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POLÍTICAS PÚBLICAS CONCEITOS BÁSICOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS 🌼 Na vida em sociedade frequentam os espaços públicos como escolas, hospitais, ônibus e parques; pagamos impostos, ouvimos falar sobre produtos importados e exportados pelo nosso país e tantas outras questões relacionadas à economia, administração e políticas sociais. 🌼 Quando somos questionados sobre o que são políticas públicas dificilmente conseguimos associá-las a este conjunto de questões que envolvem a gerência do Estado. O QUE SÃO POLÍTICAS PÚBLICAS? 🌼 O termo remete a um conceito recente – e amplo – nas Ciências Políticas. 🌼 A partir da segunda metade do século XX a produção acadêmica norte-americana e europeia se debruçou sobre estudos que tinham por objetivo analisar e explicar o papel do Estado, uma vez que suas instituições administrativas impactam e regulam diversos aspectos da vida em sociedade. 🌼 Nesse sentido pode-se concluir que as políticas públicas estão diretamente associadas às questões políticas e governamentais que mediam a relação entre Estado e sociedade. 🌼 E e modo geral são atravessadas pelos campos da Economia, Administração, do Direito das Ciências Sociais. 🌼 Elas se traduzem em políticas econômicas, políticas externas (relações exteriores), políticas administrativas e tantas outras com referência nas ações do Estado. 🌼 Invariavelmente, as que mais se aproximam da vida cotidiana são as políticas sociais – comumente organizadas em políticas públicas setoriais (como por exemplo, saúde, educação, saneamento básico, transporte, segurança etc.). 🌼 Por definição, são conjuntos de programas, ações e decisões tomadas pelos governos nacional, estadual ou municipal que afetam a todos os cidadãos, de todas as escolaridades, independente de sexo, cor, religião ou classe social. 🌼 Deve ser construída a partir da participação direta ou indireta da sociedade civil, visando assegurar um direto a determinado serviço, ação ou programa. 🌼 No Brasil, o direto à saúde é viabilizado por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) que deverá ser universal, integral e gratuito. 🌼 Os modelos de atenção e gestão à saúde representam a forma de organização do sistema de saúde e suas práticas em resposta às necessidades da população. 🌼 Os modelos são expressos em políticas, programas e serviços de saúde que estejam em harmonia com os princípios e diretrizes que estruturam o SUS. O CICLO DE POLÍTICAS PÚBLICAS 🌼 Há uma demanda gigantesca por diversas políticas públicas que solucionem a grande cesta de problemas sociais. 🌼 Por outro lado, sabemos que os recursos não são infinitos. 🌼 Desse modo, a gestão das políticas públicas depende fortemente, entre outras coisas, da capacidade técnica dos(as) servidores(as) públicos(as) e do orçamento público. 1. É do olhar técnico-administrativo da gestão pública em conjunção com as demandas sociais que os problemas são identificados; 2. Forma-se uma agenda de itens que precisam ser trabalhados com urgência e prioridade pelo governo; 3. A formulação de alternativas é fundamental para que os gestores identifiquem soluções possíveis; 4. Nesta etapa é tomada a decisão de qual a solução mais viável; 5. A política pública passa a ser implementada; 6. É importantíssimo que haja avaliação e monitoramento constante por parte dos gestores públicos e da sociedade civil. Só assim é possível observar se a política pública em questão conseguiu ser eficiente, eficaz e efetiva em relação ao problema identificado. 🌼 Para ilustrar esse processo, podemos usar como exemplo o Programa de Cisternas do Governo Federal. 🌼 É de conhecimento de grande parte da sociedade brasileira que a região árida e semiárida do nordeste brasileiro sofre com a falta de água nos longos períodos sem chuva. 🌼 A partir de 2003, diante de todos os estudos e da forte demanda social para que esse problema seja acolhido, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome em parceria com a ASA (Articulação no Semiárido Brasileiro) selecionou um dos aspectos desse grave problema para que se desenhasse uma política pública que atendesse às demandas da população local. (https://www.asabrasil.org.br/sobre-no s/historia) 🌼 Usando as etapas do ciclo como referência, podemos esquematizar o seguinte processo: 1. Identificação do Problema: Falta de água na região semiárida brasileira, o que compromete as atividades básicas e produtivas dos habitantes. 