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Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade

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Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): Desafios e Contribuições para Pais e Educadores
Transtornos Psíquicos  Escrito por: Cristiane Spinnler, Sandra de Oliveira Campos
 Janeiro/2019
Palavras-chave: Déficit de Atenção, Diagnóstico, Família, Escola, Intervenções.
1. Introdução
Desde o século XIX, não foram poucos os estudos acerca do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, também conhecido como TDAH. Durante esses anos, houve uma significativa evolução com relação as suas causas, sintomas, diagnóstico, como também no seu tratamento. Todavia, foi somente em 1902 que o pediatra George Fredrick Still fez uma descrição médica, na qual, realizou palestras falando sobre crianças com traços desatentos, hiperativos, com dificuldades de seguir regras e resistentes a disciplina (TASSOTTI, 2015). Desde então, muitas produções científicas foram sendo publicadas, comprovando as disfunções cognitivas do transtorno, que levam a prejuízos em todos os aspectos da vida dos afetados.
Segundo o Manual de Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), o TDAH é um assunto que vem sendo amplamente discutido devido à frequência do  diagnóstico nos últimos anos (APA, 2014). Este transtorno, segundo o DSM-V, é caracterizado pela apresentação de três grupos de sintomas: predominantemente desatento, predominantemente hiperativo-impulsivo, e o combinado, que se refere aos dois grupos desatento e hiperativo, sendo considerado o mais grave devido à amplitude dos sintomas, causando maior prejuízo ao indivíduo.
De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), o TDAH é uma síndrome que tem sua etiologia multifatorial, dentre os quais, possui aspectos neurobiológicos, genéticos e ambientais. É o transtorno mais comumente diagnosticado em crianças e adolescentes quando encaminhados para serviços especializados. Segundo pesquisas em diversas regiões do mundo, o TDAH ocorre em 3 a 5% das crianças, em que na metade dos casos, o transtorno acompanha o indivíduo até a idade adulta, apesar do sintoma de inquietude se apresentar de forma mais branda nessa fase (ABDA, 2017).
Geralmente os primeiros indicativos são percebidos quando a criança está em idade escolar, demonstrando dificuldades em manter a atenção, fácil distração ou ainda apresenta inquietude durante as tarefas, com movimentos frequentes comprometendo sua concentração. Em alguns casos a criança apresenta resistência em seguir regras, é desorganizada, hiperativa, apresentando um desempenho desapropriado em relação às demais crianças da mesma faixa etária (SENO, 2010).
Diante da complexidade e das facetas que o transtorno apresenta, o seu diagnóstico pode se tornar dificultoso, isso porque faz-se necessário diferenciar certos comportamentos de uma criança ou adolescente que está em fase de desenvolvimento dentro do esperado, para aquelas que exprimem comportamentos que prejudicam significativamente pelo menos dois âmbitos de sua vida.
Além da vivência com crianças diagnosticadas com TDAH, a escolha do tema se deu devido sua importância no contexto escolar e familiar, e que, muitas vezes, pela falta de conhecimento, crianças e adolescentes acabam sofrendo com estereótipos e rótulos, em razão dos comportamentos atípicos, decorrentes dos desafios que o transtorno pode causar.
Acredita-se que muitos dos problemas são agravados pela falta de informações, tanto por parte da família como da escola, sobre como proceder de forma mais assertiva no contexto em que a criança está inserida. Provavelmente um esclarecimento adequado para ambas às partes poderá ter relevância para o processo de tratamento, amenizando os possíveis impactos sociais na vida do indivíduo. Assim, família e escola podem se tornar ferramentas fundamentais, intervindo de forma positiva para lidar com os sintomas do transtorno no cotidiano dessa criança ou adolescente.
Partindo desta problemática, esta pesquisa tem por objetivo geral investigar os principais desafios enfrentados por pais e educadores de crianças e adolescentes com o Transtorno do Déficit de Atenção e/ou Hiperatividade. Como objetivos específicos, buscou- se verificar a importância de um diagnóstico preciso para um tratamento adequado, identificando intervenções assertivas que possam auxiliar pais e educadores no manejo dessas crianças e adolescentes com TDAH. Desta forma, contribuir para amenizar os impasses e colaborar para um convívio e desenvolvimento mais saudável, com melhor prognóstico.
Nesse sentido, o entendimento sobre as consequências que podem advir do transtorno e que influência isso poderá ter no desenvolvimento pessoal, acadêmico ou social desse público, podem ter um caráter esclarecedor e compreensivo para o estabelecimento de condutas mais assertivas relacionadas aos cuidados necessários na presença do diagnóstico.
2. Metodologia
Elegeu-se como metodologia deste estudo analisar artigos científicos e textos, assim como utilizar livros de referência, que abordam o Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH) e aspectos sobre: positiva na melhora do paciente.diagnósticos, acompanhamentos e tratamentos, bem como, intervenções que atuem de forma 
Optou-se por uma pesquisa bibliográfica que segundo Prodanov e Freitas (2013), é amplamente utilizada como técnica de investigação em pesquisas exploratórias, sendo desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Ainda assevera que “a pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já publicado. Tradicionalmente, esta modalidade de pesquisa inclui material impresso como livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anais de eventos científicos”.
Portanto, a pesquisa tratou de uma revisão de literatura narrativa, realizada através de levantamento bibliográfico, fundamentado nas bases de dados SCIELO, BIREME BVS, PEPSIC, utilizando como palavras chaves: “Déficit de Atenção” “Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade”, “Diagnóstico”, “Comorbidades”, “Famílias”, “Educadores”, como também, livros de autores que tratam do assunto, como: Barkley, Phelan e Mattos.
Inicialmente, houve um resultado de quatro mil quinhentos e cinquenta e quatro artigos, e para o refinamento do material, utilizou-se como critérios de inclusão artigos publicados entre os anos de 2007 a 2017, disponíveis na íntegra online, em português, relacionado ao Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividad 
No critério de exclusão foram eliminados os trabalhos publicados em datas anteriores às estabelecidas, artigos que continham outros eixos temáticos ou em outros idiomas que não fosse o português, resultando em oitenta e seis artigos. Destes, foram escolhidos treze artigos e duas monografias, a partir da leitura de seus resumos, sendo eliminados os artigos com outros eixos temáticos, que não eram gratuitos para consulta na íntegra, e articulados com livros sobre o tema, com o intuito de responder às questões propostas deste estudo
3. Resultados e Discussão
Crianças com TDAH geralmente são descritas por seus pais, educadores e colegas, como crianças que não escutam, são desastradas, esquecidas, desorganizadas e desatentas, que em geral falam demais, são muito agitadas, impacientes e não finalizam nada que começam, portanto, sendo necessários atenção e cuidados constantes. Diante desses comportamentos considerados inapropriados, e, muitas vezes, interpretados com indisciplina, pais são chamados à escola. Em virtude da sucessão e preocupação diante do fato, o assunto vem sendo o foco de muitos pais e educadores (JOU et al., 2010).
