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Anotações da Aula II - POLÍTICAS PÚBLICAS

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POLÍTICAS PÚBLICAS
CONCEITOS BÁSICOS DE
POLÍTICAS PÚBLICAS
🌼 Na vida em sociedade frequentam
os espaços públicos como escolas,
hospitais, ônibus e parques; pagamos
impostos, ouvimos falar sobre produtos
importados e exportados pelo nosso
país e tantas outras questões
relacionadas à economia,
administração e políticas sociais.
🌼 Quando somos questionados sobre o
que são políticas públicas dificilmente
conseguimos associá-las a este
conjunto de questões que envolvem a
gerência do Estado.
O QUE SÃO POLÍTICAS PÚBLICAS?
🌼 O termo remete a um conceito
recente – e amplo – nas Ciências
Políticas.
🌼 A partir da segunda metade do
século XX a produção acadêmica
norte-americana e europeia se
debruçou sobre estudos que tinham por
objetivo analisar e explicar o papel do
Estado, uma vez que suas instituições
administrativas impactam e regulam
diversos aspectos da vida em
sociedade.
🌼 Nesse sentido pode-se concluir que
as políticas públicas estão diretamente
associadas às questões políticas e
governamentais que mediam a relação
entre Estado e sociedade.
🌼 E e modo geral são atravessadas
pelos campos da Economia,
Administração, do Direito das Ciências
Sociais.
🌼 Elas se traduzem em políticas
econômicas, políticas externas
(relações exteriores), políticas
administrativas e tantas outras com
referência nas ações do Estado.
🌼 Invariavelmente, as que mais se
aproximam da vida cotidiana são as
políticas sociais – comumente
organizadas em políticas públicas
setoriais (como por exemplo, saúde,
educação, saneamento básico,
transporte, segurança etc.).
🌼 Por definição, são conjuntos de
programas, ações e decisões tomadas
pelos governos nacional, estadual ou
municipal que afetam a todos os
cidadãos, de todas as escolaridades,
independente de sexo, cor, religião ou
classe social.
🌼 Deve ser construída a partir da
participação direta ou indireta da
sociedade civil, visando assegurar um
direto a determinado serviço, ação ou
programa.
🌼 No Brasil, o direto à saúde é
viabilizado por meio do Sistema Único
de Saúde (SUS) que deverá ser
universal, integral e gratuito.
🌼 Os modelos de atenção e gestão à
saúde representam a forma de
organização do sistema de saúde e
suas práticas em resposta às
necessidades da população.
🌼 Os modelos são expressos em
políticas, programas e serviços de
saúde que estejam em harmonia com os
princípios e diretrizes que estruturam
o SUS.
O CICLO DE POLÍTICAS PÚBLICAS
🌼 Há uma demanda gigantesca por
diversas políticas públicas que
solucionem a grande cesta de
problemas sociais.
🌼 Por outro lado, sabemos que os
recursos não são infinitos.
🌼 Desse modo, a gestão das políticas
públicas depende fortemente, entre
outras coisas, da capacidade técnica
dos(as) servidores(as) públicos(as) e do
orçamento público.
1. É do olhar técnico-administrativo
da gestão pública em conjunção
com as demandas sociais que os
problemas são identificados;
2. Forma-se uma agenda de itens
que precisam ser trabalhados com
urgência e prioridade pelo governo;
3. A formulação de alternativas é
fundamental para que os gestores
identifiquem soluções possíveis;
4. Nesta etapa é tomada a decisão
de qual a solução mais viável;
5. A política pública passa a ser
implementada;
6. É importantíssimo que haja
avaliação e monitoramento
constante por parte dos gestores
públicos e da sociedade civil. Só
assim é possível observar se a
política pública em questão
conseguiu ser eficiente, eficaz e
efetiva em relação ao problema
identificado.
🌼 Para ilustrar esse processo,
podemos usar como exemplo o
Programa de Cisternas do Governo
Federal.
