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DPC3_T10_Execução por quantia certa

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR - UCSAL
 
FACULDADE DE DIREITO
DIREITO PROCESSUAL CIVIL III
Tema 10.	Execução por quantia certa contra devedor insolvente. 
Concurso de credores. Juízo de execução. Procedimento especial. Administrador. Verificação e classificação dos créditos; saldo devedor; extinção das obrigações. Execução infrutífera. Suspensão e extinção do processo de execução. 
EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA CONTRA 
 DEVEDOR INSOLVENTE
CONCURSO DE CREDORES
É inquestionável que o devedor insolvente é aquele em que o seu passivo (débito) é superior ao seu ativo (créditos, bens, patrimônio). Por isso mesmo que a execução por quantia certa, para o caso, se reveste de forma toda especial. A execução forçada, para o insolvente, “tem início com a resolução de ‘questio iuris’ preparatória ou preliminar”, ou seja, com a declaração de insolvência (pressuposto básico e essencial da execução coletiva).
Na mesma linha dos demais processos de execução forçada, a execução contra o devedor insolvente, comportando discussão contraditória acerca da declaração da insolvência, o procedimento executivo tem curso sustado pela ação de embargos do devedor.
A declaração de insolvência não é um fim, mas um meio e um modo, indispensável à instauração da execução coletiva, ou concurso universal de credores.
“Presume-se a insolvência quando:
I - 	o devedor não possuir outros bens livres e desembaraçados para nomear à penhora;
II - forem arrestados bens do devedor, com fundamento no art. 813, I, II e III.”
- vide art. 750 do CPC -
Há que identificar a diferença entre a insolvência e a falência. Esta é decretada contra devedor comerciante, bastando que ele incorra em impontualidade de pagamento; A insolvência é decretada contra devedor civil e deriva do estado econômico do devedor insolvente. 
A universalidade da insolvência, está consubstanciada nos incisos I a III, do art. 751 do CPC, “máxime” no inciso III, que caracteriza o concurso universal de credores, ou execução coletiva. Isto significa dizer que, uma vez declarada a insolvência, como EFEITO, ocorre o vencimento antecipado das dívidas do devedor; a arrecadação de todos os seus bens suscetíveis de penhora, quer atuais, quer os adquiridos no cursos do processo; como também sucede a CONVOCAÇÃO de todos os possíveis credores, daquele mesmo devedor, que habilitarão os seus créditos na execução, que se torna coletiva, caso já assim não tenha se iniciado, configurando a “execução por concurso universal de credores”. Os outros efeitos dizem respeito à perda do direito de o devedor administrar os seus bens deles dispor, como também a sua perda da capacidade processual. Neste passo, estão incluídos todos os bens penhoráveis do devedor, atingidos pela malha dessa espécie de execução, os quais ficam suscetíveis de expropriação, visando o rateio para satisfazer todos os créditos manifestados no processo.
O processo é, a um só tempo :
 Execução - 	tem por fim expropriar os bens do devedor para satisfação dos créditos; e
 Concurso -	porque podem participar todos os credores do devedor insolvente.
A declaração de insolvência tanto pode ser requerida por qualquer credor quirografário; pelo próprio devedor, como pelo inventariante do espólio do devedor.
Este assunto é objeto do tópico PROCEDIMENTO ESPECIAL, conforme se verá adiante.
Com a declaração da a insolvência (com trânsito em julgado), estará aberto o concurso de credores.
O concurso dos credores, propriamente dito, se instala depois do trânsito em julgado da sentença que declarar insolvente o devedor civil e, segundo o dispositivo do art. 761, seguem-se os procedimentos disciplinadores :
“art. 761. Na sentença, que declarar a insolvência, o juiz :
I.	nomeará, dentre os maiores credores, um administrador da massa;
	
II.	mandará expedir edital, convocando os credores para que apresentem, no prazo de 20 (vinte) dias, a declaração de crédito, acompanhada do respectivo título ”. 
