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Livro Texto - Unidade I

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Prévia do material em texto

Autora: Profa. Célia Rosenthal Zisman
Colaboradoras: Profa. Elizabeth Cavalcante
 Profa. Angélica Carlini
Direito de 
Propriedade e Sucessões
Professora conteudista: Célia Rosenthal Zisman
Natural da capital do estado de São Paulo, é advogada na área cível, graduada em Direito em 1995, mestra em 
Direito do Estado em 2000 e doutora em Direito do Estado em 2003 pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de 
São Paulo.
Professora do curso de Direito da Universidade Paulista (UNIP) desde 1999, exercendo também função na 
coordenação desde 2007, também escreve material didático para os cursos de graduação, gestão e pós-graduação.
Coordenadora do curso de Direito do campus Pinheiros da UNIP e autora de diversos livros e artigos jurídicos, 
como A Liberdade de Expressão na Constituição Federal e suas Limitações: os limites dos limites e O Princípio da 
Dignidade da Pessoa Humana.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Z81d Zisman, Célia Rosenthal.
Direito de Propriedade e Sucessões / Célia Rosenthal Zisman. 
– São Paulo: Editora Sol, 2021.
192 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Direitos reais. 2. Direito de vizinhança. 3. Sucessão. I. Título.
CDU 342.12
U512.28 – 21
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Lucas Ricardi
 Aline Ricciardi
Sumário
Direito de Propriedade e Sucessões
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................................... 11
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 11
Unidade I
1 DA POSSE ........................................................................................................................................................... 13
1.1 Posse e propriedade ............................................................................................................................. 13
1.2 Teorias sobre a posse .......................................................................................................................... 14
1.2.1 Teoria de Savigny (subjetiva).............................................................................................................. 14
1.2.2 Teoria de Ihering (objetiva) ................................................................................................................. 14
1.3 Possuidor .................................................................................................................................................. 14
1.4 Natureza jurídica da posse ............................................................................................................... 15
1.5 Da classificação da posse .................................................................................................................. 15
1.5.1 Posse direta e posse indireta .............................................................................................................. 15
1.5.2 Posse justa e posse injusta .................................................................................................................. 16
1.5.3 Posse de boa-fé e posse de má-fé ................................................................................................... 17
1.5.4 Posse ad interdicta e posse ad usucapionem .............................................................................. 18
1.5.5 Da idade da posse ................................................................................................................................... 18
1.6 Aquisição e perda da posse .............................................................................................................. 18
1.7 Da classificação dos modos de aquisição da posse ................................................................ 19
1.7.1 Por ato unilateral .................................................................................................................................... 19
1.7.2 Por ato bilateral ....................................................................................................................................... 20
1.8 Perda da posse ....................................................................................................................................... 21
1.8.1 Perda da posse para o ausente .......................................................................................................... 22
1.9 Dos efeitos da posse ............................................................................................................................ 22
1.9.1 Proteção possessória ............................................................................................................................. 22
1.9.2 Distinção entre o juízo possessório e o juízo petitório ........................................................... 23
1.9.3 Ação de manutenção de posse ......................................................................................................... 24
1.9.4 Ação de reintegração de posse ......................................................................................................... 24
1.9.5 Do interdito proibitório ........................................................................................................................ 25
1.9.6 Embargos de terceiro senhor e possuidor .................................................................................... 25
1.9.7 A posse das servidões ............................................................................................................................ 25
1.9.8 Dos efeitos da posse em relação aos frutos e às benfeitorias .............................................. 26
1.9.9 Usucapião .................................................................................................................................................. 27
2 DOS DIREITOS REAIS ...................................................................................................................................... 27
2.1 Direitos reais e obrigacionais ........................................................................................................... 27
2.2 Da propriedade ...................................................................................................................................... 30
2.2.1 Função social ............................................................................................................................................ 31
2.2.2 Fundamentos do direito de propriedade ....................................................................................... 31
2.2.3 Limites ao direito de propriedade do solo .................................................................................... 32
2.2.4 Evoluçãono conceito de propriedade ............................................................................................ 32
2.2.5 Da aquisição da propriedade imóvel............................................................................................... 34
Unidade II
3 DOS CASOS DE AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE MÓVEL ................................................................... 49
3.1 Tradição .................................................................................................................................................... 49
3.2 Ocupação ................................................................................................................................................. 50
3.3 Descoberta .............................................................................................................................................. 50
3.4 Tesouro ..................................................................................................................................................... 50
3.5 Da especificação ................................................................................................................................... 51
3.6 Da confusão, comistão e adjunção ............................................................................................... 51
3.7 Usucapião ................................................................................................................................................ 52
4 DO CONDOMÍNIO ............................................................................................................................................ 52
4.1 Do condomínio geral .......................................................................................................................... 52
4.1.1 Dos direitos dos condôminos ............................................................................................................. 53
4.1.2 Dos deveres dos condôminos............................................................................................................. 54
4.1.3 Da administração do condomínio .................................................................................................... 55
4.1.4 Da extinção do condomínio ............................................................................................................... 55
4.2 Do condomínio edilício ...................................................................................................................... 56
4.2.1 Evolução histórica .................................................................................................................................. 56
4.2.2 Elementos constitutivos do condomínio edilício....................................................................... 59
4.2.3 A instalação de condomínio edilício ............................................................................................... 62
4.2.4 Dos elementos do condomínio: regime de propriedade individual sobre unidade 
autônoma e de comunhão, perpétua e inexorável, sobre as áreas comuns .............................. 62
4.2.5 Da alienação e locação de vaga de garagem .............................................................................. 63
4.2.6 Inovações do CC/2002 em matéria de condomínio edilício.................................................. 64
4.2.7 As áreas comuns...................................................................................................................................... 65
4.2.8 Das despesas do condomínio ............................................................................................................. 66
4.2.9 Administração do condomínio .......................................................................................................... 67
4.2.10 Seguro de incêndio, demolição e reconstrução obrigatória ............................................... 69
Unidade III
5 DIREITOS DE VIZINHANÇA ........................................................................................................................... 75
5.1 Princípios fundamentais do direito de vizinhança ................................................................. 75
5.2 Distinção entre direito de vizinhança e servidão .................................................................... 76
5.3 Natureza jurídica do direito de vizinhança................................................................................ 76
5.4 O uso nocivo da propriedade, conforme art. 1.277 do CC .................................................. 77
5.5 Danos suscetíveis de serem remediados ..................................................................................... 78
5.6 Dos bens protegidos pelo legislador ............................................................................................. 79
5.7 Ameaça de ruína do prédio vizinho e a caução de dano infecto ..................................... 79
5.8 Das árvores limítrofes ......................................................................................................................... 80
5.9 Passagem forçada ................................................................................................................................ 80
5.9.1 Distinção entre servidão e passagem forçada ............................................................................ 81
5.10 Das águas .............................................................................................................................................. 82
5.10.1 Águas que fluem naturalmente do prédio superior ............................................................... 82
5.10.2 Águas levadas artificialmente ao prédio superior .................................................................. 83
5.10.3 A fonte não captada ........................................................................................................................... 83
5.10.4 Águas pluviais ........................................................................................................................................ 83
5.10.5 O aqueduto ............................................................................................................................................. 84
5.11 Dos limites entre prédios e do direito de tapagem .............................................................. 84
5.12 Presunção de copropriedade e direito de uso comum dos muros divisórios ............ 87
5.13 O direito de construir ....................................................................................................................... 87
5.13.1 Responsabilidade objetiva pelo dano causado ........................................................................ 88
5.13.2 Devassamento da propriedade alheia .......................................................................................... 88
5.13.3 Do prazo decadencial para o pleito de demolição de janela, terraço, 
sacada ou goteira............................................................................................................................................... 89
5.13.4 Águas e beirais....................................................................................................................................... 90
5.13.5 Direito de travejar ................................................................................................................................ 90
5.14 Parede divisória................................................................................................................................... 90
5.15 Parede-meia ......................................................................................................................................... 90
5.16 Limitações para proteção de fontes e poços .......................................................................... 91
