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Direitos Reais - 2020

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PROFª Ms. SAMIRA DAUD
Doutoranda em Direito na UNESA desde 2016.2, graduada em Direito pela Universidade Tiradentes (1997), Mestre em Direito pela Universidade Federal de Sergipe (2015, advogada, professora Titular II da Estácio Fase, Procuradora Jurídica da Administração Estadual do Meio Ambiente- ADEMA/SE.
Instagram: @samiradaud
Facebook: samira daud
E-mail: profsamiradaud@gmail.com
I. Noções Introdutórias
A Constituição Federal de 1988 inaugurou uma nova era na ciência jurídica, sendo um marco teórico do constitucionalismo brasileiro, onde a dignidade da pessoa humana e a afirmação dos direitos fundamentais passaram a ser valores supremos e indispensáveis para se construir uma sociedade livre, justa e solidária.
A Revolução Francesa estava ancorada em três pressupostos: liberdade, igualdade e fraternidade.Como o indivíduo precisava prosperar, a sua vontade e autodeterminação lhe permitiam a liberdade de contratar para aquisição da propriedade.
Concepção Clássica dos Direitos Reais: privatista e individualista
Concepção Contemporânea: dimensão social do direito de propriedade, condicionado ao bem estar social e à função social da propriedade. 
A partir da segunda metade do século XX, rompe-se a lógica patrimonial e as Constituições passam a traduzir um novo vetor axiológico, onde a pessoa humana passa para o centro do ordenamento.
Concepção Clássica dos Direitos Reais: privatista e individualista
Concepção Contemporânea: dimensão social do direito de propriedade, condicionado ao bem estar social e à função social da propriedade.
II. Direitos Reais / Direitos das Coisas / Conceito
 
Há grande discussão doutrinária acerca do significado jurídico de “coisa”, ora igualando a bem, ora diferenciando. A concepção mais aceita tem sido a de Orlando Gomes e Clóvis Beviláqua, que compreende o BEM como um gênero que significa algo que tenha valor econômico. 
Já COISA seria uma espécie de bem caracterizada pela materialidade, por ser corpórea, e, ainda, passível de apropriação. A posição de Venosa é no sentido de que BEM é espécie de COISA;
O Direito das Coisas envolvem o estudo da POSSE e dos DIREITOS REAIS (elenco do art. 1225, do CC);
Os Direitos Reais tem sido conceituados a relação jurídica de poder exercida pelo sujeito sobre a coisa, diretamente e com finalidade econômica;
III. Natureza Jurídica
 
É um direito subjetivo, pois tutela o interesse do indivíduo. Dentre os direitos subjetivos ainda se encontram os direitos pessoais, isto é, os direitos obrigacionais (de crédito) e os direitos da personalidade.
IV. Principais características dos Direitos Reais 
Absolutismo: os direitos reais são absolutos porque concedem ao seu titular uma verdadeira situação de dominação sobre um objeto. O poder de agir sobre a coisa é oponível erga omnes, pois acarreta uma sujeição universal ao dever de ab tenção sobre a prática de qualquer ato capaz de interferir na atuação do titular sobre o objeto.
Sequela: os direitos reais aderem à coisa, sujeitando-a imediatamente ao poder de seu titular, com oponibilidade erga omnes, podendo o titular persegui-lo em poder de terceiros onde quer que se encontre.A seqüela decorre do absolutismo dos direitos reais, pois se posso exigir de todos um dever de abstenção, nada me impede de retirar o bem daquele que viola tal comando. 
c) Preferência: consiste no privilégio do titular do direito real em obter o pagamento de um débito com o valor do bem aplicado exclusivamente à sua satisfação. Ex. o credor real prefere aos demais credores; execução concursal (falência – art. 83 da lei 11101/2005).
d) Taxatividade: os direitos reais são numerus clausus. O rol do art. 1225 do NCC é taxativo. Há tb a lei nº 9514/97 – alienação fiduciária de imóveis. 
O NCC inovou no rol; excluiu as rendas constituídas em imóvel; excluiu a constituição de novas enfiteuses a partir de 11/01/2003, sendo substituídas pelo direito de superfície ( art. 1369 NCC). 
Preserva a enfiteuse nos terrenos de marinha (DEc-lei nº 9760/46 e Lei nº 9636/98). 
Trouxe para o NCC a promessa de compra e venda (art. 1361) e a propriedade fiduciária (art. 1417) e o direito de Laje.
V. Direitos Reais x Direitos Obrigacionais
	DIREITOS REAIS	DIREITOS OBRIGACIONAIS
	O objeto da relação jurídica é a coisa	O objeto da relação jurídica é a prestação
	Eficácia Absoluta (erga omnes) - dever geral de abstenção	Eficácia relativa (inter partes) - entre os sujeitos da relação jurídica
	Atributivo (exercido diretamente)	Cooperativo (exercido pelo intermédio do sujeito passivo da obrigação)
	Exclusivo - Titularidade individual (condomínio não é exceção)	Titularidade individual ou coletiva
	Tendência à perpetuação	Transitoriedade 
	Direito de Seqüela	O patrimônio do devedor é a garantia
	Rol Taxativo (numerus clausus)	Rol exemplificativo (numerus apertus)
	Adquiríveis por usucapião	Não podem ser adquiridos por usucapião
	Objeto determinado	Objeto pode ser determinável
VI. Classificação (de acordo com o art. 1225)
 
Direito real sobre a própria coisa (in re propria): PROPRIEDADE (art. 1225, I, do CC). 
Direitos reais sobre a coisa alheia (in re aliena): Os demais (art. 1225, II a XII). Dividem-se em:
Direitos de gozo ou fruição: (art. 1225, II a VI e XI e XII – superfície, servidões, usufruto, uso, habitação, concessão de uso especial para fins de moradia , concessão de direito real de uso) e laje;
Direitos de garantia: (art. 1 225, VIII, IX e X – penhor, hipoteca e anticrese);
Direito de aquisição (art. 1225, VII – promessa de compra e venda de bem imóvel).
 
Art. 1.225. São direitos reais: 
I - a propriedade;
II - a superfície; (direitos reais na coisa alheia de uso)
III - as servidões; (direitos reais na coisa alheia de uso)
IV - o usufruto; (direitos reais na coisa alheia de uso)
V - o uso; (direitos reais na coisa alheia de uso)
VI - a habitação; (direitos reais na coisa alheia de uso)
VII - o direito do promitente comprador do imóvel; (direito real na coisa alheia à aquisição) 
VIII - o penhor; (direito real de garantia)
IX - a hipoteca; (direito real de garantia)
X - a anticrese. (direito real de garantia)
XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; (direitos reais na coisa alheia de uso)
XII - a concessão de direito real de uso. (direitos reais na coisa alheia de uso)
XIII - laje. (direitos reais na coisa alheia de uso)
VII.Obrigações Propter Rem (ou Ob Rem ou Mistas ou Ambulatoriais
Figura híbrida entre os direitos reais e os direitos obrigacionais, possuindo características de ambos;São obrigações (dever de prestação) que acompanham a coisa, independente do titular do direito real;
Exemplos: dever de conservação da divisória entre prédios vizinhos (art. 1297, do CC); despesas de condomínio (art. 1315, do CC); o IPTU; etc
VIII. Obrigações Propter Personae: acompanham a pessoa. Ex. água, luz, telefone, etc
IX. Os Ônus Reais: são gravames que pesam sobre determinado bem, limitando o direito subjetivo de seu titular. Ex.: a hipoteca – mediante escritura pública o proprietário de imóvel confessa uma dívida em função da qual o bem passa a garantir o pagamento. Anticrese, a enfiteuse, o penhor, a servidão e o usufruto. 
X. As obrigações com eficácia real: são obrigações pessoais transmissíveis e que podem ser oposta contra terceiros. Ex. a lei de locação, as locações de prédios urbanos dá preferência ao locatário para aquisição do objeto d alocação.
Teorias da Posse
Friedrich Karl Von Savigny
Rudolf Von Ihering
Teoria Subjetiva de Savigny: Tratado da Posse, de 1803, a posse apresenta dois elementos constitutivos:
CORPUS
ANIMUS
O corpus é o poder físico sobre a coisa, e o animus é a intenção de ter a coisa como sua. Se faltar à relação jurídica a presença do animus, não haverá posse, mas sim, mera detenção.
Teoria Objetiva de Ihering: a posse apresenta apenas um elemento constitutivo:
CORPUS
A posse é o poder de fato e a propriedade o poder de direito.
Para constituir a posse, basta dispor fisicamente da coisa ou mera possibilidadede exercer esse contato.Dispensa a intenção de ser dono. 
TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO CIVIL
  Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.
O possuidor é aquele que, em seu nome próprio, exterioriza alguma das faculdades da propriedade, seja ele proprietário ou não.
Sujeitos da posse: São as pessoas, sejam elas naturais ou jurídicas, de direito público ou de direito privado.
Enunciado n° 236, III Jornada de Direito Civil: considera-se possuidor, para todos os efeitos legais, também a coletividade desprovida de personalidade jurídica.
Natureza Jurídica da Posse
 A posse é um fato ou um direito?
Para a teoria subjetiva de Savigny, a posse tem natureza dúplice: é fato e direito. Considerada em si mesmo, é um fato. Mas pelas suas conseqüências legais, gerando efeitos, é um direito.
Para Ihering é um direito, um interesse legalmente protegido. 
Segundo Clóvis Beviláqua, não é um direito, mas simples fato, que é protegido em atenção à propriedade, da qual ela é a manifestação exterior. 
Conceito de Posse
Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald afirmam que atualmente, a ciência jurídica volta o olhar para a perspectiva da finalidade dos modelos jurídicos. Não há mais um interesse tão evidente em conceituar a estrutura dos institutos, mas em direcionar o seu papel e missão perante a coletividade, na incessante busca pela solidariedade e pelo bem comum. Enfim, a função social se dirige não só à propriedade, aos contratos e à família, mas à reconstrução de qualquer direito subjetivo, incluindo-se aí a posse, como fato social, de enorme repercussão para a edificação da cidadania e das necessidades básicas do ser humano.
