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Anotações da Aula III - PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS DESAFIOS PARA SUPERAÇÃO DE PRÁTICAS NORMATIVAS

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PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS:
DESAFIOS PARA SUPERAÇÃO DE
PRÁTICAS NORMATIVAS
TRAJETÓRIAS DA PSICOLOGIA NAS
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE
REFORMA SANITÁRIA – SUS
● O movimento prevê a garantia
constitucional do direito universal à
saúde, o reconhecimento dos
determinantes históricos e sociais
no processo saúde- doença, a
constituição de um campo de saber
interdisciplinar que respeite a
pluralidade da existência humana e
a efetivação dos princípios e
diretrizes do Sistema Único de
Saúde (SUS) que implica na
ampliação e acesso universal dos
usuários à rede de saúde, além da
criação de dispositivos para uma
gestão democrática e de
participação social.
REFORMA PSIQUIÁTRICA
● Processo social complexo de
desmonte da estrutura de
aprisionamento manicomial que
marcou durante mais de um século
o atendimento aos problemas
relacionados à Saúde Mental.
● Em meio às denúncias de violência e
maus tratos cometidos aos asilados
em manicômios, aquele movimento
reformista de luta contra o
paradigma psiquiátrico
hospitalocêntrico medicalizador.
● Apresenta o modo de Atenção
Psicossocial como perspectiva
interdisciplinar de cuidado e
atenção personalizada disponível
em dispositivos da Rede de Atenção
Psicossocial (RAPS) que se mostram
como alternativos às
determinações de internações
psiquiátricas propugnadas pelos
posicionamentos manicomialistas
daquela psiquiatria biologista
tradicional.
INSERÇÃO DO PSICÓLOGO
● A implantação de dispositivos de
saúde centrados em propostas
interdisciplinares e psicossociais
têm contribuído para a inserção do
profissional de psicologia no SUS.
● A entrada da psicologia no âmbito
das Políticas Públicas,
especialmente nas unidades de
atenção primária à saúde e nos
serviços de saúde mental, tem
aproximado o profissional psi a uma
realidade ainda distante daquela
que comumente conhecemos em
nossa formação ainda pautada no
modelo clínico clássico, privatista e
de atendimento psicoterápico
individualista (Dimenstein &
Macedo, 2012).
AS ORIGENS DOS SABERES
DISCIPLINARES E O NASCIMENTO DA
PSICOLOGIA
● A psicologia desde seu nascimento
esteve marcada por práticas
normativas de ajustamento de
comportamentos, gestos e atitudes
consideradas como inadequadas e
inconvenientes para o convívio e
adaptação de alguns indivíduos em
uma sociedade pautada por normas
e padrões (Foucault, 1982).
● Características de um processo de
normalização e ajustamento que
influenciaram pesquisas e estudos
do campo psi e que podem se
apresentar com novas roupagens
em discursos e práticas de muitos
profissionais ainda na atualidade.
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PSICOLOGIA
● Primeiro - histórico do nascimento
dos saberes psicológicos,
constituídos desde suas origens por
práticas normativas e higienistas,
no âmbito das instituições de
encarceramento e disciplinamento
de corpos;
● Segundo - a constituição da
psicologia brasileira e suas
relações com o movimento
higienista até a descrição da
regulamentação e do exercício da
profissão no trágico período da
ditadura militar no país;
● Terceiro - a trajetória da
elaboração das políticas públicas
de saúde com enfoque na
consolidação do SUS e na
implementação das propostas da
Atenção Psicossocial no âmbito dos
serviços de Saúde Mental, com
especial atenção a inserção da
psicologia nesses novos espaços
que irão se constituir após a
década de 80;
● Quarto - os desafios para a
superação de práticas psi
normativas e disciplinadoras, com
destaque para as discussões sobre
as perspectivas para o
fortalecimento da psicologia nas
Políticas Públicas de Saúde.
● Foucault mostra que o nascimento
das práticas psicológicas não está
relacionado “aos assépticos
laboratórios de Wundt e James”,
mas surgiria nas “concretas
relações de poder que têm lugar
nos manicômios e prisões,
organizações totais, de visibilidade
e vigilância totais sobre as
condutas dos sujeitos ali
confinados, excluídos da
sociabilidade normal”
● Caráter disciplinar.