5.17 O uso do prédio confinante ...........................................................................................................91
6 PERDA DA PROPRIEDADE E DIREITOS REAIS DE GARANTIA ......................................................... 91
6.1 Da perda da propriedade, conforme arts. 1.275 e 1.276 do CC ........................................ 91
6.1.1 Objeto da desapropriação ................................................................................................................... 95
6.1.2 Modos e processo da desapropriação ............................................................................................ 95
6.1.3 Do direito de preferência, conforme art. 519 do CC ................................................................ 96
6.2 Dos direitos reais de garantia .......................................................................................................... 96
6.2.1 Garantia real oferecida pelo condômino ...................................................................................... 99
6.2.2 Capacidade para constituir ônus real ............................................................................................. 99
6.2.3 Antecipação de vencimento da obrigação garantida ............................................................100
6.2.4 Do pacto comissório ............................................................................................................................101
6.2.5 Da hipoteca .............................................................................................................................................101
6.2.6 Do penhor, conforme o art. 1.431 do CC .................................................................................... 110
6.2.7 Anticrese, conforme arts. 1.225, X e 1.506 a 1.510 do CC ................................................... 119
Unidade IV
7 DA SUCESSÃO .................................................................................................................................................127
7.1 Evolução histórica e fundamento do direito sucessório ....................................................127
7.2 Da sucessão em geral .......................................................................................................................128
7.2.1 Transmissão da posse: o princípio da saisine ........................................................................... 128
7.2.2 Espécies de sucessão: legítima e testamentária ..................................................................... 129
7.2.3 Sucessão a título universal e a título singular ......................................................................... 129
7.2.4 Liberdade de testar .............................................................................................................................. 129
7.2.5 Da herança e de sua administração ............................................................................................. 130
7.2.6 Das dívidas do de cujus ..................................................................................................................... 130
7.2.7 Cessão de direitos hereditários .......................................................................................................131
7.2.8 Abertura do inventário ...................................................................................................................... 132
7.2.9 Administração provisória da herança .......................................................................................... 132
7.2.10 Da vocação hereditária ................................................................................................................... 132
7.2.11 Nascituros ............................................................................................................................................. 133
7.2.12 Legitimação para suceder por testamento (sucessão testamentária) ......................... 134
7.2.13 Interposição de pessoas .................................................................................................................. 136
7.2.14 Aceitação da herança ...................................................................................................................... 136
7.2.15 Renúncia da herança ....................................................................................................................... 137
7.2.16 Da exclusão por indignidade ........................................................................................................ 139
7.2.17 Herança jacente ..................................................................................................................................141
7.2.18 Da vacância da herança ..................................................................................................................141
7.2.19 Da petição de herança .................................................................................................................... 142
7.3 Da sucessão legítima: da vocação dos herdeiros legítimos ..............................................143
7.3.1 Ordem de vocação hereditária ....................................................................................................... 143
7.3.2 Da lei estrangeira e seu efeito na ordem de vocação hereditária ................................... 144
7.3.3 Da sucessão dos descendentes....................................................................................................... 144
7.3.4 Da sucessão do ascendente ............................................................................................................. 145
7.3.5 Sucessão do cônjuge .......................................................................................................................... 146
7.3.6 Da sucessão da(o) companheira(o) ............................................................................................... 146
7.3.7 Da sucessão dos colaterais ............................................................................................................... 147
7.3.8 Da sucessão do poder público ........................................................................................................ 148
7.3.9 Dos herdeiros necessários, conforme art. 1.845 do CC: 
descendentes, ascendentes e cônjuge (ou convivente) .................................................................. 148
7.3.10 Cálculo da legítima ........................................................................................................................... 148
7.3.11 Da clausulação da legítima ............................................................................................................ 148
7.3.12 Do direito de representação.......................................................................................................... 149
7.4 Da sucessão testamentária .............................................................................................................151
7.4.1 Da natureza jurídica do testamento ............................................................................................ 152
7.4.2 Do testador ............................................................................................................................................. 152
7.4.3 Causas de anulabilidade do testamento .................................................................................... 152
7.4.4 Das formas de testamento ............................................................................................................... 153
7.4.5 Testemunhas testamentárias .......................................................................................................... 158
7.4.6 Disposições testamentárias (patrimoniais ou extrapatrimoniais) .................................... 159
7.4.7 Ineficácia das disposições testamentárias ..................................................................................161
7.4.8 Da deserdação, conforme art. 1.961 e s. do CC ........................................................................161
7.4.9 Darevogação e do rompimento dos testamentos ................................................................. 162
7.4.10 Do testamenteiro (executor testamentário) ........................................................................... 164
8 DO INVENTÁRIO E DA PARTILHA .............................................................................................................165
8.1 O processo de inventário .................................................................................................................166
8.2 Do arrolamento, conforme art. 659 e s. do CPC/2015 e art. 2.015 do CC/2002 ......168
8.3 Inventário negativo ...........................................................................................................................168
8.4 Da partilha ............................................................................................................................................169
8.5 Partilha judicial litigiosa e partilha amigável .........................................................................169
8.6 Partilha por ato entre vivos ............................................................................................................170
8.7 Regras sobre a partilha ....................................................................................................................170
8.8 Partilha dos frutos .............................................................................................................................171
8.9 Sobrepartilha ........................................................................................................................................171
8.10 Dos quinhões hereditários e de sua garantia .......................................................................171
8.11 Nulidade, anulabilidade e rescisão da partilha ....................................................................172
8.12 Das colações ......................................................................................................................................173
8.12.1 Dispensa da colação ......................................................................................................................... 174
8.12.2 Da abrangência da colação ........................................................................................................... 175
8.12.3 Doação feita por ambos os cônjuges e doação feita a um casal, 
conforme art. 2.012 do CC .......................................................................................................................... 175
8.13 Dos sonegados ..................................................................................................................................176
8.13.1 Da ação de sonegados .................................................................................................................... 177
8.14 Do pagamento das dívidas ..........................................................................................................177
8.14.1 Responsabilidade do espólio e dos herdeiros ........................................................................ 177
8.14.2 Das dívidas da herança: a habilitação e o pagamento dos créditos, 
conforme o art. 642 e s. do CPC/2015 ................................................................................................... 177
8.14.3 Despesas funerárias .......................................................................................................................... 179
8.15 Do herdeiro devedor do espólio .................................................................................................179
11
APRESENTAÇÃO
O objetivo dessa disciplina é o estudo da posse e dos seus efeitos, analisados em conformidade com 
a sua qualificação; da propriedade e dos direitos de vizinhança; dos direitos reais de garantia; e dos 
direitos sucessórios.
A classificação, tão presente em cada área do Direito, mais uma vez se faz essencial, pois o 
agrupamento de instituições com caracteres comuns permite a aplicação de regras específicas para 
cada um dos grupos, tornando justa a prática jurídica.
É assim, por exemplo, que classificamos a posse quanto ao aspecto subjetivo em posse de boa-fé 
e posse de má-fé: para o possuidor de boa-fé, há vantagens quanto a frutos, benfeitorias, prazo de 
usucapião e até exercício de direito de retenção; ao possuidor de má-fé, colocado em outro grupo, há 
somente o direito de reembolso por benfeitorias necessárias, com muitas restrições quanto a prazo de 
reembolso e valores, e maior responsabilidade por perdas e deteriorações. A lei prestigia a boa-fé e pune 
a má-fé, o dolo, a conduta nociva do possuidor.
No mesmo sentido, classificamos os direitos reais, a propriedade, os direitos de vizinhança. Modos 
de aquisição e de perda de propriedade móvel e imóvel são analisados, bem como os direitos reais de 
garantia: hipoteca, penhor e anticrese.
O direito de sucessão, como modo derivado de aquisição de propriedade, é assunto dessa disciplina, 
com as regras gerais da sucessão, a ordem de vocação hereditária e a disciplina da sucessão legítima, a 
sucessão testamentária, o inventário e a partilha.
INTRODUÇÃO
A posse, em nosso regime jurídico, não é tratada como direito. Não tem as características de 
direito pessoal, com sujeito ativo, sujeito passivo e prestação, e não se encontra no rol taxativo 
dos direitos reais do art. 1.225 do Código Civil (BRASIL, 2002). A posse é fato que produz diversos 
efeitos jurídicos.
A compreensão desses efeitos jurídicos da posse é essencial e depende da análise de suas diversas 
classificações. Cada espécie de posse gera diferentes consequências práticas.
São exemplos desses efeitos, que precisam ser avaliados com cuidado: os interditos possessórios, a 
prerrogativa quanto aos frutos, o reembolso de despesas efetuadas com benfeitorias, a responsabilidade por 
perda ou deterioração, o direito de retenção e a própria aquisição de direito real de propriedade, através da 
chamada prescrição aquisitiva, ou usucapião.
A distinção de posse, detenção e propriedade, bem como a diferenciação entre os direitos reais e os 
direitos pessoais, devem ser tratadas com especial atenção pelos gestores de serviços jurídicos, notariais 
e de registro, para que não haja dúvidas quanto às consequências de cada instituto.
12
Os direitos reais são caracterizados de modo minucioso, e sua principal espécie, a propriedade, 
averiguada em todos os seus aspectos: modos de aquisição, uso, fruição, disposição, reivindicação, 
direitos de vizinhança, extinção.