Barkley (2011) acrescenta que a maioria das crianças e adolescentes desconhece a extensão de seus sintomas, e de que forma podem vir a interferir em sua vida, porém, somente na fase adulta, entre os 27 – 32 anos, que começam a ter mais ideia sobre essas questões, seja de forma vivencial ou de relatos de terceiros. Isso ocorre porque quando adultos, acabam tendo feedbacks de mais pessoas, devido à amplitude de seus contextos, tornando-se mais consistente a percepção dos prejuízos quevêm sofrendo advindos do transtorno.
Alguns desses prejuízos perceptíveis somente na idade adulta são mencionados por Barkley (2011): funcionamento deficiente no trabalho, mudança frequente de empregos, gastos excessivos resultando em dívidas, pouca ou nenhuma reserva financeira, comportamento sexual de risco, aumento de gravidez na adolescência e de doenças sexualmente transmissíveis, direção perigosa, problemas nos relacionamentos amorosos ou conjugais, entre outros. Todas essas dificuldades estão relacionadas à falta de tratamento do TDAH, ocasionados por questões atencionais, hiperativas e impulsivas, que se estendem à vida adulta e findam por afetar outras áreas da vida do indivíduo.
3.1 Características do TDAH
De acordo com o Manual de Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais – DSM-V (APA, 2014) e a Classificação Internacional de Doenças da CID-10, as características nucleares do TDAH são representadas pela tríade sintomática desatenção-hiperatividade- impulsividade, sendo classificado como um transtorno do neurodesenvolvimento, isso porque em geral, tem início no período de desenvolvimento da criança, e a presença dos sintomas que o caracteriza se manifestam na infância, com prejuízos que podem variar para cada indivíduo e persistindo até a idade adulta.
Phelan (2005) expõe algumas características gerais que crianças com TDAH podem apresentar, como desatenção ou tendência à distração, quando não se consegue manter atenção em uma só atividade; impulsividade, agir sem pensar, não havendo preocupação com as consequências; impaciência para esperar; super excitação emocional, experimentando uma intensidade de emoções; desobediência, como a dificuldade de seguir regras; problemas sociais, como dificuldades no relacionamento com outros colegas; desorganização, apresentando, em geral, desorientação e esquecimento, chegando inclusive a perder seus pertences.
Vale ressaltar que os transtornos do neurodesenvolvimento têm alto índice de comorbidades, dentre elas, as mais comuns para o TDAH são: Transtorno Opositor Desafiador (TOD), que, segundo o DSM-V, tem como características principais desobediência, desafio e comportamento hostil; Transtorno de Aprendizagem (TA), que são dificuldades que a criança ou adolescente podem apresentar, afetando, assim, sua cognição e impedindo-os de adquirir novos conhecimentos; e Transtorno de Conduta (TC), que se caracteriza por um comportamento repetitivo e persistente de conduta antissocial, agressiva  ou desafiadora (APA, 2014). O termo comorbidades refere-se à demais transtornos ou doenças associadas, devido sua alta taxa, tornando-se dificultoso fazer o diagnóstico diferencial, levando-se em conta que as comorbidades são regra e não exceção, sendo necessário considerar a possibilidade de mais de um transtorno associado.
Freitas et al. (2010) afiançam que os portadores de TDAH mantém seu padrão disfuncional na maior parte do tempo, sendo que os indivíduos, predominantemente, desatentos apresentam maiores prejuízos no desempenho acadêmico e menor na socialização. Para o tipo hiperativo/impulsivo ocorre o oposto, estes apresentam maiores prejuízos nas relações interpessoais e menores nas acadêmicas, devido sua impulsividade e agressividade. Por último, o tipo combinado, desatento com hiperatividade/impulsividade, que, segundo pesquisas, é considerado o mais comum (JOU, et al, 2010), promovendo prejuízos mais intensos na vida dos indivíduos com o transtorno, como isolamento, depressão e ansiedade.
Entretanto, Signor e Santana (2015) contrapõem os demais autores, colocando que os estudiosos organicistas defendem as questões orgânicas do transtorno e tentam buscar explicações incipientes em genes, substâncias existentes ou inexistentes no sistema nervoso que justifiquem diagnósticos médicos. Acrescentam ainda que não negam a existência do problema, no entanto, não concordam que o diagnóstico seja decorrente de aspectos neurobiológicos do indivíduo.
Acrescentam ainda que as possíveis causas estejam ligadas ao contexto sócio histórico do indivíduo, e que as dificuldades de atenção, hiperatividade e impulsividade é resultado de suas interações, e dessa forma, os sujeitos podem trabalhar essas questões gradativamente através das suas relações sociais e nos processos de ensino aprendizagem (SIGNOR; SANTANA, 2015).
Decorrendo ainda sobre as causas do TDAH, grande número de pesquisas têm estudado suas origens, porém, ainda não se encontra uma resposta definida, pois tem-se mostrado influências de fatores tanto genéticos como ambientais, sendo um transtorno neurobiológico multifatorial e crônico.
Existem várias doenças de transmissão genética, que aparecerão nos filhos caso eles herdem os genes dos pais, de modo independente do ambiente (isto é, de fatores externos). Mas este não é o caso do TDAH: ele é fortemente influenciado pelos genes herdados, mas existe frequentemente a interação com o ambiente para a expressão “final” do que conhecemos como o transtorno (MATTOS, 2001).
Sobre esse fato, Barkley (2011) também coloca que estudos têm mostrado uma probabilidade de 40 a 57% de filhos terem o transtorno, o que indica que existem oito vezes mais chances quando seus pais também têm TDAH do que se os pais não apresentarem esse diagnóstico.
Outros aspectos apontados por Tassotti (2015), consideram que a causa do TDAH se encontra relacionada a uma alteração na região frontal do cérebro, área responsável pela memória, onde fazemos planejamentos e organização das atividades. Ela ainda possui um sistema inibitório controlador, estabelecendo um controle diante das atividades e atitudes, e devido essa alteração que os sintomas se apresentam num portador de TDAH. Phelan (2005) comenta ainda que existem várias linhas de pesquisas que apontam para uma disfunção dos lobos pré-frontais de indivíduos com TDAH, apresentando uma subatividade em relação aos indivíduos não portadores do transtorno.
Alguns distúrbios do desenvolvimento, como o TDAH, também podem comprometer as funções executivas (FE), que são as habilidades mentais necessárias para realizar tarefas, monitorar comportamentos, controlar emoções, e estão relacionadas à memória de trabalho, atenção seletiva, flexibilidade cognitiva, planejamento e organização. Essas habilidades normalmente são usadas para antecipar o futuro por meio de memórias de experiências passadas e dessa forma direcionar nosso comportamento (PEREIRA; EDUVIRGEM; MONTEIRO, 2017).
Nesse sentido, os autores Benczik e Casella (2015) ressaltam que crianças com TDAH tendem a apresentar respostas mais lentas em tarefas que exigem das funções executivas, dentre elas, manter a atenção sustentada, noção de tempo, planejamento, regulação emocional, memória de trabalho, dentre outras. Sobre a composição do termo, Signor e Santana (2015) constatam que apesar das poucas evidências, pesquisas apoiadas em neuroimagem apontam para a prevalência da ideia de que o TDAH esteja ligado ao mau funcionamento do córtex-pré-frontal, sendo decorrente de desequilíbrios dos neurotransmissores de dopamina e ocasionando a disfunção da parte frontal do cérebro, cujas funções estão ligadas à atenção e a leitura.
