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Fundação Centro Universitário Estadual da Zona Oeste Engenharia de Produção Filipe Casal Fernandes PROPOSTA DE BALANCEAMENTO DE LINHA DE MONTAGEM BASEADA EM TÉCNICAS DE CRONOANÁLISE: ESTUDO DE CASO EM UMA FÁBRICA DE AUTOPEÇAS Rio de Janeiro 2018 Filipe Casal Fernandes PROPOSTA DE BALANCEAMENTO DE LINHA DE MONTAGEM BASEADA EM TÉCNICAS DE CRONOANÁLISE: ESTUDO DE CASO EM UMA FÁBRICA DE AUTOPEÇAS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Fundação Centro Universitário da Zona Oeste, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Bacharel em Engenharia de Produção. Orientadora: Mônica Maria Ferreira da Costa Coorientador: Valdir Agustinho de Melo Rio de Janeiro 2018 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a todos aqueles que de alguma forma contribuíram com meu desenvolvimento durante esses anos. Principalmente à minha mãe Graça e à minha irmã Michelle, que são minha fonte de inspiração. AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer primeiramente à minha família por ter dado todo o apoio necessário durante esses anos de graduação. À Camila que nos últimos meses me deu todo o suporte e encorajamento que eu precisava. Meus orientadores Mônica Costa e Valdir Melo que não poderiam ter exercido suas funções de melhor forma, dando todo o suporte necessário para a elaboração deste trabalho de conclusão. Todo o corpo docente do departamento de engenharia da UEZO que mesmo com as dificuldades de uma instituição estadual do Rio de Janeiro durante o período de crise, continuaram firmes no exercer das suas atividades. Ao programa Ciências sem Fronteiras por ter me possibilitado aprimorar meus conhecimentos durante a graduação e permitir essa experiência para mim e outros milhares de jovens brasileiros que não conseguiriam arcar com os custos por conta própria. Ao professor Johan Zentjens, meus colegas de classe na Zuyd University e aos gestores da empresa relatada nesse documento que deram a oportunidade de realizar o projeto. E por fim, a todos os amigos que adquiri e que me ajudaram durante esta etapa. RESUMO Em um processo produtivo, deve-se buscar a realização de todas as atividades relacionadas à criação do produto com a máxima eficiência. Dessa forma, é possível operar com o menor custo e, consequentemente, maior rentabilidade. Este trabalho apresenta a proposta elaborada para uma fábrica de autopeças com o objetivo de eliminar tempos ociosos e aumentar a eficiência dos operadores na linha de montagem. Essa proposta foi elaborada a partir do uso de técnicas de cronoanálise para a medição de tempo dos elementos de trabalho que cada operador realiza em determinada função para a fabricação de um item específico. Com o resultado das medições, utilizou-se o gráfico Yamazumi para simular realocações de atividades entre os operadores para algumas etapas do processo produtivo do produto analisado. Como resultado, verificou-se que, apesar de algumas atividades não serem passíveis de realocação, outras atividades foram redistribuídas entre os operadores, viabilizando a redução de duas pessoas na linha de fabricação do produto alvo deste estudo. O resultado obtido confirma que mesmo técnicas difundidas desde o início da Segunda Revolução Industrial ainda se mostram como uma boa alternativa para a melhoria da eficiência e produtividade. Palavras-chave: Lean Manufacturing. Balanceamento de linha de montagem. Cronoanálise. Gráfico de Yamazumi. Tempo de ciclo. ABSTRACT In a production process, one must seek to carry out all the activities involved with maximum efficiency. In this way, it is possible to operate at the lowest cost and, consequently, higher profitability. This paper presents the study done for an auto parts factory in order to eliminate idle times and increase operators’ efficiency in the assembly line. The study was carried out for a specific item and used chronoanalysis techniques for measuring time for each work element performed by operators in their respective tasks. With the resulting measurements, the Yamazumi chart was used to simulate reallocations of activities among the operators for some stages of the production process of the analyzed item. As a result, it was found that, although some activities could not be reallocated, other activities could be redistributed among the operators, making possible the reduction of two people in the production line of the item considered in this study. The result obtained confirms that, even techniques disseminated since the beginning of the Second Industrial Revolution, still prove to be a good alternative for improving efficiency and productivity. Keywords: Lean Manufacturing. Assembly Line Balancing. Chronoanalysis. Yamazumi Chart. Cycle time. