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PROCESSO CIVIL - RECURSOS EM ESPÉCIE - RESUMO - AGRAVO DE INSTRUMENTO

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Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022/1 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO 
 
O Agravo de instrumento é um recurso muito utilizado no direito processual civil brasileiro, sendo o seu cabimento 
uma das questões mais discutidas pela doutrina e pela jurisprudência atualmente. Em regra, trata-se de um recurso 
cabível contra decisões interlocutórias. 
 
DOS REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE 
 
Em regra, os requisitos de admissibilidade do agravo de instrumento é o mesmo dos aplicados aos outros recursos. 
Contudo, há de se ter certa preocupação a respeito do cabimento. 
 
CABIMENTO 
O CPC/73 estabelecia que, independentemente do conteúdo, contra a sentença caberia apelação e contra as 
decisões interlocutórias caberia agravo. O sistema adotado por este CPC permitia uma ampla recorribilidade das 
interlocutórias, de modo que todas as decisões interlocutórias eram agraváveis5. 
Contudo, existiam duas figuras de agravo possíveis de serem utilizadas: o agravo retido e o agravo de 
instrumento6. 
 
AGRAVO RETIDO 
Era utilizado para evitar a preclusão. Assim, quando a 
decisão interlocutória era proferida, a parte entrava 
com o agravo retido. 
Contudo, o recurso apenas seria julgado no final do 
processo, na apelação. Por isso, era incompatível com a 
tutela de urgência. 
AGRAVO DE INSTRUMENTO 
Era interposto diretamente no tribunal, a fim de que 
fosse julgado mais rapidamente. 
 
 
5 A exposição de motivos deste Código indica expressamente que tinha como objetivo a simplificação do sistema recursal vigente à época. 
Por isso, estabelece de forma mais clara o cabimento de agravo contra decisões interlocutórias e apelação contra sentenças, 
considerando o conceito atribuído a cada um desses pronunciamentos e desconsiderando o conteúdo dos mesmos. 
6 O CPC/39 ainda previa o agravo de petição, utilizado para impugnar sentenças que extinguiam o processo sem resolução do mérito. 
Contudo, o CPC/73 afastou essa possibilidade, de modo que qualquer sentença seria impugnada diretamente pela apelação. 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022/1 
 
A escolha pela interposição de um recurso ou outro dependeria do interesse da parte. 
Além disso, ainda havia a possibilidade de se recorrer decisões proferidas nos tribunais, por meio dos agravos 
internos. 
Observe que, em que pese haver ampla recorribilidade das decisões interlocutórias7, a existência do agravo retido 
permitia que o processo transcorresse sem muitas interrupções, vez que ele impedia a operação da preclusão do 
recurso e apenas era julgado ao final do processo. 
O CPC/73 sofreu diversas modificações durante os anos subsequentes ao início de sua vigência. E, durante essas 
reformas, percebeu-se a tendência do legislador em se alinhar de forma mais incisiva ao agravo retido. A 
partir do ano de 2001, estabeleceu-se hipóteses em que o agravo retido haveria de ser obrigatório, de modo que o 
agravo de instrumento já passou a ser um recurso excepcional, usado somente nas hipóteses em que não houvesse 
interesse no agravo retido8. Já em 2005, passou-se a entender, de fato, que o agravo de instrumento só seria 
cabível em casos expressamente previstos em lei, que gerasse a real necessidade de sua impugnação. 
Com o advento do CPC/2015, as seguintes mudanças são realizadas: 
❖ Extingue-se o instituto do agravo retido; 
❖ Limita-se o cabimento do agravo de instrumento, por 
meio de rol taxativo; 
❖ Protege as decisões não agraváveis contra a preclusão, 
a fim de que possam ser impugnadas em contrarrazões 
de apelação. 
 