PRIMEIRO LABORATÓRIO DE
PSICOLOGIA DO MUNDO
● Wilhelm Wundt, um médico e
psicólogo alemão, foi responsável
pela criação do primeiro
laboratório de psicologia
experimental do mundo. Este
laboratório foi criado em 1879 na
Universidade de Leipzig, na
Alemanha. Com a criação de um
laboratório acadêmico dedicado ao
estudo da psicologia experimental,
Wundt oficialmente deslocou a
psicologia a partir de uma
sub-disciplina da filosofia e biologia
para uma disciplina científica única.
● Para definir saúde e doença,
normalidade e patologia, foram
estabelecidos, então, valores
padrões de funções consideradas
normais.
● Qualquer desvio dos valores
padrões eliciaria a necessidade de
investigar a situação considerada
de risco e poderia representar a
definição de um estado patológico,
processo considerado como
fundamental para o exercício e
intervenção da psicologia.
A CONSTITUIÇÃO DOS SABERES
PSICOLÓGICOS NO BRASIL E SUAS
RELAÇÕES COM AS CONCEPÇÕES
HIGIENISTAS E NORMATIVAS
● O Brasil era pensado pelas suas
ausências e o homem brasileiro
como atrasado, indolente, doente e
resistente aos projetos de mudança
em fins do sec. XIX.
● Para o pensamento social
hegemônico na época, fortemente
influenciado pelo movimento
higienista europeu e preocupado
com a solução de problemas
relacionados, também, aos
fenômenos psicológicos, não
tínhamos conhecido o
desenvolvimento econômico e social
de outras nações porque fatores
como o clima e a “mistura” com
raças inferiores haviam gerado
uma população preguiçosa,
indisciplinada e pouco inteligente.
A CONSTITUIÇÃO DOS SABERES
PSICOLÓGICOS NO BRASIL E SUAS
RELAÇÕES COM AS CONCEPÇÕES
HIGIENISTAS E NORMATIVAS
● Esta inferioridade seria a causa da
inadaptabilidade do brasileiro à
sociedade moderna e industrial.
● Em seu desenvolvimento a
Psicologia se introduzira nos
ambientes educacionais e escolares
e propagaria preceitos higiênicos,
preventivistas de defesa social
contra as patologias, a pobreza e o
vício.
● Influenciada pelas concepções
higienistas que estabelecia padrões
de normalidade, a psicologia era
instada a avaliar condições mentais
por meio de testes psicológicos e
observações clínicas, com objetivos
de se desenvolver técnicas de
mensuração e verificação da
capacidade mental para criar
tecnologias de regulação e
normalização de comportamentos.
● O processo de industrialização
abertura de novos campos de
trabalho para a psicologia no
Brasil, novas demandas surgiram
para o profissional da década de
40 que, incumbido da realização de
processos de seleção, avaliação de
desempenho de trabalhadores e
orientação profissional nas
indústrias. tentava corrigir os
considerados como desviantes por
meio de estratégias e intervenções
“curativas” com o intuito de
recuperação de uma suposta
normalidade.
● Período de ampliação da atuação
profissional na área clínica, tanto
no sentido de profissionais
atenderem a demanda das classes
médias e altas que se fortaleciam
com o processo de industrialização
quanto para darem conta das
supostas preocupações com o
tratamento do fracasso escolar por
meio da aplicação de testes
psicológicos e psicométricos
(Antunes, 2012).
PSICOLOGIA E POLÍTICAS PÚBLICAS:
DESAFIOS PARA SUPERAÇÃO DE
PRÁTICAS NORMATIVAS
● Projeto aprovado no dia 27 de
agosto de 1962 (Lei n° 4.119) previa
a instituição da profissão e
estabelecia um currículo mínimo
para sua formação.
● A profissão se estabelecia
centrada na prática clínica
marcada por psicoterapias
individuais e no modelo do
profissional liberal que teria como
principal espaço para o
desenvolvimento de seus
atendimentos o consultório
particular destinado,
principalmente, aqueles que
poderiam pagar.
● Profissional psi atuava em espaços
destinados a “elite” Psicologia se
estabelecia muito distante das
necessidades mais amplas, mais
relevantes da sociedade brasileira.