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Exemplo de gráfico Yamazumi .................................................................. 21 Figura 2 - Fluxograma simplificado de um processo de fundição .............................. 23 Figura 3 - Molde em areia com machos posicionados .............................................. 24 Figura 4 - Ilustração do layout da linha de produção estudada ................................. 26 Figura 5 - Medições na estação de trabalho A .......................................................... 29 Figura 6 - Medições referentes ao operador 1 na estação de trabalho C .................. 30 Figura 7 - Medições referentes ao operador 2 na estação de trabalho C .................. 30 Figura 8 - Medições referentes ao operador na estação de trabalho D ..................... 31 Figura 9 - Gráfico Yamazumi referente à etapa de MoldagemErro! Indicador não definido. Figura 10 - Medições referentes ao operador 1 na estação de rebarbação .............. 32 Figura 11 - Medições referentes ao operador 2 na estação de rebarbação .............. 33 Figura 12 - Gráfico Yamazumi referente à etapa de rebarbação............................... 34 Figura 13 - Gráfico Yamazumi de todas as estações cronometradas ....................... 35 Figura 15 - Gráfico Yamazumi da proposta de remanejamento de atividades .......... 37 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Coeficientes de distribuição normal .......................................................... 17 Tabela 2 - Coeficiente d2 para o número de cronometragens iniciais ....................... 17 Tabela 3 - Tabela de número mínimo de ciclos a serem medidos após medições preliminares ............................................................................................................... 28 Tabela 4 - Tempos cronometrados e respectivos tempos em espera ....................... 36 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 10 1.1 Descrição do problema .......................................................................... 10 1.2 Objetivos ................................................................................................. 11 1.2.1 Objetivo geral ................................................................................ 11 1.2.2 Objetivos específicos ..................................................................... 11 1.3 Justificativa ............................................................................................. 12 1.4 Metodologia............................................................................................. 12 1.5 Organização ............................................................................................ 12 2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................... 13 2.1 Lean Manufacturing ................................................................................ 13 2.2 Balanceamento da linha de montagem ................................................ 14 2.3 Estudo de tempos e movimentos .......................................................... 14 2.4 Cronoanálise ........................................................................................... 15 2.4.1 Divisão da operação em elementos .............................................. 15 2.4.2 Determinação do número de ciclos a serem cronometrados......... 16 2.4.3 Determinação do tempo padrão .................................................... 18 2.5 Takt-time e tempo de ciclo ..................................................................... 18 2.6 Gráfico Yamazumi .................................................................................. 20 3 PROCESSO DE FUNDIÇÃO ............................................................................ 22 3.1 Moldagem ................................................................................................ 23 3.2 Rebarbação ............................................................................................. 24 4 ESTUDO DE CASO .......................................................................................... 