Buscar

TEOLOGIA SISTEMÁTICA III-Aula 4-Espírito Santo no Novo Testamento em Geral

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

(
(Fonte:
 
Paolo
 
Gallo
 
/
 
Shutterstock)
)Teologia Sistemática III
Aula 4: Espírito Santo no Novo Testamento em geral
Apresentação
Esta aula apresenta o desenvolvimento da doutrina e da experiência do Espírito Santo no âmbito da literatura paulina.
Estudar a doutrina teológica do Espírito Santo no Novo Testamento é mergulhar nas significações da ação de Cristo Ressuscitado e assim aceder às experiências pentecostais própria da
comunidade dos discípulos. O Novo Testamento é um testemunho dessa ampla ação do Espírito Santo, primeiro na vida e na ação do Cristo, e depois nas de seus discípulos.
Objetivos
Compreender a doutrina do Espírito Santo no âmbito do restante dos escritos neotestamentários;
Reconhecer os âmbitos da pneumatologia (teologia do Espírito Santo) na literatura paulina e do Apocalipse.
Premissa
O Espírito Santo é o intercessor que nos introduz na vida da Trindade, para a realização do projeto de Deus, na adoção filial, na glorificação dos filhos de Deus e da própria criação (Rm 8,19-27). Habitando em nós (Rm 8,9), faz morrer as obras do pecado (Rm 8,12). Ele comunica a verdadeira paz, que é
comunhão na vida feliz de Deus. É Aquele que "vem em auxílio de nossa fraqueza porque nem sabemos o que convém pedir" (Rm 8,26).
Nesta aula trataremos de uma importante tradição do Novo Testamento, indispensável para
conhecermos o patrimônio pneumatológico. Já pudemos ver isso nos Evangelhos (de Lucas, em
particular, e de João, com as promessas do Espírito da Verdade), e agora é a vez do grande São Paulo, teólogo da primeira hora cristã.
Sobre o Espírito Santo no Novo Testamento, temos na teologia de São Paulo1
um grande acervo
de compreensão acerca da identidade e da ação da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade.
 (
Atenção!
 
Aqui
 
existe
 
uma
 
videoaula,
 
acesso
 
pelo
 
conteúdo
 
online
)
É muito ampla e diversificada a afirmação de fé e, sobretudo, muito rica a experiência do Espírito Santo no Novo Testamento.
Comentário
Aqui nos cabe uma análise do ponto de vista da Igreja, seja porque ela o experimenta, seja porque fala sobre Ele, até formular um artigo de fé, onde afirma a “Personalidade” do Espírito de Deus, revelado definitivamente em Jesus Cristo.
Como dissemos, o Espírito é um objeto complexo em relação à Igreja, pois, de um lado, Ele mediu o conhecimento que a Igreja tem de si própria; e, por outro, é a Igreja que fixa uma linguagem sobre o Espírito que corresponda à consciência Divina da terceira pessoa da Trindade, como a conhecemos na linguagem da tradição ortodoxa da Trindade.
O Mistério da Igreja ela o conhece, somente em contato com o Espírito, pois este dá acesso ao âmago do Cristo e, assim, ao epicentro de sua consciência, enquanto Igreja.
O cristão, pela graça batismal, é introduzido na intimidade da vida trinitária, partilhando da sua riqueza na comunidade eclesial. A plena comunhão da Trindade manifesta-se na Comunidade-Igreja e oferece vida nova (Ef 4,24; Cl 3,10) de relacionamento de filhos com o Pai (Gl 4,6). O Espírito ensina, santifica e conduz o Povo de Deus através da pregação e da acolhida da Palavra, da celebração dos
sacramentos e da orientação dos pastores. Distribui também graças ou dons especiais "a cada um
como lhe apraz" (1Cor 12,11), sempre "para a utilidade comum". Por essas graças, Ele "os torna aptos e prontos a tomarem sobre si os vários trabalhos e ofícios, que contribuem para a renovação e maior incremento da Igreja” (1Cor 12,2).
O Espírito Santo distribui seus dons aos fiéis, de tal forma que ninguém possui todos eles, como ninguém está totalmente privado deles (1Cor 12,4ss). Esses dons são sempre para o serviço da comunidade (1Cor 14). Não é a experiência dos carismas que exprime a perfeição da salvação, mas a caridade que deve perpassar toda a vida do cristão (Mc 12, 28-31; 1Cor 13). Procurá-la é o primeiro e melhor caminho para a edificação do Corpo de Cristo, que é a Igreja (1Cor 12,31-13,13). (BORGES, 2013).
 (
Atenção!
 