Com o advento do CPC de 2015 novas alterações foram feitas e todas no sentido de delimitar ao 
máximo a possibilidade de se recorrer por agravo de instrumento justamente para evitar que 
os tribunais ficassem assoberbados de agravos, prejudicando o processamento e julgamento das 
apelações, afinal de contas agrava-se de interlocutória e apela-se da sentença. 
- Abelha, 2016 
 
O agravo retido é extinto e apenas o agravo de instrumento pode ser utilizado contra as decisões interlocutórias. 
Contudo, adotou-se um sistema voltado à irrecorribilidade em separado das decisões interlocutórias, sendo 
apenas possível agravar as decisões que tratam especificamente do rol apresentado pelo art. 1.015, CPC. 
 
 
 
7 RECORRIBILIDADE PLENA DAS DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS – Todas as decisões interlocutórias poderiam ser agravadas, sob pena 
de preclusão. 
8 Ante a essa nova possibilidade, o Relator poderia converter o agravo de instrumento em agravo retido. 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022/1 
 
Art. 1.015, CPC: Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem 
sobre: 
I – tutelas provisórias; 
II – mérito do processo; 
III – rejeição da alegação de convenção de arbitragem; 
IV – incidente de desconsideração da personalidade jurídica; 
V – rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação; 
VI – exibição ou posse de documento ou coisa; 
VII – exclusão de litisconsorte; 
VIII – rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio; 
IX – admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros; 
X – concessão, modificação ou revogação do efeito suspensivo aos embargos à execução; 
XI – redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, §1º. 
 
Parágrafo Único: Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias 
proferidas na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de 
execução e no processo de inventário. 
 
 
 
 
 
 
Tal posição teve fundamento no fato de que a interposição de vários recursos contra as decisões proferidas 
pode atrapalhar substancialmente o andamento do processo. Logo, a adoção do princípio da irrecorribilidade das 
decisões interlocutórias teria como o fim a diminuição no número de recursos interpostos. 
Por isso, o rol do art. 1.015 do CPC é taxativo. Registra-se que com relação às decisões de que trata o parágrafo 
único, todas podem ser agravadas. 
 
Tratando-se de decisão interlocutória descrita nos incisos do art. 1.015 o agravo será interposto 
por instrumento. Em todas as hipóteses descritas no referido dispositivo verifica-se que há 
um ponto comum entre elas que é a urgência in re ipsa, ou seja, presumiu o legislador que 
nestas hipóteses é justo que a interlocutória seja agravável por instrumento levando ao 
Caso estas decisões não sejam impugnadas, sobre elas 
recairá a preclusão, vez que são impugnáveis. Ao 
contrário das decisões não agraváveis, que poderão 
ser impugnadas em sede de apelação. 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022/1 
 
tribunal diretamente o conhecimento da matéria impugnada, pois, do contrário poderia 
haver um prejuízo insuportável para a parte ou para o próprio processo. 
- Marcelo Abelha 
Destaca-se que a parte não perde o direito de recorrer das decisões não presentes no rol do art. 1.015. O que ocorre 
é que sobre elas não incide a preclusão, podendo ser impugnadas em sede de apelação9. Isso caracteriza a adoção 
de um sistema misto acerca da recorribilidade das decisões interlocutórias, porquanto não exclui plenamente a 
possibilidade de atacar tais decisões, ressalvando a chance de impugná-las em apelação. 
 
Art. 1.009, CPC: Da sentença cabe apelação. 
 
§1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar 
agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em 
preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões. 
 
§2º Se as questões referidas no §1º forem suscitadas em contrarrazões, o recorrente será 
intimado para, em 15 dias, manifestar-se a respeito delas. 
 
