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Sistematização Conteúdos Informática e Sociedade Taíse de Mello Goulart 1-Racismo e programação: O principal tópico abordado na disciplina sobre esse assunto foi um fenômeno denominado racismo algoritmo, que pode ser definido como quando algoritmos, por determinado motivo, discriminam imagens de pessoas negras ou não brancas. Fez-se a leitura do artigo “VISÃO COMPUTACIONAL E VIESES RACIALIZADOS: BRANQUITUDE COMO PADRÃO NO APRENDIZADO DE MÁQUINA “. Já houve no decorrer dos últimos tempos vários exemplos de racismo algoritmo, podendo-se citar um concurso de beleza que prometia eleger a pessoa mais bonita do mundo porém quase todos os vencedores eram pessoas brancas, já que a inteligência artificial do mesmo tinha sido treinada com rostos europeus. Outro exemplo foi o de softwares de recrutamento, que usavam como critério de seleção para candidatos ideais padrões europeus antigos e conhecidos como “big five” (extroversão, neuroticismo, abertura a experiências, amabilidade e consolidação), ignorando diferenças globais do que se espera quando se busca um funcionário, inclusive o software considerava até mesmo trejeitos e sotaques de outras geolocalidades não eram bem vistos pela IA. Há também casos de “clareamento” de pele automático em aplicativos de foto, inteligências artificiais confundindo traços negros (como no caso do Google, que já reconheceu erroneamente pessoas negras como gorilas e cabelos negros como perucas), dentre outros. Além disso, a visibilidade de influenciadores e produtores de conteúdo negros costuma ser menor, mesmo quando é um conteúdo verídico e de qualidade. Acaba que, o racismo estrutural da sociedade acaba refletindo também nas tecnologias digitais, levando a um menor alcance, prestígio e participação de usuários negros nas mídias sociais, contribuindo para a manutenção de sistemas racistas e invisibilização do trabalho de pessoas não-brancas. As consequências da falta de representatividade, além de afetar a autoestima desses indivíduos, também afeta as oportunidades no mercado de trabalho, criando um ciclo vicioso. Como caminhos possíveis para a mudança destes problemas, ressalta-se a necessidade de equipes multidisciplinares e inclusivas, compostas também por pessoas não-brancas, tanto no desenvolvimento quanto nos testes desses algoritmos e programas. Acredito que se deva atentar para dar maior visibilidade ao conteúdo de pessoas negras, que seja importante incentivar a entrada destas nas áreas tecnológicas, a fim de que sua visão e perspectiva de vida evitem o desenvolvimento de softwares com racismo algoritmo ou que induzam a discriminações, e também que deva-se atentar para ter uma base de dados representativa nesses casos, para que erros como estes não sejam mais cometidos, contribuindo para uma sociedade menos racista e mais igualitária. 2- Tópicos sobre a Leitura dos PDFs disponibilizados: Cypherpunks & Cypherpunks: economia e política O principal ponto que o livro aborda é como o uso de criptografia poderia contribuir para a manutenção da liberdade das pessoas, protegendo os dados das pessoas “pequenas” e vulneráveis e exigindo transparência na forma como grandes empresas e Estados lidam com as informações que nos são coletadas. São discorridos diversos tópicos sobre política, economia e liberdade pelos autores, como numa conversa. É dado enfoque a parte mais “obscura” dessa ascenção tecnológica e da interação entre sociedade e tecnologia, exibindo uma visão crítica das influencias do avanço científico na sociedade. Há também uma abordagem de constante conflito entre a individualidade e a sociedade tomada pela impessoalidade das tecnologias. Cypherpunks são os indivíduos que defendem a utilização da criptografia e seus similares tecnológicos como arma para provocar mudanças sociais e políticas necessárias frente ao uso da tecnologia como controle social. Eles defendem que deve-se privacidade Tanto o conceito de cyberpunk quanto cypherpunk compreendem que a tecnologia avançada pode acabar ameaçando a individualidade das pessoas e trazendo malefícios para a sociedade que devem ser combatidos. A sensação de liberdade e informação sem limites inicialmente proposta pela rede mundial de computadores