Aqui
 
existe
 
uma
 
videoaula,
 
acesso
 
pelo
 
conteúdo
 
online
)
A figura histórica de Paulo
Cronologia
Para a maioria dos autores, é bastante fácil delinear o quadro geral da vida de Paulo. Nascido pelo início da Era Cristã, por volta do ano 5 d.C., converte-se e entra no círculo dos seguidores de Cristo, e sobe muitas vezes a Jerusalém (encontrando-se com Pedro).
A partir de uma intensa atividade missionária, ele se tronou um peregrino e percorreu todo o arco do Mediterrâneo Oriental, com paradas prolongadas em Antioquia da Síria, Corinto, Éfeso e Roma, onde morreu sob o período de Nero (64-66?).
É mais difícil precisar cronologicamente os episódios da vida, as viagens e a morte, esta indicada por alguns autores como ocorrida no início do período de Nero, enquanto para outros se deu no fim. O referimento mais seguro é a inscrição de Delfi, que indica o pró-cônsul romano Galião no período 50- 51 como residente em Corinto (cf. At 18,12).
Dois esquemas cronológicos nos ajudam a compreender sua vida:
Ato dos Apóstolos	Segundo as Cartas
Tendo como clássico e tradicional referimento. Missão Paulina vem escalonada em diversos momentos:
1. Concílio de Jerusalém (49-50) depois da primeira viagem;
2. A prisão em Cesareia, entre 58-60;
3. Em 60-62, período do cárcere romano;
4. Em 64 ou 67, a segunda prisão e a morte.
1. 
Concílio de Jerusalém: 50-51, depois da
segunda viagem que levou Paulo à Grécia;
2. 52-55, Éfeso, pela segunda vez;
3. 56, prisão em Jerusalém, prisão em Cesareia;
4. 57-58, viagem a Roma;
5. 58-60, domicílio forçado em Roma;
6. 60, martírio sob Nero.
A conversão
Os textos Gal 1,13 e At 8,1 são elementos hermenêuticos importantes na compreensão das cartas (literatura paulina), relatados por Atos, três vezes, At 9,22 (Paulo), 26 (Paulo).
Nas Cartas, torna-se um argumento constante, de modo apologético ou polêmico, defender-se dos adversários e indicar o fundamento que sustenta sua vida (1 Cor 15,8; Gal 1,15-16; Fil 3,12).
A conversão de Paulo, como lemos nos diversos textos, apesar do seu
caráter autobiogrográfico, aparece sensivelmente teologizada e reflete uma leitura retrospectiva do evento à luz de toda a vida do apóstolo e do caminho da Igreja.
Homem de três culturas
Paulo possui a envergadura de um verdadeiro "cosmopolita" (expressão de A. Deissmann).
Hebreu: At 21,39
Clique nos botões para ver as informações.
No interrogatório após a prisão a Jerusalém, ele se identifica como pertencente à diáspora hebraica dispersa no mundo helenizado.
2Cor 11,22; contra os contestadores da sua autoridade apostólica;
Fil 3,5-6; faz polêmica contra o argumento "carnal" da descendência;
Rom 9,3-5; surge a lúcida consciência teológica de pertencer por nascimento ao povo chamado por Deus para um desígnio de Salvação a favor de toda a Humanidade;
Em Gal 2,15 quase com orgulho separatista;
Convertido a Cristo, Paulo vive em um clima espiritual hebraico: seu calendário é hebraico (1Cor 16,8) duas vezes, nos Atos se relatam votos (AT 18,18; 21, 17-26);
As Escrituras: LXX como o TM vem utilizados com destreza, através das técnicas de interpretação mais profundas: 1Cor 10, 1-10: Midrash de Páscoa;