Contudo, ao final do processo, a parte vencida pode optar por recorrer apenas contra a sentença. Nesse caso, haverá 
preclusão da decisão interlocutória não agravável. 
Por óbvio, caso a decisão interlocutória trate sobre questão de ordem pública, será irrelevante a impugnação 
das partes, vez que o Tribunalpoderá analisa-la de qualquer forma, a partir do aspecto do princípio inquisitivo 
dos recursos. 
Assim, a apelação deixa de ser um recurso utilizado para atacar apenas a sentença, como também para atacar as 
decisões interlocutórias não agraváveis10. 
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES: 
❖ A apelação deverá conter tanto a impugnação à sentença quando a impugnação à decisão interlocutória? 
Sim, caso a parte decida por impugnar tanto a interlocutória que lhe foi desfavorável quanto a sentença. Deverão ser 
apresentados dois pedidos, fundamentados em capítulos diferentes. Caso acolhido o pedido formulado contra a decisão 
 
9 Isso era, basicamente, a função do agravo retido. 
10 Nesse sentido, quando a apelação é utilizada para estes dois fins, é preciso que, em atendimento ao princípio da dialeticidade, cada 
decisão seja impugnada em separado, estando os fundamentos utilizados coerentes com o fim que se pretende. 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022/1 
 
interlocutória, a sentença e vários atos que lhe procederem serão desfeitos (cumulação imprópria), o que se dá em 
razão da concatenação dos atos processuais. 
 
❖ É possível apelar apenas de decisão interlocutória? 
Sim. A apelação apenas contra a decisão interlocutória será possível qual ela não tiver relação com a sentença 
proferida. 
Um exemplo disso é na hipótese de haver sido arbitrada multa, ao longo do processo, contra a parte que ao final foi 
vencedora. A apelação, nesse caso, serviria para impugnar a decisão que arbitrou a multa, não tendo qualquer 
relação com a sentença proferida e tendo em vista ser esta uma decisão não agravável, nos termos do art. 1.015 do 
CPC. Mesmo porque, não haveria interesse em impugnar a sentença. 
Nesse caso, se for impugnada a decisão interlocutória, mas não a sentença, esta ficará sob condição suspensiva, 
sendo necessário o julgamento da apelação para que transite em julgado. 
 
❖ É possível impugnar a interlocutória nas contrarrazões? 
Sim, conforme prevê o art. 1.009, §2º, do CPC. 
Nessa hipótese, caso as contrarrazões de apelação sejam utilizadas como instrumento para impugnar decisões 
interlocutórias, deverão estar presentes os requisitos de admissibilidade do recurso. Ou seja, as contrarrazões 
não mais são entendidas como meras respostas ao recurso interposto pelo Recorrente, como também possui teor 
recursal. 
 
Art. 1.009, §2º, CPC: Se as questões referidas no §1º forem suscitadas em contrarrazões, o 
recorrente será intimado para, em 15 dias, manifestar-se a respeito delas. 
 
O que ocorre, nessas hipóteses, é que o vencedor impugna a decisão interlocutória que lhe é desfavorável, em sede 
de contrarrazões de apelação. 
Para que isso ocorra, entretanto, é necessário que haja a real possibilidade de que o julgamento seja mudado. Ou seja, 
o recurso em contrarrazões apenas será analisado em caso de provimento da apelação, uma vez que está 
condicionado a este julgamento. 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022/1 
 
Ex.: O Autor requer prova testemunhal, que é negada. Ao fim do processo, obtém-se a sentença favorável ao Autor. O 
Réu apela. O Autor impugna essa decisão em sede de contrarrazões. Nessa hipótese, a prova testemunhal apenas 
será produzida na hipótese de a Apelação ser acolhida pelo Tribunal (interesse eventual). 
 