3.2 Critérios Diagnósticos do TDAH
No DSM-V (2013) encontra-se uma lista de 18 sintomas, são 9 para desatenção, 6 de hiperatividade e 3 de impulsividade. Como critério diagnóstico considera-se um número de 6 sintomas de desatenção e/ou 6 sintomas de hiperatividade-impulsividade. Para tanto, os sintomas devem persistir por pelo menos seis meses, podendo agora ser percebido o seu início até aos 12 anos de idade, o que antes era possível apenas antes dos 7 anos, como também é significativo e considerável estar presente em mais de dois contextos distintos, como por exemplo o escolar e familiar, além de causar interferência significativa na vida funcional do sujeito. Há ainda a possibilidade de o transtorno ser considerado leve, moderado ou grave, dependendo do grau e prejuízo que os sintomas possam causar na vida do indivíduo.
O diagnóstico do TDAH é essencialmente clínico, por meiode observações comportamentais dos pacientes a partir dos critérios diagnósticos dos Manuais de Diagnóstico e Estatístico das Perturbações Mentais (DSM-V), levando-se em conta a persistência e gravidade das manifestações dos sintomas relacionados ao transtorno (PEREIRA; EDUVIRGEM; MONTEIRO, 2017). Ainda que alguns profissionais possam optar por formas alternativas de complementar o diagnóstico solicitando alguns exames, como de neuroimagem ou testes neuropsicológicos, no entanto, estes poderão servir como parte complementar do processo, sendo opcional e não obrigatório para a conclusão do diagnóstico clínico.
A respeito dos exames de neuroimagem, Signor e Santana (2015) falam que não são instrumentos confiáveis para uma afirmação do diagnóstico de TDAH, frisando a relevância de um diagnóstico feito por um profissional médico e preferencialmente com conhecimentos na área do desenvolvimento infantil, para que se possa distinguir o que é disfuncional e o que é esperado em termos de comportamento para cada faixa etária.
De forma didática, Barkley (2011) descreve alguns comportamentos que podem ser observados em crianças com TDAH, dentre eles: 1. Dificuldade em manter a atenção focada em alguma tarefa específica; 2. Não conseguir manter em mente coisas que precisam ser lembradas; 3. Dificuldade em explicar coisas em uma ordem; 4. Dificuldade em terminar tarefas; 5. Necessidade de releitura de instruções para compreender seu significado; 6. Dificuldade em organizar e colocar seus pensamentos através da escrita; 7. Dificuldade em controlar as emoções; 8. Facilidade em ficar frustrado; 9. Demonstra pouca noção de tempo; 10. Apresenta mais propensão a acidentes e mais lento ao reagir a eventos inesperados. Esses comportamentos decorrem do prejuízo da função executiva, que seria como um sistema de “freio psicológico”, que se utiliza para avaliar até que ponto é conveniente fazer o que está se pretendendo, isso também explicaria sua impulsividade.
Diante da complexidade do transtorno e sua multiplicidade de sintomas, o acompanhamento e o processo de tratamento do TDAH requer uma avaliação de diversos profissionais, dentre eles, médicos, psicólogos, psicopedagogos, neuropsicólogos e fonoaudiólogos (CARVALHO; SANTOS, 2016). Além disso, os autores ressaltam a importância do apoio familiar como parte fundamental do tratamento.
Assim, é de suma importância o trabalho dos diversos profissionais de saúde e de suas trocas interdisciplinares no campo da psicologia e da neurociência, destacando o enriquecimento, a compreensão e a intervenção no tratamento do TDAH (SANTOS; VASCONCELOS, 2010). A união dessas informações podem agregar muito conhecimento para os diversos profissionais que lidam com questões ligadas ao TDAH, sendo importante que esse diálogo aconteça como forma de interação antes e durante o tratamento, a fim de reunir estratégias satisfatórias que sejam eficazes no tratamento dos sintomas e contemple o indivíduo em sua integralidade.
Em seus estudos, Jou et al. (2010) consideram que há uma discrepância importante com relação às condutas tomadas pelas escolas diante da suspeita do transtorno. Explica que enquanto algumas escolas, ao detectarem comportamentos suspeitos, buscam conversar com os pais e tentar medidas educacionais, postergando o encaminhamento para a avaliação. Outras, de modo oposto, diante da suspeita da presença do transtorno na criança, imediatamente conversam com pais e responsáveis para que levem seus filhos para uma avaliação profissional.
Sobre a conversa, esta pode ser relacionada à quais medidas devem ser tomadas diante de comportamentos que possam levantar suspeita sobre o transtorno, o que deva ser mais amplamente discutido entre membros de escolas de forma que não seja estigmatizado nem tão pouco banalizado. Nesse sentido, Santos e Vasconcelos (2010) enfatizam sobre a necessidade do equilíbrio necessário entre o sempre diagnosticar e o nunca diagnosticar, chamando a atenção para esse devido cuidado.
Nesta ótica, é importante que seja feito um diagnóstico criterioso para que se possa traçar um tratamento adequado para amenizar os efeitos do transtorno bem como suas comorbidades. Além dos critérios estabelecidos, deve-se considerar o histórico familiar com a história de vida da criança, seu desenvolvimento, desempenho escolar, comportamento e disciplina no contexto escolar e familiar e relação com os amigos, para se certificar de que o transtorno realmente exista (LUIZÃO; SCICCHITANO, 2014).
Em consonância com o autor acima citado, Missawa e Rossetti (2014) destacam que a desatenção, hiperatividade ou impulsividade apresentando-se de forma isolada, pode decorrer de vários outros âmbitos na vida da criança, como problemas na relação com os pais, amigos ou instituições educacionais despreparadas, e com isso podem estar ligados a outros transtornos frequentemente observados na infância. Portanto, ao realizar o diagnóstico, é importante a contextualização de sintomas, relacionando-os com a história de vida da criança.
Compreende-se ainda que seja preciso atentar-se ao fato de que se o diagnóstico for feito antes dos seis anos de idade, quando a criança está na pré-escola, é necessária cautela, uma vez que os sintomas de hiperatividade/impulsividade nessa fase são mais frequentes quando comparados com os sintomas de desatenção, o que por sua vez dificulta o diagnóstico.
Nessas circunstâncias, o TDAH apesar de crônico e perdurar por toda a vida do indivíduo, Santos e Vasconcelos (2010), salientam que o diagnóstico deve ser refeito semestralmente, devido ao aspecto transitório e dinâmico do transtorno. Uma vez entrevistadas, avaliadas e diagnosticadas, as crianças e adolescentes são encaminhadas para avaliação e acompanhamento psicopedagógico, as quais são convidadas a encontrar estratégias que facilitem seu processo de aprendizagem.