At 22,3: Gamaliel (Mesh, Sotr 9,15: o Ancião).
Paulo, hebreu de origem
Sobre o rio Adno, era naquele tempo como Elade no Apogeu esplendor de estudo helenístico e cosmopolita, Pátria do estoicismo:
a) O ideal da autossuficiência ética (Til 4,11);
b) Filosófico-religioso: a transparência de Deus no mundo (Rom 1,19-20).
Todo o quadro da sua atividade se coloca dentro de uma moldura cultural helenística:
a) Uso gramatical e retórico da língua grega (Rom 5,20; 8,26; 2Cor 7,4; verbos com diversas preposições);
b) Uso gramatical de "syn" para indicar a "simbiose" com colaboradores e amigos na
comunicação vital com Cristo, na morte, na ressurreição e na Glória (cf. Rom 6,45; Gal 2,19; Fil 3,10; Ef 2,6; Col 2,12; 3,1ss).
Não são raros os casos nos quais diversos termos contemporâneos à língua grega de Paulo vêm utilizados e dobrados ao usoe intenção de Paulo.
Romano
Paulus, nome latino, provavelmente desde a infância vê o império Romano de certa forma como uma estrutura a serviço das disposições diurnas (Rom 13,2-5):
Cada qual seja submisso às autoridades constituídas, porque não há autoridade que não venha de Deus; as que existem foram instituídas por Deus. Assim, aquele que resiste à autoridade opõe-se à ordem estabelecida por Deus; e os que a ela se opõem atraem sobre si a condenação. Em verdade, as autoridades inspiram temor, não porém a quem pratica o bem, e sim a quem faz o mal! Queres não ter o que temer a autoridade? Faze o bem e terás o seu louvor. Porque ela é instrumento de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, porque não é sem razão que leva a espada: é ministro de Deus, para fazer justiça e para exercer a ira contra aquele que
pratica o mal. Portanto, é necessário submeter-se, não somente por temor do castigo, mas também por dever de consciência.
At 22,28 - direito de cidadania Romano, desde o nascimento;
Roma nos seus programas missionários estava no vértice: Rom 15,22-24, outro lado do Carta dos Romanos.
Leia mais sobre Paulo:
 O maior missionário do cristianismo
Clique no botão acima.
O maior missionário do cristianismo
O Livro dos Atos oferece uma narração ordenada da obra missionária de Paulo. Esta se desenvolve provavelmente naquela parte da costa Mediterrânea denominada “a elipse da oliveira”, tocando as cidades de Damasco, Tarso, Antioquia, Chipre e Anatólia Sul-oriental: Filipos, Tessalônia, Bereca, Atenas, Corinto na Europa, e Éfeso, capital da Província romana da Ásia, e Roma, do capital do Império. Os dados provenientes das Cartas confirmam tal
quadro mesmo se não permitem de seguir a linearidade e de ancorá-lo sobre confirmar o esquema de uma tríplice expedição, como vem delineada em Atos.
a) Importância e característica
Ele escolhia intencionalmente os grandes aglomerados urbanos, sobretudo aqueles ainda não tocados pelo Evangelho, onde buscava fazer surgir ao menos uma pequena
comunidade cristã, animada e presidida por pessoas em particular, dedicadas e generosas (1 Ts 5,12-13; 1 Cor 16,15-16).