Conhecer cada uma das formas de aquisição de propriedade, inclusive como efeito da posse, como 
nos referimos anteriormente, através da usucapião, é da maior importância para a atuação do gestor de 
serviços jurídicos, notariais e de registro.
O registro público tem como principal função a publicidade, tornando de conhecimento de toda a 
sociedade fatos relevantes para a circulação segura dos bens e para a segurança dos negócios jurídicos. 
Dessa forma, tratar dos limites ao direito de propriedade sobre coisa imóvel, através dos direitos de 
vizinhança, e dos direitos reais de garantia, que geram ônus reais sobre os bens, é ponto de partida para 
os serviços notariais e de registro. Nessa disciplina, também é verificada a disciplina da hipoteca, do 
penhor e da anticrese.
O condomínio geral e o condomínio edilício restringem o uso da propriedade e são disciplinados 
por dispositivos específicos. Tais artigos devem ser examinados para que seja clara a noção quanto aos 
direitos e deveres dos condôminos e em relação aos atos de administração e de registro.
O condomínio edilício envolve os atos de instituição, o registro da convenção e a elaboração e 
registro de regimento interno. A matéria é relevante e extensa, com muitos detalhes que tornam a 
prática um interessante desafio, como observamos nas interpretações de doutrina e jurisprudência.
O direito das sucessões é modo derivado de aquisiçãode propriedade. Seu estudo tem a finalidade de 
levar à compreensão das regras gerais das sucessões, da ordem de vocação hereditária e do detalhamento 
da sucessão legítima, das normas sobre testamento e sucessão testamentária e, por fim, das regras do 
inventário e da partilha.
Cada ponto da presente disciplina é essencial para o exercício profissional na área de Gestão de 
Serviços Jurídicos, Notariais e de Registro; por isso, desejamos um excelente estudo!
13
DIREITO DE PROPRIEDADE E SUCESSÕES
Unidade I
1 DA POSSE
A posse é a exteriorização do domínio, publicidade, aquilo que se visualiza do domínio, que é abstrato. 
Como a lei protege o domínio, defende o possuidor e garante a posse. Quando o possuidor não é o 
titular do domínio, a proteção decorre do interesse público em se conferir ao bem uma finalidade social.
A não utilização dos bens é prejudicial a toda a sociedade, posto que os bens são essenciais à 
vida. Assim, o proprietário desapossado violentamente, por esbulho, tem direito ao restabelecimento da 
situação anterior. Da mesma forma, se alguém habita prédio de outrem, tem assegurada a posse, até que 
o verdadeiro proprietário demonstre o seu melhor direito.
O ordenamento jurídico mantém a situação de fato, repelindo a violência, quer tal situação se funde 
ou não em direito anterior, para haver paz social.
A situação de fato é protegida enquanto não for demonstrado que outro tem melhor direito, porque 
ela aparenta ser uma situação de direito.
Jus possidendi é a relação material entre o homem e a coisa, consequente de um ato jurídico. Quem 
registra o seu título aquisitivo torna-se proprietário. A situação de fato que se estabelece entre a pessoa 
e a coisa se justifica num direito preexistente. Sua posse decorre do jus possidendi, direito de possuir 
por ser proprietário.
Jus possessionis existe se a relação de fato (posse) não decorre de direito anterior (propriedade) e 
dura por mais de ano e dia. O jus possessionis é resguardado pelo ordenamento jurídico, pois o direito 
protege a posse contra ameaça ou agressão, para garantir a harmonia.
1.1 Posse e propriedade
A propriedade é a relação entre a pessoa e a coisa que decorre de aquisição prévia por tradição 
(móvel) ou registro (imóvel), implicando um poder jurídico e criando relação de direito. Já a posse é 
a relação entre pessoa e coisa fundada na vontade do possuidor, criando mera relação de fato (ou 
exteriorização de direito – domínio). Mesmo sem direito, a posse é protegida, até que se prove melhor 
o direito. O possuidor tem mais direito sobre a coisa que o estranho. A proteção resguarda interesse do 
possuidor e a harmonia (interesse público).
14
Unidade I
1.2 Teorias sobre a posse
Os romanos disciplinaram a defesa da posse, mas não a sua natureza jurídica e nem as suas regras.
A seguir, apresentaremos algumas teorias a respeito da posse.
1.2.1 Teoria de Savigny (subjetiva)
Segundo a Teoria de Savigny, posse é o poder de dispor da coisa fisicamente, com o ânimo de 
considerá-la sua e defendê-la contra a intervenção de outrem.
Há, portanto, dois requisitos para que exista a posse:
• Material: poder físico sobre a coisa, ou corpus.
• Intelectual: propósito de ter a coisa como sua, ou animus.
Sem o elemento material, não haveria relação de fato entre pessoa e coisa. E sem o elemento 
intelectual, não existiria posse, mas mera detenção.
1.2.2 Teoria de Ihering (objetiva)
De acordo com a Teoria de Ihering, posse é condição do exercício da propriedade. Corpus e animus 
não precisam ser distinguidos; a noção de animus já se encontra na de corpus, sendo a maneira como o 
proprietário age em face da coisa que possui.
Posse não é só a detenção da coisa, pois mesmo sem a detenção a posse pode existir. Exemplo: o 
lavrador que deixa a sua colheita no campo não a tem fisicamente, mas a conserva em sua posse.
Para saber se há posse ou não, é preciso bom senso (e não detenção física, que pode não ocorrer na 
posse, por exemplo, indireta).
1.3 Possuidor
Conforme o art. 1.196 do Código Civil (CC), possuidor é quem tem de fato o exercício – pleno ou 
não – de alguns dos poderes inerentes ao domínio ou à propriedade (BRASIL, 2002).
O CC adotou a Teoria de Ihering, pois possuidor é aquele que atua em relação à coisa como se fosse 
proprietário, ou seja, exerce algum dos poderes inerentes ao domínio, não necessariamente a detenção 
física. A posse é, então, exteriorização da propriedade.
Somente em raras exceções, o legislador volta à Teoria de Savigny e à ideia de apreensão 
material da coisa.
15
DIREITO DE PROPRIEDADE E SUCESSÕES
1.4 Natureza jurídica da posse
Posse não é direito, é mero estado de fato que a lei protege com atenção à propriedade, de que ela 
é a manifestação exterior.
Conforme Gagliano e Pamplona Filho (2019, p. 1.036), “Em nosso sentir, a posse é uma circunstância 
fática tutelada pelo Direito. Vale dizer, é um fato, do qual derivam efeitos de imensa importância 
jurídica e social”.
O possuidor é protegido porque se presume ser proprietário aquele que possui o bem. Quando o 
possuidor não é proprietário, a posse gera efeitos e é protegida para garantir a estabilidade, a paz social.
1.5 Da classificação da posse
1.5.1 Posse direta e posse indireta
A posse é exclusiva por natureza. O princípio do Direito Romano não comporta a pluralidade de 
titulares; assim, não pode haver mais de uma posse sobre a mesma coisa. Mas a posse (por lei) pode se 
desdobrar em relação ao exercício.
Quanto ao campo do exercício, a posse é direta ou indireta; quanto à simultaneidade do exercício, 
a lei permite a composse.
Na composse, cada possuidor tem o seu direito proporcional à quantidade partilhada entre eles. 
Mais de um possuidor não pode ter a mesma posse, na mesma proporção, qualidade e quantidade sobre 
uma mesma coisa.
Na posse indireta, o titular afasta a detenção da coisa de si, por sua própria vontade, e continua 
exercendo a posse de forma mediata, enquanto outrem exerce a posse direta, conforme o art. 1.197 
do CC (BRASIL, 2002). Posse indireta é chamada também de posse de direito. A relação possessória se 
desdobra. Exemplos: locador, depositante, comodante.
O proprietário, por seu direito dominial, exerce a posse como corolário do domínio. E o depositário, 
por exemplo, exerce a posse por concessão do depositante. O titular da posse direta dispõe do poder 
material sobre a coisa.
A lei reconhece como possuidor tanto quem tem a posse direta quanto quem tem a posse indireta, 
e ambos podem usar os interditos para proteger a sua posição ante terceiros. A lei (art. 1.197 do CC) 
defere ao possuidor direto de ação possessória contra o proprietário – este, titular da posse indireta 
(BRASIL, 2002).
16
Unidade I
1.5.2 Posse justa e posse injusta
Quanto ao aspecto objetivo, a posse pode ser justa ou injusta.
O art. 1.200 do CC (BRASIL, 2002) define posse justa: é a que não seja violenta, clandestina ou precária. 
