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Princípios da gestão educacional APRESENTAÇÃO A organização escolar, durante muitos anos, sofreu com as críticas relacionadas à sua administração tecnocrática. Assim, uma transformação começou a surgir na década de 1980. Tal mudança se relaciona ao momento que o país estava vivendo, ou seja, à redemocratização, que levou à democratização da escola pública. Esse movimento de mudança ganhou força com a Constituição Federal de 1988 e com a aprovação do princípio de gestão democrática do ensino público, consolidado com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN) de 1996. Esses documentos introduzem uma nova organização escolar, orientada por fundamentos de gestão mais democráticos e capazes de proporcionar a autonomia dos sujeitos educativos mediante a participação e a construção coletivas. Nesta Unidade de Aprendizagem, você terá acesso a discussões e análise quanto às premissas da gestão escolar na transição histórica do conceito de administração para gestão. Também refletirá sobre a construção de um perfil de gestor que responda às demandas emergentes da contemporaneidade, além de conhecer os espaços do âmbito de atuação do gestor no contexto educacional. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Contextualizar a formação do conceito e do modelo de gestão educacional.• Descrever o perfil dos gestores educacionais dentro das políticas públicas.• Analisar os espaços educacionais no âmbito da gestão.• DESAFIO Os princípios da gestão escolar, suas premissas e suas concepções impactam diretamente no desempenho de uma escola. Por isso, várias discussões têm abordado esse tema a fim de analisar alguns conceitos e processos existentes para encontrar modelos que respondam às demandas educacionais. Segundo o Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Educação Municipal (PRADEM, 2003), o modelo de gestão a ser adotado, no âmbito da educação pública brasileira, é, por lei, o democrático. O artigo 206 da Constituição Federal Brasileira, bem como o artigo 3.o inciso VIII da LDB, assim o determina. Nesse contexto, o conceito de gestão é compreendido como a coordenação dos esforços individuais e coletivos em torno da consecução de objetivos comuns. Considerando o contexto apresentado, imagine que você é um candidato para ser diretor de uma escola. Sendo assim, responda: quais seriam suas principais responsabilidades como diretor de uma instituição educacional que tem como foco a gestão democrática? INFOGRÁFICO Para compreender os princípios da gestão educacional se faz relevante compreender as diferenças conceituais e históricas de administração e gestão. Administração significa gerir um bem, zelar por negócios dos que os possuem, portanto é a prática de gerir. Assim, a administração é uma atividade universal, pensada racionalmente, que é desenvolvida com vistas à realização de um objetivo relacionado à organização social em qualquer realidade e, ao mesmo tempo, determinado por uma sociedade. O termo gestão, por sua vez, surgiu da necessidade de um novo conceito de administrar, que expressasse as mudanças que aconteciam dentro da ação administrativa, que superasse a visão tecnicista da administração, que fosse além das tarefas coordenar, planejar, organizar, dirigir e controlar, que incorporasse um novo momento social, político e cultural. Um conceito mais interdisciplinar, fundamentado na filosofia, sociologia, antropologia e política. Conheça, no Infográfico, as principais diferenças entre administração e gestão. CONTEÚDO DO LIVRO As transformações sociais, a globalização e os progressos tecnológicos estão entre as principais causas da evolução e da transformação do setor educacional brasileiro. Nesse contexto, os princípios da gestão educacional se configuram em um dos temas principais da área educacional que necessitam de especial atenção. É necessário que o processo de gestão passe por mudanças para adequar-se às demandas da sociedade contemporânea, visando atender seus objetivos e expectativas educacionais e de mercado de trabalho. Tais mudanças interferem tanto no conceito de educação quanto no que se refere ao tipo de administração e gestão escolar. Esse processo, que a evolução da educação envolve, desencadeia na transformação do trabalho dos profissionais das instituições escolares, os quais a cada momento se deparam com novas situações vindas da sociedade evolutiva. No capítulo Princípios da gestão educacional, da obra Gestão Educacional da Educação Básica, você conhecerá o conceito do modelo de gestão educacional, o perfil do gestor nesse contexto de transformações constantes e os espaços educacionais no âmbito da gestão. Boa leitura. GESTÃO EDUCACIONAL DA EDUCAÇÃO BÁSICA Simone de Oliveira Princípios da gestão educacional Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Contextualizar a formação do conceito e do modelo de gestão educacional. Descrever o perfil dos gestores educacionais dentro das políticas públicas. Analisar os espaços educacionais no âmbito da gestão. Introdução A gestão das instituições educacionais organiza os recursos e as relações humanas nos espaços escolares. Os princípios da gestão educacional revelam modelos e concepções de administração. Devido às trans- formações contemporâneas, esses princípios precisam se reorganizar, adotando concepções e práticas participativas e democráticas. Por isso, a escola vem interagindo com a sociedade na luta pela qualidade de ensino e pela educação democrática. Nesse contexto, a figura do gestor é essencial. Neste capítulo, você vai estudar a formação do conceito e do modelo de gestão educacional. Você também vai conhecer o perfil dos gestores educacionais no contexto das políticas públicas. Além disso, vai analisar os espaços educacionais no âmbito da gestão. O conceito e o modelo de gestão educacional A partir de agora, você vai ver como o conceito e o modelo de gestão educa- cional se constituíram. A palavra “gestão” se origina do termo latino gestione e se refere à ação e ao efeito de gerir ou administrar. Mas será que os termos “administração” e “gestão” têm o mesmo signifi cado? A seguir, você vai estudar as diferenças entre esses termos e conhecer os modelos de gestão educacional. A temática da administração escolar vem sendo estudada há menos de um século. Conforme Sander (2007), os primeiros registros de pesquisas sobre esse assunto são da década de 1930, o que não