Tudo faz pensar que no âmago da metodologia missionária de Paulo, ele tinha em mira muito mais os povos, como tal, como seria comum aos pregadores ambulantes do seu tempo. O que ressalta o fato singular que ele não tinha se interessado por Alexandria no Egito.
Paulo tem a consciência, desde o início, de ter sido chamado a evangelizar aos gentios (Gal 1,16), e essa vocação vem confirmada por Pedro e pelos Apóstolos (Gal 2,9-10). Seu método de comunicação do Evangelho se prende na palavra, no exemplo e no amor, e unia à Palavra, que não é simples transmissão verbal, mas permeada pelo Espírito e pela potência de Deus que interpela os homens por meio de seus (2 Cor 5,20; 1 Tes 2,13; Rom 1,16 ): Revelação!
b) A Palavra vem corroborada pela força do “modelo humano”
A Exemplaridade ética tem sua origem da humanidade de Jesus e é particularmente importante para Paulo. Porque o Evangelho não é uma teoria, mas um modo de existência.
Paulo sabe que deve transmiti-lo com sua própria existência no "exercício" que isso comporta.
Os dois termos maiores que são usados neste contexto são "modelo" e "imitadores" (1 Cor 4,16; 1 Ts 1,6; Fil 4,9; 2 Ts 3,7).
c) O Amor
A Palavra, porém, parte do amor, e tende à edificação, isto é, à construção e ao crescimento espiritual dos singelos indivíduos e da comunidade (cf. 1 Ts 2,7-8; 2 Cor 4,15; 5,15; 6,12; Gal 4,15). É pronunciada em fidelidade e lealdade de espírito diante de Deus e diante dos
homens (cf. 1 Ts 2,1-12) com a franqueza (parresia; 2 Cor 3,12; Fil 1,20, Ef 3,12) e a limpidez cristalina (cilikrineia: 2 Cor 2,17), própria dos ministros da Nova Aliança. Além do aspecto "encarnatório" da Palavra (1 Cor 9, 12-23), que conduz o ministro ao âmago de seu tempo.
O conteúdo essencial da sua mensagem é aquele da "Tradição" (parádosis = tradição) apostólica (1 Cor 15, 1-5). De tal "verdade do Evangelho" nada pode ser subtraído (Gal 1,6-8; 2,5-14). Porém, em tal "tradição", enquanto o Evangelho exigia sua "tradução" em um estilo de vida e era destinado a produzir uma "nova criatura" (2 Cor. 5,17), Paulo se faz educador, pastor.
Diversos são os verbos que indicam a complexidade do projeto missionário Paulino: exortar, admoestar, instruir, dizer, evangelizar, anunciar, desejar, encorajar, dispor, ensinar, tornar
conhecido, confortar.
Paulinismo/antipaulinismo
"Reconhecei que a longa paciência de nosso Senhor vos é salutar, como também vosso caríssimo irmão Paulo vos escreveu, segundo o dom de sabedoria que lhe foi dado. É o que ele faz em todas as suas cartas, nas quais fala nesses assuntos. Nelas há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais Escrituras."
Paulo e sua tradição (2 Pd 3,13-16)
Origem: termo à Escola de “Tübingen”, isto é, protestantismo racionalista alemão: Paulo, herói protestante contra Pedro (petrinismo).
O fato: Nenhum outro personagem é tão documentado como Paulo.
 Centro da Teologia Paulina
Clique no botão acima.
Centro da Teologia Paulina
1º) A posição protestante
A dimensão antropológica do evento salvífico – impacto sobre o homem da obra redentora de Cristo, que se desenvolve em duas posições:
1.1) Tese luterana clássica (R. Bullman, E. Käsemann) – o centro do paulinismo é a doutrina da justificação pela fé sem obras, isto é, o Evangelho da Graça (Rom 4,5).