🌼 É de conhecimento de grande parte
da sociedade brasileira que a região
árida e semiárida do nordeste
brasileiro sofre com a falta de água
nos longos períodos sem chuva.
🌼 A partir de 2003, diante de todos
os estudos e da forte demanda social
para que esse problema seja acolhido,
o Ministério do Desenvolvimento Social
e Combate à Fome em parceria com a
ASA (Articulação no Semiárido
Brasileiro) selecionou um dos aspectos
desse grave problema para que se
desenhasse uma política pública que
atendesse às demandas da população
local.
(https://www.asabrasil.org.br/sobre-no
s/historia)
🌼 Usando as etapas do ciclo como
referência, podemos esquematizar o
seguinte processo:
1. Identificação do Problema: Falta
de água na região semiárida
brasileira, o que compromete as
atividades básicas e produtivas dos
habitantes.
2. Formação da Agenda: Análise das
principais questões envolvidas
nesse problema (saúde pública,
economia local, educação, trabalho,
saneamento básico etc.) por parte
do poder público, ativistas,
organizações, entre outros atores.
3. Formulação de Alternativas:
Levando em consideração a
capacidade técnica e o orçamento
público, diversas soluções são
consideradas para a elaboração de
uma política de acesso à água.
4. Tomada de Decisão: Escolha das
cisternas como forma de captação
e armazenamento da água da
chuva. O público alvo dessa política
é a população rural e de baixa
renda do semiárido nordestino
cadastrada no Cadastro Único
(mesmo processo de elegibilidade
do Bolsa Família).
5. Implementação: Execução da
política pública que foi desenhada.
Neste caso, do Programa Um Milhão
de Cisternas (P1MC) que se resume
na construção de cisternas
domiciliares para captação e
armazenamento da água da chuva.
6. Avaliação: O processo de
avaliação envolve um olhar crítico
(quantitativo e qualitativo) para a
implementação da política pública.
No caso das cisternas, graças à
avaliação do programa foi possível
identificar a necessidade de sua
ampliação (2008) para a construção
de um segundo tipo de cisterna
(calçadão) com a finalidade de
captar água para atividades
produtivas, garantindo a segurança
alimentar local.
O ESTADO
🌼 Regularmente participamos de
procedimentos democráticos (eleições)
a fim de elegermos representantes que
demonstram ser capazes de gerenciar
os problemas detectados e garantir da
melhor forma possível o bem-estar
social.
🌼 A compreensão do funcionamento
do Estado passa a se tornar essencial
para que os cidadãos e cidadãs
possam identificar quais órgãos e
instituições são responsáveis por
determinados aspectos da formulação
e implementação das políticas públicas,
bem como possam avaliar o trabalho
desempenhado pelos servidores
públicos envolvidos no processo e,
finalmente, exercer o controle social
sobre o Estado.
🌼 O Estado democrático de direito
brasileiro possui a seguinte
estrutura/divisão de poderes:
PARTICIPAÇÃO SOCIAL
🌼 Para que as políticas públicas
sejam formuladas e implementadas a
fim de beneficiarem a sociedade é
preciso que haja participação ativa
por parte dos cidadãos e cidadãs.
🌼 O Estado deve dispor dos mais
diversos mecanismos de participação
social para que a população esteja
cada vez mais próxima das etapas que
compõem o ciclo de políticas públicas
– ou seja, exercendo o controle social.
🌼 Nesse sentido, os conselhos
participativos, plebiscitos e tantos
outros mecanismos têm sido
fundamentais nas últimas décadas,
promovendo um salto qualitativo na
relação Estado e sociedade e,
consequentemente, na efetivação das
políticas públicas federais, estaduais e
municipais.
