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VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C O trabalho de parto: Contratilidade uterina e assistência aos tempos Parto Conjunto de fenômenos, mecânicos e fisiológicos, que levam à expulsão do feto e seus anexos do corpo da mãe. Parto Normal Espontâneo, baixo risco no desencadeamento do trabalho de parto e assim persistindo durante todo o parto. O bebê nasce espontaneamente, em apresentação cefálica de vértice, entre 37 e 42 semanas de gravidez. Depois do nascimento, mãe e bebê estão em boas condições. O que avaliar no PS que pode indicar se uma paciente está em trabalho de parto ou não? VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C - Está em falso trabalho de parto. - Está em trabalho de parto (fase ativa). Trabalho de parto VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C O trabalho de parto é caracterizado pela presença de contrações uterinas sequenciais capazes de gerar mudanças plásticas do colo uterino e a descida da apresentação fetal. A definição de trabalho de parto baseia-se no início das contrações uterinas, apagamento do colo uterino com consequente dilatação cervical e expulsão fetal. Alguns dias antes do início do trabalho de parto, ocorre aumento gradativo das contrações uterinas, dando início a insinuação da apresentação fetal, esvaecimento e dilatação progressiva do colo e distensão do segmento inferior para preparar o útero para o trabalho de parto. A fase preparatória, denominada de pré-parto, precede esses eventos em alguns dias ou semanas. Os sinais mais importantes dessa fase são: descida do fundo uterino geralmente de 2 a 4 cm, eliminação do muco pelas glândulas cervicais podendo vir acompanhado ou não de pequena perda sanguínea, amolecimento do colo com posterior apagamento, modificação do direcionamento do colo para o centro do eixo da vagina, contrações uterinas dolorosas, incoordenadas e irregulares. As fases clínicas do parto são processos fisiológicos que culminarão com o parto propriamente dito, divididos em quatro períodos ou fases clínicas principais: - Primeiro período, ou fase de dilatação; - Segundo período, ou fase de expulsão; - Terceiro período, ou secundamento; - Quarto período, ou primeira hora pós-parto. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Contratilidade uterina Durante a gestação, antes de 28 semanas contrações do tipo A. Durante a gestação, após 28 semanas contrações do tipo B (Braxton Hicks). Durante o trabalho de parto contrações regulares, dolorosas e com modificação cervical progressiva. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Período premonitório (pré-parto) Queda do ventre. Adaptação do polo fetal ao estreito superior → dores lombares. Eliminação de muco cervical (aumentado). Aumento da atividade uterina → aumento da frequência, da intensidade, da coordenação e da área afetada das contrações de Braxton-Hicks. Amadurecimento cervical algumas semanas antes da dominância fúndica desencadeia o início do trabalho de parto. Início do TP – Amadurecimento Cervical Início do TP: amadurecimento cervical + alterações da contratilidade miometrial. Alterações bioquímicas do tecido conjuntivo: alteração da concentração e solubilidade do colágeno Inflamação associada Ativação uterina (útero responsivo aos estímulos contráteis). VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Períodos clínicos do parto 1º período: dilatação 2-3 contrações dolorosas / 10 minutos → Modificação do colo 2 fenômenos distintos: Esvaecimento e Dilatação. O primeiro período do trabalho de parto é caracterizado por esvaecimento e dilatação do colo uterino e formação do segmento inferior do útero e da “bolsa das águas”. Para um efetivo trabalho de parto, essas contrações devem apresentar frequência regular entre duas e três contrações a cada 10 minutos, intensidade em média de 40 mmHg e duração entre 30 e 90 segundos (média de 60 segundos). Dilatação: Tração das fibras longitudinais do corpo na contração e distensão pela apresentação fetal (recoberta ou não pela bolsa das águas). A dilatação do colo uterino ocorre devido a tração proveniente das fibras uterinas sobre o segmento inferior e a pressão hidrostática exercida pela bolsa amniótica, sobre a cérvice uterina. A dilatação do orifício externo do colo tem por finalidade ampliar o canal e completar a continuidade entre o útero e a vagina, sendo assim se formará um espaço entre o útero e a vagina, no qual será coletado o líquido amniótico (bolsa das águas) que auxiliará as contrações uterinas no deslocamento do istmo. A pressão exercida pela apresentação fetal e pela bolsa das águas forma o segundo fator responsável pela dilatação das porções baixas do útero. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C O padrão de dilatação cervical durante as divisões de aceleração e de dilatação é representado por uma curva sigmoide dividida em duas fases. A fase latente, que corresponde à divisão de preparação, e a fase ativa, que corresponde à dilatação, sendo esta composta em fase de aceleração, fase de aceleração máxima e fase de desaceleração. Fase latente Parturiente percebe as contrações uterinas regulares, pouco dolorosas. Normalmente, é o período até a dilatação de 3 a 5 cm, definido como limite de dilatação da fase latente e o início da fase ativa. Fase ativa Contrações dolorosas, com aumento gradual de frequência e intensidade, levando à rápida dilatação do colo. A fase ativa tradicionalmente se inicia com entre 3 e 4 cm. