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INFLUÊNCIA DO ENSINO DE HISTÓRIA NA FORMAÇÃO CIDADÃ DO ALUNO DO ENSINO MÉDIO Adeane Carla Marques de Freitas1 RESUMO O objetivo principal deste estudo foi identificar de que forma o ensino de história pode exercer influência na formação cidadã de alunos do ensino médio. A metodologia se baseou em uma revisão de literatura, utilizando-se da pesquisa bibliográfica. O ensino de história deverá sempre ocupar espaços e gerar progressos, não somente como um campo do conhecimento, mas ainda como motivadora do desenvolvimento de atividades docentes diferenciadas, para que junto aos alunos de história escolar seja compreendida e reconstruída, tendo como embasamento o conhecimento histórico. Quanto aos desafios do ensino de história, a formação universitária de professores de história é demorada e supõem que o professor conheça muito bem a disciplina. Desta forma, o ensino de história contribui para a construção e a concretização de uma consciência cidadã exercitada, primeiramente, em ambiente escolar, abrangendo, no entanto, que a cidadania não precisa iniciar em uma sala de aula, contudo é essencial que o seu exercício não se separe dela. Sabe-se que a cidadania está relacionada ao aparecimento da vida na cidade, à eficácia humana em desempenhar seus direitos e deveres de cidadão. Deve ter como uma das fundamentais finalidades que o aluno seja capaz de entender e agir a cidadania como participação social e política, do mesmo modo como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, seguindo no seu cotidiano, atitudes de solidariedade, colaboração e repúdio às injustiças, respeitando o outro, atuando de maneira crítica e estabelecendo para si o mesmo respeito, uma vez que cidadania se estuda e se vivencia em diversos ambientes, contudo, a escola é o espaço privilegiado para a socialização, a constituição de conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades e competências. Palavras-chave: Ensino de história. Alunos. Formação cidadã. 1 INTRODUÇÃO Além do resgate cultural, o ensino de história está presente na vida do indivíduo enquanto um processo de desenvolvimento e transformações. A mudança social tem sido desejada a cada dia pelos indivíduos que vivem em sociedade, sendo que essa mudança diz respeito à forma de vida, seus estilos de vida, em seus sistemas sociais e na economia, em suas crenças e valores. Trata-se 1 Aluna concludente do curso de Licenciatura em História. de uma circunstância oriunda das rápidas mudanças nos cenários, tanto sociais, políticos, econômicos, aumentando, com isso, as expectativas das pessoas. A escola é um espaço que tem como finalidade não somente a reprodução das relações sociais, mas um espaço que onde circula ideologias, concepções, ações intelectuais. Trata-se de um espaço que busca a socialização do saber, da ciência, da técnica e das artes produzidas de forma social e que deve estar comprometida politicamente. A educação é uma prática social, que está relacionada aos valores vigentes de uma dada cultura, sendo que essa cultura varia em cada momento histórico. Diante disso, entende-se que ao se fazer uma comparação entre o conteúdo escolar da disciplina de história e a realidade vivenciada pelos alunos, o ensino pode gerar a reflexão indispensável para que o mesmo promova o despertar de sua aprendizagem na vida social, com habilidade para atuar e transformar a sociedade de maneira ativa e socialmente envolvida. A história, considerada como sendo experiência humana, torna-se objeto de investigação do historiador que a transforma em conhecimento. Este conhecimento passa a ser fruto de ensino formativo, tendo, com isso, seu ensino, grande importância para a vida social. Este estudo será delimitado enquanto disciplina de história para a formação cidadã no âmbito de alunos do Ensino Médio. Diante do exposto, é levantada a seguinte questão: de que forma o ensino de história pode exercer influência na formação cidadã de alunos do ensino médio? O objetivo geral deste estudo se baseou em identificar de que forma o ensino de história pode exercer influência na formação cidadã de alunos do ensino médio. Para que fosse possível atingir ao objetivo geral proposto, foram traçados objetivos específicos a saber: descrever sobre a didática e a prática do ensino de história; identificar quais são os desafios do ensino de história; verificar como o ensino de história está relacionada com a formação cidadã dos alunos do ensino médio. O estudo teve como metodologia a revisão de literatura, utilizando-se da pesquisa bibliográfica, uma vez que foram consultadas obras literárias, apostilas, artigos científicos e material publicado no meio eletrônico. Este estudo se justifica uma vez que o estudo de história contribui de forma significativa para que o aluno do ensino médio, como integrante do contexto social, compreenda a sua relação com o mundo e a sociedade, historicamente, culturalmente e politicamente, situado no tempo e no espaço, visando a construção de seus valores conhecimentos, atitudes e habilidades indispensáveis para a sua formação cidadã. 