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ABORTAMENTO, GRAVIDEZ ECTÓPICA E DOENÇA TROFOBLÁSTICA GESTACIONAL

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OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
Sangramentos da Primeira Metade da Gestação 
• 10 a 15% das gestações apresentam hemorragias, que representam complicações gestacionais com risco fetal/materno ou 
agravos ginecológicos → principais causas no 1º tri são o abortamento, gravidez ectópica e a doença trofoblástica gestacional. 
 
Abortamento 
• Definida pela OMS como interrupção da gravidez antes de 22 semanas ou com feto até 500g ou 16,5 cm → antes da viabilidade 
• É a complicação mais frequente da gravidez → 1 em 4 mulheres terá um abortamento espontâneo durante sua vida reprodutiva. 
• A real incidência é desconhecida, mas 15 a 20% das gestações clinicamente diagnosticadas terminarão em abortamento. 
o Utilizando testes de alta sensibilidade que detectam gestações ainda não manifestadas clinicamente (gestações 
bioquímicas), essas taxas podem atingir até 60% 
• 4ª causa de mortalidade materna no Brasil, diferentemente de países desenvolvidos, onde essas taxas são reduzidas. 
o As complicações do abortamento representam a 3ª causa de ocupação dos leitos obstétricos no Brasil 
• Mulheres jovens e em plena idade produtiva e reprodutiva são as mais sujeitas às complicações, como hemorragias, infecções, 
perfurações de órgãos e infertilidade, levando-as desnecessariamente à morte ou acarretando sequelas à sua saúde 
 
CLASSIFICAÇÃO 
Precoce Ou Tardio 
• Conforme a idade gestacional, pode ser precoce ou tardio → até a 12ª semana e entre a 13ª e a 20ª semana 
• Os abortamentos precoces respondem por 80%, tendo uma multiplicidade maior de causas 
• Além da etiologia, os abortamentos precoces e tardios também apresentam condutas terapêuticas diferentes. 
 
Espontâneo Ou Provocado 
• O abortamento espontâneo ocorre sem nenhuma intervenção externa, sendo causado por doenças da mãe ou anormalidades do 
embrião ou feto → a incidência do AE clinicamente reconhecido na população em geral, é de 10% a 15% 
o Com testes altamente sensíveis da hCG, evidenciou-se que a magnitude da perda gestacional após a implantação é 
aprox. 62% → sem tais métodos, os abortamentos acontecem sem diagnóstico 
▪ O fenômeno é encarado como atraso menstrual seguido de menstruação profusa 
• Por isso, o abortamento espontâneo é a complicação mais frequente da gravidez, e a grande maioria ocorre no 1º tri 
• A idade materna e o número de abortamento anteriores são os FR mais importantes para um novo abortamento 
o Com o avançar da idade (35+), há declínio no número e qualidade dos ovócitos → anormalidades cromossômicas são 
as causas mais frequentes 
• O abortamento provocado refere-se à interrupção da gravidez causada por intervenção externa e intencional 
• Estima-se 1 milhão de abortamentos provocados no Brasil por ano, sendo a grande maioria de forma insegura, gerando custo 
de mais de 30 milhões de reais ao SUS em consequência de suas complicações 
• Conforme pesquisa de 2010, 22% das mulheres brasileiras de 35-39 anos residentes em áreas urbanas, já provocaram aborto. 
o Se mostrou mais frequente entre mulheres com menor nível de escolaridade, independentemente de religião 
 
Seguro e Inseguro 
• Termos frequentemente usados em documentos internacionais da OMS 
• O aborto seguro é realizado por médico bem treinado, com os meios necessários e em ambiente adequado 
o Implica risco extremamente baixo para mulher. 
• O aborto inseguro é procedimento de risco para interromper uma gravidez indesejada, realizado por pessoas que não têm as 
habilidades necessárias ou em ambiente que não tem os padrões médicos mínimos, ou ambos 
 
❖ O elevado número de abortos inseguros realizados anualmente e suas consequências para a saúde reprodutiva das mulheres 
demonstram que a criminalização desse ato é suficiente para diminuir sua incidência 
• A atual legislação está levando as mulheres a um itinerário de maior risco social em busca de medicamentos proibidos ou 
práticas rudimentares → introdução de objetos na vagina e chás e preparados orgânicos aplicados no fundo do útero 
o Em países com leis flexibilizadas para serem mais adequadas aos direitos sexuais e reprodutivos, evitando a 
clandestinidade, constatou-se redução da mortalidade materna pela melhora da qualidade e presteza do atendimento 
 
ETIOLOGIA 
Alterações Cromossômicas 
• São as causas mais comuns, responsáveis por 50 a 80% dos abortamentos espontâneos clínicos ou subclínicos 
• As trissomias autossômicas são as mais encontradas (50%), sendo as mais comuns do cromossomo 16, 22, 21, 15, 13, 2 e 14 
o Decorrem de fertilização por gametas anormais, fertilização anômala ou irregularidades na divisão embrionária 
o São mais comuns em mulheres com a idade avançada, possivelmente pela ausência de regulação dos fatores que 
governam a meiose → aumento de oócitos aneuploides 
• A 2ª alteração cromossômica mais relacionada é a monossomia do cromossomo X, em 7 a 10% dos abortamentos de 1º tri 
o Essa alteração geralmente ocorre pela falta de um cromossomo sexual paterno, sem correlação com a idade materna 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
Desordens Anatômicas 
• Incompetência istmocervical → causa de abortamento tardio onde o feto não é retido ate o fim (o colo não se mantém fechado) 
o Nas etiologias destacam-se causas traumáticas, como dilatação e curetagem, laceração cervical pós-parto traumático 
ou pós-abortamento, amputação ou conização do colo uterino → ou origem congênita, alteração do colágeno 
• Miomas → especialmente os do tipo submucoso → podem ocorrer deciduação deficiente na região de implantação e rápido 
crescimento tumoral, resultado dos hormônios produzidos na gestação 
o O mioma pode ter seu suprimento sanguíneo comprometido e sofrer necrose tumoral com liberação de citocinas → 
consequentemente provocando contratilidade uterina e abortamento 
• Malformações uterinas → útero unicorno, bicorno, didelfo ou septado 
o O útero bicorno tem taxa de insucesso gestacional maior que o didelfo e nos dois casos há incidência maior de 
incompetência istmocervical. 
• Sinéquias uterinas → (cicatrizes) síndrome de Asherman, normalmente decorre de agressões às camadas mais profundas do 
endométrio, como por curetagens vigorosas e repetidas → interferem na implantação ovular 
o 15 a 30% das pctes com aderências intrauterinas tem abortamento de repetição 
 
Doenças Endócrinas 
• Defeitos da Fase Lútea → definida por uma produção insuficiente de progesterona pelo corpo lúteo e, consequente inadequado 
desenvolvimento do endométrio 
• Foi aventada no passado como causa de abortamento espontâneo e habitual → mas são considerados causa pouco provável de 
abortamento e sua pesquisa não faz mais parte da rotina diagnóstica do abortamento habitual 
o O diagnóstico é baseado, sobretudo, na biópsia endometrial e dosagem sérica de progesterona, e ambos os métodos 
apresentam deficiências → nada que apoie o uso de progesterona na prevenção 
• Doenças da tireoide → incidência de abortamento maior em pctes com evidente tireopatia 
• Hipotireoidismo e presença de anticorpos antitireoperoxidase são considerados FR → estudos recentes n confirmam associação. 
• Diabetes mellitus insulinodependente → taxa de abortamento aumentada em mulheres com DM1 não controladas 
• Síndrome de ovários policísticos → incidência de abortamento em pacientes com SOP é de 20 a 40% 
o Parece haver relação com os altos níveis de LH, testosterona e androstenediona presentes na síndrome, e também com 
a resistência insulínica geralmente associada a estes casos 
 
Distúrbios Imunológicos 
• Neste grupo, se destaca a Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídeo (SAF) → trombofilia autoimune associada a tromboses 
arteriais e venosas, diagnosticada pela presença de pelo menos um critério laboratorial e um clínico 
• É uma causa autoimune de abortamento de repetição,presente em 15 a 20% das mulheres com abortamento habitual → se 
caracteriza pela presença no plasma materno de 3 variedades de autoanticorpos que conferem maior risco de trombose 
o Anticoagulante lúpico, a anticardiolipina e o anti-beta-2-glicoproteína-1 
o VDRL falso-positivo, trombocitopenia e prolongamento do tempo de tromboplastina parcial (PTT) são outros achados 
que podem estar presentes 
• As manifestações clínicas incluem tromboses venosas (2/3 dos casos) e arteriais (1/3 dos casos) e uma variedade de 
manifestações neuropsiquiátricas → o mecanismo de perda fetal parece envolver trombose e infarto placentário. 
• Os episódios de abortamento habitual ocorrem com maior frequência no 1º tri 
 
❖ Outras desordens imunológicas incluem causas aloimunes, que podem estar relacionadas à resposta materna imune anormal 
aos antígenos presentes nos tecidos placentários/fetais, como os antígenos de histocompatibilidade humana (HLA) paternos 
• A não produção de anticorpos maternos contra tais antígenos como mecanismo de proteção pode resultar em abortamento 
espontâneo, pré-eclâmpsia ou crescimento intrauterino restrito 
 
Infecções 
• As infecções são causas infrequentes de abortamento precoce, por lesões da decídua, placenta membranas ovulares e concepto 
o Rubéola → quando adquirida no período próximo à implantação ovular 
o Parvovirose → quando adquirida no período de diferenciação ovular inicial 
o Citomegalovirose, listeriose, herpes-simples, hepatite B, HIV, ITU, toxoplasmose, malária 
o Infecções ascendentes, principalmente vaginoses, clamídia e gonorreia 
o Sífilis → a doença não tratada pode levar ao abortamento entre 9 e 12 semanas, em especial pela infecção placentária 
 