2. Formação da Agenda: Análise das principais questões envolvidas nesse problema (saúde pública, economia local, educação, trabalho, saneamento básico etc.) por parte do poder público, ativistas, organizações, entre outros atores. 3. Formulação de Alternativas: Levando em consideração a capacidade técnica e o orçamento público, diversas soluções são consideradas para a elaboração de uma política de acesso à água. 4. Tomada de Decisão: Escolha das cisternas como forma de captação e armazenamento da água da chuva. O público alvo dessa política é a população rural e de baixa renda do semiárido nordestino cadastrada no Cadastro Único (mesmo processo de elegibilidade do Bolsa Família). 5. Implementação: Execução da política pública que foi desenhada. Neste caso, do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) que se resume na construção de cisternas domiciliares para captação e armazenamento da água da chuva. 6. Avaliação: O processo de avaliação envolve um olhar crítico (quantitativo e qualitativo) para a implementação da política pública. No caso das cisternas, graças à avaliação do programa foi possível identificar a necessidade de sua ampliação (2008) para a construção de um segundo tipo de cisterna (calçadão) com a finalidade de captar água para atividades produtivas, garantindo a segurança alimentar local. O ESTADO 🌼 Regularmente participamos de procedimentos democráticos (eleições) a fim de elegermos representantes que demonstram ser capazes de gerenciar os problemas detectados e garantir da melhor forma possível o bem-estar social. 🌼 A compreensão do funcionamento do Estado passa a se tornar essencial para que os cidadãos e cidadãs possam identificar quais órgãos e instituições são responsáveis por determinados aspectos da formulação e implementação das políticas públicas, bem como possam avaliar o trabalho desempenhado pelos servidores públicos envolvidos no processo e, finalmente, exercer o controle social sobre o Estado. 🌼 O Estado democrático de direito brasileiro possui a seguinte estrutura/divisão de poderes: PARTICIPAÇÃO SOCIAL 🌼 Para que as políticas públicas sejam formuladas e implementadas a fim de beneficiarem a sociedade é preciso que haja participação ativa por parte dos cidadãos e cidadãs. 🌼 O Estado deve dispor dos mais diversos mecanismos de participação social para que a população esteja cada vez mais próxima das etapas que compõem o ciclo de políticas públicas – ou seja, exercendo o controle social. 🌼 Nesse sentido, os conselhos participativos, plebiscitos e tantos outros mecanismos têm sido fundamentais nas últimas décadas, promovendo um salto qualitativo na relação Estado e sociedade e, consequentemente, na efetivação das políticas públicas federais, estaduais e municipais. 🌼 A Lei de Acesso à Informação e o Orçamento Participativo são dois grandes exemplos de instrumentos fundamentais para a participação social: 🌼 Lei de Acesso à Informação: A LAI (no 12.527/15) garante o direito ao acesso à informação pública. De acordo com a lei, todos os cidadãos e cidadãs podem solicitar qualquer tipo de informações e dados para todos os poderes do Estado (Judiciário, Legislativo e Executivo) e em todas as esferas (federal, estadual e municipal) por meio dos pedidos de acesso à informação. A lei também determina prazo para que o poder público forneça a resposta. Além disso, a LAI incentiva que os órgãos públicos disponibilizem informações de forma ativa, por meio dos Portais de Transparência e botões de Acesso à Informação nas páginas institucionais. 🌼 A Lei de Acesso à Informação e o Orçamento Participativo são dois grandes exemplos deinstrumentos fundamentais para a participação social: 🌼 Orçamento Participativo: O orçamento participativo é um instrumento importantíssimo para que os cidadãos e cidadãs estejam próximos do destino orçamentário de sua cidade. Através de assembleias abertas (organizadas pelo poder público e/ou conselhos participativos) a população tem espaço para decidir sobre as prioridades dos recursos públicos quanto aos investimentos em obras e serviços por parte das prefeituras municipais. Além disso, o mecanismo permite maior transparência dos gastos públicos e reforça a importância da prestação de contas por parte dos gestores. O. QUE É O CONSELHO GESTOR DE SAÚDE? 