quer dizer que anteriormente as escolas não possuíssem uma administração. Contudo, as publicações sobre a gestão escolar que existiam até a Primeira República consistiam em “[...] memórias, relatórios e descrições de caráter subjetivo, normativo, assistemático e legalista” (SANDER, 2007, p. 21). Nesse momento histórico, a ausência de um sistema de ensino para a população como um todo era resultado de uma política de descaso dos governantes. Nesse contexto, o Brasil sofria a influência do movimento pedagógico da Escola Nova, protagonizado por Dewey (1960), que disseminava ideias progressistas de educação em contraposição à educação tradicional. Afinal, a perspectiva tradicional não correspondia aos planos de crescimento e ao avanço da industrialização. Assim, a nova proposta de educação acabou por alterar também a organização da escola, cuja gestão não era realizada de forma prática e eficiente. Para responder às demandas decorrentes do crescimento e das transformações da sociedade, a organização da escola passou a ter como fundamento a administração de empresas. Portanto, a escola passou a se organizar da mesma forma como as indústrias se organizavam. Conforme Ribeiro (1986), a administração escolar era muito parecida com a administração de uma empresa, com a sistematização dos processos organizada com base em um conjunto de operações técnicas, financeiras, de segurança e de contabilidade,além das administrativas propriamente ditas. Nessa perspectiva, a escola passa a ser organizada de forma hierárquica, com setores e funções. É com essa nova proposta que emerge a figura centralizadora do diretor. No entanto, essa estrutura de administração escolar baseada nas teorias e práticas da administração geral não conseguia sustentar e responder às necessidades da escola. Afinal, na escola não se produzem objetos de venda ou consumo, como numa indústria. Na escola se organizam o processo educa- tivo e todas as suas necessidades. Nela, o que está em jogo é a aprendizagem efetiva, que ocorre por meio das relações estabelecidas entre o estudante, o objeto de estudo e o professor. Portanto, com o passar dos anos e com as críticas à organização escolar pautada na administração tecnocrática, uma transformação começou a surgir na década de 1980. Tal mudança se relaciona ao momento que o País estava vivendo, ou seja, à redemocratização, que levou à democratização da escola pública. Ocorreram, então, duas grandes fases, como você pode ver a seguir. Princípios da gestão educacional2 Administração escolar: historicamente, a escola passou a utilizar a estrutura da administração geral devido às necessidades relativas ao contexto econômico e ao crescimento industrial, num cenário político fechado. Gestão escolar: a partir da abertura política brasileira, a escola pública também necessitou da democratização do ensino. Esse movimento de mudança ganhou força com a Constituição Federal de 1988 e com a aprovação do princípio de gestão democrática do ensino público, consolidado, posteriormente, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN), de 1996 (BRASIL, 1996). Esses documentos introduzem uma nova organização escolar, não mais com base nos princípios e pressupostos da administração empresarial, mas orientada por fundamentos de gestão mais democráticos e capazes de proporcionar a autonomia dos sujeitos educativos mediante a participação e a construção coletivas. A partir desses marcos históricos, você pode perceber que o ensino democrático não é apenas o processo que permite o acesso de todos ao ensino. Também está em jogo a oferta de um ensino de qualidade, independentemente de características econômicas ou sociais dos estudantes. Até aqui, você viu o processo histórico pelo qual a escola passou da admi- nistração geral para a gestão escolar. Para sistematizar, considere que a gestão é o processo de dirigir a organização e, a partir daí, tomar decisões com base nas demandas do ambiente e nos recursos disponíveis. O conceito de gestão está relacionado ao processo administrativo e envolve planejamento, organização, direção e controle de recursos para que os objetivos sejam alcançados. No entanto, a gestão escolar possui algumas características específicas. Para Libâneo (2007, p. 324), a gestão escolar implica uma concepção sociocrítica de gestão. Assim, a gestão escolar é encarada como um sistema que agrega pessoas, “[...] considerando o caráter intencional de suas ações e as interações sociais que estabelecem entre si e com o contexto sociopolítico, nas formas democráticas de tomada de decisões”. A gestão envolve toda a comunidade que compõe o espaço escolar. Por isso, consiste num processo necessário e não ocorre isoladamente, mas de forma sistêmica, visando à melhoria contínua da organização escolar. Agora que você já conhece a evolução e o conceito do processo de gestão, precisa analisar como se dá a gestão na escola. Conforme Libâneo (2007), a organização e os processos de gestão, incluindo a direção, assumem diferentes significados dependendo da concepção que se têm dos objetivos da educação em relação à sociedade e à formação dos alunos. A gestão escolar revela como 3Princípios da gestão educacional cada instituição concebe a educação, a sociedade, a atuação dos professores e a formação do aluno (cidadão). Para Libâneo (2007), existem quatro modelos de gestão escolar. Veja a seguir. 1. Concepção técnico-científica: concentrada na hierarquização dos cargos e funções, normas e aspectos burocráticos e administrativos. Essa concepção é mais conservadora e burocrática, com um sistema rígido de regras e normas. A ênfase do trabalho recai na divisão das tarefas no espaço escolar. A figura do diretor possui maior importância no contexto educacional, caracterizando a centralização de poder. Por isso, o diálogo é baseado no cumprimento das regras. 2. Concepção autogestionária: esse estilo de gestão tem como princípio a coletividade. Seus pressupostos são a criação do grupo e a autorregu- lação. Essa concepção busca excluir do espaço escolar qualquer indício de autoridade, poder e centralização. Portanto, não adere a nenhum tipo de regulação, norma ou burocratização. A ideia é investir na autogestão da instituição, assim todas as decisões são tomadas em assembleias ou reuniões coletivas. As funções são alternadas por meio de eleição e não se destaca a figura individual de cada pessoa, mas o coletivo e a sua auto-organização. As relações interpessoais são mais valorizadas do que as tarefas da instituição de ensino. 