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ABORTO

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O abortamento é uma síndrome hemorrágica da 
primeira metade da gravidez, definida pela OMS como 
a interrupção da gravidez antes de 22 semanas 
(FEBRASGO) / 20 semanas (OMS) ou com um feto até 
500g ou de 16,5 cm, ou seja, antes de atingida a 
viabilidade. 
Os termos abortamento e aborto algumas vezes são 
empregados como sinônimos, porém abortamento 
refere-se ao processo e aborto ao produto eliminado. 
 
 
O abortamento representa a quarta causa de 
mortalidade materna no Brasil, diferentemente do que 
ocorre em países desenvolvidos, onde essas taxas de 
morte, especificamente por aborto, são reduzidas. 
Mulheres jovens e em plena idade produtiva e 
reprodutiva são as que estão mais sujeitas às 
complicações, como hemorragias, infecções, 
perfurações de órgãos e infertilidade, levando-as 
desnecessariamente à morte ou acarretando sequelas 
à sua saúde física, mental e reprodutiva. Aliás, as 
complicações do abortamento representam a terceira 
causa de ocupação dos leitos obstétricos no Brasil. 
 
 
Ao lidar com o atendimento ao abortamento, a equipe 
de saúde deve refletir sobre a influência de convicções 
pessoais na prática profissional, para que tenha uma 
atitude livre de julgamentos arbitrários e rotulações. 
 
 
O abortamento pode ser: 
• SUBCLÍNICO: quando ocorre antes da próxima 
falha menstrual. 
• CLÍNICO: quando ocorre após gravidez 
confirmada pela dosagem de beta-hCG ou 
ultrassonografia. Ocorre entre 10 e 15% das 
gestações diagnosticadas. 
Em torno de 80% das gestações são interrompidas até 
a 12a semana. É descrito que o risco para abortamento 
espontâneo diminui para menos de 10% quando os 
batimentos cardiofetais são identificados à USG. 
 
 
 
 
ANORMALIDADES CROMOSSÔMICAS 
São as causas mais comuns de abortamento, 
respondendo por cerca de 50 a 80% dos abortamentos 
espontâneos clínicos ou subclínicos, sendo as 
aneuploidias a causa mais frequente. 
As trissomias são as aneuploidias mais encontradas em 
casos de abortamento (cerca de 50%) e as mais 
frequentes são as do cromossomo 16, seguida pelas 
trissomias do 22, 21, 15, 13, 2 e 14. 
Após as trissomias, a segunda causa de alteração 
cromossômica mais relacionada ao abortamento é a 
monossomia do cromossomo X, presente em 7 a 10% 
dos abortamentos de primeiro trimestre. 
DESORDENS ANATÔMICAS 
As principais anormalidades anatômicas citadas como 
causadoras do abortamento são: 
INCOMPETÊNCIA ISTMOCERVICAL: causa de 
abortamento tardio. O feto não é retido até o fim da 
gestação, pois o colo não se mantém fechado. 
MIOMAS: especialmente os do tipo submucoso. 
MALFORMAÇÕES UTERINAS: útero unicorno, bicorno, 
didelfo ou septado. O útero bicorno tem uma taxa de 
insucesso gestacional maior que o didelfo e nos dois 
casos há uma incidência maior de incompetência 
istmocervical. 
O útero septado, malformação uterina mais prevalente, 
embora seja a de melhor prognóstico, deve ser 
corrigido previamente à gestação. 
 
SINÉQUIAS UTERINAS: síndrome de Asherman. 
Normalmente decorre de agressões às camadas mais 
profundas do endométrio, como curetagens vigorosas 
e repetidas; o diagnóstico é feito por histeroscopia e o 
tratamento é a lise endoscópica. A inserção temporária 
de DIU após o procedimento é preconizada por alguns 
autores. 
A B O R T O 
DOENÇAS ENDÓCRINAS 
As principais doenças endócrinas que se associam ao 
abortamento são: 
INSUFICIÊNCIA LÚTEA: definida por uma produção 
insuficiente de progesterona pelo corpo lúteo e, 
consequentemente, por inadequado desenvolvimento 
do endométrio. O corpo lúteo é o maior responsável 
pela produção do hormônio e pela manutenção 
endócrina da gravidez nas primeiras 6-7 semanas. Desta 
forma, qualquer falha na sua produção hormonal 
poderia levar ao abortamento. O tratamento se baseia 
na complementação exógena de progesterona. 
Embora muitos serviços e profissionais utilizem de 
rotina a reposição de progesterona em casos de 
ameaça de abortamento, os critérios diagnósticos que 
definem a insuficiência lútea e a eficácia da reposição 
hormonal nestes casos ainda necessitam ser validados. 
DOENÇAS DA TIREOIDE: o hipotireoidismo e a presença 
de anticorpos antitireoperoxidase são considerados 
fatores de risco para abortamento, embora estudos 
recentes não confirmem esta associação. 
DIABETES MELLITUS INSULINODEPENDENTE: 
principalmente se a doença estiver mal controlada no 
período da concepção. 
SÍNDROME DE OVÁRIOS POLICÍSTICOS: a incidência de 
abortamento em pacientes com SOP é de 20 a 40%. O 
mecanismo pelo qual o abortamento ocorre ainda não 
está bem definido, mas parece haver relação com os 
altos níveis de Hormônio Luteinizante (LH), 
testosterona e androstenediona presentes na 
síndrome, e, também, com a resistência insulínica geral- 
mente associada a estes casos. 
DISTÚRBIOS IMUNOLÓGICOS 
Neste grupo, destacamos a Síndrome do Anticorpo 
Antifosfolipídeo (SAF), que é uma trombofilia 
autoimune associada a tromboses arteriais e venosas. 
Ela consiste em uma causa autoimune de abortamento 
de repetição, presente em 15 a 20% das mulheres com 
abortamento habitual. 
Outras desordens imunológicas incluem as causas 
aloimunes de abortamento recorrente, que podem 
estar relacionadas à resposta materna imune anormal 
aos antígenos presentes nos tecidos placentários e/ou 
fetais, como os antígenos de histocompatibilidade 
humana (HLA) paternos. 
 
INFECÇÕES 
As infecções são causas infrequentes de abortamento 
precoce. Os principais processos infecciosos que 
poderiam levar ao abortamento são: 
• Rubéola: quando adquirida no período próximo 
à implantação ovular. 
• Parvovirose: quando adquirida no período de 
diferenciação ovular inicial. 
• Citomegalovirose. 
• Listeriose. 
• Herpes-simples. 
• Hepatite B. 
• HIV. 
• Infecção do Trato Urinário (ITU). 
• Infecções ascendentes, principalmente 
vaginoses, clamídia e gonorreia. 
• Sífilis: a doença não tratada pode levar ao 
abortamento entre 9 e 12 semanas de 
gestação, em especial pela infecção placentária 
dela resultante. 
• Toxoplasmose. 
• Malária. 
• Presença de estreptococos do grupo B no trato 
genital inferior. 
 