Drogas e Agentes Nocivos 
• Tabagismo → associação tem sido admitida por muitos estudos, contudo, maioria não depura adequadamente algumas variáveis 
• Mulheres que fumam > 10 cigarros/dia apresentam maior risco de abortamento 
o Vasoconstrição e danos placentários podem estar implicados na gênese 
• Álcool → estudos observacionais têm relatado que o consumo moderado ou excessivo de álcool na gestação se relaciona com 
maior risco de abortamento 
• Cafeína → alguns estudos relatam que mulheres que consomem pelo menos 500 mg/dia apresentam maior risco 
o Em revisão de 15 artigos a respeito da relação, os autores concluíram que não se pode estabelecer a relação causal 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
Trauma 
• Queda ou trauma abdominal direto → parece não ter evidências para se atribuir o abortamento a traumas de menor gravidade 
• No início da gestação o produto conceptual se encontra bem protegido dos traumas abdominais 
o No trauma grave, o produto conceptual pode sofrer trauma direto ou, ainda, sofrer consequências danosas em função 
do estado hemodinâmico materno 
 
Formas Clínicas E Condutas 
• O abortamento não se apresenta com roupagem clínica única, podendo diagnosticá-lo por sinais e sintomas diversos que 
caracterizam várias formas clínicas → ameaça de abortamento, abortamento inevitável, completo, incompleto, retido, infectado, 
habitual e previsto em lei. 
 
Ameaça De Abortamento 
• Complicação frequente e ocorre em 15 a 20% das gestações clinicamente diagnosticadas. 
• Abortamento no qual há chances de reversão do quadro, sendo que 2 grandes sintomas o caracterizam → sangramento e dor 
o O primeiro é de pequena monta e o segundo traduz a contratilidade do útero, que promove cólicas leves e é incapaz de 
induzir modificações cervicais → importante exame para descartar ddx, como aborto inevitável e gravidez ectópica 
▪ Em alguns casos não há dor 
• Toque vaginal combinado → útero c tamanho compatível com atraso menstrual, colo fechado e sangramento de pequena monta 
• Ecografia transvaginal → saco gestacional regular, batimento cardíaco fetal regular e > 100 bpm, e hematoma subcorionico 
pode aparecer entre 4 a 40% 
o Estudos evidenciam que hematomas subcorionicos, principalmente se > 50% do saco gestacional, se relacionam com 
maior risco de perda fetal 
 
❖ A conduta é expectante, sem indicação de internação hospitalar, mesmo na presença de hematoma retroplacentário 
• Não há conduta médica a ser tomada para alterar a evolução ou não de um quadro de abortamento 
• Analgésico para dor, evitar relações sexuais durante a perda sanguínea, retornar em caso de aumento do sangramento 
• A progesterona é importante na manutenção da gravidez, por induzir alterações secretoras do endométrio na 2ª fase do ciclo 
menstrual, propiciar a implantação e desenvolvimento do zigoto, regular resposta imunológica e agir na musculatura miometrial 
o Recentemente, estudos têm evidenciado diminuição da taxa de abortamento em gestantes com ameaça que fizeram 
uso de progesterona/progestágenos → metanálises, com 47% de redução do risco no grupo tratado 
▪ Os resultados parecem promissores, contudo, em função do pequeno número de casos analisados e baixa 
qualidade metodológica → atualmente ainda não se apoia o uso rotineiramente 
 
❖ Aproximadamente 40 a 50% das mulheres que apresentam sangramento vaginal no início da gestação irão abortar 
o A taxa cai consideravelmente, para 4 a 10%, se a ameaça ocorrer após a visualização de atividade cardíaca na USG 
 
Abortamento Inevitável 
• É o abortamento não mais compatível com o prosseguimento da gestação. 
• No quadro clinico há dilatação da cérvice, podendo-se permear com o dedo, que detecta, na maioria, as membranas ovulares ou 
o próprio embrião → tambem sangramento ativo que compromete a hemodinâmica (mesmo se cérvice impermeável) 
• Há proporcionalidade entre as dimensões do útero e a idade gestacional estimada pela DUM 
o Em gestações com > 12 semanas, pelo tamanho uterino, a conduta é o uso do misoprostol para promover o 
esvaziamento uterino → em seguida se complementa com curetagem uterina na maioria 
o Abaixo de 12 semanas, indica-se esvaziamento uterino mecânico por vácuoaspiração ou aspiração manual intrauterina 
→ quando não for possível, faz-se a curetagem uterina. 
• Como complemento, administram-se solutos fisiológicos/glicosados, ou sangue caso a dinâmica circulatória esteja comprometida 
 
Abortamento Completo 
• Quando há eliminação integral do ovo, quando o processo ocorre principalmente nas 10 semanas iniciais 
o Forma clínica que segue a anterior, que não experimenta intervenção 
• Rapidamente o útero se contrai e o sangramento, juntamente às cólicas, diminui de intensidade após a expulsão de ovo íntegro 
o O orifício do colo se fecha em poucas horas 
• Se não se presencia o fenômeno e o diagnóstico é apenas pela anamnese, se realiza ecografia pélvica para confirmar ou não o 
diagnóstico → pode não haver evidência de conteúdo uterino, mas as vezes observa-se qtd de conteúdo heterogêneo e líquido 
• A conduta é apenas expectante com monitoramento da hemorragia 
 
Abortamento Incompleto 
• Aqui se expulsa o concepto e permanece a placenta ou restos placentários, sendo o ovo eliminado parcialmente 
• Sintomatologia evidenciada por sangramento persistente, que é o sintoma maior → o útero se reduz e fica menor que o 
esperado para a idade gestacional, e as dores assumem as características de cólicas para expulsar o conteúdo refratário 
o A cérvice é dilatada, e o comprometimento do estado geral da paciente está na dependência do grau da hemorragia 
▪ Algumas vezes o orifício do colo se encontra fechado 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
• Bem mais frequente após a 8 semana gestacional → forma clínica mais frequente 
• O diagnóstico é clínico, geralmente caracterizado por meio da sintomatologia esboçada 
o No USG, observa-se conteúdo intrauterino de aspecto amorfo e heterogêneo, com presença ou não de líquido 
• Opta-se pelo abortamento farmacológico ou mecânico, ou pela curagemdigital complementada pela curetagem 
o No abortamento incompleto com < 12 semanas, pelo tamanho uterino, indica-se a Aspiração Manual Intrauterina → 
quando não for possível realiza-se a curetagem uterina. 
o Nos casos com volume uterino > 12 semanas, a curetagem uterina deve ser utilizada após a eliminação do feto 
 
Abortamento Retido 
• É aquele concepto (antes de 20 semanas) que permanece por dias ou semanas na cavidade uterina sem vitalidade 
• A ecografia mostra o coração inerte, diminui a altura do fundo uterino e a circunferência abdominal 
o A turgescência mamária desaparece, bem como os sintomas ligados à presunção de gravidez 
o Pode haver sangramento vaginal de pequena quantidade 
o Volume uterino menor que o esperado para a IG e colo fechado ao exame de toque 
• Diagnóstico sugerido pela sintomatologia e confirmado pela ecografia, que não falha 
o Ausência de atividade cardíaca em embriões com CCN > ou = 7 mm 
o Em alguns casos há reabsorção do embrião antes da confirmação ou o desenvolvimento dele não ocorre → gestação 
anembrionária → não visualização de embrião com diâmetro interno médio do saco gestacional >= a 25 mm 
• Tto expectante → nas 3 semanas que se seguem ao decesso do ovo, a grande maioria redunda em trabalho de abortamento 
com expulsão do produto da concepção → mas a intervenção com misoprostol, curetagem ou vácuo-aspiração é mais adotada 
• Nos casos de intervenção imediata os índices de uma segunda curetagem aumentam 
o Precedendo qualquer método terapêutico, o coagulograma se impõe quando a retenção é > 4 semanas 
 
❖ Para o abortamento retido em gestação no 1º tri (precoce), poderemos aguardar naturalmente o início do trabalho de 
abortamento com controle clínico, ou proceder ao esvaziamento uterino mecânica ou farmacologicamente 
o Deve-se explicar à paciente detalhadamente as vantagens e desvantagens de cada método, seus efeitos colaterais, 
complicações, custos e implicações futuras 
▪ Se decidido pelo esvaziamento mecânico, a utilização prévia (3-6h) de 400 µg misoprostol via vaginal 
promove amolecimento do colo e facilita o procedimento. 
• Quando o abortamento retido é tardio (2º tri ou > 12 semanas), a melhor conduta é a promoção da expulsão com uso de 
misoprostol, para em seguida completar o esvaziamento uterino pela curetagem uterina 
 
Aborto Infectado 
• Casos diminuíram, mas continua a responder por parte da morbidade e mortalidade materna nos países em desenvolvimento 
• A etiologia quase sempre resulta da tentativa de esvaziar o útero com uso de técnicas inadequadas e inseguras → introdução de 
sondas, agulhas, laminárias e soluções variadas 
o Cerca de 13% das mortes maternas no mundo decorrem do abortamento induzido clandestino → 67 mil mortes anuais 
• As bactérias envolvidas são aeróbias e anaeróbias, principalmente → estreptococos beta-hemolíticos, Enterococcus spp., 
Escherichia coli, Peptostreptococcus spp., Bacteroides fragilis e Clostridium spp 
• A infecção se inicia no útero (endomiometrite), e pode se propagar para os anexos (anexite), peritônio pélvico (pelviperitonite), 
cavidade peritoneal (peritonite generalizada) e, ainda, disseminar-se por via hematogênica (sepse) 
 