🌼 É um órgão colegiado composto por representantes dos segmentos: gestor, trabalhador e usuários das Unidades de Saúde e das Supervisões Técnicas de Saúde. 🌼 É uma forma de assegurar a participação popular na gestão dos serviços de saúde garantido por lei, sendo parte da estrutura da Secretaria Municipal de Saúde. 🌼 É deliberativo e permanente com composição, organização e atribuições definidas em lei. CONSELHO SAÚDE FRANCA SP 🌼 São instâncias colegiadas, com poder deliberativo. 🌼 Entre outras finalidades, servem para garantir a participação regular do 🌼 cidadão: - na elaboração das diretrizes gerais da política de saúde e definição das metas com vistas ao alcance dos objetivos traçados para a política de saúde; - na formulação das estratégias de implementação das políticas de saúde; - no controle sobre a execução das políticas e ações de saúde; e - no controle sobre a utilização dos recursos públicos da área de saúde. 🌼 É a forma de controle e participação da sociedade na definição e no acompanhamento da execução das políticas de saúde estabelecidas. 🌼 Dentre as competências do Conselho, sejam Estaduais ou Municipais, encontram-se: - a fiscalização da movimentação de recursos repassados à Secretaria de Saúde e/ou Fundo de Saúde; e - o estímulo à participação comunitária no controle da administração do Sistema de Saúde. 🌼 Foi criado através de Lei Municipal no 3.946 de 1991, é formado por: - 50% de representantes dos usuários - 25% de trabalhadores na saúde - 12,5 de prestadores de serviços em saúde - 12,5% representantes do Gestor 🌼 Em Franca, somos 28 titulares e 28 suplentes. QUAL A FUNÇÃO DO CONSELHO GESTOR? 🌼 Sua função é planejar, avaliar, fiscalizar e controlar a execução das políticas e das ações de saúde. 🌼 Atua no planejamento das ações a serem desenvolvidas nas Unidades de Saúde do território e na Supervisão Técnica de Saúde. 🌼 Isso nada mais é do que exercer a participação e o controle social. 🌼 A população, por meio do Conselho de Saúde, ajuda a planejar a política de saúde e fiscaliza como o governo cuida da saúde e, também, verifica se as leis relacionadas ao SUS estão sendo cumpridas. 🌼 Deve fiscalizar inclusive as questões financeiras do gerenciamento da saúde no município. 🌼 Unidades de Saúde: são todos os serviços vinculados ao SUS de administração direta ou indireta, federais ou estaduais municipalizados: Hospitais, UBS, UPA, AMA, PA, SUVIS, CAPS.. e outros. AÇÕES DE SAÚDE 🌼 As ações de saúde são definidas pelas políticas de saúde, temos várias políticas: Política de Atenção Básica, Política de Promoção da Saúde, Política de Equidade, Política de Humanização, Política Saúde Integral da Mulher, do Idoso, da população negra, da população LGBT... e outras. 🌼 Portanto, o Conselheiro deve conhecer essas políticas para assim participar do planejamento dessas ações no seu território. 🌼 Planejar envolve fazer um levantamento de necessidades e/ou problemas de saúde no território, estabelecer prioridades, definir as ações de enfrentamento, definir estratégias, pessoas e instituições que estarão envolvidas nas estratégias estabelecidas, definir resultados a serem atingidos, recursos necessários, acompanhar a execução e avaliar os resultados. 🌼 Como o conselheiro pode participar do planejamento das ações de saúde no seu território? Vamos ver uns exemplos... 🌼 Problema de saúde: Na reunião do Conselho um dos usuários relata que está percebendo muitos casos de dengue na sua comunidade, o gestor confirma e diz que segundo os dados da SUVIS (Supervisão de Vigilância em Saúde) da região há aumento de casos de dengue no território. 🌼 Estabelecer prioridades: Na reunião do Conselho se define que é prioritário identificar os criadouros do mosquito no território. 🌼 Definir ações de enfrentamento: Fazer visitas nos domicílios, terrenos baldios, ferros velhos, praças e outros. Os trabalhadores relatam que a população às vezes não aceita a visita dos agentes de saúde (ACS, zoonose...) 