1.2) Schweitzer: participação do batizado, a vida (mesma) de Cristo, e, por isso, a experiência tendencialmente “mística” do Cristo (Rom 6,11; Rom 3,21-26).
Crítica: Não se deve confundir paulinismo com Paulo: o evento de Cristo tem um valor primário e fundante em relação ao seu resultado soteriológico.
2º) Posição católica
Privilegia a dimensão objetiva do evento salvífico (ad extra/extra nos).
Apesar de poder objetar, sobre a decisiva mediação da fé, aqui a cristologia é colocada em primeiro lugar, como centro do pensamento paulino.
Segundo Lucian Cerfaux, a intuição fundamental de Paulo está na concepção da Divindade de Cristo – onde está Cristo, existe a Presença de Deus, e Deus opera e se comunica
somente mediante Cristo (Cf. 2 Cor. 5,19).
Para Rudolf Schnackenbrurg, no entanto, a base sobre a qual se constrói e se concentra toda a cristologia paulina é o Kerygma primitivo da morte e Ressurreição de Cristo, que Paulo retoma e mantém como ponto focal de seu sistema.
Segundo Romano Penna é melhor concentrar-se sobre a figura de Cristo como tal a
prescindir de suas especificações. Se pudéssemos comparar a teologia paulina a um círculo, deveríamos dizer que Jesus Cristo é o centro; tudo aquilo que se afirma de Cristo é
constituído de raios, enquanto aquilo que constitui a soteriologia forma um círculo virtuoso.
Atenção
De fato, sobre a figura de Cristo e sua centralidade em Paulo, estão todos de acordo, desde S. Tomás até Lutero, mesmo que o luteranismo considere central o ponto de vista soteriológico. Porém, isso se pode afirmar de todo o Novo Testamento, isto é, a "centralidade" da figura de Cristo, na variação dos diversos escritos.
Mas o que distingue a centralidade de Cristo no paulinismo de origem pode ser observado entre níveis:
Vê-se bem como Jesus Cristo, para Paulo, não é narrado no passado da sua vida terrena, bem que se compendia essencial, e em termos fulgurantes na figura do Crucificado-ressuscitado (1 Cor 1,
1 23 s). Dessa maneira é assumida a formulação do Kerygma Primitivo (1 Cor 15, 3 - 5), mas se
desenvolve o conteúdo em formas e dimensões que não são constatáveis em nenhum outro autor do cânon.
É possível constatar e documentar sobre a base dos seus textos epistolares e mesmo de maneira
2 detalhada, como Paulo constituiu o conjunto de sua partitura teológica sobre o único teclado da Pessoa de Cristo, sem separar a ontologia da funcionalidade.
Nesse ponto R. Penna expõe os traços fundamentaisda cristologia, como centro do pensamento Paulino. Para Paulo, Deus mesmo é definido em função de Cristo (cf. Rom 15,6; 2 Cor 1,3; 11,31; Col 1,3; Ef 1,3); Ele enviou Jesus ( Rm 8, 3; Gal 4,4). Também o Espírito é denominado em termos de
"Espírito de Cristo" (Rom 8,9), "do Filho" (Gal 4,6), de "Jesus Cristo" (Fil 1,19 ), uma formulação tipicamente paulina.
O Evento Salvífico decisivo, mesmo que tendo em Deus sua origem e seu principal agente, é
claramente dominado pelo Cristo e com o seu sangue como protagonista histórico, através de uma diversidade de termos, como Reconciliação, Libertação, Resgate, Redenção, Expiação, Justificação.
 (
Atenção!
 