❖ A anamnese tem valor muito grande na definição diagnóstica ao identificar na história o episódio provocador 
• O contexto clínico é multifacetário e a sintomatologia depende do grau de comprometimento 
• Sangramento em geral não profuso → se manifestar por sangue aguado, escuro, tipo “lavado de carne”, podendo ter odor fétido 
• Nas formas iniciais, onde apenas o endométrio e miométrio estão comprometidos, detectam-se tambem sintomas que traduzem 
a infecção → febre 38 ºC, dor média tipo cólicas intermitentes e bom estado geral 
o Exame físico possível, com dor moderada à mobilização do colo uterino e à palpação abdominal 
• Se o processo progrediu para estágios mais avançados, injuriando o peritônio, a dor é mais intensa e o estado geral é 
comprometido com taquicardia, de desidratação com pele e mucosas descoradas... 
o É difícil a palpação uterina devido à contratura dos retos abdominais resultante da dor e/ou reação peritoneal 
o No toque vaginal combinado de realização dolorida → colo uterino aberto, com saída ou não de conteúdo purulento 
• Se sepse → gravidade aumenta e estado geral é muito deteriorado, com sinais tóxicos evidentes, altas temperaturas refratárias, 
calafrios, cianose, desidratação, hipotensão, taquicardia, pulso filiforme com distensão abdominal e vômitos 
o Na sequência, pode evoluir para IRA e formação de abcesso intraperitoneal 
❖ O diagnóstico embasa-se no quadro clínico, ajudado pelo leucograma infeccioso e ecografia pélvica → pode evidenciar coleções 
purulentas acumuladas no fundo de saco de Douglas, ou mesmo no restante do abdome. 
• Tratamento resume-se em administrar o antibiótico adequado e remover o foco infeccioso 
• Nas formas iniciais, opta-se pela clindamicina + gentamicina ou amicacina → associa penicilina G ou ampicilina se grave 
o Deve-se equilibrar o estado geral da paciente com a administração de solutos e até sangue, se necessário 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
• O tratamento definitivo é cirúrgico, após as providências já sugeridas → curetagem uterina com remoção do foco infeccioso, 
quase sempre traduzido nos restos placentários infectados 
• Na presença de sangramento vaginal moderado ou intenso decorrente de hipotonia ou atonia uterina, realizar e infusão de 
Ringer lactato ou solução salina a 0,9% 
o Administra-se ocitocina em altas doses (50 U) em 500 mL de solução salina (125 mL/h 
• Se medidas mobilizadas melhorarem o QC ou houver suspeita de perfuração uterina, lesão de alça e abscesso pélvico, 
procedimentos radicais são exigidos → laparotomia com extirpação do foco, inclusive histerectomia, se for o caso 
 
Abortamento Habitual 
• Também denominado recorrente, é definido como a ocorrência consecutiva de 3 ou mais abortamentos espontâneos 
• Incide cerca de 1 a 2% das mulheres → superior à esperada caso fosse um fenômeno que sucedesse ao acaso, visto que cerca 
de 15 a 20% das gestações reconhecidas terminam em abortamento 
o Assim, teoricamente, o risco de recorrência espontâneo e aleatório de 3 abortamentos consecutivos em uma mesma 
mulher, quando hígida, é em tomo de 0,3 a 0,4% 
• As causas podem ser divididas em genéticas, anatômicas, endócrinas, infecciosas e imunológicas 
• Cerca de 75% dos casais com abortamento habitual apresentam pelo menos um fator etiológico 
o O ACOG sugere que somente as pesquisas de alteração cromossômica no casal e a presença de anticorpos 
antifosfolipídicos apresentam forte evidência de relação com abortamento habitual. 
 
Técnicas De Esvaziamento Uterino 
• O esvaziamento intrauterino é a remoção do conteúdo uterino → indicado no abortamento incompleto, inevitável, retido ou 
infectado, gestação anembrionada, mola hidatiforme e interrupção legal da gestação 
• No 2º tri, o abortamento farmacológico é escolha, complementado, na maioria, com curetagem após a expulsão do feto 
o Em condições excepcionais, nas quais os demais procedimentos falhem, é possível a realização de uma microcesariana, 
como último recurso 
 
Farmacologia 
• A técnica farmacológica para tratamento do abortamento retido e incompleto, desponta como opção ao método cirúrgico a partir 
do uso do misoprostol em obstetrícia → análogo sintético de prostaglandina El, 
• A forma mais efetiva e com menos efeitos colaterais é a combinação de mifepristona seguida de misoprostol 
o No Brasil não temos ainda mifepristona, apenas o misoprostol em comprimidos para uso vaginal de 25, 100 e 200 µg 
para uso hospitalar 
▪ Portaria 2010, além da via vaginal, o misoprostol pode ser utilizado sublingual, VO e bucal (entre a bochecha) 
Misoprostol Vaginal 
• Principais vantagens do uso do misoprostol → custo acessível, ausência dapossibilidade de perfuração uterina e formação 
sinequial, redução dos riscos de sequelas inerentes à dilatação do colo uterino e eliminação do risco anestésico 
• Desvantagens → tempo de resolução (até 7 dias), efeitos colaterais até a expulsão do conteúdo da cavidade uterina (cólica, 
sangramento, náusea, calafrios), necessidade eventual de complementação cirúrgica e a ansiedade pela espera 
 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
❖ Abortamento Retido No 1º Tri → para mulheres internadas, recomendam-se 2 a 3 doses de 4 cp de 200 µg (800 µg) via vaginal 
no intervalo mínimo de 3 ou 12h 
• Até a 9ª sem, não se faz necessária internação para o uso de misoprostol → no Brasil, como o uso é exclusivo hospitalar, 
recomenda-se para mulheres que não desejam ficar internadas e com < 9 sem de gestação, inserção na triagem 
o Dose de 4 cp de 200 µg (800 µg) via vaginal, com intervalo entre as doses de acordo com a disponibilidade da mulher 
para retornar à maternidade, variando de 3 horas até 24 horas 
• Os serviços médicos devem estabelecer critérios para cada caso, levando em conta o estado físico e psicológico da paciente e a 
facilidade de comunicação com a paciente e seus familiares 
 
❖ Abortamento Retido E Inevitável No 2º Tri → presença de ossos fetais no abortamento retido de 2º tri torna o tratamento 
farmacológico seguido da curetagem altamente preferencial em relação ao tratamento cirúrgico puro 
• Dose preconizada de 200 µg via vaginal a cada 4 a 6h ou 400 µg via vaginal, repetida a cada 3h com um máximo de 5 doses 
o Nos casos de aborto incompleto e inevitável, a mulher deve receber a dose de misoprostol de acordo com o tamanho 
uterino, e não com a idade gestacional determinada pela DUM 
• As pacientes deverão ser internadas em unidade hospitalar para evolução → aguardar o início do trabalho de abortamento em 
domicílio é exceção, somente quando a pcte tiver extrema facilidade de comunicação e locomoção para a assistência hospitalar 
• Em caso de cicatriz uterina anterior (cesárea ou miomectomia), a dose não deve ser > 200 µg vaginal a cada 6h → têm risco de 
0,28% de rotura uterina durante o abortamento farmacológico no 2º tri 
 
❖ Abortamento Incompleto → em abril de 2009, a OMS incluiu o misoprostol na lista de medicamentos essenciais para o 
tratamento do abortamento incompleto 
• Devemos estabelecer algumas diretrizes para selecionar as pacientes que poderiam utilizar misoprostol para tto → a primeira é 
informar claramente a paciente sobre as opções terapêuticas 
o Caso de escolha do tratamento farmacológico com misoprostol, orientar sobre o tempo da possível resposta e efeitos 
colaterais do uso da droga 
• Somente às pacientes com úteros de dimensões iguais ou < 12 semanas, colo pérvio e sem sinais de infecção ou alterações 
hemodinâmicas pode ser oferecido o tratamento com misoprostol 
o Se a pcte está em uso de DIU, este deverá ser retirado 
• Misoprostol via oral ou sublingual na dose de 400 a 600 µg → por via vaginal adotam-se 400 a 800 µg, em dose única 
• Se necessário, deverá ser fornecidos medicamentos para aliviar os efeitos colaterais → anti-inflamatórios se dor, antieméticos 
para náuseas e vômitos, e hidratação no caso de diarreia 
o Em caso de suspeita de infecção ou hemorragia, procurar imediatamente o serviço hospitalar para tto cirúrgico 
 
❖ Para Preparação Cervical Para O Aborto Mecânico (Cirúrgico) → usar 400 µg via vaginal 3h antes do procedimento 
 
Mecânica 
• Os dois métodos mais utilizados para a remoção do conteúdo uterino são aspiração intrauterina e curetagem 
• De acordo com a OMS, a AMIU é o método preferido no 1º tri e uma das estratégias para diminuir a morte materna → a OMS e 
a Federação Internacional de GO recomendam que a curetagem seja usada apenas se a AMIU não for disponível 
o Estabelecimentos no Brasil ainda a usam para esvaziamento uterino no 1º tri como primeira escolha → nos EUA a 
AMIU é o método mais utilizado até idade gestacional ≤ 13 sem e 80% a 90% desses são realizados em ambulatórios 
• Para realização do esvaziamento mecânico com colo uterino fechado no 1º tri, se recomenda a utilização de 400 µg de 
misoprostol via vaginal em média 3h antes do esvaziamento mecânico → promove amolecimento e dilatação do colo uterino 
 
