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Red. Aula Teórica 2 Eduardo Valladares(Bernardo Soares) Este conteúdo pertence ao Descomplica. Está vedada a cópia ou a reprodução não autorizada previamente e por Foca na Redação 13 jun Quais são as características da dis- sertação argumentativa 3 Re d. Agora que já conhecemos um pouco da teoria do ar- gumento, cabe mergulhar, de vez, nas característi- cas da dissertação, o tipo de texto que será cobrado no vestibular. Como você já viu e entendeu todas es- sas ideias, nosso papel, aqui, será aprofundar esse conteúdo, tirando todas as suas dúvidas e, é claro, vendo muitos exemplos! Vamos juntos? RESUMO Dissertação expositiva x Dis- sertação argumentativa Antes de tudo, é muito importante que essa diferen- ça fique clara para você. Você entende o que faz de um texto, necessariamente, argumentativo? Há uma estrutura fundamental em toda a sua construção - se ela não existe, não há posicionamento e, conse- quentemente, não há argumentação. Que estrutura é essa? Vamos tentar identificá-la no parágrafo de introdução abaixo? O tema é A importância da rei- vindicação pela saúde pública no Brasil. Em 2013, centenas de jovens foram às ruas lutar por seus direitos civis e cobrar das autoridades melhorias sociais, dentre elas, a saúde. Ainda que esses direitos sejam garantidos pela Constituição Federal, os casos de corrupção fizeram com que a população se mobi- lizasse – visando chamar a atenção dos governantes – em busca de meios que assegurem o bem-estar dos cidadãos. Neste sentido, nota-se que a saúde pública não é vista como prioridade e faz-se preciso comba- ter esse descaso, como também, reconhecer a impor- tância das reivindicações populares para alterar tal cenário na sociedade brasileira. O fato é: se o seu parágrafo não tem essa estrutura, não deixa a sua existência clara, explícita e, obvia- mente, consistente, seu texto é expositivo. Vejamos um exemplo, no mesmo parágrafo e tema: Em 2013, centenas de jovens foram às ruas lutar por seus direitos civis e cobrar das autoridades melhorias sociais, dentre elas, a saúde. Ainda que esses direitos sejam garantidos pela Constituição Federal, os casos de corrupção fizeram com que a população se mobi- lizasse – visando chamar a atenção dos governantes – em busca de meios que assegurem o bem-estar dos cidadãos. O problema, então, não foi resolvido, mas a reivindicação pela saúde pública no Brasil continua frequente em diversos estados e grupos sociais. Notou a diferença? Ela é básica e, se você não sou- ber identificá-la, aproveite esta aula para tirar todas as suas dúvidas, ok? A dissertação argumentativa Identificada a principal estrutura da dissertação e, na aula anterior, a formulação de sua unidade de informação - o argumento -, é importante, agora, aprofundar algumas características - de estrutura e conteúdo - do texto em si. Você conhece alguma? Vamos tentar revisar? 1. Quantas linhas pode ter um texto dissertativo- -argumentativo, no vestibular? 2. Em quantos parágrafos essas linhas se divi- dem? Como fica essa distribuição? 3. Qual é o conteúdo básico de cada um desses parágrafos? 4. Que qualidades não podem faltar nesse tex- to? 5. O texto pode ser pessoal? Pode ser objetivo? Entendidas as características, vamos identificá-las em uma redação? O tema é O livro na era da digi- talização do escrito e da adoção de novas ferra- mentas de leitura: “O caminho digital é sem volta.” A frase é de Pau- lo Coelho, escritor carioca mundialmente famoso, em uma entrevista à revista Época sobre a che- gada do Kindle ao Brasil. De fato, a ascensão dos e-readers abriu portas para o desenvolvimento 4 Re d. de novas tecnologias ligadas à leitura e, principal- mente, para a preocupação com relação ao fim do livro impresso. Em um contexto de valorização, cada vez maior, de novas formas de ler e comercializar as obras, vale questionar se, diante de uma sociedade que sofre com a falta de concentração, é vantajoso adotar esses meios. É necessário analisar, antes de tudo, o comportamen- to do indivíduo atingido pela digitalização da escrita. Na visão de Zygmunt Bauman, há, hoje, uma crise de atenção. A dificuldade de se concentrar, aliada à informação em grande escala, gera o que o sociólo- go polonês chama de “fragmentos do conhecimento”, dificultando o aprendizado e, consequentemente, a dedicação a grandes leituras. Nesse sentido, é difícil garantir que um pequeno aparelho com mais de duas mil obras seja interessante para qualquer pessoa que não consiga terminar um livro. Ainda assim, é indispensável destacar as vantagens da adoção dessas novas ferramentas. Além da alta capacidade de armazenamento e do acesso facilita- do em qualquer hora e lugar, o preço dos textos digi- talizados é muito mais baixo, uma vez que que o pro- cesso de produção também é mais barato. Há livros físicos que chegam a custar três vezes o valor da sua versão virtual, o que justifica a dificuldade de manter um hábito de leitura na nossa sociedade. No mesmo caminho, a concorrência cada vez