Aqui
 
existe
 
uma
 
videoaula,
 
acesso
 
pelo
 
conteúdo
 
online
)
Depois desses elementos, vale a pena destacar que, para Paulo, o Espírito, mesmo “autônomo”, com personalidade, é Espírito do Filho, que age e atua em nós a favor da Salvação trazida por Cristo.
Destacamos agora o texto mais paradigmático de Paulo sobre o Espírito Santo: O Capítulo 8 da Carta aos Romanos (STOOT, 1994).
 Carta aos Romanos – Capítulo 8
Clique no botão acima.
Carta aos Romanos – Capítulo 8
Rm 8, 1-2: De agora em diante, pois, já não há nenhuma condenação para aqueles que estão em Jesus Cristo. A Lei do Espírito de Vida me libertou, em Jesus Cristo, da Lei do pecado e da morte.
A maneira pela qual o apóstolo começa sua discussão sobre o Espírito Santo no capítulo VIII da Carta aos Romanos é verdadeiramente surpreendente:
“Portanto, não há mais condenação para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito, que dá vida em Cristo, libertou-te da lei do pecado e da morte.”
Ele passou todo o capítulo anterior para estabelecer que "o cristão está livre da lei", e aqui começa o novo capítulo falando em termos positivos e edificantes
sobre a lei. "A lei do Espírito" significa a lei que é o Espírito; é um genitivo ou explicação epesegética, isto é, explicativa.
O que é a lei do Espírito e como ela funciona, A nova lei, ou do Espírito, não é, portanto, estritamente falando, aquela promulgada por Jesus no Sermão da Montanha, mas aquela que ele gravou nos corações no Pentecostes.
Rm 8, 5-12: “Vós, porém, não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito, se realmente o Espírito de Deus habita em vós. Se alguém não possui o
Espírito de Cristo, este não é dele. Ora, se Cristo está em vós, o corpo, em verdade, está morto pelo pecado, mas o Espírito vive pela justificação. Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dos mortos habita em vós, ele, que
ressuscitou Jesus Cristo dos mortos, também dará a vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós. Portanto, irmãos, não somos devedores da carne, para que vivamos segundo a carne. De fato, se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras da carne, vivereis.”
Os preceitos evangélicos são certamente mais altos e mais perfeitos que os mosaicos; no entanto, sozinhos, eles também teriam permanecido ineficazes.
Se fosse o suficiente para proclamar a nova vontade de Deus através do Evangelho, não seria possível explicar que havia a necessidade de Jesus morrer e que o Espírito Santo viesse.
Mas os próprios apóstolos mostram que isso não era suficiente; apesar de terem escutado tudo – por exemplo, que você deve se voltar para aquele que bate em você, a outra face –, no momento da paixão eles não encontram a
força para executar qualquer um dos mandamentos de Jesus.
Rm 8, 14: “De fato, se viverdes segundo a carne, haveis de morrer; mas, se pelo Espírito mortificardes as obras da carne, vivereis, pois todos os que são
conduzidos pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.”
De fato, aqueles que são guiados pelo Espírito de Deus, estes são filhos de Deus.
Tendo dito que devemos mortificar, isto é, deixar nossa carne morrer, Paulo explica que – guiado pelo Espírito de Deus, não simplesmente por nossa
própria iniciativa, mas iluminado e guiado pelo Espírito Santo, o que significa
que não podemos fazer nada e devemos fazer o que não isto é de acordo com a vontade de Deus – somente essa obediência testifica que somos filhos de
Deus.
 (
Rm
 
8,
 
16:
 
“Espírito
 
mesmo
 
dá
 
testemunho
 
ao
 
nosso
 
espírito
 
de
 
que
 
somos
filhos
 
de
 
Deus.”
De
 
fato,
 
o
 
próprio
 
Espírito
 
testifica
 
que
 
somos
 
filhos
 
de
 
Deus.
 
Somente
 
na
 
interioridade
 
do
nosso
 
coração
 
encontramos
 
a
 
certeza
 
de
 
que
 
somos
 
filhos
 
de
 
Deus;
 
ninguém
 
pode
 
garantir
 
por
 
si
 
mesmo
 
que
 
é
 
filho
 
de
 
determinado
 
pai.
Outro
 
deve
 
testemunhar
 
para
 
nós:
 
alguém
 
que
 
conhece
 
bem
 
a
 
nossa
 
história
 
e
 
está
 
presente
 
não
 
apenas
 
quando
 
nascemos,
 
mas
 
também
 
quando
 
fomos
 
concebidos.
Não
 
há
 
necessidade
 
de
 
ir
 
longe
 
e
 
procurar
 
por
 
Deus
 
sabe
 
onde.
 
É
 
o
 
próprio
 
Espírito
 
Santo
 
que
 
testifica
 
ao
 
nosso
 
espírito
 
que
 
somos
 
filhos
 
de
 
Deus;
 
no
 
Espírito
 
Santo
 
fomos
concebidos,
 
e
 
no
 
Espírito
 
Santo
 
nascemos
 
para
 
uma
 
nova
 
vida.
 
Qual
 
testemunha
 
é
 
mais
 
real
 
e
 
segura?
 
Você
 
quer
 
saber
 
quem
 
é
 
seu
 
filho?
 
Pergunte
 
a
 
sua
 
mãe.
Se
 
o
 
Pai
 
é
 
o
 
mistério
 
de
 
toda
 
paternidade,
 
o
 
Espírito
 
é
 
o
 
mistério
 
de
 
toda
 
maternidade.
 