❖ Procedimentos iniciais 
• Antes do esvaziamento intrauterino, todas as condições presentes que ameacem a vida da mulher devem ser tratadas 
• Investigar sinais de choque, hemorragia, infecção pélvica ou cervical, sepse, perfuração ou injúria abdominal, que ocorrem 
comumente no aborto clandestino ou incompleto 
o O procedimento não deve ser realizado até que o tamanho e a posição do útero e cérvix tenham sido determinadas 
o Para diminuir o risco de danos, o colo uterino deve ser previamente dilatado 
• Quando for necessária a dilatação mecânica em um procedimento, é recomendado que o profissional faça um bloqueio 
paracervical → se o orifício já estiver aberto, o bloqueio pode não ser necessário 
• No entanto, a mulher ainda pode sentir dor quando a cânula passar pelo orifício, causando fricção ao longo dos nervos do canal 
cervical, e quando o orifício se contrair após o esvaziamento intrauterino 
• O bloqueio paracervical dificilmente causa algum dano, sendo geralmente recomendado para manejo da dor 
 
 
 
 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
Aspiração Manual Intrauterina 
• O esvaziamento uterino por aspiração é uma opção mais segura e tão efetiva quanto a curetagem uterina no 1º tri 
• Apresenta as vantagens da substituição da anestesia geral por analgésicos ou por bloqueio paracervical 
o Além de encurtamento da permanência hospitalar pela maior agilidade no atendimento e precocidade da alta, que 
contribuiria para a redução dos custos hospitalares e custo social 
o Esse procedimento utiliza instrumento de fácil manuseio e sua técnica é simples, destinando-se também a serviços de 
menor complexidade ou com menores recursos, como forma de melhorar os resultados e diminuir os riscos 
• Pode ser realizada tanto com uma bomba elétrica (aspiração a vácuo elétrica ou AVE) ou com um vácuo manual produzido por 
uma seringa (AMIU) → ambos utilizam o mesmo nível de sucção, equivalentes em termos de eficácia e segurança. 
 
❖ A primeira etapa é o uso de antibiótico profilático via oral até 12h antes em dose única 
• Opções de esquemas → 500 mg ou 1g de azitromicina, 500 mg ou 1g de metronidazol. 
• Preparar os instrumentos 
• Preparar a pcte → a percepção da mulher de sua dor é afetada pela ansiedade e quantidade de informação que ela tem sobre a 
condição e o procedimento 
o Deve ser informada sobre o que acontecerá durante, o tempo de demora e quando é possível que ela sinta dor. 
• Realizar a preparação antisséptica do colo uterino e o bloqueio paracervical. 
o Controle da dor com diazepam VO 10mg 1h antes 
• Dilatar a cérvix, se necessário, realizar histerometria para confirmar o tamanho e a posição do útero. 
• Inserir a cânula delicadamente através da cérvix para o interior da cavidade uterina até atingir o fundo do útero 
• Aspirar o conteúdo uterino 
o A válvula de ajuste da seringa deve ser aberta para transferir o vácuo para o útero e para aspirar seu conteúdo por 
movimentos de “vai e vem” firmes e cuidadosos da cânula 
▪ Sangue de aspecto espumoso/cor rosa, sem tecido, sensação granulosa quando a cânula passa na superfície 
do útero e contração uterina em torno da cânula, agarrando-a, são indícios de que o útero está vazio. 
 
Curetagem 
• Curetagem envolve a dilatação da cérvix por meio das velas de Hegar e uso curetas metálicas para raspar as paredes do útero 
• Por ter diâmetro variável e ser de material rígido (aço), pode provocar acidentes, tal como perfuração do útero 
• No 1º tri, a curetagem não deve ser utilizada, a nãoser quando não seja possível a utilização da AMIU 
• A indicação encontra-se nos casos de abortamentos incompletos do 2º tri 
o Nas gestações com feto intrauterino após 12 sem, deve-se promover a indução farmacológica com misoprostol e, após 
a expulsão fetal, faz-se a curetagem uterina 
• Antes de se iniciar, devem ser tomados alguns cuidados → esvaziamento vesical, antissepsia rigorosa da genitália, anestesia ou 
sedação, adm de ocitocina ou misoprostol para maior retração do útero 
• Etapas → inserção de espéculo, exposição e tracionamento do colo uterino, dilatação instrumental do colo caso necessário, 
histerometria para confirmar tamanho e posição do útero 
o Remoção com pinça de Winter do conteúdo uterino, retirando-se a maior quantidade de tecido possível 
o Raspagem do útero com cureta selecionada 
▪ A pinça de Winter e a cureta devem ser introduzidas suavemente até o fundo do útero e devem ser removidas 
completamente após cada movimento 
▪ Raspar até que se perceba a cavidade uterina limpa, com a sensação de aspereza ao passar a cureta. 
 
❖ Os efeitos colaterais mais comumente observados após procedimentos de esvaziamento intrauterino são cólicas abdominais, 
náuseas leves a moderadas, vômitos, dor e sangramento semelhante à menstruação 
• Reação vagal em função da dor e do medo, esvaziamento incompleto, lesão cervical, perfuração uterina, embolia gasosa, 
infecção pélvica, sepse e hemorragia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
Gravidez Ectópica 
• Denomina-se gravidez ectópica a gestação cuja implantação e desenvolvimento do ovo ocorrem fora da cavidade corporal do 
útero → termo inclui a gravidez cervical, intersticial e a gravidez em cicatriz de cesárea 
• Em virtude de sua crescente incidência e índices de morbidade e mortalidade, a gravidez ectópica é considerada, especialmente 
em países desenvolvidos, uma questão de saúde pública → crescimento exponencial desta enfermidade. 
• A maior incidência pode ser explicada por → aumento da prevalência dos fatores de risco e melhora dos métodos diagnósticos, 
em especial a USTV e a dosagem sérica da fração beta-hCG, que identificam casos em regressão espontânea 
o Apesar do aumento na incidência, a mortalidade tem diminuído consideravelmente → mas continua constituindo a 
principal causa de morte materna no 1º tri da gravidez nos EUA, sendo 90% em decorrência de choque hemorrágico 
o Após a ocorrência de um primeiro quadro, a recorrência é de cerca de 15% → nas mulheres com 2+ episódios prévios, 
essa taxa é de pelo menos 25% 
 
❖ A tuba uterina representa o local mais frequente de ocorrência de gravidez 
ectópica → 95-98% dos casos 
o Nessas, a implantação ocorre na região ampular entre 70 e 80% das 
vezes → no istmo, em 12%, na região infundibular 6-11%, e na 
porção intersticial da tuba, em 2-3% 
• Gravidez ectópica de localização extratubária é rara → 1-3% é ovariana, e 
outros locais (abdome e cérvix uterina) < 1% 
• A gravidez em cicatriz de cesárea representa > 1% de todas 
• Na gravidez após fertilização assistida, algumas formas raras de gravidez 
ectópica têm maior prevalência → gravidez intersticial (7,3%), a cervical 
(1,5%) e a heterotópica (tópica e ectópica) ou combinada (11,7%) 
 
Etiologia 
• Geralmente associada a fatores de risco que causam lesão tubária ou alteração no transporte ovular. 
❖ Doença inflamatória pélvica → infecções genitais causadas principalmente por Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae 
acarretam alterações significativas nas tubas → causam obstrução tubária, diminuem nm e movimento ciliar 
o Aglutinação das dobras da mucosa, que diminui a luz tubular 
o Formação de microdivertículos e destruição das fímbrias 
• Antecedente de DIP confirmada por laparoscopia aumenta o risco em 2-7,5x 
❖ Uso de dispositivo intrauterino (DIU) → alguns estudos consideram um dos principais FR para o desenvolvimento 
• Usuárias de DIU apresentam uma razão de chances de 6,4 quando comparadas a grupo controle → o DIU é eficaz na prevenção 
da gestação tópica, elevando a probabilidade da gravidez ectópica, se comparado a mulheres que não fazem anticoncepção 
o Na falha do DIU, o risco de gravidez ectópica é de 1:2 gestações para DIU de levonogestrel, 1:16 para DIU de cobre e 
1:50 gestações para aquelas mulheres que não fazem uso de anticoncepção. 
❖ Cirurgia tubária prévia → vários autores reportam maior incidência de gravidez ectópica em pacientes submetidas a cirurgias 
tubárias, como salpingostomia, reanastomose, fimbrioplastia e lise de aderências → probabilidade 4-5x maior 
o Não está estabelecido se é consequência da cirurgia ou se deve a alterações prévias 
❖ Falha na esterilização tubária → decorre principalmente da recanalização / formação de fístula uteroperitoneal. 
❖ Antecedente de gravidez ectópica → risco 6-8x maior de nova gravidez ectópica → 50 a 80% dessas mulheres terão uma futura 
gravidez, e 10 a 25% experimentarão outra gravidez ectópica. 
❖ Procedimentos relacionados à reprodução assistida → gravidezes por reprodução assistida tem risco de ser ectópica em 2 a 8% 
o O aumento do estrógeno sérico, produto do efeito das drogas indutoras de ovulação, pode interferir no mecanismo de 
transporte tubário por alterar a motilidade nas tubas, facilitando a retenção do ovo em sua extensão 
❖ Anticoncepção de emergência → estudos relacionam a anticoncepção de emergência com levonorgestrel a aumento da 
probabilidade de GE → por alteração da motilidade tubária, que causa retardo na chegada do ovo à cavidade endometrial 
• Outros fatores de risco, de menor relevância, estão ligados ao estilo de vida → início precoce da atividade sexual, antecedente 
de múltiplos parceiros sexuais e o tabagismo, pelos efeitos da nicotina na atividade ciliar e na motilidade tubária 
 