25 4.1 Introdução ao caso ................................................................................. 25 4.1.1 Processo de manufatura ............................................................... 25 4.2 Realização dos testes ............................................................................ 27 5 RESULTADO E CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................... 38 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 39 Capítulo 1 – Introdução 10 1 INTRODUÇÃO Desde o Japão pós-Segunda Guerra Mundial, com o surgimento do Sistema Toyota de Produção, na indústria, assim como em outros setores da economia, há a busca incessante pela eliminação de desperdício. A filosofia Lean, que tem como um de seus objetivos principais a eliminação destes desperdícios, quando bem implementada, permite que os colaboradores de uma organização atuem como agentes de melhoria e identifiquem oportunidades de aumento de performance, gerando maior eficiência nos processos produtivos e redução de custos. O estudo apresentado neste documento relata o uso de técnicas de cronoanálise para a eliminação de desperdício de tempo causado pela ociosidade dos operadores em uma linha de montagem de uma fábrica que produz peças do ramo automotivo. Além da cronoanálise, utilizou-se também o gráfico Yamazumi como ferramenta auxiliar para apresentar visualmente as atividades que agregam valor no ciclo de cada estação de trabalho considerada no escopo deste trabalho. Com a utilização conjunta das técnicas de cronoanálise, do gráfico de Yamazumi e com a mentalidade de eliminar desperdícios na organização, que advém da filosofia Lean (seção 2.1), pôde-se concluir o projeto e prover informações para auxiliar a tomada de decisões referentes a novos procedimentos de produção na empresa considerada. 1.1 Descrição do problema A empresa foco deste trabalho é uma multinacional localizada na cidade de Tegelen na região sul dos Países Baixos. Sua atividade na indústria é a manufatura de peças de alumínio para o ramo automotivo e para empresas de aquecedores. Com mais de 400 produtos em seu portfólio e mais de 65 anos de experiência no design e fundição de peças, a empresa fornece matéria prima para importantes players do mercado. Por questão de sigilo, no presente documento, a empresa será nomeada como empresa X. Capítulo 1 – Introdução 11 Como parte de seu processo de melhoria contínua, a gerência da empresa em questão julgou haver oportunidade de otimização dos recursos humanos da planta. Essa oportunidade de melhoria surgiu após a observação de que, durante o processo produtivo de alguns produtos do catálogo, os operadores que trabalhavam no local tinham ação por apenas poucos segundos, caracterizando grande parte do tempo restante como tempo de espera. Contudo, para promover efetivamente essa otimização, a empresa conduziu testes e análises para fundamentar suas decisões. Com o objetivo de reduzir o tempo de espera dos operadores, à primeira vista, uma possível solução seria reduzir o tempo de ciclo da máquina, ou seja, fazer com que a mesma operasse mais rapidamente para que o fluxo de peças que chegavam nas estações de trabalho dos operadores aumentasse e, consequentemente, se eliminasse parte do tempo de espera. Entretanto, por um gargalo posterior no processo, ou seja, um limite de capacidade de processamento em uma das etapas futuras, a máquina já operava com o menor tempo de ciclo possível. Assim, tendo em vista a impossibilidade de aumentar o ritmo de produção da máquina, foi necessário buscar outras soluções para reduzir ou até eliminar o tempo ocioso dos operadores. Diante do problema apresentado, foi realizado o projeto de cronoanálise apresentado neste trabalho, cujo escopo restringe-se à produção de um determinado item fabricado em uma das linhas de produção da empresa. 