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Hiperatividade - Transtorno de Déficit de Atenção

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Programa de Educação 
Continuada a Distância 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso de 
Hiperatividade/Transtorno de 
Déficit de Atenção 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
 
 
 
EAD - Educação a Distância 
 Parceria entre Portal Educação e Sites Associados 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso de 
Hiperatividade/Transtorno de 
Déficit de Atenção 
 
 
 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos na bibliografia consultada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
 
 
 
 
 
3 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
MÓDULO I 
 
A prevalência do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) deveria 
ser facilmente conhecida, porque, quando um transtorno é comum em medicina, seu 
diagnóstico em geral é feito prontamente e, em conseqüência, sua prevalência é de fácil 
detecção. Entretanto, isso não ocorre com o TDAH. Um ponto importante a ser 
lembrado é que esse transtorno, apesar de comum, tem sua prevalência em função de 
precisão diagnóstica. Na literatura, o TDAH é freqüentemente descrito de maneira não-
objetiva quanto à sua delimitação e ao uso de critérios para se fazer o diagnóstico, 
influenciando os dados de prevalência. 
Na última década grandes avanços foram obtidos nessa área. O quadro clínico 
está melhor definido. As co-morbidades têm sido mais detalhadas. Vários fatores 
etiológicos têm sido mais investigados, particularmente na área biológica, como 
anormalidades nos circuitos subcórtico-frontais. As pesquisas genéricas, embora não 
tenham encontrado genes definitivos na etiologia desse transtorno, apresentam 
investigações promissoras. Também fatores de risco ambientais têm sido pesquisados e 
associados à fragilidade genética. 
 
TIPOS DE ESTUDO 
 
Há três tipos de estudo que podem auxiliar na determinação de aspectos 
epidemiológicos do TDAH, são eles: os estudos de caso, os longitudinais e os 
retrospectivos. Independentemente do tipo de estudo, a noção de normalidade é 
fundamental, embora muitas vezes seja de difícil definição. Deve-se fazer uma 
avaliação para indicar se um determinado comportamento de crianças pode ser 
comparado com o de um outro grupo de crianças da mesma faixa etária e sexo. É 
chamado enfoque normativo. 
O estudo do caso consiste na cuidadosa descrição, por um ou mais médicos, 
do diagnóstico, da evolução e do transtorno de um paciente. É o tipo mais básico de 
estudo clínico, e tem grande tradição na medicina. Esse estudo pode ser realizado em 
séries temporais, já que as medidas podem ser tomadas ao longo de um determinado 
 
 
 
 
 
4 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
 
tempo. A partir de um controle rigoroso, é possível obter a validade interna, que é a 
capacidade da amostragem de permitir assumir, no final do estudo, qual a direção e o 
valor das relações causais observadas. Nesse estudo, a validade externa não é grande, 
já que não se pode generalizar a partir de sujeitos únicos, mas pode ser aumentada 
mediante a repetição do estudo com diferentes casos. Trata-se de um modelo de 
pesquisa pouco utilizado com pacientes com TDAH, segundo a literatura. As 
desvantagens desse tipo de estudo são as informações originais incompletas; má 
memória das informações; a escolha não-aleatória dos casos, além do longo tempo de 
pesquisa. Em estudo realizado no nosso meio, Golfeto (1997ª) exemplifica a utilidade do 
estudo de caso para o acompanhamento de pacientes com TDAH ao longo do tempo. 
Johnston (1996) chamou a atenção para a necessidade da realização de 
estudos retrospectivos do TDAH, pois poucos analisam a vida pregressa dessas 
crianças e a de seus pais. Entretanto, os estudos retrospectivos apresentam problemas 
metodológicos de difícil resolução. Examinando prontuários antigos, precisamos decidir 
quais crianças pertenceram ao grupo do TDAH. 
Estudos longitudinais com grupo-controle seriam os mais adequados para nos 
dar maior precisão da definição do TDAH, bem como das diferenças de acordo com 
sexo e etapas do desenvolvimento (Barbosa e Gaião, 2001). Entretanto, são mais 
difíceis de ser implementado logisticamente e de custo muito mais elevado (ver, na 
seqüência, a descrição dos estudos longitudinais no TDAH). 
 
ESCALAS DE AVALIAÇÃO 
 
McClure e Gordon (1994) enfatizaram a importância dos estudos 
epidemiológicos do TDAH, principalmente usando instrumentos de rastreio disponíveis à 
comunidade científica. O uso destas escalas ou questionários apresenta, em linhas 
gerais, as seguintes vantagens: permite a homogeneização das informações; possibilita 
a quantificação dos sintomas; estabelece perfis estereotipados, permite a economia de 
tempo e é de fácil manejo. É importante que a escala utilizada apresente uma 
linguagem acessível à população a que se destina, devendo, ainda, constituir-se de 
itens compatíveis com a sintomatologia pesquisada. 
 
 
 
 
 
5 
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Esses instrumentos podem ser aplicados utilizando o ponto de corte, o que vai 
permitir detectar, a princípio, crianças “prováveis positivas” para esses transtornos, 
facilitando assim a avaliação diagnóstica que será realizada pelo especialista, mediante 
cuidadosa história clínica contada por pais e professores. 
As escalas de avaliação não são instrumentos de diagnóstico porque sofrem de 
uma baixa especificidade e sensibilidade, sendo úteis para as pesquisas de 
porcentagem da sintomatologia e no rastreio diagnóstico da sintomatologia do 
transtorno. O uso de escalas de triagem esbarra no limite clínico, pois a hiperatividade 
ocorre em outros transtornos psiquiátricos além do TDAH, facilitando, assim, a detecção 
de casos falso-positivos. Além disso, são poucos os instrumentos validados e 
normatizados para a população brasileira. 
 
Características clínicas e psicossociais relacionadas com TDAH 
 
Sexo e idade 
 
Em amostras clínicas, os estudos encontravam uma proporção de nove 
meninos para uma menina. Estudos comunitários sugeriam uma taxa de quatro meninos 
para cada menina. Assim, Brown e colaboradores (2001) mostram que é alta a 
prevalência em meninos, em torno de 9,2%, enquanto em meninas a taxa é de 3%. O 
DSM-III estimava a prevalência de TDAH em 10,1% dos meninos e 3,3% das meninas 
na faixa etária entre 4 e 11 anos de idade e em 7,3% dos meninos e 3,4% das meninas 
na faixa etária entre 12 e 16 anos de idade (Szatmari e cols., 1989). Em uma 
comunidade de Nova York, Cohen e colaboradores (1994), utilizando como critério 
diagnóstico o DSM-II-R, encontraram taxas de prevalência de 8,5% em meninas e 
17,1% em meninos na faixa etária de 10 a 13 anos, 6,5% em meninas e 11,4% em 
meninos na faixa etária entre 14 e 16 anos de idade; e 6,2% em meninas e 5,8% em 
meninos na faixa etária entre 17 e 20 anos de idade. 
Esser e colaboradores (1990) fizeram um estudo longitudinal com 356 crianças 
de 8 anos de idade. Os pais e as crianças responderam os questionários de Conners. 
Foram rastreadas 216 crianças com idade de 8 anos. Os pesquisadores aplicaram 
 
 
 
 
 
6 
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entrevistas estruturadas nos pais e as 216 crianças foram submetidas a examesneurológicos, neuropsicológicos e testes de habilidades específicas. A amostra final de 
108 crianças; 8,3% de meninos com TDAH e 0% de meninas. A prevalência de 
sintomas hipercinéticos foi de 34,3% em meninos e 26,9% em meninas; a prevalência 
de impulsividade foi 24,2% em meninos e 19,4% em meninas; a prevalência para a 
desatenção foi de 24,1% em meninos e 10,2% em meninas. Esses pacientes foram 
reexaminados aos 13 anos de idade, e os dados apontaram 3% de meninos com TDAH 
e 0% das meninas, sendo que a amostra foi de 95 meninos e 96 meninas. A prevalência 
para o sintoma de hiperatividade foi de 18% nos meninos e de 4% nas meninas. Os 
sintomas de desatenção e impulsividade não foram detectados. 
Entretanto, alguns estudos tendem a mostrar que a taxa de prevalência do 
TDAH é semelhante entre os sexos. Breen e Altepeter (1990), em estudo sobre 
diferenças comportamentais e cognitivas entre meninos e meninas com TDAH, 
observavam que não houve diferença significativa entre os sexos. Esse foi o primeiro 
trabalho a divergir dos pesquisadores da época, quando, segundo Gaião (2001), ainda 
não se predizia a igualdade da freqüência do TDAH em ambos sexos. 
 