Quadro Clínico 
• Dor abdominal, sangramento vaginal e atraso ou irregularidade menstrual são a tríade clássica do quadro clínico da gravidez 
ectópica → simultâneos em apenas 50 a 60%, mas pelo menos um está em praticamente todas as ocorrências 
• A queixa de dor abdominal é presente em quase todas, porém suas características variam → quadro vago de dor em cólica até a 
presença de dor sincopal e lancinante (devido a irritação do hemoperitônio) 
o 50% relatam dor no lado da tuba acometida, 25% apresentam dor difusa por todo o abdome e 25% no lado oposto. 
▪ Principalmente em baixo ventre, fossas ilíacas, epigastro e hipocôndrio 
• Outros locais de dor incluem abdome superior, região lobar, cervical e escapula (sinal de Laffont) 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
• O sangramento vaginal ocorre em 60 a 90% em virtude da descamação endometrial, pela produção irregular da hCG 
o Na maioria o sangramento é discreto e acompanhado de dor abdominal → vermelho escuro ou acastanhado 
▪ Cerca de 15% apresentam sangramento vaginal abundante 
• A incidência de atraso menstrual varia de 75 a 95% → 5 a 25% não relatam atraso, mas apresentam irregularidade menstrual. 
• Outros sintomas → aumento do volume e da sensibilidade nas mamas, náuseas, vômitos, alterações intestinais e síncope 
 
Exame Físico 
• Os achados variam de acordo com o estado hemodinâmico 
• Nos casos de rotura tubária, identifica-se palidez progressiva incompatível com o sangramento vaginal 
o Quando não ocorre choque hemorrágico, variações de PA e pulso com a posição da paciente são sinais de sangramento 
 
❖ Ao exame do abdome, raramente se observa equimose periumbilical (sinal de Cullen) → proveniente de volumosa hemorragia 
intra-abdominal, mas encontra-se ausente na grande maioria dos casos. 
• Comumente, à palpação verifica-se dor localizada em um dos quadrantes em caso de gravidez ectópica íntegra → ou 
generalizada após a rotura tubária 
• Outros achados também dependemda integridade da gravidez e são indicadores de irritação peritoneal → distensão abdominal, 
descompressão brusca dolorosa (sinal de Blumberg) e diminuição ou parada de ruídos hidroaéreos. 
 
❖ O exame tocoginecológico pode revelar a presença de sangramento → geralmente pequena quantidade, escuro, acompanhado 
de coágulos e restos de decídua → o colo uterino em geral se encontra amolecido 
o Pelo acúmulo de sangue e coágulos na pelve, o exame do fundo de saco posterior pode ser extremamente doloroso → 
sinal de Proust, também denominado grito de Douglas 
• Na maioria, o útero apresenta-se de tamanho normal → mas pela ação hormonal pode-se verificar amolecimento e discreto 
aumento do volume uterino, inferior ao esperado para o atraso menstrual. 
• Em cerca de 50% dos casos, pode-se palpar uma massa anexial dolorosa, de consistência e tamanho variados 
 
Diagnóstico 
• O diagnóstico precoce é importante para reduzir o risco de ruptura tubária e melhorar o sucesso das condutas conservadoras. 
• Na paciente de risco para gravidez ectópica, hemodinamicamente estável, a patologia deve ser diagnosticada de forma não 
invasiva pela ultrassonografia → sem a necessidade da laparoscopia e antes de ocorrer a ruptura tubária 
 
❖ A detecção de hCG urinária ou sanguínea, constitui o exame primordial para se avaliar a atividade do trofoblasto 
• O uso de técnicas imunoenzimáticas com anticorpos monoclonais aumenta a sensibilidade e especificidade das dosagens → 
possibilita a detecção em concentrações cada vez mais baixas, tomando o exame efetivo 
o A positividade da beta-hCG sérica coincide com o estabelecimento da circulação uteroplacentária e pode ser detectada 
10d após a ovulação 
• A concentração sérica da beta-hCG na gestação ectópica tende a ser menor que a da gestação tópica de mesma idade 
 
❖ A USG deve ser realizado de preferência TV → primeiro analisar a 
cavidade uterina, para descartar gravidez tópica (visibilização do saco 
gestacional ou de restos ovulares) 
• Visualiza o saco gestacional com 5 sem de atraso menstrual 
(estrutura em anel, com centro anecoico (líquido) e contorno 
hiperecoico) → e visualiza características endometriais distintas na 
gravidez ectópica e tópica (espessura menor na ectópica) 
o Posteriormente avaliar ovários, procurando o corpo lúteo 
o Por fim, analisar a presença de massa anexial 
• É frequente líquido livre na cavidade peritoneal 
 
❖ Em casos em que a β-hCG é + e a USTV não consegue identificar a 
localização da gestação → dosar os valores quantitativos da β-hCG 
• Com valores > 2.000 mUI/mL, a gestação intrauterina deveria ser 
confirmada à USTV → indicativo de gestação anormal 
o Se os valores iniciais da forem < aos da zona discriminatória 
e a USTV não visualizar gravidez tópica ou ectópica, é 
necessária a dosagem seriada da β-hCG → valores tendem a 
aumentar 35%+ a cada 48h na gravidez tópica viável 
• Quando ultrapassarem o valor, a USTV deve ser realizada para 
documentar a presença ou ausência de gravidez intrauterina 
o A ausência de saco gestacional tópico com β-hCG acima da 
zona, com curva de evolução anormal ou títulos em declínio, 
sugere gravidez inviável. 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
❖ A dosagem sérica da progesterona é importante especialmente quando existem dúvidas diagnósticas após o bHCG e USG → a 
concentração reflete sua produção pelo corpo lúteo e pouco se modifica durante o 1º tri de gravidez. 
• Valores < 10 ng/mL estão associados a gestação não evolutiva 
o Concentrações > 20 ng/mL são consistentes com gestações viáveis 
▪ PgS < 5 ng/mL apresenta 99,8% de especificidade na confirmação de uma gravidez anormal. 
 
❖ A culdocentese avalia o conteúdo líquido na pelve → obtenção de sangue escuro com microcoágulos significa certeza de 
hemoperitônio e ocorre em 80 a 96% 
• A obtenção de material da cavidade uterina por curetagem ou aspiração é usada em casos de gestação inviável quando a 
ecografia não foi capaz de diferenciar a gravidez ectópica do abortamento 
• Laparoscopia é a mais empregada hoje → permite excelente exploração da pelve, possibilitando certeza no diagnóstico e a 
averiguação das condições da tuba contralateral, presença de aderências pélvicas e lesões de endometriose. 
 
Tratamento 
Tratamento Cirúrgico 
• Cirurgia é a conduta-padrão → laparotomia é imperativa se abdome agudo hemorrágico com instabilidade hemodinâmica, 
localização não tubaria, massas anexiais grandes e múltiplas aderências 
o A operação clássica é a salpingectomia total 
• Nas demais situações, a via preferencial é a laparoscópica, por menor perda sanguínea, melhor estética, menos infecções, 
melhor pós operatório e custos, recuperação mais rápida... 
❖ Salpingectomia indicada nas pctes com prole constituída, casos de lesão tubária irreparável, salpingostomia com sangramento 
persistente, quando ocorre recidiva na mesma tuba e quando os títulos da β-hCG são muito elevados 
o Consiste na ligadura vascular no nível do istmo proximal e borda distal da mesossalpinge → arco vascular formado pela 
artéria mesotubária é ligado nas extremidades, acrescentando-se a ligadura outros vasos 
❖ Salpingostomia indicada nos casos em que se pretende preservar a fertilidade → procura manter a integridade da tuba e a 
capacidade reprodutiva. 
o Incisão na porção mais distendida da borda, introduzindo o aspirador/irrigador por essa incisão e, fazendo-se 
sucessivas sucções e irrigações, o tecido trofoblástico é removido 
o Um dos riscos é a persistência de tecido trofoblástico (3% a 20%) → importante no pós-op acompanhar a evolução dos 
títulos de β-hCG 
 
Tratamento Clínico 
• Conduta Expectante → principais critérios preditores de sucesso da conduta expectante são valores iniciais baixos da β-hCG, 
declínio dos títulos da β-hCG em 48h, ausência de saco gestacional na USG e período prolongado desde a DUM 
• Tratamento Medicamentoso → Metotrexato IM é um antagonista do ácido fólico que inativa a diidrofolato redutase e a síntese de 
novo das purinas e pirimidinas e, portanto, do DNA celular → age nas 
células trofoblásticas e impede sua multiplicação 
• Os principais critérios são estabilidade hemodinâmica, diâmetro da massa 
anexial < 3,5 cm, β-hCG inicial ≤ 5.000 mUI/mL, ausência de dor 
abdominal, desejo de gravidez futura e termo de consentimento 
• Contraindicações → gravidez intrauterina, imunodeficiência, anemia, 
leucopenia ou trombocitopenia, vigência de doença pulmonar, disfunção 
importante hepática e renal, amamentação, embrião com BC... 
• Antes de iniciar o tratamento, devem ser realizados → hemograma, 
enzimas hepáticas, creatinina e tipagem sanguínea 
 