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo geral Otimizar a linha de montagem em questão através da redução da ociosidade dos operadores que atuam na fabricação do produto específico considerado no escopo deste trabalho, usando a cronoanálise para medição do tempo de execução de cada ação. 1.2.2 Objetivos específicos • Realizar estudo de cronoanálise na linha de montagem em questão; • Utilizar o gráfico Yamazumi como ferramenta de auxílio na análise; • Propor um novo procedimento operacional padrão para o produto analisado. Capítulo 1 – Introdução 12 1.3 Justificativa O projeto apresentado neste documento tem relevância para a empresa em que foi realizado pois, utilizando-se o método científico, vislumbrou-se solução para o problema definido inicialmente. Além disso, este estudo pode servir de inspiração para que empresas com problemas similares possam utilizar as técnicas aqui apresentadas para aumentar a eficiência de suas linhas de montagem, ou adaptar essas técnicas para aplicação em outras áreas da organização. No âmbito acadêmico, este trabalho demonstra que, mesmo técnicas desenvolvidas no início do século XX e amplamente disseminadas no mercado como a cronoanálise, ainda possuem espaço para serem aplicadas na indústria, trazendo bons resultados ao aumentar a eficiência, contribuir para a melhoria contínua, a eliminação de desperdícios, e, consequentemente, a redução de custos. 1.4 Metodologia Além de envolver pesquisa bibliográfica, o trabalho retratado neste documento caracteriza-se como uma pesquisa de caráter quantitativo que se utiliza do método de estudo de caso. Como abordagem para que se atingissem os seus objetivos, o primeiro passo foi a observação do ambiente em que ocorreu o projeto para que se pudesse ter entendimento profundo sobre o problema. Posteriormente, iniciou-se uma etapa de cronometragem de atividades na linha de montagem considerada, etapa fundamental para embasar decisões sobre nova proposta de procedimento operacional. Com os resultados obtidos nessa etapa, realizou-se a análise de oportunidades de melhoria, e, por fim, a elaboração da proposta. 1.5 Organização Os próximos capítulos deste documento estão estruturados da seguinte forma: (2) referencial teórico, onde, recorrendo-se à literatura, apresentam-se conceitos e ferramentas utilizadas neste projeto; (3) processo de fundição, onde são apresentados conceitos relativos à fundição do alumínio; (4) estudo de caso, onde é abordado o cenário anterior ao estudo, os pormenores da aplicação das técnicas selecionadas e os principais resultados; e, por último, o capítulo 5 de conclusão. Capítulo 2 – Referencial Teórico 13 2 REFERENCIAL TEÓRICO Para o claro entendimento do presente estudo, a apresentação de alguns conceitos se faz necessária, a saber: Lean Manufacturing, Balanceamento de Linha de Montagem, Estudo de Tempos e Movimentos, Cronoanálise, Takt-Time, Tempo de ciclo e Gráfico Yamazumi. Este capítulo busca abordar esses conceitos nas seções a seguir. 2.1 Lean Manufacturing Lean Manufacturing, também conhecido como produção enxuta, é uma filosofia de gestão que advém do Sistema Toyota de Produção, um sistema de produção próprio desenvolvido por Taiichi Ohno, chefe de produção da Toyota logo após o fim da Segunda Guerra Mundial e que consiste “em fornecer a melhor qualidade, o menor custo e o lead time mais curto por meio da eliminação do desperdício” (LEAN INSTITUTE BRASIL, 2018). Ohno (1997) afirma que o aumento da eficiência está interligado com a redução de custos, e que, para se obter esse aumento, é primordial produzir apenas o necessário e com o mínimo de mão-de-obra. Ohno (1997) acrescenta que se deve buscar a eficiência de cada operador e de cada linha, e que a eficiência deve ser melhorada em cada etapa do processo produtivo. Pode-se concluir assim que o objetivo da filosofia Lean Manufacturing é a busca pela eficiência através da eliminação do desperdício. Ainda segundo Ohno (1997), quando se produz com zero desperdício é que surge a verdadeira melhoria na eficiência e que, para que isso ocorra, deve-se buscar a eliminação dos sete tipos de desperdícios na indústria. São eles: 1) Desperdício de superprodução; 2) Desperdício de tempo disponível (espera); 3) Desperdício em transporte; 4) Desperdício do processamento em si; 5) Desperdício do estoque disponível (estoque); 6) Desperdício de movimento; 7) Desperdício de produzir produtos defeituosos. Capítulo 2 – Referencial Teórico 14 O projeto descrito neste documento restringe-se a ações para eliminar o desperdício do tempo em espera, a fim de aumentar a eficiência da operação, a partir de estudos e técnicas difundidas através da filosofia Lean. Uma das formas de se eliminar o tempo em espera de um operador é através do balanceamento da linha de montagem. No projeto apresentado neste documento, para esse balanceamento utilizou-se o estudo de tempos de Taylor em conjunto com o gráfico de Yamazumi originado do Lean. 2.2 