🌼 Definir estratégias, pessoas e instituições que estarão envolvidas nas estratégias estabelecidas: 🌼 Os trabalhadores sugerem falar sobre o tema em todas as ações educativas da unidade, os usuários sugerem fazer reuniões com a comunidade para facilitar a ação dos agentes e ajudar a identificar os focos que devem ser visitados. O gestor junto com a SUVIS se compromete a contatar outras instituições e órgãos que podem auxiliar nas ações. 🌼 Definir resultados a serem atingidos: 🌼 Isto significa estabelecer meta: o que, quanto e em quanto tempo. 🌼 Nesse caso o grupo quer diminuir os casos de dengue num determinado tempo, mas para poder definir esta meta é preciso levar essa discussão na reunião de STS (Supervisão Técnica de Saúde), SUVIS (Supervisão de Vigilância em Saúde) e na CRS (Coordenadoria Regional de Saúde). 🌼 Recursos necessários: Material educativo a ser fornecido pela SUVIS, recursos humanos (agentes de saúde entre outros), transporte, espaço físico na comunidade para as reuniões... 🌼 Acompanhar a execução e avaliar os resultados: Isto significa monitorar e avaliar as estratégias estabelecidas, o Conselho tem ação fiscalizadora sobre essas ações inclusive do ponto de vista orçamentário e financeiro. 🌼 Neste exemplo o Conselho poderia mapear o território a ser visitado, estabelecer prazos para realização das estratégias e realizar reuniões com participação da SUVIS para acompanhar como as ações estão sendo realizadas. Conforme os que se identificam nessas reuniões são feitas as adequações necessárias no planejamento (avaliação de processo). 🌼 Avaliação é verificar se houve a diminuição dos casos de dengue no tempo estabelecido no planejamento, nesse caso trata-se de uma avaliação de resultado onde devemos identificar parâmetros (se é boa ou ruim) 🌼 Atas das reuniões do CMS de Franca 🌼 As políticas públicas para a infância como uma oportunidade de reconquista dos espaços urbanos pós-pandemia 🌼 Um dos efeitos do isolamento social imposto pela pandemia de 2020 foi a percepção de como o espaço urbano faz falta – um bom espaço urbano, claro. 🌼 Com academias e clubes fechados, as atividades físicas passaram a ser realizadas em ruas e praças. Com o risco do transporte coletivo lotado, muitos trajetos passaram a ser feitos a pé ou de bicicleta. 🌼 Fechados em apartamentos, os confinados passaram a sonhar com uns minutos de sol no parque. 🌼 As políticas públicas para a infância como uma oportunidade de reconquista dos espaços urbanos pós-pandemia 🌼 Se, por um lado, a valorização do espaço público veio à tona – para alegria de urbanistas, que historicamente trabalham para isso –, por outro, é fundamental que o poder público saiba aproveitar essa oportunidade para consolidar algumas mudanças de comportamento em direção a um estilo de vida mais saudável e a uma cidade mais humana. 🌼 Caso isso não aconteça, assim que as atuais restrições terminarem, a vida voltará a ser como antes, com os mesmos problemas de antes. A VALORIZAÇÃO DE ESPAÇOS URBANOS ACESSÍVEIS 🌼 Uma vez reconhecida a importância do espaço urbano, é hora de implementar as políticas públicas que possam, efetivamente, torná-lo melhor, mais justo e mais democrático. 🌼 Isso significa, em princípio, oferecer segurança e acessibilidade para todos os que se deslocam na cidade – em especial quando usam seus própriospés ou cadeira de rodas. Significa compreender que cair na calçada por causa de um buraco ou morrer atropelado ao atravessar a rua não é normal. 🌼 Valorizar a mobilidade a pé é entender que esse é um modo de transporte que precisa de investimentos do poder público, como todos os outros. 🌼 E cabe ao poder público sinalizar, claramente, a inversão de prioridades nos modos de deslocamento, colocando os pedestres e depois os ciclistas - não os carros - no topo da lista. O QUE OS GOVERNOS PODEM FAZER? 🌼 Alguns líderes no mundo já estão fazendo: a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, no cargo desde 2014, é um bom exemplo. 🌼 Anne defende uma cidade em que os carros reduzam a velocidade para que pedestres e ciclistas tenham prioridade. 🌼 Ela ampliou as ciclovias, formando uma rede com cerca de 1.000 km que atravessam a cidade passando por trechos à margem do rio Sena, ora em largas avenidas, ora em ruazinhas estreitas. Nos últimos meses, foram criadas mais faixas temporárias, que deverão se tornar efetivas após a pandemia. 