3. Concepção interpretativa: essa gestão tem como prioridades a com- preensão dos processos de organização da escola, o entendimento e a subjetividade. Nessa concepção, não há necessidade de qualquer tipo de estudo mais profundo sobre normas, regras, organização ou fun- cionamento. Entende-se que o contexto escolar se constrói a partir das relações e dos acontecimentos diários, não sendo uma realidade dada, pronta e acabada. Assim, enfatiza-se a interpretação das situações e ignoram-se os aspectos objetivos, valorizando-se o aspecto humano, e não a estrutura formal da escola. 4. Concepção democrático-participativa: essa concepção baseia-se na participação de todos e na responsabilidade coletiva. Ela tem como eixo a interação com a direção e o envolvimento de todos os componentes da instituição de ensino. O processo é pensado a partir dos objetivos comuns a todos que compõem a equipe, buscando o engajamento coletivo. Nesse contexto, os objetivos são essenciais para o projeto pedagógico da instituição de ensino. A tomada de decisão acontece de maneira coletiva, sem deixar de enfatizar a responsabilidade individual para o alcance Princípios da gestão educacional4 dos objetivos propostos. Entende-se a necessidade da coordenação ou direção, sem se deixar, no entanto, de compreender a importância dos agentes escolares. Não se destacam os aspectos subjetivos e a construção do processo educacional por meio das relações, mas os componentes da gestão e da organização são tratados de maneira objetiva e sistemática. Nessa concepção, existe um processo contínuo de avaliação sistematizada e um diagnóstico por tomada de decisão, a fim de promover a melhoria do espaço escolar. Objetiva-se legitimar os aspectos pedagógicos da escola, buscando um equilíbrio entre os elementos objetivos e os subjetivos. A concepção da gestão determina também os encaminhamentos do projeto político-pedagógico da escola, assim como a própria concepção de currículo. Hoje, busca-se uma gestão escolar com base na democratização e na autonomia, o que requer vínculos mais estreitos com a comunidade educativa, os pais, as entidades e as organizações paralelas à escola. A gestão escolar, além de cumprir demandas administrativas, precisa dar conta de todas as necessidades pedagógicas, que incluem a legislação e os processos de ensino e aprendizagem. A seguir, veja alguns pilares da gestão escolar: gestão pedagógica; gestão administrativa; gestão financeira; gestão de recursos humanos; gestão da comunicação; gestão de tempo e eficiência dos processos. Como você pode notar, o processo de gestão escolar deve estar coordenado com o sistema de ensino como um todo e com as escolas em específico. Além disso, fica clara a importância da articulação entre as diretrizes e políticas educacionais públicas,as ações para a implementação dessas políticas e os projetos pedagógicos das escolas. Esses projetos devem estar comprometidos com os princípios da democracia e com um ambiente educacional autônomo, de participação e compartilhamento, com tomada conjunta de decisões e efe- tivação de resultados, acompanhamento, avaliação e retorno de informações. Por fim, considere que a gestão escolar deve operar com base no princípio da transparência, ou seja, demonstrar ao público os processos e resultados (LÜCK, 2007). Em síntese, a gestão escolar deve operar de forma transpa- rente e aberta às comunidades interna e externa, compartilhando decisões e responsabilidades. 5Princípios da gestão educacional Escolas sem divisões por séries e disciplinas, nas quais não existem provas e o aluno é quem estipula o tempo de cada atividade, já são realidade, inclusive no Brasil. Mas será que é possível fazer isso em todas as escolas? No link a seguir, confira um programa sobre modelos educacionais não convencionais produzido pelo Canal Futura. https://qrgo.page.link/b6kq4 O perfil dos gestores educacionais Agora, você vai conhecer o perfi l dos gestores educacionais no contexto das políticas públicas, tendo como base a evolução histórica da gestão escolar no Brasil. Você vai ver que o perfi l dos gestores se altera conforme o contexto de cada época e vai verifi car como esse processo se refl ete na atualidade. A partir da década de 1930, predominou no Brasil a organização escolar fundamentada na administração geral, a partir do modelo industrial. Ao mesmo tempo, o ensino se voltava ao mercado de trabalho. Como você viu na seção anterior, essa realidade foi sendo alterada pelas transformações ocorridas na sociedade como um todo. Hoje, no contexto das políticas públicas, os gestores educacionais podem atuar em diferentes instâncias e espaços, em âmbito nacional, estadual ou municipal, e não somente dentro de escolas. Os diferentes espaços de atuação do gestor geram perfis distintos. Além disso, é necessário considerar que a LDBN, no art. 64, estabelece: A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, [que] será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional (BRASIL, 1996, documento on-line). Isso deve ser regulamentado pelo Conselho Nacional de Educação. Dessa forma, as atividades educacionais podem ocorrer na realidade da escola ou em espaços não escolares. Ao longo do tempo, alguns cargos foram criados para administrar a área educacional. Entre eles, você pode considerar o cargo de inspetor escolar. Em 1931, Francisco Campos criou o Serviço de Inspeção, correlato ao cargo de Princípios da gestão educacional6 inspetor escolar. Na rede pública paulista, com a Lei Complementar nº. 114, de 1974, a denominação foi alterada para “supervisor pedagógico”, cargo que subsistiu até a promulgação da Lei Complementar nº. 201, de 1978. A partir daí, o cargo passou a ser nomeado “supervisor de ensino”, o que perdura até hoje (CHICHAVEKE; MARTINS, 2015). Conforme Silva Junior e Rangel Junior (1997), o cargo de supervisor foi concebido como parte de um processo de dependência cultural e econômica. Ele integrava um projeto militarista-tecnocrático de controle do povo e da nação. Apenas recentemente é que a supervisão escolar passou a ser discutida criticamente pelos seus praticantes. Em seu início, ela foi realizada no Brasil em condições que produziam o ofuscamento e não a valorização da vontade do supervisor. Esse era exatamente o objetivo pretendido, ou seja, buscava-se, em uma sociedade controlada, uma