindo o ensino médio. Elas trabalham nesta instituição há aproximadamente dez anos, sendo que, a professora da turma de 4 a 5 anos, atua em sala de aula há apenas dois meses. Antes de assumir efetivamente a função de docente, esta atuava como substituta das demais professoras, assumindo as turmas quando da ausência destas nos casos de licença maternidade e/ou médica. 3.3. O Projeto Político Pedagógico da Creche e o Planejamento Mensal das professoras Com o objetivo de se verificar se a instituição inclui OS ou tópicos referentes à sexualidade em seu Projeto Político Pedagógico - PPP, assim como se as educadoras o acrescentam em seu plano de aula, no decorrer das visitas à escola e das observações em sala de aula, foi solicitado à coordenadora pedagógica o PPP da creche e o planejamento de aula mensal das professoras entrevistadas. Ela apresentou um projeto da creche realizado no ano anterior ao desenvolvimento desta pesquisa, pois o atual ainda estava sendo elaborado/atualizado. Este projeto mostra a história da fundação/sustentação da entidade. Ele traz também o modo como era feito o trabalho da psicóloga com a aromaterapia, o acompanhamento que a creche realiza junto aos pais através de reuniões periódicas, em que discutem sobre os direitos das crianças e fazem a prestação de contas de tudo o que é realizado dentro dela. Mostra também um balanço financeiro da despesa anual da instituição. A coordenadora informou que a creche não possui PPP, pois cada sala possui seu projeto. No entanto, ao se ter acesso/analisado estes projetos, percebeu-se que estes não se caracterizavam exatamente como projetos, mas sim como propostas de exercícios que poderiam ser realizados junto aos (as) alunos (as). Isto porque são modelos de atividades para serem aplicadas pelas professoras nas aulas e não um conjunto de ações/metas que atendam às necessidades pedagógicas da instituição como um todo. Teve-se acesso ao “projeto” Junino, que estava sendo vivenciado por todas as turmas, que sugeria contos, decoração das salas, ensaios de danças típicas e pesquisa de receitas; e ao projeto de Leitura e Escrita do Nome, vivenciado apenas pela turma de 4 a 5 anos, que tinha como objetivo o aprendizado do nome de cada aluno a partir de um conjunto de atividades que visava o desenvolvimento da habilidade motora e do reconhecimento das letras utilizadas para a grafia dos 25/07/13 :: Psicopedagogia On Line :: Portal da Educação e Saúde Mental :: www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=984 10/21 motora e do reconhecimento das letras utilizadas para a grafia dos nomes. Quanto ao projeto da professora da turma de 3 a 4 anos, “Brincadeira é Coisa Séria”, a coordenadora mostrou o caderno de registro da educadora. A mesma esteve de licença maternidade e por isso havia uma quebra nas anotações. Mas o que se constatou foi uma descrição das aulas dadas e das reações dos alunos em seu dia-a-dia em relação às atividades aplicadas. Sobre o planejamento mensal das professoras, não foi possível fazer uma análise, visto que elas não realizam este trabalho, sendo suas atividades baseadas nos projetos já mencionados. 4. ANÁLISE DOS RESULTADOS Para verificar as concepções das professoras sobre a sexualidade infantil, bem como se estas incluem ou lidam com este tema em sala de aula, foi realizada uma análise qualitativa a partir: (a) do intercruzamento das várias informações formais e informais obtidas nas observações e entrevistas; (b) do olhar individual e depois comparativo sobre as entrevistas. A partir disso, foi possível organizar os dados nas seguintes temáticas, a saber: (a) influência sócio-cultural na construção da concepção de sexualidade das educadoras, (b) formação das professoras e postura das docentes diante das manifestações sexuais das crianças, (c) a visão das professoras sobre sexualidade na infância e sobre o momento em que ela surge e, (d) abordagem de OS na pré-escola e a solução para tratar este tema com as crianças. Influência sócio-cultural na construção da concepção de sexualidade das educadoras Através das entrevistas, percebeu-se que, durante o período de desenvolvimento infantil, as professoras não tiveram oportunidade de tirar suas dúvidas sobre sexualidade com os pais. Era um assunto proibido, feio, pecaminoso. E por causa disso acabaram aprendendo na rua, com os amigos e/ou através da