 
• Idade materna avançada; 
• Uso de álcool; 
• Uso de gás anestésico; 
• Uso excessivo de cafeína; 
• Tabagismo materno e paterno; 
• Uso de cocaína; 
• Nova gestação nos primeiros três meses após o 
parto anterior; 
• Uso de DIU; 
• Radiação em altas doses; 
• Peso materno (IMC < 18,5 ou > 25); 
• Doença celíaca; 
• Abortamento espontâneo prévio 
 
 
PRECOCE OU TARDIO 
O abortamento pode ser precoce ou tardio, conforme a 
idade gestacional, ou seja, até a 12a semana e entre a 
13a e a 20ª semana, respectivamente. 
Os abortamentos precoces, com menos de 12 semanas, 
respondem por 80% dos abortamentos e reconhecem 
uma multiplicidade maior de causas. 
Além da etiologia, os abortamentos precoces e tardios 
também apresentam condutas terapêuticas diferentes. 
ESPONTÂNEO OU PROVOCADO 
O abortamento espontâneo é aquele que ocorre sem 
nenhuma intervenção externa e pode ser causado por 
doenças da mãe ou por anormalidades do embrião ou 
feto. 
A incidência de abortamento espontâneo, clinicamente 
reconhecido na população em geral, é de 10% a 15%. 
No entanto, por meio de testes altamente sensíveis da 
gonadotrofina coriônica humana, evidenciou-se que a 
magnitude da perda gestacional após a implantação é 
da ordem de 62%. Quando não se dispõe de tais 
métodos, as gestações interrompidas precocemente 
acontecem sem diagnóstico de abortamento, e o 
fenômeno é encarado como atraso menstrual seguido 
de menstruação profusa. 
Por isso, o abortamento espontâneo é a complicação 
mais frequente da gravidez, e a grande maioria ocorreu 
no primeiro trimestre. 
A idade materna e o número de abortamento 
anteriores são os dois fatores de risco mais importantes 
para um novo abortamento. 
Com o avançar da idade, há declíniono número e na 
qualidade dos ovócitos, principalmente depois dos 35 
anos. As anormalidades cromossômicas são as causas 
mais frequentes de abortamento espontâneo. 
Já o abortamento provocado refere-se à interrupção da 
gravidez causada por intervenção externa e intencional. 
Estima-se que são realizados em torno de 1 milhão de 
abortamentos provocados no Brasil por ano, a grande 
maioria de forma insegura, gerando custo de mais de 30 
milhões de reais ao SUS em consequência de suas 
complicações. 
Conforme pesquisa de 2010, 22% das mulheres 
brasileiras de 35 a 39 anos, residentes em áreas 
urbanas, já provocaram aborto. No levantamento, o 
aborto se mostrou mais frequente entre mulheres com 
menor nível de escolaridade, independentemente da 
filiação religiosa. 
 
 
 
SEGURO E INSEGURO 
Abortamento seguro e abortamento inseguro são dois 
termos frequentemente usados em documentos 
internacionais da OMS. 
Um aborto seguro é aquele realizado por médico bem 
treinado, com os meios necessários e em ambiente 
adequado, o que implica risco extremamente baixo 
para mulher. 
Em contraste, o aborto inseguro é procedimento de 
risco para interromper uma gravidez indesejada, 
realizado por pessoas que não têm as habilidades 
necessárias ou em ambiente que não tem os padrões 
médicos mínimos, ou ambos. 
É importante que, diante de um caso de aborto 
inseguro ou provocado, do ponto de vista ético, não 
haja juízo de valor e nem julgamento, pois é dever de 
todos os profissionais de saúde acolher 
respeitosamente para não causar qualquer transtorno 
ou constrangimento. 
A prática vem demonstrando ser imprescindível que o 
Código Penal seja reformulado para que contemple 
uma ampliação dos permissivos legais referentes ao 
aborto. 
O elevado número de abortos inseguros realizados 
anualmente e suas consequências para a saúde 
reprodutiva das mulheres demonstram que a 
criminalização desse ato não tem sido suficiente para 
diminuir sua incidência. 
Assim, a atual legislação, bastante restritiva, está 
levando as mulheres a um itinerário de maior risco 
social em busca de medicamentos proibidos ou mesmo 
de práticas rudimentares, como a introdução de 
objetos na vagina e chás e preparados orgânicos 
aplicados no fundo do útero. 
Em países cujas leis foram flexibilizadas para estarem 
mais adequadas aos direitos sexuais e reprodutivos, 
evitando-se, assim, a clandestinidade do aborto 
inseguro, constatou-se redução da mortalidade 
materna pela melhora da qualidade e presteza do 
atendimento. 
HABITUAL 
Ocorrência de três ou mais episódios consecutivos de 
abortamento. Sua importância reside na etiologia, visto 
que se distingue daquela dos abortamentos 
esporádicos. 
 
 
 
O abortamento não se apresenta com roupagem clínica 
única. 
Pode-se diagnosticá-lo por meio de sinais e sintomas 
diversos que, agrupados aqui e acolá, caracterizam 
várias formas clínicas do abortamento: 
• Abortamento evitável ou ameaça de 
abortamento; 
• Abortamento inevitável; 
• Abortamento completo; 
• Abortamento incompleto; 
• Abortamento retido; 
• Abortamento infectado; 
• Abortamento habitual e abortamento previsto 
em lei. 
Há, também, o abortamento tubário e o molar, mas são 
entidades clínicas de características singulares, com 
entidades individualizadas na Obstetrícia. 
AMEAÇA DE ABORTAMENTO 
Como o nome sugere, é “quase” um abortamento, mas 
ele ainda não ocorreu e pode não acontecer. É o 
abortamento no qual há chances de reversão do 
quadro, isto é, existem perspectivas no que diz respeito 
à evolução da prenhez. 
A probabilidade de evolução para abortamento 
espontâneo é de 50%. Após a visibilização de atividade 
cardíaca à ultrassonografia, a taxa de abortamento cai 
consideravelmente, para menos de 10%. 
SINTOMATOLOGIA 
Dois grandes sintomas o caracterizam: o sangramento 
e a dor. 
Sangramento vaginal de pequena intensidade primeiro 
associado a cólicas leves ou ausentes. A cólica traduz a 
contratilidade do útero. 
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS 
aborto inevitável e gravidez ectópica. O diagnóstico 
diferencial com gestação ectópica é imprescindível 
nesses casos. Quando não encontramos imagem de 
gestação intrauterina à ultrassonografia, devemos 
recorrer à dosagem de beta-hCG e USG seriadas para 
definir o diagnóstico. 
 