Idade 
 
É importante afirmar que as diferentes faixas etárias teriam influencia 
fundamental nos cálculos das taxas de prevalência. Como mencionado anteriormente, 
existe maior número de pesquisas epidemiológicas na faixa etária dos 7 aos 14 anos de 
idade do que em outras, provavelmente pela maior facilidade de se diferenciar as 
crianças portadoras de TDAH em relação às demais nessa faixa etária. 
Entretanto, Kadesjo e colaboradores (2001) estudaram 132 crianças com TDAH 
na faixa etária de 3 a 7 anos, comparando-as com 131 crianças sem TDAH. Esses dois 
grupos foram submetidos ao pareamento por idade, sexo e nível socioeconômico. 
Poucas crianças com TDAH, 6%, pareciam ser “normais” no que concerne ao nível de 
atividade e de atenção em exames clínicos. Esses autores chamam atenção para a 
possibilidade de diagnóstico mesmo em idade pré-escolar, embora diagnosticar o 
transtorno seja mais difícil nessa faixa etária em razão da atividade motora normalmente 
 
 
 
 
 
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aumentada nessa fase do desenvolvimento (Golfeto, 1997a e b). 
Os sintomas podem persistir na adolescência e na vida adulta, e nesse período 
etário o diagnóstico torna-se mais difícil. Um fator complicador no diagnóstico para o 
TDAH na adolescência e na vida adulta é que as co-morbidades do TDAH são mais 
facilmente identificadas como o problema principal ou mais grave. Tal fato dificulta o uso 
de técnicas metodológicas para calcular a taxa de prevalência desse transtorno na 
população (Mannuzza e cols., 1998). 
Em um estudo sobre TDAH, com 15 anos de duração, Weiss e Hechtman 
(1993) referiram que 66% das crianças diagnosticadas com TDAH, quando adultas, 
continuavam apresentando, de forma total ou parcial, déficit de atenção. Lambert e 
colaboradores (1987), em um estudo epidemiológico, demonstraram que, cinco anos 
depois, 43% das crianças diagnosticadas com TDAH ainda apresentavam 
hiperatividade, enquanto Gittelman e colaboradores (1985), em um estudo prospectivo 
com adolescentes e adultos masculinos, todos diagnosticados no passado com TDAH, 
encontraram 32% destes com déficit de atenção e hiperatividade. Weiss e 
colaboradores (2000) mostram porcentagem de persistência de 60%; Barkley e 
colaboradores (1990) sugerem porcentagem de persistência em torno 65% Hart e 
colaboradores (1994) indicam porcentagem de persistência um pouco acima de 60%; e 
Biederman e colaboradores (1996) mostram porcentagem de persistência maior do que 
80%. Os estudos longitudinais de Wender (2001) mostraram taxa de prevalência entre 2 
e 7% de TDAH em adultos, numa proporção de dois homens para uma mulher. Esse 
mesmo autor estima que de 60 a 70% das crianças que apresentavam TDAH continuam 
com esse diagnóstico na vida adulta. 
Concluímos, assim, que a persistência desses transtornos, apesar de estudos 
de prevalência distintos, confirma-se com uma cifra elevada. 
Portanto, o pressuposto de que o transtorno desapareceria com a entrada na 
adolescência não tem suporte na literatura científica. 
 Percebe-se, ainda, que a persistência do transtorno na vida adulta pode estar 
associada a um prognóstico ruim para esses pacientes. Babinky e Lambert (1999) 
estudaram a relação entre TDAH, transtorno de conduta na infância e atividades 
criminais, utilizando o DSM-IV como critério diagnóstico. A amostra constou de 230 
 
 
 
 
 
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crianças do sexo masculino e 75 do sexo feminino, com idade média de 9 anos. Esses 
indivíduos foram estudados prospectivamente e os resultados foram comparados com 
os de grupo-controle, constituído por 360 presidiários, com idade média de 26 anos. Os 
dados foram colhidos por meio de entrevistas com os pais e os professores das 
crianças, e entrevistas com os presidiários. Os resultados dessa pesquisa mostram que 
o TDAH tipo hiperativo/impulsivo e os problemas de conduta na infância ocorreram 
independentemente, bem como predizem risco de encarceramento para meninos e não 
para meninas. Ambos predispõem à criminalidade na vida adulta. A história de vida das 
crianças com TDAH do tipo hiperativo/impulsivo associa-se a alto risco para 
comportamentos anti-sociais. Crianças com transtornos de conduta têm alto risco para 
atitudes criminais mais graves, como assaltos, roubos e uso de armas, enquanto os 
hiperativos/impulsivos têm risco para atividades criminais menos graves, tais como 
vandalismo e agressões físicas. 
 
 
FATORES DE RISCO 
 
A verificação de fatores de risco é fundamental nos estudos epidemiológicos 
sobre o TDAH e será abordada em etiologia. Variáveis sociodemográficas como raça, 
número de irmãos, idade dos pais, nível cultural familiar, transtornos psiquiátricos na 
família, conduta agressiva dos pais, transtorno mental materno e fatores de risco pré e 
perinatais são importantes. Desse modo, as taxas de prevalência podem variar 
significativamente em diferentes ambientes sociais. Entretanto, os estudos mais 
consistentes com o grupo-controle em relação aos fatores de risco na literatura sobre o 
transtorno são escassos. 
Segundo Wolraich e colaboradores (1996), a determinação dos fatores 
psicossociais que estão associados com o TDAH provém de informações fundamentais 
sobre sua distribuição nas populações. Assim, o papel da influencia psicossocial nos 
transtornos é, a muito tempo, de interesse na epidemiologia psiquiátrica. Um dos 
primeiros estudos apontados na literatura é a correlação positiva entre baixo nível 
socioeconômico e hiperatividade e agressividade, porém sem correlação com a taxa de 
 
 
 
 
 
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desatenção. 
Scahill e colaboradores (1999), estudando 449 crianças da zona rural, 
observaram que o TDAH está associado a múltiplas mudanças familiares, baixa renda 
familiar, crianças que vivem em lugar superpovoado, história de doença psiquiátrica 
materna e famílias desestruturadas. 
Segundo Baptiste (1998), ocorre uma maior prevalência de hemorragia vaginal, 
pré-eclampsia e 20% de prematuridade e baixo peso ao nascer nas crianças com 
TDAH. Segundo esse autor, fatores de risco como anóxia, encefalites, traumatismo 
craniano e intoxicações por chumbo e monóxido de carbono podem estar associados a 
alguns casos de TDAH. 
Segundo Smucker e Hedáyat (2001), é importante explorar a história 
psicossocial da família. O impacto de fatores psicossociais, tais como pobreza, 
desintegraçãosocial e eventos traumáticos, foi ainda pouco pesquisado. As 
adversidades impostas por certos fatores psicossociais aumentam os riscos para o 
TDAH ou o TDAH aumenta os riscos de adversidades psicossociais? São necessários, 
ainda, estudos longitudinais que incluam análise da vulnerabilidade genética e 
adversidades sociais para ajudar a entender melhor esses achados. 
 
 
COMENTÁRIOS: 
 
A epidemiologia em psiquiatria é mais complexa do que a epidemiologia em 
outras áreas da medicina, como a das moléstias infecciosas, por exemplo. Ao refletir 
sobre a peculiaridade do ser humano, de ser único e individual, iremos nos deparar com 
inúmeras variáveis que nos levarão a incontáveis vieses. Como lidar com essas 
variáveis e vieses? 
Escalas são utilizadas para coletar dados. Será que ao somar esses resultados 
não se está somando o que não se pode somar? Será que não se está comparando 
resultados que são incomparáveis? 
Diferentes pesquisas, que têm utilizado as mesmas escalas, com os mesmos 
desvios padrão, são comparadas com resultados de outras pesquisas no que se refere 
 
 
 
 
 
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à idade, ao sexo e às condições socioeconômicas. Esperava-se que tal informação 
fornecesse resultados semelhantes. Será que estas escalas podem conduzir os sujeitos 
das diferentes pesquisas a dar respostas semelhantes? E, portanto, levar a resultados 
semelhantes? Os critérios diagnósticos são os mesmos, assim como o ponto de corte. O 
especialista faz o diagnóstico e pode induzir os pacientes em suas respostas. É difícil a 
pesquisa em que o especialista está num experimento cego, ou seja, ele não é isento de 
conhecimentos prévios. O método nem sempre leva a resultados semelhantes, as 
pesquisas são conduzidas para um conjunto de informações controvertidas. 
As pesquisas epidemiológicas nos fornecem acúmulos de resultados que 
apontam para novas pesquisas que têm como meta identificar essas controvérsias e, se 
possível, chegar a conclusões unânimes, amplificar as informações e diminuir o 
redutivismo dos números. 
Com a introdução da computação, a pesquisa epidemiológica sofreu uma 
verdadeira revolução graças à possibilidade de aumento da capacidade dos bancos de 
dados, além da criação de técnicas de análises estatísticas. A computação também 
tornou possível o aperfeiçoamento dos testes de significância estatística, cada vez mais 
precisos e específicos. Essa análise, em estudo de casos, poderia ser a solução para 
evitar pesquisas muito estruturadas e divergentes? E a análise poderia abrir caminho 
para pesquisas em situações mais abrangentes? 
A epidemiologia deve desenvolver técnicas de pesquisa mais apuradas para 
detectar as inúmeras possibilidades que cada ser humano traz dentro de si e de 
estabelecer relações com o meio ambiente. Assim, abre-se a possibilidade de uma 
“epidemiologia clínica” da saúde mental coletiva menos biológica. 
 
 
Etiologia 
 
Apesar de todos os estudos realizados para tentar descobrir as possíveis 
causas do TDAH, elas ainda continuam desconhecidas e, embora hipóteses existam em 
abundância, nenhuma responde satisfatoriamente por todos os casos; como afirma 
Arnold e Jensen (1999). Nenhuma hipótese isolada obteve aceitação como causa, 
 
 
 
 
 
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porém, várias formas apoiadas por evidencias convincentes, focalizadas em alguma 
anormalidade de funcionamento cerebral, genética ou adquirida e até mesmo através da 
socialização. 
Segundo Kaplan, Sadock e Grebb (1997), por mais que não exista base 
neurofisiológica ou neuroquímica específica para o transtorno, o TDAH está associado a 
outros transtornos que afetam as funções cerebrais, como o transtorno de 
aprendizagem. 
As exposições tóxicas pré-natais, pré-maturidade e insulto mecânico pré-natal 
ao sistema nervoso central fetal, também são fatores que podem contribuir para o 
TDAH. Apesar de estar caracterizado por sintomas de desatenção, hiperatividade e 
impulsividade, existem diferentes quadros clínicos, bem como várias possibilidades de 
tratamento, indicando que, pelo menos ao nível fenotípico, o TDAH é uma patologia 
bastante heterogênea (ROMAN, et al., 2003). 
 