Para Ihering, posse é conduta de dono.
Objeto da posse: A posse pode incidir tanto sobre bens corpóreos quanto sobre bens incorpóreos (quase-posse). A chamada posse de direitos é admitida, desde que tais direitos possam ser apropriáveis e exteriorizáveis (direitos reais). Ex: direitos do autor, propriedade intelectual, passe atlético, direito real de uso sobre linha telefônica.
Posse x Detenção
Para o direito civil, deter não é possuir.
 O fâmulo da posse detém a coisa apenas em virtude de uma situação de dependência econômica ou de um vinculo de subordinação.
Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.
Exerce sobre o bem não uma posse própria, mas uma posse de outrem, em nome de outrem. 
Fâmulo da posse = servidor da posse = detentor
 ≠ possuidor
Como ao tem posse, não lhe assiste o direito de invocar, em nome próprio, as ações possessórias.  Ex. dono de estacionamento, bibliotecária, caseiro, empregados em geral, servidor público (arma, equipamentos dos policiais)
Posse: exercício do poder de fato em nome próprio, exteriorizando a propriedade e fazendo uso econômico da coisa (animus tenendi ? intenção de usar a coisa tal qual o proprietário). 
Detenção: A detenção é também chamada de posse degradada pela lei. 
Enunciado n° 301, Jornada de Direito Civil, STJ: É possível a conversão da detenção em posse, desde que rompida a subordinação, na hipótese de exercício em nome próprio dos atos possessórios.
Atos de mera permissão ou tolerância
A permissão nasce de uma autorização expressa (verbal ou não) do verdadeiro possuidor para que o 3º utilize a coisa.
A tolerância resulta de consentimento tácito ao seu uso.
Ambas se caracterizam pela transitoriedade e pela faculdade de supressão de uso, a qualquer instante, pelo real possuidor, sem erigir proteção possessória.
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade.
Ex. A permite que B utilize sua vaga de garagem
COMPOSSE
Posse exclusiva é aquela de um único possuidor, pessoa física ou jurídica, que possui sobre a coisa posse direta ou indireta. A posse exclusiva se contrapõe à composse, quando vários possuidores têm, sobre a coisa, posse direta ou posse indireta.
Composse é, assim, a situação pela qual duas ou mais pessoas exercem, simultaneamente, poderes possessórios sobre a coisa. 
Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores.
Configurada a composse, a situação que se apresenta é, na realidade, a de que cada compossuidor possui apenas a sua parte in abstracto, e não a dos outros. Contudo, cada possuidor pode exercer seu direito sobre a coisa como um todo, valendo-se das ações possessórias, desde que não excluía a posse dos outros compossuidores. Inclusive pode valer-se do interdito possessório ou da legítima defesa para impedir que outro compossuidor exerça uma posse exclusiva sobre qualquer fração da comunhão.
A composse é estado excepcional da posse, pois foge à regra da exclusividade da posse. Composse é a posse compartilhada: mais de uma pessoa exerce poder de fato sobre a mesma coisa.
Espécies:
 a) Composse pro indiviso: as pessoas têm parte ideal do bem. 
b) Composse pro diviso: embora não haja uma divisão de direito, já existe uma divisão de fato, onde cada um sabe onde começa e termina a sua parte da coisa. 
Extinção da Composse: A composse termina com o reconhecimento da partilha, ou seja, a partilha que era somente de fato agora é de DIREITO.
A composse se extingue pelo término da causa que a originou.
João, José e Júlio são compossuidores de uma chácara indivisa localizada na Região Metropolitana de Curitiba. No entanto, em outubro de 2011 João, sem consultar os demais possuidores resolveu cercar uma fração ideal da propriedade, declarando a área como exclusivamente sua. José e Júlio insurgiram-se contra a turbação e solicitaram a retirada da cerca. Classifique a posse de João sobre a área cercada e explique as classificações escolhidas.
CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
A) POSSE DIRETA E POSSE INDIRETA
- Posse Direta ou imediata: qdo é exercida por quem detém materialmente a coisa; pode rfísico imediato.
- Posse Indireta ou mediata: quando é exercida através de outra pessoa.
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto.
CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
 A posse direta se verifica quando o possuidor detém materialmente a coisa. 
A posse indireta é aquela em que o proprietário concede à outra pessoa o direito de possuir
	Locador	Posse indireta
	Locatário	Posse direta
CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
B) POSSE JUSTA E POSSE INJUSTA
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária. 
a) Posse Violenta: é obtida através de esbulho, por força física (vis absoluta) ou ameaça ou violência moral(vis compulsiva). Assemelha-se ao crime de roubo.
b) Posse clandestina: é a obtida sub-repticiamente, às escondidas, às ocultas, assemelhada ao furto. 
c) Posse precária: é a obtida com abuso de confiança, não restituindo a coisa ao final do contrato. Assemelha-se ao estelionato ou apropriação indébita. Não se convalida.
CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
C) POSSE DE BOA-FÉ E POSSE DE MÁ-FÉ
Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção. 
Os vícios são a violência, a clandestinidade e a precariedade. 
Neste caso o possuidor tem a convicção de que a coisa lhe pertence; é um critério subjetivo. Ocorre em geral com quem tem justo titulo, isto é, um documento referente ao objeto possuído. 
 Ex. contrato de compra e venda, de locação, de comodato, doação). 
Nosso direito estabelece presunção de boa-fé a quem tenha justotítulo.
CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
A boa-fé se verifica na convicção inabalável que o possuidor tem no sentido de que a coisa de fato lhe pertence. Acredita-o que sua situação é legítima, desconhecendo qualquer causa que impeça a aquisição do exercício sobre a coisa.
- POSSE DE MÁ-FÉ: é a posse viciada por obtenção através da violência, clandestinidade e a precariedade. O possuidor tem ciência do vício. Ainda que de má-fé, o possuidor não perde o direito de ajuizar ação possessória para proteger-se de um ataque a sua posse.
 A posse de má-fé caracteriza-se pelo conhecimento de ilegitimidade que tem o possuidor, em face de vícios ou obstáculos, que sejam inerentes ao exercício de sua posse. 
Justo título pode ser qualquer documento ou instrumento que o possuidor tenha. Ex.contrato, recibo de compra e venda, etc.
CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
Art. 1.202. A posse de boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o possuidor não ignora que possui indevidamente. 
Citação x Notificação Extrajudicial
CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
D) POSSE NOVA E POSSE VELHA
 - Posse nova: é a que conta com menos de um ano e um dia. Cabe liminar nos moldes do art. 928 CPC
- Posse velha: é a que conta com pelo menos um ano e um dia. D regra não cabe liminar, porém ao ser concedida deveráser fundamentada no art. 273CPC.
Art. 924. Regem o procedimento de manutenção e de reintegração de posse as normas da seção seguinte, quando intentado dentro de ano e dia da turbação ou do esbulho; passado esse prazo, será ordinário, não perdendo, contudo, o caráter possessório. 
CLASSIFICAÇÃO DA POSSE
E) POSSE AD INTERDICTA E POSSE AD USUCAPIONEM
- Posse ad interdicta: é a que pode ser defendida pelas ações possessórias, mas não conduz usucapião. Ex: locatário pode defender a posse de uma turbação ou esbulho, mas não tem direito a usucapião.
- Posse ad usucapionem: é a que se prolonga por determinado lapso de tempo prevista em lei, admitindo-se a aquisição do domínio pelo usucapião, desde que obedecidos os requisitos legais. Art. 1242 e 1238 cc.
Continuidade da posse - Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse o mesmo caráter com que foi adquirida.
 O art. 1203 informa que a característica da posse permanece durante o lapso temporal.
AQUISIÇÃO DA POSSE
Pelo artigo 1204 cc adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade. A posse pode ser adquirida de forma:
Originária: Não há relação de causalidade entre a posse atual e a anterior. Ex: acontece um esbulho e o vício se convalesce. Apresenta-se sem os vícios que a maculavam nas mãos do antecessor; 
Derivada: Há anuência do anterior possuidor e essa posse recebe os mesmos vícios anteriores. é possível saber quem foi o dono anterior.
AQUISIÇÃO DA POSSE
AQUISIÇÃO ORIGINÁRIA
A) APREENSÃO DA COISA: apreensão significa apossamento, pela deslocação da coisa para o domínio do possuidor, ou pelo uso da coisa se esta for imóvel. Consiste na apropriação unilateral da coisa. Aplica-se: - nas coisas de ninguém (res nullius) e abandonadas (res derelictae); - nos bens retirados de outrem sem a sua permissão. Mesmo havendo violência ou clandestinidade é posse (embora injusta). Isso porque se o primitivo possuidor omitir-se, não reagindo em defesa da posse ou não a defendendo por meio das ações, os vícios que a comprometiam desaparecem.
 B) EXERCÍCIO DE DIREITO: significa estar se utilizando do direito, usufruindo dele Ex: linha telefônica, servidão de aqueduto passada por terreno alheio.
AQUISIÇÃO DA POSSE
AQUISIÇÃO DERIVADA
 A) TRADIÇÃO: entende-se por tradição a entrega da coisa, pressupondo um acordo de vontades. Basta que haja a intenção do tradens (o que opera a tradição) e do accipiens (o que recebe a coisa). 
A tradição pode ser REAL (entrega efetiva e material da coisa), SIMBÓLICA (representada por ato que traduz a alienação) e FICTA (constituto possessório ou traditio brevi manus).