 
DIAGNÓSTICO 
Ao exame físico especular, podem-se encontrar: sangue 
coletado ou sangramento ativo de leve intensidade e 
colo uterino impérvio (sem modificação na cervical). 
Ao toque vaginal combinado, constatam-se útero com 
tamanho compatível com o atraso menstrual, colo 
impérvio e sangramento de pequena monta. 
Ao exame ecográfico transvaginal, observa-se saco 
gestacional regular, batimento cardíaco fetal regular e 
superior a 100 bpm, área de descolamento ovular 
inferior a 40% do diâmetro do saco gestacional. 
O colo persistentemente fechado, a vitalidade ovular 
está preservada e o tamanho uterino é compatível com 
a idade gestacional. 
Os valores do beta-hCG encontram-se dentro da 
normalidade. De uma forma geral, quando 
identificamos um saco gestacional intrauterino, as 
dosagens de beta-hCG são superiores a 1.000 mUI/ml. 
A dosagem seriada do beta-hCG também pode ser útil, 
já que observamos que em uma gravidez normal o valor 
sérico deste hormônio deve aumentar cerca de 66% a 
cada 48h. 
CONDUTA 
A conduta é expectante, não existindo indicação de 
internação hospitalar, mesmo na presença de 
hematoma retroplacentário. Não há conduta médica a 
ser tomada para alterar a evolução ou não de um 
quadro de abortamento. 
A recomendação de repouso no leito não demonstrou 
benefícios. 
Deve-se utilizar analgésico se apresentar dor, evitar 
relações sexuais durante a perda sanguínea e retornar 
em caso de aumento do sangramento. 
ABORTAMENTO INEVITÁVEL 
É o abortamento não mais compatível com o 
prosseguimento da gestação. Considera-se uma 
progressão da ameaça de abortamento. Não foi 
expelido ainda nenhum material pelo colo, mas é certo 
de ocorrer o abortamento. Caracteriza-se, portanto, 
pela presença de um ovo íntegro, porém inviável. 
DIAGNÓSTICO 
Traduz-se clinicamente pela dilatação da cérvice, que se 
deixa permear pelo dedo, que detecta, na maioria das 
vezes, as membranas ovulares ou o próprio embrião. 
Outra característica do abortamento inevitável é o 
sangramento profuso que compromete a 
hemodinâmica da paciente, mesmo com cérvice 
impermeável ao dedo. 
O volume uterino pode ocasionalmente ser 
incompatível com o período gestacional. O valor do 
beta-hCG normalmente encontra-se positivo, porém 
diminuído e decrescente. 
Há proporcionalidade entre as dimensões do útero e a 
idade gestacional estimada pela data da última 
menstruação DUM. 
À ultrassonografia, normalmente observa-se sinais de 
descolamento decidual com formação de hematoma 
retrocorial, saco gestacional irregular, com presença ou 
não de batimentos cardíacos fetais. 
 
Abortamento inevitável. 
CONDUTA 
Nas gestações com mais de 12 semanas, pelo tamanho 
uterino, a conduta consiste no uso do misoprostol para 
promover o esvaziamento uterino e em seguida, na 
maioria das vezes, complementa-se com curetagem 
uterina. 
Abaixo de 12 semanas, indica-se o esvaziamento 
uterino mecânico por meio da vácuo-aspiração ou 
aspiração manual intrauterina (AMIU). 
Em 70% dos casos que ocorrem até 8 semanas, a 
resolução é espontânea no prazo máximo de 72 horas. 
A paciente deve ser internada, submetida à hidratação 
venosa para correção dos distúrbios da volemia e, nos 
casos que não se resolveram espontaneamente, deve-
se instituir o esvaziamento uterino. 
Quando não for possível, faz-se a curetagem uterina. 
Como medidas complementares, administram-se 
solutos fisiológicos ou glicosados ou, ainda, sangue, 
caso a dinâmica circulatória esteja comprometida. 
ABORTAMENTO INCOMPLETO 
Aqui se expulsa o concepto e permanece a placentaou 
restos placentários. O ovo é eliminado parcialmente. 
SINTOMATOLOGIA 
A sintomatologia é evidenciada por meio do 
sangramento, que é o sintoma maior; o útero se reduz 
em proporções e fica menor que o esperado para a 
idade gestacional e as dores assumem as características 
de cólicas no intento de expulsar o conteúdo refratário. 
A cérvice é dilatada, e o comprometimento do estado 
geral da paciente está na dependência do grau da 
hemorragia. É bem mais frequente após a oitava 
semana gestacional. 
DIAGNÓSTICO 
É a forma clínica mais frequente. O diagnóstico é 
eminentemente clínico, geralmente caracterizado por 
meio da sintomatologia esboçada. 
Dois quadros clínicos distintos são compatíveis com o 
diagnóstico: abortamento incompleto com colo 
fechado e abortamento incompleto com colo aberto. 
Em alguns casos, percebe-se a presença de material 
ovular ao toque e o colo aberto, com sangramento 
moderado e cólicas moderadas. 
É aquele caso em que a paciente chega ao atendimento 
eliminando o material, porém ainda não o fez por 
completo, também chamado por alguns de 
abortamento em curso. 
Contrariamente, em alguns casos, ocorre a eliminação 
quase total dos produtos ovulares. As cólicas e o 
sangramento regridem substancialmente e o 
diagnóstico é feito exclusivamente pelo encontro de 
restos ovulares à ultrassonografia. 
Em ambos os casos, o útero é menor do que o esperado 
para a idade gestacional e a conduta deve ser o 
esvaziamento uterino. A dosagem de beta-hCG é 
normalmente negativa. 
À ultrassonografia, visualizam-se ecos endometriais 
amorfos e mal definidos. 
 