Ao juízo da insolvência, deverão ser remetidos todos os processos de execução, em curso, movidos por credores individuais. Como também, nele, deverão ser habilitados todos os créditos, desde que sejam de credores do mesmo devedor.
Como se vê, o Juiz, somente declarará a insolvência a requerimento do credor ou do devedor. Igualmente, o juiz de um processo de execução singular somente poderá remeter o processo para o Juízo da insolvência, a requerimento do interessado ou do administrador.
No caso de haver uma execução já com data designada para leilão ou praça, deve ser realizada a arrematação, devendo o produto dos bens entrar para a massa da insolvência.
Saliente-se, de logo, que todo e qualquer crédito pode ser impugnado pelo devedor, ou por credor. Todavia, o processo de impugnação se transforma em litígio à parte, consoante informa Frederico Marques - obr. cit.:
“A impugnação é o processo preliminar, que, quando surge, se configura como antecedente da formação do quadro de credores. O escrivão fica obrigado a aguardar que se decida a respeito de crédito impugnado para incluí-lo, ou não, no quadro de credores.
	O litígio que se abre, nas impugnações, entre credores, ou entre credor e devedor, não integra o processo concursal, da mesma forma pela qual os embargos do executado não se estruturam como fase procedimental do processo executivo”.
Por seu turno, Theodoro Júnior, assim esclarece, no particular :
“Cada impugnação funciona como um contraditório gerando ações incidentais de cognição. Aos credores abre-se a oportunidade de ampla pesquisa sobre a legitimidade dos créditos concorrentes, para evitar burlas, fraudes ou conluios maliciosos tendentes a frustar a par condicio creditorum. O próprio título judicial (sentença condenatória) pode ser atacado pelos credores na impugnação dos créditos. Como ensina Busaid, ‘o executado não pode impugnar a sentença, porque lhe veda a autoridade da coisa julgada; não assim o terceiro, que só está obrigado a reconhecer o julgado, quando este é legítimo. Mas se a sentença é proferida em processo simulado que resultou de colusão entre credor e devedor, o terceiro tem legitimidade para impugnar os seus efeitos’.”
						 		 - Obr. cit. pag. 328 - 
Diz, o parágrafo único do art. 768, que no prazo de 20 (vinte) dias que têm os credores para falar sobre as declarações de crédito, o devedor poderá impugnar quaisquer créditos.
Havendo impugnação apresentada por qualquer credor ou pelo próprio devedor, o juiz poderá deferir a produção de provas, quando julgado necessário, e em seguida proferirá a sentença. Quando houver necessidade de prova oral o juiz designará audiência de instrução e julgamento. 
J U Í Z O D A E X E C U Ç Ã O
A espécie é colocada por Theodoro Júnior com a sua peculiar clareza :
“Competência
	A competência para processamento da auto-insolvência está expressamente determinada pelo Código e cabe ao juízo da Comarca onde o devedor tem seu domicílio (art. 760, caput). Não o prejudica o foro contratual, nem a convenção de local diverso para pagamento de dividas.
	Com relação ao pedido de insolvência formulado por credor, a competência é fixada pela regra geral de que o réu deve ser demandado em seu domicílio (art. 94). Também aqui não influi o foro contratual nem o local de cumprimento da obrigação, visto que o procedimento de declaração de insolvência não se confunde com a ação de cobrança, por ter objeto e finalidade diversos. Como lembra Prieto-Castro, a doutrina jurisprudencial estabelece como foro o do domicílio do insolvente presuntivo. E ‘a competência territorial, no processo de insolvência, não pode ter o caráter dispositivo, no sentido de que não são admissíveis os pactos de prorrogação ou submissão’. É fácil compreender que assim o seja, dada a circunstância de que os efeitos da insolvêncianão se restringem aos participantes da relação de conhecimento inicialmente travada em juízo entre o credor e devedor, mas atingem, ao contrário, toda a universidade subjetiva dos credores do insolvente.