 
Fatores Genéticos 
 
A primeira ligação entre a hiperatividade e a hereditariedade foi estabelecida 
pelo estudo dos familiares da criança hiperativa. O comportamento dos pais, aflitos e 
agitados, pode proporcionar que uma criança tenha hiperatividade, e esta criança, 
mesmo não existindo outros membros na família com TDAH, pode desencadear 
problemas comportamentais em outros membros pela difícil convivência e pelo ambiente 
caótico que geram. 
Os estudos com famílias não excluem a possibilidade de que a transmissão 
familiar do TDAH tem origem ambiental. Mostrando, dessa forma, a importância de 
estudos com gêneros e adotados para determinar se uma característica é de fato 
influenciada por fatores genéticos. Com os gêmeos pode-se observar quanto do 
fenótipo em questão é herdável, bem como qual a contribuição de fatores ambientais. 
Entretanto, as evidencias mais fortes da herdabilidade do TDAH são fornecidas pelos 
estudos com adotados, uma vez que conseguem distinguir com mais precisão os efeitos 
genéticos dos ambientais (ROMAN, et al., 2003). 
 
 
 
 
 
12 
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Lesão Cerebral 
 
Segundo Kaplan, Sadock e Grebb (1997), algumas das crianças com TDAH 
podem durante o período fetal e perinatal ter sofrido uma lesão cerebral mínima ou sutil 
do Sistema Nervoso Cerebral. Esta lesão poderia ter sido causada por insultos 
circulatórios, tóxicos, metabólicos, mecânico, bem como por estresse e insulto físico ao 
cérebro durante a primeira infância, causados por infecção, inflamação e traumatismo. 
Esta gravidade mínima, sutil e subclínica da lesão cerebral podem ser responsáveis 
pela gênese de distúrbios do aprendizado e do TDAH. Sinais neurológicos não focais 
(leves) são freqüentes. 
Barkley (2002) descreve que algumas pesquisas no inicio do século XX 
convenceram os cientistas de que lesões cerebrais provenientes de infecções, trauma 
por queda ou no crânio e complicações da gravidez ou parto, eram as principais causas 
dos sintomas apresentados no TDAH. Porém, com o passar do tempo, há mais de 20 
anos, os cientistas perceberam que a maioria das crianças com TDAH não 
apresentavam história de lesões cerebrais, estando apenas relacionadas 5 a 10% das 
crianças que desenvolveram o TDAH devido a algum tipo de lesão cerebral, embora 
deva haver algo disruptivo no desenvolvimento dessa porção do cérebro. 
 
 
Fatores Neuroquímicos 
 
Segundo Barkley (2002), alguns cientistas sugeriram que alguns 
neurotransmissores se encontram diminuídos nos portadores do TDAH, e, como 
descrevem Kaplan, Sadock e Grebb (1997), eles ainda têm sido associados com 
sintomas de déficit de atenção e hiperatividade, como efeito positivo das medicações 
sobre o transtorno. A dopamina e noradrenalina são afetadas pelos estimulantes, 
levando a hipótese de neurotransmissores que incluem uma possível disfunção dos 
sistemas tanto adrenérgico quanto dopaminérgico. Vários neurotransmissores podem 
estar envolvidos no processo, o que evidencia que não existe um único 
 
 
 
 
 
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neurotransmissor responsável no desenvolvimento do TDAH. 
 
 
Fatores Neurofisiológicos 
 
Algumas crianças apresentam um atraso maturativo na seqüência evolutiva e 
podem apresentar um quadro clínicotemporário do TDAH, que com o tempo pode ser 
normalizado, quando logo detectado pelo EEG (KAPLAN, SADOCK e GREBB, 1997). 
 
 
Chumbos 
 
De acordo com Weiss (1995), estudos confirmaram que altos níveis de chumbo 
no sangue produzem transtornos cognitivos e comportamentais em algumas crianças, 
estando estes associados a maior risco de comportamento hiperativo e desatenção. Por 
ser um metal sem nenhum valor biológico conhecido, quando ingerido, pode envenenar 
o sistema energético humano. Alguns estudos, segundo Barkley (2002) evidencia a 
relação entre o chumbo e a hiperatividade, mostrando que níveis altos de chumbo no 
organismo podem causar o TDAH. 
 
 
Fatores Psicossociais e Estressantes 
 
O ambiente psicossocial é de suma importância para tentar diagnosticar a 
causa do TDAH. Crianças que experimentaram perdas ou separações precoces 
apresentavam sintomas característicos deste transtorno, como descrevem Arnold e 
Jensen (1999). Os estressores sociais devem contribuir de alguma forma para o 
desenvolvimento ou gravidade dos sintomas, já que os sintomas de TDAH são 
intensificados por estresse, por situações não-estruturadas e por exigências complexas 
por desempenho. 
Arnold e Jensen (1999) ainda enfatizam que os ambientes, na sociedade atual, 
 
 
 
 
 
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são excessivamente estimulantes à criança, uma vez que ela vivencia jogos de 
videogames, televisão, múltiplas atividades extra-escolares, convive com pais 
estressados que vivem correndo sem tempo para nada, inclusive para ela, e que a 
cobram excessivamente; conseqüentemente, ela pode ficar habituada a muitas 
novidades, estímulos complexos e seus sistemas de atenção podem não responder aos 
estímulos de nível mais baixo envolvidos no trabalho escolar. 
De acordo com Kaplan, Sadock e Grebb (1997), os eventos psíquicos 
estressantes, uma perturbação no equilíbrio familiar, e outros fatores indutores de 
ansiedade contribuem para a iniciação ou perturbação do TDAH. 
 
 
Substâncias ingeridas durante a gravidez 
 
Barkley (2002) descreve que crianças nascidas de mães alcoólatras 
apresentam maior risco de problemas de comportamento com hiperatividade e falta de 
atenção, e até mesmo com o TDAH clínico. Algumas pesquisas científicas evidenciam 
que a exposição ao fumo de cigarro se relaciona a problemas de comportamento 
semelhantes aos que os professores do TDAH apresentam. 
Como podemos verificar, as mães podem ser responsáveis diretas pelo 
desenvolvimento do TDAH em seus filhos, pelo hábito de fumar e pelo consumo de 
álcool durante a gravidez, submetendo-o a ingerirem essas substâncias que causam 
prejuízos á saúde e podem também ser causadores do TDAH. 
Barkley alega que existem vários mitos sobre as possíveis causas do TDAH, 
sem nunca ter tido base científica para tais. Pesquisas evidenciaram que não existem 
nenhuma relação desses fatores com o TDAH. Entre eles, se encontram: a ingestão de 
produtos químicos e aditivos nos alimentos, o açúcar, deficiências de vitaminas, fungos, 
problemas no aparelho vestibular, fraco controle paternal sobre as crianças, televisão 
em excesso. Entretanto, Barkley (2002) nos alerta para o fato de sempre que ouvirmos 
afirmações sobre as causas do TDAH devemos determinar se os estudos simplesmente 
encontraram uma associação entre algum fator e o risco para o TDAH ou se realmente 
foi descoberta uma ligação específica entre ambos. 
 
 
 
 
 
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Estudos mostraram que os pais que apresentam o TDAH são mais propensos a 
ter filhos com este transtorno, devido os fatores hereditários, bem como complicações 
durante a gravidez ou no parto, mãe fumante, consumidora de álcool, mãe com 
convulsões, internadas várias vezes durante ou após o parto, bebês prematuros e de 
baixo peso, têm maior probabilidade de desenvolver o TDAH mais tarde, durante a 
infância (BARKLEY, op cit.). 
Podemos perceber que existe uma variedade de possíveis causas para o 
TDAH, mas que nenhuma isoladamente é comprovada como a desencadeadora desse 
transtorno. Verificamos, ainda, que os fatores genéticos e alguns problemas 
ocasionados pela lesão cerebral constituem uma das causas mais importantes para 
explicação do TDAH. 
 