Imagem de restos ovulares na cavidade uterina. 
CONDUTA 
A conduta consiste em “facilitar” o que já começou ou 
está em vias de começar. Assim, deve-se realizar o 
esvaziamento uterino. 
Opta-se pelo abortamento farmacológico ou mecânico 
por meio da vácuo-aspiração ou mesmo pela curagem 
digital complementada pela curetagem. 
Assim como no abortamento inevitável, no 
abortamento incompleto com menos de 12 semanas, 
pelo tamanho uterino, indica-se a AMIU e, quando não 
for possível, realiza-se a curetagem uterina. 
Nos casos com volume uterino maior de 12 semanas, a 
curetagem uterina deve ser utilizada após a eliminação 
do feto. 
ABORTAMENTO COMPLETO 
Diz-se do abortamento em que há eliminação integral 
do ovo. É uma forma clínica que segue a anterior, que 
não experimenta intervenção. 
SINTOMATOLOGIA 
A sintomatologia é representada pela diminuição ou 
mesmo parada do sangramento e das cólicas após a 
expulsão de ovo íntegro. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
O diagnóstico diferencial com gestação ectópica é 
imprescindível também nesses casos. 
DIAGNÓSTICO 
Se não se presencia o fenômeno, o diagnóstico é apenas 
por meio da anamnese, é de bom alvitre realizar 
ecografia pélvica, que ratificará ou não o diagnóstico. 
À ultrassonografia, podem-se observar imagens 
compatíveis com coágulos. A espessura endometrial 
inferior a 15 mm ao corte longitudinal da 
ultrassonografia transvaginal tem sido considerada 
indicativa de abortamento completo por alguns 
autores. 
CONDUTA 
A conduta é apenas expectante com monitoramento da 
hemorragia. 
A conduta se restringe ao encaminhamento da paciente 
para acompanhamento ambulatorial. Nas gestantes Rh 
negativo, deve-se administrar a imunoglobulina anti-Rh. 
ABORTAMENTO RETIDO 
O conceito clássico é aquele concepto que permanece 
na cavidade uterina sem vitalidade. 
Consiste na interrupção da gravidez com retenção do 
ovo morto por período prolongado. Também 
denominado missed abortion, ou seja, “gestação 
interrompida”. 
SINTOMATOLOGIA 
Os sinais gravídicos experimentam regressão, a 
ecografia mostra o coração inerte, diminui a altura do 
fundo uterino e míngua a circunferência abdominal, a 
turgescência mamária desaparece, bem como os 
sintomas ligados à presunção de gravidez. 
Pode ocorrer pequeno sangramento vaginal, o colo está 
fechado, mas em geral a paciente é assintomática. 
DIAGNÓSTICO 
O diagnóstico é sugerido pela sintomatologia e 
confirmado pela ecografia, que não falha. 
O diagnóstico é realizado pela USG de rotina no pré-
natal. À ultrassonografia há irregularidade do saco 
gestacional, alterações da vesícula vitelínica e ausência 
de atividade cardíaca fetal. Deve-se repetir o exame 15 
dias após a realização do primeiro para confirmação 
diagnóstica, caso a estimativa da idade gestacional seja 
menor que sete semanas. Em USG transvaginal, a 
ausência de batimento cardíaco em embrião com 
comprimento cabeça-nádega maior ou igual a 5 mm 
indica interrupção da gestação. 
CONDUTA 
O tratamento expectante é justificado baseando-se no 
fato de que, nas três semanas que se seguem ao 
decesso do ovo, a grande maioria redunda em trabalho 
de abortamento com expulsão do produto da 
concepção. 
No entanto, a intervenção, com o uso de misoprostol ou 
curetagem uterina ou vácuo-aspiração, é o 
procedimento mais adotado. 
Cabe ressaltar que nos casos de intervenção imediata 
os índices de uma segunda curetagem aumentam. 
Precedendo qualquer método terapêutico, o 
coagulograma se impõe quando a retenção é maior que 
quatro semanas. 
Portanto, para o abortamento retido em gestação no 
primeiro trimestre (precoce), poderemos aguardar 
naturalmente o início do trabalho de abortamento com 
controle clínico ou proceder ao esvaziamento uterino 
mecânica (AMIU ou curetagem) ou 
farmacologicamente (misoprostol). 
No esvaziamento mecânico, há utilização prévia (3 a 6 
horas) de 400 μg misoprostol via vaginal para promover 
amolecimento do colo e facilitar a realização do 
procedimento. 
No entanto, quando o abortamento retido é tardio 
(segundo trimestre ou maior que 12 semanas), a 
melhor conduta é a promoção da expulsão do feto com 
uso de misoprostol, para em seguida completar o 
esvaziamento uterino, quase invariavelmente, por meio 
da curetagem uterina. 
ABORTO INFECTADO (OU SÉPTICO) 
Embora mais escasso hoje do que alguns há duas 
décadas, o abortamento infectado continua a 
responder por parte da morbidade e mortalidade 
materna, principalmente nos países em 
desenvolvimento. 
Inicia-se pela endometrite e, se não tratada 
adequadamente, pode progredir para peritonite, 
choque séptico, insuficiência renal, coagulopatia, 
síndrome de angústia respiratória e morte materna. 
A etiologia quase sempre resulta da tentativa de 
esvaziar o útero por meio do uso de técnicas 
inadequadas e inseguras (introdução de sondas, 
agulhas, laminárias e soluções variadas). 
A anamnese tem, portanto, valor muito grande na 
definição diagnóstica ao identificar na história o 
episódio provocador. O contexto clínico é 
multifacetário e a sintomatologia está na dependência 
direta do grau de evolução da entidade patológica. 
Geralmente, são infecções polimicrobianas apartir da 
ascensão de germes que normalmente fazem parte da 
flora que coloniza o trato genital inferior, produzindo 
infecção local ou sistêmica. Os agentes mais envolvidos 
são germes encontrados na flora genital e intestinal, 
como coco anaeróbios (peptococcos e 
peptoestreptococcos), Gram-negativos (E. coli), 
Clostridium perfingrens (ou welchii) e bacteroides. 
SINTOMATOLOGIA 
O sangramento, em geral, não é profuso. Costuma se 
manifestar por sangue aguado, escuro, tipo “lavado de 
carne”, costumeiramente com odor fétido. 
Nas formas iniciais, principalmente quando a infecção é 
limitada, em que apenas o endométrio e o miométrio 
estão comprometidos pelo processo infeccioso, além 
dos sintomas de abortamento incompleto, detectam-se 
aqueles outros que traduzem a infecção, 
principalmente a febre em torno de 38º C, dor média 
tipo cólicas intermitentes e bom estado geral, sendo o 
exame físico possível, com dor moderada à mobilização 
do colo uterino e à palpação abdominal. 
Se o processo progrediu para estágios mais avançados, 
injuriando o peritônio pélvico,a sintomatologia passa a 
ser mais enriquecida e, além da temperatura mais 
elevada (39 oC), a dor é mais intensa e o estado geral é 
comprometido com taquicardia, algum grau de 
desidratação com pele e mucosas descoradas. 
O útero encontra-se amolecido, com redução da 
mobilidade e colo entreaberto, estando o toque vaginal 
muito dificultado pela presença da dor. 
Os casos em que a infecção é generalizada geralmente 
ocorrem por bactéria Gram-negativa; no caso de 
infecção por Clostridium, o prognóstico é sombrio. Há 
presença de peritonite e choque séptico. A febre é 
elevada e ocorre taquisfigmia, hipotensão arterial, 
vômitos, desidratação e anemia. 
Em seu “Manual de Orientação: Assistência Pré-Natal” 
(2000), a Febrasgo classifica o abortamento infectado 
de acordo com a extensão da infecção: 
• Grau 1: É o mais frequente, a infecção está 
limitada ao conteúdo da cavidade uterina. 
• Grau 2: A infecção já se expande à pelve 
(pelviperitonite). 
• Grau 3: Peritonite generalizada e infecção 
sistêmica com grave comprometimento do 
estado geral com coagulação intravascular 
disseminada, insuficiência renal, falência de 
múltiplos órgãos e choque séptico. 
É difícil a palpação uterina devido à contratura dos retos 
abdominais resultante da dor e/ou reação peritoneal. 
No toque vaginal combinado, constata-se o colo uterino 
aberto, muitas vezes com saída de conteúdo purulento, 
no entanto a sua realização é bastante dolorosa devido 
a reação peritoneal, praticamente impossibilitando a 
mobilização do útero. 
Se a sepse se instala, a gravidade aumenta e o estado 
geral é fortemente deteriorado, com sinais tóxicos 
evidentes, altas temperaturas refratárias à medicação, 
calafrios, cianose, desidratação, hipotensão, 
taquicardia, pulso filiforme com distensão abdominal e 
vômitos. 
Com frequência, o próprio óbito materno é o desfecho 
desses casos, apesar de toda a terapêutica 
supostamente efetiva. Na sequência, o quadro pode 
evoluir para insuficiência renal aguda e formação de 
abcesso intraperitoneal. 
DIAGNÓSTICO 
O diagnóstico é fácil, embasando-se no quadro clínico já 
referido, ajudado pelo leucograma infeccioso e pela 
ecografia pélvica, ao evidenciar as coleções purulentas, 
porventura, acumuladas no fundo de saco de Douglas, 
ou mesmo no restante do abdome. 
CONDUTA 
O tratamento deve ser iniciado pela internação 
hospitalar, com monitoração dos sinais vitais, 
isolamento do agente etiológico através de 
hemoculturas e culturas de material do canal cervical, 
correção da volemia, avaliação do estado 
hemodinâmico, do sistema de coagulação e da 
extensão do processo infeccioso. Além disso, é 
importante realizar a profilaxia antitetânica, promover 
a perfusão de ocitocina (80 mUI/minuto) e 
antibioticoterapia adequada. 
O tratamento resume-se em administrar o antibiótico 
adequado e remover o foco infeccioso. Nas formas 
iniciais, opta-se pela clindamicina associada à 
gentamicina ou amicacina. Nos casos mais graves, 
associa-se a penicilina G ou a ampicilina. 
Segundo o Ministério da Saúde, a ampicilina ou 
penicilina só devem ser associadas ao esquema 
terapêutico em caso de falha de resposta ao 
tratamento. O esquema preferencial de tratamento é a 
associação da gentamicina com a clindamicina por 7 a 
10 dias. 
Após instituição da antibioticoterapia, deve-se 
proceder ao esvaziamento uterino, sempre com 
administração de ocitocina antes e durante o 
procedimento, para diminuir o risco de perfuração 
uterina. 
Ainda como parte do tratamento clínico, deve-se 
equilibrar o estado geral da paciente com a 
administração de solutos e até mesmo sangue, se 
necessário. 
Não há necessidade de aguardar algum tempo de efeito 
do antibiótico (“esfriar a infecção”) para a realização do 
esvaziamento uterino. 
O tratamento definitivo, que é o cirúrgico após as 
providências já sugeridas, é representado pela 
curetagem uterina com remoção do foco infeccioso, 
quase sempre traduzido nos restos placentários 
infectados. 
 Se as medidas mobilizadas não resultarem em melhora 
do quadro clínico ou quando houver suspeita de 
perfuração uterina, lesão de alça e abscesso pélvico, 
procedimentos mais radicais são exigidos, impondo-se 
laparotomia seguida de extirpação do foco, inclusive 
histerectomia, se for o caso. 
OVO ANEMBRIONADO 
Também denominado “ovo cego”. Consiste na ausência 
de embrião no saco gestacional íntegro em gestação 
com mais de seis semanas de evolução, idade 
gestacional na qual já se espera poder visualizá-lo. 
 