🌼 A prefeita também criou o plano Paris em 15 minutos, com a meta de que todos os moradores possam ter suas necessidades básicas de comércio, serviço e lazer atendidas em, no máximo, 15 minutos de caminhada ou pedalada a partir de suas casas. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A PRIMEIRA INFÂNCIA EM JUNDIAÍ 🌼 Em Jundiaí, município paulista com população estimada de 420 mil habitantes, um conjunto de ações pela valorização do espaço público tem se consolidado a partir de 2017 com a implementação da Política Municipal da Criança na Cidade. 🌼 A política pública se estruturou a partir da percepção de que as ações relativas à infância, realizadas prioritariamente pelas pastas de Educação, Saúde e Assistência Social, mas também por Cultura, Esporte e Lazer, eram tratadas de forma isolada por cada área e sem relação urbanística com o território em que estavam inseridas – o que parece ser a regra nas cidades brasileiras. 🌼 E é justamente a necessidade de que uma política para a infância seja transversal e envolva todas as áreas o que a torna tão relevante e garanta seu sucesso. 🌼 Para James Heckman, vencedor do Nobel de Economia em 2000, não há melhor investimento para a sociedade do que cuidar da primeira infância, porque as ações voltadas para essa fase da vida têm o poder de minimizar a carga que as demais políticas públicas carregam. 🌼 Cuidar bem dos pequenos tem efeitos benéficos para a saúde (adultos com menos problemas crônicos), diminui a criminalidade, traz melhores resultados na educação, potencializa a produção de riqueza. 🌼 Estudos mostram que cada dólar investido na primeira infância (0 a 6 anos de idade) traz até 7 dólares de retorno para a sociedade. 🌼 Três programas que remodelaram os espaços urbanos para a Primeira Infância: PROGRAMA ENTRE A CASA E A ESCOLA 🌼 O Programa Entre a Casa e a Escola propõe a requalificação urbanística dos trajetos das crianças até as escolas. Ele parte da constatação de que, todos os dias, milhares de crianças vão à escola e grande parte destes deslocamentos é feita a pé. Se não é possível melhorar todas as calçadas da cidade, a prioridade deve ser dada aos pontos onde há maior frequência de deslocamentos. 🌼 Uma pesquisa sobre a mobilidade dos alunos do 1° ao 5° ano escolar da rede pública realizada em agosto de 2017 apontou que 65% das crianças vão a pé para a escola. É um número que justifica o interesse do poder público pelos caminhos onde passam tantas crianças, em suas rotinas diárias. 🌼 A partir da localização no mapa das residências das crianças e seus trajetos principais, são feitos projetos específicos que vão desde a reforma de calçadas, instalação de faixas elevadas para travessia segura de pedestres, sinalização horizontal e vertical, bancos para descanso, vasos de plantas e pintura de brincadeiras no piso, até a remodelação de praças e pequenas áreas de brincar. 🌼 O objetivo é promover um conjunto de ações que possam favorecer a apropriação dos espaços urbanos por crianças e suas famílias, contribuindo com seu processo de aprendizagem, convívio social e desenvolvimento de identidade urbana. PROGRAMA RUAS DE BRINCAR 🌼 Instituído em 2019 por meio de Decreto, ele autoriza a restrição do acesso de veículos em vias da cidade, por um ano, aos finais de semana e feriados. Basta uma solicitação de 75% dos moradores locais e a certificação de que a rua não está na rota de transporte coletivo, que a autorização é dada. Não há custos para o poder público, ele apenas cria condições para que a própria comunidade se organize. As ruas são utilizadas para jogar bola, pular corda, andar de bicicleta ou simplesmente para colocar cadeiras, conversar com os vizinhos e observar as crianças brincarem livremente. COMITÊ DAS CRIANÇAS 🌼 É um órgão consultivo composto por 28 crianças (14 meninas e 14 meninos) de nove anos a onze anos de idade de todas as regiões do Município, criado para dar voz às crianças nas discussões de políticas públicas voltadas à infância. Indicadas por meio de sorteio, elas se reúnem para tratar de ideias, propostas e demandas para que Jundiaí se torne cada vez mais uma ‘Cidade das Crianças’. Os encontros são mensais e contam com a presença do prefeito no primeiro e último encontros do ano, quando ele toma conhecimento das deliberações feitas pelo grupo e se compromete a atender algumas delas. 