	Observe-se que, consoante o art. 92, nº I, só os juizes de direito, isto é, os togados, com as garantias constitucionais, é que podem funcionar nos processos de insolvência.
	Uma vez decretada a insolvência, ocorre o mesmo fenômeno que se dá com a falência: o juízo concursal exerce vis atractiva sobre toda as ações patrimoniais contra o insolvente.
‘O desígnio fundamental do processo de execução coletiva se frustraria se à margem dele continuassem subsistindo outros processos singulares anteriores contra o insolvente, de conteúdo patrimonial, que afetassem à massa passiva (de credores) e chegassem a seu fim com execução separada, consagrando discriminação contrária à regra, da par conditio creditorum. Este resultado insatisfatório é evitado mediante a aplicação de uma norma de cumulação que atende à conexão que se origina entre os processos pendentes e o concursal.
Ademais, perdendo o devedor insolvente a capacidade processual, as ações passam a correr contra o administrador da massa, que atua sob a supervisão permanente do juiz do concurso.”
								- idem págs. 320/321 -
P R O C E D I M E N T O E S P E C I A L
O titular de um título executivo, pode requerer a declaração de insolvência do devedor, dando início, assim, à execução forçada, com o objetivo de promover a satisfação do crédito constante do título, tanto mais quando o objeto primordial não é a declaração da insolvência (ação declaratória), muito menos a constituição do estado do devedor insolvente (ação constitutiva).
Por essa razão, a natureza da ação para pedir a insolvência é a do procedimento executório, tanto que o objeto primordial é forçar o cumprimento da obrigação, até pela expropriação dos bens de forma “pro-rata” entre os vários credores. A declaração de insolvência é medida preliminar como “modus” de se alcançar a expropriação, em procedimento especial, matéria delineada nos art. 754 a 760 do CPC : 
“Art. 754. O credor requererá a declaração de insolvência do devedor, instruindo o pedido com título executivo judicial ou extrajudicial (art. 586);
	Art. 755. O devedor será citado para, no prazo de 10 (dez) dias, opor embargos; se os não oferecer, o juiz proferirá, em 10 (dez) dias, a sentença;
	
Art. 756. Nos embargos pode o devedor alegar :
I. 	que não paga por ocorrer alguma das causas enumeradas nos arts. 741, 742 e 745, conforme o pedido de insolvência se funde em título judicial ou extrajudicial;
II. que o seu ativo é superior ao seu passivo.
	Art. 757. O devedor ilidirá o pedido de insolvência se, no prazo para opor embargos, depositar a importância do crédito, para lhe discutir a legitimidade ou o valor;
	Art. 758. Não havendo provas a produzir, o juiz dará a sentença em 10 (dez) dias; havendo-as, designará audiência de instrução e julgamento.
	Art. 759. É lícito ao devedor ou ao seu espólio, a todo tempo, requerer a declaração de insolvência;
	Art. 760. A petição, dirigida ao juiz da comarca em que o devedor tem o seu domicílio, conterá :
I. 	a relação nominal de todos os credores, com a indicação do domicílio de cada um, bem como da importância e da natureza dos respectivos créditos;
II. 	a individuação de todos os bens, com a estimativa do valor de cada um;
III.	o relatório do estado patrimonial, com a exposição das causas que determinam a insolvência.
A D M I N I S T R A D O R
O devedor , com a declaração da insolvência, perde o direito de administrar os seus bens e deles dispor, até a liquidação total da massa, conforme preceitua o art. 752. Em razão dessa ordem legal, surge a necessidade de se nomear um administrador da massa, escolhido dentre os maiores credores, que tem como primeira providência arrecadar todos os bens do insolvente, onde quer que eles estejam e, à partir daí, tem início a execução coletiva.