2 A DIDÁTICA E A PRÁTICA DO ENSINO DE HISTÓRIA Segundo informações do Instituto Pedagógico de Minas Gerais – IPEMIG (2017a), a didática e metodologia do ensino de história vem sempre ocupando espaços e gerando progressos, não somente como um campo do conhecimento, mas também como motivadora do desenvolvimento de atividades docentes diferenciadas, para que junto aos alunos de história escolar seja compreendida e reconstruída, tendo como embasamento o conhecimento histórico. Abud, Silva e Alves (2010 apud IPEMIG, 2017a) afirmam que a didática da histórica funda-se em torno de um objeto distinto do objeto da história. Se esta busca o passado e constrói um conhecimento próprio, a versão escolar supera a simples transmissão de saberes, para se tornar um campo de conhecimento no qual se imbricam a história ciência e a história escolar, cada uma com elementos próprios. A ciência de referência diz respeito à didática da história para sugerir operações cognitivas que estejam ao alcance dos alunos. Comina-se à disciplina o papel de intercessora, ou seja, assumir inalterados os conteúdos e formas produzidas pela história como ciência. A adaptação depende da capacidade de apreensão dos destinatários, que não são historiadores, e talvez nem desejem ser. A didática da história leva em conta, metodicamente, a autonomia e independência disciplinares, referentes às diferenças entre o trabalho da história científica e a atividade em sala de aula (IPEMIG, 2017). A essencial finalidade do ensino de história se fundamenta em envolver e explanar as múltiplas versões do fato, e não tão-somente memoriza-lo. Sem que identifique, resguarde, abranja, sem que se sugira onde se localizam outros acontecimentos e qual o seu valor, não pode existir seguimento consciente no tempo, mas apenas a eterna transformação do mundo e do período biológico das criaturas que nele habitam. A informação da história da civilização é importante pelo fato de fornecer os alicerces para o futuro, permitindo o conhecimento de como aqueles que existiram antes equacionaram os amplos assuntos humanos (IPEMIG, 2017). O importante não pé só o acervo de conhecimentos que se deve selecionar para instruir o ensino, igualmente importante é a maneira como se deve realizar este ensino, o modo como o ensino é trabalhado. Ou seja, a metodologia de trabalho na escola. Alfabetizar, por exemplo, pode ser feito por diversos métodos: alfabetizar a partir da convivência, da realidade doa alfabetizados, fazendo com que eles ampliem o conhecimento de sua realidade e incorporem outros conhecimentos, exige um determinado método, não qualquer método (IPEMIG, 2017, p. 12). Na visão de Abud, Silva e Alves (2010 apud IPEMIG, 2017a), a viradametodológica, que transforma a expectativa do ensino de história e afeta todos os seus atores, principalmente professores e alunos, distingue-se pelo acesso de um processo de memorização de informações e de relação com narrativas prontas, do manual didático, do professor e da mídia, para a necessidade da produção de narrativas a partir de induções e leituras diretas de vários documentos históricos e de narrativas de diversas perspectivas. Tal transformação foi verificada devido as pesquisas de campo da educação histórica e tornou indispensável compreender, à luz das pesquisas em torno da narrativa histórica, a analogia que crianças e jovens constituem com a produção da narrativa histórica. De acordo com Souza (2015), no modelo de formação de professores fica em destaque uma ideia segundo a qual a didática é avaliada como um conjunto de conhecimentos indispensáveis à preparação de profissionais competentes a manobrar metodologias de ensino, que o ampararão na aplicação dos conhecimentos característicos na educação, sendo que muitas vezes isso vem seguido de uma desvinculação entre o ato de ensinar e aquilo que se almeja ensinar. Trata-se da separação entre um conjunto de conhecimentos a ensinar e uma formação complementar, a partir da qual se tenta desenvolver competências para o trabalho pedagógico, como o planejamento de aulas, o trabalho com manuais didáticos e a preparação para adotar estratégias de transmissão de conhecimentos (SOUZA, 2015, p. 86). Vasconcelos (2002 apud RAMOS; CAINELLI, 2014) afirma que a separação entre teoria e prática, a falta de prestígio dos conhecimentos sucedidos da prática, estabelecidos na prática e sobre a prática, obedece à epistemologia clássica, em que se percebe o mundo das ideias, dos conceitos, das teorias como superior. O mundo da empiria, da prática, da experiência, conforme tal expectativa, poderia até ser ponto de partida, mas imperfeito uma vez que é alterável e fugidio. Não tem que deduzir o que seria inferior ou superior, a teoria ou a prática, mas ponderar que a prática é imprescindível para o conhecimento e funciona como sua pressuposição, mas não é satisfatória para que este se estabeleça. Distinto do padrão epistemológico tradicional, hoje observa-se a emergência do paradigma da complexidade, no qual não deriva apontar o mundo das ideias do mundo da experiência, os valores das ações. Conforme Souza (2015), a prática, no domínio da formação docente, não pode ser apreendida exclusivamente como observação e participação em atividades no interior das escolas. Conhecer o campo de trabalho não pode constituir meramente a reprodução de práticas sedimentadas na cultura escolar e na cultura da escola, pois é importante ir além e aprender a contextualizá-las, estabelecer interpretações críticas e recomendar alternativas. No que diz respeito à teoria, conforme Barca (2004 apud SOUZA, 2015), o princípio teórico-metodológico que norteia a configuração dada a esse curso se influencia pela percepção de aula-oficina, na qual o aluno é sujeito do próprio conhecimento e a aprendizagem histórica acontece por meio de um trabalho que agrupa atividades complexas que lidam com o conhecimento histórico em sua natureza epistemológica. Segundo Rüsen (2007 apud RAMOS; CAINELLI, 2014), os saberes indispensáveis para ensinar história abrangem os relacionados à pedagogia, no que diz respeito aos métodos de ensino e à didática da história por basear a educação histórica, ou seja: as ciências sociais, que pesquisam as condições sociais de ensino e aprendizagem; os desígnios, as formas e os processos da educação, o que abarca saberes pedagógicos para além do conteúdo pragmático, em conjunto com os estudos históricos que pesquisam história como disciplina a ser ensinada. Esse grau da didática da história determina as finalidades e as formas da educação histórica dentro de um dado contexto político, social, cultural e institucional enquanto o nível pedagógico constitui os meios práticos pelos quais estes objetivos são alcançados. Na área de História, a problemática relatada, quanto à separação entre produção e difusão do conhecimento, encontra raízes no século XIX, quando a história passou a ser uma disciplina de investigação orientada por um método e houve uma separação entre os que produzem o conhecimento histórico e os que tratam de sua transmissão. Antes dessa institucionalização da história como campo de investigações sobre o passado, os que tinham interesse de estudar história comumente o faziam também com fins didáticos, ou seja, a investigação histórica era feita para produzir conhecimentos a serem ensinados e, assim, orientar a sociedade sobre seu passado e seus destinos (RÜSEN, 2008 apud SOUZA, 2015, p. 87). Compreende-se, diante disso, todos os saberes, sendo estes formativos, curriculares, disciplinares e experienciais, os quais são importantes e, por isso, devem ser mobilizados. Entretanto, o eixo norteador desta mobilização deve ser o saber disciplinar. A partir daí o ensino de história deve situar-se em um esclarecimento e uma percepção tendo em vista a função característica e exclusiva do saber histórico na vida humana (RÜSEN, 2007 apud RAMOS; CAINELLI, 2014). 3 OS DESAFIOS DO ENSINO DE HISTÓRIA Souza e Carvalho (2012) afirmam que, atualmente, o ensino de história estabelece a interdisciplinaridade na tentativa de aprofundar o conhecimento indispensável para o bom exercício na área de história, pois para conhecer a disciplina o discente precisa de anos de estudo, algo que torna sua formação lenta e determina que o estudo ocorra de forma contínua. A formação de professores de história visa apoio em outras áreas, como língua portuguesa, matemática, ciências, geografia, artes, filosofia, economia, didática, sociologia, o que justifica a interdisciplinaridade. Sobre esse aspecto, BORGES apud GUIMARÃES (2001) observou que a formação universitária de professores de história é demorada e supõem que o professor conheça muito bem, como é produzida essa forma de conhecimento, pois deste modo "estará ele em condições de evitar um ensino repetitivo e memorizado em defesa da cultura, pautando ao acesso do conhecimento