À ultrassonografia, caracteriza-se o ovo anembrionado 
quando não é possível identificar eco embrionário em 
saco gestacional de 20 mm ou mais de diâmetro. Outro 
parâmetro utilizado é a ausência de vesícula vitelínica 
em saco gestacional com mais de 10 mm. 
 
 
ABORTAMENTO HABITUAL OU RECORRENTE 
Caracterizado pela ocorrência de três ou mais episódios 
consecutivos de abortamento espontâneo. 
Corresponde a 0,5% de todas as gestações. 
Pode ser classificado em: 
• PRIMÁRIO: quando todas as gestações se 
interromperam. 
• SECUNDÁRIO: quando as interrupções 
consecutivas foram antecedidas por gestações 
a termo. 
Em mulheres com diagnóstico de abortamento 
habitual, o risco de abortamento na gravidez 
subsequente é de 30% para os casais que já tiveram 
pelo menos um filho vivo e de 46% para casais que não 
tiveram filhos vivos. 
Dentre as causas de abortamento, as que mais 
frequentemente levam ao abortamento habitual são: 
• doenças cromossomiais. 
• anormalidades anatômicas do útero, como 
útero septado, didelfo, bicorno etc. 
• incompetência istmocervical. 
• doenças da tireoide, especialmente pacientes 
com níveis séricos aumentados de anticorpo 
antitireoperoxidase. 
• diabetes mellitus. 
• insuficiência do corpo lúteo. 
• síndrome do anticorpo antifosfolipídeo. 
• trombofilias. 
• baixa reserva ovariana. 
• SOP. 
• hiperprolactinemia. 
O tratamento depende da causa ou conjunto de fatores 
que levam ao abortamento recorrente. 
 
 
 
 
 
O esvaziamento intrauterino é a remoção do conteúdo 
uterino. Esse procedimento está indicado no: 
• abortamento incompleto 
• abortamento inevitável 
• abortamento retido ou infectado 
• gestação anembrionada 
• mola hidatiforme 
• interrupção legal da gestação. 
O esvaziamento uterino pode ser realizado de forma 
farmacológica ou mecânica. 
No segundo trimestre da gestação, o abortamento 
farmacológico é o método de escolha, complementado, 
na maioria das vezes, com curetagem após a expulsão 
do feto. 
Em condições excepcionais, nas quais os demais 
procedimentos falhem, é possível a realização de uma 
microcesariana, como último recurso. 
 
 
A técnica farmacológica para tratamento do 
abortamento, tanto do retido e, mais recentemente, do 
incompleto, desponta como opção ao método cirúrgico 
a partir do uso do misoprostol em obstetrícia. 
A forma mais efetiva da promoção do abortamento 
farmacológico e com menos efeitos colaterais é a 
combinação de mifepristona seguida de misoprostol. 
No Brasil, infelizmente não temos ainda mifepristona, 
apenas o misoprostol em comprimidos para uso vaginal 
de 25, 100 e 200 μg para uso hospitalar. 
No entanto, além da via vaginal, o misoprostol pode ser 
utilizado pela via sublingual (por baixo da língua), oral e 
bucal (entre a bochecha). 
 