PSICOLOGIA - CAMPO CIENTÍFICO -
MARCO IMPORTANTE
● Nova ordem - explicações e
manejos - problemas da vida
cotidiana
● Tristezas, dificuldades de
aprendizagem, desordens na fala -
explicados
● Mudança paradigmática
● Processo de consolidação - passar
dos laboratórios experimentais● Sé XX - Problemas aplicados na
vida cotidiana - público em geral
● Contemporaneidade – saúde
pública
● Crises – se organiza e se
re-organiza
CRISE EPISTEMOLÓGICA DA
PSICOLOGIA
● Espírito da modernidade - tímidas
tentativas científicas de superação
● Modelo menos linear - teoria
crítica, dialética ou ecossistêmica
● Psicologia - campo da prestação de
serviços
● Demanda prática - conhecimentos
PLANO DE TRABALHO DO PSICÓLOGO
● Funcionalismo americano -
influências econômicas diretas no
plano de trabalho do psicólogo
● Escola de Chicago - “psicologia
aplicada” - testes de QI -
avaliações de desempenho motor e
oral
● Funcionalismo europeu - “escola de
Genebra” - processo de construção
das estruturas psicológicas -
interação sujeito e ambiente
● Colocar ao lado - explicações
inatistas dos biologicistas -
explicações ambientalistas do
associacionistas
● Vigotski - materialismo-histórico
dialético - crise epistemológica
● “(...) esse problema continua tendo
um caráter especial e muito
profundo: o de mostrar que é
possível a psicologia como ciência
materialista e que esse fato não
faz parte do problema do
significado da crise como um todo.”
(Vigotski, 2004: p. 340)
DA CRISE DISCIPLINAR ÀS PRÁTICAS
PSICOLÓGICAS: QUEM NOS PAGA?
● Idéia - “intervenção” psicológica -
consolidou fortemente na população
● Psicologia - repertório - intervir na
vida cotidiana das pessoas
● Processo de prestação de serviços
- modelo de consultas - surgimento
de vagas de emprego
● Idéia básica do funcionalismo - “o
único conhecimento válido é aquele
que pode ser aplicado”
● Prestação de serviço – Psicologia -
produto de mercado, e não de
política pública
● Psicologia – entra – prestação de
serviço – mercado liberal e não
pelo Estado
● Afeta - técnica e o manejo -
acompanhamentos psicológicos
“quem nos paga”, determina - a
longo prazo - que tipo de atividade
profissional pode ou não ser
oferecida no mercado de
prestação de serviço
BRASIL - POLÍTICAS DE ESTADO EM
SAÚDE MENTAL
● – não financiaram - práticas
psicológicas - mais de seis décadas
do século XX
● Hoje engatinham - contratação de
psicólogos
● Muita dificuldade sobreviveram -
técnicas psicológicas – não foram
financiadas - iniciativa privada
● Universidades - desenvolver ciência
psicológica - “sobrevivência” -
importantes estratégias de
intervenção
● Intervenções em grupos - formatos
de psicoterapia - trabalhos em
co-terapia
● Background de conhecimentos -
formar psicólogos aptos ao
trabalho no SUS e às novas políticas
de saúde mental brasileira
● Psicologia - longo período -
aplicações e perguntas de
pesquisas oriundas do pensamento
liberal
● Não – questionavam sobre o
sistema e modelos de vida
capitalistas
● Questionavam - sanidade do sujeito
- não se adequasse ao sistema
● Papel - conceito de “normalidade”
ou “sanidade mental”
● Impossível pensar - saúde coletiva
sem levar em consideração o jogo
político e econômico
● Entrada da Psicologia – SUS -
reforma psiquiátrica
● Movimentos sociais - protagonismo
do movimento anti-manicomial -
anos 90
A PSICOLOGIA ESTÁ NO SUS?