O recurso em contrarrazões não é autônomo, visto que adere à apelação do vencido e sua 
apreciação, em regra, dependerá do resultado a que chegar a apelação. Trata-se, pois, de um 
recurso subordinado e condicional: o interesse do vencedor perdura enquanto subsistir a apelação 
do vencido. Inadmitida esta ou extinta sem decisão de seu mérito, desaparece a possibilidade de 
apreciação da impugnação contida nas contrarrazões. Daí falar-se em recurso subordinado. 
Por outro lado, se improvida a apelação, desaparecerá, também, o interesse do vencedor na 
apreciação do recurso embutido nas contrarrazões, que somente fora manifestado levando em 
conta a eventualidade de a sentença ser reformada em benefício do apelante. 
Por isso, se reconhece que o remédio impugnativo previsto no §1º do art. 1.009 é, a um só 
tempo, recurso subordinado e condicional. Admite-se, todavia, que, em circunstâncias 
excepcionais, possa o vencedor exigir o julgamento das contrarrazões, quando estas 
envolverem pretensões independentes em face do julgamento da apelação, e cuja solução 
corresponda a legítimo interesse da parte vencedora, ainda que a apelação do vencido seja 
desprovida. 
- Humberto Theodoro Jr. 
 
DA TAXATIVIDADE MITIGADA 
 
Com relação à taxatividade do rol apresentado pelo art. 1.015, diversas eram as críticas doutrinárias. Isso porque não 
foi estabelecido um critério claro a respeito de quais decisões seriam agraváveis ou não, com relação aos 
incisos do artigo11. Conforme se extrai do rol em comento, são diversas as naturezas dos assuntos tratados pelas 
decisões agraváveis. 
Estabelece-se que o rol estabelecido foi firmado de forma: 
❖ Insuficiente; 
❖ Sem qualquer critério científico adequado12; 
 
11 Com relação ao exposto no parágrafo único do dispositivo, destaca-se que se tratam de procedimentos em que a espera da sentença 
poderia gerar danos ao curso do processo. A exemplo das decisões proferidas na execução: a execução é sentenciada quando chega ao 
final. Nesse sentido, não existe razão para que se espere até a apelação para impugnar a penhora de um bem, por exemplo. 
12 Destaca-se que o rol estabelecido no anteprojeto do Código era bem maior. Isso demonstra que não há qualquer critério científico ou 
lógico no estabelecimento das hipóteses do art. 1.015. O que ocorreu foi a identificação de hipóteses que, segundo o legislador, seriam 
mais urgentes. 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022/1 
 
❖ Casuística. 
Nesta toada, surgiram quatro correntes: 
 
CORRENTE 1 -> A taxatividade é defendida e necessária, para que seja priorizada a celeridade do processo. 
CORRENTE 2 -> Recomenda a interposição de mandado de segurança contra ato judicial13 contra a decisão não 
agravável, devendo ser demonstrados os requisitos da urgência. 
CORRENTE 3 -> Defende a interpretação extensiva do rol apresentado pelo art. 1.015. Nessa hipótese, a taxatividade 
do rol seria completamente ignorada. 
CORRENTE 4 -> Defendia a taxatividade mitigada. 
 
Jurisprudencialmente, a corrente da taxatividade mitigada foi adotada pelo STJ por meio do Tema 988 do STJ, por 
meio do qual houve o firmamento da seguinte tese: 
 
Tema 988: O rol do art. 1.015 do CPC é de taxatividade mitigada, por isso admite a interposição de 
agravo de instrumento quando verificada a urgência decorrente da inutilidade do julgamento 
da questão no recurso de apelação. 
 
Tal Tema criou um novo critério para a interposição do agravo de instrumento contra decisões não abrangidas pelo 
rol do art. 1.015, qual seja a presença da urgência, quando houver inutilidade do julgamento do recurso na 
apelação. Ainda, o Tema define que: 
❖ Não cabe mandado de segurança contra ato judicial; 
❖ A preclusão não atinge as decisões não agraváveis. 
 
Flávio Cheim tece críticas à decisão, quando ela coloca que um dos critérios a ser analisado não é a inutilidade da 
demanda, mas sim a demora no julgamento do processo, como foi indicado pelo voto vencedor que fixou a Tese em 
comento. Segundo o professor, esse critério de urgência é um dano marginal em sentido estrito, advindo 
apenas pelo tempo de tramitação do processo. Tal critério não é aceito pelo ordenamento jurídico brasileiro. 
 