AQUISIÇÃO DA POSSE
B) CONSTITUTO POSSESSÓRIO ou cláusula constituti (art. 1267, parágrafo único CC)- é o ato pelo qual aquele que possuía em nome próprio passa a possuir em nome de outrem. Ex: A, proprietário, aliena seu imóvel e continua residindo nele como inquilino;
Pelo constituto possessório a posse se desdobra em duas faces: o possuidor antigo, que tinha a posse plena como proprietário, se converte em possuidor direto, enquanto o novo proprietário se investe na posse indireta, em virtude do contrato. A cláusula constituti não se presume. Aplica-se tanto aos bens móveis como imóveis.
Ex., quando o vendedor, transferindo a outrem o domínio da coisa, conserva-a em seu poder, mas agora na condição ou qualidade de locatário. A cláusula constituti não se presume. Deve constar inequivocamente do ato ou resultar da estipulação que a pressuponha.
AQUISIÇÃO DA POSSE
TRADITIO BREVI MANUS é exatamente o inverso do constituto possessório, pois se configura quando o possuidor de uma coisa alheia passa a possuí-la como própria. 
Exemplo do locatário que adquire o bem.
 Em ambas as hipóteses (constituto e traditio) não ocorre exteriorização da tradição. 
Existe pura e simplesmente inversão no animus do sujeito. Há uma modificação subjetiva na compreensão da posse pelos sujeitos envolvidos. Aplicam-se tanto aos móveis quanto aos imóveis.
EFEITOS DA POSSE
A) FACULDADE DA LEGÍTIMA DEFESA DA POSSE E DO DESFORÇO IMEDIATO – art. 1210§ 1º CC
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
§ 1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse.
EFEITOS DA POSSE
Desforço incontinenti: defesa imediata da posse pelo possuidor agredido. Deve estar assentado no binômio imediatismo-proporcionalidade. O art. 1.210, § 1° tem que ser entendido em harmonia com o art. 188, também do Código Civil. 
A doutrina costuma classificar a autotutela da posse em duas espécies:
- desforço imediato: ocorre nos casos de esbulho, em que o possuidor recupera o bem perdido.
- legítima defesa da posse: ocorre nos casos de turbação, em que o possuidor normaliza o exercício de sua posse.
EFEITOS DA POSSE
	Turbação (menos grave - diminuição)	Esbulho (mais grave - perda)
	Ato que dificulta o exercício da posse, porém não o suprime; ato que embaraça o exercício da posse. O possuidor permanece na posse da coisa, ficando apenas cerceado em seu exercício.	Ato que importa na impossibilidade do exercício da posse pelo possuidor. O possuidor fica injustamente privado da posse.
	Ocorre uma diminuição do direito	Há a perda do direito, em si.
TURBAÇÃO
ESBULHO
EFEITOS DA POSSE
B) FACULDADE DE INVOCAR OS INTERDITOS
São as ações possessórias, objetivando mantê-lo ou ser-lhe restituída a posse.
Permite-se que o possuidor possa demandar proteção possessória e, cumulativamente, pleitear a condenação do réu em perdas e danos. 
Pode-se requerer a cominação de pena para o caso de nova turbação ou esbulho (astreintes). 
Se ocorreu o perecimento do bem, somente resta ao possuidor o caminho da indenização – conversão da obrigação de fazer e não fazer na obrigação de dar (pagar).
Mas se o réu se sentir ofendido em sua posse, pode formular, na própria contestação, os pedidos que tiver contra o autor, por isso não se admite reconvenção em ação possessória. 
EFEITOS DA POSSE
AÇÕES POSSESSÓRIAS = INTERDITOS POSSESSÓRIOS
AÇÕES POSSESSÓRIAS PRÓPRIAS OU TÍPICAS
- Interdito Proibitório:– ameação de turbação ou esbulho – art. 932 e 933 do CPC. Rito Especial.
- Manutenção da Posse: turbação art. 926 a 931 CPC
-Reintegração de Posse: esbulho. art. 926 a 931 CPC
EFEITOS DA POSSE
AÇÕES POSSESSÓRIAS IMPRÓPRIAS OU ATÍPICAS
- Nunciação de obra nova: impedir obras. Rito especial (art. 934 a 940 CPC)
- Ação deDano infecto: preventiva contra eventuais futuros danos. Rito ordinário
- Ação de Imissão de Posse: ação do proprietário que não tem posse contra o ocupante. Rito ordinário.
EFEITOS DA POSSE
Juízo Possessório X Juízo Petitório
 Jus possessionis x jus possidendi: No juízo possessório (jus possessionis) a posse é discutida como um fato (ou, para os que assim entendem, como um direito pessoal), independente de sua causa. No juízo petitório, todavia, a posse é discutida como o conteúdo do direito de propriedade. As ações possessórias não podem ser utilizadas no âmbito do juízo petitório, pois nelas veda-se a discussão a respeito do domínio. Do mesmo modo, as ações utilizadas no juízo petitório (ação reivindicatória por excelência) não são adequadas ao juízo possessório, pois demandam prova quanto à propriedade enquanto causa da posse.
DA QUESTÃO DA TUTELA ANTECIPADA NAS AÇÕES POSSESSÓRIAS
A tutela de urgência é permitida no âmbito das ações possessórias pelo art. 928, CPC. Ela terá caráter satisfativo e estará pautada em cognição sumária.
O art. 928 c/c art. 924, CPC, exige requisitos especiais para a concessão da medida liminar (que poderá ser deferida com ou sem audiência da parte contrária, lembrando que quando o réu for ente de direito público, não é possível a concessão de liminar inaudita altera parte):
- prova da posse;
- caracterização detalhada da agressão à posse, inclusive com indicação da data em que houve o esbulho ou a turbação;
- que a agressão tenha ocorrido a menos de ano e dia (esbulho ou turbação novo). 
DA QUESTÃO DA TUTELA ANTECIPADA NAS AÇÕES POSSESSÓRIAS
Caso, porém, a agressão tenha ocorrido há mais de ano e dia, o direito fundamental de acesso à justiça e o princípio da inafastabilidade da jurisdição implicam na necessidade de tutela jurisdicional adequada à solução das crises de direito material, de modo que a tutela de urgência poderá ser concedida, mas na forma do art. 273, CPC (aplicação do art. 924, CPC).
C) PERCEPÇÃO DOS FRUTOS – art. 1214cc
Bens acessórios: frutos e produtos. Art 95 cc
Produtos são as utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-lhes a quantidade, pq não se reproduzem periodicamente.
Frutos são as utilidades que uma coisa periodicamente produz. Nascem e renascem da coisa, sem acarretar-lhe a destruição. Ex frutos das arvores, leite, as crias dos animais.
Dividem-se em naturais, industriais e civis.
Naturais: se desenvolvem e se renovam periodicamente em virtude da força orgânica da natureza.
Industriais: são os que aparecem pelas mãos do homem, como a produção de uma fábrica.
Civis: são as rendas produzidas pela coisa.
	POSSUIDOR DE BOA-FÉ	POSSUIDOR DE MÁ-FÉ
	- tem direito aos frutos percebidos, não fazendo jus aos pendentes;
- não responde por perda ou deterioração a que não der causa (dolo ou culpa) 
- terá direito à indenização e retenção por benfeitorias úteis e necessárias;
- tem direito ao levantamento das benfeitorias voluptuárias se não ocorrer a destruição do bem principal	- não tem direito aos frutos
- dever de indenizar os frutos colhidos
- tem direito as despesas de produção - responde por perda ou deterioração ainda que acidentais, salvo se provar a exceção
- tem direito de indenização pelas benfeitorias necessárias;
- não tem direito às benfeitorias úteis ou voluptuárias;
- não há direito de retenção
SUCESSÃO DA POSSE
 A posse pode também ser adquirida em virtude de sucessão inter vivos ou mortis causa, tanto a título singular quanto universal. É de se observar os seguintes artigos do CC:
 Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres.
 Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais.
 A segunda parte do artigo 1.207 traz uma exceção à regra de que a posse mantém o caráter com que foi adquirida, prevista no art. 1.203 do CC.
SUCESSÃO DA POSSE
 Sucessor a título universal: há obrigatoriamente a soma das posses (acessio possessionis). O herdeiro é chamado a suceder na totalidade da herança, fração ou parte-alíquota (porcentagem) dela. Pode ocorrer tanto na sucessão legítima como na testamentária. 
 Sucessor a título singular: pode escolher se inicia uma posse nova ou se soma a sua posse com a de seu antecessor. 
O testador deixa ao beneficiário um bem certo e determinado, denominado legado, como p.ex. um imóvel. 
A sucessão legítima é sempre universal; a testamentária pode ser universal ou singular.
A transmissão da posse por ato causa mortis é regida pelo princípio da saisine, segundo o qual os herdeiros entram na posse da herança no instante do falecimento do de cujus.
SUCESSÃO DA POSSE
 O herdeiro a título universal recebe a posse com os vícios que a maculavam; contudo, o legatário, por receber a coisa a título singular, tem a faculdade de abrir mão da posse anterior, eventualmente eivada de vícios, iniciando posse sua, nos termos do art. 1.207 do CC.
Nos termos do já referido art. 1.207, o sucessor a título singular pode unir sua posse à do antecessor, quando a mesma permanecerá eivada dos eventuais vícios da posse anterior. Caso resolva desligar sua posse da do antecessor, estarão expurgados os vícios que a maculavam, iniciando com a posse nova prazo para eventual usucapião.
SUCESSÃO DA POSSE
 A sucessão inter vivos geralmente se dá a título singular, como p.ex. quando alguém adquire um bem certo e determinado (um imóvel), mas também pode se dar a título universal, como quando alguém adquire uma universalidade (um estabelecimento comercial, por exemplo). Em síntese:
 A posse do sucessor pode somar-se à posse de seu antecessor para todos os efeitos legais. No entanto, na hipótese de haver essa junção, o sucessor recebe a posse antiga com todos os seus vícios (continuidade do caráter da posse).
 Sucessor a título universal: há obrigatoriamente a soma das posses (acessio possessionis).
 Sucessor a título singular: pode escolher se inicia uma posse nova ou se soma a sua posse com a de seu antecessor.