maior nesse mer- cado tem permitido a redução do preço dos apare- lhos de leitura digital, facilitando ainda mais a com- pra, a venda e, é claro, a fidelização do leitor. Torna-se evidente, portanto, que, apesar das muitas vantagens na digitalização da escrita, há obstáculos que precisam ser resolvidos, a fim de aproveitá-las plenamente. Em primeiro lugar, a escola, crucial na iniciação do aluno na leitura, pode trabalhar a inser- ção desses textos em sala, com a possibilidade de utilizar vídeos, imagens e até a internet. Deve, tam- bém, trazer psicólogos, por exemplo, que falem sobre a procrastinação e suas consequências. A mídia, por sua vez, pode tratar o problema em novelas, debates e até propagandas, tentando mostrar aos indivíduos a necessidade cada vez maior de tratar a concentra- ção. Só assim, resolvendo o problema na sua raiz, o homem e a leitura chegarão a um caminho comum, sem ninguém olhar para trás. Vamos ver mais um exemplo? Tema: O preconceito linguístico e seus efeitos em discussão no Brasil. Poliglotismo nacional A língua é um dos principais instrumentos que susten- tam a vida em sociedade, já que é responsável pela comunicação e interação entre os indivíduos. No en- tanto, ela também pode atuar de maneira negativa, sendo uma das ferramentas de segregação social. O preconceito linguístico, no Brasil, é muito evidente e, por isso, é preciso entender que há diversas variantes na língua, e uma não deveria ser mais prestigiada em relação às demais. Em primeiro lugar, é importante destacar que, embo- ra todos os brasileiros sejam falantes da Língua Por- tuguesa, ela apresenta diversas particularidades no contexto regional, etário, social e histórico. Isso signi- fica que a linguagem está em constante transforma- ção, e os responsáveis pelas mudanças são os pró- prios falantes, independente de classe social ou nível de escolaridade. Nesse sentido, não se deve descon- siderar a gramática normativa e suas regras, já que ela serve como base para o sustento do idioma, mas sim admitir que todas as variações são inerentes à língua. Além disso, é evidente que o fato de existir uma va- riante padrão faz com que as demais sejam despres- tigiadas, gerando o preconceito linguístico. Esse tipo de preconceito – pouco discutido no Brasil – acentua ainda mais a desigualdade social no país, pois a lín- gua está totalmente ligada à estrutura e aos valores da sociedade, e os falantes da norma culta são aque- les que apresentam maior nível de escolaridade e po- der aquisitivo. Os indivíduos que sofrem discrimina- ção linguística tendem a desenvolver problemas de sociabilidade e, até mesmo, psicológicos. Fica claro, portanto, que a língua é um fator decisivo na exclusão social. Por isso, o preconceito linguístico deve ser admitido e combatido. Primeiramente, as es- colas deveriamfazer uma abordagem mais aprofun- dada sobre esse tema, além de ensinar, nas aulas de Português, todas as variantes existentes na língua. A mídia deveria parar de estereotipar os personagens de acordo com a sua maneira de falar e poderia in- vestir em campanhas que ajudem a desconstruir o preconceito linguístico. Afinal, ser um “bom” falante é ser poliglota na própria língua. A dissertação no ENEM Sabemos que, no vestibular do ENEM, há alguns cri- térios de correção que, sem dúvida, precisam ser co- nhecidos por seus candidatos, a fim de, na produção textual, não haver erros ou informações diferentes das exigidas pela prova. Você conhece essas com- petências? Vamos revisá-las, usando as definições 5 Re d. Acabou a aula, e agora? Chegamos ao fim de mais uma aula. Você tem certe- za de tudo o que aprendeu, aqui? Se sim, tente res- ponder às questões abaixo, ainda que mentalmente. Se alguma delas ficou pouco clara, volte à aula, aos vídeos gravados, às monitorias, à live semanal e ten- te respondê-la. Não saia daqui sem saber tudo sobre o tema da semana, tá? → O que diferencia, de fato, um texto dissertativo- -expositivo de um argumentativo? → Quais são as características, de estrutura e con- teúdo, da dissertação argumentativa? → O que pode fazer a minha redação ser diferente de todas as outras, no vestibular? → Quais são as exigências, em termos de critérios, feitas pela Banca do ENEM? Agora que você já sabe tudo sobre esse tipo de tex- to, a próxima tarefa é simples: no nosso grupo do Fa- cebook, crie um post com um tema específico (tente não repetir o do amigo, tá?) e tente, junto com os seus colegas, formular teses para cada uma dessas propostas. Pode ser um tema do ENEM, do Descom- plica ou até um assunto qualquer sobre o qual você queira discutir. O objetivo principal é tentar tornar as discussões cada vez mais argumentativas, sem usar a pessoalidade, tão temida pelos alunos. Você con- segue fazer isso? Te esperamos lá! da própria prova? Dê uma olhada no manual do can- didato de 2016, disponível AQUI. http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/guia_participante/2016/manual_de_redacao_do_enem_2016.pdf.
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