leitura. Isto se revela a partir das respostas dadas pelas entrevistadas quando foram questionadas sobre se receberam OS em seu âmbito familiar e educacional, como se observa nos relatos abaixo: “Em casa não. Assim, escolar sim. (...) Na adolescência, mas em casa de maneira nenhuma. (...) Perguntei para minha mãe como era que uma menina se transformava em moça. Minha mãe arrudiou, arrudiou, arrudiou e nada. Fiquei sabendo porque chegou o momento e pronto. Ou chegar, assim, e se envolver com um homem como é que a gente deve se prevenir como é que deve reagir, nunca. Eu nunca tive essa orientação em casa. Na minha casa não. Foi aprendido na escola, no decorrer do tempo, com as experiências como no trabalho.” (Professora A – turma de 3 a 4 anos). “Não [recebi orientação sexual], porque na minha época se falasse em sexo... Há 46 anos atrás. Não. Meus pais eramignorantes, do interior. Não se falava nesse assunto. Foi até quando eu engravidei do 1º filho e me botaram pra rua na época. (...) Hoje em dia tem pais que não 25/07/13 :: Psicopedagogia On Line :: Portal da Educação e Saúde Mental :: www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=984 11/21 me botaram pra rua na época. (...) Hoje em dia tem pais que não aceitam. (...) Aprendi na rua com amigos, com vizinhos, em revistas, que eu lia muitas revistas, porque revista ensina muito. Hoje em dia não sabe o que é uma vida sexual quem não quer, quem é burro e analfabeto. Porque revista tem ensinando, televisão tá ensinando e tem amigos na rua e escola. Escola num modo de dizer, porque eu acho que nem na escola tá ensinando. Tá ensinando mais na televisão e revista.” (Professora M – turma de 4 a 5 anos). Percebeu-se também que durante sua vida escolar, enquanto criança/adolescente, uma delas teve um suporte por parte da escola, mesmo que não fosse de maneira esquematizada, que não houvesse um espaço apropriado, mas havia orientações ocasionais, como quando tratavam das doenças sexualmente transmissíveis – DSTs (prevenção), como também contou em conversas informais. Enquanto que para a outra professora, não havia espaço para OS no colégio, e isso fez com que o assunto se tornasse “matéria” que se aprendia no horário do recreio, entre os amigos e com revistas. Histórica e culturalmente, o homem foi construindo uma série de posturas em volta do sexo. Tantas foram as regras, as exigências, as privações e as permissões criadas que fizeram com que a atividade sexual se tornasse um tabu social e, principalmente, familiar. De acordo com Egypto (2003), a dificuldade que existe em se tratar do assunto dentro da família, acontece pelo fato de muitas vezes ela não possuir o domínio sobre esse assunto e, conseqüentemente, não saber como lidar com ele; não ter os subsídios adequados, o controle dos meios. Ou seja, apesar de existirem, hoje, materiais que explanem sobre o assunto, ainda há a inibição que é passada de geração a geração, por parte dos pais/familiares para abordarem esse tema com os (as) jovens e as crianças. Embora se saiba o quanto é importante que a família perceba que tem um papel fundamental na educação de seus (suas) filhos (as), o relato das professoras revela que ela não assumiu/assume essa responsabilidade. Sabe-se que as crianças estão à mercê das influências do meio e que constroem seu conhecimento na inter-relação com o outro, e por isso é importante que a escola participe abordando (...) todas as mensagens transmitidas pela mídia, pela família e pela sociedade (...). Trata-se de preencher lacunas nas informações que a criança já possui e (...) criar a possibilidade de formar opinião a respeito do que lhe é ou foi apresentado. (BRASIL, 1997 p. 122). É a partir das relações vivenciadas e informações recebidas que o indivíduo elabora suas concepções sobre a sexualidade, como se evidencia na fala da seguinte professora: “Sexualidade pra mim é como a mulher e o homem, que é a criança que vai crescendo, vai se descobrir (...). Você se descobrir, descobrir o corpo do parceiro (...). É a mulher se descobrir e o homem se 25/07/13 :: Psicopedagogia On Line :: Portal da Educação e Saúde Mental :: www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=984 12/21 o corpo do parceiro (...). É a mulher se descobrir e o homem se descobrir sexualmente. (...) Quando você tá se tornando de criança pra adolescente, de adolescente para