GRAVIDEZ ECTÓPICA NÃO TUBÁRIA 
Gravidez Ovariana 
• É a forma mais comum de gravidez ectópica localizada fora do oviduto e corresponde a 0,5 a 3% das gestações ectópica 
• A maioria tem rompimento precoce, uma vez que o ovário apresenta pouca capacidade de distensão 
o As causas não estão totalmente esclarecidas, contudo alguns estudos relatam uma forte associação com o uso de DIU 
• Em geral, o diagnóstico é feito apenas durante a cirurgia, muitas vezes confundido com o de corpo lúteo roto → somente 
possível ter certeza do diagnóstico com o exame anatomopatológico 
o Recentemente, a USG tem possibilitado o diagnóstico antes da rotura 
• A conduta é a ooforectomia ou cistectomia por laparotomia → nos dias atuais, muitos casos têm sido tratados com laparoscopia 
ou tratamento medicamentoso 
 
Gravidez Intersticial 
• Ocorre em 2 a 4,7% das gestações ectópicas, sendo responsável por 2,5% das mortes maternas nos EUA 
• A maioria apresenta dor, atraso menstrual, sangramento vaginal e, por vezes, choque hemorrágico por rotura uterina 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
o Pela capacidade de distensão miometrial,a rotura uterina em geral ocorre entre a 9ª e a 12ª semanas de gravidez, 
porém algumas vezes ultrapassa a 16ª semana. 
• O único fator de risco é a salpingectomia anterior, presente em 25% dos casos → ressecção cuneiforme após a salpingectomia 
não protege de futura gestação intersticial 
• O diagnóstico muitas vezes é difícil, sendo necessário laparoscopia → a USG tridimensional e a ressonância nuclear magnética 
têm auxiliado no diagnóstico não invasivo 
• Em casos de gestação intersticial íntegra em pacientes com desejo reprodutivo, pode-se optar por condutas conservadoras 
o A administração local ou sistêmica de metotrexato parece ser alternativa interessante, com taxa de sucesso de 83% 
 
Gravidez Cervical 
• A gravidez cervical é aquela cuja implantação ocorre no canal endocervical → menos de 1% das gestações ectópicas e tem sido 
associada a alta morbidade e resultados adversos para o futuro reprodutivo da paciente 
o O principal fator predisponente é a curetagem uterina, sobretudo a realizada para interrupção da gestação. 
• A manifestação clínica mais frequente é sangramento indolor no 1º tri da gravidez 
o Orifício externo do colo entreaberto, orifício interno fechado e alargamento desproporcional da cérvix 
o À ultrassonografia, evidenciam-se a cavidade corporal do útero vazia, saco gestacional no canal endocervical, a invasão 
trofoblástica no tecido endocervical e a presença de fluxo peritrofoblástico. 
• Atualmente, o tratamento conservador é o mais empregado → metotrexato sistêmico ou local, acompanhado de cloreto de 
potássio quando há atividade cardíaca do produto conceptual, apresenta taxa de sucesso > 80% 
o Outras opções → dilatação e curetagem com tamponamento por sonda de Foley e embolização das artérias uterinas. 
▪ Eventualmente pode ocorrer hemorragia, impondo a realização de histerectomia 
 
Gravidez Abdominal 
• Ocorre na proporção de um caso para cada 10 mil nascidos vivos e representa 0,15 a l,4% das gestações ectópicas 
• Ela pode ser classificada em primária, se a implantação acontece diretamente sobre o peritônio 
o Ou secundária, se a nidação abdominal ocorre após abortamento tubário ou extensão intraligamentar 
• A mortalidade materna é alta, 7,7x maior que a da gravidez tubária 
• Se a placenta for retirada no momento da extração fetal, pode ocorrer sangramento excessivo → se deixada in situ, pode advir 
hemorragia, sepse, abscesso, obstrução intestinal e formação de fístulas intestinais 
• Os sintomas mais comuns são amenorreia, dor abdominal agravada pelos movimentos fetais nos casos de gestação avançada, 
sangramento vaginal e alterações do trânsito intestinal 
o A palpação, evidenciam-se feto disposto em situação transversa ou oblíqua e ausência de contratilidade uterina 
▪ Diagnóstico confirmado pelos exames de imagem 
• Frequentemente, observam-se malformações fetais, como assimetria facial e/ou craniana, hipoplasia de membros, alterações 
articulares e malformações do sistema nervoso central 
 
❖ O tratamento depende fundamentalmente da vitalidade e da viabilidade do produto conceptual 
• Classicamente, uma vez estabelecido o diagnóstico, procede-se à interrupção da gravidez por laparotomia 
• Quando o diagnóstico é tardio, diante de feto vivo e viável, pode-se aguardar com a paciente hospitalizada, até que o produto 
conceptual se ressinta com menor gravidade das possíveis consequências da prematuridade. 
• A princípio, deve-se remover a placenta, exceto se implantada em região com estruturas vitais ou vasos de grande calibre 
o Algumas vezes pode ser deixada in situ e sua reabsorção pode ser acompanhada por ultrassonografia e dosagem 
seriada de beta-hCG. 
• Administração de metotrexato com o intuito de acelerar a reabsorção placentária, em casos de gravidez abdominal avançada, 
pode produzir grande quantidade de material necrótico e favorecer a instalação de infecção materna grave 
 
Gravidez Heterotópica 
• Em clínicas de reprodução assistida, a incidência desse tipo de gravidez pode atingir taxas altíssimas, chegando até a 1:100 
gestações após fertilização in vitro 
o Esse fato decorre da associação entre fator tubário como causa de esterilidade, uso de drogas indutoras de ovulação e 
transferência de vários embriões. 
• Os sintomas não diferem daqueles observados na gravidez tubária → muitos são diagnosticados por ecografia de rotina 
• O tratamento cirúrgico é o preferível, entretanto há casos tratados com sucesso com a aplicação de injeção de glicose 
hipertônica ou cloreto de potássio no saco gestacional ectópico 
• Havendo morte do produto conceptual localizado fora da cavidade uterina, a conduta expectante pode ser uma alternativa 
 
Gravidez Em Cicatriz De Cesárea 
• Forma rara de gravidez ectópica e tem sido considerada uma das complicações da implantação placentária decorrente do 
aumento considerável na incidência de operações cesarianas 
• Consiste na implantação e desenvolvimento dos produtos da concepção na intimidade do miométrio de uma cicatriz de cesárea 
o Representa entre 1 e 2% de todas as gestações ectópicas. 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
• Representa condição de risco iminente e, caso não diagnosticado e rapidamente solucionado, pode resultar em rotura uterina, 
hemorragia e morte materna 
• O diagnóstico pode ser feito por meio de USGTV, USG 3D, USG com Doppler colorido e ressonância nuclear magnética 
• Tto deve ser individualizado e depende do desejo de gravidez futura, do tamanho da massa ectópica, idade gestacional, e da 
estabilidade hemodinâmica da paciente → a interrupção da gravidez no 1º tri é melhor p prevenir as complicações 
• Algumas podem estar implantadas parcialmente na cavidade uterina e podem progredir e resultar no nascimento de recém-
nascido vivo → outras estão implantadas profundamente na cicatriz uterina e podem ocasionar rotura ainda no 1º ou 2º tri 
 
Doença Trofoblástica Gestacional 
• Doença trofoblástica gestacional é um termo que engloba um conjunto de alterações que surgem a partir do trofoblasto humano 
e apresentam como característica comum o antecedente gestacional 
o Essas alterações se caracterizam pela proliferação anormal dos diferentes tipos de epitélio trofoblástico (citotrofoblasto, 
sinciciotrofoblasto e trofoblasto intermediário) 
• A OMS classifica a DTG em diferentes entidades anatomoclínicas 
o As malformações das vilosidades coriônicas que predispõem neoplasias malignas → mola hidatiforme 
▪ E neoplasias trofoblásticas gestacionais → coriocarcinoma gestacional, tumor trofoblástico do sítio placentário 
e tumor trofoblástico epitelioide 
• O termo refere-se às doenças com potencial para invasão local e emissão de metástases 
• Descreve ainda duas entidades benignas (sítio placentário exagerado) que não configuram DTGs, pois não apresentam 
associação com comportamento maligno. 
 
❖ Todas as formas de apresentação da DTG são caracterizadas pela presença sérica de um marcador tumoral biológico e específico 
do fragmento beta da gonadotro na coriônica humana (beta-hCG) 
• A análise histológica minuciosa permite distinguir os diferentes estágios da doença 
o Mola hidatiforme completa (MHC) 
o Mola hidatiforme parcial (MHP) 
o Mola hidatiforme invasora (MHI) 
o Coriocarcinoma (CCA) 
o Tumor trofoblástico do sítio placentário (TTSP) 
o Tumor trofoblástico epitelioide (TTE) 
 
❖ DTG apresenta variação ampla em diferentes regiões do mundo 
• A prevalência da MH varia de 23 a 1.300/100.000 gravidezes → as formas malignas são mais raras (2,5 a 7/100.000 gestações) 
o No Brasil, estima-se um caso de gravidez molar em cada 200-400 gestações 
• FATORES DE RISCO → idade materna > 35 anos e história prévia de DTG 
 
Aspectos Clínicos E Citogenéticos 
MHC → Mola Hidatiforme Completa 
• Resultado da fecundação de um óvulo vazio por um espermatozoide que se duplica ou por dois espermatozoides, resultandoem 
um ovo com cariótipo 46, XX ou 46, XY (partenogenoma) 
• Devido às características inteiramente de origem paterna, uma MHC deve ser considerada um aloenxerto paterno 
• A aneuploidia pode também ocorrer e raramente MHs tetraploides têm sido descritas 
 