acabou por fazer com que o Estado tomasse controle sob a mesma, na forma de controle das bases físicas e também pela coleta dos dados dos usuários. Os textos disponibilizados sinalizam uma importante preocupação quanto a centralização do “poder” sobre a internet: boa parte dos imensos computadores que abrigam os servidores cloud ficam localizados nos Estados Unidos, juntamente com a passagem de vários cabos de fibra óptica e das informações armazenadas pelas operadoras de cartão de crédito, além das maiores redes sociais que acabam por coletar inúmeros dados pessoais (Facebook, Twitter, etc). Isso acaba por gerar um monopólio de concentração de dados que deveriam ser privados, sujeitando boa parte dos dados do mundo às legislações e vigilâncias de um único país. Todo esse poder em únicas mãos também pode acabar levando a censuras e manipulações por parte do detentor dessa informação. A possibilidade de controle fiscal também é preocupante. Existe a possibilidade de opressão e dominação de países menores através desse controle de dados e acesso à informação, repressão de vontades e desejos, eleições compradas e vendidas, além de outros tipos de controle. Nos processos democráticos, por exemplo, as redes sociais poderiam promover um candidato em favor de outro, por meio de maior divulgação das opiniões de pessoas influentes que demonstram apoio a determinado candidato, colocando a culpa “no algoritmo”. Opiniões diversas do interesse dominante poderiam ser oprimidas, silenciadas com um argumento qualquer. https://moodle.poa.ifrs.edu.br/mod/resource/view.php?id=287341 https://moodle.poa.ifrs.edu.br/mod/resource/view.php?id=287342 O argumento mais frequente utilizado pelo Estado e demais grupos de poderes para restringir e controlar dados e acesso aos conteúdos é o discurso de que as restrições impostas são justificáveis apra impedir o avanço de iniciativas de pedofilia, terrorismo, dentre outras, entretanto, os autores demonstram que não faz sentido reprimir todas as outras pessoas em prol do combate desses “bandidos”, até porque podemos passar a ser classificados como os bandidos quando dissermos algo que desagrada as autoridades em um regime de repressão autoritária, independentemente de ser uma atitude de acordo com os princípios da Lei ou não. Regimes totalitários possuem esse poder, de impor com quem devemos nos comunicar e o qual deve ser o limite do conteúdo destas comunicações, e a internet livre pode e deve ser utilizada como ferramenta de resistência. Para suportar a internet livre, deve-se investir no desenvolvimento de ferramentas e melhorias tecnológicas, a fim de detectar e controlar problemas como a censura e compartilhar o conhecimento de uma forma geral. É importante salientar que a privacidade dos indivíduos é importante tanto do ponto de vista comunitário quanto econômico, já que as pessoas precisam dela para se comunicar, locomover e interagir economicamente de forma livre. Considerando este contexto, os autores discutem que seria importante a criação de uma moeda eletrônica porque isso diminuiria o controle do Estado sobre os meios de pagamento. Nas palavras de um dos autores: “é importante para o Estado poder controlar os fluxos monetários, possibilitando assim a arrecadação de dinheiro, mas também para simplesmente controlar o que as pessoas fazem – dando incentivos aqui, removendo acolá, banindo completamente determinadas atividades, organizações ou interações entre certas organizações.” A centralização das informações de transações de cartões de crédito, como mencionado anteriormente, é uma consequência e problema que serve como exemplo dessa citação. Os autores chegam a dar a sugestão de realizar um controle de forma descentralizada, onde ao invés de haver um Banco Central, teria um grupo de pessoas no mundo inteiro que decidem em consensoqual é a realidade e qual é o câmbio atual, mas eu pessoalmente também vejo problemas nessa solução e acho uma solução utópica demais, apesar de não possuir outra ideia melhor. Concordo que em alguns casos há controle financeiro excessivo - como um dos autores cita quando comprou libras esterlinas na casa de câmbio. Pelo meu entendimento da leitura, nem mesmo os autores chegaram numa resposta definitiva para esse problema