Misoprostol vaginal 
Como principais vantagens do uso do misoprostol, 
podemos elencar: 
• custo acessível 
• ausência da possibilidade de perfuração uterina 
e formação sinequial 
• redução dos riscos de sequelas inerentes à 
dilatação do colo uterino 
• eliminação do risco anestésico 
Como desvantagens, temos: 
• tempo de resolução, algumas vezes até sete 
dias 
• efeitos colaterais até a expulsão do conteúdo 
da cavidade uterina, como cólica, sangramento, 
náusea, calafrios, a necessidade eventual de 
complementação cirúrgica 
• principalmente, a ansiedadepela espera 
ABORTAMENTO RETIDO NO 1º TRIMESTRE 
Para mulheres internadas, recomendam-se duas a três 
doses de quatro comprimidos de 200 μg (800 μg) via 
vaginal no intervalo mínimo de 3 ou 12 horas. 
Até nona semana de gestação, não se faz necessária 
internação para o uso de misoprostol. 
No Brasil, como o misoprostol é de uso exclusivo 
hospitalar, recomendamos, para as mulheres que não 
desejam ficar internadas e com menos de nove 
semanas de gestação, a inserção do misoprostol na 
triagem, na dose de quatro comprimidos de 200 μg (800 
μg) via vaginal, com intervalo entre as doses 
subsequentes de acordo com a disponibilidade da 
mulher para retornar à maternidade, variando de 3 
horas até 24 horas. 
ABORTAMENTO RETIDO E INEVITÁVEL 2º TRIMESTRE 
A presença de ossos fetais no abortamento retido de 
segundo semestre torna o tratamento farmacológico 
seguido da curetagem altamente preferencial em 
relação ao tratamento cirúrgico puro. 
A dose preconizada de misoprostol é de 200 μg via 
vaginal a cada 4 a 6 horas ou 400 μg via vaginal, repetida 
a cada 3 horas com um máximo de cinco doses. 
Nos casos de aborto incompleto e inevitável, a mulher 
deve receber a dose de misoprostol de acordo com o 
tamanho uterino, e não com a idade gestacional 
determinada pela DUM. 
As pacientes deverão ser internadas em unidade 
hospitalar para evolução. Aguardar o início do trabalho 
de abortamento em domicílio é exceção, somente 
quando a paciente tiver extrema facilidade de 
comunicação e de locomoção para a unidade de 
assistência hospitalar. 
Em caso de cicatriz uterina anterior (cesárea ou 
miomectomia), a dose de misoprostol não deve ser 
maior que 200 μg vaginal a cada 6 horas. As mulheres 
com cicatriz uterina têm risco de 0,28% de rotura 
uterina durante o abortamento farmacológico no 
segundo trimestre. 
ABORTAMENTO INCOMPLETO 
Até o fim da década de 1980, o tratamento do 
abortamento incompleto era essencialmente cirúrgico. 
Em 1993, inicia-se a opção do tratamento 
farmacológico com o misoprostol. 
Em abril de 2009, a OMS incluiu o misoprostol na lista 
de medicamentos essenciais para o tratamento do 
abortamento incompleto. 
Devemos estabelecer algumas diretrizes para 
selecionar as pacientes que poderiam utilizar 
misoprostol para tratamento do abortamento 
incompleto. 
A primeira delas é informar claramente a paciente 
sobre as opções terapêuticas e, no caso de escolha do 
tratamento farmacológico com misoprostol, orientar 
sobre o tempo da possível resposta e dos efeitos 
colaterais do uso da droga. 
Na seleção, cabe ainda que somente às pacientes com 
úteros de dimensões iguais ou inferiores a 12 semanas, 
colo pérvio e sem sinais de infecção ou alterações 
hemodinâmicas pode ser oferecido o tratamento com 
misoprostol. 
Se a paciente está em uso de dispositivo intrauterino 
(DIU), este deverá ser retirado. 
Pode-se utilizar o misoprostol por via oral ou sublingual 
na dose de 400 a 600 μg. Na apresentação de 
misoprostol por via vaginal, adotam-se 400 a 800 μg, 
em dose única. 
A paciente deverá, ainda, ser informada dos possíveis 
efeitos colaterais do misoprostol e, se for necessário, 
deverá ser fornecidos medicamentos para aliviá-los. 
Assim poderão ser usados anti-inflamatórios se houver 
dor, antieméticos para náuseas e vômitos, e hidratação 
no caso de diarreia. 
Em caso de suspeita de infecção ou hemorragia, a 
paciente deverá procurar imediatamente o serviço 
hospitalar para tratamento cirúrgico. 
PREPARAÇÃO CERVICAL PARA O ABORTO MECÂNICO 
Usar 400 μg via vaginal 3 horas antes do procedimento. 
 
 
Os dois métodos mais utilizados para a remoção do 
conteúdo uterino são aspiração intrauterina (manual ou 
elétrica) e curetagem. 
De acordo com a OMS, a AMIU é o método preferido no 
primeiro trimestre e uma das estratégias para diminuir 
a morte materna. 
Embora a OMS recomende que a curetagem seja usada 
apenas se a aspiração intrauterina não for disponível, 
muitos estabelecimentos no Brasil ainda a usam para 
esvaziamento uterino no primeiro trimestre de gravidez 
como método de primeira escolha, diferente dos 
Estados Unidos da América, onde a AMIU é o método 
de esvaziamento uterino mais utilizado até idade 
gestacional ≤ 13 semanas e 80% a 90% desses 
procedimentos são realizados em ambulatórios. 
Para realização do esvaziamento mecânico com colo 
uterino fechado no primeiro trimestre, é de bom alvitre 
a utilização de 400 μg de misoprostol via vaginal 
algumas horas (em média 3 horas) antes do 
esvaziamento mecânico, no intuito de promover 
amolecimento e algum grau de dilatação do colo 
uterino. 
PROCEDIMENTOS INICIAIS 
Antes do esvaziamento intrauterino, todas as condições 
presentes que ameacem a vida da mulher devem ser 
tratadas imediatamente. 
O médico deve investigar sinais de choque, hemorragia, 
infecção pélvica ou cervical, sepse, perfuração ou 
injúria abdominal, que ocorrem comumente no aborto 
clandestino ou incompleto. 
O procedimento não deve ser realizado até que o 
tamanho e a posição do útero e da cérvix tenham sido 
determinadas. Fibromas grandes ou anomalias uterinas 
podem dificultar a determinação do tamanho do útero 
e a realização de procedimentos intrauterinos. 
Para diminuir o risco de danos, o colo uterino deve ser 
previamente dilatado, o que pode ser feito lentamente 
com o uso de misoprostol (ver capítulo de abortamento 
farmacológico) ou rapidamente com vela de Hegar, 
exigindo anestesia neste caso. 
Quando for necessária a dilatação mecânica em um 
procedimento, é recomendado que o profissional faça 
um bloqueio paracervical. Se o orifício já estiver aberto, 
o bloqueio paracervical pode não ser necessário. No 
entanto, a mulher ainda pode sentir dor quando a 
cânula passar pelo orifício, causando fricção ao longo 
dos nervos do canal cervical, e quando o orifício se 
contrair após o esvaziamento intrauterino. Uma vez que 
o bloqueio paracervical dificilmente causa algum dano, 
é geralmente recomendado como uma técnica de 
manejo da dor. 
ASPIRAÇÃO MANUAL INTRAUTERINA 
É o procedimento desenvolvido para ser realizado 
ambulatorialmente, sem necessidade de anestesia 
geral ou internação. Apresenta menor risco de 
perfuração uterina, de necessidade de dilatação 
cervical e risco de sinéquias. É o procedimento de 
eleição em gestações com até doze semanas. É menos 
traumática que a curetagem uterina, diminuindo o risco 
de sinéquias. 
 
O esvaziamento uterino por aspiração é uma opção 
mais segura e tão efetiva quanto a curetagem uterina 
no primeiro trimestre da gravidez. Apresenta as 
vantagens da substituição da anestesia geral por 
analgésicos ou, ainda, por bloqueio paracervical, 
encurtamento da permanência hospitalar pela maior 
agilidade no atendimento e precocidade da alta, o que 
contribuiria para a redução dos custos hospitalares para 
a instituição e do custo social para a paciente, que 
muitas vezes tem pressa para retornar ao seu domicílio, 
e finalmente aumenta o nível de satisfação das 
pacientes. 
Esse procedimento utiliza instrumento de fácil 
manuseio e sua técnica é de simples execução, 
destinando-se, portanto, também a serviços médicos 
de menor complexidade ou com menores recursos, 
como forma de melhorar os resultados e diminuir os 
riscos para as pacientes. 
A aspiração pode ser realizada tanto com uma bomba 
elétrica (aspiração a vácuo elétrica ou AVE) ou com um 
vácuo manual produzido por uma seringa (AMIU). 
Ambos os métodos utilizam o mesmo nível de sucção, 
podendo ser considerados equivalentes em termos de 
eficácia e segurança. 
ETAPAS 
ETAPA 1: Antibiótico profilático via oral até 12 horas 
antes do procedimento em dose única. Opções de 
esquemas de antibióticos: 
• 200 mg de doxiciclina; 
• 500 mg ou 1g de azitromicina; 
• 500 mg ou 1g de metronidazol. 
ETAPA 2: Preparar os instrumentos. 
Os kits para AMIU disponíveis no mercado sãocompostos por: 
• Oito cânulas (4 
mm, 5 mm, 6 mm, 
7 mm, 8 mm, 9 
mm, 10 mm e 12 
mm) (Figura 18.2); 
• Um aspirador 
(seringa) 
 
 
Aspirador de AMIU montado e desmontado. 
 