homem, para mulher. Aí você vai descobrindo a sexualidade (...).” (Professora M – turma 4 a 5 anos). A compreensão do tema pelas professoras, mostra que elas ainda confundem sexo com sexualidade: “É, acho que é uma coisa boa... né? Que a gente tem que fazer com consciência, com prazer, amor. Essas coisas assim.” (Professora A – turma 3 a 4 anos). Elas apresentam que sexualidade está mais para sexo, o ato em si; apesar de uma delas também reconhecer que há uma descoberta individual por parte das crianças, que existe a curiosidade em primeiro reconhecer seu próprio corpo para poder perceber o do outro. Conforme Guimarães (1995), sexo é a diferença física entre homem e mulher, é a atração que um sente pelo outro para a reprodução, enquanto que sexualidade se refere ao conceito de sexo, uma vez que leva à reflexão e ao discurso sobre o sentido e intencionalidade do mesmo. Está ligado à vida, ao amor, ao relacionamento. Essa concepção de sexualidade como sexo também dificulta no trabalho de OS dentro da escola, pois acaba fazendo com que as educadoras pensem que, ao contrário de estarem instruindo os (as) alunos (as), possam estimular ainda mais a curiosidades por parte deles (as) e fazer com que eles (as) acabem “despertando” para aquilo o que aprenderam e passem a apresentar comportamentos “sexuais”. Formação das professoras e postura das docentes diante das manifestações sexuais das crianças Para abordar OS com as crianças, não basta apenas que as professoras tenham uma boa noção da diferença entre sexo e sexualidade, mais também que elas possuam conteúdo suficiente para poder discuti-lo de forma adequada e compreensiva, e para que estejam preparadas para lidar com as diversas expressões de sexualidade que possam existir no seu dia-a-dia ou no dia-a-dia da sala de aula. Esses conteúdos deveriam ser tratados durante a preparação destes (as) educadores (as) para a docência, mas nos cursos de formação (inicial e/ou continuada) esse ainda não é um tema considerado primordial e, portanto, não se encontra uma disciplina específica disponível na estrutura curricular dos mesmos. Com as professoras pesquisadas não foi diferente, pois conforme discurso abaixo, elas declaram que a preparação que tiveram para tratar orientação sexual ocorreu depois de estarem atuando na profissão e, mesmo assim, através de uma psicóloga da creche, uma vez ou outra, nos encontros pedagógicos dentro da escola: “As capacitações que a gente tem aqui é sobre mais educação... mas fala sobre a sexualidade infantil. (...) a gente tem uma psicóloga, aliás, ela está até afastada. Aí ela sempre orienta a gente sobre isso (...) Mas assim, capacitação profunda (...) de puxar o assunto pra gente ta dentro, não. Mas tocam no assunto assim: pra gente tomar cuidado, pra 25/07/13 :: Psicopedagogia On Line :: Portal da Educação e Saúde Mental :: www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=984 13/21 dentro, não. Mas tocam no assunto assim: pra gente tomar cuidado, pra tá olhando, porque a criança descobre a sexualidade muito cedo, muito cedo com os amigos. Amiguinhos né, que eles descobrem pegando... Menino pega no pênis, pega pra vê o que é, como é, não sei o quê. Curiosidade. É assim que eles vão descobrindo.” (Professora M – turma 4 a 5 anos). “(...) pelo menos quando eu fiz, assim na sala, a gente ta, tem aula de... com a psicóloga. Tem tudo isso, mas assim, elas não direcionam diretamente à criança se acontecer alguma situação, digamos, pra gente conseguir contornar. (...) É... experiência própria. (...) A gente procurava sempre tirar dúvidas com a psicóloga que tinha aqui (...) Aí ela é quem orientava a gente toda vez que acontecia um caso.” (Professora A – turma 3 a 4 anos) A partir destas declarações, percebe-se que o fato de não terem tido preparação para lidar com esse tipo de tema, fez com que as professoras se tornassem inseguras para atuar diante dos acontecimentos que surgem durante suas aulas, mas isso não as impedem de buscar apoio de outros (as) profissionais e, através das orientações recebidas, aprenderem a trabalhar com a situação. E quando se fala em acontecimentos, é referente a alguns comportamentos que as crianças apresentaram durante o período de observação como, por exemplo: em um dos dias de visita, contavam 11 alunos (as) na turma de 3 a 4 anos e quatro ainda estavam no banho, quando estes