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SFI _ AnáliseBOP_ Alemanha

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Nomes: Marcella Garcia Paula (11201810030), Milena Sedrim Adriano (11201810089) e 
Vinícius Bueno de Morais (11202022032) 
Turno: Matutino 
Breve análise das Transações Correntes da Balança de Pagamentos da Alemanha 
1. Introdução 
Em um mundo cada vez mais globalizado, é inevitável que as relações entre os Estados 
ao redor do mundo se tornem frequentes em diferentes esferas. Essas interações, que podem ser 
de natureza comerciais, de serviços ou movimentações de capitais, são registradas em um 
documento contabilístico elaborado por um banco central chamado de balança de pagamentos, 
um instrumento econômico muito valioso que reúne todas as transações de um país ao longo de 
um período pré-determinado. 
Todos os dados referentes a operações de compra e venda, aplicações financeiras, entre 
outros tipos de execuções são fundamentais para se entender como andam as relações de déficit 
e superavit orçamentário. Uma nação cuja balança de pagamentos apresenta superávit exporta 
mais recursos do que importa, já quando demonstra déficit, significa que há mais importações 
que exportações sendo realizadas, o que pode gerar a necessidade de endividamento externo – 
algo que não é necessariamente ruim. 
O objetivo desse trabalho é analisar a balança de pagamentos da Alemanha, o maior país 
da União Europeia e o segundo principal superavitário mundialmente. Serão observados 
especificamente os itens que compõem a seção de transações correntes nos últimos três anos, a 
fim de demonstrar o desempenho desta região em condições pré (2019), durante (2020) e pós 
pandemia (2021). Para tanto, foram utilizados os reports oficiais do banco central da República 
Federal da Alemanha (Bundesbank Deutsche) e as tabelas disponíveis no site de informações 
macroeconômicas e financeiras do Fundo Monetário Internacional (IMF Data). 
2. Transações correntes 
Nos últimos 3 anos, a conta corrente da economia alemã foi superavitária. Em 2019, foi 
registrado um valor de US$ 294 bilhões para essa variável, em consequência de uma queda no 
superávit comercial de mercadorias, em relação ao ano anterior. Já em 2020, a pandemia 
diminuiu o comércio de bens e a renda primária, enquanto o saldo da conta de serviços, que 
tradicionalmente é deficitário, moveu-se marginalmente para território positivo. Esses 
acontecimentos derivaram um total de US$ 274 bilhões em excedentes, o menor dos últimos 
 
cinco anos. Somente em 2021 o número retornou ao nível de alta histórica, quando a renda 
primária se recuperou, os exportadores alemães se beneficiaram de um aumento da demanda 
externa e as transações correntes chegaram a US$ 314 bilhões. 
Tabela 1 - Transações correntes (em bilhões de dólares) 
 
Fonte: IMF Data (2022) 
Gráfico 2 - Transações correntes (em bilhões de dólares) 
 
Fonte: Elaboração própria, a partir de dados do IMF (2022) 
2.1. Balança comercial 
Em média, em 2019, as importações de bens cresceram mais fortemente do que as 
exportações, devido à procura interna. Em particular, as compras de computadores, produtos 
eletrônicos e ópticos no exterior aumentaram de maneira significativa. Para mais, devido à 
desaceleração da economia global naquele período, as empresas alemãs enfrentaram condições 
econômicas globais menos favoráveis do lado da demanda. Em contraste, a ligeira depreciação 
do euro pode ter impulsionado as receitas de exportação alemãs, assim como a melhoria 
acentuada dos termos de troca provocada pelo decréscimo no preço do petróleo bruto. 
Já no ano de 2020, a queda generalizada da demanda externa, bem como os efeitos de 
composição, teve um impacto negativo considerável nas exportações da Alemanha, enquanto 
as importações caíram em menor grau. Aqui, contribuiu o fato de que, em comparação com as 
exportações, a gama de importados é menos focada em determinados bens de capital, como 
máquinas ou veículos automotores; o comércio internacional desses itens diminuiu 
acentuadamente. Além disso, a profunda recessão na economia global deprimiu os preços das 
importações, especialmente do petróleo bruto, o que amorteceu a queda da balança do comércio 
 