Aspirador acoplado com a cânula. 
• Um frasco de silicone. 
Deve ser sempre usada uma cânula de tamanho 
apropriado para o tamanho do útero e a dilatação 
cervical presente. 
O uso de uma cânula muito pequena pode resultar em 
tecido retido ou perda de sucção. 
Os limites de tamanhos de cânula sugeridos em relação 
ao tamanho do útero desde a DUM são: 
• tamanho uterino de quatro a seis semanas pela 
DUM: cânulas de 4 a 7 mm; 
• tamanho uterino de sete a nove semanas pela 
DUM: cânulas de 5 a 10 mm; 
• tamanho uterino de 9 a 12 semanas pela DUM: 
cânulas de 8 a 12 mm. 
ETAPA 3: Preparar a paciente. 
A percepção da mulher de sua dor é fortemente afetada 
por seu nível de ansiedade e pela quantidade de 
informação que ela tem sobre sua condição e sobre o 
procedimento. 
A paciente deve ser informada antecipadamente sobre 
o que acontecerá durante o procedimento, o tempo de 
demora e quando é possível que ela sinta dor. 
O profissional deve avisá-la que as cólicas que ela 
sentirá próximo ao fim do procedimento indicarão que 
a intervenção está terminando. Entre 30 e 60 minutos 
antes do procedimento, pode-se fazer uso de um 
agente anti-inflamatório não esteroide por via oral. 
ETAPA 4: Realizar a preparação antisséptica do colo 
uterino. 
ETAPA 5: Realizar o bloqueio paracervical. 
Para o controle da dor, as drogas mais utilizadas antes 
do procedimento são: 
• Diazepam – via oral, 10 mg 1 hora antes do 
procedimento, ou intravenoso, 2 a 5 mg 20 
minutos antes do procedimento; 
• Meperidina – intramuscular, 100 mg 30 
minutos antes do procedimento, ou 
intravenoso, 100 mg 5 a 15 minutos antes do 
procedimento, diluído em 100 mL de soro 
glicosado; 
• Lidocaína – 15-20 mL de solução a 0,5% a 1% no 
bloqueio paracervical. 
ETAPA 6: Dilatar a cérvix, se necessário. 
ETAPA 7:Realizar histerometria para confirmar o 
tamanho e a posição do útero. 
ETAPA 8: Inserir a cânula delicadamente através da 
cérvix para o interior da cavidade uterina até atingir o 
fundo do útero. 
ETAPA 9: Aspirar o conteúdo uterino. 
A válvula de ajuste da seringa deve ser aberta para 
transferir o vácuo, através da cânula, para o útero e, ao 
mesmo tempo, para aspirar o seu conteúdo por meio 
de movimentos de “vai e vem” firmes e cuidadosos da 
cânula. 
Sangue de aspecto espumoso ou de cor rosa, sem 
tecido, sensação granulosa sentida quando a cânula 
passa sobre a superfície do útero e contração uterina 
em torno da cânula, agarrando-a, indicando que o útero 
está se contraindo, são indícios de que o útero está 
vazio. Além disso, a paciente queixa-se de cólica ou dor. 
ETAPA 10: Examinar o tecido. 
A AMIU é contraindicada na gravidez com volume 
uterino maior que 12 semanas, dilatação cervical com 
mais de 12 mm e perfuração uterina diagnosticada. 
Biópsia endometrial não deve ser realizada em caso de 
suspeita de gravidez. 
CURETAGEM 
Curetagem, também conhecida como dilatação e 
curetagem (D&C), envolve a dilatação da cérvix por 
meio das velas de Hegar e o uso curetas metálicas para 
raspar as paredes do útero. Por ter diâmetro variável e 
ser de material rígido (aço), pode provocar acidentes, 
tal como perfuração do útero. 
 
Velas de Hegar e curetas metálicas. 
No primeiro trimestre, a curetagem uterina não deve 
ser utilizada para o esvaziamento uterino, a não ser 
quando não seja possível a utilização da AMIU. 
A indicação de curetagem uterina encontra-se nos 
casos de abortamentos incompletos do segundo 
trimestre. Já nas gestações com feto intrauterino após 
12 semanas, deve-se promover a indução 
farmacológica com misoprostol e, após a expulsão fetal, 
faz-se a curetagem uterina. 
Antes de se iniciar a curetagem, devem ser tomados 
alguns cuidados: 
• Esvaziamento vesical; 
• Antissepsia rigorosa da genitália interna e 
externa; 
• Anestesia geral, raquidiana ou peridural, ou 
sedação, que pode variar de leve a intensa; 
• Administração de ocitocina ou misoprostol 
para promover maior retração do útero, 
diminuindo o sangramento e os riscos de 
perfuração uterina. 
• Exame ginecológico, definindo-se o tamanho 
do útero, sua posição e estado dos anexos. 
Após esses cuidados, segue-se a curetagem: 
ETAPA 1: inserção de espéculo. 
ETAPA 2: Exposição e tracionamento do colo uterino 
com pinça de Pozzi ou Museaux. 
ETAPA 3: Dilatação instrumental do colo, caso 
necessário, com velas de Hegar. 
ETAPA 4: Histerometria para confirmar tamanho e 
posição do útero. 
ETAPA 5: Remoção com pinça de Winter (pinça de ovos) 
do conteúdo uterino, retirando-se a maior quantidade 
de tecido possível. 
ETAPA 6: Raspagem do útero com cureta selecionada. 
A pinça de Winter e a cureta devem ser introduzidas 
suavemente até alcançarem o fundo do útero e devem 
ser removidas completamente após cada movimento. 
Deve-se realizar a raspagem até que se perceba que a 
cavidade uterina esteja limpa, com a sensação de 
aspereza ao passar a cureta. 
ETAPA 7: Examinar o tecido. Por ter diâmetro variável e 
ser de material rígido, a cureta pode provocar 
acidentes, tal como perfuração do útero. 
 