DA EXTENSÃO DA POSSE
 O art. 1209, CC fixa presunção de que a posse do imóvel induz à posse dos bens móveis que nele estiverem. Essa presunção, obviamente, é relativa, cabendo prova em contrário.
PERDA DA POSSE
O art 520 do cc de 1916 descrevia os modos de perda da posse. Já o art 1223 do cc de 2002 enfatiza que perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual s refere o art. 1196.
PERDA DA POSSE
a) Abandono – é a renuncia da posse, intenção de largar voluntariamente o que está em sua posse.
b) Tradição – entrega da coisa de forma definitiva
c) Perda – o possuidor se vê privado da coisa sem querer. Ex. anel que cai em alto-mar
d) Destruição- inutilização total decorrente de evento natural ou caso fortuito, inundações, incêndios, etc
e) Colocação fora do comércio ( coisa inaproveitável ou inalienável)
f) tomada da posse por outrem
g) constituto possessório
PROPRIEDADE
 Evolução histórica, conceito e características
Função Social da Propriedade
Novo Código Civil – art. 1.228 – usar, gozar e dispor da coisa, e poder de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha.
 Constituição Federal – princípio de ordem econômica. Direito individual. Garantia individual que deve atender à função social. (CF/88, art. 5.º, XXII a XXVI; art. 182, § 2.° e art. 186) 
 O código civil não definiu a propriedade, informando tão-somente suas características essenciais, quais sejam, uso (ius utendi), gozo (jus fruendi), disposição (jus abutendi) e reivindicação (rei vindicatio), fundada, esta última, no direito de seqüela.
Todavia, a doutrina procura definir a propriedade:
 - Maria Helena Diniz: direito que a pessoa física ou jurídica tem, dentro dos limites normativos, de usar, gozar e dispor de um bem corpóreo ou incorpóreo, bem como de reivindicá-lo de quem injustamente o detenha (Curso de Direito Civil: direito das coisas. 22.ed. São Paulo: Saraiva, 2007. pp. 113-114).
 - San Tiago Dantas:direito em que a vontade do titular é decisiva em relação à coisa, sobre todos os aspectos. Pode ele decidir tudo a respeito dela: pode, por conseguinte, usá-la, pode aproveitar suas utilidades, pode até mesmo, destruí-la e pode dar um fim ao seu direito, transferindo-o ao patrimônio de outrem. Por isso, a propriedade é o direito em que a vontade do titular é decisiva para a coisa, sobre todos os seus aspectos (apud Pedro Elias Avvad. Direito imobiliário: teoria geral e negócios imobiliários. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. p. 55).
 Para Carlos Roberto Gonçalves, o direito de propriedade pode ser definido como “o poder jurídico atribuído a uma pessoa de usar, gozar e dispor de um bem, corpóreo ou incorpóreo, em sua plenitude e dentro dos limites estabelecidos na lei, bem como de reivindicá-lo de quem injustamente o detenha” (GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro – vol. V – direito das coisas. pp. 206-207).
EXTENSÃO DO DIREITO DE PROPRIEDADE
O direito de propriedade recai tanto sobre coisas corpóreas quanto incorpóreas. Quando recai exclusivamente sobre coisas corpóreas, recebe a denominação de domínio.
propriedade móvel: recai sobre a coisa por inteiro, delimitada espacialmente pelos próprios limites materiais da coisa.
propriedade imóvel: abrange o solo e o subsolo, em altura e profundidade úteis ao proprietário.
 Não se incluem as jazidas, minas, recursos minerais, energia hidráulica e monumentos arqueológicos (propriedade da União).
Os poderes elementares do proprietário são enumerados pelo art. 1.228 do CC/2002: 
USAR, GOZAR E DISPOR DO BEM, REIVINDICAR de quem injustamente o possua.
 Corresponde às faculdades que os romanos denominavam jus utendi, fruendi e abutendi, além da rei vindicatio.
 Quando todos os elementos estão nas mãos de uma mesma pessoa, diz-se que a propriedade é plena; se ocorrer o desmembramento, passando um ou algum deles para as mãos de outra pessoa, diz-se a propriedade limitada (exemplo do usufruto).
FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE
 A função social da propriedade está no art. 5º, XXII e XXIII e no art. 170 da CF. No CC, está no art. 1228, §1º. 
 Art. 5º, XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
 Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
III - função social da propriedade;
 Art. 1228, § 1o O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas.
Norberto Bobbio, no livro “Da Estrutura à Função”, explica que tudo o que se ensinou na ciência jurídica do Direito sempre disse respeito à sua estrutura. Portanto, sempre se ensinou o que é o Direito. No entanto, o autor advertia que, muito mais importante do que estudar a estrutura, seria estudar a função do Direito, ou seja, para que ele serve.
 Neste caminho, Bobbio ensinou que todo instituto jurídico deve ter uma função, e esta função deve ser a pacificação social. Na mesma linda, o CC/02 possui três diretrizes, que são a eticidade, a operabilidade e a socialidade. Esta terceira diretriz, nada mais é, do que a função social de Bobbio.
 Todo o sistema ocidental foi construído com base no direito romano, expansionista e bélico, traduzido na propriedade absoluta, sem limites. No CC/16 o proprietário tinha apenas direitos, não possuindo dever algum. No CC/02, a propriedade incorporou valores gregos, humanistas, em contraposição ao que fora adotado em 1916.
TUTELA JURÍDICA DA PROPRIEDADE
 A tutela jurídica da propriedade ocorre através de ação reivindicatória. É importante perceber que esta é um mecanismo de proteção da propriedade. Nada impede que o proprietário se valha de outras ações, como a ação de dano infecto ou de nunciação de obra nova, mas a única ação de defesa da propriedade é a ação reivindicatória.
 É pressuposto da ação reivindicatória a apresentação do registro público (título). Sem este, não cabe ação reivindicatória, mas de ação publiciana, cujo objetivo é defender o domínio. 
 A ação reivindicatória é meramente declaratória e imprescritível. Submete-se a procedimento comum ordinário, sem a possibilidade de liminar, mas com a possibilidade de tutela antecipada, caso presentes os requisitos genéricos do art. 273 do CPC.
 A competência para processar e julgar a ação reivindicatória é o foro da situação da coisa (art. 95 do CPC). Trata-se de regra de competência absoluta.
RESTRIÇÕES LEGAIS DE INTERESSE PARTICULAR E PÚBLICO
 Limitações constitucionais:
O espaço aéreo e o subsolo pertencem ao proprietário do solo, até a altura e profundidade que lhes seja útil, dentro das limitações legais. O dono do solo será, também, o dono do subsolo, para construção de passagens, garagens subterrâneas, porões, adegas, etc. No entanto esta regra pode sofrer algumas limitações. Pelo artigo 176 da Constituição Federal os recursos minerais e hidráulicos constituirão propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, ficando sob o domínio da União. A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União. Todavia a própria Constituição garante ao dono do solo a participação nos resultados da lavra.
Desapropriação por necessidade ou utilidade publica e por interesse social (artigo 5º, inciso XXIV e artigo 184 da Constituição Federal), mediante previa e justa indenização em dinheiro.
RESTRIÇÕES LEGAIS DE INTERESSE PARTICULAR E PÚBLICO
 Limitações constitucionais:
Requisição – uso da propriedade alheia em caso de perigo iminente (artigo 5º, inciso XXV da Constituição Federal) ou em circunstancias especiais, assegurando-se ao proprietário o pagamento de indenização.
Confisco de terras onde se cultivem ilegalmente plantas psicotrópicas – artigo 243 da CF.
Os artigos 216, I a V, §§1º a 5º; 23, III e IV e 24, VII da CF colocam sob proteção especial do poder publico os documentos, obras e os locais de valor histórico ou artístico, os monumentos e as paisagens naturais notáveis, bem como as jazidas arqueológicas – o proprietário tem o uso e gozo da coisa, mas não tem a disponibilidade, uma vez que sua alienação depende de autorização do Departamento Histórico e Artístico Nacional.
Proteção do Bem Ambiental, segundo prevê o artigo 225 CF, confirmada pelo artigo 1228, §1º do Novo Código Civil.
RESTRIÇÕES LEGAIS DE INTERESSE PARTICULAR E PÚBLICO
Limitações administrativas:
Coisas tombadas (decreto nº 25/1937)
Ocupação de terrenos vizinhos as jazidas (servidão compulsória)
Restrição sobre floresta (Código Florestal) – certas arvores, devido a sua beleza e raridade podem ficar imunes ao corte.
Restrições sobre alinhamento, altura, etc. de construções, por razoes estéticas, urbanísticas e higiênicas; pode haver obrigação de murar terrenos, calçar passeios.
Zona de proteção dos aeroportos – proibição de construir acima de certa altura, dentro do setor de aproximação de aviões.
 Limitações militares:
 Requisição de moveis e imóveis necessários as Forças Armadas (decreto-lei nº 5451/1943) e a defesa do povo.
Transações de imóveis particulares situados nas faixas de até 150 km ao longo das fronteira.
Limitações advinhas do Código Civil:
O direito de vizinhança, que impede que o vizinho seja prejudicado quanto a segurança, ao sossego, saúde; direito de passagem forçada para imóvel encravado.
 Limitações militares:
 Requisição de moveis e imóveis necessários as Forças Armadas (decreto-lei nº 5451/1943) e a defesa do povo.
Transações de imóveis particulares situados nas faixas de até 150 km ao longo das fronteira.
Limitações advinhas do Código Civil:
O direito de vizinhança, que impede que o vizinhoseja prejudicado quanto a segurança, ao sossego, saúde; direito de passagem forçada para imóvel encravado.
Todas essas restrições acabam traçando um novo perfil do direito de propriedade em vigor, deixando de apresentar características de direito absoluto e ilimitado para se transformar em um direito de finalidade social.