 
Epidemiologia 
 
Os números de prevalência para o TDAH podem variar imensamente, dentro de 
um mesmo país, dependendo do contexto social. As variáveis sociodemográficas como 
raça, número de irmãos, idade dos pais, nível cultural familiar, transtornos psiquiátricos 
na família, conduta agressiva dos pais, transtorno mental materno e fatores de risco pré 
e perinatais são importantes por possuírem influência nessas prevalências (GOLFETO e 
BARBOSA, 2003). 
O papel da influência psicossocial nos transtornos há muito tempo já interessa a 
epidemiologia psiquiátrica, como dizem Golfeto e Barbosa (2003), sendo um dos 
primeiros estudos apontados na literatura, a correlação positiva entre o baixo nível 
socioeconômico, hiperatividade e agressividade, sem, contudo, estar correlacionado 
com a desatenção. Os estudos de Scahill e cols. (1999) com 449 crianças que vivem na 
zona rural, citados por Golfeto e Barbosa (2003), mostram que o TDAH está associado 
a mudanças familiares, baixa renda, história de doença psiquiátrica materna, família 
desestruturada, bem como à relação destas crianças viverem em lugares 
superpovoados. 
Como é visto em diversos autores, a predominância do TDAH é mais freqüente 
 
 
 
 
 
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em meninos do que em meninas. Como descrevem Golfeto e Barbosa (2003), em 
amostras clínicas, nove meninos para uma menina; em amostras comunitárias, quatro 
meninos para cada menina; no DSM-III 10,1% dos meninos e 3,3% das meninas na 
faixa etária entre 4 a 11 anos, e 7,3% dos meninos e 3,4% das meninas entre 12 e 16 
anos. Entretanto, Breen e Altepets (1990) em estudos realizados mostram que a taxa de 
prevalência do TDAH é semelhante para meninos e meninas; sendo o primeiro trabalho 
a divergir das opiniões dos pesquisadores da época, pois ainda não existia a freqüência 
do TDAH em ambos os sexos. 
Golfeto e Barbosa (2003) ainda descrevem que aqui no Brasil os estudos 
realizados por Gaião e Barbosa (2001) enfatizam que a sintomatologia hipercinética 
está presente, na mesma intensidade e freqüência, tanto em meninas como em 
meninos, encontrando uma prevalência de 3,7%. 
Segundo Arnold e Jensen (1999) as meninas que sofrem com TDAH podem 
estar mais prejudicadas na cognição e atenção do que os meninos. Um estudo realizado 
por Biederman e cols. (2002) constatou que: 
 
“... o sexo feminino estava mais associado ao tipo predominantemente 
desatento em relação ao sexo masculino; os meninos apresentavam mais distúrbios de 
aprendizagem e outros problemas de comportamento escolar em relação às meninas. 
As meninas com TDAH tinham o menor risco de co-morbidade com transtorno bipolar, 
transtorno de conduta e transtorno desafiador de oposição em relação aos meninos. A 
baixa probabilidade de as meninas apresentarem desordens psiquiátricas, cognitivas e 
comprometimentos funcionais, em relação aos meninos, poderia resultar do gênero. 
Essas diferenças influem no cálculo de prevalência entre os sexos” (GOLFETO e 
BARBOSA, 2003, p. 25). 
 
 
Medidas necessárias para um diagnóstico satisfatório 
 
De acordo com Gaião e Barbosa (2001), a falta de critérios operacionais que 
sejam aceitos universalmente permite que ocorram limitações nos esquemas 
 
 
 
 
 
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diagnósticos atuais. Gaião e Barbosa mencionam ao citar Gherpelli e Reed (1997) que 
por mais que os critérios incluam sintomas comportamentais específicos, existe uma 
necessidade um julgamento clínico subjetivo para decidir se o comportamento 
encontrado pode ser qualificado como um sintoma ou sinal diagnóstico, ou se esse 
conjunto de comportamento é suficientemente importante em nível funcional para ser 
considerado como uma entidade nosológica. 
O aspecto mais importante do processo de diagnóstico é um cuidadoso 
histórico clínico e desenvolvimental. A avaliação desse transtorno inclui, 
freqüentemente, um levantamento do funcionamento intelectual acadêmico, social e 
emocional da criança. De acordo co Goldstein e Goldstein (2002), para obter um 
diagnóstico minucioso é necessário incluir a coleta e a observação de oito tipos de 
informação tais como: 
O histórico do desenvolvimento da família e da criança, já que são 
fundamentais as informações relativas aos problemas que a família teve, os métodos 
utilizados para impor disciplina, e quais os sinais precoces de temperamento da vida da 
criança. A inteligência é outro fator que deve receber atenção, pois muitas crianças 
podem apresentar problemas de hiperatividade como resultado de frustrações, sem ser 
necessariamente uma dificuldade temperamental, já que as crianças com inteligência 
abaixo da média ficam mais vulneráveis às exigências; por isso é importante realizar 
testes de inteligência, para verificar o nível intelectual desta criança. Uma avaliação 
completa da hiperatividade precisa incluir dados sobre a personalidade e desempenho 
emocional da mesma, assim como o seu desempenho escolar: os amigos são outro 
meio de obter informações sobre a hiperatividade, já que é difícil a criança hiperativa 
manter amizades. Outros fatores como a disciplina e o comportamento em casa e na 
sala de aula são importantes para que ocorra uma avaliação detalhada de como é seu 
comportamento e quais suas atitudes para seguir regras e respeitar limites. O último 
fator é a consulta médica, que deve incluir detalhes em observações para obter um 
diagnóstico preciso. 
Para tal investigação, Martins, Tramontina e Rohde (2003) enfatizam que é 
necessário que um médico psiquiatra, neurologista ou pediatra, conheça o 
desenvolvimento normal com os comportamentos esperados nas diferentes fases do 
 
 
 
 
 
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seu desenvolvimento normal com os comportamentos esperados nas diferentes fases 
do seu desenvolvimento e as possíveis manifestações correntes nas várias formas de 
distúrbios que ocorrem durante o desenvolvimento: toda história da criança, seu 
passado, seu desenvolvimento no contexto familiar, o relato da concepção, da gestação 
e do parto, o desenvolvimento neuropsicomotor, cognitivo, funcionamento escolar, 
amizades, como a criança é inserida no contexto familiar, bem como a história médica 
familiar com especial atenção à história do TDAH. 
Os pais exercem um papel fundamental para a realização da avaliação dos 
sintomas, como, onde, quando, com quem, e em que intensidade acontece. É 
importante também ouvir a criança, avaliando a sua visão sobre a presença dos 
sintomas da doença. 
Segundo estes mesmos autores, o diagnóstico do TDAH também pode envolver 
avaliações complementares de outros profissionais com especialidade médicas, como 
uma avaliação das capacidades auditiva e visual, já que algumas dificuldades 
atentativas podem ocorrer na vigência desses déficits sensoriais. Como também 
recorrer à escola, pedindo auxilio aos professores para responderem escalas para 
avaliar a desatenção, hiperatividade, impulsividade; também se faz necessário recorrer 
a uma avaliação neurológica, neuropsicológica e psicopedagogia ou pedagógica. 
Gaião e Barbosa (2001) enfatizam importância do pesquisador ou clinico 
informar-se detalhadamente sobre a conduta da criança e utilizar instrumentos que 
permitam quantificá-la, como é o exemplo do Questionário Abreviado de conners para 
Pais e Professores, que é um dos instrumentos mais utilizados para detectar os 
Transtornos Hipercinéticos; o qual é composto pelos fatores: Hiperatividade, 
desatenção, passividade e tensão. 
De acordo com a CID-10 (1993), esse transtorno e denominado de Transtornos 
Hipercinéticos (F-90) e subdividido em Transtorno de conduta Hipercinética (F-90.1) e 
Transtorno Hipercinético não especificados (F-90.9). Esse grupo de transtorno e 
caracterizado por início precoce, com um comportamento hiperativo, desatenção e falta 
de envolvimento persistente nas tarefas, conduta evasiva nas situações e persistência 
no tempo destas características de comportamento. 
Para classificar o Transtorno Hipercinético segundo a CID-10, é fundamental a 
 
 
 
 
 
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criança atenção comprometida (que é manifestada por interromper tarefas 
prematuramente e por deixar atividades inacabadas) e hiperatividade (que implica em 
inquietação excessiva, em especial, em situações que requerem calma relativa). Ambas 
são necessárias e devem ser evidentes em mais de uma situação, como na escola, em 
casa e na clínica. 
 
• Outras características presentes nesse transtorno, segundo a CID-10: 
• Falta de inibição em relacionamentos sociais. 
• Imprudência em situações que envolvem algum perigo. 
• Zombarias impulsivas das regras sociais. 
• Os transtornos de aprendizado e inabilidade motora, porém, quando 
presentes, não devem ser parte do diagnóstico real do Transtorno 
Hipercinético; 
• Os Transtornos de Conduta não são critérios nem de exclusão, nem de 
inclusão para o diagnóstico. 
 
Enquanto para o DSM_IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de transtornos 
Mentais), é denominado de transtorno de Déficit de Atenção/hiperatividade, subdividido 
em três tipos: 314.01 Transtorno de Déficit de Atenção/hiperatividade, Tipo Combinado, 
quando pelo menos seis dos critérios do A1 e A2 estão presentes durante os últimos 
seis meses. 314.00 Transtorno de déficit de Atenção/hiperatividade, Tipo 
Predominantemente Desatento, quando pelo menos seis dos critérios do A1 estão 
presentes durante seis meses, sem a existência de pelo menos seis critérios do A2, 
neste tempo. 314.01 Transtorno de Déficit de Atenção/hiperatividade, Tipo 
Predominantemente Hiperativo-impulsivo, quando pelo menos seis dos critérios 
utilizados no A2 estão presentes durante seis meses, sem a presença dos critérios do 
A1 neste mesmo período. 
O aspecto mais importante do processo de diagnóstico é um cuidadoso 
histórico clínico do desenvolvimento da criança. Ele deve incluir dados recolhidos com 
professores e outros adultos que, de alguma forma, interagem de maneira rotineira com 
a pessoa avaliada. Porém, a clínica é soberana para diagnóstico do TDAH, como 
 
 
 
 
 
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descrevem Martins, Tramontina e Rohde (2003), enfatizando que a sintomatologia da 
desatenção, hiperatividade e/ou impulsividade, quando forem apresentadas nos 
ambientes sociais como casa e escola, de forma acentuada os critérios do DSM-IV ou 
da CID-10 deve receber o diagnóstico do TDAH, mesmo sem apresentar alterações no 
exame neurológico, na avaliação neuropsicológica ou, ainda, em qualquer outro exame 
neuroimagem. 
 