🌼 A Lei de Acesso à Informação e o
Orçamento Participativo são dois
grandes exemplos de instrumentos
fundamentais para a participação
social:
🌼 Lei de Acesso à Informação: A LAI
(no 12.527/15) garante o direito ao
acesso à informação pública. De
acordo com a lei, todos os cidadãos e
cidadãs podem solicitar qualquer tipo
de informações e dados para todos os
poderes do Estado (Judiciário,
Legislativo e Executivo) e em todas as
esferas (federal, estadual e municipal)
por meio dos pedidos de acesso à
informação. A lei também determina
prazo para que o poder público
forneça a resposta. Além disso, a LAI
incentiva que os órgãos públicos
disponibilizem informações de forma
ativa, por meio dos Portais de
Transparência e botões de Acesso à
Informação nas páginas institucionais.
🌼 A Lei de Acesso à Informação e o
Orçamento Participativo são dois
grandes exemplos deinstrumentos
fundamentais para a participação
social:
🌼 Orçamento Participativo: O
orçamento participativo é um
instrumento importantíssimo para que
os cidadãos e cidadãs estejam
próximos do destino orçamentário de
sua cidade. Através de assembleias
abertas (organizadas pelo poder
público e/ou conselhos participativos)
a população tem espaço para decidir
sobre as prioridades dos recursos
públicos quanto aos investimentos em
obras e serviços por parte das
prefeituras municipais. Além disso, o
mecanismo permite maior
transparência dos gastos públicos e
reforça a importância da prestação de
contas por parte dos gestores.
O. QUE É O CONSELHO GESTOR DE
SAÚDE?
🌼 É um órgão colegiado composto por
representantes dos segmentos: gestor,
trabalhador e usuários das Unidades
de Saúde e das Supervisões Técnicas
de Saúde.
🌼 É uma forma de assegurar a
participação popular na gestão dos
serviços de saúde garantido por lei,
sendo parte da estrutura da
Secretaria Municipal de Saúde.
🌼 É deliberativo e permanente com
composição, organização e atribuições
definidas em lei.
CONSELHO SAÚDE FRANCA SP
🌼 São instâncias colegiadas, com
poder deliberativo.
🌼 Entre outras finalidades, servem
para garantir a participação regular
do
🌼 cidadão:
- na elaboração das diretrizes
gerais da política de saúde e
definição das metas com vistas ao
alcance dos objetivos traçados
para a política de saúde;
- na formulação das estratégias de
implementação das políticas de
saúde;
- no controle sobre a execução das
políticas e ações de saúde; e
- no controle sobre a utilização dos
recursos públicos da área de
saúde.
🌼 É a forma de controle e
participação da sociedade na
definição e no acompanhamento da
execução das políticas de saúde
estabelecidas.
🌼 Dentre as competências do
Conselho, sejam Estaduais ou
Municipais, encontram-se:
- a fiscalização da movimentação
de recursos repassados à
Secretaria de Saúde e/ou Fundo de
Saúde; e
- o estímulo à participação
comunitária no controle da
administração do Sistema de
Saúde.
🌼 Foi criado através de Lei Municipal
no 3.946 de 1991, é formado por:
- 50% de representantes dos
usuários
- 25% de trabalhadores na saúde
- 12,5 de prestadores de serviços em
saúde
- 12,5% representantes do Gestor
🌼 Em Franca, somos 28 titulares e 28
suplentes.
QUAL A FUNÇÃO DO CONSELHO
GESTOR?
🌼 Sua função é planejar, avaliar,
fiscalizar e controlar a execução das
políticas e das ações de saúde.
🌼 Atua no planejamento das ações a
serem desenvolvidas nas Unidades de
Saúde do território e na Supervisão
Técnica de Saúde.
🌼 Isso nada mais é do que exercer a
participação e o controle social.
🌼 A população, por meio do Conselho
de Saúde, ajuda a planejar a política
de saúde e fiscaliza como o governo
cuida da saúde e, também, verifica se
as leis relacionadas ao SUS estão sendo
cumpridas.
🌼 Deve fiscalizar inclusive as
questões financeiras do gerenciamento
da saúde no município.
🌼 Unidades de Saúde: são todos os
serviços vinculados ao SUS de
administração direta ou indireta,
federais ou estaduais municipalizados:
Hospitais, UBS, UPA, AMA, PA, SUVIS,
CAPS.. e outros.