13 Remédio constitucional. Ação autônoma de impugnação. 
No regime do CPC/73, esse entendimento já era frequentemente aplicado, tendo em vista que a interposição do agravo não comportava 
efeito suspensivo, o que poderia causar prejuízo às partes. 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022/1 
 
Na verdade, o dano marginal tratado pelo direito brasileiro é o de sentido amplo, que cuida apenas das hipóteses 
de perigo de demora, quando não existe a possibilidadede aguardar o trâmite normal do processo em razão de a 
espera ensejar em danos. 
Destaca-se, inclusive, que a maior parte das decisões interlocutórias poderiam ser agravadas quando utilizado o 
critério do dano marginal em sentido estrito. Ou seja, na prática, a taxatividade mitigada criou um sistema 
inseguro. 
 
O tema, não obstante a excelência de argumentação dos votos vencedores, que encontra reforço 
em festejadas lições doutrinárias de Wiliam Santos Ferreira, da PUCSP, acaba por gerar 
dificuldades de toda a ordem no que diz respeito à necessidade de (re)interpretação do que seja 
urgência para fins de admissibilidade do agravo de instrumento, ao mesmo tempo que, em rigor, a 
recusa da aplicação do critério eleito pelo legislador seria a mais apropriada em sede de controle 
incidental de inconstitucionalidade, oportunidade na qual ele seria desafiado com o modelo 
constitucional do direito processual civil, no bojo do incidente regrado pelos arts. 948 a 950. 
- Cassio Scarpinella Bueno 
Outras críticas apresentadas pela doutrina são: 
❖ O julgamento foi contra legem; 
❖ Houve a criação de outras hipóteses que não as indicadas pelo Código; 
❖ Houve a legislação por parte do STJ; 
 
PROCEDIMENTO E REGULARIDADE FORMAL 
 
A petição de agravo de instrumento será dirigida diretamente ao tribunal competente14, estando os requisitos formais 
de interposição apresentados pelos arts. 1.016 e 1.017 do CPC: 
 
Art. 1.016, CPC: O agravo de instrumento será dirigido diretamente ao tribunal competente, por 
meio de petição com os seguinte requisitos: 
I – os nomes das partes; 
II – a exposição do fato e do direito; 
 
14 Anteriormente ao CPC/73, o recurso de agravo de instrumento era interposto ao juízo a quo. Contudo, a opção em se interpor tal 
recurso diretamente no tribunal responsável teve como objetivo a resolução de dois problemas, qual seja a tarefa da formação e 
discussão do recurso em primeiro grai e a constante necessidade do uso de mandado de segurança para alcançar o efeito suspensivo 
(Humberto Theodoro, Jr,. 2021). 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022/1 
 
III – as razões do pedido de reforma ou de invalidação da decisão e o próprio pedido; 
IV – o nome e o endereço completo dos advogados constantes do processo. 
 
Art. 1.017, CPC: A petição de agravo de instrumento será instruída: 
I – obrigatoriamente, com cópias da petição inicial, da contestação, da petição que ensejou a 
decisão agravada, da certidão da respectiva intimação ou outro documento oficial que comprova a 
tempestividade e das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado; 
II – com declaração de inexistência de qualquer dos documentos referidos no inciso I, feita pelo 
advogado do agravante, sob pena de sua responsabilidade pessoal; 
III – facultativamente, com outras peças que o agravante repudiar úteis. 
 
§1º Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das respectivas custas e do porte de 
retorno, quando devidos, conforme tabela publicada pelos tribunais. 
 
§2º No prazo do recurso, o agravo será interposto por: 
I – protocolo realizado diretamente no tribunal; 
II – protocolo realizado na própria comarca, seção ou subseção judiciárias; 
III – postagem, sob registro, com aviso de recebimento; 
IV – transmissão de dados tipo fac-símile, nos termos da lei; 
V – outra forma prevista em lei. 
 
§3º Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de algum outro vício que comprometa a 
admissibilidade do agravo de instrumento, deve o relator aplicar o disposto no art. 932, 
parágrafo único. 
 