Balanceamento da linha de montagem De acordo com Boysen et al. (2007), uma linha de montagem é um sistema de produção orientado para o fluxo, onde as unidades que produzem a operação, conhecidas como estações de trabalho, estão alinhadas em série. A peça em trabalho visita as estações sucessivamente enquanto está sendo movida por algum tipo de sistema de transporte, como uma esteira por exemplo. Segundo Grando, Saurin e Soliman (2016), na literatura, os objetivos do balanceamento de uma linha de montagem comumente apontados são: (1) minimizar o número de estações de trabalho, (2) minimizar o tempo de ciclo, (3) maximizar a eficiência da linha de produção e (4) reduzir custo. No projeto abordado neste documento, buscou-se otimizar a linha de montagem em questão através de seu balanceamento, realizado a partir da minimização do número de operadores nas estações de trabalho, com consequente redução de custos da produção. Como citado na seção 2.1, para o balanceamento da linha de montagem alvo deste estudo foi utilizado o estudo de tempos de Taylor e ferramentas Lean, mais precisamente o gráfico de Yamazumi. 2.3 Estudo de tempos e movimentos Segundo Barnes (1986), o estudo de tempos e movimentos, que surgiu a partir da necessidade de descobrirem-se métodos melhores e mais simples de se executar uma tarefa, uniu o estudo de tempos de Frederick Taylor, usado majoritariamente na determinação de tempos-padrão, com o estudo de movimentos do casal Gilbreth utilizado principalmente para a melhoria dos métodos de trabalho. Capítulo 2 – Referencial Teórico 15 Barnes (1986) define o estudo de tempos e movimentos como sendo: “Um estudo sistemático dos sistemas de trabalho com os seguintes objetivos: (1) desenvolver o sistema e o método preferido, usualmente aquele de menor custo; (2) padronizar esse sistema e método; (3) determinar o tempo gasto por uma pessoa qualificada e devidamente treinada, trabalhando num ritmo normal, para executar uma tarefa ou operação específica; e (4) orientar o treinamento do trabalhador no método preferido”. Peinado e Graeml (2007) defendem que através do estudo de tempos e movimentos, é possível realizar a análise de cada operação, a fim de eliminar elementos desnecessários a ela e determinar o melhor e mais eficiente método para executá-la. O presente estudo não avaliou os movimentos utilizados pelos operadores para a realização das atividades, limitando-se apenas ao estudo do tempo, que utiliza a técnica conhecida como cronoanálise. 2.4 Cronoanálise Segundo Peinado e Graeml (2007), a cronoanálise envolve o estudo, a mensuração e a determinação dos tempos padrão em uma organização. Através da cronoanálise, é possível encontrar-se um padrão de referência que poderá servir para diversos objetivos industriais, dentre eles o balanceamento das linhas de produção e montagem (seção 2.2), objetivo do presente estudo. Para que um estudo baseado em cronoanálise gere dados válidos, algumas etapas críticas devem ser cumpridas. São elas: (1) divisão da operação em elementos, (2) determinação do número mínimo de ciclos a serem cronometrados e (3) determinação do tempo padrão. 2.4.1 Divisão da operação em elementos A divisão da atividade do operador em elementos se faz necessária para se ter uma visão mais detalhada do tempo necessário para a realização de cada elemento. Logo, em uma situação em que se busca o remanejamento das atividades de um operador, ter suas atividades divididas facilita a elaboração desse remanejamento. Capítulo 2 – Referencial Teórico 16 2.4.2 Determinação do número de ciclos a serem cronometrados A determinação da quantidade necessária de cronometragens para que essas medições retratem a realidade e transmitam confiança para o balanceamento da linha de produção é um fator crucial para a cronoanálise e, em particular, para o bom resultado do presente estudo. Segundo Martins e Laugeni (2015), na prática, entre 10 e 20 cronometragens são suficientes para determinar o tempo padrão de uma operação. Entretanto, assim como Peinado e Graeml (2007), Martins e Laugeni (2015) sugerem a utilização de um cálculo estatístico para determinar o número adequado de observações a serem realizadas. Para isso, indicam a expressão 2.1 que calcula esse número utilizando a média e a amplitude de um número preliminar de medições: 𝑛 = ( 𝑍 × 𝑅 𝐸𝑟 × 𝑑2 × �̅� ) 2 (2.1), onde: n = número final de ciclos a serem cronometrados Z = coeficiente