MHP → Mola Hidatiforme Parcial 
• Resultado da fecundação de um óvulo haploide por 2 espermatozoides ou duplicação de um espermatozoide, resultando em um 
cariótipo triploide (69, XXX, 69,XXY ou 69,XYY) 
• Único tipo associado à presença de um feto, com atividade cardíaca fetal identificada por detector dos BCF ou por US 
• MHP pode estar associada a alta taxa de óbitos intrauterinos, quase sempre relacionados a triploidia, característica desse tipo 
o Apresenta-se erroneamente diagnosticada como gestação interrompida/anembrionada 
• Diagnóstico correto só será firmado com o estudo anatomopatológico do material obtido com o esvaziamento uterino 
o Por isso são muito menos propensas à progressão para NTG 
 
NTG → Neoplasias Trofoblásticas Gestacionais 
• Pode ocorrer após uma gravidez molar ou não molar → taxas de 15 a 20% após MHC e 3 a 5% após MHP 
• Sintoma mais comum é o sangramento vaginal → perfuração uterina com hemoperitônio é rara 
• A maioria dos casos de NTG localizada tem origem em uma MHI, ainda que alguns espécimes possam originar-se de um CCA 
o Doença metastática, por sua vez, tem origem frequente de casos de CCA 
• NTG após uma gravidez não molar é diagnosticada pela anatomopatologia, pela curva de eliminação ascendente ou em platô do 
beta-hCG → diagnóstico relaciona-se, quase sempre, ao CCA e, raramente, ao TTSP 
 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
CCA → Coriocarcinoma 
• Ocorre em aproximadamente 1/150.000 gestações normais, 1/15.000 abortos e 1/40 gravidezes molares completas 
o Cerca de 50% surgem após uma MHC, 25% após gravidez normal e 25% após aborto espontâneo/gravidez ectópica 
• Forma de NTG mais agressiva e caracteriza-se pela invasão vascular precoce e metástases generalizadas 
o Frequentemente cursa com sangramento transvaginal irregular 
• Apresentação clínica típica é a hemorragia pós-parto tardia, que persiste além das habituais 6-8 semanas 
o Sangramento vaginal anormal pode desenvolver-se 1 ano ou mais após gravidez de evolução normal 
• Sintomas respiratórios (tosse, dor torácica e hemoptise), de hemorragia intracerebral, gastrintestinais e urológicos são 
indicativos de doença metastática → envolvimento hepático na doença avançada pode causar dor epigástrica ou no QSD 
• EF, em geral, revela útero aumentado de volume e cistos ovarianos bilaterais 
 
TTST → Tumores Trofobásticos Do Sítio Placentário 
• Tumores raros, de crescimento lento, derivados das células intermediárias do citotrofoblasto → menos de 0,2% dos casos de dtg 
o Costumam apresentar-se meses a anos após uma gestação de termo 
• Sangramento vaginal irregular, amenorreia e útero pouco aumentado são achados comuns 
• Em comparação com os outros estágios histológicos da DTG, a concentração do beta-hCG no plasma é relativamente baixa em 
relação ao volume tumoral → mais de 30% das pacientes já apresentam metástases quando do diagnóstico 
 
TTE → Tumor Trofoblástico Epitelioide 
• Também raro e cursa com sangramento genital irregular, geralmente após algum processo gestacional 
o Tambem com níveis baixos de beta-hCG → ddx com TTSP E CCA 
• Metástases pulmonares ocorrem em cerca de 25%, e óbito em 10% 
 
Manifestações Clínicas 
• USG e dosagem de b-hCG tem diagnosticado mais antes de aparecer as manifestações 
• Manifestações incluem sangramento transvaginal de repetição e intensidade variável, pela separação do tecido molar da decídua 
subjacente → inicialmente pode mimetizar quadro de aborto incompleto 
• Útero aumentado de volume para a idade gestacional em cerca de 20% a 50%, devido à presença do tecido molar e/ou pela 
retenção de coágulos 
• Cistos tecaluteínicos em 20% → refletem hiperestimulação ovariana resultante de níveis circulantes elevados do beta-hCG sobre 
a teca dos ovário → frequentemente bilaterais, multiloculados e regridem semanas a meses a após a negativação do HCG 
o Podem representar sequelas trofoblásticas 
• Náuseas e vômitos → comuns, podendo haver hiperêmese em gestações molares evoluídas, associadas a úteros volumosos e 
grande quantidade de material intracavitário 
• Hipertireoidismo → costuma apresentar normalização espontânea com a regressão do hCG e cura da doença molar 
o Certas pacientes exigirão terapia antitireoidiana e bloqueio de sintomas periféricos até a remissão definitiva 
• Sinais de pré-eclâmpsia antes da 20ª sem → a pré-eclampsia leve é observada em ate 25% → de modo geral, não necessita 
tratamento específico, ainda que alguns autores associem a gestação molar a quadros graves e síndrome HELLP 
• Eliminação de vesículas hidrópicas pela vagina, de entremeio com o sangue → em 25% a pcte informa a eliminação de 
vesículas, vilosidades hidrópicas entremeadas aos coágulos eliminados pela vagina 
 
Diagnóstico 
• O atraso menstrual geralmente está presente, e a pcte com MH queixa-se principalmente de sangramento vaginal 
o Habitualmente indolor, iniciado entre a 4ª e a 16ª semana de amenorreia → 75% e 95% das pacientes 
• Entre um e outro episódio hemorrágico, pode-se haver eliminação de secreção serosa clara, de odor desagradável, decorrente 
da liquefação dos coágulos intrauterinos 
o A eliminação de vesículas é excepcional, mas, quando ocorre, pode-se firmar o diagnóstico 
• Há intensas alterações endócrinas, sendo comum náuseas e vômitos incoercíveis → hiperêmese gravídica, suscetível de levar 
36% das pacientes a emagrecimento e desidratação 
• Manifestações da gravidez são exacerbadas 
 
Exames físico e ginecológico 
• No EF → útero aumentado para a IG (quando sua altura excede em 4 cm ao tamanho esperado) 
o É fator de risco para NTG pós-molar, além de maior risco de embolização trofoblástica maciça para os pulmões 
• Exame pélvico revela cistos teca-luteínicos dos ovários, uni ou bilaterais, pela estimulação da teca dos ovários pelo b-hCG 
• Incidência é mais baixa nos casos de MHP, encontrando com maior frequência quando a propedêutica incorpora a USG 
o A benignidade e a regressão espontânea desses cistos determinam conduta expectante 
• A avaliação da PA pode diagnosticar pré-eclâmpsia precoce, antes da 20ª semana de gravidez (10% dos pctes com MH) 
• Manifestação de hipertireoidismo ocorre em aproximadamente 2% e consiste em taquicardia, hipertensão arterial, tremores nos, 
intolerância ao calor, fraqueza muscular, sudorese, reflexos hiperativos, perda de peso e ansiedade 
o Função tireoidiana é avaliada com a dosagem de TSH e T4 livre em pacientes com MH 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
Dosagem de HCG 
• A HCG é marcador biológico da MH → dosagem quantitativa do b-hCG é importante, pois seus níveis estarão mais elevados do 
que o esperado para a IG normal 
o US de 1º trimestre nesses casos, por vezes vai sugerir mais frequentemente a interrupção prematura da gravidez 
• É valor ter um resultado de β-hCG quantitativo no tempo da US para o ddx entre aborto hidrópico e MH. 
o São frequentes os produtos de aborto desprezados nas maternidades, sem análise histopatológica 
▪ Dosagem de beta-hCG será capaz de detectar se existe tecido trofoblástico persistente, 4 semanas depois do 
esvaziamento uterino 
• Miomas uterinos submucosos degenerados apresentam à US imagem semelhante à da MH → dosagem de beta-hCG é 
importante, uma vez que miomas não produzem HCG 
 
USG 
• US na rotina pré-natal de 1º trimestre permitiu a diminuição das complicações clínicas da MH, tais como anemia, hiperêmese, 
pré-eclâmpsia e hipertiroidismo 
• Permite o planejamento cirúrgico com vistas ao esvaziamento uterino, preferencialmente por vácuo-aspiraçãouterina 
❖ MHC → se observa eco endometrial hiperecoico, preenchido por imagens hipoanecogênicas, irregulares, centrais ou margeando 
o miométrio, na ausência de embrião-feto 
• É frequente a identificação de útero aumentado para a IG e policistose de ovários 
o 25% a 50% das gravidezes molares não são diagnosticadas à US devido à idade gestacional precoce 
❖ MHP → sem dificuldade de diagnostico após a 12ª semana de gravidez, estando integro o feto 
• Imagens císticas da placenta e feto com malformações grosseiras sinalizam triploidia, compatível com MHP 
• Mais vistos no 2º tri, mas não é o cenário mais frequente → o concepto triploide evolui com óbito precoce 
o A degeneração da placenta e a reabsorção embrionária se confundem com aborto hidrópico 
▪ O saco gestacional apresenta-se aumentado e com limite interno pouco definido 
▪ O útero apresenta dimensões compatíveis com a idade gestacional 
• Cenário tão inespecífico faz com que somente 30% das MHP de 1º tri ou início do 2º sejam diagnosticados pela US 
• As técnicas da biopsia do vilo corial e da amniocentese são utilizadas para amostras de células fetais e exame do cariótipo 
 
Exame histopatológico 
• Forma mais comum de confirmação do diagnóstico de MH 
❖ MHC apresenta-se à macroscopia com vesículas na totalidade placentária e ausência de tecido fetal e membranas ovulares 
• Vesículas entremeadas em coágulos sanguíneos e possuem aparência translúcida → cheias de líquido claro com diâmetro de 1 a 
1,5 mm no 1º e de 1,5 a 3 cm no 2º, podendo pesar até 2.000g e ocupar até 3 litros 
o Cada vesícula é uma vilosidade corial que se tornou macroscópica pela degeneração hidrópica do estroma vilositario 
• Os aspectos histológicos são bem definidos no 2º tri pela presença de vilosidades aumentadas, avasculares, com edema do 
estroma e formação de cisterna central 
o Há marcada proliferação trofoblástica circunferencial, em toda a volta da superfície vilositária 
 