Sendo o TDAH comum e prejudicial, afetando o desenvolvimento emocional, acadêmico e social, torna-se essencial que pais, professores, pedagogos, psicólogos e  médicos, tenham devida capacidade de identificar os sintomas, pois quanto mais precoce o diagnóstico for feito, juntamente com o tratamento de forma interdisciplinar desses profissionais e com a orientação de pais e professores, é possível evitar suas consequências negativas (MATTOS, 2001).
3.3 Desafios Encontrados no Âmbito Escolar
O ambiente escolar é um cenário em que os indivíduos se apresentam com suas ideias, características e necessidades individuais diversas, dividindo o mesmo espaço físico. Sabe-se que é um contexto relevante no cotidiano de toda criança e adolescente, pois é principalmente através deste meio em que elas geram suas relações sociais, é solicitada a cumprir metas, executando tarefas, seguindo uma rotina e passando a maior parte do seu tempo, e o professor exerce um importante papel de educador.
A literatura nos apresenta que a escola se mostra como um palco de experimento e desenvolvimento, em que a criança testa suas capacidades físicas, intelectuais e emocionais. É nesse âmbito que professores se deparam com alguns alunos que apresentam comportamentos desafiadores em sala de aula, como desorganização, falta de motivação, dificuldade em prestar atenção se distraindo com facilidade, problemas em conseguir concluir tarefas, agitação em demasia, problemas em esperar sua vez, parecer não ouvir o que os outros falam, dificuldade no aprendizado e algumas vezes agressividade, complicando a relação com os demais alunos. Esses fatores podem comprometer a aprendizagem podendo levar ao fracasso escolar. É nessa interação no ambiente escolar que os problemas oriundos do TDAH se destacam, pois fatores como a baixa realização de algumas atividades, baixo desempenho em determinada tarefa e a dificuldade de manter a atenção, se tornam mais evidentes (LUIZÃO; SCICCHITANO, 2014).
Nesse contexto, apesar do diagnóstico ser feito por um especialista na área, o educador tem papel fundamental nesse processo devido ao fato dessas crianças/adolescentes passarem a maior parte do tempo na escola, podendoser observadas em vários momentos de sua rotina diária. Dessa forma, os educadores podem passar informações valiosas para as famílias, que com isso poderão buscar ajuda de um profissional capacitado para um diagnóstico preciso e tratamento recomendado.
É comum os educadores relatarem queixas de baixo rendimento escolar, conversas constantes, inquietude durante explicações, indisciplina, esquecimento de material, desmotivação durante atividades, letra incompreensível, dentre outros que chamam atenção em sala de aula. No entanto, Pereira, Eduvirgem e Monteiro (2017) colocam que geralmente esses professores não possuem o entendimento necessário sobre o TDAH, nem o devido preparo para lidar com esses alunos, que apresentam certas dificuldades advindas do transtorno.
Em concordância com o autor, Reis e Cort (2016) mostram que muitos professores, apesar de dominarem o ato de ensinar e transmitir conteúdos, não estão adequadamente preparados pedagogicamente para trabalhar de forma diferenciada com esses alunos que possuem necessidades de aprendizagem especial. Não estando aptos, nesse aspecto, a aplicar o conteúdo a eles de forma a proporcionar interação e envolvimentos de todos, fazendo com que essas crianças e adolescentes se sintam incompreendidas ou até mesmo segregadas frente aos demais colegas, o que pode ser desmotivador para elas.
Por outro lado, ainda de acordo com os autores, professores que possuem as informações necessárias sobre o TDAH conseguem ser mais assertivos em sua metodologia de ensino apropriado, preparando melhor suas aulas com estratégias pedagógicas em que o aluno se sinta instigado a participar, evitando que se distraia com facilidade e criando um ambiente tolerante à diversidade. Jou et al. (2010) destacam que um professor inflexível e uma sala de aula rígida podem ser fatais para uma criança ou adolescente com TDAH, elas devem ser encorajadas a trabalharem a seu próprio modo e suas necessidades com um olhar mais individualizado.
Nessa perspectiva, as crianças ou adolescentes acometidas pelo transtorno possuem dificuldades de se adaptar a esse meio escolar devido aos seus comportamentos típicos, que por vezes impossibilita suas relações com o professor e com seus colegas de sala, intervindo no processo ensino aprendizagem. Desse modo, são indivíduos que ao longo de sua vida apresentam grandes prejuízos no âmbito acadêmico, social e familiar.
De fato, se torna imprescindível explorar o conhecimento nesse aspecto para que as intervenções efetuadas sejam eficazes e possam gerar resultados positivos favoráveis na absorção de conhecimentos e inclusão social desses indivíduos. Nessa via, é fundamental a participação dos pais e professores, sendo estes os que percebem e observam os primeiros indicativos do transtorno e que dispõe de contato direto com essas crianças e adolescentes (CARVALHO; SANTOS, 2016).
Sobretudo, Tassotti (2015) comenta que a informação sobre o TDAH deve estar de forma bem clara, pois é comum as crianças serem taxadas de irresponsáveis, incapazes, mal- educadas e sem limites, tanto pelos pais quanto pelos professores, e com isso, sentem-se rejeitadas pelos colegas, e, consequentemente, acabam se isolando. À vista disso, é uma pauta que precisa ser investigada e tratada com sua relevância, pois o diagnóstico com o devido tratamento pode evitar danos individuais como, por exemplo, o fracasso escolar no decorrer da vida acadêmica da criança ou adolescente, podendo ter agrave com a presença de comorbidades.
3.4 Os Impactos Causados no Ambiente Familiar.
Lidar com filhos que possuem o TDAH pode ser uma tarefa árdua que exige dos pais uma atenção mais frequente e mais do seu tempo para que possam acompanhar seus filhos no dever de casa, ou mesmo estar sempre comparecendo à escola. Isso, por vezes torna-se cansativo e muito difícil, acarretando desgastes pela necessidade de vigilância quanto ao comportamento do filho e desse modo, as discussões familiares acabam sendo comuns (MATTOS, 2001).
Percebe-se assim, que o ambiente familiar é um cenário que constantemente retrata e gera conflitos, impactando as relações afetivas entre os membros da família, que acarreta desgastes de ordem física e emocional (PHELAN, 2005). Nesse contexto, o núcleo familiar se torna tenso, e isso se deve ao fato de seus filhos parecerem “não escutar”, reagirem mal às frustrações, apresentarem comportamentos agressivos e não respeitarem as regras impostas pelos pais, impactando negativamente a relação devido ao estresse diário (BENCZIK et al., 2015).
Phelan (2005) fala que o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade modifica completamente a vida familiar. A família que possui uma ou mais crianças com o transtorno experencia um cotidiano que difere do convívio em outras famílias, geralmente os divórcios nesses casos são bem comuns, como também percebem-se pais esmorecidos e desanimados. “Há mais tensões e mais discussão; a competição entre irmãos é terrível e interminável; o barulho é constante; a hora do jantar nem sempre é divertida e comer fora pode se tornar algo impraticável” (PHELAN, 2005).