🌼 O Comitê pretende dar voz às crianças nas discussões de políticas públicas voltadas à infância 🌼 Atualmente, um grupo de servidores trabalha intensamente para concluir o pedido do ano passado: “Construir um parque público gratuito bem grande com brinquedos (inclusive aquáticos) para crianças de todas as idades”. 🌼 Enquanto houver crianças que sonhem com espaços urbanos de qualidade, haverá esperança de cidades cada vez melhores. PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS: DESAFIOS PARA SUPERAÇÃO DE PRÁTICAS NORMATIVAS 🌼 Reforma Sanitária – SUS 🌼 O movimento prevê a garantia constitucional do direito universal à saúde, o reconhecimento dos determinantes históricos e sociais no processo saúde-doença, a constituição de um campo de saber interdisciplinar que respeite a pluralidade da existência humana e a efetivação dos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) que implica na ampliação e acesso universal dos usuários à rede de saúde, além da criação de dispositivos para uma gestão democrática e de participação social. 🌼 Reforma Psiquiátrica: processo social complexo de desmonte da estrutura de aprisionamento manicomial que marcou durante mais de um século o atendimento aos problemas relacionados à Saúde Mental. 🌼 Em meio às denúncias de violência e maus tratos cometidos aos asilados em manicômios, aquele movimento reformista de luta contra o paradigma psiquiátrico hospitalocêntrico medicalizador apresenta o modo de Atenção Psicossocial como perspectiva interdisciplinar de cuidado e atenção personalizada disponível em dispositivos da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) que se mostram como alternativos às determinações de internações psiquiátricas propugnadas pelos posicionamentos manicomialistas daquela psiquiatria biologista tradicional 🌼 A implantação de dispositivos de saúde centrados em propostas interdisciplinares e psicossociais têm contribuído para a inserção do profissional de psicologia no SUS. 🌼 A entrada da psicologia no âmbito das Políticas Públicas, especialmente nas unidades de atenção primária à saúde e nos serviços de saúde mental, tem aproximado o profissional psi a uma realidade ainda distante daquela que comumente conhecemos em nossa formação ainda pautada no modelo clínico clássico, privatista e de atendimento psicoterápico individualista (Dimenstein & Macedo, 2012). 🌼 A psicologia desde seu nascimento esteve marcada por práticas normativas de ajustamento de comportamentos, gestos e atitudes consideradas como inadequadas e inconvenientes para o convívio e adaptação de alguns indivíduos em uma sociedade pautada por normas e padrões (Foucault, 1982). 🌼 Característicasde um processo de normalização e ajustamento que influenciaram pesquisas e estudos do campo psi e que podem se apresentar com novas roupagens em discursos e práticas de muitos profissionais ainda na atualidade; 🌼 Primeiro momento, traçamos um histórico do nascimento dos saberes psicológicos, constituídos desde suas origens por práticas normativas e higienistas, no âmbito das instituições de encarceramento e disciplinamento de corpos; 🌼 Segundo momento, abordaremos a constituição da psicologia brasileira e suas relações com o movimento higienista até a descrição da regulamentação e do exercício da profissão no trágico período da ditadura militar no país; 🌼 Terceiro: a trajetória da elaboração das políticas públicas de saúde com enfoque na consolidação do SUS e na implementação das propostas da Atenção Psicossocial no âmbito dos serviços de Saúde Mental, com especial atenção a inserção da psicologia nesses novos espaços que irão se constituir após a década de 80; 🌼 Quarto momento: os desafios para a superação de práticas psi normativas e disciplinadoras, com destaque para as discussões sobre as perspectivas para o fortalecimento da psicologia nas Políticas Públicas de Saúde. 🌼 Na prospecção sobre quais seriam as exigências da época, os problemas a serem enfrentados ou as questões práticas e teóricas que levaram a criação desses novos domínios de saber, pode-se assinalar problemas de ordem técnica, institucional, moral, social ou político-econômica que promoveram o nascimento de saberes disciplinares. 