Injusta é a posse que tem um desses vícios, conhecidos no Direito Romano como “vis, clam et precario”.
1.5.2.1 Posse violenta
É a posse conseguida pela força injusta. O esbulhador não pode ter proteção possessória porque o 
direito repudia a violência. Conforme o art. 1.208 do CC (BRASIL, 2002), atos violentos não autorizam 
a aquisição da posse, senão depois de cessar a violência. Então, a tomada violenta de posse não gera 
efeitos no âmbito do direito. Mesmo que o autor da violência seja o proprietário, a última deve ser 
reintegrada, porque o esbulhador não pode fazer justiça com as próprias mãos (pode se defender com 
as próprias mãos, mas não agredir).
Cessando a violência, a posse antes viciada ganha juridicidade. Se o esbulhado, após a violência, 
deixa de reagir durante ano e dia, enquanto o esbulhador exerce posse pacífica, a situação de fato se 
consolida e sua posse passa a ser protegida.
1.5.2.2 Posse clandestina
É a que se constitui às escondidas. Alguém ocupa coisa de outrem sem que ninguém perceba, 
tomando cautela para não ser visto, ocultando seucomportamento.
A rigor, nem se trata de posse, porque posse é exteriorização do domínio, e na clandestinidade não 
há qualquer publicidade. O antônimo de clandestinidade é a publicidade. Para que haja posse, deve 
haver exercício público. Se ocorre às escondidas, o dono nem pode reagir, pois mesmo sendo diligente, 
ignorará o ocorrido.
De acordo com o art. 1.208 do CC (BRASIL, 2002), os atos clandestinos não autorizam a aquisição 
da posse, senão depois de cessada a clandestinidade. A posse pode então convalescer do vício da 
clandestinidade. Se a posse nasce clandestina e se torna pública, através de atos ostensivos do possuidor, 
que constrói, planta e fixa moradia, e, se após cessar a clandestinidade, o proprietário se acomoda e deixa 
de reagir por mais de ano e dia, a posse ganha juridicidade, e seu titular tem a proteção possessória.
1.5.2.3 Posse precária
Ocorre quando o possuidor recebe a coisa para depois devolvê-la e no prazo certo não a restitui. 
Exemplos: locatário, usufrutuário, comodatário, depositário etc.
Se ocorre retenção indevida, quando a posse lhe é reclamada, passa a existir posse precária. O 
possuidor recebe a coisa das mãos do proprietário, por um título que o obriga a restituí-lo e recusa 
injustamente a devolução, passando a possuir a coisa em seu próprio nome.
17
DIREITO DE PROPRIEDADE E SUCESSÕES
O vício da precariedade macula a posse, não permitindo que gere efeitos jurídicos. Conforme o 
art. 1.208 do CC (BRASIL, 2002), atos de mera permissão ou tolerância (que abrangem a posse precária) 
não induzem posse.
E a posse, embora possa convalescer dos vícios de violência e clandestinidade, não pode se convalescer 
da precariedade. O art. 1.208 do CC é silente quanto a tal possibilidade. Isso porque a precariedade é 
vista como pior, posto que envolve quebra de confiança, e também porque a precariedade não cessa 
nunca: o dever de devolução da coisa não se extingue, e a retenção indevida não ganha juridicidade.
1.5.2.4 Convalescimento da posse
Há aparente contradição entre os artigos 1.208 e 1.203 do CC (BRASIL, 2002): o art. 1.208 permite que 
posse violenta e clandestina, caso se torne pacífica e pública por ano e dia, fique sanada (são purgados os seus 
defeitos); e o art. 1.203 diz que se presume que a posse mantenha o mesmo caráter com que foi adquirida.
Para conciliar as duas regras, entende-se que a presunção é juris tantum, relativa, ou seja, o caráter 
da posse a acompanha nas mãos dos sucessores do adquirente, até que se prove o contrário. Se o 
adquirente provar que cessou há mais de ano e dia a violência ou a clandestinidade, sua situação de 
possuidor é reconhecida.
1.5.3 Posse de boa‑fé e posse de má‑fé
Aqui, a distinção se faz no campo subjetivo, examinando-se a posição psicológica do possuidor, em 
face da relação jurídica.
Na posse de boa-fé, o possuidor ignora o vício ou obstáculo que lhe impede a aquisição da 
coisa (art. 1.201 do CC). Já na posse de má-fé, o possuidor exerce a posse mesmo ciente de sua 
clandestinidade (da posse), precariedade, violência ou de que a posse encontra qualquer obstáculo 
jurídico à sua legitimidade (BRASIL, 2002).
O justo título se dá nos casos em que o legislador presume de boa-fé a posse quando o possuidor 
tem justo título, hábil a transmitir direito à posse, se proviesse do verdadeiro possuidor ou proprietário. 
Então, se o adquirente da posse a houve de forma legal, embora de quem não tivesse legitimação para 
transferi-la, a lei o presume de boa-fé, pois o título de que é portador é justo. Mas tal presunção é 
relativa, admite prova em sentido contrário. Essa presunção juris tantum inverte o ônus da prova: o 
possuidor exibe justo título, e a parte contrária é que deve provar que a posse não é justa.
É importante distinguir posse de boa-fé e de má-fé, pois os efeitos são diversos no que se refere aos 
frutos, benfeitorias, prazo de prescrição aquisitiva, responsabilidade pelas deteriorações etc.
Também é relevante o momento em que cessa a boa-fé. Por exemplo: o possuidor de boa-fé tem 
direito aos frutos percebidos (art. 1.214 do CC) e deve restituir os pendentes no momento em que 
cessa a boa-fé. Já o possuidor de má-fé deve restituir os frutos colhidos e percebidos, bem como os 
percipiendos (art. 1.216 do CC) (BRASIL, 2002).
18
Unidade I
No CC, em seu art. 1.202, a posse de boa-fé se transforma em posse de má-fé quando o possuidor 
toma conhecimento do vício que infirma a sua posse. Quem alega a má-fé do possuidor deve prová-la, 
demonstrando que o possuidor tinha conhecimento do vício (BRASIL, 2002).
A maior parte da doutrina e da jurisprudência entende que o estabelecimento de uma relação 
controvertida serve para infirmar, no espírito do possuidor, a condição de legitimidade de sua posse. 
Então, se a sentença acolhe a reivindicação de quem alega e prova a má-fé do possuidor, seus efeitos 
retroagem à data da citação e, desde esse momento, o possuidor é considerado de má-fé.
A questão é importante, pois a partir de então o possuidor deve devolver os frutos percebidos; perde direito 
às benfeitorias úteis e voluptuárias; não tem direito de retenção para compelir o devedor ao reembolso das 
benfeitorias necessárias; e passa a responder pelas perdas e deterioração (ainda que não as tenha causado).
1.5.4 Posse ad interdicta e posse ad usucapionem
A posse tem efeito de interditos e de usucapião.
Para que a posse tenha a proteção dos interditos, basta ser justa (sem vícios de violência, precariedade 
e clandestinidade).
Posse ad usucapionem é a que enseja a usucapião, pois estão cumpridos os requisitos legais. 
Usucapião é um dos modos de adquirir o domínio pela posse mansa e pacífica sobre a coisa de outrem, 
por um período de tempo definido na lei. Ordinariamente, a aquisição por usucapião implica posse com 
justo título e boa-fé, mas a lei presume a boa-fé e o justo título se a posse dura 15 anos, conforme o 
art. 1.238 do CC (BRASIL, 2002).
É irrelevante nesses casos a violência ou a clandestinidade que gerou a posse. Isso porque, se após a 
cessação de tais vícios transcorreram 15 anos, o possuidor adquire o domínio da coisa, independentemente 
de título e boa-fé, que a lei dispensa (ou presume juris et de jure) neste caso.
1.5.5 Da idade da posse
Posse nova não tem ano e dia. Posse velha tem ano e dia ou mais.
O período de ano e dia é necessário para consolidar a situação de fato, purgando a posse dos defeitos 
de violência e clandestinidade, como visto. E se a posse tiver ano e dia, o possuidor será nela mantido, 
até que seja provada a falta de sua legitimidade.
1.6 Aquisição e perda da posse
A aquisição da posse é tratada no capítulo II, título I, livro III da Parte Especial do Código Civil.
O momento da aquisição da posse é importante, porque marca o início do prazo para a usucapião e separa 
a posse nova (menos de ano e dia) da posse velha. Ainda, pode provar legitimidade e ausência de vícios.