Reis e Cort (2016) relatam que dentre as dificuldades encontradas por famílias de crianças que possuem o transtorno, o principal desafio está em propiciar momentos fraternos e de harmonia com seus filhos, pois diante de tantos períodos conflituosos, esses momentos acabam ficando mais raros.
Além disso, comportamentos disfuncionais dos pais frente aos filhos com TDAH podem ser fator agravante para o transtorno. Mattos (2001) cita que alguns pais têm dificuldade de estabelecer regras em casa e quando estabelecem, eles mesmos não as seguem. Outra situação é quando há discussões dentro de casa sobre a forma de educação e não há um consenso entre os pais, resultando numa confusão de regras para esta criança/adolescente. Um estilo de educação sem impor limites, ou quando a família é muito exigente, colabora para a desregulação da ansiedade, sensação de frustração e humor irritadiço na criança/adolescente. Ainda, quando algumas famílias costumam discutir muito e possuem comportamentos agressivos uns com os outros, é possível ocasionar ou intensificar comportamentos agressivos e opositivos na criança.
[...] Pais saudáveis também constituem famílias mais estáveis. Uma forte união familiar pode fazer muito para ajudar uma criança com TDA a se desenvolver mais normalmente. Se o filho sente que os pais e os irmãos estão “do seu lado” e se importam com ele, sua autoestima vai sofrer muito menos com os golpes que inevitavelmente ele receberá. Se a mãe e o pai puderem negociar suas diferenças de uma maneira democrática e satisfatória- especialmente com relação ao filho portador de TDA- e se a família permitir a livre expressão de pensamentos e sentimentos, a criança se sentirá muito melhor (PHELAN, 2005).
Frente a essas diversas constatações, fica claro como o TDAH inevitavelmente afeta de modo particular a vida dessas crianças e adolescentes, e, consequentemente, das pessoas que participam ativamente da sua rotina. Os pais, se não possuírem o devido conhecimento sobre o transtorno, sentem dificuldades no manejo dos sintomas que os filhos apresentam, estabelecendo um relacionamento difícil, e, como consequência, acarretando agraves que tornam a vida de ambos um caos.
3.5 As Possibilidades de Tratamento
Barkley (2011) e Mattos (2001) enfatizam que diversas pesquisas nos últimos anos têm mostrado que o tratamento medicamentoso tem sido eficaz para o TDAH, demonstrando maiores benefícios e menores riscos, corrigindo ou compensando o problema biológico que está na raiz do transtorno.
Os principais medicamentos escolhidos são os estimulantes, por serem considerados seguros e capazes de propiciar significativos resultados em um prazo curto de tempo. A medicação disponível e que possui maior efetividade no Brasil, é o metilfenidato, conhecido por Ritalina (DESIDÉRIO; MIYAZAKI, 2007). A psicoterapia, por sua vez, segundo Mattos (2001) não deve ser vista como alternativa à medicação, porém, complementar aos casos específicos,ou seja, quando a criança apresentar problemas como baixa autoestima, ansiedade, depressão e dificuldades em suas habilidades sociais.
Nesse sentido, o tratamento psicoterápico é indicado principalmente quando detectada comorbidades associadas, no entanto, para casos de TDAH toda orientação e instrução a pais e educadores são recomendadas, proporcionando a devida compreensão e desmistificando o transtorno. Além do devido entendimento, as aplicações de técnicas ensinadas facilitam o manejo dos sintomas. No contexto escolar, essas orientações melhoram significativamente a convivência com os colegas, contribuindo assim para um maior interesse nos estudos (DESIDÉRIO; MIYAZAKI, 2007).
O tratamento do TDAH requer uma abordagem interdisciplinar e global, é indicada com intervenções farmacológicas e psicossociaisDevido ao fato de ser um problema crônico e ter um impacto significativo ao longo da vida, atingindo o desempenho acadêmico, relações sociais e familiares do indivíduo com TDAH. Uma atenção diferenciada é exigida por parte de pais e educadores, a fim de enfrentarem juntos problemas relacionados às limitações impostas pelo transtorno. Assim, o ambiente escolar, por sua vez, é o primeiro a ser trabalhado, por ser considerado o ambiente em que mais se percebe a manifestação do transtorno (CARVALHO; SANTOS, 2016).
Compartilhando da mesma ideia que os autores acima citados, Santos e Vasconcelos (2010) propõem uma abordagem que abranja os múltiplos agentes sociais, com a participação de pais, familiares, educadores e profissionais de saúde. Reforçam ainda que a educação sobre o transtorno para todos envolvidos no contexto em que a criança ou adolescente com o TDAH está inserida, é parte essencial das terapias comportamentais e cognitivas. Por meio de técnicas que promovem intervenções psicoeducativas para a eliminação de comportamentos inapropriados e aquisição de novos, sofisticando desta forma o repertório comportamental da criança.
Monteiro (2014) enfatiza resultados positivos com a intervenção da Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) para o TDAH, com uma melhora no quadro comportamental atencional, acadêmico e interações sociais, repercutindo positivamente nas relações familiares e acadêmicas.
Diante do exposto, viu-se que além da intervenção farmacológica é importante um acompanhamento psicoterapêutico, tendo em vista que em alguns casos a criança ou adolescente pode apresentar dificuldades quanto aos seus relacionamentos, seja na esfera familiar, escolar ou pessoal, visto ainda os casos que apontam comorbidades. O auxílio da psicopedagogia nesses casos entra como guia e suporte na descoberta de novas estratégias de aprendizado, favorecendo a trajetória acadêmica dos indivíduos que apresentam dificuldades escolares.
Apesar de algumas pesquisas enfatizarem a questão do medicamento como um meio de tratamento disponível de alta eficácia, o suporte psicológico, por sua vez, dispõe de uma visão que pode contribuir de forma positiva nesse processo de tratamento, vendo o ser humano não só a partir dos seus sintomas que clinicamente são descritos, mas como seres com plenas capacidades de desenvolvimento, que podem ser instigadas e lapidadas diariamente com o auxílio e ferramentas apropriadas.
3.6 Estratégias de Ação Como Formas de Intervenções no Contexto Escolar
Para Seno (2010), uma vez que a criança seja diagnosticada com o transtorno, ela deve ser considerada como um aluno com necessidades educacionais especiais, visando desta forma que ela tenha as mesmas garantias e oportunidades de aprender como os  demais colegas de sala. Para tanto, se fazem necessárias algumas adaptações que objetivam minimizar os impactos e ocorrências dos comportamentos considerados indesejáveis no ambiente escolar.
Ainda nesse mesmo seguimento, o autor cita alguns exemplos pertinentes como: reduzir o número de alunos em sala de aula, no intuito de que o aluno se distraia com menos facilidade; manter uma rotina diária, de modo que ele consiga se organizar e planejar melhor; promover atividades mais curtas, para que não ocorra a falta de interesse e a dispersão; escolhê-lo para auxiliar nas tarefas que exigem movimentar-se; intercalar momentos de explicação com exercícios práticos, a fim de conseguir manter a atenção, de preferência com sua participação ativa, e sugerir aos pais a buscarem ajuda de um psicopedagogo para complementar o trabalho pedagógico exercido pelo educador (SENO, 2010).