AÇÕES DE SAÚDE
🌼 As ações de saúde são definidas
pelas políticas de saúde, temos várias
políticas: Política de Atenção Básica,
Política de Promoção da Saúde, Política
de Equidade, Política de Humanização,
Política Saúde Integral da Mulher, do
Idoso, da população negra, da
população LGBT... e outras.
🌼 Portanto, o Conselheiro deve
conhecer essas políticas para assim
participar do planejamento dessas
ações no seu território.
🌼 Planejar envolve fazer um
levantamento de necessidades e/ou
problemas de saúde no território,
estabelecer prioridades, definir as
ações de enfrentamento, definir
estratégias, pessoas e instituições que
estarão envolvidas nas estratégias
estabelecidas, definir resultados a
serem atingidos, recursos necessários,
acompanhar a execução e avaliar os
resultados.
🌼 Como o conselheiro pode participar
do planejamento das ações de saúde no
seu território? Vamos ver uns
exemplos...
🌼 Problema de saúde: Na reunião do
Conselho um dos usuários relata que
está percebendo muitos casos de
dengue na sua comunidade, o gestor
confirma e diz que segundo os dados
da SUVIS (Supervisão de Vigilância em
Saúde) da região há aumento de casos
de dengue no território.
🌼 Estabelecer prioridades: Na
reunião do Conselho se define que é
prioritário identificar os criadouros do
mosquito no território.
🌼 Definir ações de enfrentamento:
Fazer visitas nos domicílios, terrenos
baldios, ferros velhos, praças e outros.
Os trabalhadores relatam que a
população às vezes não aceita a visita
dos agentes de saúde (ACS, zoonose...)
🌼 Definir estratégias, pessoas e
instituições que estarão envolvidas nas
estratégias estabelecidas:
🌼 Os trabalhadores sugerem falar
sobre o tema em todas as ações
educativas da unidade, os usuários
sugerem fazer reuniões com a
comunidade para facilitar a ação dos
agentes e ajudar a identificar os focos
que devem ser visitados. O gestor junto
com a SUVIS se compromete a contatar
outras instituições e órgãos que podem
auxiliar nas ações.
🌼 Definir resultados a serem
atingidos:
🌼 Isto significa estabelecer meta: o
que, quanto e em quanto tempo.
🌼 Nesse caso o grupo quer diminuir os
casos de dengue num determinado
tempo, mas para poder definir esta
meta é preciso levar essa discussão na
reunião de STS (Supervisão Técnica de
Saúde), SUVIS (Supervisão de Vigilância
em Saúde) e na CRS (Coordenadoria
Regional de Saúde).
🌼 Recursos necessários: Material
educativo a ser fornecido pela SUVIS,
recursos humanos (agentes de saúde
entre outros), transporte, espaço físico
na comunidade para as reuniões...
🌼 Acompanhar a execução e avaliar
os resultados: Isto significa monitorar
e avaliar as estratégias estabelecidas,
o Conselho tem ação fiscalizadora
sobre essas ações inclusive do ponto
de vista orçamentário e financeiro.
🌼 Neste exemplo o Conselho poderia
mapear o território a ser visitado,
estabelecer prazos para realização
das estratégias e realizar reuniões
com participação da SUVIS para
acompanhar como as ações estão
sendo realizadas. Conforme os que se
identificam nessas reuniões são feitas
as adequações necessárias no
planejamento (avaliação de processo).
🌼 Avaliação é verificar se houve a
diminuição dos casos de dengue no
tempo estabelecido no planejamento,
nesse caso trata-se de uma avaliação
de resultado onde devemos identificar
parâmetros (se é boa ou ruim)
🌼 Atas das reuniões do CMS de
Franca
🌼 As políticas públicas para a
infância como uma oportunidade de
reconquista dos espaços urbanos
pós-pandemia
🌼 Um dos efeitos do isolamento social
imposto pela pandemia de 2020 foi a
percepção de como o espaço urbano
faz falta – um bom espaço urbano,
claro.