 
A criança hiperativa 
 
Para compreender a hiperatividade, é necessário conhecer a criança hiperativa; 
como funciona o seu desenvolvimento, quais as características apresentadas como 
conseqüência desse distúrbio, e como ela se diferencia das “criançasnormais”. O início 
da vida de uma criança é marcado por um forte predomínio da vertente afetiva, marcado 
pela necessidade especial, de carinho, apoio e reconhecimento, necessidade de 
respostas afetiva dos outros, que inclui o reconhecimento, o desejo de afeto dos pais e 
dos outros, necessidade de conseguir e obter satisfação pela realização e aumento da 
auto-estima. O modo como o indivíduo irá satisfazer suas necessidades irá depender 
dos fatores mais básicos da situação da vida, como descreve Rogers (1994). A criança 
percebe sua existência como pertencendo a sua realidade, a verdade que existe é a 
dela, com isso possui uma tendência a atualizar as potencialidades de seu organismo, 
tende a valorizá-la e atuar conforme seu marco de referência interna, comportando-se 
em suas realizações como um todo organizado e estruturado. Sua experiência é 
acompanhada de um processo contínuo de avaliação, ela procura as experiências que 
percebe como positivas para si e evita aquelas percebidas como negativas (ROGERS e 
KINGET, 1977). De acordo com Palácios e Hidalgo (1995), esta fase pode ser chamada 
de estágio do personalismo que se inicia de maneira conflitante, no qual a criança 
esforça-se para afirmar um ego que acaba de descobrir no final da primeira infância, 
sendo caracterizado pela teimosia, onde a criança impõe seus desejos, ocorrendo, 
dessa forma, uma crise de oposição, deixando a convivência cotidiana tensa; gerando 
conflitos e ameaças da retirada de afeto. Toda essa oposição é uma forma de fortalecer 
 
 
 
 
 
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seu ego. Depois de superar esta situação é uma forma de fortalecer seu ego. Depois de 
superar esta situação, a criança muda de atitudes, e esforça-se para conquistar os 
demais, para obter seu afeto e aprovação, estando esta atitude da criança relacionada 
com a necessidade de aceitação condicional, que segundo a Teoria da Personalidade 
de Rogers, se refere à necessidade do indivíduo ser aceito, ou que haja consideração 
positiva das suas experiências, principalmente quando a outra pessoa é importante para 
a criança. Conseqüentemente, a criança vai fazer uso freqüente de suas habilidades e 
destrezas, repetindo especialmente aquelas que descobriu provocarem maior 
admiração. Trata-se do período de graça, que Wallon situa em torno dos 3-4 anos, no 
qual a criança tenta “seduzir” os demais com a ostentação de suas “gracinhas”. Em 
torno dos 4-5 anos, elas introduzem um novo elemento que é a imitação dos modelos 
adultos, que se traduzem em gestos e atitudes, na forma de se expressar e, pouco a 
pouco, na forma de pensar. 
Segundo Andrade (2003), logo nos primeiros anos de vida notam-se alterações 
no processo de desenvolvimento neurológico e emocional de criança que apresentam 
TDAH, as mães destas mesmas crianças relataram em estudos que seus filhos se 
mexiam muito, mesmo antes do nascimento (vida intra-uterina). 
As crianças, no seu primeiro ano de vida, são bebês que podem apresentar 
baixo peso, ficam em estado de hiperalerta, dormem pouco e têm sono agitado, dirigem 
o olhar a qualquer estímulo, movimentam os membros superiores e inferiores com 
freqüência, apresentando desta forma os primeiros sinais de hipercinesia, como 
descreve Gaião e Barbosa (2001), ao citar Golfeto (1997), e acrescenta que o déficit da 
atenção é um sintoma de difícil observação nesta etapa evolutiva. Os bebês sentem 
cólicas abdominais intensas, regurgitam o leite com freqüência, sugam o leite com força, 
com características de voracidade e não gostam de colo e são sempre insatisfeitas, são 
crianças irritadas que choram muito nos primeiros meses de vida. Quando começam a 
andar caem mais do que andam, apresentam dificuldades de ficarem quietas sejam em 
cadeiras ou até mesmo no chão. Já apresentam sinais de impulsividade, pois estão 
sempre em situações ou lugares perigosos. Ao completarem um ano fica mais fácil de 
os pais perceberem sua agitação, pois são mais agitadas do que as outras da sua 
idade, sendo necessário ser vigiada constantemente, pois, vivem fazendo arte que, em 
 
 
 
 
 
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geral, é mais grave do que o esperado para a idade está sempre buscando novas 
situações e novos estímulos. 
Segundo Gaião e Barbosa (2001), a partir dos dois anos tornam-se ainda mais 
agitadas, perdem o interesse pelos brinquedos e os destroem, mudam de atividade com 
freqüência, observando desta forma os primeiros sinais de desatenção. Outro fator 
importante nesta fase diz respeito à fala da criança que se apresenta mais lenta com 
alterações fonoarticulatórias, com omissões distorções fonéticas ocasionando em 
algumas crianças retardo na linguagem. As alterações da fala, quando não 
diagnosticadas a tempo, poderão acarretar dificuldades ou alteração no processo de 
alfabetização. A sintomatologia clássica da Síndrome Hipercinética já está bem-
desenvolvida e presente, na idade pré-escolar, evidenciando a desobediência como 
sinal de indisciplina. 
A criança com TDAH tem uma aparência normal, não há nenhum sinal exterior 
de que algo esteja fisicamente errado com o Sistema Nervoso Central ou seu cérebro, e 
pode ter uma inteligência normal, o que dificulta diagnosticá-la de “pestinha”. Ela 
sempre perde os objetos, é desordenada, é distraída, esquecendo-se das horas do 
almoço, jantar, do banho e de fazer as tarefas. Tem esquecimento fácil; possui mais 
energia e menos necessidade de sono e repouso. Para essas crianças, é difícil controlar 
a atividade, atenção e interações sociais para conformarem-se às normas esperadas da 
situação em particular. Esses traços levam-nas a estarem seguidamente em apuros com 
adultos, e serem malquistos por seus pares. Geralmente tiram notas baixas na escola e 
podem apresentar deficiências específicas de aprendizado e/ou transtorno concomitante 
de conduta (WEISS, 1995). 
Barkley (2002), descreve que o TDAH é um transtorno real, que ocasiona 
problemas e obstáculos reais, podendo ser associado a um desgosto e uma irritação. 
Entretanto, este autor alega que para ser comprovado que o TDAH é um transtorno 
comportamental real, os cientistas precisam demonstrar que este transtorno se faz 
presente, logo no início do desenvolvimento da criança; sendo persistente durante o 
período de desenvolvimento, e que é de difícil explicação puramente por fatores 
ambientais ou sociais, que está associado a fatores biológicos que podem afetar o 
funcionamento do cérebro ou de seu desenvolvimento, como o exemplo da genética, 
 
 
 
 
 
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traumas, toxinas, entre outros. Deve-se conseguir distinguir com precisão a criança 
hiperativa da criança normal, sem este transtorno. O transtorno ocorre em diferentes 
situações, embora existam ocasiões em que ele não se apresenta e que a criança é 
afetada, invariavelmente, em sua capacidade de responder com sucesso às situações 
que se esperam a crianças de sua faixa etária. 
Como podemos perceber, as características do TDAH aparecem bem cedo 
para a maioria das pessoas, logo na primeira infância. O distúrbio é caracterizado por 
comportamentos crônicos, com duração mínima de seis meses, que se instalam 
definitivamente antes dos sete anos. De acordo com Castro e Malagris (2003), os 
estudos mais recentes consideram que uma criança, para apresentar esse distúrbio, 
deve apresentar déficit de atenção, atividade motora excessiva e impulsividade por falta 
de controle em um nível que interfere em seu rendimento escolar e em seus 
relacionamentos familiares ou sociais. Porém, Barkley (2002) reconhecemais dois 
problemas adicionais para aqueles com TDAH, que são: dificuldades para seguir regras 
e instruções e variabilidade extrema em suas respostas a situações. Esses sintomas 
estão associados a um déficit primário na inibição do comportamento, que é o símbolo 
do TDAH. 
Para compreender o TDAH é necessário conhecer melhor as características 
supracitadas que serão descritas nos módulos seguintes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
------------------- FIM DO MÓDULO I -------------------- 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curso de 
Hiperatividade/Transtorno de 
Déficit de Atenção 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO II 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos na bibliografia consultada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO II 
 
 
Déficit de atenção 
 
“A desatenção é considerada como uma dificuldade freqüente de prestar 
atenção a detalhes, de seguir instruções, de terminar trabalhos escolares e/ou 
domésticos” (CASTRO e MALAGRIS, 2003,p. 79). 
Um aspecto intrigante desta característica é a sua variabilidade. A criança 
distraída, quando começa a fazer alguma coisa se esquece de terminar, como as tarefas 
da escola ou algum trabalho doméstico; quando vai a algum lugar pára no caminho para 
falar com alguém, para brincar ou apenas para entreter-se com um animal ou um 
passarinho que passa voando. 
 Essas mudanças ocorrem porque elas perdem o interesse em uma tarefa ao se 
distrair com outras; elas tentam manter sua atenção em atividades mais longas que as 
usuais, esta constitui a parte mais difícil de prestar atenção para essas crianças. 
Entretanto, Weiss (1995, p. 561) afirma: 
 
“... Contudo, essas mesmas crianças amiúde são capazes de 
concentrar-se por horas a fio em uma atividade que apreciam 
especialmente e na qual são boas (...). Uma possível explicação 
para esta” desatenção seletiva “estar relacionada à motivação 
e prazer pela tarefa. As crianças hiperativas são 
particularmente incapazes de prestar atenção a tarefas que 
consideram entediantes, repetitivas ou difíceis, e que não lhe 
dão satisfação”. 
 