O administrador da massa é um auxiliar eventual do juízo, que tem a custódia dos bens do devedor, devendo prestar, no prazo de 24 horas a contar da intimação, pelo escrivão, da sua nomeação, o compromisso de desempenhar bem e fielmente o cargo, eis que não figura no quadro dos funcionários da Justiça (art. 764).
O administrador deverá entregar a sua declaração de crédito, acompanhada do título executivo, ao assinar o respectivo termo de compromisso, mas não o tendo em seu poder juntá-lo-á no prazo dos 20 dias fixados no edital de convocação para a declaração dos créditos em geral (art. 765).
Na dicção do art. 766, “Cumpre ao administrador: I - arrecadar todos os bens do devedor, onde quer que estejam, requerendo para esse fim as medidas judiciais necessárias; II - representar a massa, ativa e passivamente, contratando advogado, cujos honorários serão previamente ajustados e submetidos à aprovação judicial; III - praticar todos os atos conservatórios de direitos e de ações, bem como promover a cobrança das dividas ativas; IV - alienar em praça ou leilão, com autorização judicial, os bens da massa.”
O administrador “terá direito a uma remuneração, que o Juiz arbitrará, atendendo à sua diligência, ao trabalho, à responsabilidade da função e à importância da massa”.(art. 767)
O administrador, que tem suas atribuições disciplinadas pelo art. 766, poderá requerer a nomeação de um ou mais prepostos, em decorrência da complexidade da administração da massa.
VERIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS CRÉDITOS
Os credores, por força da decisão do juiz na fase preparatória, ou bem seja, uma vez declarada a insolvência, no prazo de 20 (vinte) dias devem apresentar “a declaração do crédito” , acompanhada do respectivo título (art. 761, II..).
Muito embora o pedido, na declaração de crédito - que corresponde à petição inicial de ação proposta com base no título executivo que acompanha - indique o total da dívida, 
a satisfação do crédito fica condicionada ao que couber no rateio.
As petições contendo declaração do crédito, são autuadas, instaurando-se, com cada declaração, um processo executivo que se reúne ao primeiro, sucessivamente formando o processo cumulativo ou concursal, de natureza executiva.
Havendo impugnação de crédito, ao lado do processo executivo concursal, ocorre o eventual processo cognitivo em face da execução.
Quanto à classificação dos créditos, transcrevemos os ensinamentos de Frederico Marques (obr. cit, pág. 286), que flui com clareza :
“Preceitua ainda, o art. 768, que depois de autuada cada uma das declarações de crédito (o que deve ser feito em cinco dias), o escrivão ‘intimará, por edital, todos os credores para, no prazo de 20 (vinte) dias, que lhes é comum, alegarem suas preferências, bem como a nulidade, simulação, fraude, ou falsidade de dívidas e contratos’. E o parágrafo único acrescenta : ‘No prazo a que se refere este artigo, o devedor poderá impugnar quaisquer créditos’.
	Não havendo impugnação, o escrivão remeterá todos os autos ao contador (inclusive aqueles em que se instaurou a execução concursal), que organizará o quadro geral dos credores (art. 769).
	O quadro dos credores é organizado de acordo com o que dispõe a lei civil ‘quanto à classificação dos créditos e dos títulos legais de preferência (art. 769). Se houver apenas credores quirografários, ‘o contador organizará o quadro, relacionando-os em ordem alfabética’ (art. 769, parágrafo único).
	Se os bens da massa, quando organizado o quadro, já tiverem sido alienados, o contador indicará a percentagem, que caberá a cada credor no rateio (art. 770).
	Organizado o quadro dos credores, pelo contador, o juiz mandará ouvir os interessados no prazo de 10 dias, e a seguir proferirá decisão (art. 771).
	A manifestação dos interessados não pode ter por objeto a impugnação de qualquer créditorelacionado e incluído no quadro, mas tão somente matéria concernente à organização deste.
	No que tange àquilo que podia ter sido objeto de impugnação de crédito, registra-se a preclusão, tanto para o devedor como para os credores.