exterior. É interessante mencionar que o advento do coronavírus fez crescer a demanda interna 
alemã por produtos farmacêuticos e equipamentos de proteção têxtil, cada vez mais adquiridos 
no exterior. 
A recuperação econômica global moldou o cenário em 2021. As exportações de bens 
registaram um crescimento year-on-year expressivo, enquanto as importações de bens 
engrandeceram menos. O fato de as exportações de produtos como máquinas e veículos 
motorizados terem diminuído anteriormente foi um fator que contribuiu para a taxa de 
crescimento percentual relativamente alta das exportações. A necessidade de vacinas contra a 
COVID-19 fabricadas na Alemanha também desempenhou um papel importante. 
Tabela 3 - Balança comercial (em bilhões de dólares) 
 
Fonte: IMF Data (2022) 
Gráfico 4 - Balança comercial (em bilhões de dólares) 
 
 Fonte: Elaboração própria, a partir de dados do FMI (2022) 
2.2. Balança de serviços 
Do ponto de vista da Alemanha, o saldo na troca de serviços entre fronteiras é 
tradicionalmente negativo. Em 2019, o déficit aumentou levemente, devido ao maior nível de 
gastos. Os serviços que registraram declínios ou crescimento fraco neste ano foram de 
transporte, manufatura e alguns empresariais. Em contraste, registrou-se um forte impulso nos 
de manutenção e reparação transfronteiriços, propriedade intelectual e de comunicações e TI. 
O excedente das comissões transfronteiriças para serviços financeiros e de seguros também 
 
cresceu ligeiramente, o que se deveu principalmente ao aumento dos rendimentos dos serviços 
financeiros. 
Em 2020, extraordinariamente, a balança de serviços dos germânicos ficou equilibrada 
e o menor déficit de viagens ao exterior foi decisivo para esse desfecho. Por outro lado, o saldo 
da conta de serviços de transporte teve o efeito de reduzir consideravelmente o superávit. Na 
verdade, a maioria dos itens em serviços encolheram, com exceção dos financeiros e baseados 
em conhecimento. 
Os alemães seguiram gastando pouco em viagens no ano seguinte, o que manteve certo 
impacto favorável até a normalização dos voos, que reduziu o superávit da conta de serviços. 
Contudo, as maiores receitas de 2021 nos serviços foram decorrentes de cobranças pelo uso de 
propriedade intelectual para desenvolver vacinas, compensando déficits maiores em outros 
itens. 
Tabela 5 - Balança de serviços (em bilhões de dólares) 
 
Fonte: IMF Data (2022) 
Gráfico 6 - Balança de serviços (em bilhões de dólares) 
 
Fonte: Elaboração própria, a partir de dados do FMI (2022) 
 
2.3. Balanças de rendas primárias e secundárias 
Assim como em anos anteriores, o aumento da renda primária teve um efeito 
impulsionador do superávit, em 2019. Os rendimentos dos investimentos transfronteiriços 
foram o principal fator de crescimento, enquanto os fluxos de remuneração dos trabalhadores e 
 
outras rendas primárias continuaram cada uma a conduzir a déficits marginais nas respectivas 
subcontas. Nessa altura, o déficit tradicional na conta de renda secundária diminuiu 
ligeiramente, também. Os pagamentos unilaterais do exterior aumentaram, com as receitas 
governamentais e não governamentais aproximadamente equivalentes. Isso também incluiu um 
aumento acentuado na receita tributária da Alemanha de renda e ativos de não residentes. Do 
lado das despesas, houve incremento, principalmente devido aos benefícios governamentais. 
Apenas uma pequena parte desse acréscimo foi atribuível ao setor privado. 
O superávit da renda primária registrou uma redução considerável, no ano de 2020, 
principalmente devido a menores rendimentos do investimento estrangeiro direto alemão no 
contexto de recessões relacionadas ao coronavírus na maioria dos países de domicílio. Os 
fatores que contribuíram para essa conta são os mesmos da pré-pandemia.Contudo, diferente 
de 2019, há aumento ligeiro no déficit da balança de renda secundária. Isto se deveu 
principalmente ao aumento dos pagamentos governamentais ao resto do mundo. Desde a saída 
do Reino Unido da União Europeia, a Alemanha tem mais obrigações de pagamento. 
Após uma queda em 2020, o superávit da balança de renda primária voltou a aumentar 
consideravelmente no ano seguinte. As receitas da Alemanha do exterior excederam os 
pagamentos a outros países e, portanto, foram maiores do que imediatamente antes da COVID-
19. Em conjunto, as remunerações entre fronteiras dos trabalhadores e outros rendimentos 
primários foram quase equilibradas, tal como no ano anterior. O item dominante do balanço 
patrimonial foi a receita de investimentos. 
No segundo ano da pandemia, os lucros das empresas tiveram um reavivamento e as 
receitas para investidores residentes e doadores de capital de investimentos estrangeiros 
cresceram maciçamente. Este aditamento deve-se em grande parte ao aumento das receitas de 
investimento direto, embora também tenha sido antecedido por uma queda muito acentuada. 
Por outro lado, os pagamentos a financistas estrangeiros quase não tiveram crescimento. À 
semelhança do ano anterior, o déficit na conta do rendimento secundário transfronteiriço 
aumentou ligeiramente. 
Tabela 7 - Balanças de rendas primárias e secundárias (em bilhões de dólares) 
 