Barkley (2002) comenta uma pesquisa realizada por ele e colaboradores, na 
qual constatou que crianças com TDAH não têm problemas para absorverem informações 
e distinguir que é importante na hora que são solicitadas a realizar, enfatizando que elas 
têm a mesma capacidade que as crianças sem TDAH, para observar ou ouvir algo. 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Brioso e Sarriá (1995), ao citar Veja (1998), comentam que uma forma de 
compreender o alcance dos distúrbios de atenção nos hiperativos é fazer referência ao 
desenvolvimento normal do controle da atenção. Até os dois anos de idade, a atenção da 
criança é controlada e determinada por estímulos externos, esta criança não possui ainda 
controle voluntário, o qual só começa a surgir entre os dois anos de idade. A criança já 
consegue se concentrar em alguns aspectos de estimulação externa, mas sua atenção 
ainda é dominada pelos estímulos, e desta forma, continua sendo dirigida pelo exterior. 
Só a partir dos seis anos que o controle da atenção passa a ser interno. A criança já 
consegue desenvolver estratégias para atender os estímulos que ela considera 
importantes para solucionar problemas, sejam eles ou não os aspectos mais centrais da 
estimulação externa. Conclui-se que com as crianças hiperativas estes processos 
encontram-se alterados, já que o processo de atenção continua sendo dirigido à 
estimulação externa. 
 
“As crianças com TDAH são freqüentemente acusados de “não 
prestar atenção”, mas na verdade elas prestam atenção a tudo. 
O que não possuem é a capacidade para planejar com 
antecedência, focalizar a atenção seletivamente e organizar 
respostas rápidas.” 
 
Podemos identificar a desatenção pelos seguintes sintomas: dificuldades de 
prestar atenção a detalhes, de manter a atenção em tarefas e até mesmo nas 
brincadeiras, errar por descuido, não conseguir terminar as tarefas escolares, e/ou 
domésticas, bem como dificuldades para organizá-las, seguir instruções, parecendo não 
ouvir o que lhe falam, ter facilidade para perder objetos, que são necessários para tarefas 
ou atividades, como também ser distraído por estímulos alheios à tarefa, evitar envolver-
se em tarefas que exijam esforço mental constante (KNAPP, et al., 2002). 
 
 
 
Atividade Motora Excessiva 
 
Segundo Goldstein e Goldstein (2002), as crianças hiperativas tendem a ser 
 
 
 
 
 
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excessivamente agitadas e ativas. Geralmente é percebido nos diversos ambientes em 
que a criança interage, pela dificuldade que ela apresenta de ficar parada, não 
conseguindo controlar o corpo em situações que exijam que fiquem sentadas e em 
silêncio por muito tempo. 
Essa característica do TDAH pode ser descrita como inquietação, impaciência, 
fala em excesso, a criança parece movida por um motor, não consegue permanecer 
sentada, produz sons estranhos, está sempre em movimento e atrapalhando o 
funcionamento de algo; estas são algumas das muitas definições que escutamos, quando 
se referem à atividade motora da criança portadora do TDAH. 
A ausência de um objetivo concreto, para a atividade corporal excessiva e 
desorganizada é que permite diferenciá-la da superatividade, que observamos no 
desenvolvimento normal da criança em certas situações, como comentam Brioso e Sarriá 
(1995). 
 
 
 
Impulsividade ou falta de controle 
 
A impulsividade é uma característica que faz com que a criança apresente 
dificuldades de seguir regras, de pensar antes de agir, dando respostas precipitadas, o 
que, geralmente, não faria se pensasse antes. 
Segundo Castro e Malagris (2003), a impulsividade está igualmente relacionada 
a dificuldades de esperar por sua vez, intrometendo-se em conversas e brincadeiras, 
refletindo um comportamento inadequado, que rotula esta criança como inconseqüente. 
Observa-se nas crianças hiperativas uma tendência à satisfação imediata de seus 
desejos e pouca tolerância a frustrações. 
Essa sintomatologia ocasiona graves conseqüências na vida da criança, como: 
comprometimento cognitivo, atrasos específicos do desenvolvimento motor e da 
linguagem, dificuldades de leitura e de aprendizagem, como descreve Gaião e Barbosa 
(2001). A hiperatividade é um tipo de conduta desnecessária, caracterizada pela 
desatenção e inquietude num nível impróprio para a idade da criança. 
 
 
 
 
 
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Socialização da criança hiperativa: escola e amigos 
 
 
De acordo com Weiss (1995), um dos aspectos mais marcantes da criança 
portadora do TDAH consiste nos relacionamentos, nos problemas que se envolvem em 
casa, na escola e com os amigos. Elas geralmente são mal vistas por seus colegas, 
professores, irmãos e pais. Um relacionamento duradouro e saudável é quase impossível, 
e esta impopularidade transformar-se-á em isolamento social. 
As crianças portadoras de TDAH ultrapassam a festiva barreira das travessuras 
engraçadinhas, deixam de ser adoráveis diabinhos e se transformam em um verdadeiro 
transtorno na vida dos pais, professores e todos que estiverem a sua volta. Elas parecem 
ignorar as regras de convívio social e, devidoao incômodo que causam, acabam sendo 
considerada de má índole, caráter ou coisa parecida. 
 No entanto, é preciso deixar claro que as crianças hiperativas não são, de 
forma nenhuma, más. Além disso, elas não se convencem facilmente e não conseguem 
se concentrar na argumentação lógica dos pais, já que essas crianças têm extrema 
dificuldade em sentar e dialogar”. 
No período da infância, só se dispõe a brincar com uma criança hiperativa, 
crianças mais jovens ou crianças com problema similar, conforme descreve Weiss (1995), 
pois as avaliações feitas pelos colegas indicam que estas crianças causam problemas, 
levando os outros a situações constrangedoras, difíceis e de aborrecimento, o que as 
tornam não queridas. 
O comportamento da criança hiperativa torna-se ciente para crianças de todas 
as idades, ocasionando em rejeição, já que elas são vistas de forma negativa. 
Geralmente, por que tendem a agir sem pensar, sendo inadequadas socialmente, 
argumentativas, ativas e falantes em excesso, incapazes de cooperar, compartilhar ou 
esperar sua vez, elas tornam-se não queridas e rejeitadas por seus parceiros de jogos. 
Essa rejeição ocasiona frustração e resulta em aumento da agressividade e 
 
 
 
 
 
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tentativa de controlar os amigos, o que as leva a outros comportamentos errados e a uma 
maior rejeição; conseqüentemente restringe-se ainda mais a oportunidade que tem a 
criança hiperativa de desenvolver e praticar as habilidades sociais adequadas. Entretanto, 
as crianças negligenciadas são mais tímidas, retraídas, evitam interação com seus pares 
e possuem menos comportamentos agressivos (GOLDSTEIN, GOLDSTEIN, 2002 e 
ANDRADE, 2003). 
Segundo Goldstein e Goldstein (2002), as brincadeiras são o elo de ligação 
entre as crianças, onde são desenvolvidas e mantidas amizades. Pesquisadores 
enfatizam a importância dos jogos como forma das crianças aprenderem a controlar seu 
ambiente e fortalecer as habilidades sociais e de raciocínio. O jogo irá auxiliar as crianças 
a intensificar contatos com o mundo, como desenvolver uma auto-imagem adequada. 
Entretanto, se por um lado, na fase pré-escolar, a brincadeira do faz-de-conta é 
uma atividade que ajuda as crianças a desenvolver os fundamentos básicos para o 
desenvolvimento social normal; por outro lado, os pré-escolares hiperativos, ou do grupo 
de risco, podem ser privados dessas interações por causa do seu comportamento 
desatento e impulsivo, deixando, desta forma, de dar os primeiros passos necessários 
para um desenvolvimento social adequado. 
A criança hiperativa, na idade escolar, aventura-se no mundo e não tem a 
família para agir como amortecedor. Ela agora precisa lidar com as regras e os limites de 
uma educação organizada, o comportamento que antes era tolerado por ser 
engraçadinho, não é mais aceito, pois parece imaturo e não se ajusta com as 
expectativas da escola. 
Com estes comportamentos, a professora passa a ocupar grande parte do seu 
tempo com essas “crianças difíceis”, e volta-se de forma negativa para elas, pois estão 
sempre reclamando que a criança hiperativa interrompe a aula constantemente, não 
presta atenção, não se senta quieta, atrapalha o rendimento da turma, não termina seus 
trabalhos e não escuta. São incapazes de planejar ou aderir a um curso de ação 
(GOLDSTEIN e GOLDSTEIN, 2002 e SMITH E STRICK, 2001). 
Por desconhecer a melhor forma de lidar com a criança hiperativa, o professor 
vivencia um alto nível de ansiedade e de estresse que passa a ser sentido por todos na 
sala de aula, levando essa dificuldade aos outros alunos que não sabem como conviver 
 
 
 
 
 
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com um hiperativo, pois não compreendem o motivo de tanta agitação, nem o fato de não 
terminarem as tarefas e tirarem notas baixas; tendo ainda comportamentos agressivos ou 
de liderança autoritária, como descrevem Castro e Malagris (2003). 
Desta forma, acabam exigindo condutas que a criança hiperativa não tem 
condição de seguir, resultando em rejeição. Algumas pesquisas revelam que a criança 
hiperativa não é escolhida como a vizinha de carteira, a melhor amiga, parceira nas 
atividades e ainda como crianças das quais as outras não querem brincar na hora do 
recreio. É o que mencionam Goldstein e Goldstein (2002) e acrescentam que a criança 
hiperativa tem um forte efeito sobre o comportamento do professor em relação à classe 
como um todo. 
O que faz que os professores das crianças hiperativas sejam mais objetivos e 
restritivos em suas interações, não apenas com essas crianças, mas também com as 
outras crianças da classe. Além disso, a ocorrência de conflito entre as outras crianças da 
classe também parece maior quando não se lida com a criança hiperativa de uma 
maneira eficiente. 
De acordo com estes mesmos autores, uma das observações mais freqüentes 
feitas pelos professores é de que as crianças hiperativas parecem estar sonhando 
acordadas, estão interessadas em alguma coisa diferente daquilo que o professor possa 
estar focalizando no momento. Seu comportamento é desigual, imprevisível e não reativo 
às intervenções normais do professor. 
 