da privacidade financeira e liberdade das transações, visto que é bastante complexo, já que ao mesmo tempo que o mercado precisa ser regulado para conseguir promover uma economia justa a todos (impedindo monopólios de bloquear o desenvolvimento de negócios menores, por exemplo) também tem o problema de restringir a liberdade e privacidade dos indivíduos financeiramente. Como considerações finais sobre esse assunto, é importante salientar que as leis e políticas não costumam acompanhar os avanços das tecnologias, assim, quando se cria uma lei capaz de cobrir as necessidades do mercado atual, podemos estar também impedindo o surgimento de novos mercados que estavam em desenvolvimento. As políticas precisam se adaptar à sociedade e não o contrário, porém a lentidão com que isso ocorre pode estar impedindo vários avanços. 3-Ética, moral e Informática Esse tópico foi abordado na disciplina através da leitura do material “Informática na Sociedade e Ética”. Foi sugerido como leitura os capítulos 1 e 3. No capítulo 1, “Era da Informação e o Comportamento Ético”, aborda os avanços das tecnologias de informação e comunicação (TIC) como uma das grandes marcas da contemporaneidade. Inicia dissertando sobre a utilização em larga escala das TIC pela sociedade, exigindo um acompanhamento e entendimento das condutas humanas compartilhadas através da “sociedade em rede”. A ética então entra como um estudo necessário para compreender os valores morais compartilhados na interação através das redes, já que estas atualmente integram nossa realidade social e econômica, sugerindo que proporcionam contatos variados entre os indivíduos, e tem suas relações fortalecidas e potencializadas pela internet. A internet trouxe a vantagem da rapidez de dados comunicacionais serem processados quase instantaneamente em qualquer parte do mundo, mesmo sem a proximidade dos indivíduos, promovendo ganhos quanto a facilidade de transmissão de dados e a possibilidade de novas formas de interação, educação e trabalho. Essas novas possibilidades de comunicação instantânea e sem fronteiras levou a formação de novos padrões de associação e laços sociais, com base em ideias de “amizade” (como amizades virtuais, “amigos de jogo”, “amigos do facebook”), de alguns dos quais são sustentados pelas redes das TIC. Entretanto, também aborda o viés negativo de toda essas interações, visto que às vezes elas podem acabar sendo rasas, imediatistas e dependendo da situação, talvez não proporcionem uma base adequada para relacionamentos duradouros, de cuidado e de carinho, cuja a maioria exigeum contato pessoal e um comprometimento de longo prazo” (CHAMBERS apud GIDDENS, 2012, p. 584). Além disso, podem acabar tendo o efieto contrário e levar ao isolamento, distância social e problemas sociais. As TIC também trouxeram o surgimento de outros aspectos negativos importantes, como modalidades de crimes que do uso das redes sociais, viabilizadas pela internet. Além disso, a violência também ronda as redes, potencializada pela percepção dos indivíduos de que há uma possibilidade de “anonimato” para tomar ações inconsequentes. Há também a criação de identidades falsas, sejam de cunho malicioso ou nao. Essa é uma atitude perigosa e vista com certa frequencia em redes sociais onde muitas pessoas fingem levar uma vida que não possuem, e podem acabar tão imersas nessa encenação que passam a ver a vida fora das telas como o irreal e estranho. As relações entre capital e trabalho e as relações entre trabalhadores e suas empresas, acompanham essas modificações trazidas pelas TIC, como pode-se observar no trabalho remoto. O autor salienta que a tecnologia não determina a sociedade, no texto, mas eu acredito que a sociedade influencie constantemente a tecnologia e também seja influenciada por ela. Essa era de informações rápidas enfatiza o conhecimento como fator determinante para causar mudanças nas relações de trabalho,e no que é exigido na educação para formação dos cidadãos, e dessa maneira é necessário, necessário repensar os processos educacionais, mesmo que se saiba que as mudanças na estrutura educação não acompanham a velocidade da mudança das tecnologias. A criminalidade também foi influenciada pela ascenção das TIC, trazendo problemas como