Modos de Aquisição da Propriedade Imobiliária:
Aquisição da propriedade é a incorporação dos direitos de dono em um titular.
A aquisição da propriedade pode ser originária ou derivada; é originária quando a propriedade é adquirida sem vínculo com o dono anterior (ex: acessão, usucapião e ocupação); a aquisição é derivada quando decorre do relacionamento entre pessoas (ex: contrato registrado para imóveis, contrato com tradição para móveis, sucessão hereditária).
Modos de Aquisição da Propriedade Imobiliária:
A) REGISTRO
O direito brasileiro disciplina a matéria na Lei 6.015/73 (Lei de Registros Públicos) e no CC. Para a lei, não há diferença entre matrícula, notificação, averbação. É, portanto, mais prática, tendo em vista que tudo se chama de registro. 
 No direito brasileiro, o registro público tem força probandi relativa, ou seja, enseja a presunção relativa de propriedade. O registro comporta prova em contrário, diferentemente do que ocorre no sistema alemão.  Portanto, admite-se invalidade de Registro Público como, por exemplo, em casos de falsidade.
 
Acepções da palavra registro:
 O vocábulo registro não é unívoco. Inserido no contexto do registro de imóveis (LRP 167 a 171), ele é utilizado pela LRP em duas acepções: a) a primeira, referente ao ofício público determinadora da publicidade dos direitos reais; b) a segunda, relacionada ao ato ou assento praticado em livro desse ofício para realizar o referido fim. (NERY JUNIOR, Nelson e NERY, Rosa Maria de Andrade. Código civil comentado. 4.ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006. p. 752.)
 Finalidade do Registro Imobiliário: conferir publicidade ao estado dos imóveis para que tal estado adquira eficácia perante terceiros.
Atributos do Registro:  - publicidade
                                      - presunção relativa de veracidade
                                      - legalidade
                                      - obrigatoriedade
                                      - continuidade
                                      - força probante
                                      - prioridade
                                      - especialidade
Efeito: aquisição de direitos reais (propriedade, servidão, hipoteca etc.).
 
Atos de Registro de Imóveis:
 1) Matrícula: 
 Disciplinada pela LRP em seus arts. 227 a 235, a matrícula é o registro inaugural do imóvel, consistindo na especificação do estado de um imóvel, tanto em seus aspectos físicos (localização, dimensões etc.) quando jurídicos (proprietário, forma de aquisição etc.). Este é o teor do art. 228, LRP: 
Art. 228. A matrícula será efetuada por ocasião do primeiro registro a ser lançado na vigência desta lei, mediante os elementos constantes do título apresentado e do registro anterior nele mencionado.
 A matrícula só pode ser cancelada por determinação judicial, pelo desdobro ou pela fusão.
 Desdobro: subdivisão de lotes.
 Fusão: unificação de imóveis contíguos. No caso de fusão, o cancelamento da matrícula anterior e abertura de nova matrícula é uma faculdade do proprietário dos imóveis contíguos.
Atos de Registro de Imóveis:
2) Registro
 Em conformidade com o art. 167, I da LRP, devem ser registrados todos os atos que influenciem no uso, gozo e disposição de um imóvel. Em outros termos, o registro será feito sempre que houver alteração na titularidade de um imóvel ou quando houver limitação da propriedade pela formação de direitos reais limitados.
 Desta feita, devem ser registrados atos como: instituição de bem de família, hipotecas, servidões, usufruto, uso, habitação, contratos de compromisso de compra e venda, anticrese, superfície, incorporações, instituições e convenções de condomínio, compra e venda de imóvel, permuta, dação em pagamento, doação etc.
  
Atos de Registro de Imóveis:
3) Averbação
 Através da averbação é feita alteração em registro já existente. Assim, o art. 167, II da LRP determina que serão averbados atos como: mudança de denominação e de numeração dos prédios, da edificação, da reconstrução, da demolição, do desmembramento e do loteamento de imóveis; restabelecimento da sociedade conjugal; sentenças de separação judicial, de divórcio e de nulidade ou anulação de casamento, quando nas respectivas partilhas existirem imóveis ou direitos reais sujeitos a registro; contrato de locação, para fins de exercício do direito de preferência; extinção do direito de superfície; cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e incomunicabilidade impostas a imóveis.
Os contratos constitutivos ou translativos de direitos reais sobre imóveis tem de ser feitos por escritura publica, se o imóvel tiver valor superior a trinta salários mínimos (art. 108 CC). Os contratos criam os direitos e obrigações, mas a transmissão da propriedade imóvel só se opera com o registro de transferência.
 A transcrição é o registro da escritura feito no Registro de Imóveis. Vale a partir da prenotação, que é um apontamento protocolado que assinala a entrada em cartório de um documento. Só o registro transfere o domínio do imóvel.
Art. 1245, §1º CC
USUCAPIÃO
Também é chamado, impropriamente, de prescrição aquisitiva. É a situação de domínio pela posse prolongada, transformando-se em uma situação jurídica.
Garante a estabilidade e segurança da propriedade, fixando um prazo, além do qual não se podem mais levantar dúvidas a respeito de ausência ou vícios do titulo de posse.
Modo de aquisição da propriedade, independente da vontade do titular anterior. Ocorre quando alguém detém a posse de uma coisa com animo de dono, por tempo indeterminado, sem interrupção e sem oposição, desde que não seja posse clandestina, violenta ou precária.
A sentença declaratória proferida pelo Juiz valerá como titulo e será registrada no Registro de Imóveis.
Não podem ser usucapidas as coisas fora do comercio, como o ar, a luz solar, os bens públicos, os imóveis com clausula de inalienabilidade.
O possuidor pode, para fim de contar o tempo exigido, acrescentar a sua posse a do seu antecessor, contando que ambas tenham as mesmas características (art. 1243 CC).
Sem posse não há usucapião. 
Vocábulo do gênero feminino
 Requisitos da Usucapião
Pessoais : ART. 1244 CC
Causas impeditivas e suspensivas da prescrição art. 197 a 201 cc
Reais
Formais
	Usucapião Especial ou Constitucional
Urbano ou “Pro misero”:	Usucapião Especial ou Constitucional
Rural ou “Pro labore”:
	Área não superior a 250 m2.
Posse: 05 anos ininterruptos sem oposição.
Para moradia ou de sua família.
Não ser proprietário de outro imóvel rural ou urbano.
Apenas uma vez.
Imóveis públicos – proibição.
Sentença judicial registrada no Cartório de Registro Imobiliário.	Área não superior a 50 hectares.
Posse: 05 anos ininterruptos sem oposição, com animus domini.
Utilização para subsistência (trabalho) – agricultura, pecuária ou extrativismo.
Não ser proprietário de outro imóvel rural ou urbano.
Tornar produtiva por força de seu trabalho ou de sua família.
Apenas uma vez.
Imóveis públicos – proibição.
Sentença judicial registrada no Cartório de Registro Imobiliário
	Usucapião Ordinária	Usucapião Extraordinária
(art. 1238)
	Posse mansa, pacífica e ininterrupta com animus domini por 10 anos.
O prazo cai para 05 anos se o imóvel foi adquirido onerosamente, desde que os possuidores nele estabelecerem sua moradia ou fizerem investimentos de interesse social e econômico (posse-trabalho).
Justo titulo, ainda que contenha irregularidades.
Boa-fé: ignorância do defeito do titulo; crença de que a coisa realmente lhe pertence.
Sentença judicial registrada no Cartório de Registro Imobiliário.	Posse pacífica, ininterrupta, com animus domini e sem oposição por 15 anos.
O prazo cai para 10 anos se opossuidor houver estabelecido no imóvel sua moradia habitual ou houver realizado obras ou serviços de caráter produtivo (posse-trabalho).
Não é necessário provar boa-fé ou justo titulo.
Sentença judicial registrada no Cartório de Registro Imobiliário.
	Usucapião coletiva (art. 10º do Estatuto da Cidade – Lei 10.257/2001)
	Extensão área urbana, mais de 250 m2.
Posse: 05 anos ininterruptos sem oposição.
Famílias de baixa renda, utilizando o imóvel para moradia.
Ausência de possibilidade de identificação de área de cada possuidor.
Não ser proprietário de outro imóvel rural ou urbano.
Apenas uma vez.
Imóveis públicos – proibição.
Sentença judicial registrada no Cartório de Registro Imobiliário, atribuindo o juiz a fração ideal de cada possuidor.
Há ainda a possibilidade de um condomínio especial e indivisível, não passível de extinção.
Partes legítimas para a propositura dessa ação: 
Os possuidores, isoladamente ou em litisconsórcio.
Possuidores, em composse.
Associação de moradores da comunidade, regularmente constituída (substituto processual).
	Usucapião Familiar
	Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 
Prazo: 02 anos.
 
Requisitos:
 Imóvel urbano não superior a 250m²;
 Que o usucapiente não seja proprietário de outro imóvel, rural ou urbano;
 Que tenha fixado moradia; 
 Que o imóvel seja pertencente a uma entidade familiar;
 Que tenha ocorrido abandono de lar.
 
	Usucapião extrajudicial
	O art. 1.071, o novo CPC acrescentou à Lei de Registros Publicos o art. 216-A, com dez parágrafos, os quais tratam da matéria.
A partir de agora, quem quiser ter seu direito à usucapião, poderá requerê-lo direto no cartório responsável pelo registro de imóveis, sem precisar passar por todo o tormentoso processo judicial exigido pela situação. Qualquer das modalidades, seja ordinária (art. 1.242/CC), extraordinária (art. 1.238/CC), especial urbana (art. 1.240), especial rural (art. 1.239/CC), ou por abandono de lar (art. 1.240-A/CC), sem prejuízo das demais modalidades especificadas em leis esparsas, pois não se fez qualquer restrição a esse respeito.