 
 
Contexto familiar da criança com TDAH 
 
De acordo com estudos a criança hiperativa exerce um impacto significativo e 
às vezes inesperado sobre os membros da família, levando, algumas vezes, à falência 
emocional desta família pela incapacidade que esta criança tem de se ajustar às 
expectativas dos seus familiares, ocasionando vários prejuízos como o desgaste 
emocional, de energia, de tempo, das relações e da saúde mental desta família, que corre 
um maior risco de ter todas as espécies de problemas. 
 
 
 
 
 
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A criança com TDAH pode provocar um grande desequilíbrio na dinâmica de 
toda família, gerando discórdia, inclusive no casal, em relação aos procedimentos 
utilizados na disciplina da mesma. É difícil para os pais lidar com a variação de 
comportamento desta criança, já que ela consegue certo controle sobre algumas 
atividades solicitadas pelos pais, levando-os a interpretar estes comportamentos da 
criança como de propósito ou executados só para irritá-los (CASTRO e MALAGRIS, 
2003). 
Estas crianças possuem a capacidade de esgotar seus pais, deixando-os 
envergonhados pelo comportamento inadequado e pelas diversas críticas que recebem, 
assim como rejeitados ou culpados, como descrevem Smith e Strick (2001). É comum que 
os pais culpem uns aos outros pelos problemas da criança e os fatores estressantes 
multipliquem-se. 
Os irmãos da criança hiperativa também têm sentimentos negativos sobre elas, 
pois logo percebem que ela concentra mais tempo e atenção dos pais, o que torna uma 
fonte de inveja, ciúme, raiva e frustração, principalmente quando os irmãos são mais 
novos. A diferença de tratamento entre eles e a criança hiperativa acarreta, para os 
primeiros, perda de benefícios ou discriminação, o que aumenta ainda mais os 
sentimentos negativos. 
A relação entre os irmãos é muito difícil, pois sua baixa tolerância à frustração a 
conduz a não aceitar os direitos dos outros, como também afasta a possibilidade de troca 
de afeto. Os irmãos da criança que sofre do TDAH tendem a crescer cansados e 
exasperados por ter que conviver com essa força disruptiva e instável (CASTRO e 
MALAGRIS, 2003; GOLDSTEIN e GOLDSTEIN, 2002; BARKLEY, 2002). 
As interações com os pais também são difíceis, mas com os pais elas parecem 
se comportar melhor, sendo menos negativas e mais capazes de permanecer em tarefas 
do que quando em companhia dasmães. O fator para isto é uma incógnita, contudo pode 
estar relacionado ao fato das mães terem mais responsabilidade para interagir com essas 
crianças. 
Muitas vezes é deixada à mãe a tarefa de interagir com este filho nas 
circunstâncias do dia-a-dia, como prepará-lo para ir à escola, ensinar suas tarefas 
escolares, além de cuidar dos outros filhos e das tarefas do lar, mesmo quando trabalham 
 
 
 
 
 
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fora de casa. A mãe geralmente se utiliza com carinho, do diálogo e da razão para lidar 
com os problemas de comportamento dos filhos, enquanto a maioria dos pais é menos 
paciente, e não se empenham num repetido apelo para que seu filho hiperativo realize 
uma tarefa. 
Outro fator provável para estas crianças obedecerem mais rápido ao pai, é que 
ele, ao contrário da mãe, interage menos com o filho, e gasta o tempo em atividades 
agradáveis e não nas atividades rotineiras. Com isto o marido culpa a esposa por não ter 
o domínio da criança, porém, quando o pai cuida mais da criança. Logo percebe as 
dificuldades do filho e passa a concordar com o relato da mãe (BARKLEY, 2002 e 
GOLDSTEIN e GOLDSTEIN 2002). 
Várias são as reações dos pais diante dos problemas comportamentais 
apresentados pelos filhos. De início tentam resolver de sua forma, negando que seu filho 
possa apresentar algum problema e com isso evitam o auxilio médico, pois seus filhos 
são apenas ativos pela energia da idade e afirmam que esta teimosia é da fase e logo 
passará. 
De acordo com Barkley (2002), os pais tentam ignorar ou negar a atenção a 
seus filhos quando estes exibem comportamento disruptivo, como forma de diminuir o 
problema, já que acreditam que estas crianças estão querendo chamar atenção; com isto, 
pedem para elas pararem de se comportar desta ou daquela forma, dando-lhes ordens e 
direções no intuito de tentar controlar os impulsos da criança. 
Como não obtêm resultados positivos, utilizam o meio habitual da disciplina 
física ou outras formas de punição, como perdas de privilégios a fim de tentarem controlar 
esses comportamentos. Alguns pais, depois dessas tentativas, simplesmente desistem e 
algumas vezes fazem eles próprios às tarefas dos filhos, ou deixam por fazer; eles 
desistem de lhes dar ordens e deixa-os fazer o que lhes agrada. 
Muitos pais quando chegam a esse ponto, podem passar por depressão, baixa 
auto-estima e pouca satisfação com o papel de pais. Ele ainda adverte que a convivência 
com essas crianças portadoras do TDAH pode comprometer a saúde mental dos pais e 
seu compromisso com a paternidade, podendo até piorar se esses pais já tiveram 
problemas emocionais. 
A decisão de buscar ajuda geralmente ocorre quando estas crianças entram em 
 
 
 
 
 
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idade pré-escolar e percebem que seu filho se comporta de forma diferente em relação a 
outras crianças, pela sintomatologia apresentada (déficit de atenção, impulsividade e 
hiperatividade) que se torna difícil de ser ignorada, quando finalmente concluem que algo 
está errado. 
É no ambiente escolar que a grande maioria dos pais toma conhecimento que o 
comportamento impulsivo e desatento do seu filho não é apenas característico da idade, 
sendo necessário atenção e um tratamento. Barkley (2002) alerta os pais que quando 
começarem a suspeitar que seu filho pode sofrer do TDAH, procure logo auxílio. 
Quanto antes os pais identificarem os sintomas e procurarem auxilio de 
profissionais especializados como médicos (neurologistas, pediatra), psicólogo ou 
psiquiatra, para obterem uma avaliação completa e detalhada, que conduzam ao 
tratamento, mais cedo serão evitadas os malefícios que este transtorno ocasiona na vida 
da criança e dos que convivem ao seu redor. 
De acordo com Barkley (2002) os pais podem ter algumas reações emocionais 
quando descobrem que seus filhos são portadores do TDAH. Alguns se sentem aliviados, 
aceitando de forma positiva, enquanto outros negam. Eles engajam-se na negação do 
rótulo, do diagnóstico ou da base neurológica. 
Quando eles são os últimos, a saber, que seu filho é portador do TDAH é 
natural negar o problema até que possam refletir sobre a informação, e conhecer esse 
transtorno. Outros pais, no entanto, recebem a informação com alívio, porque já existe 
uma causa para o comportamento do filho e desta forma já podem buscar auxílio e 
libertar-se do peso que carregam quanto à incerteza e a culpa de terem criado um 
problema. 
Outro tipo de reação comum frente ao diagnóstico é os pais sentirem ira, e 
voltá-la a todos que lhe asseguram que seu filho não tem nada de errado, ou àqueles que 
culpam os pais pelo transtorno do seu filho. Outra reação que é natural é a tristeza; tem 
pais que se entristecem com a preocupação pelos filhos, pelos riscos que ele pode correr 
e pelas mudanças na família para se adaptarem a nova realidade de ter um filho portador 
de TDAH. Esta tristeza com o tempo é amenizada. 
Porém, o resultado desejado sobre a informação é a aceitação de como seu 
filho é, e como pode se tornar com o auxilio do tratamento. Com esta aceitação, é 
 
 
 
 
 