educação controlada. Para uma educação controlada, era necessário um supervisor controlador e controlado. Com o passar do tempo, houve a evolução dos cargos de gestores educacio- nais, o que respondeu às necessidades das políticas vigentes. Por isso, quando se pensa no perfil do gestor educacional, deve-se considerar mudanças na legislação, no currículo e nos cenários de trabalho. Hoje, um gestor educacional precisa estar atento e envolvido com pesquisas e com a formação continuada. A ideia é que esteja preparado para o cotidiano da realidade educacional. Atualmente, os novos modelos organizacionais requerem que as experiên- cias adquiridas na prática social sejam subsidiadas pelo suporte educacional. Nesse contexto, o aperfeiçoamento que o gestor da educação é capaz de pro- mover é algo consistente e permanente, tornando os indivíduos que integram a escola autores de suas aprendizagens, capazes de autocríticas honestas e aperfeiçoamentos constantes. Portanto, ao se falar em gestão educacional, fala-se da gestão situada no nível macro da educação, no qual se encontram os órgãos superiores dos sistemas de ensino e as políticas destinadas a eles. Já quando se fala de gestão escolar, entra em cena o nível micro, no âmbito das escolas. A gestão educacional e a gestão escolar são distintas, porém também são interligadas, pois articulam suas ações em busca do mesmo propósito: a formação de qualidade para a população. Nesse sentido, Bacelar (2008, p. 35) afirma que: A gestão escolar, como a própria expressão sugere, situa-se no âmbito da escola e diz respeito a tarefas que estão sob sua esfera de abrangência. Nesse sentido, pode-se dizer que a política educacional está para a gestão educa- cional assim como a proposta pedagógica está para a gestão escolar. Assim, 7Princípios da gestão educacional é válido afirmar que a gestão educacional situa-se no nível macro, ao passo que a gestão escolar situa-se no nível micro. Ambas articulam-se mutuamente, dado que a primeira justifica-se a partir da segunda. Diante disso, você deve considerar os diferentes perfis dos gestores edu- cacionais, que podem atuar em instâncias variadas. Isso abrange cargos em âmbito nacional, estadual ou municipal, em conselhos, órgãos educacionais, secretarias, etc. Nóvoa (1995) afirma que as instituições escolares adquiriram uma dimensão própria enquanto espaço organizacional para a gestão e a tomada de decisões importantes, sejam elas administrativas, educacionais, curriculares ou pedagógicas. Assim, os ambientes escolares necessitam constantemente de novas perspectivas de gestão escolar. Na contemporaneidade, o gestor escolar deve realizar ações para esta- belecer novas relações, atender aos anseios da comunidade escolar e buscar a formação integral do cidadão. As escolas atuais necessitam de gestores capacitados para promover a integração entre todos os membros da escola e a comunidade. Segundo Freire (1992), a educação sozinha não transforma a sociedade; sem ela tampouco a sociedade muda. A questão que emerge nessa discussão de garantir a formação geral, as habilidades para a inserção no mercado de trabalho, o desenvolvimento pleno da cidadania e a apreensão da cultura é a seguinte: que perfil e que desempenho são esperados do gestor escolar no contexto das políticas públicas atuais? No contexto das políticas públicas, os gestores escolares precisam trabalhar a participação e ter a consciência de que o fluxo de conhecimentos gerados pelo envolvimento das pessoas impulsiona os esforços para atingir os objetivos. Lück (2010, p. 78) define um estilo democrático de participação nas tomadas de decisões compartilhadas dentro do contexto educacional: O sucesso da escola em promover tal formação está diretamente assentado na combinação de energias e esforços conjuntos de muitas pessoas na reali- zação da sua missão — energias e esforços que, aliás, pela sua canalização proativa, transformam-se em novas competências para o enfrentamento dos desafios educacionais. Em décadas anteriores, o perfil do gestor nas escolas era reconhecidamente burocrático. A sua competência consistia em cumprir as normas e os regula- mentos escolares. Contudo, hoje esse perfil está ultrapassado.Como você já viu, a gestão escolar democrática passou a ser proposta a partir da Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 5 Princípios da gestão educacional8 de outubro de 1988, e foi regulamentada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Ao estabelecer a gestão democrática do ensino, o texto constitucional institui, ao mesmo tempo, o direito e o dever de participação a todos os que atuam nos sistemas de ensino. Além disso, a Constituição Federal relaciona a gestão democrática às demais formas de gestão (RAMOS; PAVIANE, 2009). A Constituição estendeu aos municípios o direito de organizarem seus sistemas de ensino com autonomia e em regime de colaboração entre si, com os estados e com a União (art. 211). Esses dispositivos constitucionais traduzem uma concepção de educação emancipadora, com fundamento no exercício efetivo da cidadania (BRASIL, 1988). O novo modelo de gestão democrática fundamentada na LDBN procura romper com a dinâmica do antigo modelo, caracterizado pela rigidez, a partir da flexibilidade diante das novas exigências do mercado (DEL PINO, 2002). O conceito de gestão escolar democrática, atendendo às novas demandas da sociedade e dos poderes públicos, busca garantir os direitos educacionais e a democratização no ambiente escolar, fazendo com que o gestor exercite ações de liderança para assegurar o envolvimento da comunidade. No entanto, você deve considerar que uma política de reforma educacional só é legítima quando conta com o envolvimento e a participação dos atores que atuam nas escolas (SCHNECKENBERG, 2000). Um dos princípios da gestão escolar democrática é ofertar educação de qualidade para todos, o que envolve a participação, o envolvimento e o com- promisso da comunidade e do núcleo gestor com o desenvolvimento de práticas democráticas no interior da escola pública (FREIRE, 1992). Nesse sentido, um dos focos da gestão está relacionado aos princípios participativos e à adoção de práticas inovadoras, sem deixar de considerar as individualidades das relações humanas em detrimento das atividades burocráticas. Até o fim do século passado, o gestor realizava as suas atividades de forma muito individual. Atualmente, em decorrência das mudanças