 
Fonte: IMF Data (2022) 
 
Gráfico 8 - Balanças de rendas primárias e secundárias (em bilhões de dólares) 
 
Fonte: Elaboração própria, a partir de dados do FMI (2022) 
3. Taxas de câmbio, juros e reservas internacionais 
A Alemanha, assim como todos os membros da Zona do Euro, não detém autonomia 
sobre as políticas de câmbio e de juros. Em consequência da crise de 2008, a União Europeia 
mantém os juros sempre próximos a 0% e a taxa de depósito negativa, com o intuito de 
desmotivar os residentes a deixarem o seu dinheiro parado em bancos e colocá-lo em rotação 
na economia, na tentativa de estimular o crescimento do PIB europeu, que segue taxas estáveis, 
porém pouco significativas, sempre em torno de 3% ao ano. 
Em relação à política cambial, o Banco Central Europeu (BCE) recolhe uma 
contribuição de cada país em dólar, libra esterlina e ouro, devolvendo a quantia aplicada em 
euros, criando uma reserva especialmente nessas moedas. O BCE mantém o euro forte em 
relação às outras moedas internacionais, pois os países do continente acabam sendo 
dependentes de importação de insumos básicos, como alimentos e combustíveis e necessitam 
de uma moeda estável para que haja uma garantia competitiva e para que o fluxo de insumos 
para dentro da Europa mantenha-se contínuo. 
Nos últimos três anos, não houve uma mudança de rumo em relação às políticas que já 
haviam sido praticadas. O euro teve leve desvalorização devido a impressão de moeda para fins 
de auxílio aos residentes europeus e também a inflação que está afetando o mundo desde o 
começo da pandemia de COVID-19. 
4. Ajuste de BOP e International Investment Position (IIP) 
A partir das informações coletadas e pesquisadas, foi possível compreender que o BOP 
alemão não necessitou de ajustes, mesmo durante a pandemia de COVID-19. As transações 
 
correntes continuaram positivas, tendo assim um aumento nas reservas. Logo, não se fez 
necessário aplicar alguma política de correção. 
O IIP alemão manteve-se com o net positivo. Isso significa que mesmo com o aumento dos 
passivos (liabilities) – especialmente, devido ao fluxo de capital se voltar para países mais 
confiáveis, com o intuito de proteger o capital em um momento de crise como o observado em 
2020 e 2021 – e uma certa estagnação dos ativos (assets), a Alemanha mantém-se como um 
credor mundial, com os seus residentes emprestando e investindo mais dinheiro do que pegando 
de estrangeiros. Essa posição se fortaleceu pelo papel crucial alemão no desenvolvimento de 
vacinas por empresas privadas residentes. 
Tabela 5 – International Investment Possition (IIP): Ativos (em bilhões de dólares) 
 
Fonte: IMF Data (2022) 
Tabela 6 – International Investment Possition (IIP): Passivos (em bilhões de dólares) 
 
Fonte: IMF Data (2022) 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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https://data.imf.org/?sk=7A51304B-6426-40C0-83DD-CA473CA1FD52&sId=1542633711584
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