🌼 Foucault mostra que o nascimento das práticas psicológicas não está relacionado “aos assépticos laboratórios de Wundt e James”, mas surgiria nas “concretas relações de poder que têm lugar nos manicômios e prisões, organizações totais, de visibilidade e vigilância totais sobre as condutas dos sujeitos ali confinados, excluídos da sociabilidade normal” 🌼 Caráter disciplinar. 🌼 Para definir saúde e doença, normalidade e patologia, foram estabelecidos, então, valores padrões de funções consideradas normais. 🌼 Dessa forma, qualquer desvio dos valores padrões eliciaria a necessidade de investigar a situação considerada de risco e poderia representar a definição de um estado patológico, processo considerado como fundamental para o exercício e intervenção da psicologia. 🌼 O Brasil era pensado pelas suas ausências e o homem brasileiro como atrasado, indolente, doente e resistente aos projetos de mudança em fins do sec. XIX. 🌼 Para o pensamento social hegemônico na época, fortemente influenciado pelo movimento higienista europeu e preocupado com a solução de problemas relacionados, também, aos fenômenos psicológicos, não tínhamos conhecido o desenvolvimento econômico e social de outras nações porque fatores como o clima e a “mistura” com raças inferiores haviam gerado uma população preguiçosa, indisciplinada e pouco inteligente. 🌼 Esta inferioridade seria a causa da inadaptabilidade do brasileiro à sociedade moderna e industrial. 🌼 Em seu desenvolvimento a Psicologia se introduzira nos ambientes educacionais e escolares e propagaria preceitos higiênicos, preventivistas de defesa social contra as patologias, a pobreza e o vício. 🌼 Influenciada pelas concepções higienistas que estabelecia padrões de normalidade, a psicologia era instada a avaliar condições mentais por meio de testes psicológicos e observações clínicas, com objetivos de se desenvolver técnicas de mensuração e verificação da capacidade mental para criar tecnologias de regulação e normalização de comportamentos. 🌼 O processo de industrialização também trouxe a abertura de novos campos de trabalho para a psicologia no Brasil, novas demandas surgiram para o profissional da década de 40 que, incumbido da realização de processos de seleção, avaliação de desempenho de trabalhadores e orientação profissional nas indústrias, tentava corrigir os considerados como desviantes por meio de estratégias e intervenções “curativas” com o intuito de recuperação de uma suposta normalidade. 🌼 Além disso, aquele seria um período de ampliação da atuação profissional na área clínica, tanto no sentido de profissionais atenderem a demanda das classes médias e altas que se fortaleciam com o processo de industrialização quanto para darem conta das supostas preocupações com o tratamento do fracasso escolar por meio da aplicação de testes psicológicos e psicométricos (Antunes, 2012). 🌼 projeto aprovado no dia 27 de agosto de 1962 (Lei n° 4.119) previa a instituição da profissão e estabelecia um currículo mínimo para sua formação. 🌼 Entretanto, a profissão se estabelecia centrada na prática clínica marcada por psicoterapias individuais e no modelo do profissional liberal que teria como principal espaço para o desenvolvimento de seus atendimentos o consultório particular destinado, principalmente, aqueles que poderiam pagar 🌼 O profissional psi atuava em espaços destinados a “elite”, dessa forma, a Psicologia se estabelecia muito distante das “necessidades mais amplas, mais relevantes da sociedade brasileira”. 🌼 Nessa perspectiva, inúmeros desafios se mostram evidentes à formação e às práticas em psicologia, muitas vezes, ainda distante das reais necessidades da população e das propostas de consolidação do SUS e da RAPS ORIGENS DOS SABERES DISCIPLINARES E O NASCIMENTO DA PSICOLOGIA. 🌼 A constituição dos saberes psicológicos no Brasil e suas relações com as concepções higienistas e normativas Movimentos sociais e a constituição da Reforma Sanitária e Psiquiátrica no Brasil: sobre as incursões da psicologia. 🌼 Os desafios e as perspectivas para o fortalecimento da psicologia no âmbito das Políticas Públicas de Saúde.
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