o cibercrime, praticado através do terrorismo, da invasão de privacidade, a pornografia e o conteúdo ofensivo nas redes, e diversas formas de violência. Dessa forma, deve-se considerar importante a a busca pela compreensão constante e permanente por valores morais aceitáveis, que tragam um ambiente de convívio social adequado para todos. No capítulo 3 sobre Ética, Direito e Informática, discorreu-se sobre o conceito de ética profissional, definido como o conjunto de normas de conduta que deverão ser seguidas quando do exercício de qualquer profissão. Independente de haver ou não um código de ética profissional (como é o caso das profissões da computação, que não possuem um conselho nem código de ética profissional) podemos afirmar alguns de elementos que devem servir de guias em qualquer profissão que contribuem para o seu bom funcionamento, sendo eles: imparcialidade, confidencialidade ou sigilo profissional, prudência, humildade, honestidade, competência. Todos estes elementos são partes integrantes da Regra de Ouro da Ética, a qual afirma que devemos agir em relação ao outro como gostaríamos que ele agisse em relação a nós quando estamos em dúvida de como agir diante de determinada situação. Os códigos de ética estabelecidos para as profissões por conselhos de classe e outras entidades servem para guiar a conduta ética dos profissionais. O texto ressalta que não há uma regulamentação ética para as profissões relacionadas a tecnologias de informação documentada, e a profissão também não possui um conselho de classe. Mesmo se o referido código fosse criado, haveria problemas de ordem práticas, como a questão da fiscalização do exercício profissional, dado que não existem órgãos fiscalizadores, pela ausência da própria categoria profissional. A Sociedade Brasileira de Computação (SBC) criou uma Comissão de Ética em julho de 2013, tendo estabelecido uma série de deveres aos profissionais de informática. Todavia, este regimento aplica-se apenas aos seus membros, razão pela qual a punição máxima ao infrator é a consequente desfiliação, Também se discorre sobre direitos autorais e sua importância, como agir eticamente em relação a estes aspectos. Discorre-se sobre a relação entre Direito e Moral e suas distinções, salientando pontos importantes como o fato de existirem problemas jurídicos que são estranhos a ordem moral; há assuntos que são da alçada exclusiva da Moral, e que sempre haverá relações que se realizam à sombra da lei e que contrariam a Moral. Explicou-se também no texto uma diferenciação entre a norma moral e a norma jurídica. Ambas são normas sociais, mas o descumprimento de uma norma moral gera uma descortesia, uma imoralidade, enquanto o descumprimento de uma norma jurídica gera uma ilicitude, que constitui uma forma de infração social. Outra diferença entre a norma moral e a norma jurídica reside na natureza organizada ou não da sanção imposta ao infrator. Enquanto na primeira a sanção é imprecisa, podendo ser aplicada por qualquer agente social, a segunda é organizada, já que está previamente determinada pelo sistema jurídico. O texto também aborda porpriedade industrial e seu papel no Brasil, direito autoral (que no caso dos programas de computadores é regido pela Lei do Software (9.609/98) e subsidiariamente pela Lei dos Direitos Autorais (9.610/98)) O autorsalienta queé necessária a comprovação da autoria do mesmo, que se dará por meio de publicação, ou por meio de prova de criação do mesmo para reinvidicar a autoria em caso de roubo da propriedade intelectual. Sobre plágio, é frequente acharmos textos na Internet (blogs, páginas pessoais, etc.) que foram copiados de obras de outros autores, mas sem observar a necessidade de autorização do autor para tal utilização ou em muitos casos nem mesmo citando a fonte original, ressalvado o caso de obras que já caíram em domínio público. Há uma falsa crença na sociedade de que todo material disponível no ciberespaço, dentre eles livros, artigos científicos, etc., está disponível de forma livre, desde que não seja para uso comercial. Por fim, o autor destaca que os cibercrimes muitas vezes são difíceis e serem punidos pois é necessário que se tenha um mínimo de elementos comprobatórios que indiquem a ocorrência da infração penal bem como da autoria do mesmo. Com base nisso, alguns fatores como o favorecimento do anonimato e a ausência de um órgão central que colabore nas investigações criminais cometidos através de TICs favorece um espaço para a prática de cibercrimes. Uma vez que o crime cibernético ocorra, é muito difícil a identificação autor da infração, pelos mesmos motivos que facilitam a conduta lesiva. 