	A decisão, ao depois proferida, é de natureza executiva, pois se destina a fixar as bases do pagamento e rateio final. Seu conteúdo é executivo, porque ao aprovar o quadro, o juiz estará ordenando que o pagamento se faça na ordem ali estabelecida e com as percentagens previstas, na hipótese de já estarem calculados (art. 770)”.
S A L D O D E V E D O R
Diz, o art. 774 que, “Liquidada a massa sem que tenha sido efetuado o pagamento integral a todos os credores, o devedor insolvente continua obrigado pelo saldo”. Em razão disso, infere-se que o pagamento por rateio, dos créditos, havendo saldo devedor, não libera o obrigado que se mantém inadimplente e em mora. Isto está bem explícito no art. 775, que dispõe : “Pelo pagamento dos saldos respondem os bens penhoráveis que o devedor adquirir, até que se declare a extinção das obrigações”.
Consequentemente, o credor pago parcialmente, continua sendo credor, igualmente com o reforço do art. 591, encerrando o preceito de que o devedor responde, também, com os seus bens futuros para cumprimento das suas obrigações e, neste caso, “os bens do devedor poderão ser arrecadados nos autos do mesmo processo, a requerimento de qualquer credor incluído no quadro geral, a que se refere o art. 769, procedendo-se à sua alienação e à distribuição do respectivo produto aos credores, na proporção dos seus saldos.”
E X T I N Ç Ã O D A S O B R I G A Ç Õ E S
A extinção das obrigações do devedor insolvente está disciplinada no art. 778, que define : “Consideram-se extintas todas as obrigações do devedor, decorrido o prazo de 5 (cinco) anos, contados da data do encerramento do processo de insolvência”.
Assim sendo, mesmo havendo saldo devedor, as obrigações em exame ficam extintas após decorridos 5 anos. Isto porque a contagem da prescrição que havia sido interrompida com instauração da insolvência, recomeça a ser contada a partir do trânsito em julgado da sentença que encerra o processo de insolvência (art. 777).
Frederico Marques, transcreve parte da exposição de motivos do Ministro Alfredo Buzaide, acerca do instituto acolhido no mencionado art. 778, vasado nos seguintes termos :
“Neste sistema (o da insolvência civil), o devedor civil se equipara ao comerciante. Se este tem direito à extinção das obrigações, decorrido o prazo de cinco anos contados do encerramento da falência (Dec. Lei. nº 7.661, art. 135, III), nenhuma razão justifica que o devedor civil continue sujeito aos longos prazos prescricionais, em cujo decurso fica praticamente inabilitado para a prática, em seu próprio nome, dos atos da vida civil ” (nº 23).
								(obr. cit., pág. 297)
A matéria é disciplinada pelos arts. 777 e 778, de consulta e pesquisa obrigatória.
E X E C U Ç Ã O I N F R U T Í F E R A
A ausência de bens penhoráveis do devedor não impede a promoção do procedimento da insolvência civil, na hipótese de, em processo de execução regular, haver-se constatado essa ausência. Ademais o processo de insolvência não nasce com a execução forçada, propriamente dita, mais sim o procedimento típico de cognição : É nesta fase de cognição que se verifica e se declara a insolvência, que nada tem a ver com a existência ou não dos bens do devedor.
Consoante Preleciona Humberto Theodoro Júnior, obr. cit., pág. 310 :
“Não se pode, portanto, falar em ausência de interesse das partes, pelo simples fato da ausência de bens penhoráveis. Da declaração de insolvência decorrem conseqüências importantes como a eliminação de preferência por gradação de penhoras, enquanto durar o estado declarado, o vencimento antecipado de todas as dívidas; e, ainda, o afastamento do devedor da gestão patrimonial, dos bens presentes e futuros, o que evitará a disposição sub-reptícia de valores acaso adquiridos após a sentença, a qualquer título, inclusive causa mortis; e a mais importante de todas, que é a extinção das dívidas do insolvente.