🌼 Com academias e clubes fechados,
as atividades físicas passaram a ser
realizadas em ruas e praças. Com o
risco do transporte coletivo lotado,
muitos trajetos passaram a ser feitos a
pé ou de bicicleta.
🌼 Fechados em apartamentos, os
confinados passaram a sonhar com uns
minutos de sol no parque.
🌼 As políticas públicas para a
infância como uma oportunidade de
reconquista dos espaços urbanos
pós-pandemia
🌼 Se, por um lado, a valorização do
espaço público veio à tona – para
alegria de urbanistas, que
historicamente trabalham para isso –,
por outro, é fundamental que o poder
público saiba aproveitar essa
oportunidade para consolidar algumas
mudanças de comportamento em
direção a um estilo de vida mais
saudável e a uma cidade mais humana.
🌼 Caso isso não aconteça, assim que
as atuais restrições terminarem, a vida
voltará a ser como antes, com os
mesmos problemas de antes.
A VALORIZAÇÃO DE ESPAÇOS URBANOS
ACESSÍVEIS
🌼 Uma vez reconhecida a importância
do espaço urbano, é hora de
implementar as políticas públicas que
possam, efetivamente, torná-lo melhor,
mais justo e mais democrático.
🌼 Isso significa, em princípio,
oferecer segurança e acessibilidade
para todos os que se deslocam na
cidade – em especial quando usam
seus própriospés ou cadeira de rodas.
Significa compreender que cair na
calçada por causa de um buraco ou
morrer atropelado ao atravessar a rua
não é normal.
🌼 Valorizar a mobilidade a pé é
entender que esse é um modo de
transporte que precisa de
investimentos do poder público, como
todos os outros.
🌼 E cabe ao poder público sinalizar,
claramente, a inversão de prioridades
nos modos de deslocamento, colocando
os pedestres e depois os ciclistas - não
os carros - no topo da lista.
O QUE OS GOVERNOS PODEM FAZER?
🌼 Alguns líderes no mundo já estão
fazendo: a prefeita de Paris, Anne
Hidalgo, no cargo desde 2014, é um
bom exemplo.
🌼 Anne defende uma cidade em que
os carros reduzam a velocidade para
que pedestres e ciclistas tenham
prioridade.
🌼 Ela ampliou as ciclovias, formando
uma rede com cerca de 1.000 km que
atravessam a cidade passando por
trechos à margem do rio Sena, ora em
largas avenidas, ora em ruazinhas
estreitas. Nos últimos meses, foram
criadas mais faixas temporárias, que
deverão se tornar efetivas após a
pandemia.
🌼 A prefeita também criou o plano
Paris em 15 minutos, com a meta de que
todos os moradores possam ter suas
necessidades básicas de comércio,
serviço e lazer atendidas em, no
máximo, 15 minutos de caminhada ou
pedalada a partir de suas casas.
POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A
PRIMEIRA INFÂNCIA EM JUNDIAÍ
🌼 Em Jundiaí, município paulista com
população estimada de 420 mil
habitantes, um conjunto de ações pela
valorização do espaço público tem se
consolidado a partir de 2017 com a
implementação da Política Municipal da
Criança na Cidade.
🌼 A política pública se estruturou a
partir da percepção de que as ações
relativas à infância, realizadas
prioritariamente pelas pastas de
Educação, Saúde e Assistência Social,
mas também por Cultura, Esporte e
Lazer, eram tratadas de forma isolada
por cada área e sem relação
urbanística com o território em que
estavam inseridas – o que parece ser
a regra nas cidades brasileiras.
🌼 E é justamente a necessidade de
que uma política para a infância seja
transversal e envolva todas as áreas o
que a torna tão relevante e garanta
seu sucesso.
🌼 Para James Heckman, vencedor do
Nobel de Economia em 2000, não há
melhor investimento para a sociedade
do que cuidar da primeira infância,
porque as ações voltadas para essa
fase da vida têm o poder de minimizar
a carga que as demais políticas
públicas carregam.