4-Principais transformações da revolução microeletrônica (atividade professor Flademir): 1. Possibilidade de trabalho remoto; 2. Maior facilidade de obtenção de informações, porém necessário seleção destas; 3. Comodidade de realizar diversas atividades diárias na palma da mão com um único dispositivo, no caso do smartphone; 4. Possibilidade de manter contato com pessoas que residem longe; 5. Possibilidade de conhecer pessoas de todos os lugares do mundo a um clique; 6. Menor privacidade de dados; 7. Trouxe necessidades que antes as pessoas não tinham, como precisar estar sempre conectados com “medo de perder algo” 8. Maior exposição das pessoas (por livre vontade ou não); 9. Mudanças nas operações comerciais e de compra, muitas feitas virtualmente; 10. Surgimentos de estabelecimentos e serviços tradicionais apenas no formato digital (ex: bancos digitais) 11. Inclusão dos que aderem à tecnologia, porém exclusão dos que não aderem; 12. Novas possibilidades de ensino, com o surgimento da educação à distância, que permite maior flexibilidade de horários; 13. Diminuição de fronteiras entre culturas e pessoas; 14. O rápido fluxo com que se obtém coisas pela tecnologia (informação, contatos) acabou deixando as pessoas mais imediatistas e com a sensação de que precisam estar sempre conectadas -isso vale para relacionamentos, trabalho… 5- Software Livre e democratização do acesso à informação (artigo sobre software livre Sagui) Acredito que o desenvolvimento de software livre por empresas públicas seja de grande importância e deva ser incentivado, já que isso pode ajudar na inclusão tecnológica e no desenvolvimento de micro e pequenas empresas, levando a um benefício para a sociedade. Também ajudaria a resolver problemas que fossem negligenciados por empresas de tecnologia de grande porte. Poderia-se também, incentivar a construção de comunidades em volta do desenvolvimento de softwares livres a partir de demandas sociais, por exemplo, realizando algum tipo de pesquisa com uma comunidade de pequenos empreendedores para saber quais são seus atuais problemas de negócio, comunicar isso a programadores das empresas estatais e incentivar que parte de sua carga horária de trabalho seja para trabalhar desenvolvendo esses softwares na forma de código livre. Importante também reavaliar os registros, já que na documentação pesquisada boa parte dos softwares ditos livres não possuíam os requisitos mínimos para serem classificados como tal. Concordo com a afirmação inicial de que a produção de software livre no Brasil ainda é pouco explorada, e sua expansão colabora com a democratização da tecnologia e a expansão dos seus usos para solucionar problemas da sociedade. 6- Identidades e redes sociais (texto base do site com link do moodle e artigo de doutorado sobre percepção das pessoas negras quanto a sua identidade na internet) Nesse tópico, a disciplina abordou como se dá a relação entre tecnologia, redes sociais e a identidade a autoidentificação dos indivíduos. O primeiro texto aponta que identidade não é algo fixo e imutável no tempo e espaço, considerando a ascenção das tecnologias de informação e comunicação (TIC) e sua influência nas formas de interação social, de forma que os mais diversos estímulos, opiniões e informações podem acabar tornando difícil a tarefa de definir como se vê a si próprio diante dos diversos ambientes que nos inserimos. Isso afeta diretamente quem somos e como enxergamos os outros ao nosso redor. O novo modelo de identidade acaba sendo baseado não em instituições fixas e condutas estáveis, mas na relação sempre dinâmica de formação dos indivíduos. A ideia é que a autorreflexão passe a ser o parâmetro central para isso. Estamos em contínua descoberta e alternância de escolhas, deslocando nossas identidades para formas variadas de se sentir presente no mundo atual. Há uma pressão