Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
SAÚDE MENTAL E PROBLEMAS DO COMPORTAMENTO NA PEDIATRIA AUTOR: PEDRO V.F. MEDRADO SAÚDE MENTAL - É a capacidade de estabelecer relações pessoais harmônicas, - A inteligência emocional é o resultado do temperado com que se nasce (hereditário e genético) moldado pelas interações (emocionais) entre pais e filhos. · Cabe os pais serem preparadores emocionais – qualidades do preparador além do amor: · Disponibilidade – momentos importantes, carinho, paciência e otimismo · Empatia – sintonizado com a criança · Escutar (não só ouvir) – compreender o que a criança quer dizer, e só depois dá conselho · Explicações – dar e repetir · Introjetar – todos os sentimentos são dignos de respeito, mas nem todos os comportamentos são aceitáveis · Atitudes incompatíveis – são passíveis de repressão · É preciso enviar os filhos a encontrar meios (atitudes) apropriados para extravasar os sentimentos e resolver os problemas. · Não é recomendável uma paternidade autoritária, mas é desejável uma paternidade com autoridade. CHORO PERSISTENTE DO BEBÊ (“O bebê chorão”) - Problemas no comportamento · “Bebe chorão, o choro persistente no bebê” · Choro é uma forma de interação de adulto · Choro persistente – é cólica? · Cólica só surge após a 3 semana de vida · Cólica não ter regurgitação, se tiver de pensar em RGE ou imaturidade do esfíncter - Crise de chora sem explicação em lactente sadio? Considerar cólica, para isso temos as Regra dos 3 de Wessel · Início após 3 semanas de vida · Ocorre mais 3 vezes por semana · Dura mais de 3 horas por dia · Vai até os 3 meses de idade - As cólicas vão aumentando progressivamente a partir da 2ª semana, predominantemente das 19 às 23h, embora possa surgir também em outros horários, como pela manhã. - Bebê de menos de 2 semanas e que chora muito, quase o tempo todo, não é cólica - Se o bebê é chorão e não se enquadra nas “cólicas dos 3 meses”, considerar as seguintes eventualidades: · Bebê regurgitador – considerar refluxo gastresofágico com esofagite · Conduta – solicitar pesquisa de sangue oculto nas fezes (3 amostras), teste terapêutico com cisaprida e antiácidos. · Se melhorar – substituir antiácidos por ranitidina · Bebê <15 dias chorão quer mamar o tempo todo ou luta contra o peito com aumento do peso não satisfatório – considerar ingestão insuficiente de leite (fome) por pega incorreta · Conduta – ensinar a técnica correta da pega · Irritabilidade que se agrava no momento da ingestão do leite – esofagite por refluxo gastroesofágico sem regurgitação. · Conduta – solicitar pesquisa de sangue oculto nas fezes (3 amostras), teste terapêutico com cisaprida e antiácidos. · Se melhorar – substituir antiácidos por ranitidina · Choro aumenta logo após a mamada – considerar alergia ao leite de vaca, inclusive o leite ingerido pela mãe. · Conduta – solicitar sangue oculto nas fezes (colite) e alfa-1-antitripsina fecal (exsudação proteica), 3 amostras e fazer teste terapêutico: · Leite de peito – suspender leite de vaca da dieta da mãe por 2 semanas. · Mamadeira – substituir leite por hidrolisado de proteínas (como Alfarré) ou por soja. · Hiperexcitabilidade do lactente – por temperamento inato, por problemas perinatais ou pela ansiedade dos pais, particularmente da mãe. · Bebê de mais ansiosas choram mais, e pais ansiosos toleram menos, até mesmo o choro normal. - Orientações para os pais de RN · Responder imediatamente ao choro, pegar no colo (contato físico), movimentos suaves, cadeiras de balanço, conversar calmamente ou cantar. · Não, não existe o perigo do bebê ficar mimado · Advertir os pais que todos os bebês tem cólicas (pouco mais ou menos) a partir das 2 semanas de vida, costuma desaparecer depois de 3 meses. · Orientar que isso não tem relação com nada do que foi feito de errado ou que deixo de ser feito - Conduta sequencial para o choro não esperado do bebê? 1. Pegar o bebê imediatamente no colo 2. Verificar se o bebê não está excessivamente agasalhado ou com frio 3. Trocar a fralda se estiver suja 4. É fome? Se tiver decorrido >2h da ultima mamadeira ou 1h da ultima mamada considere nova mamada 5. Ajudar o bebê a encontrar seu polegar e chupar o dedo 6. Ligar numa música suave 7. Sentar em uma cadeira de balanço com o bebê no colo ou embalá-lo suavemente 8. Durante o período das cólicas (19-23h) se for leite de peito dar de mamar com intervalos curtos (1h ou menos) 9. Se continuar a chorar, andar com bebê bem aconchegado no colo por 20 minutos 10. Colocá-lo de bruços, no colo dos pais, durante 5 minutos 11. Colocá-lo no berço, mantendo a mão da mãe apoiada no corpo do bebê por 5 minutos, pode-se colocar fralda quente ou uma bolsa de água quente