● Psicologia - políticas públicas de
saúde - processo lento
● Pressuposto epistemológico –
origem da psicologia - pensamento
liberal
● Noção de individualismo
● Psicologia aplicada - modelo de
consultório
● Spink (2003) - final da década de 80
● Psicologia - “técnica de
disciplinarização”
● Constituição de 1988 – SUS - após a
promulgação do ECA
● Psicólogo brasileiro - práticas
psicológicas - implementação de
políticas públicas de saúde e de
desenvolvimento social
● Antes - inserções
sócio-comunitárias - atividades
voluntárias isoladas ou a projetos
universitários
● Processo - reforma psiquiátrica -
concepção - olhar processual de um
profissional de saúde mental
● Psicólogo - capaz - coordenar
grupos, apoiar redes sociais ou
intervir em psicoterapia
● Outro marco - psicólogo - contexto
hospitalar – consolidação - equipes
de saúde
● Contexto institucional - rompe -
paciente - propriedade do
psicólogo
● Papel - co-responsabilidade –
equipes interdisciplinares
● Debate interno disciplinar -
consistente ao final dos anos 80 -
caráter contundente ao longo dos
anos 90
● Leis regulamentadoras - cargos de
psicólogos – diferentes contextos
● Aprimoramentos na implantação do
SUS e das políticas de saúde mental
QUESTÕES
● Onde ficava o papel simbólico da
remuneração na clínica?
● O psicólogo, enquanto clínico,
poderia ser um assalariado
contratado pelo Estado para
atender em políticas públicas?
● Então, afinal, de que “Psicologia”
estamos falando?
● Ora, se não estávamos mais
propondo modelos pautados pelo
mercado regulador, mas pelo
Estado regulador, que novas
possibilidades de práticas
poderiam se abrir?
O NOVO MERCADO REGULADOR DAS
PRÁTICAS PSICOLÓGICAS
● Práticas psicológicas
contemporâneas - fazer psicológico
nas políticas públicas
● Deslocamento de eixo disciplinar
● Demandas capitalistas - inversão
lógica importante - profissionais
contratados em cargos públicos
● Postos de saúde e CAPS
● Demandas - novos atores - enfermo
sem família, de baixo poder
aquisitivo
● Problemas relacionais - déficits
cognitivos severos, entre outros
● Ainda hoje – não temos - “unidade”
epistemológica na Psicologia
● Inserção - políticas de saúde -
convívio com a idéia de
“integração” epistemológica -
diferentes saberes psicológicos
● Interlocução - fenômeno relevante
na formação epistemológica
● Teorias – não são universais -
contribuições complementares
● Compreensão - realidades
complexas
● População - maior acesso à
atenção integral em saúde mental e
cuidados psicológicos Psicólogo
“generalista”
● Por um lado - políticas públicas -
resultados significativos -
integração epistemológica
● Por outro lado - não têm valorizado
- diferentes especificidades de
atuação - psicólogo social, clínico,
educacional
● Levantamento de dados - não
identificaram – nenhum concurso
público no Brasil
● Edital para psicólogo em hospitais -
pré-requisito de especialidade em
psicologia clínica ou hospitalar
● Gravidade - profissional
selecionado – inapto no processo
de atendimento a pacientes
● Momento histórico muito peculiar -
momento de transição -
necessidade constante -
interlocução interna e
interdisciplinar
● Quebra paradigmática
● Quebra - ponto de partida: toda
atenção psicológica em saúde
depende de um olhar sociológico
sobre a constituição de sujeito e
produção de sintomas, o que tem
nos levado a superação de modelos
lineares e pretensamente
universais na explicação dos
fenômenos psicológicos
● Entrada disciplinar - saúde coletiva
● Construída - narrativas - conjunto
de fatos - não lineares
● Assumir significados - a posteriori
● História – processo que se
transforma em narrativa
● Processo histórico – dinâmico e
coerente
● Incontáveis - oportunidades e
desfechos - inexorável liberdade do
homem em produzir-se a si mesmo
● “História” - espaço de subjetivação
- suscita determinantes em nossos
mundos e escolhas
● Processo histórico - identificar –
possibilidades e limitações -
influenciaram modelos de produção
de conhecimento
● História - práticas psicológicas -
inúmeros determinantes suscitaram
modelos
● Quais modelos de Psicologia
podemos realizar no Brasil de hoje?
● Remeter - processo histórico que
nos constituiu
● História - “latinoamericanisse”,
nossa marginalidade global, nossa
reforma psiquiátrica inconclusa,
nossa criatividade cultural
● Psicologia é prioritária - SUS

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