Os requisitos são:
• Representação por advogado
• Ata notarial lavrada pelo tabelião, atestando o tempo de posse do requerente e seus antecessores, conforme o caso e suas circunstâncias;
• Planta e memorial descritivo assinado por profissional legalmente habilitado, com prova de anotação de responsabilidade técnica no respectivo conselho de fiscalização profissional, e pelos titulares de direitos reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes;
• Certidões negativas dos distribuidores da comarca da situação do imóvel e do domicílio do requerente;
• Qualquer documento que demonstre a origem, a continuidade, a natureza e o tempo da posse, tais como o pagamento dos impostos e das taxas que incidirem sobre o imóvel.
	Usucapião extrajudicial
	O pedido será autuado diretamente pelo registrador, que só fará a prenotação após o acolhimento do pedido.
A planta deverá conter a assinatura do proprietário ou de qualquer outro titular de direitos reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes. Caso contrário, tais pessoas serão notificadas pelo registrador competente, pessoalmente ou pelo correio com aviso de recebimento, para manifestar seu consentimento de forma expressa. Como o procedimento deve ser eminentemente consensual, ou seja, não pode haver litígio, p silêncio será interpretado como discordância e a pretensão deverá ser levada a juízo.O oficial de registro de imóveis deverá notificar, ainda, a União, o Estado, o Distrito Federal e o Município, pessoalmente, por intermédio do oficial de registro de títulos e documentos, ou pelo correio com aviso de recebimento, para que se manifestem sobre o pedido.
Serão, por fim, intimados os terceiros eventualmente interessados, por meio de edital a ser publicado em jornal de grande circulação. Os prazos, nos três casos, têm a mesma duração: 15 dias.
Caso, o oficial de registro tenha alguma dúvida sobre os fatos, poderá solicitar ou realizar diligências para sua elucidação. Se, depois de realizadas, perceber que a documentação não está em ordem, deverá rejeitar o pedido.
PROPRIEDADE SUPERFICIÁRIA ou DIREITO DE SUPERFÍCIE
 Conceito
 Direito real de construir e plantar em imóvel alheio, conferido pelo fundieiro (proprietário do solo) em benefício do superficiário (titular do direito), que passará a exercer a posse direta da coisa, dentro de prazo determinado. É o direito real de ter coisa própria incorporada em terreno alheio (exceção à regra de que o proprietário do solo torna-se proprietário de tudo o que for nele construído/plantado – princípio de acessão). PROPRIEDADE SUPERFICIÁRIA
Características
Direito real sobre coisa alheia;
Finalístico: construir ou plantar
Temporariedade;
Cânon superficiário (pagamento), na hipótese de concessão onerosa;
Escritura pública, registrada no Cartório de Registro de Imóveis;
Impossibilidade de realização de obras no subsolo, a não ser que haja estipulação favorável expressa.
SUJEITOS 
 Fundieiro: proprietário do solo. Faz jus, na hipótese de concessão onerosa, ao cânon superficiário, que é o pagamento pela utilização de sua propriedade. Pelo art. 1.370, CC/2002, o pagamento pode ser efetuado de uma só vez, ou parceladamente, conforme convencionado pelas partes.
Superficiário: proprietário das construções e/ou plantações. Possui o chamado direito de implante e tem a posse direta sobre o solo que exerce tal direito. Responde pelos encargos e tributos que incidirem sobre o imóvel (regra sujeita à autonomia privada).
Pessoa jurídica de direito público pode constituir superfície, que será regida pelo Código Civil e lei especial.
SUJEITOS 
 Fundieiro: proprietário do solo. Faz jus, na hipótese de concessão onerosa, ao cânon superficiário, que é o pagamento pela utilização de sua propriedade. Pelo art. 1.370, CC/2002, o pagamento pode ser efetuado de uma só vez, ou parceladamente, conforme convencionado pelas partes.
Superficiário: proprietário das construções e/ou plantações. Possui o chamado direito de implante e tem a posse direta sobre o solo que exerce tal direito. Responde pelos encargos e tributos que incidirem sobre o imóvel (regra sujeita à autonomia privada).
Pessoa jurídica de direito público pode constituir superfície, que será regida pelo Código Civil e lei especial.
Constituição da Superfície 
Consensual: neste caso, assume caráter contratual, podendo ser onerosa ou gratuita. Por decorrer da vontade das partes, está sujeita à autonomia privada.
Transferência da Superfície 
- Ato inter vivos;
- Ato mortis causa. Admite-se a transmissão da superfície aos herdeiros do superficiário.
Ao fundieiro não assiste direito de remuneração sobre a transferência da superfície. Há, porém, direito de preferência, tanto ao superficiário, quanto ao fundieiro, nos casos de alienação. Exercício do direito de preferência: (omissão do código quanto ao prazo – Pablo Stolze: cria vínculo somente obrigacional, não gerando efeitos reais.
Extinção da Superfície 
A superfície extingue-se pelo decurso do prazo estipulado no instrumento público que a constituiu. Com a extinção, o fundieiro consolida a propriedade, que passa a ser plena, não havendo necessidade, salvo estipulação contratual expressa, de indenizar o superficiário pelas acessões feitas ao solo.
- Extinção antecipada: desvio de finalidade. O Estatuto da Cidade apresenta outras formas de extinção antecipada da superfície.
- Desapropriação: indenização ao proprietário e ao superficiário.MULTIPROPRIEDADE OU TIME-SHARING
Foi publicada no DOU desta sexta-feira, 21, a lei 13.777/18, que regulamenta o instituto jurídico da multipropriedade.
De acordo com a norma, a multipropriedade é o regime de condomínio em que cada um dos proprietários de um mesmo imóvel é titular de uma fração de tempo, à qual corresponde a faculdade de uso e gozo, com exclusividade, da totalidade do imóvel, a ser exercida por seus proprietários, de forma alternada.
Segundo a lei, a multipropriedade não será extinta automaticamente se todas as frações de tempo forem do mesmo multiproprietário.
A norma estabelece que o imóvel objeto da multipropriedade é indivisível, não podendo ser sujeitado a ação de divisão ou de extinção condominial. Ainda determina que a multipropriedade inclui as instalações, equipamentos e mobília destinados ao uso e gozo do imóvel.
Em relação à instituição da multipropriedade, o texto prevê que ela se dará entre vivos ou por meio de testamento com registro em cartório de registro de imóveis.
A averbação da multipropriedade imobiliária no registro de imóveis
Fruto da necessidade de maior aproveitamento econômico dos imóveis, a multipropriedade imobiliária é uma solução criativa do mercado para o problema do aumento dos custos necessários à manutenção e conservação dos bens imobiliários.
Instituto concebido na Europa no final dos anos 60, foi estudado a fundo no Brasil pelo eminente Professor Gustavo Tepedino, Titular de Direito Civil da UERJ, que trouxe um conceito, simples e objetivo de multipropriedade imobiliária: "relação jurídica que traduz o aproveitamento econômico de uma coisa móvel ou imóvel, em unidades fixas de tempo, visando à utilização exclusiva de seu titular, cada qual a seu turno, ao longo das frações ideais que se sucedem". 
Por força do art. 246 da própria Lei de Registros Públicos (LRP), "além dos casos expressamente indicados no item II do artigo 167, serão averbados na matrícula as subrogações e outras ocorrências que, por qualquer modo, alterem o registro".
Diante da clareza do texto da norma do art. 246 da LRP, é indisputável que a multipropriedade não só pode como deve ser averbada na matrícula do imóvel, pouco importando, para tanto, sua natureza, de direito obrigacional ou real. 
Direito de Vizinhança
Direito de Vizinhança
Direito de Vizinhança
CONDOMÍNIO - NOÇÕES GERAIS
 O condomínio é a copropriedade, ou seja, é o exercício simultâneo do mesmo direito de propriedade, por duas ou mais pessoas, sobre a mesma coisa. Assim, todo condomínio tem pluralidade de pessoas e unicidade de objeto.
 OBS: O condomínio não viola o caráter exclusivo da propriedade, pois nele existem duas ou mais pessoas exercendo o mesmo direito sobre a mesma coisa.
 Deve-se atentar que cada condômino terá a sua quota-parte, que é denominada “fração ideal”, mas exercerá seus direitos sobre o todo. Portanto, chega-se à conclusão de que, subjetivamente, o condomínio é uma comunhão, pelo âmbito do objeto, é uma indivisão.
. ESPÉCIES
 O CC trabalha com duas espécies de condomínio: o condomínio tradicional (comum) e o condomínio edilício (por unidades autônomas).
 O condomínio tradicional está disciplinado apenas no CC, enquanto o condomínio edilício está disciplinado no CC e na Lei 4.591/64.
Condomínio tradicional
 a) Conceito: o condomínio tradicional é a co-propriedade exercida por duas ou mais pessoas. 
 Ex.: Casamento, união estável e herança. 
 Direitos dos condôminos
Direito de uso e fruição do todo, independentemente de sua fração ideal - Isto ocorre porque a coisa é indivisível.
Direito de exercer a defesa do todo, independentemente de sua fração ideal
É uma consequência lógica do direito anterior.
OBS: Para que o condômino defenda a coisa como um todo pode fazer uso de ações possessórias ou de ação reivindicatória contra terceiros. A polêmica surge porque cada condômino tem direito de se valer destas ações, independentemente de sua quota. No entanto, cada condômino pode se valer também de ação possessória ou reivindicatória contra outro condômino?
 DIREITOS DOS CONDÔMINOS
Direito de voto, quando o condomínio tiver que deliberar sobre algo
 O direito de voto é proporcional à fração ideal. Depende ainda da comprovação de que o condômino estava em dia com as despesas do condomínio. Somente se estava solvente terá o direito de voto.
 Direito de alienação ou oneração da coisa condominial
 Alienar é vender ou doar; onerar é dar em garantia. Cada condômino pode alienar ou onerar o bem condominial como um todo, desde que se tenha o consentimento de todos, tendo em vista que todos são comunheiros (a coisa é comum).