Então
 
o
 
Filho
 
é
 
o
 
mistério
 
da
 
nossa
 
adoção
 
como
 
filhos.
)
Atividade
Diante do exposto sobre a pneumatologia de Paulo, por que se deve relacionar a figura histórica de Paulo com sua teologia?
2. “De agora em diante, pois, já não há nenhuma condenação para aqueles que estão em Jesus Cristo.
A Lei do Espírito de Vida me libertou, em Jesus Cristo, da Lei do pecado e da morte” (Rm 8, 1-2”). A partir dos primeiros versículos do capítulo 8, temos um verdadeiro embate entre a Lei e o Espírito. Explique como Paulo esclarece as relações entre a vida no Espírito e a lei mosaica para os cristãos.
3. Em 1Cor 12,4ss, Paulo relaciona o Espírito Santo aos dons ou carismas. Qual é o significado de dons e carismas na pneumatologia paulina?
a) Carismas são ações mágicas do Espírito Santo.
b) O Espírito age extraordinariamente pelos carismas.
c) Os dons e carismas são poderes dados para fins individuais.
d) O cristão recebe os carismas para obter poder humano.
e) Dons e carismas são ações do Espírito a serviço da Igreja.
Notas
Teologia de São Paulo 1
São Paulo, antes de qualquer coisa, quer falar de Cristo, que ele conheceu pessoalmente pelas estradas de Damasco, e que a ele se dirigiu e reorientou sua vida. O Cristo Ressuscitado é o “kérygma” central da pregação paulina. O Cristo que Paulo prega, ou seja, “seu Evangelho”, não se baseia na
“carne”, mas no Espírito, pois Paulo não passou pela experiência histórica de Jesus de Nazaré, como os outros doze apóstolos.
Segundo o pensamento teológico de Paulo, o Espírito revela à Igreja quem é o Cristo, ou melhor, em
RequfeersêennticdioaJsesus é o Cristo. Ele exibe a radicalidade da existência humana de Jesus, sua Divindade e, portanto, o conteúdo soteriológico do seu agir como homem até a sua Páscoa.
BORGES, R. D. O Espírito Santo nas cartas paulinas. Blog É missão de todos nós. Belo Horizonte, 23 out. 2013. Disponível em: //renatosdn.blogspot.com/2013/10/o-espirito-santo-nas-cartas- paulinas.html.
FERREIRA, F. Karl Barth: uma introdução à sua carreira e aos principais temas de sua teologia. Fides Reformata, São Paulo, v. 8, n. 1, p. 29-62, 2003. Disponível em:
//www.escolacharlesspurgeon.com.br/files/pdf/Karl_Barth_Uma_Introducao_a_Sua_Carreira_e_aos_Principais_Temas_de_Sua_Teologia_-
_Franklin_Ferreira.pdf.
JACOB, O. L. G. Atitude: revista do jovem cristão. Rio de Janeiro, ano CXII, n. 445, 2017. Disponível em:
//www.convencaobatista.com.br/sig/modulos/site/comunicacao/uploads/documentoDownloadSite/29373350020032018150751.pdf
.
STOOT, J. A mensagem de Romanos. São Paulo: ABU, 1994. Disponível em:
//www.adevic.com.br/imagens/downloads/06022016123400.pdf. VOUGA, F. Eu Paulo. São Paulo: Paulinas, 2014.
Próximaaula
O Espírito Santo no pentecostalismo;
A experiência do Espírito Santo nas igrejas da Reforma e no catolicismo romano;
A criação da renovação carismática católica.
Explore mais
Leituras:
CAMPOS, L. S. O pentecostalismo no Brasil. Revista USP, São Paulo, n. 67, p. 100-115, set./nov. 2005.
DAMASCENO, G. Pentecostalismo brasileiro. São Paulo: Reflexão, 2014.
Vídeos:
Pastor Franklin Ferreira;
Sobre a Renovação Carismática Católica (RCC).

Continue navegando