últimos entraram na sala de aula, uma menina, que estava sentada na mesa próximaà porta, tentou pegar no pênis de um deles e este imediatamente se desviou e brigou com ela. A educadora que estava organizando a sala para o momento da troca de roupa não percebeu o que estava acontecendo, mas em outra ocasião, em que um dos meninos pegou na vulva de duas meninas, quando essas passaram por ele, e elas foram reclamar para a professora, a mesma chamou a atenção dele e disse que isso não era certo e fez com que ele pedisse desculpas às garotas. Ele pediu. Manifestações como essas aconteciam quase que diariamente, segundo depoimento das professoras que sempre relatavam fatos que já haviam acontecido antes mesmo da presença das observadoras ou de quando não estavam na escola observando, como se verifica abaixo: “(...) há alguns dias, durante o tempo que vocês estavam observando, infelizmente não deu pra ela ver né [refere-se a uma das entrevistadoras], foi em dias que ela não tava (...). Teve um caso de um menino que deitou uma menina no chão, subiu em cima da menina e ficou fazendo posição de como tava tendo relações sexuais e essa mesma menina, pegou um menino, encostou na parede e ficou se esfregando no menino que chega tava de olho virando. (...) lá no parque atrás das árvores, na casinha mesmo, todo mundo vendo, (...) ela tirou a roupa do menino, abraçou o menino e ficou fazendo movimentos como se tivesse tendo relação sexual.” (Professora A – Turma 3 a 4 anos). 25/07/13 :: Psicopedagogia On Line :: Portal da Educação e Saúde Mental :: www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=984 14/21 Turma 3 a 4 anos). “Tenho um aluno. (...) Tem uma boneca na sala, (...) ele pega a boneca, abraça, beija tanto, beija tanto. (...) Tavam debaixo da mesa hoje (...) ‘Minha namorada, tia’. (...) Parece que foi hoje. (...) Outro aluno estava trocando de roupa e uma menina, chegou e pegou no pinto dele. Aí ele disse: ‘Oh tia! ela tá pegando no meu pinto’. Eu não tinha nem visto, aí disse a ela: o que é isso em? Que coisa mais feia, pegando no pinto do amiguinho! Aí ela ficou toda desconfiada.” (Professora M – Turma 4 a 5 anos). Assim como no banho, no carinho do colo da mãe, no sugar o seio, as crianças descobrem sensações agradáveis junto aos (as) colegas, um satisfazendo a curiosidade do outro e explorando as diferenças entre si, mas no caso de nossas docentes, elas se sentem constrangidas para auxiliarem de maneira adequada nesta fase do desenvolvimento de seus (suas) alunos (as) por se sentirem despreparadas. Quanto à postura tomada por elas diante das situações, foram orientadas, pela psicóloga, para não chamarem a atenção dos (as) alunos (as) para o ato em si, e sim, desviar a atenção deles (as) para não estimularem a repetição e a curiosidade dos (as) mesmos (as), ou seja, é muito mais fácil para elas “ignorarem” as manifestações do que tentarem conversar com as crianças de maneira clara e objetiva sobre o assunto para que possam orientar aos (as) alunos (as) que existem momentos e locais adequados para expressar o que sentem. A forma insegura com que elas cuidam dos fatos em si é também reflexo do que elas apresentam por não se sentirem “competentes” para trabalharem com o tema, o que se torna bastante claro no discurso a seguir: “Não faça isso! Isso não pode fazer não! Aí eles dizem assim: ‘Por que tia?’ Aí eu não tenho resposta. Mas eu digo, é porque é feio. Às vezes eu digo, por nada! Porque não pode! Porque é assim... a gente tem que ter uma capacitação pra ta preparada, pra gente ter esse tipo de resposta né. Às vezes eu digo até... olha não pode não, isso é feio, não pode não, ta certo? Aí eles não fazem.” (Professora M – Turma 4 a 5 anos). A partir deste comentário percebe-se o quanto faz falta uma preparação adequada no período de formação do (a) educador (a) para que este (a) adquira segurança, informações e didática para trabalhar OS com seus (suas) alunos (as). Mesmo não havendo preparação durante a formação dos (as) futuros (as) docentes para trabalhar com OS, na escola, o Brasil (1997) apresenta que é importante que esses (as) educadores (as) reconheçam que existe, por parte das crianças e jovens, a curiosidade em volta da sexualidade e a busca do prazer; e por isso indica que os (as) professores (as) tenham contato com leituras, teorias e discussões sobre a sexualidade, com