Em complementaridade, Reis e Cort (2016) sugerem que sejam utilizadas metodologias com estratégias pedagógicas que contemplem os alunos com suas diversas características. No caso do TDAH, para que o aluno consiga absorver melhor o conteúdo, é importante que faça pequenos intervalos, instigue o aluno a participar de forma ativa com alguns desafios para que se sinta motivado. Além do mais, buscar contemplar os alunos com matérias tanto visuais, como auditivos e sinestésicos, garantindo que todos tenham a possibilidade de aprender.
Quando se tem um entendimento e uma preparação para lidar com tais peculiaridades dentro de uma sala de aula, como o déficit de atenção, o professor consegue pensar em estratégias de como melhorar suas aulas, possibilitando aos alunos com o transtorno, uma absorção de informações mais efetiva, propiciando práticas que instiguem a participação, evitando sua rápida dispersão. Ao contrário, se não há esse entendimento, o professor pode promover certo distanciamento entre os alunos, criando um ambiente onde aquele que é “diferente” se torna estigmatizado (REIS; CORT, 2016). Sendo assim, propõe-se que, o educador deva promover estímulos necessários a fim de reter a atenção e motivar os alunos para que eles não fiquem no “mundo da lua” e alheio ao conteúdo ministrado em sala de aula, e antes de qualquer coisa precisa conhecer o transtorno para saber diferenciá-lo de qualquer outro comportamento.
A Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA, 2017) propõe algumas estratégias que podem auxiliar os pais nesse manejo escolar, dentre elas: a escolha cuidadosa da escola, como fator importante para o processo de aprendizagem; não haver uma sobrecarga de atividades extracurriculares para a criança; o estudo deve ser realizado como a criança entender, se não houver bons resultados, o indicado é que vá se tentando outras opções que favoreça o desempenho; manter o máximo de contato com os professores para haver um acompanhamento; as tarefas podem ser subdivididas para facilitar sua realização.
A orientação escolar nesse caso visa facilitar o dia a dia da criança com seus colegas em sala de aula, como forma de desviar-se da falta de interesse pelos estudos, um desafio encontrado para esta intervenção é obter a participação contínua da escola no tratamento (DESIDÉRIO; MIYAZAKI, 2007).
Logo, entende-se que um dos principais personagens no processo da educação inclusiva é o professor, e é fundamental que estes tomem ciência do diagnóstico e do prognóstico do aluno com necessidades especiais, entrevistem pais ou responsáveis para conhecer todo o histórico de vida desse aluno, no intuito de delinear estratégias conjuntas de consagração na relação família-escola, pesquisem inúmeros métodos e táticas de ensino em que variáveis como o desenvolvimento da linguagem, o desenvolvimento físico e, sobretudo, as experiências sociais estejam presentes.
3.7 Possíveis Intervenções no Contexto Familiar
O ambiente familiar por sua vez, também possui importantes atribuições quanto ao trato e manejo do TDAH. Este no que lhe concerne, pode ser geralmente repleto de conflitos, seja na forma de lidar com o transtorno, ou apresentar dificuldades quanto às questões relacionais e/ou emocionais, ou ainda, comportamentais da criança ou adolescente. Nesse caso, os pais se tornam elementos fundamentais no tratamento dos seus filhos, podendo favorecer e facilitar este processo. Mattos (2001) elucida que a primeira coisa que os pais devem fazer é procurar a informação acerca do que se trata o TDAH, suas causas, como os sintomas se manifestam no dia a dia da criança/adolescente,devendo aceitá-lo como de fato um problema, e sobretudo, orientar-se que comportamentos precisam manter com seu filho.
Escute a opinião do seu filho sobre aqueles aspectos do seu comportamento que facilitam ou dificultam as coisas para ele. Diga a ele que vocês podem formar um “time” e descobrir coisas em comum. Ele deve ser estimulado a dizer o que pensa formular opiniões e discuti-las com você. É claro que isto vai depender da idade dele, mas pode ser estimulado, pouco a pouco, desde cedo (MATTOS, 2001).
Nesse caso, a orientação dos pais propõe-se em simplificar o ambiente familiar, descomplicando suas relações e compreendendo o comportamento da criança e adolescente com o transtorno, ao passo que utilizar-se de técnicas que venham colaborar para a gestão dos sintomas e prevenção de problemas futuros (DESIDÉRIO; MIYAZAKI, 2007). É importante frisar que os acometidos pelo transtorno irão precisar de monitoramento durante boa parte de sua infância e adolescência para que possam se adaptar de acordo com os limites que a sociedade impõe. Por se referir a sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade, a criança/adolescente poderá estar passando dos limites em determinadas situações, sendo punidos por não obedecer às regras (MATTOS, 2001).
Por possuir um comportamento considerado inadequado, a criança/adolescente pode se ressentir diante de tantas reclamações e punições que ela passa em muitos momentos de sua vida, causando-lhe desinteresse e falta de motivação para realizar o que deseja, afetando frequentemente os seus estudos e suas relações interpessoais. Monteiro (2014) afirma que geralmente crianças ou adolescentes com TDAH apresentam baixa autoestima devido ao fato de serem constantemente desvalorizados pela maneira com que realizam as tarefas, sendo chamada a atenção, acabam por acreditar que não conseguem fazer nada direito.
Nessa lógica, Mattos (2001) considera bastante positivo os pais estarem reforçando comportamentos positivos dos filhos, por exemplo, com um elogio, mesmo que isso não aconteça com frequência, ao invés de criticar, evidenciar erros e falhas. Assim, destacando o lado bom desse indivíduo, é possível alcançar algum desempenho e progresso, pois elogios realçam a autoestima, enquanto, castigos e críticas geram frustrações.
O Quadro 2 apresenta alguns pontos que Desidério e Miyazaki (2007) consideram importantes e significativos como forma de orientação e/ou aconselhamento indispensáveis para os cuidadores de crianças/adolescentes que possuem TDAH:
Quadro 2 – Orientações sugeridas que facilitam o cuidado de crianças/adolescentes que possuem TDAH.
	Orientações/aconselhamentos
	Justificativas
	1. Procurar conhecer a respeito do TDAH e buscando também famílias com o mesmo problema para a troca de possíveis experiências.
	Isso pode auxiliar no manejo adequado do problema.
	2. Evitar os castigos excessivos.
	Estes têm impacto negativo sobre a autoestima.
	3. Manter uma postura coerente diante do problema entre todos os membros da família.
	Uma postura variada pode deixar a criança ou adolescente confuso.
	4. Estabelecer contato com a escola observando se conhecem o problema, para que se for o caso, fornecer as informações necessárias.
	Facilita o relacionamento na escola com os colegas e evitar o desinteresse.
	5. As normas devem estar claras e coerentes.
	Evita que a criança ou adolescente não saiba exatamente o que está sendo exigido dela.