❖ MHP caracteriza-se pela presença focal de vesículas na placenta, associada à presença de concepto e/ou membranas ovulares 
• As vesículas são menores e entremeiam área de vilosidades normais 
• O feto é pequeno e apresenta múltiplas más-formações características da triploidia, raramente ultrapassando o 2º tri vivo 
• Apresenta vilosidades hidrópicas com cisternas centrais, entremeada por vilosidades normais 
o A proliferação trofoblástica é focal na superfície vilositária, com discreta anaplasia 
• Há vasos contendo hemácias nucleadas, fetais, a indicar existência de concepto, ainda que seus remanescentes não possam ser 
evidenciados pela degeneração do embrião 
• Interrupção da gravidez molar no 1º tri torna difícil o diferencial entre MHC, MHP e aborto hidrópico 
 
Genética 
• Aproximadamente 75% a 80% dos casos de triploidia são decorrentes de MHP e os restantes 20% a 25% dos conceptos 
triploides têm origem materna e constituem estado de diginia 
• A citometria de fluxo permite distinguir entre diploidia (no caso de MHC) e triploidia (MHP ou aborto) no material placentário, o 
que nem sempre resolve o diagnóstico, uma vez que 20% a 25% das triploidias decorrem de aborto hidrópico por diginia 
• Análise de microssatélites determina a origem parental dos cromossomos, útil no diferencial entre MHC, MHP e aborto hidrópico 
• Hibridização fluorescente in situ (FISH) evidencia o cariótipo e detecta alterações cromossômicas 
 
Imunoistoquímica 
• O gene que codifica a proteína p57KIP2 se expressa por seu alelo materno, por isso sua presença na imunoistoquímica só é 
detectada nos casos em que genes maternos estão presentes 
o Na MHC, ambos os complementos cromossômicos são de origem paterna (androgenética) 
o Na MHP e no aborto hidrópico, genes maternos estão presentes → a positividade para expressão do p57KIP2 encontra-
se acima de 50% das células 
 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
Tratamento Da Mola Hidatiforme 
Aspiração intrauterina 
• Técnica de escolha p esvaziamento molar → menor risco de perfuração, infecção e permanência de restos molares no útero 
• Faz-se dilatação do colo uterino em 8 mm, podendo usar ocitocina para promover contratilidade uterina no procedimento 
• Pacientes Rh- necessitam receber a imunoglobulina anti-Rh após a curetagem, porque o trofoblasto expressa o antígeno RhD 
• Em mulheres > 40 anos e número de filhos definido, a histerectomia pode ser uma alternativa viável 
o Elimina o risco de invasão local, mas não previne a disseminação de metástases 
 
Preparo do colo uterino 
• Prostaglandina (misoprostol) ou laminária podem ser utilizadas para auxiliar o amadurecimento do colo em pacientes 
selecionadas, especialmente quando do diagnóstico precoce da MH 
• O intervalo de tempo entre o preparo cervical e o esvaziamento uterino não deverá ser > 6 horas 
• Pacientes com idade avançada, antecedente de dilatação do colo e/ou partos vaginais prévios podem beneciar-se com o preparo 
do colo uterino pré-esvaziamento 
 
Seguimento pós-molar com remissão espontânea da MH 
• Na maioria das pacientes ocorre diminuição progressiva dos valores do beta-hCG e nenhum tratamento adicional é necessário, 
mas seguimento pós-molar é importante para garantir que evolução clínica da MH foi para a remissão espontânea 
• O principal é a dosagem do beta-hCG plasmático quantitativo mensurado semanal ou quinzenalmente, até a normalização por 3 
dosagens consecutivas, seguida de avaliação mensal durante 6 meses 
• O início da contracepção deve ser proposto imediatamente após o esvaziamento e permanece no tempo de seguimento 
• Na alta do seguimento, deve haver orientação adequada às pacientes com desejo de nova gravidez. 
o Uso de ácido fólico (400 mcg dia) na preconcepção, 60 a 90 dias antes, mantendo-o até a 12ª semana de gravidez 
o Realização de US obstétrica entre a 8ª e a 10ª semana de gravidez para que possa ser descartada a repetição da MH 
o Exame do beta-hCG quantitativo 6 semanas depois do término de qualquer tipo de gravidez, para identificar NTG 
 
Seguimento pós-molar com evolução para NTG 
• NTG é diagnosticada pela curva de regressão anormal do beta-hCG, pelos valores estacionários (curva em platô) ou em elevação 
(curva em ascensão) (15-40% de incidência) 
o Platô → definido por quatro valores ou mais do beta-hCG, por pelo menos 3 semanas consecutivas (1º, 7º, 14º e 21ºd 
o Elevação → aumento do beta-hCG em 10% ou mais, por pelo menos 2 semanas consecutivas (1º, 7º e 14º dia) 
• Nos casos de platô ou ascensão do beta-hCG, é necessário exame clínico e ginecológico, USTV com Doppler e rx de tórax 
o Exame ginecológico pode, às vezes, surpreender nódulo violáceo ou escurecido, sangrante à manipulação 
o USTV com Doppler fluxometria é importante para descartar gravidez e avaliar doença na pelve 
o Raio-X de tórax é essencial, uma vez que os pulmões mais acometido por metástases 
▪ Metástases pulmonares são primárias e decorrem da disseminação via venosa, enquanto as cerebrais e 
hepáticas são secundárias e arteriais. 
• Diagnóstico é químico-hormonal e não necessita de exame histopatológico ou identificação de lesões nos exames de imagem 
 
 
Tratamento Da Neoplasia Trofoblástica Gestacional 
• Sistema de estadiamento FIGO 2000 → determinará os grupos prognósticos de NTG, baixo e alto risco, para resistência ao 
tratamento com quimioterapia por agente único 
• O estadiamento associa a distribuição anatômica da NTG (estádios I, II, III e IV) com o escore de risco da OMS 
• Um valor de 0, 1, 2 ou 4 é dado para cada fator de risco e o somatório desses valores classifica a paciente 
o Escore de 6 ou menos → baixo risco, tratada com agente único de QT 
o Escore de 7 ou mais → alto risco e necessita de QT por múltiplos agentes 
• O estádio IV é considerado NTG de alto risco e independe do valor do escore 
 
Tratamento Da NTG De Baixo Risco 
• As pacientes são tratadas inicialmente com agenteúnico, metotrexato (MTX) ou actinomicina D (ACTD) 
• MTX e ácido folínico → MTX/FA – 8 dias, MTX 1 mg/kg nos dias 1, 3, 5 e 7 seguido por FA 0,1 mg/kg nos dias 2, 4, 6 e 8 
• MTX sem ácido folínico em regime de cinco dias → 0,4 mg/kg – máximo de 25 mg/dia durante cinco dias 
• ACTD → 0,5 mg/dia em regime de cinco dias ou 1,25 mg/dia a cada 15 dias 
o Em geral esses protocolos são mais efetivos que outros protocolos de agente único 
o MTX de primeira linha pela eficácia, menor toxicidade e baixo custo 
• Outros fatores associados à falha do tratamento inicial incluem idade avançada, valor elevado de beta-hCG, pré-tratamento 
quimioterápico, antecedente de gravidez não molar, doença metastática e escore de risco FIGO 5-6 
• A maioria dos especialistas recomenda consolidação do tratamento da NTG de baixo risco com 3 ciclos adicionais, depois de 
alcançado o primeiro valor normal do beta-hCG (QT de consolidação) 
• HTA é uma alternativa em pacientes de idade avançada (superior a 40 anos) e prole definida 
 
OBSTETRÍCIA Kamila Maragno Peruch UNESC – Turma 192 
Tratamento Da NTG De Alto Risco 
• Protocolo EMA/CO → etoposídeo, MTX, ACTD na fase 1 e ciclofosfamida e vincristina na fase 2 
• Alguns preferem o protocolo EP/EMA modificado → etoposídeo e cisplatina na fase 1 e etoposídeo, MTX e ACTD na fase 2 
o QT deve ser mantida por pelo menos 3 ciclos após a negativação do beta-hCG, caracterizando o tratamento de 
consolidação, minimizando-se a NTG recidivante 
• A cirurgia é útil para remoção de doença residual localizada e resistente ao tratamento quimioterápico em pacientes com NTG de 
alto risco, especialmente HTA e ressecção pulmonar 
o Antes do procedimento cirúrgico, deve-se propor o rastreamento da NTG por exames de imagem 
• Radioterapia em combinação com a QT por múltiplos agentes é indicada para tto de metástases cerebrais e hepáticas, 
dependendo da extensão das lesões, pelo seu efeito hemostático e antitumoral 
• Portadoras de NTG resistente são frequentemente expostas a muitos agentes e protocolos → pode ser necessário uso de fator 
estimulante de colônias granulocíticas GSF para evitar descontinuidade do tto por neutropenia e possibilidade de resistência à QT 
 
FUTURO REPRODUTIVO APÓS A DTG 
• Prevenção primária de qualquer DTG é não engravidar 
• Diante de nova gravidez, pacientes devem ser orientadas a ter atenção à realização de US no 1º tri para detectar precocemente 
a evolução normal da gestação 
o Ao término de qualquer gravidez, a paciente deve ser submetida a dosagem de hCG após 42 dias, com o intuito de 
afastar a rara possibilidade de NTG pós-parto 
 
LITERATURA:+ 
- Tratado de Obstetrícia da FEBRASGO 
- Obstetrícia – Zugaib (3ª edição)

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