suas temáticas específicas e diferentes abordagens, para que eles (as) estejam preparados (as) para intervir 25/07/13 :: Psicopedagogia On Line :: Portal da Educação e Saúde Mental :: www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=984 15/21 abordagens, para que eles (as) estejam preparados (as) para intervir junto aos (as) alunos (as) e para que tenham um espaço para supervisão dessa prática que deve acontecer de modo sistemático e continuado. A visão das professoras sobre sexualidade na infância e sobre o momento em que ela surge Sabe se que a sexualidade é algo inerente ao ser humano, e que segundo Freud (1905), apresenta-se desde o momento do nascimento até a morte, de formas diferentes a cada ciclo do desenvolvimento, sendo esta também a visão que as docentes pesquisadas possuem, pois quando questionadas a respeito do surgimento da sexualidade no ser humano, deram respostas semelhantes. Elas consideram que surge desde o nascimento: “Acho que desde que ta na barriga né? (...) Acho que tudo parte do princípio... acho que não tem, digamos, uma idade “x”. (...) Acho que é assim, quando ta maiorzinho, ta falando, surge a pergunta.” (Professora A – Turma 3 a 4 anos) “Ele já vai descobrindo aí, já de bebê. (...) Aí eu acho que é assim, um descobrimento. Sei lá, é do ser humano mesmo, é da gente mesmo, da criança, que já vem de bebê e aí já vai...” (Professora M – Turma 4 a 5 anos) Acrescentam ainda que os sentimentos e sensações sexuais que as crianças sentem são, além de suas curiosidades naturais, expressões de algo presenciado, ou seja, elas “são inocentes, puras” e por isso, apenas repetem o que vêem, confirmando assim, que elas pensam que o comportamento dos (as) alunos (as) não é inerente a eles (as). O que contradiz com a noção de que sexualidade surge desde a infância, como se verifica nos relatos abaixo: “(...) Quando eu vejo uma criança fazendo algo, acho que é alguma coisa que ela tá vendo e quer passar que ela já aprendeu. Não é uma coisa que vem dela. Um desejo, não. Eu sinto que é uma coisa que ela ta vendo ou em casa, ou na televisão mesmo.” (Professora A – Turma 3 a 4 anos) “Eu acho que eles manifestam assim, é o conhecimento, querer, a inocência, porque estão descobrindo. (...) Não têm a noção do que é aquilo. Se aquilo é feio, se é bonito, se deve fazer ou não fazer. É uma curiosidade deles. Aí, eu acho que já vão descobrindo depois, já que revista tem ensinando televisão tá ensinando e tem amigos na rua e escola.” (Professora M – Turma 4 a 5 anos) As educadoras vislumbram que a infância é a época da inocência e apontam que a influência do meio é um causador do afloramento dessas demonstrações sexuais que surgem por parte das crianças. Ou seja, o contato que elas possuem com os adultos e com a mídia, faz com que elas adquiram certos comportamentos que não seriam “adequados” a sua idade e é também por causa do relacionamento social que se torna tão complicado o trato desse tema com elas, uma vez que: 25/07/13 :: Psicopedagogia On Line :: Portal da Educação e Saúde Mental :: www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=984 16/21 a discussão das questões da sexualidade humana trás para a escola muitas das contradições de nossa sociedade, o que desencadeia um movimento de repensar a sexualidade tanto individual como coletiva (...) possibilitando a construção de novas idéias. (SILVA, 2002, p. 33) As crianças hoje vivem num mundo sem barreiras: Tv, revistas, tudo colabora para despertar o interesse e a curiosidade delas em relação à sexualidade/sexo. Através de conversas informais durante as observações, a professora da turma de 3 a 4 anos comentouque, às vezes, até dentro de casa, o “estímulo” surge; os pais que não se preocupam em ter relações sexuais antes de se assegurarem de que os (as) filhos (as) não estão vendo e, no entanto, quando as crianças apresentam certos comportamentos, eles se enchem de preconceitos e condenam as demonstrações/repetições das mesmas, brigam com elas, dizem que é feio, errado e não explicam. Esquecem que a sexualidade também é um processo de aprendizagem que se configura tanto no âmbito familiar quanto escolar. Conforme Vygotsky (1984) apud Davis e Oliveira (1994) a criança já nasce num mundo social e a partir desse momento vai construindo sua visão de mundo através do relacionamento com adultos ou outras crianças