 A recusa imotivada do condômino de dar o consentimento pode caracterizar abuso de direito, ato ilícito do art. 187 do CC e, consequentemente, permitir suprimento judicial do consentimento. Para a caracterização do abuso de direito não se leva em consideração o elemento da culpa de prejudicar. Trata-se de ato ilícito objetivo.
 Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
 DIREITOS DOS CONDÔMINOS
Direito de alienação ou oneração de sua fração ideal
 Cada condômino tem o direito de alienar ou onerar a sua própria fração ideal. Para que isto aconteça não será necessário do consentimento dos demais condôminos.  Apesar de não ser necessário o consentimento dos demais, deverá ser respeitado o direito de preferência. A ideia do Código é facilitar a extinção do condomínio.
 OBS 1: Este direito de preferência é exclusivo da alienação onerosa, não se aplicando à alienação gratuita. Ou seja, se o condômino quiser doar a sua fração ideal, não precisará respeitar o direito de preferência, tendo em vista que a doação é uma liberalidade, não havendo porque se falar em direito de preferência.
 OBS 2: O direito de preferência será exercido por meio de notificação, que poderá ser judicial ou extrajudicial. 
 OBS 3: A preferência deve ser exercida nas mesmas condições do terceiro.
OBS 4: Se mais de um condômino exercer a preferência, deverão ser observadas as seguintes regras para saber qual deles terá a preferência:
 a) Quem tiver o maior número de benfeitorias;
b) Se não há benfeitorias ou se têm o mesmo volume, quem tiver o maior quinhão;
c) Se tiver o mesmo quinhão, quem oferecer a melhor proposta.
 OBS 5: Se o condômino alienar onerosamente a sua fração sem dar preferência aos demais, deve ser observado o art. 504 do CC: será caso de ineficácia da venda em relação aos condôminos prejudicados. A venda é válida e eficaz entre as partes, mas não produzirá efeitos em relação aos demais condôminos e, assim, estes poderão ajuizar ação de adjudicação compulsória. 
 Esta ação terá que ser ajuizada no prazo decadencial de 180 dias contados do conhecimento. Haverá um litisconsórcio passivo necessário entre o condômino alienante e o terceiro adquirente. O terceiro não poderá alegar boa-fé neste caso.
DEVERES DOS CONDÔMINOS
 Respeitar a finalidade do bem
Se o condomínio é residencial não será possível dar finalidade comercial a ele, por exemplo.
 Não dar posse, uso ou gozo a terceiros sem o consentimento dos demais
 Dividir os frutos da coisa comum colhidos individualmente
 O STJ, no RESP 622.472/RJ, decidiu que o cônjuge / companheiro que se mantiver, sozinho, em imóvel comum, deverá indenizar o outro. A depender do tempo que demorar, isto pode até comprometer a meação do cônjuge.
DEVERES DOS CONDÔMINOS
 Dividir as despesas comuns
 Se em determinado condomínio um condômino não quiser dividir as despesas comuns, o CC permite que ele renuncie a sua fração ideal. Ex.: Quando perceber que as despesas são mais onerosas do que o valor da sua fração. Art. 1316 do CC. Os demais condôminos acrescerão a fração proporcionalmente e, também de forma proporcional, assumirão as despesas.
 A responsabilidade dos condôminos pelo rateio das despesas comuns não é solidária, tendo em vista que a solidariedade não se presume. É proporcionalà fração de cada um.
 OBS: O CC presume a igualdade de quotas, mas esta é relativa, admitindo prova em contrário.
Art. 1.316. Pode o condômino eximir-se do pagamento das despesas e dívidas, renunciando à parte ideal.
 § 1o Se os demais condôminos assumem as despesas e as dívidas, a renúncia lhes aproveita, adquirindo a parte ideal de quem renunciou, na proporção dos pagamentos que fizerem.
 § 2o Se não há condômino que faça os pagamentos, a coisa comum será dividida.
ADMINISTRAÇÃO DO CONDOMÍNIO
 Será definida por eleição, submetida ao critério da maioria das frações ideais (critério econômico). OBS: Não é definida pela maioria dos condôminos.
 Se houver empate, haverá a necessidade de decisão judicial para deliberar sobre a administração do condomínio. 
 Nesta eleição haverá uma minoria vencida. O CC assegura o seu direito de impugnação judicial. Trata-se de exemplo de direito de minoria.
 OBS: Não só a minoria, mas qualquer condômino, terá o direito de exigir prestação de contas do administrador. A ação de prestação de contas possui procedimento dúplice.
Espécies:  O CC refere-se a duas espécies de condomínio tradicional:
 1) Condomínio voluntário
 Decorre de ato espontâneo das partes. Ex.: Regime de bens no casamento e na união estável.
2) Condomínio legal
O condomínio tradicional legal pode ser forçado ou fortuito. Será forçado quando a lei impuser a sua formação (ex.: muro, cerca, vala, pastos etc.). Será fortuito quando decorrer do acaso (ex.: herança).
Extinção
 A regra geral é de que o condomínio voluntário se dissolverá, a qualquer tempo, pela vontade das partes. Todavia, é preciso deixar claro que o condomínio legal não se dissolverá pela vontade das partes, pois apenas a lei estabelecerá suas regras.
 CONDOMÍNIO EDILÍCIO
 Condomínio edilício é uma simbiose orgânica entre propriedade individual e propriedade coletiva. É um tipo especial de condomínio.
 Aplicam-se as regras do condomínio edilício não só ao condomínio residencial por andares. Estas serão aplicadas sempre que houver uma unidade formada entre partes comuns e partes autônomas. 
Elementos:  O condomínio edilício é composto por dois elementos:
 1) Unidades autônomas
 Cada unidade autônoma submete-se às regras da propriedade privada. Por isso, quando um condômino quer alienar sua unidade autônoma, não precisa dar preferência aos demais.
 2) Áreas comuns
 A área comum de condomínio edilício não admite usucapião, pois o art. 1335, II do CC dispõe ser direito do condômino o uso de partes comuns, desde que não prejudique a composse dos demais.
 CONDOMÍNIO EDILÍCIO
 Condomínio edilício é uma simbiose orgânica entre propriedade individual e propriedade coletiva. É um tipo especial de condomínio.
 Aplicam-se as regras do condomínio edilício não só ao condomínio residencial por andares. Estas serão aplicadas sempre que houver uma unidade formada entre partes comuns e partes autônomas. 
Elementos:  O condomínio edilício é composto por dois elementos:
 1) Unidades autônomas
 Cada unidade autônoma submete-se às regras da propriedade privada. Por isso, quando um condômino quer alienar sua unidade autônoma, não precisa dar preferência aos demais.
 2) Áreas comuns
 A área comum de condomínio edilício não admite usucapião, pois o art. 1335, II do CC dispõe ser direito do condômino o uso de partes comuns, desde que não prejudique a composse dos demais.
Apesar de não caber usucapião, o STJ diz que nada impede a ocorrência de supressio. RESP 356.821/RJ e Enunciado 247.
 Enunciado 247 – Art. 1.331: No condomínio edilício é possível a utilização exclusiva de área “comum” que, pelas próprias características da edificação, não se preste ao “uso comum” dos demais condôminos.
 OBS: O STJ vem admitindo a regulamentação de horários para o uso das áreas comuns.
 Para que uma área comum seja alienada, reclama-se o consentimento de todos os condôminos. Se houver recusa imotivada, será admitido suprimento judicial.
NATUREZA JURÍDICA
 O condomínio edilício não possui personalidade jurídica. Trata-se de ente despersonalizado. Sendo, assim, não possui direitos da personalidade, e não poderá sofrer dano moral.
 No entanto, os entes despersonalizados possuem capacidade. Por isso, poderá titularizar relações jurídicas de ordem patrimonial.
 OBS: Cristiano Chaves critica o fato do condomínio não possuir personalidade jurídica, tendo em vista que possui CNPJ. O Enunciado 246 da Jornada diz que deve ser reconhecida a personalidade jurídica ao condomínio edilício. Neste enunciado reside a crítica da doutrina brasileira, mas o direito positivo nega a personalidade.
 Enunciado 246 – Art. 1.331: Fica alterado o Enunciado n. 90, com supressão da parte final: “nas relações jurídicas inerentes às atividades de seu peculiar interesse”. Prevalece o texto: “Deve ser reconhecida personalidade jurídica ao condomínio edilício”.
 O condomínio edilício é representado pelo síndico. Art. 12 do CPC.
NATUREZA JURÍDICA
 O condomínio edilício não possui personalidade jurídica. Trata-se de ente despersonalizado. Sendo, assim, não possui direitos da personalidade, e não poderá sofrer dano moral.
 No entanto, os entes despersonalizados possuem capacidade. Por isso, poderá titularizar relações jurídicas de ordem patrimonial.
 OBS: Cristiano Chaves critica o fato do condomínio não possuir personalidade jurídica, tendo em vista que possui CNPJ. O Enunciado 246 da Jornada diz que deve ser reconhecida a personalidade jurídica ao condomínio edilício. Neste enunciado reside a crítica da doutrina brasileira, mas o direito positivo nega a personalidade.
 Enunciado 246 – Art. 1.331: Fica alterado o Enunciado n. 90, com supressão da parte final: “nas relações jurídicas inerentes às atividades de seu peculiar interesse”. Prevalece o texto: “Deve ser reconhecida personalidade jurídica ao condomínio edilício”.
 O condomínio edilício é representado pelo síndico. Art. 12 do CPC.
Time sharing (multipropriedade imobiliária)
 O time sharing (“tempo compartilhado”) recebeu a tradução jurídica de multipropriedade imobiliária. É uma possibilidade de formação de um condomínio no tempo, e não no espaço. Cada coproprietário adquire o direito de usar a coisa durante determinado número de dias do ano. 
Elementos constitutivos
 1) Ato de instituição (art. 1332)
 O ato de instituição é um ato de criação, de formação do condomínio. Pode ser por escritura pública ou por testamento. 