🌼 Cuidar bem dos pequenos tem
efeitos benéficos para a saúde (adultos
com menos problemas crônicos), diminui
a criminalidade, traz melhores
resultados na educação, potencializa a
produção de riqueza.
🌼 Estudos mostram que cada dólar
investido na primeira infância (0 a 6
anos de idade) traz até 7 dólares de
retorno para a sociedade.
🌼 Três programas que remodelaram
os espaços urbanos para a Primeira
Infância:
PROGRAMA ENTRE A CASA E A ESCOLA
🌼 O Programa Entre a Casa e a
Escola propõe a requalificação
urbanística dos trajetos das crianças
até as escolas. Ele parte da
constatação de que, todos os dias,
milhares de crianças vão à escola e
grande parte destes deslocamentos é
feita a pé. Se não é possível melhorar
todas as calçadas da cidade, a
prioridade deve ser dada aos pontos
onde há maior frequência de
deslocamentos.
🌼 Uma pesquisa sobre a mobilidade
dos alunos do 1° ao 5° ano escolar da
rede pública realizada em agosto de
2017 apontou que 65% das crianças vão
a pé para a escola. É um número que
justifica o interesse do poder público
pelos caminhos onde passam tantas
crianças, em suas rotinas diárias.
🌼 A partir da localização no mapa
das residências das crianças e seus
trajetos principais, são feitos projetos
específicos que vão desde a reforma
de calçadas, instalação de faixas
elevadas para travessia segura de
pedestres, sinalização horizontal e
vertical, bancos para descanso, vasos
de plantas e pintura de brincadeiras
no piso, até a remodelação de praças e
pequenas áreas de brincar.
🌼 O objetivo é promover um conjunto
de ações que possam favorecer a
apropriação dos espaços urbanos por
crianças e suas famílias, contribuindo
com seu processo de aprendizagem,
convívio social e desenvolvimento de
identidade urbana.
PROGRAMA RUAS DE BRINCAR
🌼 Instituído em 2019 por meio de
Decreto, ele autoriza a restrição do
acesso de veículos em vias da cidade,
por um ano, aos finais de semana e
feriados. Basta uma solicitação de 75%
dos moradores locais e a certificação
de que a rua não está na rota de
transporte coletivo, que a autorização
é dada. Não há custos para o poder
público, ele apenas cria condições
para que a própria comunidade se
organize. As ruas são utilizadas para
jogar bola, pular corda, andar de
bicicleta ou simplesmente para colocar
cadeiras, conversar com os vizinhos e
observar as crianças brincarem
livremente.
COMITÊ DAS CRIANÇAS
🌼 É um órgão consultivo composto por
28 crianças (14 meninas e 14 meninos)
de nove anos a onze anos de idade de
todas as regiões do Município, criado
para dar voz às crianças nas
discussões de políticas públicas
voltadas à infância. Indicadas por meio
de sorteio, elas se reúnem para tratar
de ideias, propostas e demandas para
que Jundiaí se torne cada vez mais uma
‘Cidade das Crianças’. Os encontros
são mensais e contam com a presença
do prefeito no primeiro e último
encontros do ano, quando ele toma
conhecimento das deliberações feitas
pelo grupo e se compromete a atender
algumas delas.
🌼 O Comitê pretende dar voz às
crianças nas discussões de políticas
públicas voltadas à infância
🌼 Atualmente, um grupo de servidores
trabalha intensamente para concluir o
pedido do ano passado: “Construir um
parque público gratuito bem grande
com brinquedos (inclusive aquáticos)
para crianças de todas as idades”.
🌼 Enquanto houver crianças que
sonhem com espaços urbanos de
qualidade, haverá esperança de
cidades cada vez melhores.
PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS:
DESAFIOS PARA SUPERAÇÃO DE
PRÁTICAS NORMATIVAS
🌼 Reforma Sanitária – SUS
🌼 O movimento prevê a garantia
constitucional do direito universal à
saúde, o reconhecimento dos
determinantes históricos e sociais no
processo saúde-doença, a constituição
de um campo de saber interdisciplinar
que respeite a pluralidade da
existência humana e a efetivação dos
princípios e diretrizes do Sistema
Único de Saúde (SUS) que implica na
ampliação e acesso universal dos
usuários à rede de saúde, além da
criação de dispositivos para uma
gestão democrática e de participação
social.
🌼 Reforma Psiquiátrica: processo
social complexo de desmonte da
estrutura de aprisionamento
manicomial que marcou durante mais
de um século o atendimento aos
problemas relacionados à Saúde
Mental.
🌼 Em meio às denúncias de violência e
maus tratos cometidos aos asilados em
manicômios, aquele movimento
reformista de luta contra o paradigma
psiquiátrico hospitalocêntrico
medicalizador apresenta o modo de
Atenção Psicossocial como perspectiva
interdisciplinar de cuidado e atenção
personalizada disponível em
dispositivos da Rede de Atenção
Psicossocial (RAPS) que se mostram
como alternativos às determinações de
internações psiquiátricas propugnadas
pelos posicionamentos manicomialistas
daquela psiquiatria biologista
tradicional
🌼 A implantação de dispositivos de
saúde centrados em propostas
interdisciplinares e psicossociais têm
contribuído para a inserção do
profissional de psicologia no SUS.
🌼 A entrada da psicologia no âmbito
das Políticas Públicas, especialmente
nas unidades de atenção primária à
saúde e nos serviços de saúde mental,
tem aproximado o profissional psi a
uma realidade ainda distante daquela
que comumente conhecemos em nossa
formação ainda pautada no modelo
clínico clássico, privatista e de
atendimento psicoterápico
individualista (Dimenstein & Macedo,
2012).
🌼 A psicologia desde seu nascimento
esteve marcada por práticas
normativas de ajustamento de
comportamentos, gestos e atitudes
consideradas como inadequadas e
inconvenientes para o convívio e
adaptação de alguns indivíduos em uma
sociedade pautada por normas e
padrões (Foucault, 1982).
🌼 Característicasde um processo de
normalização e ajustamento que
influenciaram pesquisas e estudos do
campo psi e que podem se apresentar
com novas roupagens em discursos e
práticas de muitos profissionais ainda
na atualidade;
🌼 Primeiro momento, traçamos um
histórico do nascimento dos saberes
psicológicos, constituídos desde suas
origens por práticas normativas e
higienistas, no âmbito das instituições
de encarceramento e disciplinamento
de corpos;
🌼 Segundo momento, abordaremos a
constituição da psicologia brasileira e
suas relações com o movimento
higienista até a descrição da
regulamentação e do exercício da
profissão no trágico período da
ditadura militar no país;
🌼 Terceiro: a trajetória da
elaboração das políticas públicas de
saúde com enfoque na consolidação do
SUS e na implementação das propostas
da Atenção Psicossocial no âmbito dos
serviços de Saúde Mental, com especial
atenção a inserção da psicologia
nesses novos espaços que irão se
constituir após a década de 80;
🌼 Quarto momento: os desafios para
a superação de práticas psi normativas
e disciplinadoras, com destaque para
as discussões sobre as perspectivas
para o fortalecimento da psicologia nas
Políticas Públicas de Saúde.
🌼 Na prospecção sobre quais seriam
as exigências da época, os problemas a
serem enfrentados ou as questões
práticas e teóricas que levaram a
criação desses novos domínios de
saber, pode-se assinalar problemas de
ordem técnica, institucional, moral,
social ou político-econômica que
promoveram o nascimento de saberes
disciplinares.
🌼 Foucault mostra que o nascimento
das práticas psicológicas não está
relacionado “aos assépticos
laboratórios de Wundt e James”, mas
surgiria nas “concretas relações de
poder que têm lugar nos manicômios e
prisões, organizações totais, de
visibilidade e vigilância totais sobre as
condutas dos sujeitos ali confinados,
excluídos da sociabilidade normal”
🌼 Caráter disciplinar.