contínua a refletir sobre escolhas a fim de mostrar uma versão cada vez melhor de nós mesmos. Na vida cotidiana contemporânea, experimentamos identidades diversas, ora mantendo, ora excluindo elementos de nossas performances, principalmente nas redes sociais, as quais muitas pessoas acabam criando “seus proprios personagens” que nem sempre corresponde a vida real. As pessoas podem elaborar formas de como querem ser vistas e isso, constrói um pouco de como nos vemos e como achamos que estamos sendo vistos. Em contrapartida a essa experimentação, a exposição da internet também nos cobra que mantenhamos a nossa “essência”, tanto pelo lado positivo quanto negativo, pois muitos são os casos em que pessoas que evoluíram conceitos errôneos que tinham, serem atacadas por pessoas relembrando esses fatos passados (através de “screenshots” de postagens antigas com afirmações que não são mais verdadeiras da opinião do indivíduo sobre algo ou sobre si), ignorando que a pessoa pode mudar. Esse e outros aspectos leva a uma potencial preocupação das pessoas em o quÊ, quando ou como devem expor suas opiniões, imagem ou personalidade diante das mídias sociais e de como isso será percebido pela audiência externa. Apesar disso, o autor defende que a possibilidade de ter múltiplas identificações nos permitem mais conhecimento sobre o que nos cerca, ampliando nossa visão e interação com outras pessoas, seja no contexto físico ou digital, e dessa forma, contribuindo para a nossa identificação. Eu pessoalmente acredito que a experimentação destas identidades é importante para a construção da identidade, e adaptação da mesma, caso não se identifique mais com a identidade anteriormente formada sobre si mesmo. Para complementar esse tópico de discussão, foi disponibilizada a leitura do artigo de doutorado “Identidad étnica y redes sociales: El debate identitario en las comunidades afrodescendientes de Orkut enel contexto del censo demográfico brasileño de 2010”. Esta pesquisa tinha como objetivo principal investigar se a forma de auto identificação das pessoas negras virtualmente coincidia com os dados do censo brasileiro de 2010, de uma forma geral, mas outros aspectos interessantes também foram abordados. Alguns pontos importantes apontados pelo trabalho foram que apesar de que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE) considera que as categorias utilizadas para realizar o senso são representativas da sociedade, o estudo aponta que as pessoas negras não se identificam com algumas das categorias presentes no senso. As categorias parda e morena tendem a gerar conflitos entre os participantes de comunidades virutuais, de forma que o termo negro como autoidentificação é melhor aceito, e parda possui uma conotação mais negativa de uma forma geral na autoidentificação destes indivíduos. Há resistência quanto àidentificação como afrodescendentes. Na pesquisa, percebeu-se que as comunidades virtuais reinvidicam a identidade negra como a promovida históricamente através dos moviemntos negros brasileiros, identidade esta que não tinha sido incluída no senso demográfico. Observou-se também que no Brasil há um forte processo de reconstrução da identidade negra, porém nem sempre os espaços sociais atuam como fonte de informação apra estes tópicos, sendo às vezes apenas fonte de discussão. Percebeu-se que houve um aumento da autoidentificação afrodescendente, sendo que a porcentagem de indivíduos autodeclarados pretos e pardos aumentou entre os sensos de 2010 e 2000, de forma que pela primeira vez na história mais da metade da população se considera negra. O estudo aponta por fim que para a valorização positiva individual da pessoa negra é necessária a valorização coletiva e ao mesmo tempo uma mudança na percepção que a sociedade possui sobre esta parcela significativa da população. Considerando os dois textos disponibilizados, é importante que os meios virtuais sejam um espaço de debate aberto sobre as questões de identidade, e também que haja senso crítico por parte da população para compreender o quanto a mesma concorda com a identidade que se identifica, e como essa identificação pode mudar por influência (positiva ou negativa) da tecnologia.
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