 É preciso observar que o ato de instituição é a verdadeira constituição do condomínio, sendo a incorporação imobiliária o mais comum destes atos.
 O ato de instituição precisa conter 03 matérias obrigatórias:
 Finalidade condominial
Descrição das áreas comuns e das unidades autônomas
Individualização das frações ideais
2) Convenção do Condomínio (art. 1334)
É a disciplina dos direitos e deveres recíprocos dos condôminos. A Convenção do Condomínio precisa ser aprovada por maioria de 2/3 das frações ideais. 
 Prevalece o entendimento de que a Convenção de Condomínio tem natureza estatutária, pois vincula mesmo quem não a subscreveu. Ex.: O condômino que adquiriu posteriormente a unidade também está vinculado à convenção.
 A Súmula 260 do STJ afirma que a Convenção de Condomínio, regularmente aprovada, produz efeitos entre os condôminos, mesmo que não tenha sido registrada. A leitura desta súmula revela que o registro da Convenção de Condomínio é condição de eficácia apenas perante terceiros.
 Súmula 260 / STJ: A convenção de condomínio aprovada, ainda que sem registro, é eficaz para regular as relações entre os condôminos.
 A Convenção do Condomínio também precisa ter matérias obrigatórias:
 Taxa condominial para manutenção do condomínio proporcional à fração ideal de cada um
Forma de administração
Competência das assembleias
Sanções aplicáveis aos condôminos
Disposição sobre a edição do regimento interno
OBS: Mesmo que na convenção não estipule uma sanção, o art. 1336, §2º e o art. 1337 Do CC estabelecem que a multa é devida, não podendo ser superior a 05 vezes o valor da taxa condominial.OBS 2: O STF entendeu, no RE 201.819/RJ, que, para que seja aplicada uma sanção ao condômino, é necessário que haja respeito ao devido processo legal.
 OBS 3: Se o condômino repetir a conduta que gerou a multa, deverá ser aplicada multa em dobro. Se persistir depois disso, haverá abuso de direito condominial, e o condômino poderá ser excluído do condomínio.
 Regimento Interno 
É um manual de instruções do condomínio.
O Regimento Interno é aprovado por maioria simples. Suas alterações também deverão ocorrer através da maioria simples.
OBS: Mesmo que na convenção não estipule uma sanção, o art. 1336, §2º e o art. 1337 Do CC estabelecem que a multa é devida, não podendo ser superior a 05 vezes o valor da taxa condominial.
OBS 2: O STF entendeu, no RE 201.819/RJ, que, para que seja aplicada uma sanção ao condômino, é necessário que haja respeito ao devido processo legal.
 OBS 3: Se o condômino repetir a conduta que gerou a multa, deverá ser aplicada multa em dobro. Se persistir depois disso, haverá abuso de direito condominial, e o condômino poderá ser excluído do condomínio.
 Regimento Interno 
É um manual de instruções do condomínio.
O Regimento Interno é aprovado por maioria simples. Suas alterações também deverão ocorrer através da maioria simples.
Taxa condominial
 A taxa condominial é obrigação propter rem, ou seja, adere à coisa. Assim, se uma pessoa compra apartamento e descobre que existem 10 parcelas em atraso, terá que paga-las, com direito de regresso.
 Atenção! A taxa condominial permite a penhora de bem de família.
 O CC limitou os juros e a multa na taxa condominial em, respectivamente, 1% e 2% ao mês.
 Antes do CC/02, o limite da multa era de 20%. O STJ, no RESP 722.904/RS, decidiu que os condomínios que já estavam constituídos antes do CC/02 devem aplicar o novo limite de multa.
 O eventual inadimplemento da taxa de condomínio não pode gerar cobrança vexatória e nem suspensão do fornecimento de serviços essenciais. Caso isto ocorra, poderá haver dano moral para o condômino. Se o serviço não for essencial, poderá ser suspenso.
O STJ decidiu em 22/09/11 no julgamento do RESP 1.002.525/DF que o limite de 1% de juros pode ser afastado pela convenção. A convenção pode trazer juros superior a 1%, mas a multa jamais será superior a 2%. 
SERVIDÕES
 A expressão “servidões” vem de tempos remotos. Surgiu com a expressão “servitus”, que significa serviço. Ou seja, a servidão traz a ideia de benefício em favor de outrem.
 No Estado Democrático de Direito só se pode falar em servidões de prédios em sentido amplo (imóveis). Toda servidão é predial, pois servidão pessoal afrontaria a dignidade da pessoa humana.
 A servidão é direito real na coisa alheia pelo qual um prédio (imóvel) obtém um benefício ou vantagem de outro prédio que, originariamente, não teria.
 OBS: Benefício ou vantagem não possui sentido necessariamente patrimonial, mas um sentido amplo, que engloba, por exemplo, a tirada de água, o embelezamento, a circulação de ar etc. 
 OBS 2: Não se deve esquecer que a servidão é instituída entre os prédios, e não em favor dos titulares. Não é o proprietário que tem a servidão, mas o prédio. Por isso, o propritário não poderá dispor autonomamente da servidão, ou seja, não poderá alienar a servidão, sem alienar o prédio, tendo em vista que ela é uma utilidade da coisa.
OBS 3: Quando o prédio for alienado, a servidão irá com ele. O proprietário não pode dela dispor autonomamente. 
 Ex.: Uma fazenda, que não tem água, se vale da água de outra fazenda, que é transportada por um rio. O dono da fazenda não poderá vender apenas a tirada de água, pois esta pertence ao imóvel. No entanto, se ele vender a fazenda, esta irá com o direito de tirar a água.
OBS 4: As servidões se extinguem pelo não uso pelo prazo de 10 anos.
 OBS 2: Não se deve esquecer que a servidão é instituída entre os prédios, e não em favor dos titulares. Não é o proprietário que tem a servidão, mas o prédio. Por isso, o propritário não poderá dispor autonomamente da servidão, ou seja, não poderá alienar a servidão, sem alienar o prédio, tendo em vista que ela é uma utilidade da coisa.
OBS 3: Quando o prédio for alienado, a servidão irá com ele. O proprietário não pode dela dispor autonomamente. 
 Ex.: Uma fazenda, que não tem água, se vale da água de outra fazenda, que é transportada por um rio. O dono da fazenda não poderá vender apenas a tirada de água, pois esta pertence ao imóvel. No entanto, se ele vender a fazenda, esta irá com o direito de tirar a água.
OBS 4: As servidões se extinguem pelo não uso pelo prazo de 10 anos.
Servidão X Passagem forçada (direito de vizinhança)
 Passagem forçada é direito de vizinhança para evitar o encravamento absoluto (ou seja, que um prédio fique sem nenhum acesso à via pública). Se uma propriedade ficou encravada, ela terá direito de passagem forçada pelo prédio vizinho, do modo menos gravoso. 
 OBS: O exercício dos direitos de vizinhança gera responsabilidade objetiva, ou seja, o proprietário do prédio responde pelos danos causados sem que se analise a culpa.
 Direito de vizinhança não é direito real. Trata-se de obrigação propter rem (que adere à coisa).
 Na servidão, um imóvel já possui acesso à via pública e o proprietário quer obter uma vantagem que não possui. Trata-se de direito real na coisa alheia. A servidão pode ser constituída por lei, por decisão judicial ou por negócio jurídico. 
a) Características
 a.1) É constituída entre prédios.
 a.2) Os prédios têm que pertencer a diferentes proprietários. 
 Se os dois prédios pertencerem ao mesmo proprietário, não se trata de servidão, mas de mera serventia, que é relação meramente obrigacional.
 a.3) Perpetuidade. A servidão segue com o imóvel, quando este for alienado.
 a.4) Instituição por lei, decisão judicial ou negócio jurídico.
 a.5) A servidão não se presume.
OBS: A tutela processual das servidões diz respeito às seguintes ações:
 Ações possessórias;
Usucapião;
Ação confessória (exclusiva das servidões);
Ação negatória (exclusiva das servidões).
 A ação confessória serve para o juiz declarar que a servidão existe. Por outro lado, na ação negatória, o juiz declara a inexistência de servidão.
 Usufruto
 O usufruto é a entrega do uso + fruição (gozo), sem limitação. 
 Portanto, o usufruto é o direito real na coisa alheia pelo qual um terceiro recebe o uso e a fruição da coisa para a retirada de toda e qualquer utilidade, de acordo com a sua conveniência. 
 De acordo com o art. 1390 do CC, o usufruto pode incidir sobre todo e qualquer bem frugívoro (que produz frutos), podendo ser bem móvel ou imóvel, no todo ou em parte.
 Art. 1.390. O usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em um patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e utilidades.
 Ordinariamente, o direito da retirada de frutos é ilimitado. O usufrutuário poderá retirar todos os frutos, sem qualquer limite, salvo disposição em contrário. A autonomia privada pode limitar o usufruto. 
O proprietário, neste caso, passa a ser chamado de nu proprietário, pois o usufrutuário fica com o uso e a fruição, enquanto o proprietário fica com a disposição e reivindicação, ou seja, com a propriedade desprovida de suas utilidades. 
 A grande característica do usufruto é a sua temporariedade, ou seja, o usufrutuário fará a retirada dos frutos temporariamente. Todo usufruto é temporário, pois usufruto por tempo indeterminado viraria doação. O prazo será o estabelecido pelas partes. Na falta de disposição, o usufruto presume-se vitalício (não é perpétuo, extingue-se com a morte do titular).
 OBS: Quando se tratar de usufruto em favor de pessoa jurídica, o prazo será de 30 anos, salvo disposição em contrário.
 Tendo em vista ser o usufruto temporário (limitado no tempo), terá que incidir sobre bens infungíveis, em virtude da necessidade do dever de restituir. Se o bem for fungível, não haverá como garantir a restituição da coisa.
Atenção! O CC admite o usufruto sobre bens fungíveis. Este se chama

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