por meio, por exemplo, de realização de leituras e participação de congressos". E trabalhar por este ângulo é trabalhar a história de uma forma, reconhecendo que nela existe toda uma diversidade de abordagens, fazendo do passado uma leitura com termos de referências recentes que abrangem o hoje e o agora, com perspectivas sociais teóricas, ou uma concepção de mundo (SOUZA; CARVALHO, 2012, p. 3). De acordo com informações da IPEMIG (2017a), o ensino de história é considerado uma tarefa que não é fácil, essencialmente pelo fato de se tratar de uma disciplina que tem maior resistência entre os alunos. Não pode restringir-se a memorização de fatos, a informação particularizada dos eventos, à acumulação de dados sobre as situações nas quais incidiram. A história não é puramente uma narrativa de acontecimentos periféricos, não é a consagração de figuras ilustres. Não é um domínio imparcial, é um espaço de debate, em geral de conflitos. É um espaço de investigação e cultivo do saber que está além de marcar para a conformidade. Segundo Magalhães (2012), a legislação brasileira reforça muito a precisão de se trabalhar com o patrimônio histórico e cultural em sala de aula. Nos “Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN” de História, para o ensino fundamental de 1º. e 2º. ciclos, este fator é salientado já na definição dos objetivos principais do ensino da disciplina que, de acordo com o documento, deve ter o papel de formar identidades, envolvendo aspectos individuais, sociais e coletivos, tendo como pano de fundo a busca por uma formação cidadã (BRASIL, 1997 apud MAGALHÃES, 2012, p. 100). De acordo com Magalhães (2012), designadamente é determinada a necessidadede se trabalhar com o patrimônio histórico e cultural, sendo este uma das finalidades do ensino de história: “valorizar o patrimônio sociocultural e respeitar a diversidade, reconhecendo-a como um direito dos povos e indivíduos e como um elemento de fortalecimento da democracia” (BRASIL, 1997, apud MAGALHÃES, 2012, p. 100). Ao se lecionar história, deve-se passar ao aluno a informação de que o mesmo necessita sempre almejar o grande homem que defenderá o país e jamais que as transformações acontecem pela pretensão e deliberação de homens comuns. Os estudos de história cooperariam para desenvolver no aluno a ideia de que a realidade como está foi determinada por alguma razão, e mais importante, pode ser modificada ou conservada. Diante disso, é importante que a história seja apreendida como a consequência da atuação de distintos grupos, setores ou classes de toda a sociedade. É essencial que o aluno reconheça a história da humanidade como a história da produção de todos os homens e não como consequência da ação ou das ideias de alguns poucos (IPEMIG, 2017a). Nessa medida a história seria entendida como um processo social em que todos os homens estariam nele engajados como seres sociais. De outra parte, é fundamental que se estabeleça a relação do passado e do presente, isto é, que os estudos não se restrinjam apenas ao passado, mas sim que este seja entendido como chave para a compreensão do presente, que por sua vez melhor esclarece e ajuda a entender o passado. Aqui duas funções se evidenciam como básicas nos estudos da história: capacitar o indivíduo a entender a sociedade do passado e a aumentar o seu domínio da sociedade do presente (IPEMIG, 2017a, p. 14). Sob esse ponto de vista, não faz sentido um ensino de história que se limite a fatos e acontecimentos do passado sem constituir sua conexão com a condição presente. Bem como não há sentido avaliar os fatos contemporâneos sem procurar sua origem e sem constituir sua relação com os outros acontecimentos políticos, econômicos, sociais e culturais acontecidos na sociedade como um todo. Não é presumível, deste modo, avaliar fatos isolados. Para apreender seu adequado sentido é indispensável remetê-los à situação socioeconômica, política ou cultural da época em que foram produzidas, reconstituídas suas evoluções no contexto mais amplo do social até a circunstância presente (IPEMIG, 2017). Na visão de Simão, Gandras e Traves (2010 apud IPEMIG, 2017a), apenas desta maneira a escola pode proporcionar ao aluno um ensino que lhe permita a informação e a concepção das relações de tempo e espaço. Isto é, pelo conhecimento da temporalidade das relações sociais, das relações a políticas, das formas de produção econômica, das formas de produção da cultura das ideias e dos valores. De acordo com Schimidt (2009 apud SOUZA, 2015), novas propostas estão sendo debatidas visando fazer com que o ensino de história seja considerado com princípios e desígnios próprios do que