na barriga do bebê. 12. Deixar o bebê em ambiente tranquilo, deixar chorar, se persistir por mais de 20 minutos, repete a sequência. DISTÚRBIOS DO COMPORTAMENTO - Birra – É a criança de 1-3 anos com sérios problemas decorrentes de sua etapa de desenvolvimento visto que quer ser independente e testa as regras impostas pelos pais. · A criança não lida bem com seus desapontamentos e expressa sua frustação e raiva pela birra – algumas crises para chamar atenção e outras em forma de protesto. · Caracterização – choramingar ou chorar para chamar atenção, faz caretas, mostra a língua, bate os pés, bate na parede e portas, quebra objetos e pode perder o fôlego. · Crises graves – agressão aos pais ou a outras pessoas, atira coisas perigosamente, crises fortes e prolongadas em lugares públicos. · Conduta · Crises moderadas devem ser ignoradas · Crises graves devem-se retirar a criança da cena da crise, e leva-la a outro local, eventualmente um dos pais pode permanecer junto sem dar atenção direta à criança. · Manter a calma, não gritar · Não tentar acalmá-la · Nunca espancar · Não oferecer recompensas · Não voltar atrás · Não puni-la por isso · Não há como prevenir totalmente as crises, mas pode-se diminui-lás se as expectativas forem razoáveis, estabelecendo regras claras e limites definidos, além de economizar os “não pode”. - Distúrbios do apetite – distorção de apetite, exemplo de geofagia e deficiência de ferro (ancilostomíase – espolia muito Fe, o que leva à criança comer terra) · Ruminação – refluxo gastroesofágico associado com privação psicossocial · Regurgitação repetida do alimento que é então remastigado e redeglutido com perda parcial do alimento que escorre pela boca. · Failure to thrive – falha em se alimentar adequadamente (sem causa orgânica) e consequente ganho de peso insuficiente ou perda de peso. · Pica (distorção do apetite) – substâncias não nutritivas não apropriadas para etapa do desenvolvimento da criança, às vezes é cultural. · Geofagia – hábito de comer terra - Anorexia – aos 3 anos chega a uma inapetência fisiológica (meu filho não come) · “A quantidade de alimento que a criança deve receber normalmente é aquela que proporciona um crescimento satisfatório (satisfaz as necessidades do organismo) e satisfaz à vontade (prazer) de se alimentar (necessidade psíquica)”. - Anorexia nervosa – medo intenso de ganhar peso mesmo estando abaixo do peso · Delusão – acredita que está muito gordo quando na realidade está bastante emagrecido. · Bulimia – comer grandes quantidades de alimentos durante um período curto, de duas horas após atividade compensatória para evitar o ganho de peso, vômitos 85% dos casos e laxativos 15%. - Distúrbios do sono · RN – Sono desorganizado e dorme muito até 16-17horas em 24 horas, e acorda 3-4 vezes por noite (50% sono REM) · 3 meses – inicio da organização · Dorme 15h em 24h, sendo 10h durante a noite · Alguns dormem 6h seguidas · Evitar intervalos entre as mamadas muito longos durante o dia e sonecas prolongadas. · 6 meses – sono mais organizado (melhor fase) · 75% dormem a noite toda, acordam, mas pegam no sono novamente · Se o bebê acordar durante a noite, espere 5 minutos para ver se ele pega no sono sozinho. · 6-9 meses – despertar noturno (desorganiza de novo) · Os bebês voltam a acordar durante a noite · Orientação igual aos 6 meses, se ele acordar, espera um 5min para ver se ele pega no sonode novo, e se for atender o bebê, faço-o com o mínimo de estimulação. · 9-12 meses – ansiedade da separação · Dificuldade de adormecer e não quer ficar sozinho, e demanda atenção quando acorda durante a noite. · Orientação – luz fraca no quarto, porta aberta, um brinquedo predileto (objeto de transição), o atendimento durante a noite devem ser breves e “pouco sociais”. · A partir de 1 ano (1-3 anos) – é preciso cortar o vínculo com a mãe no sentido de formar um conceito de ser social e separado da mãe. · Desejo de independência, dificuldade para adormecer e acorda durante a noite (20-30%), esforça-se para não dormir. · Objeto de transição – chupar o dedo para dormir. · Pesadelos · Lactentes em leite de peito acordam mais · Atenção para essa fase (normal) em que o sono noturno “piora” (volta a acordar) · Orientação – rotina agradável antes de ir para cama, ler ou contar história na cama · “Uma vez na cama, permaneça na cama” · Sonilóquio – falar durante o solo · Pesadelo · Sonambulismo - Outros distúrbios comportamentais · Pseudo-convulsão – temperamento vulnerável, associada a predisposição genética, de 6 meses a 2 anos. · Ansiedade – emoção desagradável que se manifesta por mal estar físico interno · Medo – estado fisiológico · Fobia – reação de ansiedade, sudorese · Doença do