🌼 Para definir saúde e doença,
normalidade e patologia, foram
estabelecidos, então, valores padrões
de funções consideradas normais.
🌼 Dessa forma, qualquer desvio dos
valores padrões eliciaria a
necessidade de investigar a situação
considerada de risco e poderia
representar a definição de um estado
patológico, processo considerado como
fundamental para o exercício e
intervenção da psicologia.
🌼 O Brasil era pensado pelas suas
ausências e o homem brasileiro como
atrasado, indolente, doente e
resistente aos projetos de mudança em
fins do sec. XIX.
🌼 Para o pensamento social
hegemônico na época, fortemente
influenciado pelo movimento higienista
europeu e preocupado com a solução
de problemas relacionados, também,
aos fenômenos psicológicos, não
tínhamos conhecido o desenvolvimento
econômico e social de outras nações
porque fatores como o clima e a
“mistura” com raças inferiores haviam
gerado uma população preguiçosa,
indisciplinada e pouco inteligente.
🌼 Esta inferioridade seria a causa da
inadaptabilidade do brasileiro à
sociedade moderna e industrial.
🌼 Em seu desenvolvimento a
Psicologia se introduzira nos ambientes
educacionais e escolares e propagaria
preceitos higiênicos, preventivistas de
defesa social contra as patologias, a
pobreza e o vício.
🌼 Influenciada pelas concepções
higienistas que estabelecia padrões de
normalidade, a psicologia era instada a
avaliar condições mentais por meio de
testes psicológicos e observações
clínicas, com objetivos de se
desenvolver técnicas de mensuração e
verificação da capacidade mental para
criar tecnologias de regulação e
normalização de comportamentos.
🌼 O processo de industrialização
também trouxe a abertura de novos
campos de trabalho para a psicologia
no Brasil, novas demandas surgiram
para o profissional da década de 40
que, incumbido da realização de
processos de seleção, avaliação de
desempenho de trabalhadores e
orientação profissional nas indústrias,
tentava corrigir os considerados como
desviantes por meio de estratégias e
intervenções “curativas” com o intuito
de recuperação de uma suposta
normalidade.
🌼 Além disso, aquele seria um período
de ampliação da atuação profissional
na área clínica, tanto no sentido de
profissionais atenderem a demanda
das classes médias e altas que se
fortaleciam com o processo de
industrialização quanto para darem
conta das supostas preocupações com
o tratamento do fracasso escolar por
meio da aplicação de testes
psicológicos e psicométricos (Antunes,
2012).
🌼 projeto aprovado no dia 27 de
agosto de 1962 (Lei n° 4.119) previa a
instituição da profissão e estabelecia
um currículo mínimo para sua
formação.
🌼 Entretanto, a profissão se
estabelecia centrada na prática
clínica marcada por psicoterapias
individuais e no modelo do profissional
liberal que teria como principal espaço
para o desenvolvimento de seus
atendimentos o consultório particular
destinado, principalmente, aqueles que
poderiam pagar
🌼 O profissional psi atuava em
espaços destinados a “elite”, dessa
forma, a Psicologia se estabelecia
muito distante das “necessidades mais
amplas, mais relevantes da sociedade
brasileira”.
🌼 Nessa perspectiva, inúmeros
desafios se mostram evidentes à
formação e às práticas em psicologia,
muitas vezes, ainda distante das reais
necessidades da população e das
propostas de consolidação do SUS e da
RAPS
ORIGENS DOS SABERES DISCIPLINARES
E O NASCIMENTO DA PSICOLOGIA.
🌼 A constituição dos saberes
psicológicos no Brasil e suas relações
com as concepções higienistas e
normativas Movimentos sociais e a
constituição da Reforma Sanitária e
Psiquiátrica no Brasil: sobre as
incursões da psicologia.
🌼 Os desafios e as perspectivas para
o fortalecimento da psicologia no
âmbito das Políticas Públicas de Saúde.

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