se chama uma “racionalidade histórica”. Isto pode ser percebido como uma forma de sugerir metas e objetivos para a aprendizagem da história que não sejam meramente levar os estudantes a uma memorização de informações históricas didatizadas. Na visão de Souza (2015) o desafio maior é uma formação de professores que não mais os prepare apenas para conduzir didaticamente conteúdos históricos antecipadamente selecionados, promovendo uma aprendizagem de informações históricas dadas. Os novos profissionais necessitam abranger a natureza de modo eminente investigativa da aprendizagem histórica, a relação entre conhecimento histórico e vida prática, e ainda os embasamentos epistemológicos da produção do conhecimento histórico. Com isso, também é indispensável que reconheçam o papel do professor na investigação da realidade social na qual está inserido, e além disso na intervenção sobre essa realidade, a partir do manejo do conhecimento histórico em aulas de história. Souza (2015) ressalta que a didática tem um desafio, uma vez que ocupa um lugar de evidência na formação de educadores, especialistas e professores em uma perspectiva multidimensional, devido a educação decorrer todos os domínios da sociedade. Com isso, a educação deve adquirir uma ligação entre escola e sociedade numa visão global e informatizada, habilitando os formados com vistas a sua vida pessoal e profissional. Diante disso, o professor de história deve ter como finalidade a preocupação com a constituição crítica e reflexiva, voltando-se para a concepção do processo histórico na busca de um ensino que venha romper com as ligações do conservadorismo, da decoreba, visando uma escola que trabalhe com a realidade do aluno, consentindo, com isso, trabalhar com a memória e a visão crítica no local em que vive. 4 O ENSINO DE HISTÓRIA E A FORMAÇÃO CIDADÃ DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO Conforme Lopes (2013), a sociedade é constituída por uma massa heterogênea e existe a necessidade de estímulo constante para que as pessoas compreendam que, onde quer que estejam, o que quer que cometam, têm direitos e podem lutar por eles e a vida não se sintetiza somente em deveres. O aluno como integrante da sociedade necessita ser ajudado a abranger que, fundamentado em lei, deve lutar para que verdadeiramente tenha condições iguais de competir no mercado de trabalho, igualdade na moradia, na educação, na saúde, entre outros. Monteiro (2007) afirma que a valor da reflexão sobre os processos de preparação do saber escolar e de mobilização dos saberes pelos professores necessita ganhar atenção e ser objeto de análise que articule teoria e prática. A prática pela prática não consente avanços, e sim a representação de modelos. O saber da experiência sem reflexão teórica somente reproduz fazeres acriticamente. Souza (2015) afirma que o modelo clássico de formação de professores encontra-se ainda presente em sua essência, na separação entre o que se considera conhecimentos específicos e os, igualmente denominados, conhecimentos pedagógicos. Entretanto, tal entendimento passa por um período de intensos questionamentos. O que está na ordem do dia é que já não se pode pensar somente em uma didática geral, ou seja, em metodologias a partir das quais seja possível ensinar tudo a todos. O questionamento a este princípio tem base na concepção segundo a qual distintas áreas do conhecimento exigem a mobilização de distintas formas de ensino e aprendizagem (SOUZA, 2015, p. 86). Conforme Lopes (2013), para que o homem seja implantado na cidadania, ele necessitará sujeitar-se a liberdade do próximo, o que depende da sua conduta, contudo isso não constitui desigualdade entre as classes. Com isso, o cidadão se intitula como um indivíduo com direitos, deveres e obrigações diante do Estado e a sociedade. Dessa forma, a cidadania seria o exercício pleno dos direitos e deveres das pessoas, em que a garantia de respeito. De acordo com Faturi (2018), de forma mais associada à realidade diária, é plausível classificar a cidadania como sendo uma identidade social politizada, isto é, abranger que a cidadania envolve processos de identificação entre as pessoas e sentimentos de pertencimento designado coletivamente, em diversas mobilizações, confrontos e negociações cotidianas, técnicas e características. Sua definição gravita, deste modo, em volta de um universo de valores e práticas dos direitos e da importância dos direitos, que asseguram, esta forma, os embasamentos e os limites da cidadania. Lopes (2013) relata que a procedência do termo cidadania deriva do latim “civitas”, que quer dizer cidade. A palavra cidadania foi empregada na Roma