19
DIREITO DE PROPRIEDADE E SUCESSÕES
A aquisição da posse pode decorrer de ato de vontade ou da lei. Apenas a pessoa, física ou jurídica, 
por ter personalidade civil, que é a capacidade de ser titular de direitos e obrigações na ordem civil, pode 
adquirir a posse.
São exemplos de posse adquirida por força da lei, conforme o CC (BRASIL, 2002): posse transmitida 
aos herdeiros no exato instante da morte do autor da herança (art. 1.784) e frutos que caem no terreno 
da pessoa provenientes de árvore de terreno vizinho (art. 1.284).
Já a posse decorrente da vontade ocorre pela tradição, como a entrega da coisa, ou pelo exercício de 
qualquer das prerrogativas inerentes ao domínio, como o uso, a fruição ou a disposição.
Lembremos que, de acordo com a Teoria de Ihering, o elemento material, o aspecto físico da posse, 
não é essencial, bastando o animus para que esta se considere adquirida.
De acordo com o art. 1.204 do CC (BRASIL, 2002), adquire-se a posse desde o momento em que se 
torna possível o exercício, em nome próprio, de quaisquer dos poderes inerentes à propriedade.Assim, a pessoa que não está na posse física de um imóvel, por exemplo, mas o administra, colhe 
seus frutos e contrata mão de obra para a sua exploração, é claramente um possuidor.
Já o art. 1.205 considera que a posse pode ser adquirida pela pessoa que a pretende, ou seu 
representante, ou por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação (BRASIL, 2002).
1.7 Da classificação dos modos de aquisição da posse
Tendo em vista a manifestação de vontade do agente, a posse pode ser adquirida por ato unilateral 
ou bilateral.
 Observação
Aquisição de posse por terceiro sem representação é consequência de 
gestão de negócios.
1.7.1 Por ato unilateral
A apreensão pode recair sobre coisas sem dono, quer por serem abandonadas (res derelicta), quer 
por não serem de ninguém (res nullius); e pode recair sobre coisas de outrem, mesmo sem a anuência do 
proprietário (por exemplo, posses violentas ou clandestinas, que duram mais de ano e dia sem violência 
ou com publicidade: os vícios se sanam, ganham proteção da ordem jurídica).
A apreensão se dá:
• pelo exercício de direitos inerentes ao domínio nos bens imóveis;
• pela apropriação dos bens móveis.
20
Unidade I
Por exemplo: alguém oferece em comodato ou para a locação coisa de outrem (exercício de um dos 
poderes inerentes ao domínio) ou alguém constrói aqueduto em terreno alheio e o utiliza ostensivamente 
sem oposição do proprietário.
Transcorrido o prazo legal, adquire-se a referida posse, pelo exercício do direito, podendo invocar 
interdito possessório, em defesa de sua situação.
1.7.2 Por ato bilateral
A tradição é a transferência de posse de um possuidor a outro. É modo bilateral de aquisição: 
pressupõe acordo de vontades entre quem aliena e o adquirente, anterior ao ato de tradição.
Em geral, a tradição é precedida de negócio jurídico de alienação, quer a título gratuito (doação), 
quer a título oneroso (compra e venda, permuta, dação em pagamento).
Dos meios de tradição (entrega):
• efetiva ou material, como no caso de o alienante transferir ao alienatário o animus e o corpus. 
Exemplo: o vendedor entrega ao comprador o objeto móvel vendido. Também é efetiva a traditio 
longa manus, quando o transmitente da posse mostra ao adquirente a coisa, apontando a área do 
imóvel e seus limites, por exemplo (indica a coisa, suas pertenças e extensão). O objeto é mostrado 
ao adquirente e colocado à sua disposição.
• simbólica ou ficta: decorre de atitudes, gestos que mostram a intenção de transferir a posse. 
Exemplo: o vendedor entrega as chaves do apartamento vendido.
• consensual: ocorre quando não há tradição real da posse. É o caso do constituto possessório e da 
traditio brevi manu.
— Traditio brevi manu: quando quem possuía em nome alheio passa a possuir em nome próprio. 
Exemplo: o comodatário que adquire a coisa.
— Constituto possessório: ocorre quando alguém aliena bem de sua propriedade mas nele 
remanesce a outro título, como o de locatário ou comodatário. O adquirente só assume a posse 
indireta, que lhe é transferida sem a entrega material da coisa, pela cláusula constituti. Há uma 
variação no animus do alienante que, entretanto, conserva o corpus da coisa possuída.
Ainda quanto à origem, a posse pode ser adquirida:
• a título universal: o objeto da transferência é uma universalidade, como um patrimônio, ou 
alíquota (parte ideal). Exemplo: herdeiro é sucessor causa mortis a título universal.
• a título singular: quando o objeto da alienação constitui coisa certa e determinada. Exemplo: 
legatário é sucessor causa mortis a título singular.
21
DIREITO DE PROPRIEDADE E SUCESSÕES
Em regra, a sucessão inter vivos se opera a título singular. O comprador em regra é sucessor a 
título singular.
A distinção é importante porque, conforme art. 1.207 do CC (BRASIL, 2002), o sucessor a título 
universal continua, de direito, a posse de seu antecessor. Então, se a posse do antecessor era viciada ou 
de má-fé, a posse do sucessor também será.
 Observação
Na sucessão a título singular, mas causa mortis (legado), os vícios da 
posse a acompanham, conforme o art. 1.206 do CC (BRASIL, 2002).
O sucessor a título universal continua de direito a posse do seu antecessor, e o sucessor a título 
singular pode optar por reunir o tempo de sua posse ao do seu antecessor, conforme o art. 1.207 do 
CC (BRASIL, 2002). Então, se a posse adquirida é justa e de boa-fé, o comprador pode adicionar o seu 
tempo ao de seu antecessor, para efeito de usucapião. Entretanto, se a posse adquirida era defeituosa, o 
comprador pode desconsiderá-la, pois a lei permite que se encare aquela situação de fato como original, 
gerando nova posse a partir da data da aquisição.
Quem pode adquirir a posse? O art. 1.205 do CC (BRASIL, 2002) estabelece que a posse pode ser 
adquirida pela pessoa que a pretende ou seu representante (inciso I) ou por terceiro sem mandato, 
dependendo de ratificação (inciso II).
1.8 Perda da posse
Conforme arts. 1.223 e 1.224 do CC (BRASIL, 2002), ocorre quando o possuidor deixa de exercer 
poderes inerentes ao proprietário. Exemplos: abandono, tradição, perda etc.
É certo que se retoma aqui a Teoria de Savigny, pois a perda da posse pode ocorrer pela falta do 
elemento material, o corpus, ou pela perda do animus, conforme a Teoria de Ihering, ou ainda pela 
perda de ambos.
A perda do animus e do corpus consiste em abandono e tradição. No abandono, o possuidor 
afasta de si a coisa possuída, com o propósito de não mais detê-la ou de sobre ela exercer qualquer ato 
inerente ao domínio. Na tradição, o alienante, por força de negócio jurídico, transfere a coisa possuída 
ao adquirente – perda do corpus e do animus.
Já a perda do corpus se dá quando o objeto material sobre que recaia a posse se perde, é 
colocado fora de circulação ou, ainda, sofre esbulho. Exemplo: por violência ou esbulho, o possuidor 
se vê privado da posse e não requer a reintegração de posse no prazo de ano e dia. Nesse caso, a posse 
do esbulhador se consolida, só podendo ser este vencido no juízo petitório, ou seja, através de ação 
de reivindicação.
22
Unidade I
Nos casos em que há perda do animus, ocorre a hipótese do constituto possessório em 
relação ao alienante. O constituto possessório ocorre quando o alienante de certo bem, em vez de 
entregá-lo ao adquirente, conserva-o, com anuência deste, em seu poder, por outro título, como o 
de locatário, depositário ou comodatário.
O alienante perde a posse indireta da coisa, pois afasta o animus, e conserva a coisa em nome do 
novo proprietário.
1.8.1 Perda da posse para o ausente
O CC, em seu art. 1.224 (BRASIL, 2002), prescreve que só está perdida a posse para aquele que não 
presenciou o esbulho quando, tendo notícia da situação, não retoma a coisa ou, tentando recuperá-la, 
é violentamente repelido. A lei protege o possuidor em viagem, ou fora do lugar onde se encontra a 
coisa possuída.
1.9 Dos efeitos da posse
Posse é diferente de detenção, posto que detenção é a relação de fato entre a pessoa e a coisa, sem 
consequência jurídica.
Posse é a relação de fato entre a pessoa e a coisa, à qual a lei atribui consequências jurídicas (efeitos 
jurídicos). A pessoa que detém coisa por ordem de outrem não pode colher efeitos jurídicos dessa mera 
detenção. É o caso, por exemplo, da bibliotecária em relação aos livros, ou do motorista em relação ao 
veículo automotor.