	6. Impor alguns limites e estabelecer uma educação que não seja muito permissiva.
	É uma forma de preparo para criança ou adolescente enfrentar os limites no decorrer de sua vida.
	7. Evitar muitas brigas na frente da criança ou adolescente.
	Os pais tendem a ser modelos para os filhos.
	8. Manter um diálogo que facilite driblar as dificuldades da criança/adolescente no dia-a-dia.
	Isso pode fornecer importantes dicas para as dificuldades não percebidas pelos pais.
	9. Explicar de forma clara como a criança/adolescente deve se comportar.
	Nem sempre pode estar claro para a criança/adolescente porque determinado comportamento é esperado dela.
Fonte: Adaptação das autoras neste formato do texto de Desidério e Miyazaki (2007).
A impulsividade é um dos traços do TDAH que pode ser percebido facilmente pela dificuldade que o acometido possui de monitorar seu comportamento, e não avalia naquele momento a consequência dos seus atos, agindo impulsivamente. Diante disso, é preciso fazer com a criança pare um pouco, ouça e pense antes de fazer ou falar determinada coisa, sabe-se que isso é uma tarefa muito difícil, tanto para quem tem o Transtorno, como para quem convive com a pessoa, por isso exige tempo e treinamento. Mattos (2001) coloca que os pais podem treinar os filhos a pensarem “alto” e falarem consigo mesmo, o qual ele chama de Técnica de Resolução de Conflitos, que se baseia em estimular a criança a pensar nas alternativas e nas suas consequências, isso em geral pode diminuir sua impulsividade.
Contribuindo com o autor acima, Monteiro (2014) sugere algumas estratégias que podem colaborar com a rotina de pais com filhos com dificuldade em manter a atenção e hiperativos, como por exemplo, a elaboração conjunta de atividades a serem realizadas diariamente, por meio de uma planilha com os dias da semana e horários preenchidos com as atividades a serem desenvolvidas. Isso permitirá que a criança tenha mais controle sobre suas tarefas, e que os pais não precisem chamar a atenção de seus filhos com frequência, pois possibilita que eles criem o hábito da prática e aprendam a desenvolver a rotina de forma mais autônoma. Todavia, como as crianças e adolescentes com o transtorno demonstram mais facilidade em lidar com conteúdos interativos, é importante que essa planilha seja bem elaborada e criativa, preferencialmente, com imãs, desenhos, cores e estímulos que chamem a atenção para que eles consigam segui-la, além disso, coloca também que o tempo livre deve ser maior que as obrigatoriedades.
Outro fato significativo, o de se obter um melhor resultado em suas tarefas diárias, assim, os pais devem solicitar uma tarefa de cada vez, ou seja, de forma isolada, isso permitirá que a criança foque a atenção no que está sendo requisitado. Além disso, segundo Monteiro (2014) proporcionar um local de estudo estável, de preferência com a mesa voltada para a janela, longe de televisores e possíveis distratores, com intervalos de 5 a 10 minutos a cada meia hora de estudos, tende a promover melhores resultados no desempenho durante tarefas escolares.
Em alguns casos, os problemas enfrentados em família não são bem gerenciados por seus membros, que acabam desgastando ainda mais essas relações. O ideal é que assim que seja percebido tais dificuldades, buscar ajuda especializada, pois os pais sozinhos podem sentir dificuldade de fazer esses manejos, e o terapeuta pode auxiliá-los a se sentirem mais capacitados. Um modo de minimizar essas questões que advém dos relacionamentos é o Treinamento em Habilidades Sociais, ele abrange técnicas de entrosamento social, conversação, resolução de conflitos e controle de raiva. Os psicoterapeutas da abordagem Cognitiva Comportamental dominam essas técnicas, não havendo pesquisas que abordem benefícios de outras linhas de terapia para este problema (MATTOS, 2001). No Quadro 3, encontra-se um resumo das técnicas sugeridas pelo autor, que visam facilitar o manuseio do TDAH em diversas esferas da vida da criança e do adolescente.
Outros aspectos apontados por Mattos (2001) são o fato da memória não ser muito boa para quem tem TDAH, mas não seria regra, sendo o caso, estimular a criança a ler em voz alta, fazer resumos, lembretes, tendo certa idade, incentivar o uso de agenda eletrônicas no celular, para lembrar-se de seus compromissos diários. A comunicação nesses casos para ser eficaz, necessita ser clara e objetiva, olhando nos olhos e usando frases curtas e simples para que a criança possa captar a fala, levando em conta o déficit de atenção que possui.
Quadro 3 – Técnicas sugeridas por psicólogos cognitivos-comportamentais,para ser usadas com crianças ou adolescente com TDAH, que ajudam no manejo dos sintomas.
	Técnicas
	Descrição
	Objetivos
	Benefícios
	Resolução de conflitos
	Treina a criança a falar consigo mesma. Usado sempre quando há problema de relacionamento com os demais.
	Estimular a criança a pensar nas alternativas e nas suas consequências.
	Diminui em geral a impulsividade e melhora o relacionamento.
	Treino em Habilidades Sociais
	Minimiza questões relacionadas a dificuldades no relacionamento interpessoal.
	Entrosamento social, conversação, resolução de conflitos e controle de raiva.
	Contribui para sua impulsividade, favorecendo o convívio em grupos.
	Representação de papéis.
	Usa-se uma espécie de teatro incorporado nas situações do dia a dia.
	Mostrar como cada aspecto do TDAH ocorre nas situações do cotidiano, discutindo consequências e propondo comportamentos alternativos.
	Ajuda a criança a lidar e ter consciência dos seus comportamentos.
Fonte: Adaptação das autoras, baseada no texto de Mattos (2001).
Algumas técnicas da TCC utilizadas por psicólogos da Terapia Cognitiva Comportamental (TCC) apontadas pelo por Monteiro (2014) são: conscientização do próprio comportamento, autocontrole, autoinstrução, agenda diária, resolução de problemas, reestruturação cognitiva e prevenção de recaída. Essas são algumas dentre tantas outras que podem ser utilizadas na abordagem da TCC.
Tornar a criança ciente de seu comportamento inadequado é parte fundamental do processo, assim como, ajudá-la a analisar e anotar os comportamentos disfuncionais, para posteriormente modificá-los por outros mais funcionais e adaptativos. Em um segundo momento, é trabalhar o autocontrole, por meio de imagens ou palavras-chave, que vão guiando e modificando os comportamentos indesejáveis já percebidos, assim esta criança irá paulatinamente internalizando novos comportamentos. Com a autoinstrução, a criança é orientada a falar em voz alta o que e como deve realizar algo naquele momento, depois de certo tempo esse processo passa a ser mais interno. Após esse primeiro momento, o terapeuta ensina a criança/adolescente, por meio da técnica de resolução de problemas, a avaliar a situação problema, identificar os problemas existentes e buscar melhores formas para lidar com aquela situação, com o objetivo de que a criança com o transtorno consiga expressar suas necessidades de forma realista e que seja aceita socialmente (MONTEIRO, 2014).