tecnológicas e das especializações, o gestor trabalha de forma mais articulada e comparti- lhada. Há, então, a necessidade de um trabalho mais integrado de todos os 9Princípios da gestão educacional especialistas no contexto escolar. O que se espera é que todos os envolvidos caminhem na mesma direção para alcançar os objetivos propostos. Conforme Aguiar (2004), o profissional que trabalha na gestão escolar necessita do desenvolvimento de determinadas competências e habilidades próprias para o cargo. Esse profissional deve passar por um processo de for- mação para atuar da melhor forma e responder às demandas dos contextos educacionais interno e externo. Nesse sentido, Aguiar (2004) propõe que os gestores escolares passem por uma formação que contemple três dimensões ou níveis relacionados entre si. Veja a seguir. Primeiro nível — trata-se da reflexão teórica: ■ estudo e análise das políticas educacionais no contexto sociopolítico- -cultural, instrumentalizando para a intervenção nos espaços políti- cos, pedagógicos e curriculares; ■ percepção da escola como construção histórica e sociocultural em permanente mudança; ■ compreensão dos aspectos orientadores dos processos de gestão educacional, relacionando-os ao mundo do trabalho, à cultura e às relações sociais. Segundo nível — envolve o desenvolvimento da habilidade de interlocu- ção entre os diferentes sujeitos do espaço escolar, visando à construção dos processos pedagógicos nas instituições educativas ou nos movi- mentos sociais, conduzidos pela democratização das relações sociais. Terceiro nível — refere-se à aproximação da discussão teórica sobre o planejamento e a gestão dos sistemas de ensino, considerando as ferramentas metodológicas e tecnológicas usadas como propiciadoras de diálogo interno e articulação com os movimentos da sociedade civil e da própria comunidade em que a escola está inserida. Diante disso, quando se discute o perfil dos gestores educacionais dentro das políticas públicas, é necessário refletir sobre a formação desses profis- sionais. Na realidade do ensino público, os gestores, em sua maior parte, são professores concursados que ocupam o cargo de gestor sem possuir a formação básica. Decorre daí a importância de discutir e investir na formação do gestor escolar considerando as suas principais áreas de atuação. Dessa forma, o perfil desse profissional vai responder às necessidades atuais no contexto das políticas públicas. Para Libâneo (2004), o gestor escolar precisa apresentar algumas habilidades intrínsecas às suas atribuições. Veja a seguir. Princípios da gestão educacional10 Autoridade: apesar de a autoridade ser delegada ao gestor, o processo é coletivo. Responsabilidade: apesar de as decisões serem tomadas coletivamente, a responsabilidade é sempre do gestor. Decisão: o gestor não pode se abster de decidir no contexto do plano de trabalho elaborado coletivamente. Disciplina: o gestor deve ter uma postura individual que respeite o contexto escolar. Iniciativa: o gestor deve ser capaz de solucionar de forma crítica os problemas da organização escolar, incluindo imprevistos e demais situações. Aguiar (2004) sugere ainda algumas características específicas que devem ser trabalhadas em cursos de formação e preparação para gestores escolares. São elas: condições de problematização do trabalho pedagógico; entendimento de que a gestão tem caráter coletivo e interdisciplinar; adoção de uma postura investigativa. Se existirem formações específicas e consistentes para gestores escolares e perfis compatíveis com as necessidades do cargo, será possível desenvolver nas escolas estratégias para a transformação da ação docente e das dinâmicas escolares. O objetivo disso é atender à sociedade emergente e alterada cons- tantemente pelas transformações tecnológicas, que necessita de processos humanizadores para garantir uma educação de qualidade. Para descobrir o perfil do gestor escolar, a Fundação Victor Civita realizou uma pesquisa inédita com 400 diretores de 13 capitais brasileiras. Entre muitos dados relevantes, a enquete mostra que os gestores de escolas públicas se sentem mais responsáveis por manter a burocracia em dia do que pela melhoria do aprendizado. Confira a pesquisa no link a seguir. https://qrgo.page.link/G5vDj 11Princípios da gestão educacional Os espaços educacionais no âmbito da gestão Agora, a ideia é analisar os espaços educacionais no âmbito da gestão. Para começar, considere que existem os espaços escolares e os espaços não esco- lares, que são diferentes entre si. Além disso, cada espaço educacional possui a sua complexidade e há variáveis que envolvem os processos de gestão. Como você já viu, as transformações do mundo contemporâneo exigem uma gestão democrática. A lógica da gestão democrática passa pelas noções de cooperação, participação e autonomia. Assim, passa-se a ter como propósito: agilizar as decisões e a operacionalização dos serviços públicos, tornando a administração mais efi ciente e próxima dos cidadãos. Quando se trata de espaços educacionais, há várias perspectivas possíveis. Por exemplo, a escola é um espaço formal, mas há secretarias e conselhos de ordem nacional, estadual ou municipal que são lugares de gestão educa- cional ou escolar. Esses espaços, independentemente de se caracterizarem como formais, informais, educacionais ou escolares, necessitam de sistemas para se organizarem. Isso pressupõe a mediação das políticas, assim como a gestão dos recursos humanos e materiais, bem como o controle para o melhor aproveitamento. No contexto da escola democrática, a relação entre os sujeitos e a instituição vai além da formalidade. Nessa relação, hádimensões simbólicas e pedagógicas. Além disso, por meio da arquitetura do espaço educacional, é possível ler e interpretar a história da educação. Ao mesmo tempo, pode-se ler a história da política nacional e da comunidade em que a instituição se localiza. O espaço escolar comunica e mostra o emprego que o ser humano faz dele mesmo, que varia em cada cultura e é um produto cultural específico não só das relações interpessoais, mas também dos ritos sociais, da simbologia das disposições dos objetos e dos corpos, bem como da sua hierarquia. Muitas vezes, a gestão escolar é encarada como uma organização marcada pela burocratização, por setores hierárquicos, pela fragmentação, pela punição e pela competitividade, sob uma óptica empresarial. Mas o que se propõe na