Os efeitos da posse são as consequências jurídicas por ela produzidas, por força da lei.
1.9.1 Proteção possessória
A proteção possessória é a outorga de meios de defesa da situação de fato, que aparenta ser uma 
exteriorização do domínio. Processa-se por duas maneiras:
• Legítima defesa, ou defesa direta, permitida pela lei nos art. 188, I do CC (fundamento genérico) 
e 1.210, § 1º do CC (fundamento específico) (BRASIL, 2002).
A regra é a defesa do direito violado ou ameaçado através de recurso à função judiciária do Estado. 
Mas a ação para a proteção judiciária não é célere, então o legislador faculta excepcionalmente à 
vítimaa possibilidade de se defender diretamente, para atingir a finalidade adequada, com seus 
próprios meios, obedecendo aos seguintes requisitos legais:
— que se faça logo, pois a existência de um intervalo conduz à presunção de que a vítima poderia 
recorrer ao poder competente, e se houver reação tardia, ela se assemelha a uma vingança 
(parece mais agressão que defesa);
23
DIREITO DE PROPRIEDADE E SUCESSÕES
— que a reação deve se limitar ao indispensável para o alcance do objetivo combinado, ou seja, 
deve haver proporcionalidade (da defesa à agressão), caso contrário, há excesso culposo.
• Interditos possessórios: o meio regular de se obter a proteção possessória é o judicial. As três 
principais ações possessórias são:
— ação de manutenção de posse (contra turbação);
— ação de reintegração de posse (contra esbulho);
— interdito proibitório (contra ameaça).
O possuidor mantido ou reintegrado na posse tem direito, como própria consequência do julgado, a 
ser indenizado dos prejuízos decorrentes da turbação ou do esbulho.
Enquanto a ação reivindicatória é proposta na ofensiva, a ação possessória é proposta na defensiva. 
Conforme o fundamento da proteção possessória, a proteção existe para se preservar a situação de fato 
e evitar violência (visa ao bem comum).
Há várias teorias para justificar a proteção possessória: o CC adotou a Teoria de Ihering, de que 
a posse é a exteriorização do domínio. Então a proteção se dá para proteger o proprietário, quem 
geralmente desfruta a posse. O legislador quis proteger o proprietário, evitando que a cada esbulho 
ele tenha que recorrer a um processo de reivindicação em que se veja obrigado a provar a titularidade 
de seus direitos. Para facilitar a defesa de seu domínio, basta que prove o estado de fato (a posse) e o 
esbulho, a perturbação ou a ameaça.
1.9.2 Distinção entre o juízo possessório e o juízo petitório
No juízo petitório, na ação reivindicatória, os litigantes alegam o domínio, devendo produzir prova 
documental.
No juízo possessório, basta mostrar a posse pacífica por ano e dia, para que o possuidor tenha 
proteção contra quem quer que seja. O juiz pode conceder eficazes medidas liminares. Isso não significa 
que o possuidor possa obter em caráter permanente proteção contra o proprietário. Este, embora 
vencido no juízo possessório, pode reivindicar a coisa no juízo petitório, através da ação reivindicatória.
Se o proprietário sofreu esbulho e deixou transcorrer ano e dia da cessação da violência ou 
clandestinidade, perdeu a posse, mas não perdeu o domínio – se pleitear reintegração de posse, será 
vencido pelo esbulhador, mas pode reivindicar a coisa por ação própria (ação real, reivindicatória).
No juízo possessório, não é relevante, em geral, a alegação de que é proprietário ou titular de outro 
direito sobre a coisa (art. 1.210, § 2º do CC); no juízo petitório, da mesma forma, a posse é secundária 
(BRASIL, 2002).
24
Unidade I
1.9.3 Ação de manutenção de posse
Ocorre quando o possuidor, sem ser privado de sua posse, sofre turbação em seu exercício. Visa a 
obter ordem judicial para findar os atos perturbadores.
Requisitos para o sucesso da ação:
• Que se prove a turbação atual, conservando a posse ao possuidor. Se a turbação é passada, sem 
risco de se repetir, a ação é inócua (medida de manutenção), devendo a vítima requerer apenas 
perdas e danos. E se o possuidor não mais conserva a posse, por haver sido esbulhado, a ação 
competente é a de reintegração, e não a de manutenção de posse.
• Que prove ter menos de ano e dia, a turbação, pois se houver durado mais, a situação de fato 
oriunda dos atos agressivos se consolidou, não podendo mais ser remediada em juízo possessório.
O juiz, a requerimento do autor, pode determinar a expedição de mandado liminar, ordenando que 
cesse a turbação. Poderá também, quando for menos veemente a prova, submeter a expedição do 
mandado à justificação judicial, em que o requerente demonstrará a lesão de seu direito e os demais 
pressupostos da ação.
Caso nem assim se convença, o juiz transfere para o final o seu pronunciamento, determinando a 
citação do réu.
A ação possessória tem caráter dúplice: o réu, entre os meios de defesa, pode alegar e provar que 
a posse do autor desmerece proteção (por exemplo, porque o autor a obteve violentamente do próprio 
réu). Se o réu convencer o juiz, este pode denegar o pedido de manutenção e também reintegrar na 
posse o réu (esbulhado).
1.9.4 Ação de reintegração de posse
Para o possuidor que foi esbulhado, ou seja, privado injustamente de sua posse. O esbulho se 
caracteriza pela violência, precariedade ou clandestinidade.
Os pressupostos para bom êxito na reintegração são os seguintes: que tenha havido esbulho e que o 
mesmo date de menos de ano e dia.
Se a prova de tais fatos for veemente, ou se deles o juiz se convencer pela justificação, o juiz 
pode determinar a expedição de mandado liminar de reintegração, devolvendo-se a coisa esbulhada 
à vítima, antes de ouvir o esbulhador. Caso não entenda assim, o juiz ordena a citação do réu e 
contestado o feito, ele assume o procedimento comum, conforme o art. 566 do Código de Processo 
Civil (CPC) (BRASIL, 2015).
25
DIREITO DE PROPRIEDADE E SUCESSÕES
1.9.5 Do interdito proibitório
É o remédio possessório para o possuidor com justo receio de ser molestado ou esbulhado em sua 
posse, para assegurar-se contra a violência iminente.
Requisitos: posse do autor, ameaça de turbação ou esbulho por parte do réu e justo receio (de um 
ato de violência).
Proposta a ação, se antes da sentença se verificar turbação ou esbulho, o juiz expedirá mandado de 
manutenção ou reintegração em favor do autor contra o réu. Se a turbação ou esbulho for posterior à 
sentença que cominou a pena, nela incorre o réu, sem prejuízo das medidas possessórias cabíveis.
1.9.6 Embargos de terceiro senhor e possuidor
O legislador os confere a quem não é parte no feito e sofre constrição ou ameaça de constrição 
sobre os bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, a fim de 
defender os bens possuídos, conforme o art. 674 do CPC (BRASIL, 2015).
 Lembrete
O art. 674, § 1º do CPC de 2015 (ou art. 1.046, § 1º do CPC de 1973) 
reforça o caráter possessório dos embargos de terceiro quando diz que 
“os embargos podem ser de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, 
ou possuidor” (BRASIL, 2015).
1.9.7 A posse das servidões
Admite-se a posse das servidões contínuas e aparentes, porque a posse é exteriorização do domínio 
e só as servidões aparentes, que também sejam contínuas, é que oferecem condições de publicidade 
compatíveis com a noção de posse.
Nos termos do art. 1.379 do Código Civil (BRASIL, 2002), servidão aparente por 10 anos autoriza o 
interessado a registrá-la em seu nome (então, servidões não aparentes não estão sujeitas à posse). Assim, 
o exercício de direito sobre o prédio serviente, por mais de ano e dia, sem violência, clandestinidade ou 
precariedade, induz à posse da servidão, se esta for aparente e contínua.
Com a relação possessória, são possíveis os interditos e a usucapião.
Se a servidão não for aparente, ou não for contínua, a utilização do direito por quem carecer de 
título não gera posse, não sendo cabíveis interditos ou usucapião. Exceção: a servidão de trânsito, ou 
de passagem, que é descontínua porque implica ato de alguém, tem proteção possessória quando pela 
habitualidade de sua utilização o chão é batido, o traçado é nítido, não havendo dúvida de que o dono 
do prédio dominante vem usando regularmente a passagem.
26
Unidade I
1.9.8 Dos efeitos da posse em relação aos frutos e às benfeitorias
O proprietário (reivindicante) que vence ação reivindicatória tem o direito de receber, do possuidor 
vencido, a coisa (reivindicada).