pânico - Ansiedade · Emoção desagradável (medo ou apreensão) que se expressa por mal-estar físico interno de respiração ofegante. · Outras manifestações – palpitações, respiração suspirosa, palidez, enrubescimento, sudorese, tremores, diarreia, dor abdominal, cefaleia, tontura e desmaio. · Causas – biológicos (genéticos e temperamento) mais fator familiar (incluindo apego). · Transtorno de ansiedade – dificuldades psicossociais, problemas escolares, baixa autoestima, os quais são fatores de risco para depressão, suicídio e abuso de drogas. · Na vida adulta – transtornos neuróticos (mau ajustamento) · Ansiedade e depressão possam ser um transtorno único de caráter misto · Distúrbios de ansiedade incluem · Ansiedade generalizada · Ansiedade de separação · Fobia específica e social (mutismo seletivo) · Doença do pânico com ou sem agorafobia · Agorafobia sem doença do pânico · TOC · Distúrbio pós-traumático - Depressão · Não é rara na infância, mas nem sempre seu diagnóstico é claro, e envolve fatores psicossociais · 1ª etapa – quando suspeitar? · Humor, conduta ou aparência depressiva · 2ª etapa – valorize fatores desencadeantes · Problemas familiares e conjugais (crise financeira, separação e novo casamento) · Perdas e abandonos · Pai ausente, ou “mãe superexecutiva” · Filho indesejado · Pais exageradamente autoritários ou depressivos · Inadaptação à escola · 3ª etapa – dados diagnósticos · Retraimento social · Sonolência excessiva ou insônia · Fadiga excessiva · Hiperatividade ou hiper-reatividade · Baixa autoestima e sentimento de desvalia · Choro frequente imotivado · Dificuldade no trabalho ou na escola · Queixas somáticas sem base orgânica · Ideação mordia sucedida · A duração dos sintomas por mais de 1 mês, desde que não seja reação a alguma causa evidente como o luto. · 4ª etapa – quando suspeitar na criança? · Mudança subida, evidente e inexplicada de humor – irritação, agitação, tristeza e ansiedade. - Distúrbios da fala e linguagem · Sinais de alerta – 1ª etapa · Aos 16 meses a criança fala a 1 palavra, e compreende ordens simples · Aos 24 meses a criança fala frases de 2 palavras · Aos 36 meses a criança fala sentenças · Algumas etapas são normais no desenvolvimento da fala – não interpretar como patológicas: · Criança normal de 2 anos pode omitir os sons do final das palavras; · Criança normal de 3 anos pode omitir sons do meio das palavras; · Criança normal de 4 e 5 anos pode encontrar dificuldades com sons complexos, mas sua fala deve ser inteligível para os estranhos. · Gagueira é fisiológica entre 2 e 4 anos · Vocalização canônica ocorre entre os 5 e 8 meses, se não ocorrer deve-se suspeitar de surdez, o que exige avaliação audiológica imediata. · Sílabas bem formadas, maduras – dá, ná, iá iá. - Distúrbios de comunicação – teste de orelhinha (se negativo -> BERA) · Criança com alto risco para surdez · História familiar de surdez · Infecção perinatal: sífilis, toxoplasmose, rubéola, herpes e CMV · Malformações envolvendo cabeça e pescoço – · Medicação ototóxica por mais de 5 dias, como aminoglicosídeos e diuréticos. · Peso de nascimento <1.500g · Hiperbilirrubinemia em níveis que excedem a indicação para exsanguineotransfusão · Meningite bacteriana, especialmente por H. influenzae · Asfixia perinatal grave, ventilação mecânica por mais de 10 dias · Atraso acentuado da fala - Criança portadora de deficiência · O nascimento de um bebê é envolvido por uma série de questões de caráter objetivo e imaginário, um bebê deformado ou doente gera vários sentimentos de raiva, perplexidade, culpa e dor. CIÚME - Ciúme é normal e saudável, pode ser considerado uma aquisição no desenvolvimento da criança e indica a capacidade de amar (Winnicott) · O ciúme está relacionado com a mãe e centrado na alimentação - O ciúme pode ser detectado aos 15 meses de idade, às vezes um pouco antes, mas não muito. · Possessão vem antes e o ciúme vem depois - Tem ligação com a inveja e possessão, com etapas sequenciais 1. Etapa – mãe e bebe um ser indivisível 2. Etapa – mãe chega a ele vinda de fora (possessão) 3. Etapa – conscientiza-se de que a mãe “pode não vir”, e reconhece que a mãe não pertence só a ele 4. Etapa – medo de perder a pessoa amada – ciúmes 5. Etapa – esforça-se para recuperar a posição perdida O NASCIMENTO DE UM BEBÊ - Tristeza e algumas vezes aceitação - Baixa gratificação no processo de maternagem - Luto antecipado - A duração e a intensidade de cada afeto são variáveis, importa que seja dinâmico - Saúde bucal · Tratamento da gestante no 1-3º trimestre · Aleitamento e hábitos alimentares · Não introduzir açúcar · Acesso a água fluoretada · Hábitos de higiene · Tratamento preventivo e curativos regulares
Compartilhar