perspectiva da gestão democrática é repensar a escola como um todo, de forma coletiva e com o exercício da autonomia e da democracia. Para isso, todos os espaços do âmbito da gestão precisam ser reanalisados e vistos como espaços também educativos, com necessidades específicas de gestão. Paro (2005) propõe uma gestão escolar pautada na coletividade e na su- peração dos modelos estáticos e burocratizados, tendo a educação como referencial. Assim, é possível promover a responsabilidade coletiva em todos os setores da escola. Esse é o caminho para que toda instituição avance em Princípios da gestão educacional12 seus contextos organizacionais e alcance os objetivos propostos como escola e como instituição que constrói a sociedade a partir da educação. Conforme Libâneo (2007, p. 127): Toda instituição de ensino escolar necessita de uma estrutura de organiza- ção interna, geralmente prevista no Regimento Escolar ou em legislação específica estadual ou municipal [...] A estrutura organizacional da escola se diferencia conforme a legislação dos estados ou municípios e conforme as concepções de organização e gestões adotadas, mas podemos apresentar a estrutura básica das funções que expressam a organização do trabalho em uma escola. Segundo Libâneo (2007), cada escola precisa de uma estrutura mínima, com seus espaços delimitados e ao mesmo tempo sistêmicos para o bom funcionamento da instituição como um todo. Assim, o autor apresenta um organograma básico para as escolas: direção (diretor, vice-diretor e assistente de direção); setor técnico-administrativo (secretaria; zeladoria, limpeza e vigilância; biblioteca, laboratórios e videoteca); setor pedagógico (conselho de classe; coordenação pedagógica; orien- tação educacional); professores e alunos; pais e comunidade (associação de pais e mestres). Esse é o organograma de uma escola de educação básica que corresponde à legislação atual. Ele propõe a atuação do gestor escolar de forma sistêmica, coletiva, participativa e integrada, na busca da efetivação dos processos que resultem na oferta de uma educação de qualidade para todos, sem distinção econômica ou social. Libâneo (2007) procura conceituar os elementos que compõem o organo- grama. Veja a seguir. Conselho da escola: esse órgão educacional pode existir para consulta, deliberação e fiscalização no que diz respeito aos aspectos pedagógicos, financeiros e administrativos. É composto por docentes, especialistas, funcionários, pais e alunos. Gestão/direção: compete ao diretor, com base nas decisões tomadas coletivamente pela equipe escolar e pela comunidade, coordenar, or- ganizar e gerenciar as atividades da instituição de ensino, auxiliado 13Princípios da gestão educacional ou apoiado pelos outros funcionários ou setores da escola, de forma a efetivar uma gestão participativa e democrática. Setor técnico-administrativo: é responsável pelas atividades que man- têm a escola em andamento efetivo, ou seja, funcionando. A secretaria da escola cuida da documentação escolar (docentes, funcionários e alunos) e realiza o atendimento à comunidade. A zeladoria (realizada na maioria das vezes por serventes e, em algumas situações, por empresas terceirizadas) é responsável pelas atividades de manutenção, conser- vação e limpeza, assim como pelos equipamentos e instalações, além de fazer merenda no caso de escolas públicas e de realizar pequenos reparos. A vigilância tem como objetivo cuidar do patrimônio físico do ambiente escolar e atentar às pessoas que estão na escola, além de outras atribuições que cada escola pode demandar no seu contexto específico. Setor pedagógico: é responsável pela coordenação pedagógica e pela orientação educacional, funções exercidas por especialistas. Deve prestar assistência na área pedagógica e didática aos docentes da instituição. Pode ainda acompanhar a interação entre pais, alunos e professores para ações referentes a dificuldades apresentadas por alunos e professores, preocupando-se com a qualidade do que é ensinado aos alunos e com o seu desempenho escolar. Instituições auxiliares: compreendem associações de pais e mestres (reúnem toda a comunidade escolar, funcionando por meio de uma diretoria executiva e de um conselho deliberativo, legislado por um estatuto), grêmio estudantil (entidade representativa de alunos) e caixa escolar (organizador da assistência escolar e econômica — em algumas escolas, acompanha e controla os recursos financeiros da instituição). Têm como função auxiliar na administração da escola, porém devem manter a autonomia e não podem sofrer influências da Secretaria da Educação ou da direção da escola. Corpo docente e corpo discente: o primeiro é o grupo de professo- res, constituído pelos docentes em efetivo exercício. O corpo discente é composto pelo grupo de alunos da escola, assim como pelas suas representações estudantis. Como você sabe, todas as instituições de ensino possuem objetivos e buscam resultados. Para isso, é necessário promover encaminhamentos estruturados e organizados, de forma que todos os atores escolares sejam envolvidos para atingir os resultados esperados. A ideia é que todos se sintam colaboradores Princípios da gestão educacional14 e responsáveis pelas trajetórias escolhidas pela escola, levando à oferta de uma educação de qualidade. A oferta de uma educação de qualidade para todos exige uma gestão democrática, participativa e que compreenda a gestão num processo sistêmico. O gestor demo- crático entende a relevância de cada setor separadamente e a importância das suas contribuições para a coletividade. Portanto, deve-se buscar uma gestão que priorize o ser humano acima de processos burocráticos. O gestor ainda atua no entorno da escola e na comunidade em que a insti- tuição está inserida. Portanto, ele precisa analisar e organizar a gestão escolar a partir de premissas que permeiam a própria sociedade atual, suas demandas emergentes, as necessidades do mercado de trabalho e as necessidades da co- munidade escolar — o que envolve as realidades dos professores, funcionários, alunos e pais, ou seja, todos os atores que formam e participam da escola. Em síntese, o gestor deve ter a visão do todo e ao mesmo tempo considerar as partes. Só assim ele consegue gerir a escola com responsabilidade, transparência e democracia, priorizando uma instituição que educa e educando também por meio do seu exemplo de gestão. Por fim, você deve lembrar-se de que o organograma