O autor explica ainda que, uma vez que esses primeiros passos estejam sendo praticados pela criança e ela esteja se sentindo familiarizada com essas mudanças, desenvolvendo maior aceitação em seu contexto, o terapeuta entra com a reestruturação cognitiva, que é a modificação de pensamentos disfuncionais por outros mais funcionais, de forma que a criança visualize essas mudanças positivas em sua vida, e perceba que é capaz de modificar outros comportamentos que ainda não são considerados adequados.
No entanto, é possível que durante o tratamento ocorram recaídas, e essa questão deve ser colocada para a criança/adolescente, para que não se sinta frustrada e desista do tratamento. Explicar que alguns comportamentos indesejáveis podem vir a ocorrer novamente, e que isso faz parte do processo e não é grave, pois agora, estando ciente deles e com as técnicas e preparo necessários, ela poderá utilizar essas ferramentas sempre que desejar, e ainda, pode buscando ajuda de um profissional para auxiliá-la, quando se deparar com alguma dificuldade, sempre reforçando os resultados já alcançados (MONTEIRO, 2014).
Com o passar de algum tempo, sendo frequente o uso do novo repertório de habilidades sociais aprendidas, esses comportamentos disfuncionais tendem a enfraquecer, e novas aprendizagens podem acontecer no decorrer de toda a vida, pois as estratégias aqui mencionadas são apenas uma parte da grande gama de possibilidades que terapeutas cognitivos comportamentais utilizam como técnicas de intervenção para o TDAH, assim como, para outros transtornos.
Além disso, é importante salientar que devido ao fato crianças e adolescentes com TDAH apresentarem uma regulação emocional deficiente, faz se necessário ajudá-los a entender e lidar com suas emoções, mostrar seus pontos fortes, trocar adjetivos negativos por mensagens objetivas, valorizar qualidades e potencialidades. Ensinar a autoaceitação, o respeito para consigo mesma e com os demais, evitar comparações e atitudes enfurecidas, são alguns pontos a serem trabalhados por todos os envolvidos no contexto, em que essas crianças e adolescentes estão inseridos.
4. Considerações Finais
Ao longo dessa pesquisa entendeu-se que o processo diagnóstico do TDAH se baseia em dados essencialmente clínicos, pautados no DSM-V, que incluem, principalmente, dificuldade em manter a atenção por longo período; excesso de atividade motora e/ou falta de controle sobre os seus impulsos. Todavia, esses dados devem ser avaliados juntamente com a história de vida do indivíduo, o contexto no qual fazem parte.
Embora haja predomínio de resultados que sugerem que as causas do TDAH sejam ligadas principalmente a herança genética, atrelada a fatores ambientais e possíveis disfunção cerebral, os estudos não apresentam total concordância quanto a esse aspecto. Fica, portanto, a carência de mais investigações científicas nesse sentido.
As interações entre pais e educadores de crianças e adolescentes com o transtorno de déficit de atenção e/ou hiperatividade mostraram-se ser mais conflituosas. Esses desafios nas relações familiares e escolares estão associados aos padrões de comportamentos disfuncionais característicos do TDAH, no entanto, é inegável a influência que o contexto em que a criança/adolescente vive tem sobre seu desenvolvimento. Dessa forma, o ambiente familiar desajustado, assim como, eventos psicológicos estressantes podem agir como desencadeadores ou mantenedores dos sintomas.
Nesse sentido, ressalta-se a necessidade de mais orientações para pais e educadores com relação aos sintomas e manejo do TDAH, como proposto no início do estudo, desmistificando o transtorno e salientando a importância de um diagnóstico precoce, que possibilita as intervenções para a melhora do quadro, conferindo melhor prognóstico.
Do mesmo modo, a falta do diagnóstico pode gerar grandes prejuízos na vida profissional, social, pessoal e afetiva do indivíduo, sem que ele saiba os motivos, isso porque, sem o tratamento adequado outros distúrbios comórbidos podem se associar, afetando cada vez mais a autoestima e corroborando para outros conflitos, afetando as outras esferas de sua vida, que podem se estender até a fase adulta, corroborando para um pior prognóstico.
Constatou-se a necessidade de um acompanhamento multidisciplinar no tratamento do transtorno, em que psicólogos, médicos, psicopedagogos, educadores e familiares buscam trabalhar juntos para a melhor eficácia das possibilidades de intervenções apresentadas. A terapia cognitiva comportamental, mostra-se como sendo a mais indicada para o tratamento do TDAH, pois auxilia a criança e adolescente a redirecionar sua atenção por meio de estratégias que vão sendo aprendidas no decorrer das sessões, desenvolvendo, aprimorando habilidades sociais do indivíduo e auxiliando pais nas estratégias assertivas para lidar no cotidiano com seus filhos. No entanto, o tratamento deve abranger todos os contextos e pessoas que o indivíduo convive para um resultado positivo.
O acompanhamento com psicopedagogo também tem papel fundamental nesse processo, pois além de auxiliar o indivíduo em suas dificuldades acadêmicas, articulando como mediador entre o aluno e o conhecimento, leva em conta sua singularidade, trabalhando suas questões emocionais atreladas a baixa autoestima, que muitas vezes são oriundas das constantes críticas recebidas pelos maus desempenhos em suas atividades diárias. Isso porque, esses impasses ainda são geradores de rotulação desses alunos que possuem TDAH, que com frequência são taxados de preguiçosos, desorganizados, bagunceiros, desinteressados,entre outros termos pejorativos, isso é devido à falta de informações que contemplem as sintomatologias e manejos dessas crianças/adolescentes portadoras do transtorno.
Assim, entende-se a necessidade de ampliar o diálogo e intercâmbio de informações e experiências entre os profissionais da saúde e educação, aprimorando e ampliando seus conhecimentos e intervenções. Nesse sentido, psicólogos, pais e educadores devem, igualmente, preocupar-se com a autoestima dessas crianças e adolescentes com TDAH, que, na maioria das vezes apresentam-se diminuídas e carecem de cuidado. O sentimento de inferioridade geralmente está presente nessas crianças/adolescentes, e se deve ao fato do feedback negativo que recebem diariamente diante das dificuldades enfrentadas.
Assim, crianças e adolescentes que possuem o TDAH, necessitam de acolhimento, orientação e compreensão por parte dos pais e educadores, para obterem melhores resultados no seu desempenho escolar, social e pessoal. Família e escola devem tecer um trabalho de complementaridade e caminharem juntas, apropriando-se de estratégias assertivas que são elementos chaves para um resultado positivo do tratamento. Entende-se que cada criança tem uma personalidade que o torna única, sendo preciso percebê-la em sua singularidade, e buscar compreender o que lhe causa sofrimento, olhando para além do seu transtorno, sem esquecer do principal ingrediente, que é o afeto.
Assim, este estudo foi de extrema importância para adentrar ao tema proposto, contribuindo para um conhecimento mais assertivo, desmistificando qualquer atribuição colocada anteriormente em que possibilitou uma aproximação ao mundo desses indivíduos com o transtorno, fornecendo subsídios para a realização de um trabalho profissional feito de forma coerente e com respeito à vida humana.
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