Quanto aos acessórios, o possuidor:
• de boa-fé tem direito aos frutos percebidos enquanto durar a posse (art. 1.214 do CC). Os frutos 
pendentes ao tempo em que cessar a boa-fé, bem como os colhidos por antecipação,devem ser 
restituídos, porque o pressuposto para a proteção do possuidor era a boa-fé. Mas tal possuidor 
tem direito às despesas de custeio, sob pena de enriquecimento sem causa do reivindicante (1.214, 
parágrafo único do CC) (BRASIL, 2002);
• de má-fé deve devolver os frutos colhidos (percebidos) e responde pelos frutos que por sua 
culpa deixou de perceber, ou seja, os frutos percipiendos. Para evitar o enriquecimento ilícito, a 
lei concede ao possuidor de má-fé o direito ao reembolso das despesas de produção e custeio 
(art. 1.216 do CC) (BRASIL, 2002).
Quanto à responsabilidade pela perda ou deterioração da coisa possuída:
• o possuidor de boa-fé não responde pela perda ou deterioração da coisa a que não der causa 
(art. 1.217 do CC) (BRASIL, 2002), salvo prova de atuação com dolo ou culpa grave;
• o possuidor de má-fé responde pela perda ou deterioração da coisa em todos os casos, mesmo 
decorrente do fortuito ou de força maior. Somente se exime com a prova de que teriam ocorrido 
da mesma forma se a coisa estivesse em mãos do reivindicante (art. 1.218 do CC) (BRASIL, 2002).
Já no que se refere aos efeitos em relação às benfeitorias:
• o possuidor de boa-fé tem direito a indenização pelas benfeitorias necessárias e úteis, podendo 
levantar as voluptuárias que lhe não foram pagas e que admitirem remoção sem prejuízo da coisa. 
Pelo valor das primeiras (necessárias e úteis), poderá exercer o direito de retenção, conforme o 
art. 1.219 do CC (BRASIL, 2002). O direito de retenção é um dos meios diretos de defesa que a lei 
confere excepcionalmente ao titular do direito.
• o possuidor de má-fé só tem direito ao ressarcimento das benfeitorias necessárias, visto que 
estas teriam sido efetuadas por qualquer pessoa, sob pena de deterioração ou destruição. E se o 
reivindicante não as devesse indenizar, enriquecer-se-ia indevidamente. Mas o possuidor de má-fé 
não tem o direito de retenção para garantir o pagamento da referida indenização, conforme o art. 
1.220 do CC (BRASIL, 2002).
Como ao determinar a indenização pelas benfeitorias visa o legislador evitar o enriquecimento sem 
causa, ao reivindicante cabe optar entre o valor atual das benfeitorias ou o seu custo. Isso porque, 
pagando o valor atual (aquilo que aproveitou), terá cessado o seu enriquecimento, embora o custo 
27
DIREITO DE PROPRIEDADE E SUCESSÕES
das benfeitorias haja sido maior. Quando houver diferença entre o montante do enriquecimento e o 
do empobrecimento, a indenização devida pelo enriquecido ao empobrecido se fixa pela cifra menor, 
conforme o art. 1.221 do CC (BRASIL, 2002).
Por fim, as benfeitorias só se devem indenizar se ainda existirem ao tempo da evicção e se compensam 
com os danos devidos pelo evicto ao reivindicante, conforme o art. 1.221 do CC (BRASIL, 2002).
1.9.9 Usucapião
É efeito da posse e modo de aquisição da propriedade, por isso será tratado adiante. A posse 
(possessio) mansa e pacífica por tempo (tempus) fixado em lei defere, ao possuidor, a prerrogativa de 
obter o domínio de bem particular (res habilis) por sentença ou pelo modo extrajudicial, conforme prevê 
o CPC (BRASIL, 2015). A situação de fato pode se consolidar em situação de direito (a posse pode levar 
ao título, ao direito de propriedade).
2 DOS DIREITOS REAIS
É possível definir os direito reais, ou Direito das Coisas, quanto a dois aspectos. Se considerado o 
termo direito como lei, direitos reais são definidos como o conjunto de normas reguladoras das relações 
jurídicas ou conflitos entre as pessoas, tendo em vista os bens capazes de satisfazer as suas necessidades 
e suscetíveis de apropriação.
Os bens são coisas úteis e raras, que existem em quantidade limitada na natureza, classificados no 
Livro II da Parte Geral do CC (BRASIL, 2002). Como são essenciais, o homem tende a se apropriar desses 
bens, para com eles garantir a sua subsistência, seu trabalho, incluídos os alimentos, a moradia, os 
instrumentos para o exercício de qualquer ofício, livros, aparelhos hospitalares, remédios etc.
Considerando-se o vocábulo “direito” no sentido de “faculdade”, o direito real é o direito sobre a 
coisa (res), que não envolve sujeito passivo, nem prestação, é oponível erga omnes e confere ao seu 
titular o direito de sequela, exercido através da ação real, a ação reivindicatória.
2.1 Direitos reais e obrigacionais
A diferença entre direito real e direito obrigacional é que o direito obrigacional envolve sujeito 
passivo certo e determinado, ou determinável, bem como prestação de dar, fazer ou não fazer. Já o 
direito real não tem sujeito passivo determinado ou determinável (o sujeito passivo é composto por 
sociedade e Estado com prestação de não fazer, não interferir indevidamente para prejudicar o direito 
real). O direito real é defensável contra qualquer pessoa (oponibilidade erga omnes).
O direito obrigacional, ou pessoal, é oponível somente em face do sujeito passivo e de seu fiador, ou 
avalista – X deve a Y certa prestação de dar, fazer ou não fazer. Já o direito real é vínculo jurídico entre 
pessoa e bem, oponível em face de todos.
28
Unidade I
O direito de propriedade é considerado o cerne do Direito das Coisas, regulamentado no Livro III do 
CC de 2002, em sua Parte Especial. Ele “consiste no direito real de usar, gozar ou fruir, dispor e reivindicar 
a coisa, nos limites da sua função social” (GAGLIANO; PAMPLONA FILHO, 2019, p. 1063).
O domínio pode não ser pleno, por faltarem algumas das prerrogativas ao proprietário. Nesse caso, 
da limitação podem surgir direitos de terceiros, de gozo ou de garantia sobre a propriedade alheia.
Das características dos direitos reais:
• Vínculo entre pessoa e coisa: o sujeito passivo, composto por todos os indivíduos que devem 
respeito ao direito real, não é determinado ou determinável. Direito real é relação entre pessoa e 
coisa. Seu exercício não depende de colaboração de terceiros, ao contrário do direito pessoal, que 
só pode ser usufruído com a colaboração forçada ou espontânea do devedor.
• Oponibilidade erga omnes: defensável erga omnes, pois representa prerrogativa do seu titular, 
que deverá ser respeitada por todos. Os direitos reais sobre imóveis só se constituem com a 
inscrição no Registro Imobiliário dos títulos respectivos, conforme o art. 1.227 do CC (BRASIL, 
2002), sendo que a publicidade cientifica qualquer interessado da existência do direito real, 
impedindo a alegação de ignorância.
• Sequela: confere eficácia ao direito real. É a prerrogativa concedida ao titular de seguir a coisa 
e retirá-la das mãos de quem quer que a detenha, e apreendê-la para exercer o seu direito real. 
Exemplo: o proprietário oferta imóvel em garantia hipotecária e o aliena. O credor hipotecário, 
cujo direito é oponível erga omnes, pode apreender a coisa das mãos do adquirente, penhorá-la, 
levá-la à praça e com o produto da arrematação, receber o seu pagamento.
• Ação real: a chamada ação reivindicatória é conferida ao titular do direito real e incide diretamente 
sobre o bem. A ação pode ser endereçada a qualquer pessoa que detenha o objeto do direito real.
• Exclusividade: não se pode conceber dois direitos reais, de igual conteúdo, sobre a mesma 
coisa. Se sobre a mesma coisa recaírem dois direitos reais, não serão da mesma espécie, ou não 
serão integrais. Exemplo: o nu-proprietário tem a substância da coisa, enquanto o usufrutuário 
tem direito aos frutos (como os alugueres); no condomínio geral, em relação a coisa indivisível 
(copropriedade de coisa indivisível), os coproprietários não são donos integrais da coisa, pois o 
direito real de domínio que sobre ela incide é um só – este se divide entre os vários comunheiros 
(dois irmãos que herdam uma casa, por exemplo, são coproprietários dela, e cada um deles tem 
50% da casa, uma parte ideal).