antiga para sugerir a situação política de uma pessoa e os direitos que a mesma tinha ou podia desempenhar. A cidadania é um conjunto de liberdades e obrigações políticas, sociais e econômicas em que um cidadão está sujeito noque diz respeito à sociedade em que vive. O cidadão [de cidade + -ão], se trata do indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado, ou na função de seus deveres para com este. Ao tentar definir sobre a cidadania, Faturi (2018) explica que é indispensável partir da concepção que cidadania não tem uma significação e que se trata de um conceito histórico, o que quer dizer que seu sentido altera no tempo e no espaço, consistindo em, deste modo, na consequência de um processo dialético em incessante trajetória na sociedade. O termo cidadania, atualmente, está relacionado ao exercício total dos direitos políticos, econômicos e sociais da pessoa cujo bom emprego está relacionado inteiramente na forma de organização do estado. De acordo com Mendes et al (2018), o ensino de história deve ter como intuito a formação para a cidadania, uma vez que esta colabora inteiramente para que os indivíduos se tornem mais críticos, reflexivos e, por conseguinte, mais atuantes na sociedade onde estão inseridos. Para Faturi (2018), o ensino de história, permite “historicizar” as experiências, isto é, instrumentaliza as pessoas para abarcar tendo em vista uma extensão temporal, entre prosseguimento e ruptura, constância e mudança, de pensar a duração como um fator de inteligibilidade do ser humano, completar e contextualizar, deste modo, permitindo situar os acontecimentos em um tempo, em uma sociedade e em um verificado lugar, o que admite entender aquilo que se tem de característico nas experiências humanas e, estabelecer conceitos, que servem para avaliar uma sociedade e a ação humana. Isto é, através do ensino de história oportuniza-se aos estudantes a seguir o processo de construção, definição e disputa do conceito "cidadania" e permite os alunos conjecturem acerca da sua experiência e as suas vivências como cidadãos, ampliando um olhar crítico ao mundo em que vive, levando em consideração o curso histórico da conquista dos direitos, assim como o seu papel, enquanto jovens estudantes, na sua manutenção e ampliação. Para mendes et al (2018), o ensino de história no Brasil, desde seu aparecimento, incidiu por diversas modificações, as quais tiveram finalidades diferentes, como reforço de ideologias religiosas, políticas, nacionalistas, inclusive mesmo a reflexão, o diálogo e a formação cidadã. É importante ressaltar que o professor de história deve procurar sempre o novo, uma vez que o tempo não é estático, é movimento, é luta, é transformação, é uma constante perquisição. O educador deve estimular e despertar nos educandos este sentimento de curiosidade, apesar de se viver em um mundo imediato, de tecnologia, que nem sempre estes sentem curiosidades pelos desafios recomendados por seus educadores. Conforme Faturi (2018), a formação para a cidadania na educação é efetiva aos alunos, à comunidade escolar e à sociedade, competindo aos docentes, de maneira geral, apresentar estratégias pedagógicas que amparem ao educando a estabelecer conhecimentos, valores, atitudes e habilidades imprescindíveis para a sua formação cidadã, e aos docentes de história, instrumentalizar alunos para analisar e abranger historicamente o desenvolvimento e os limites da cidadania no Brasil, visando valorizar os princípios éticos e da dignidade humana indispensáveis ao convívio social e adotando a escola como um campo de exercício da cidadania, um ambiente democrático, em que todos os atores, sem ressalva, sejam interventores ativos e participativos. Mendes et al (2018) ressaltam que é irrefutável o valor do ensino de história na formação de qualquer cidadão, ainda que muitos profissionais o proporcionem como um prosseguimento temporal de datas e de eventos. Uma forma tediosa e fadigosa de mostrar a história aos alunos é apresentá-la como um seguimento unidimensional de datas e acontecimentos. Quem atua dessa forma consolida oralmente uma faixa do tempo oral, contudo não leciona a disciplina. Diante disso, lecionar história apenas e meramente interpretando livros e decorando datas, faz com que o conteúdo da disciplina se torne maçante e sem sentido, levando à indiferença dos alunos pelos conteúdos recomendados. Deste modo, ensinar história é importante para que o indivíduo estime o patrimônio sociocultural e o direito de cidadania como qualidade de fortalecimento da liberdade de expressão e da democracia. Segundo Faturi (2018), o tema da cidadania torna-se um eixo essencial das técnicas da escola e implanta-se na sala de aula, exercendo influência na educação dos jovens de diversas maneiras, a partir de um abundante número de leis, parâmetros, diretrizes e orientações que põem a cidadania como uma finalidade do ensino, já que os currículos e programas estabelecem a ferramenta mais importante de interferência do Estado no ensino, o que constitui sua intervenção no desenvolvimento da clientela escolar para o exercício da cidadania. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo principal deste estudo foi identificar de que forma o ensino de história pode exercer influência na formação cidadã de alunos do ensino médio, sendo que o mesmo foi atingido, pois a teoria abordada contribuiu de forma significativa para o bom entendimento e alcance do mesmo. Na questão da didática, o ensino de história deverá sempre ocupar espaços e gerar progressos, não somente como um campo do conhecimento, mas também como motivadora do desenvolvimento de atividades docentes diferenciadas, para que junto aos alunos de história escolar seja compreendida e reconstruída, tendo como embasamento o conhecimento histórico. Deve fundar-se em torno de um objeto distinto do objeto da história. Buscar o passado e construir um conhecimento próprio. A prática diz respeito à observação e à participação em atividades no interior das escolas. A teoria norteia a configuração na qual o aluno é sujeito do próprio conhecimento e a aprendizagem histórica acontece por meio de um trabalho que agrupa atividades complexas que lidam com o conhecimento histórico em sua natureza epistemológica. No que diz respeito aos desafios do ensino de história, a formação universitária de professores de história é demorada e supõem que o professor conheça muito bem a disciplina. O ensino de história para é considerado uma tarefa que não é fácil, e se trata de um tipo de ensino que não pode restringir-se a memorização de fatos, a informação particularizada dos eventos, à acumulação de dados sobre as situações nas quais incidiram. É importante que a história seja entendida como o resultado da ação de distintos grupos, setores ou classes de toda a sociedade e que o aluno conheça a história da humanidade como a história da produção de todos os homens e não como resultado da ação ou das ideias de alguns poucos. Desta forma, contribuir para a construção e a concretização de uma consciência cidadã exercitada, primeiramente, em ambiente escolar, abrangendo, no entanto, que a cidadania não precisa iniciar em uma sala de aula, contudo é essencial que o seu exercício não se separe dela. Sabe-se que a cidadania está relacionada ao aparecimento da vida na cidade, à eficácia humana em desempenhar seus direitos e deveres de cidadão. O ensino de história deve ter como uma das fundamentais finalidades que o aluno seja capaz de entender e agir a cidadania como participação social e política, do mesmo modo como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, seguindo no seu cotidiano, atitudes de solidariedade, colaboração e repúdio às injustiças, respeitando o outro, atuando de maneira crítica e estabelecendo para si o mesmo respeito, uma vez que cidadania se estuda e se vivencia em diversos ambientes, contudo, a escola é o espaço privilegiado para a socialização, a constituição de conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades e competências. 6 REFERÊNCIAS FATURI, Fábio Rosa. Cidadania:da reflexão à prática. Contribuições do ensino de história. 143 fls. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Ensino de História. Porto Alegre, RS, 2018. Disponível em: <https://lume.ufrgs.br/handle/10183/185983>. Acesso em 4 mai. 2022. INSTITUTO PEDAGÓGICO DE MINAS GERAIS – IPEMIG. Historiografia I e II. Coordenação Pedagógica. Belo Horizonte: IPEMIG, 2017. INSTITUTO PEDAGÓGICO DE MINAS GERAIS – IPEMIG. Metodologia do ensino de história. Coordenação Pedagógica. Belo Horizonte: IPEMIG, 2017a. LOPES, Nelson de Jesus. O ensino de geografia e sua contribuição na formação cidadã do aluno. Os desafios da escola pública paranaense na perspectiva do professor PDE. Produções Didático-Pedagógicas. V. I. Londrina, 2013. Disponível em: <http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_p de/2013/2013_uel_geo_artigo_nelson_de_jesus_lopes.pdf>. Acesso em 4 mai. 2022. MAGALHÃES, Leandro Henrique. Educar para o Patrimônio Cultural: reflexões e propostas metodológicas. In: SANTOS, Adriana Regina de Jesus dos. LUGLE, Andreia Maria Cavaminami; LIMA, Ângela Maria de Sousa; ARAÚJO, Angélica Lyra de; ALBERTUNI, Carlos Alberto. Experiências e reflexões na formação de professores. 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