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C A parada da dilatação foi definida como 2 horas sem alterações cervical, enquanto parada de descida, como 1 hora sem descida fetal. Assistência ao 1º período do trabalho de parto: Local: Suítes pré-parto, parto e pós-parto (PPP) Privacidade; Livre deambulação; Banheiro privativo; Cama possibilita várias posições. Profissional: Enfermeiros-obstetras; Obstetrizes; Médicos de família com capacitação em obstetrícia; Médicos obstetras Equipe transdisciplinar. Admissão: - Diagnóstico correto da fase ativa do TP * Internações precoces → excesso de exames de toque, ocitocina, maior necessidade de analgesia, cesariana (cascata de intervenções). * Taxa de cesariana: 64,5% em admissão precoce X 24,3% em admissão na fase ativa. - Cardiotocografia X ausculta intermitente dos BCF Não há evidência do benefício da cardiotocografia na admissão para pacientes de baixo risco (aumento de 20% cesarianas) - Enteroclisma: lavagem intestinal. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C Alimentação: – Ingesta de líquidos claros sem resíduos para grávidas de baixo risco (ACOG – American College Of Obstreticians and Gynecologists); – Avaliar desejos e respeitar concepções populares e regionais para mulheres de baixo risco (OMS); – Considerar jejum para pacientes de maior risco para broncoaspiração: Obesas, uso de opioides, uso de analgesia peridural. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C 2º período: expulsão Da dilatação completa até a expulsão do feto. 5 contrações / 10’ + PUXOS (espontâneos). Tem duração média de aproximadamente 50 minutos para nulíparas e 20 minutos para multípara. Fenômenos mecânicos do parto. Alguns fatores podem influenciar no tempo de duração desse período; no caso de mulheres com pelve contraída, feto grande a para idade gestacional ou com efeito de analgesia, esse período pode tornar-se mais duradouro. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C 3º período: dequitação ou secundamento Desprendimento da placenta e das membranas. 3 tempos fundamentais: - Descolamento; - Descida; - Expulsão ou desprendimento. Reduçãouterina + Contrações indolores Pregueamento Descolamento do leito uterino. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C - Schultze: sai a placenta e depois sangra. - Duncan: sangra e depois sai a placenta deslocamento marginal (menos frequente). A descida da placenta provoca contrações uterinas pouco dolorosas e novamente sensação de puxos maternos à medida que a placenta vai se aproximando do canal vaginal. O fundo uterino passa a se localizar abaixo do nível da cicatriz umbilical e, com essa diminuição, diminuirá a área de implantação da placenta e forçará que ela seja expulsa do útero, o que é facilitado pela estrutura frouxa da decídua esponjosa. À medida que essa separação acontece, forma-se um hematoma entre a placenta com a decídua separada e a decídua que permanece junto ao miométrio. Nesse processo de dequitação, independentemente do mecanismo, ocorre perda de sangue de aproximadamente 300 a 500 mL, que normalmente é bem tolerada pela paciente sem comorbidades. O sangramento, em condições fisiológicas normais, cessará após a expulsão da placenta. O processo de dequitação dá-se em média de 5 a 10 minutos em 80% dos casos, sendo considerado prolongado se acima de 30 minutos, quando complicações hemorrágicas se tornam mais frequentes. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C - Manobra de Jacob-Dublin: retirada de restos placentários com movimentos rotacionais. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C 4º período de Greenberg – 1º hora após dequitação Nesse período, após o desprendimento da placenta, ocorre a retração uterina com a formação de coágulos fisiológicos. Deve-se ter cuidado particular nesse período, devido ao fato de que poderão ocorrer hemorragias significativas, tendo como causa a atonia uterina. Esse período é caracterizado por mecanismos que atuarão na prevenção fisiológica do sangramento do leito uteroplacentário. O primeiro mecanismo é a contração do útero, pós-dequitação, provocando obliteração dos vasos miometriais pela contração muscular, o miotamponamento, descrito por Pinard e denominado de ligaduras vivas de Pinard. Provocando um tamponamento devido à formação de trombos intravasculares que obliteram os grandes vasos uteroplacentários e de coágulos que preenchem a cavidade uterina, fase conhecida como segunda fase de proteção contra a hemorragia, o trombotamponamento. Após 1 hora do parto, o útero evoluirá com a fase de contração uterina fixa, por adquirir maior tônus, mantendo a hemostasia. Vigilância → principais complicações hemorrágicas. Miotamponamento = 1ª linha de defesa – Imediatamente após expulsão da placenta, útero se contrai. – Ligadura viva dos vasos uterinos → globo de segurança de Pinard. Trombotamponamento = 2ª linha de defesa – Coágulos recobrindo leito placentário → trombos nos vasos. – Preenchem a cavidade uterina. Indiferença miouterina: – Útero alterna fases de contração e relaxamento. – quanto maior a paridade, mais prolongados os estágios do parto e > a distensão (gemelaridade, macrossomia, polidrâmnio). Contração fixa: – Após 1 hora, maior tônus, que se mantém. VITÓRIA CORREIA MOURA – T4C