da escola precisa ser pensado especificamente para o contexto de cada instituição. Além disso, ele deve ter por base as normas próprias do sistema de ensino, seja municipal ou estadual, e a autonomia que a escola possui para organizar-se conforme o seu regimento e o seu projeto político-pedagógico. O gestor escolar possui tarefas cada vez mais complexas. Em seu cotidiano, ele realiza diferentes gestões: do espaço, dos aspectos legais, dos recursos financeiros, das relações interpressoais, da interação com a comunidade e com a Secretaria da Educação. A grande maioria das ações é conduzida por critérios objetivos e técnicos próprios das políticas públicas, da escola e da gestão.Como você pode perceber, a proposta de democratização do espaço escolar não pode ser pensada sem levar em conta todos os espaços de atuação do gestor e a rea- lidade das reformas educacionais vigentes. Tais fatores precisam ser analisados cuidadosamente para que se possa ofertar uma educação de qualidade para todos. 15Princípios da gestão educacional No link a seguir, confira um vídeo em que o professor Vitor Henrique Paro fala sobre a gestão escolar democrática. https://qrgo.page.link/JJsEd AGUIAR, M. Â. Gestão da educação e a formação profissional da educação no Brasil. In: AGUIAR, M. Â. (org.). Gestão da educação: impasses, perspectivas e compromissos. São Paulo: Cortez Editora, 2004. BACELAR, L. P. O papel do conselho escolar para a democratização da gestão. Fortaleza: UEC, 2008. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/consti- tuicao/constituicao.htm. Acesso em: 19 jun. 2019. BRASIL. Lei no. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.htm. Acesso em: 19 jun. 2019. CHICHAVEKE, E.; MARTINS, M. F. Supervisão de ensino: legislação e atuação nas décadas de 1960 a 2000. Revista HISTEDBR On-Line, [s. l.], v. 15, n. 64, p. 86-110, 2015. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/histedbr/article/view/8641930. Acesso em: 19 jun. 2019. DEL PINO, M. 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Rio de Janeiro: DP&A, 2002. 17Princípios da gestão educacional DICA DO PROFESSOR Os princípios da gestão educacional desafiam a escola a pensar e refletir diferentes modelos e práticas para organizar e estruturar as instituições conforme as necessidades e as demandas da atualidade. O modelo de gestão que tem como base a escola democrática atende a necessidade atual dos alunos de assumirem uma participação mais ativa no processo de ensino- aprendizagem. Por meio desse modelo, todos têm direitos de decisão sobre o seu destino. Confira, na Dica do Professor, informações sobre esse modelo de gestão baseado na escola democrática. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Na década de 30, o contexto educacional acadêmico encontrava-se imerso nos ideais progressistas de educação em contraposição à educação tradicional, a qual não mais favorecia os ideais de desenvolvimento do país naquele período, que se voltava para o avanço da industrialização. Tal cenário educacional constituiu-se em virtude da influência do movimento pedagógico da Escola Nova, especialmente, da corrente norte-americana, protagonizada por Dewey. Assinale a alternativa que se relaciona com essa afirmação. A) Em meio a essas transformações, vários educadores verificaram certa desorganização do aparelho escolar e preferiram a administração participativa, com base nas diretrizes do poder público. B) Ressalta-se que a estrutura administrativa que se compõe a partir dessa orientação deixa explícita uma forma de organização baseada na hierarquia das funções. Nessa perspectiva de administração, os diretores assumem papel preponderante: são considerados a figura central. C) Eram necessárias mudanças na administração escolar, em virtude de que, antes, o ensino era destinado a uma elite minoritária, no entanto, deveria estender-se para todos, ressaltando que não se trata apenas de escolas para todos, mas de que “todos aprendam”. D) A relação entre a racionalidade administrativa e o processo educativo começa por questionar qual a contribuição dessa racionalidade para a diminuição das desigualdades sociais. E) A administração tem sido vista como exercício da democracia, a fim de reproduzir determinadas relações sociais que são funcionais e necessárias à manutenção da sociedade civil sob o prisma do desenvolvimento econômico, ou seja, do capitalismo. 2) A mudança de concepção de escola e as implicações quanto à gestão alteram as limitações do modelo estático de escola e de sua direção. A transição de um modelo estático para um paradigma dinâmico, a descentralização, a democratização da gestão escolar, a construção da autonomia da escola e a formação de gestores escolares são fatores que evoluíram com as reformas educacionais brasileiras (SANDER, 2007, p.32). Quais são as características dessa forte tendência marcada pela transição de paradigmas? A) O sistema escolar foi marcado pelo centralismo, autoritarismo e estruturas burocráticas padrões. A unidade escolar era organizada de “fora para dentro”. B) Repleta de características e tem o objetivo de atender as necessidades da escola, de forma centralizadora na figura do diretor, que, com as mudanças da sociedade, passa a evoluir gradativamente exigindo outros meios do processo administrativo. C) Tem como finalidade elaborar uma nova síntese teórica da administração da educação baseando-se numa visão simultânea dos atos e fatos administrativos, mas sem caráter ideológico, na busca da neutralidade. É a tendência do estático para o dinâmico por meio da adoção de concepções e práticas interativas, participativas e democráticas, caracterizadas por movimentos dinâmicos e D) globais. E) Devido à grande transformação do mercado com o capitalismo e a era da globalização, a educação precisaria acompanhar essa evolução de modo que se ajustasse ao desenvolvimento do mercado do país. 3) A gestão escolar também é engendrada como um sistema que agrega pessoas, “considerando o caráter intencional de suas ações e as interações sociais que estabelecem entre si e com o contexto sócio-político, nas formas democráticas de tomada de decisões” (LIBÂNEO, 2007, p.324). Nesse sentido, como se dá o processo decisório institucional? A) Compreende-se que o processo de tomada de decisões dá-se coletivamente, possibilitando aos membros do grupo discussão e deliberação conjunta. Assim, o gestor escolar, na dimensão política, exerce o