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necessário reconhecer que algumas coisas não podem ser modificadas, devendo-se 
aceitar as limitações de seu filho evitando intolerância, raiva e frustração, com toda e 
qualquer pressão inadequada sobre a criança. A partir do momento que os pais aceitam 
seus filhos como são, passam a enxergar adiante das limitações dele e a ver como 
ninguém seus esforços e talentos únicos (BARKLEY, op cit.). 
Muitas informações que os pais têm sobre o transtorno são erradas, e isto pode 
intensificar o problema e não solucioná-lo. Eles criam uma variedade de concepções 
erradas sobre seu filho hiperativo, como citam Golstein e Goldstein (2002), estando entre 
estas concepções a idéia que com o tempo ele vai superar, pois faz parte da fase, e, com 
isto, os pais desculpam a desatenção, a hiperatividade e a impulsividade. 
Outra concepção é de que a mãe não é boa, sendo acusada de ser muito 
permissiva ou exigente; outro fator pode ser rotular a criança que de desatenta e 
impulsiva de propósito, o que leva a pressuposição que esta criança é má, que suas 
ações são idealizadas para lhe trazer vantagens á custa de todos os outros. Alguns pais, 
pelos seus próprios sentimentos de culpa, terminam transferindo sua culpa aos outros, 
pela forma de tratar esta criança. 
Como percebemos, existem várias concepções erradas acerca da 
hiperatividade e isto se deve à falta de informações corretas, já que alguns pais procuram 
pessoas desinformadas, alguns não admitem que seu filho sofre de um Transtorno de 
Déficit de Atenção/Hiperatividade, isolam-se e não buscam auxilio dos especialistas, nem 
buscam ler sobre o problema do filho, alimentando-se de possíveis causas que, segundo 
eles, serão superadas mesmo sem tratamento. 
Como isso, percebemos ser essencial a estes pais buscar informações, lerem a 
respeito do transtorno para entenderem qual a melhor maneira de auxiliar seus filhos. 
Porém, é essencial que os pais aceitem o fato de que seu filho é portador do TDAH, e lute 
junto com a criança, para auxiliá-la a transpor o máximo de problemas que a deficiência 
impõe. 
A partir do momento que os pais aceitarem seus filhos com todas suas 
limitações e adquirir conhecimentos acerca do transtorno, naturalmente passarão a 
compreender os comportamentos apresentados pelos filhos com outros olhos, e 
desenvolver uma consciência da maneira pela qual interage com ele. De acordo com 
 
 
 
 
 
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Este material deveser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
Goldstein e Goldstein (2002), os pais devem ver o mundo com os olhos do filho hiperativo, 
o que irá auxiliá-lo a lidar com ele no cotidiano. 
É importante salientar que os pais têm um papel fundamental para auxiliar estas 
crianças, porém, faz-se necessário também aprenderem a cuidar de si, já que este 
trabalho é cansativo e estressante. 
 
 
 
O TDAH em meninas: 
 
 
O transtorno de Déficit de Atenção Hiperativida (TDAH) tem sido atualmente um 
dos temas mais pesquisados na área da psicologia infanto-juvenil, com o intuito de 
descobrir na sua etiologia, a possibilidade da prevenção, bem como uma forma mais 
eficaz de seu diagnóstico, sem correr o risco de confundir com os outros transtornos que 
muito se parecem com o TDAH. 
O TDAH está caracterizado por apresentar uma diversidade de sintomas, como: 
hiperatividade, déficit de atenção, impulsividade, agitação motora, desobediência 
constante, dificuldade em seguir as regras, falta de persistência em continuar suas 
tarefas, antecipam respostas a questões não concluídas, imprudência etc. Estas condutas 
afetam tanto o desenvolvimento emocional e global da criança, como sua adaptação 
social, acarretando, também, prejuízos no âmbito acadêmico, mesmo que essa criança 
apresente um nível satisfatório de inteligência. 
A hiperatividade infantil tem apresentado uma série de problemas, tanto 
conceituais como metodológicos, sendo, ainda, considerada um dos aspectos mais 
confusos deste tema, a sua etiologia. Inúmeros fatores são considerados como 
determinantes da conduta hiperativa, dando prioridade à hipótese neurológica. Mas a 
partir dos anos 70, a denominação desta alteração não só descansa nos supostos fatores 
etiológicos, mas, também, centra-se nas características comportamentais, genéticas e 
ambientais, prevalecendo à idéia de uma causa orgânica. 
Nas hipóteses neurológicas, freqüentemente tem-se mostrado a etiologia da 
 
 
 
 
 
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hiperatividade com uma existência de uma Lesão Cerebral. Esta hipótese tem sido 
bastante criticada por RUTTER (1982), que diz que provavelmente menos de 5% de 
crianças hiperativas mostram evidencia de dano cerebral claro. No geral, o TDAH 
depende de alterações neuropsíquicas e neurofisiológicas do Sistema Nervoso Central. 
Este se atribui a fatores genéticos, gestacionais ou nocivos, riscos de prematuridade, 
como, também, as complicações anóxias ou traumas obstétricos. 
Sabe-se, que a criança do sexo feminino portadora do TDAH o seu quadro 
clínico é mais acentuado e comprometedor que os meninos. Estudos realizados com 
crianças apenas do sexo feminino, com o intuito de comprovar que as meninas sofrem do 
mesmo transtorno com a mesma intensidade de sintomas e apresentando as mesmas 
seqüelas e danos nas mais diversas áreas de seu desenvolvimento. O objetivo maior foi o 
de detectar a taxa de prevalência das crianças portadoras do TDAH e de fazer o uso das 
provas psicológicas como um dos instrumentos de intervenção e inclusão dos testes 
como meio de diagnóstico e, também, outros objetivos que venham acrescentar nos 
achatados tão importantes para o meio científico. 
 
 
 
Hiperatividade: Como lidar? 
 
 
Critério de avaliação do paciente hiperativo 
Existe, sem dúvida, certa subjetividade na avaliação do paciente, pois isso 
depende do grau de tolerância das pessoas que convivem com a criança. As primeiras 
observações, na maior parte das vezes, são feitas pelos professores, que notam ser o 
comportamento da criança muito agitado. Isto é percebido quando comparado ao 
comportamento das outras crianças durante as aulas. 
Além disso, notam que o desempenho da criança em relação à média do grupo 
está, também, defasado. A mãe, no seu convívio diário, percebe, também, que o 
comportamento da criança é diferente quando comparado com outros filhos ou com os 
filhos dos amigos, caso seja único. Há vezes em que o comportamento hiperativo é 
 
 
 
 
 
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confundido com a falta de limites no processo educacional. 
Havendo sinais sugestivos de hiperatividade, a criança deve ser encaminhada 
para uma avaliação clínica especializada com profissionais familiarizados com o quadro, 
sejam neuropediatras ou psiquiatras. Há vezes que o paciente é encaminhado para 
avaliação e terapia psicológica ou psicopedagógica e a hiperatividade não é considerada. 
Nesses casos o tratamento surte pouco efeito e muito tempo é perdido até se alcançar 
algum resultado satisfatório. 
A avaliação multidisciplinar é um procedimento de grande valia para o 
diagnóstico, pois em muitas ocasiões o trabalho individual pode mascarar o 
comportamento hiperativo. 
 
 
 
A caracterização da hiperatividade é sempre coincidente quando o 
paciente é avaliado por vários profissionais? 
Nem sempre há unanimidade na determinação da hiperatividade, pois há vezes 
em que a criança se apresenta hiperativa na escola e isto não é percebido ou não é 
considerado pelos pais, em casa. Muitas vezes, no consultório médico, a criança 
apresenta um comportamento mais tranqüilo, o que deixa os familiares admirados, 
sugerindo que as queixas referidas são de outra criança. 
Diante disso, o pediatra, não muito familiarizado com o quadro, até tranqüiliza 
os familiares. Há outras situações, ainda, em que os pais discordam entre si, pois a mãe 
considera a criança hiperativa, mas o pai não aceita esta apreciação, alegando ser esse 
comportamento próprio da idade, e que ele, o pai, apresentava comportamento 
semelhante na mesma fase da infância. 
Naquela época era considerado, somente, como criança peralta, mas 
atualmente, na idade adulta, está muito bem-adaptado, sob os aspectos sociais, 
familiares e profissionais, aparentemente sem seqüelas. Não raro, são criados conflitos 
entre o casal, pois os pontos de vista são discordantes. Há pais que consideram ser a 
mãe o foco maior do problema, por não saber lidar, de modo adequado, com o filho. 
Algumas vezes os pais parecem fugir ou, de modo proposital, ignorar o problema. Assim, 
 
 
 
 
 
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não comparecem às reuniões na escola, nem acompanham o desempenho do filho nas 
diversas atividades. 
Nesse caso, a falta de participação desses pais, somada a pouca convivência 
com o filho, torna impossível desenvolverem critérios objetivos para avaliação do 
comportamento da criança. Em decorrência disso, não enxergam e não admitem a 
existência do quadro hiperativo. São as mães que recebem as reclamações escolares, 
sentem diretamente as dificuldades no relacionamento com os filhos e, muitas vezes, 
devem lidar com a questão sem a participação efetiva dos pais. 
Os pais justificam a sua ausência por estarem atarefados, terem agendado 
reuniões importantes e inadiáveis ou viagens de interesse profissional que os impedem de 
comparecer, inclusive às consultas médicas. Ir às entrevistas com psicólogos, nem 
pensar, pois para a maioria dos pais esta providencia é inaceitável, pois eles imaginam 
não terem e nem serem o problema. 
 
 
 
A partir de quando se percebe que a criança é hiperativa? 
A hiperatividade pode ser notada em várias fases do desenvolvimento da 
criança, seja quando lactente, pré-escolar, escolar ou adolescente. 
 
 
 
Quais são as evidencias do comportamento hiperativo do lactente? 
No lactente podem ser evidenciadas algumas características, tais como: 
• Muito chorão e sem causa aparente; 
• Inquieto; 
• Apresenta dificuldade

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