mais experientes, ou seja, as crianças também constroem novos conhecimentos com a interação entre as condições sociais nas quais estão inseridas e suas estruturas orgânicas. O Brasil (1997) mostra que as crianças, além de sofrerem influências de outras fontes, como livros e pessoas não pertencentes à sua família, a mídia, hoje, é a principal. A TV apresenta propagandas, filmes e novelas com nível de erotização elevado gerando excitação e causando ansiedade em relação às curiosidades e fantasias sexuais das crianças, ou seja, essas fontes exercem influência de maneira categórica na formação sexual delas e pode levar à aceleração das manifestações por parte das mesmas. Abordagem de OS na pré-escola e a indicação para tratar este tema com as crianças Considerando que as crianças manifestam naturalmente sua sexualidade, desde o nascimento, uma vez que são seres sexuados - é fundamental que os (as) educadores (as) compreendam isso e que façam um acompanhamento de modo a satisfazer a curiosidade das mesmas, respeitando seus limites de entendimento e a especificidade da dúvida que elas apresentam. Quando questionadas sobre se trabalham este tema com as crianças, as entrevistadas concordam que é de grande valia uma orientação nessa direção porque isso pode ajudar não apenas nesta fase de descobertas corporais, como nas futuras experiências sexuais de cada um (a): “Eu acho bom. Porque a criança já vai desenvolvendo, já vai descobrindo sabendo o que é certo pra não tá perdida, como muitas que tem por aí. Eu acho certo. Isso pra casa, na escola, pra mãe 25/07/13 :: Psicopedagogia On Line :: Portal da Educação e Saúde Mental :: www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=984 17/21 ensinar, tudo. Eu acho certo, não acho errado não”. (Professora M – Turma 4 a 5 anos) “Eu acho legal. Assim, agora assim, sabendo colocar pra aquela faixa etária né. Sabendo... é... colocar de uma maneira que eles entendam, que não choque muito. Por exemplo: eu não posso falar com uma criança da maneira que eu falo pra você sobre sexo. Eu acho legal, porque desde o início eles vão aprendendo. Chegar a idade maior já tão bem... né... mais espertinhos do que eu na idade deles.” (Professora A – Turma 3 a 4 anos) A partir das falas das educadoras, verifica-se que, ambas reconhecem a importância de OS na educação infantil e destacam o cuidado no tratamento destas informações, pois não basta apenas conhecer o desenvolvimento sexual infantil; é preciso primeiro investigar a imagem ou conceito que a criança já tem para poder falar com ela de modo que a faça entender o que está sendo dito e satisfaça sua curiosidade. Conforme Silva (2002), Orientação Sexual deve ser entendida como um processo de intervenção sistemático e contínuo para ser aplicado à escola e que deve envolver toda a comunidade escolar, de modo a assegurar aos (as) discentes espaços adequados, para receberem uma informação clara e objetiva para que assim, a partir de conceitos, eles (as) mesmos (as) possam construir novos conhecimentos e valores para chegarem a uma ação autônoma e criativa. Além de argumentarem que precisam possuir uma linguagem “aprimorada” para poderem conversar sobre sexualidade com os (as) alunos (as), as professoras revelam ainda a necessidade de se formarem, desenvolverem-se profissionalmente: “Eu acho que a gente deveria conhecer mais as coisas, porque os meninos estão se aperfeiçoando... a gente também tem que se aperfeiçoar não é. Eu acho que a gente tinha também que se reciclar nessa parte aí não é? Para poder lidar melhor com casos mais profundos se aparecer né”. (Professora A – turma de 3 a 4 anos) “Falta os professores serem orientados para orientar os alunos, pra conversar com os alunos”. (Professora M – turma 4 a 5 anos) A partir destas falas, vê-se que as docentes possuem maturidade e entendimento de suas limitações e possibilidades de concretizar a orientação sexual no contexto escolar. De modo geral, elas solicitam oportunidades de crescimento pessoal e formação especializada, já que, conforme Ribeiro (1999), o preparo dos (as) educadores (as) implica em estimular as suas potencialidades, suas criatividades e suas sensibilidades, embasando não só o conhecimento sobre as crianças, mas também o autoconhecimento. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com a pesquisa realizada, além da dificuldade que existe em encontrar material didático adequado que aborde o assunto, o que 25/07/13 :: Psicopedagogia On Line :: Portal da Educação e Saúde Mental :: www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=984 18/21 em encontrar material didático adequado que aborde o assunto, o que mais faz falta é uma preparação sobre este tema desde o processo de formação inicial para se atuar na educação infantil, até um acompanhamento para a prática no dia-a-dia, ou seja, as professoras sentem falta de uma formação continuada, de um desenvolvimento profissional na área. Percebeu-se o quanto é importante que exista uma Orientação Sexual dirigida para crianças no intuito de ajudá-las não só a conhecerem seus corpos como também para ajudá-las a construir seus próprios conhecimentos/conceitos sobre sexualidade. E para que isso tudo aconteça, é de fundamental importância que existam profissionais capacitados para poderem trabalhar com este tema. Através dos contatos com as professoras foi percebido também que há certo impedimento pessoal/temor em tratar OS com as crianças devido a uma cultura repressiva que elas receberam da família em seus períodos de desenvolvimento. Verificou-se que houve ausência de orientação sexual por parte dos pais, parentes ou professores (as) e que as informações que elas tiveram sobre sexualidade, enquanto crianças/adolescentes, foram através de conversas com os (as) colegas, de revistas e/ou da tv. O fato da sexualidade não ter sido tratada com naturalidade dentro da família, fez com que elas não se sentissem, ou se sintam, à vontade para lidar com o tema, embora reconheçam a existência deste fenômeno na infância. Compreendeu-se que uma das formas de ajudar a se trabalhar OS nas escolas seria através de condições de trabalho adequadas, formação continuada, entre outras, uma vez que, quando a família não assume a responsabilidade em lidar com este tema com seus (suas) filhos (as), esta recai sobre a escola e, mais precisamente sobre os (as) professores (as), que em geral, também não tiveram OS no âmbito familiar e/ou escolar, o que acaba refletindo em suas práticas pedagógicas. Entre as dificuldades apontadas pelas professoras em abordar OS na educação infantil, está a política de formação de professores em nosso país, pois elas argumentam que há uma “deficiência” na estrutura curricular do curso de preparação para a docência, já que não existe uma disciplina/especialização que contemple a sexualidade de maneira específica, definindo estratégias e/ou uso de recursos adequados: e que também há dificuldade em encontrar material didático que as ajudem a compreender melhor esta fase pela qual a criança passa e faça com que se sintam mais seguras para trabalharem o tema. Até mesmo na formação continuada na escola, as educadoras sentem falta de um direcionamento especial na área. Ou seja, o assunto só é abordadoquando há uma dúvida específica por parte delas ou porque houve uma manifestação por parte de um (a) aluno (a); não há um momento de reflexão/estudo sobre o tema conforme acontece com as outras áreas de conhecimento. Essa insegurança/dificuldade em tratar do assunto com as crianças 25/07/13 :: Psicopedagogia On Line :: Portal da Educação e Saúde Mental :: www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=984 19/21 Essa insegurança/dificuldade em tratar do assunto com as crianças remete também ao fato de acharem que não possuem uma “linguagem apropriada” para “transmitirem” as informações de modo que não estimulem aos (as) discentes a fazerem o que as professoras falam ou que aumentem a curiosidade deles (as) sobre o assunto. Além de temerem que ao tratarem OS com os (as) alunos (as), acabem antecipando alguma manifestação por parte dos (as) mesmos (as). Na realidade, este problema em tratar OS na escola é devido à confusão que as docentes fazem entre sexo e sexualidade. Quando os (as) alunos (as) se tocam ou tocam o (a) coleguinha, as educadoras não pensam que eles (as) estão apenas satisfazendo a curiosidade que possuem sobre seus próprios corpos e sobre as diferenças existentes entre seus corpos, seus genitais e os dos outros, bem como, que isso demanda prazer. Elas imaginam logo que eles estão se masturbando e que isso deve ser reprimido/corrigido o mais breve possível, já que é uma coisa “feia”, “errada”, “proibida”; também esquecem, ou desconhecem, que o