Na suspeita de perfuração uterina, a conduta mais 
adequada é parar imediatamente o procedimento e 
manter conduta expectante com infusão venosa de 
ocitocina. A paciente só deve ser submetida à 
laparotomia se houver sinais de irritação peritoneal 
(abdome agudo) por provável comprometimento de 
alça intestinal ou instabilidade hemodinâmica. Uma 
nova curetagem só deve ser realizada 
preferencialmente através de visão direta 
laparoscópica ou guiada por ultrassonografia. 
COMPLICAÇÕES DOS MÉTODOS DE ESVAZIAMENTO 
INTRAUTERINO 
Os efeitos colaterais mais comumente observados após 
procedimentos de esvaziamento intrauterino são 
cólicas abdominais, náuseas leves a moderadas, 
vômitos, dor e sangramento semelhante à 
menstruação. 
Outras complicações ocorrem raramente e incluem 
reação vagal em função da dor e do medo, 
esvaziamento incompleto, lesão cervical, perfuração 
uterina, embolia gasosa, infecção pélvica, sepse e 
hemorragia. 
 
 
Embora não existam evidências de boa qualidade, as 
mulheres Rh-negativas e teste de Coombs indireto 
negativo com abortamento espontâneo (incluindo 
ameaça de abortamento) ou induzido devem receber a 
imunoglobulina anti-Rh-D. 
No primeiro trimestre, a dose de 50 μg é efetiva, 
embora não haja contraindicação de fazer uso da dose-
padrão de 300 mcgb. Após 12 semanas, geralmente se 
recomenda a dose de 300 μg. 
 
 
Os serviços de saúde que prestam esse atendimento 
precisam garantir o acolhimento adequado a essas 
mulheres, aproveitando a oportunidade para informar 
sobre a utilização de métodos anticoncepcionais, bem 
como garantir efetivamente o acesso a eles ainda no 
estabelecimento de saúde. 
Os esclarecimentos devem ser de tal ordem que 
garantam uma escolha informada e consciente. A oferta 
de métodos deve ser ampla, para que a mulher possa 
escolher o que melhor se adeque às suas condições 
clínicas, sociais, econômicas e pretensões reprodutivas. 
Deve-se ter em mente que o atendimento às mulheres 
em situação 
de abortamento não estará completo sem o 
aconselhamento reprodutivo. Esse aconselhamento 
deve contemplar a informação de que a fecundidade 
poderá ser restabelecida em torno de 15 dias após o 
abortamento, antes do advento de nova menstruação, 
podendo ocorrer nova gravidez nesse período. Dessa 
forma, a mulher deve ser orientada a iniciar a 
anticoncepção entre o primeiro ao quinto dia após o 
abortamento, ainda que informe não pretender ter 
relações sexuais em curto prazo. 
Nos casos de aborto induzido, provavelmente a mulher 
não deseje outra gravidez no momento. Nesse caso, 
todos os esforços da equipe de saúde devem terpor 
objetivo assegurar uma decisão consciente e tornar 
disponíveis todos os métodos contraceptivos 
legalmente aceitos no país. Nos casos de gravidez 
resultante de falha de um método contraceptivo 
devem-se discutir as causas do insucesso para os 
esclarecimentos necessários, de modo a evitar que tal 
fato se repita. 
Na eventualidade de o abortamento ter sido 
espontâneo, pode ser que a mulher manifeste desejo 
de engravidar imediatamente. Nesse caso é 
imprescindível informá-la da necessidade de se 
esclarecerem as causas do abortamento, antes de se 
tentar uma nova gestação, principalmente nos casos de 
abortamento de repetição. 
É também indispensável promover o conceito de dupla 
proteção: contra a gravidez e as doenças de 
transmissão sexual. Nesse sentido, paralelamente ao 
fornecimento de informações sobre contracepção, não 
se pode deixar de prover informação completa sobre o 
uso de preservativos e sobre como obtê-los. 
 
 
Nos casos de abortamento sem nenhuma complicação, 
não há restrições para uso de métodos contraceptivos. 
A mulher pode optar por qualquer deles. 
DISPOSITIVO INTRAUTERINO 
A inserção do DIU pode ser realizada imediatamente 
após o esvaziamento uterino (AMIU ou curetagem) nas 
mulheres sem nenhum sinal ou suspeita de infecção, 
antes da alta hospitalar, no retorno à unidade de saúde 
dentro dos primeiros dias pós-abortamento ou na 
primeira menstruação após o esvaziamento. 
Há restrição para o uso do DIU quando o abortamento 
foi infectado ou há dúvidas sobre essa situação, ou 
ainda se foi praticado em condições inseguras. 
CONTRACEPTIVOS HORMONAIS ORAIS, INJETÁVEIS, 
TRANSDÉRMICOS OU ANEL VAGINAL 
Os contraceptivos hormonais devem ser iniciados do 
primeiro ao quinto dia após o abortamento. 
Considerando que muitas mulheres terão dificuldades 
para comparecer à unidade de saúde dentro desse 
prazo, é imperioso que os métodos estejam disponíveis 
no hospital onde se dá o atendimento ao abortamento, 
para que se inicie o método escolhido dentro do prazo 
recomendado. 
ESTERILIZAÇÃO CIRÚRGICA 
A esterilização pode ser oferecida, entretanto, de 
acordo com a Lei no 9.263/96, que regulamenta as 
ações de planejamento familiar no Brasil, e com a 
Portaria no 048, de 11 de fevereiro de 1999, do 
Ministério da Saúde, só poderá ser realizada 42 dias 
após o abortamento e obedecendo aos demais 
pressupostos legais. 
ANTICONCEPÇÃO HORMONAL DE EMERGÊNCIA 
A orientação sobre AHE deve obrigatoriamente constar 
do portfólio dos serviços que atendem mulheres em 
condição de abortamento, principalmente porque 
sempre haverá mulheres convictas de que não voltarão 
a ter relações sexuais em curto espaço de tempo e, por 
esse motivo, não usarão proteção, expondo-se a uma 
nova gravidez não planejada. 
PRESERVATIVO MASCULINO E FEMININO 
As camisinhas devem sempre ser oferecidas, 
ressaltando-se a necessidade da dupla proteção contra 
gravidez e contra as doenças de transmissão sexual. 
MÉTODOS NATURAIS 
Os métodos naturais não são recomendados antes de 
restabelecidos os ciclos menstruais. 
 
 
É definida como a falência do sistema que mantém o 
colo uterino fechado, de tal forma que o colo se abre, 
impossibilitando a retenção fetal até o final da gravidez, 
o que geralmente culmina com a expulsão fetal após 16 
semanas gestacionais. Na história clínica, geralmente 
há duas ou mais perdas gestacionais espontâneas no 
segundo trimestre, cada vez mais precoces, podendo 
ocorrer também amniorrexe inesperada. 
É um importante causa de abortamento tardio de 
repetição ou parto prematuro habitual. É responsável 
por 10 a 20% dos abortamentos de repetição. 
Há história de interrupção espontânea, sempre à 
mesma época da gestação e com amniorrexe 
inesperada. O trabalho de parto geralmente é curto e 
indolor, com o feto normalmente nascendo vivo e 
morfologicamente normal. É mais comum na 
multigesta. 
Podemos citar alguns fatores predisponentes: 
• Antecedentes de amputações altas do colo. 
• Dilatações rudes do colo para curetagens. 
• Partos anteriores laboriosos. 
• Fatores congênitos: o maior exemplo é a 
exposição intrauterina ao dietilestilbestrol, 
ocasionando a fraqueza dos tecidos regionais 
ou malformações da matriz. 
• Contrações uterinas anômalas.

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