	Só isto já é mais do que suficiente para demonstrar que o processo da insolvência civil, em sua primeira fase, não pode ser obstado pela simples inexistência de bens penhoráveis. Apenas na segunda fase, que se abre com a arrecadação, é que o processo de insolvência se torna executivo. Ai, então, à falta de bens penhoráveis, ocorrerá a suspensão dos atos executivos e a declaração de encerramento do feito, para contagem do prazo de extinção das obrigações do insolvente.
	Como se vê, a inexistência de bens penhoráveis não impede o ajuizamento nem da auto-insolvência nem da insolvência requerida pelos credores”.
Donde se conclui que, apesar de o procedimento da insolvência não resultar no objeto maior da execução forçada que é a expropriação dos bens do devedor para saldar os seus compromissos, a execução, “lato sensu”, não foi de toda infrutífera, olhada sob este ângulo.
SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PROCESSO DE EXECUÇÃO
Mais uma vez, trazemos à colação os ensinamentos do mestre Theodoro Júnior :
“Encerramento e suspensão do processo
	O processo de insolvência pode terminar de três maneiras diversas :
sem chegar à execução coletiva, quando os embargos do devedor são acolhidos, na primeira fase do processo;
pelo cumprimento do acordo de pagamento ajustado entre devedor e credores, na forma do art. 783; e
por ter atingido o seu fim próprio e específico que é a liquidação total do ativo e rateio de todo o produto apurado entre os credores concorrentes.
Qualquer que seja a forma de término da insolvência, há sempre uma sentença de encerramento, cujo trânsito em julgado, nos casos de incompleta satisfação dos credores, funcionará como marco do reinício do curso das prescrições (art. 777) e como ponto de partida do prazo de extinção das obrigações do insolvente (art. 778). 
Seria conveniente que tal sentença fosse publicada por edital, como acontece na falência. No entanto, o Código não instituiu essa modalidade de publicação, de forma que os credores terão de ser intimados na forma usual.
A suspensão da execução concursal se dá, segundo Prieto-Castro, em três oportunidades diferentes, todas elas caracterizadas pela paralisação momentânea do processo, com a possibilidade de reinício posterior do respectivo concurso, a saber:
quando ocorre a convenção entre devedor e credores para estabelecimento de um plano de pagamento (art. 783);
de uma maneira geral, quando o produto da realização do ativo não é suficiente para a solução integral dos créditos concorrentes, dada a possibilidade de reabertura da execução caso o devedor venha a adquirir novos bens penhoráveis (arts. 775 e 776);
e, finalmente, quando não se encontram bens a arrecadar ou o ativo da massa não se mostra suficiente sequer para atender os gastos processuais da insolvência (art. 659, § 2º, e 791, nº III).
Eqüivale, também, a uma suspensão a falta de habilitação de credores no prazo legal. A execução não pode ter andamento sem os sujeitos ativos. A reabertura, se aparecer algum futuro interessado, será feita sob a forma de habilitação retardatária de crédito, após o que a insolvência retornará o concurso normal.
- idem, pags. 332/333 -
___________________________________________________________________
APOSTILA DE RESPONSABILIDADE DO PROFº. LUIZ SOUZA CUNHA.
AUTORES CITADOS E CONSULTADOS :
Humberto Theodoro Júnior - Curso de Direito Processual Civil
 Volume II. - 14ª Edição 
José Frederico Marques - Manual de Direito Processual Civil
 4º Volume - 7ª Edição 
Atenção:	A apostila é, tão somente,um resumo da matéria que pode ser aprendida pelo aluno. Ela deve servir de guia do ensino-aprendizado, sob orientação pedagógica.
		Esta apostila se destina, pois, exclusivamente ao estudo e discussão do texto em sala de aula, como diretriz do assunto, podendo substituir os apontamentos de sala de aula, a critério do aluno.
		Consulte a bibliografia anteriormente indicada além de outros autores.
Atualizada em julho/2008
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