ato da masturbação é algo natural nesta idade. Para poder trabalhar OS com crianças, é necessário não apenas que o (a) profissional esteja bem preparado (a) e que possua todos os recursos possíveis para tal a sua disposição, mas antes de tudo, ele (a) precisa ser ajudado (a) no sentido de tirar o véu do preconceito de ante de seus olhos. Isto no sentido de transpor as barreiras que envolvem este tema e assim poder ajudar aos (as) seus (suas) alunos (as) a construírem novos conhecimentos e deixar com que eles (as) desenvolvam e exerçam sua sexualidade com prazer e responsabilidade. Para isso, é importante também que o (a) docente esteja sempre se aperfeiçoando em busca de novas fontes que o (a) auxilie nesse trabalho e que as instituições possibilitem esse desenvolvimento profissional através de formação continuada e de apoio pedagógico. Acreditamos que a mudança só se efetivará se o (a) professor (a) reconhecer sua carência em relação ao assunto e mudar de concepção, mas para isso é necessário também que eles (as) tenham subsídios suficientes, e adequados, que os (as) permitam efetuar reflexões/ações seguras e eficientes em relação a este tema junto aos seus (suas) alunos (as) e a si mesmos (as). E estes subsídios devem partir, fundamentalmente, de uma formação satisfatória e plena por parte dos órgãos educacionais. ANEXO ROTEIRO PARA ENTREVISTA 01. Há quanto tempo ensina? 02. Qual tipo de formação? 03. Faz quanto tempo que se formou? 04. Estudou em escola pública ou particular? 05. Há quanto tempo trabalha nesta Instituição? 06. Existe algum tipo de formação continuada? Capacitação? 07. Você considera que a formação inicial para professor (a) oferece preparação para a realização de Orientação Sexual (O.S) na escola? 25/07/13 :: Psicopedagogia On Line :: Portal da Educação e Saúde Mental :: www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=984 20/21 preparação para a realização de Orientação Sexual (O.S) na escola? 08. A formação que você teve ofereceu? 09. O que você acha de O.S para criança na escola? 10. O que você pensa sobre sexualidade na infância? 11. Para você em que momento da vida do individuo a sexualidade surge? 12. Você identifica manifestação de sexualidade nos seus alunos? 13. Quando há, qual sua postura diante disso? 14. Os alunos perguntam sobre sexualidade? 15. Você aborda a sexualidade no cotidiano da sala de aula? 16. Como você trata isso? 17. Existe apoio da Instituição onde você trabalha para esse tipo de atuação? 18. Há recursos/materiais disponíveis para tratar desse assunto? 19. Você acha que precisa de quê para que essa orientação seja empregada/facilitada na escola? 20. Você recebeu O.S na sua época? 21. Tanto familiar quanto escolar? 22. O que é sexualidade pra você? BIBLIOGRAFIA BRASIL. Secretar ia de Educação Fundamental. Parâmetros Curr iculares Nacionais: pluralidade cultural, or ientação sexual (vol. X). Brasília: MEC/SEF, 1997. p. 107-154. CAMARGO, A. M. F. de; RIBEIRO, C. Sexualidade(s) e Infância(s): a sexualidade com um tema transversal. São Paulo: Moderna; Campinas, SP: Editora da Universidade de Campinas, 1999. DAVIS, C.; OLIVEIRA, Z. de. A concepção Interacionista: Piaget e Vygotski. In: ____. Psicologia na Educação. São Paulo: Cortez, 1994 p. 49-54. EGYPTO, A. C. Or ientação Sexual na Escola: um projeto apaixonante. 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Professora do Departamento de Psicologia e Orientação Educacionais – Centro de Educação - Universidade Federal de Pernambuco – atuando nos cursos de Pedagogia e Licenciaturas Diversas; e Professora Colaboradora do mailto:tandaa@terra.com.br?Subject=Psicopedagogia%20On%20Line%20-%20Artigo%20Publicado mailto:dalinny@hotmail.com mailto:flavias.a@ig.com.brSandra 25/07/13 :: Psicopedagogia On Line :: Portal da Educação e Saúde Mental :: www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=984 21/21 de Pedagogia e Licenciaturas Diversas; e Professora Colaboradora do Programa de Pós-graduação em Psicologia Cognitiva desta mesma instituição. Dê sua opinião: Clique aqui: Normas para Publicação de Artigos [ Página Inicial | Voltar ] © 1998 - 2013 Psicopedagogia On Line - Tel/Fax .: 11-5054-1559 Comentár ios: comentar ios@psicopedagogia.com.br Dir eitos Autor ais Esta obr a está licenciada sob uma Licença Cr eative Commons.
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