princípio da autonomia, que requer vínculos mais estreitos com a comunidade educativa. B) As premissas do processo decisório estão fundamentadas na gestão democráticaque inclui a participação ativa dos professores e da comunidade escolar como um todo, de forma a garantir qualidade para todos os alunos, centrada na decisão responsável do dirigente escolar. C) O processo de gestão deve coordenar a dinâmica do sistema de ensino, indo além, deve discutir a importância da articulação das diretrizes e políticas educacionais públicas e as ações para implementação dessas políticas e dos projetos pedagógicos das escolas construídos por seus gestores. D) Os princípios da gestão escolar devem estar compromissados com a democracia e com um ambiente educacional autônomo, de participação e compartilhamento, com tomada conjunta de decisões da equipe diretiva para efetivação de resultados, acompanhamento, avaliação e retorno de informações. O processo decisório na perspectiva da gestão escolar democrática está pautado nas E) decisões feitas pelo conselho deliberativo da Associação de Pais e Mestres em acordo com os movimentos de representação estudantil, como, por exemplo, os Grêmios de cada escola. 4) Para Aguiar (2004), o profissional que irá trabalhar na gestão escolar necessita do desenvolvimento de determinadas competências e habilidades próprias para o cargo, sendo que esse profissional precisa passar por um processo de formação para atuar da melhor forma e responder às demandas do contexto interno e externo educacional. Quais são as principais dimensões que devem ser abordadas na formação do gestor escolar? A) A primeira dimensão é sobre a reflexão teórica em estudos sobre as políticas educacionais e as construções históricas e socioculturais. A segunda dimensão é a habilidade de interlocução entre os diferentes sujeitos do espaço escolar. A terceira dimensão se refere à discussão teórica sobre o planejamento e a gestão dos sistemas de ensino. B) As dimensões tratam sobre os estudos teóricos da legislação educacional, as políticas públicas, os modelos administrativos hierárquicos participativos, o organograma escolar e as relações interpessoais para o desenvolvimento da habilidade de interlocução entre os diferentes sujeitos. C) A principal dimensão a ser tratada num curso de formação dos gestores escolares trata-se da aproximação da discussão teórica sobre o planejamento e a gestão dos sistemas de ensino, considerando como foco as ferramentas metodológicas e tecnológicas. D) Uma temática relevante e adequada a ser aplicada na formação dos futuros gestores escolar deverá ser pautada nos estudos sobre a gestão democrática e participativa para criação de associações e conselhos escolares que poderão auxiliar e praticar a gestão colaborativa com responsabilidade e legalidade diante da comunidade interna e externa. As dimensões principais que devem ser abordadas nos cursos de formação para gestores escolares se referem aos tópicos: gestão democrática, formação continuada para docentes, pensamento computacional para solução de problemas complexos e importância da criação E) de movimentos estudantis. 5) Um gestor escolar comprometido é aquele que se articula com o desenvolvimento de capacidades para o desempenho de determinados papéis profissionais, contextualizados no projeto institucional e na concepção de gestão e de profissionalização presentes na política educacional. Quais as principais características de um gestor escolar na perspectiva democrática? A) O gestor escolar tem sido alvo de muita discussão, por isso, a gestão deve ser pautada na descentralização e na autonomia, permitindo que as discussões ocorram no âmbito das equipes diretivas e nos conselhos deliberativos, que ganharam força e se desenvolveram nos últimos anos mudando o contexto escolar brasileiro. B) O perfil dos gestores escolares está passando por muitas mudanças, e essas alterações estão refletindo nas políticas públicas educacionais, nos novos desafios que se apresentam na educação, o que exigiu, e ainda exige, um papel de maior responsabilidade para o gestor escolar, centrando todas as decisões na figura do diretor. C) O gestor escolar tem papel fundamental para a instituição de ensino. Ele é líder de uma grande equipe e deve estar preparado para lidar com as mais diversas situações escolares, sabendo distribuir suas tarefas e coordenar seus funcionários de forma harmoniosa para que a equipe possa trocar experiências e trabalhar coletivamente. D) O perfil do gestor escolar deve ser de um profissional que, para trabalhar com êxito, deve ter olhar crítico e amplo de forma que possa cuidar do estabelecimento de ensino por completo, sem perder a sua autoridade diante do grupo e sua responsabilidade nas principais decisões da instituição de ensino. E) O gestor precisa ter uma visão sistêmica e contratar equipes de consultoria de fora da escola, que possam destacar quais os principais obstáculos para o sucesso do desempenho de seus alunos. É imprescindível, no entanto, o trabalho de um gestor educacional. Este, utilizando toda sua experiência, procurará fazer um trabalho que dignifique e atenda o objetivo dos estudantes. NA PRÁTICA No contexto dos princípios da gestão educacional, alguns desafios constantes se apresentam para responder às demandas da contemporaneidade. Um desses desafios é o modelo de gestão escolar democrática, também conhecido como escola democrática. Neste Na Prática, você irá refletir sobre uma instituição educacional da atualidade brasileira que está fundamentada na estrutura da escola democrática. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Gestão Escolar Democrática - Prof. Vitor Henrique Paro Confira, neste vídeo, conceitos sobre trabalho, política e ética na administração escolar. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Revisão de literatura: o conceito de gestão escolar O texto é uma sistematização do tema gestão escolar, identificando a existência ou não de lacunas na literatura sobre o assunto, analisando as publicações e a evolução do conceito de gestão. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Gestão escolar: novo paradigma de uma gestão participativa O texto fala sobre a mudança de paradigma, que vem marcada pela forte tendência à adoção de concepções e práticas participativas e democráticas. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
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