§4º Se o recurso for interposto por sistema de transmissão de dados tipo fac-símile ou similar, as 
peças devem ser juntadas no momento de protocolo da petição original. 
 
§5º Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se as peças referidas nos incisos I e II do 
caput facultando-se ao agravante anexar outros documentos que entender úteis para a 
compreensão da controvérsia. 
 
Registra-se que deve ser apresentado na primeira instância o agravo interposto, em não sendo eletrônicos os 
autos. 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022/1 
 
Art. 1.018, CPC: O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição 
do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos que 
instruíram o recurso. 
 
§1º Se o juiz comunicar que reformou inteiramente a decisão, o relator considerará prejudicado o 
agravo de instrumento. 
 
§2º Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a providência prevista no caput, no prazo 
de 3 dias a contar da interposição do agravo de instrumento. 
 
§3º O descumprimento da exigência de que trata o §2º, desde que arguido e provado pelo 
agravado, importa inadmissibilidade do agravo de instrumento. 
 
DO EFEITO SUSPENSIVO E ANTECIPAÇÃO DA TUTELA RECURSAL 
 
Prescreve o art. 955 do CPC: 
 
Art. 995, CPC: Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão 
judicial em sentido diverso. 
 
Parágrafo único: A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se 
da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível 
reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso. 
 
Assim, em regra, o agravo de instrumento não comportará efeito suspensivo. Contudo, ante a comprovação do 
risco de dano grave, bem como da probabilidade de provimento do recurso, poderá o relator conceder o efeito 
suspensivo ao recurso. 
 
Art. 1.019, CPC: Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído imediatamente, se não 
for o caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV, o relator, no prazo de 5 dias: 
 
I – poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela, total ou 
parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão; 
Érika Cerri dos Santos 
UFES 2022/1 
 
Ou seja, em sede de agravo de instrumento, é possível que o relator conceda o efeito suspensivo ou antecipe a 
tutela recursal. A diferença entre ambas as práticas é simples: em algumas ocasiões, a mera concessão do 
efeito suspensivo não auxiliará em nada na diminuição dos danos que potencialmente podem ser causados 
pela decisão proferida, como nos casos em que a decisão é negativa em primeiro grau. 
 
EFEITO SUSPENSIVO -> Tem natureza cautelar, busca obstar a produção de efeitos da decisão que foi desfavorável. 
TUTELA ANTECIPADA -> Tem natureza satisfativa, tem o objeto de que a decisão produza efeitos imediatos, 
antecipando algo que seria obtido a título de provimento final. 
 
Ex.: Em sede de tutela de urgência, requer o Autor a retirada de seu nome do SERASA. Contudo, o juiz de primeiro 
grau indefere o pedido, entendendo não estarem presentes os requisitos previstos pelo art. 300 do CPC. Irresignado, 
o Autor agrava a decisão, com o intuito de retirar efetivamente o seu nome do SERASA. 
O que ocorre, nessa hipótese é que se concedido o efeito suspensivo à decisão, a decisão não produzirá efeitos, 
mas o nome do Autor permanecerá no SERASA, o que não é de seu interesse. Nesse caso, o que lhe interessa 
é a concessão da antecipação da tutela recursal, que efetivamente retirará seu nome do SERASA. 
Isso não ocorreria caso a decisão tivesse concedido a tutela de urgência ao Autor; pois, nesse caso, o nome dele 
seria retirado do SERASA e o Réu deveria recorrer com o fim de suspender a eficácia da decisão e manter o nome do 
Autor registrado no sistema. 
Pode-se esquematizar isso da seguinte forma: 
 
DECISÃO POSITIVA -> O interesse do recorrente é na concessão do efeito suspensivo., vez que na vida real a decisão 
produzirá efeitos práticos. 
DECISÃO NEGATIVA -> O interesse do recorrente é na concessão da antecipação da tutela recursal.

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