Direitos reais são apenas os enumerados pela lei: o art. 1.225 do CC (BRASIL, 2002) enumera os direitos 
reais de modo taxativo, ou seja, em razão da força de cada um desses direitos, de sua intensidade, com 
oponibilidadecontra todos, então apenas a lei pode criar novos direitos reais. Não é possível estabelecer 
por contrato, por exemplo, novo direito real.
29
DIREITO DE PROPRIEDADE E SUCESSÕES
Direitos reais sobre imóveis dependem de registro imobiliário, conforme o art. 1.227 do CC (BRASIL, 
2002), sendo que os registros públicos estão disciplinados por lei especial. E se as partes criarem 
novo direito real, o agente não encontrará na lei permissão para fazer tal registro (questão de ordem 
burocrática). Dessa forma, levantará “dúvida” ao juiz quanto à possibilidade de inscrição, e a “dúvida” 
será julgada procedente, impossibilitando a inscrição, por falta de interesse social.
Da classificação dos direitos reais quanto ao bem sobre o qual incidem:
• Direito real sobre coisa própria: é somente a propriedade, em que o titular do direito pode 
concentrar em suas mãos as prerrogativas de uso, gozo e disposição, além do direito de 
reivindicação do bem.
• Direitos reais sobre coisas alheias: todos os direitos reais arrolados no art. 1.225 do CC, 
com exceção do direito real de propriedade, recaem sobre coisa alheia, evidenciando um 
desmembramento da propriedade (BRASIL, 2002).
Os direitos reais sobre coisas alheias ainda são subclassificados em direitos reais de gozo e direitos 
reais de garantia.
Os direitos reais de gozo conferem a possibilidade a seu titular de usar ou fruir de bem alheio. 
Já os direitos reais de garantia têm a finalidade de servir como acessório para ampliar as chances de 
adimplemento de certa obrigação. O titular de um direito real de garantia não pode usar ou fruir da 
coisa alheia, mas tem sobre esta o poder de se servir com preferência (no penhor e na hipoteca) ou de 
se servir com os frutos do bem imóvel (caso da anticrese) para resgatar o seu crédito.
 Observação
O direito real do compromissário comprador não é nem direito real 
(sobre coisa alheia) de gozo, nem direito real (sobre coisa alheia) de garantia. 
Trata-se de direito real de aquisição, que possibilita a transferência definitiva 
da coisa ao patrimônio do interessado, em face da irrevogabilidade e da 
irretratabilidade do negócio celebrado.
Consoante art. 1.225 do CC (BRASIL, 2002), são direitos reais: propriedade, superfície, laje, servidão, 
usufruto, uso, habitação, direito do promitente comprador do imóvel, penhor, hipoteca, anticrese, 
concessão de direito real de uso (Lei nº 11.481/2007) e concessão de uso especial para fins de moradia 
(Lei nº 11.481/2007).
Conforme o art. 1.226 do CC, direitos reais sobre móveis, constituídos por ato entre vivos, só são 
adquiridos com a tradição. Já o art. 1.227 garante que o direito real sobre bem imóvel só se adquire 
com registro, salvo exceção prevista em lei, como a propriedade decorrente da sucessão hereditária, por 
exemplo, que existe a partir da morte do autor da herança (art. 1.784 do CC) (BRASIL, 2002).
30
Unidade I
2.2 Da propriedade
É direito real que vincula o titular do domínio e o bem, com oponibilidade erga omnes e possibilidade 
de lhe conferir direitos de uso, fruição, disposição e reivindicação.
Trata-se do mais completo dos direitos subjetivos, “espinha dorsal” do direito privado, pois o 
conflito de interesses entre os homens, que o ordenamento jurídico disciplina, se manifesta na 
disputa sobre bens.
O direito de propriedade é direito fundamental, previsto no art. 5º, XXII da Constituição Federal de 
1988 (CF/88) (BRASIL, 1988). E como direito fundamental, a sua proteção é essencial para o alcance 
da dignidade da pessoa humana. Propriedade é direito real que recai diretamente sobre a coisa e cujo 
exercício independe de prestação de quem quer que seja.
Consoante o art. 1.228 do CC (BRASIL, 2002), o proprietário (ou titular do direito real de propriedade) 
tem a prerrogativa de usar, gozar e dispor de seus bens, e de reivindicá-los de quem quer que injustamente 
os possua ou detenha.
O domínio é diferente dos demais direitos reais por incidir sobre a coisa própria, enquanto estes 
têm por objeto a coisa alheia (usufruto, servidão, uso, habitação e todos os demais direitos reais, salvo 
a propriedade, recaem sobre coisa de outrem). Domínio é direito real que vincula e legalmente submete 
ao poder do seu titular substância e acessórios.
É fundamental conhecer os seguintes conceitos:
• Jus utendi: possibilidade de usar a coisa conforme a vontade do proprietário e possibilidade de 
excluir estranhos de igual uso.
• Jus fruendi: poder de colher os frutos naturais e cíveis da coisa e explorá-la economicamente, 
aproveitando seus produtos. Isso porque os acessórios são do dono do principal (salvo disposição 
especial em contrário). Conforme o art. 1.232 do CC, frutos e produtos da coisa, ainda quando 
separados, pertencem ao seu proprietário, salvo se por motivo especial couberem a outrem 
(BRASIL, 2002).
• Jus abutendi: direito de dispor da coisa alienando-a, a título gratuito ou a título oneroso.
• Ius vindicandi: para usar, gozar ou dispor da coisa, o proprietário precisa tê-la à sua disposição. Por 
isso, a lei confere ao proprietário a prerrogativa de reivindicá-la das mãos de quem injustamente 
a detenha. A ação de reivindicação é ação real e tem como pressuposto o domínio. É conferida 
ao dono para recuperar ou obter a coisa de que foi privado, ou que lhe não foi entregue. É o 
instrumento para exercer o seu direito de sequela.
31
DIREITO DE PROPRIEDADE E SUCESSÕES
2.2.1 Função social
O uso da propriedade será condicionado ao bem-estar social. Conforme a CF, art. 5º, XXIII: “a 
propriedade atenderá a sua função social” (BRASIL, 1988).
Natureza do direito de propriedade:
• Absoluto: porque o proprietário tem sobre a sua coisa o mais amplo poder jurídico. Quanto ao 
seu exercício, o direito é sempre relativo, em face do princípio da função social da propriedade.
• Exclusivo: o titular pode afastar da utilização da coisa quem quer que dela queira tirar 
qualquer proveito.
 Lembrete
Tal exclusividade pode ser oposta não só contra particulares, mas 
também em face do Estado, que só pode privar o proprietário dos seus 
direitos por desapropriação (em vista da utilidade pública), mediante 
indenização; ou nos casos de expropriação sem indenização (raríssimos e 
com base em lei, como as hipóteses de exploração de trabalho escravo ou 
uso de imóvel para a produção de drogas ilícitas).
Não há dois proprietários da coisa por inteiro. A copropriedade (condomínio) existe, mas aqui cada 
um tem uma parte ideal da coisa. “Próprio” e “comum” são coisas contraditórias: direito de propriedade 
é diferente do direito de obrigação, que pode pertencer solidariamente a vários credores, em que cada 
tem a faculdade de reclamar o crédito inteiro.
Sobre a ideia de exclusividade e absolutismo, o art. 1.231 do CC (BRASIL, 2002) prevê que a propriedade 
presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário.
Por fim: a propriedade é perpétua. Só se extingue pela vontade (através da alienação) do dono ou 
por lei (ou pelo perecimento da coisa, desapropriação ou usucapião).
2.2.2 Fundamentos do direito de propriedade
Apresentam-se como fundamentos a natureza humana, a Constituição Federal e a lei 
infraconstitucional.
A teoria da natureza humana é importante. Segundo ela, a propriedade é inerente à natureza do 
homem, sendo condição de sua liberdade. Trata-se de direito natural.
Na história da humanidade, a propriedade privada sempre existiu (exceto em sociedades muito 
atrasadas). E mesmo aqui existe o domínio, apenas o seu titular não é o indivíduo, e sim o grupo social 
ou familiar. A abolição da sociedade privada mostra-se historicamente contrária à natureza.
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Unidade I
Sendo a propriedade inerente à natureza humana, o legislador não pode aboli-la.
A lei também fundamenta o direito de propriedade: o art. 5º, XXII, da CF/88 (BRASIL, 1988) e o art. 
1.228 do CC (BRASIL, 2002).
Vejamos agora a distinção entre domínio (ou propriedade) pleno e domínio limitado:
• Domínio pleno: os direitos elementares da propriedade reúnem-se no proprietário.

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