da distribuição normal padrão para uma probabilidade determinada R = amplitude da amostragem preliminar Er = erro relativo da medida d2 = coeficiente em função do número de amostras preliminares x = média amostral preliminar A realização de medições preliminares se faz necessária para que as informações de amplitude da amostragem preliminar, média amostral preliminar e o coeficiente em função do número de amostras preliminares sejam atribuídos na expressão. A amplitude da amostragem preliminar (R) é calculada a partir da diferença entre o maior e o menor valor de tempo registrado durante essa amostragem. Quanto maior for essa amplitude, maior será o valor de n, o que é razoável de se supor, já que, quanto maior se revelar a diferença entre as medições das amostras preliminares, maior deverá ser o número final de amostras a serem cronometradas para que se aumente a precisão do resultado. Capítulo 2 – Referencial Teórico 17 A média amostral preliminar ( x ) é definida pela média aritmética dos tempos registrados nas amostras preliminares. Quanto maior for o valor dessa média, menor será o número final de amostras necessárias. Isso se deve ao fato de que o grau de precisão na mensuração do tempo de atividades longas é maior que na mensuração de atividades curtas. O coeficiente em função do número de amostras iniciais (d2) deve ser obtido através da Tabela 2. Como se vê, quanto maior for o número de amostras iniciais, menor será o valor de n. Isso porque quanto maior o tamanho da amostragem inicial, mais precisa será a mensuração. Martins e Laugeni (2015) sugerem que entre cinco e sete medições são suficientes para aplicação dos resultados na fórmula. O cálculo do número final de amostras a serem cronometradas (n) requer também a definição do erro relativo e do nível de confiança. O erro relativo (Er) é a margem de erro aceitável para os resultados obtidos. Quanto maior for o valor de Er, menor será o número final de amostras a serem cronometradas. Já no que diz respeito ao nível de confiança, pode-se inferir da Tabela 1 e da expressão 2.1, que, quanto maior for o nível de confiança exigido, maior será o número final de amostras a serem cronometradas. Segundo Martins e Laugeni (2015) e Peinado e Graeml (2007), costuma-se utilizar o nível de confiança entre 90% e 95%, e o erro relativo entre 5% e 10%. Tabela 1 - Coeficientes de distribuição normal Nível de Confiança 90% 91% 92% 93% 94% 95% 96% 97% 98% 99% Z 1,65 1,70 1,75 1,81 1,88 1,96 2,05 2,17 2,33 2,58 Fonte: Adaptado de Peinado e Graeml (2007) Tabela 2 - Coeficiente d2 para o número de cronometragens iniciais n 2 3 4 5 6 7 8 9 10 d2 1,128 1,693 2,059 2,326 2,534 2,704 2,847 2,970 3,079 Fonte: Adaptado de Peinado e Graeml (2007) Capítulo 2 – Referencial Teórico 18 2.4.3 Determinação do tempo padrão O tempo padrão define o tempo necessário para a realização de cada atividade. Entretanto, antes do cálculo do tempo padrão, é necessário calcular o tempo normal, que se dá pela multiplicação da média das cronometragens realizadas e da velocidade do operador estimada pelo cronoanalista, como indica a expressão 2.2: TN = TC × 𝒱 (2.2) Ao estimar a velocidade do operador, o cronoanalista deve identificar se o ritmo em que ele realiza as atividades enquanto são feitas as cronometragens pode ser considerado normal. Em caso positivo, deve-se adotar o valor de 100% para a velocidade do operador. Assim, após utilização desse valor na expressão 2.2, o tempo normal será igual ao tempo cronometrado. Quando o cronoanalista avalia que o ritmo do operador é mais lento do que a velocidade que seria normal, ele deve estabelecer um valor abaixo de 100% para a velocidade do operador. Assim, ao aplicar na fórmula esse valor, ele compensará a diferença entre o tempo normal e o tempo cronometrado. Analogamente, caso o cronoanalista avalie que o operador realiza as atividades em velocidade acima do normal, ele deve estabelecer um valor acima de 100% como velocidade do operador. Após o cálculo do tempo normal, pode-se calcular o tempo padrão. O tempo padrão é calculado a partir da multiplicação do tempo normal por um fator de tolerância previamente definido, como indica a expressão 2.3. O fator de tolerância comporta o tempo para atendimento das necessidades pessoais e alívio da fadiga. Segundo Martins e Laugeni (2015), na prática, costuma-se utilizar um fator de tolerância de 1,05, ou seja 5%, para trabalhos em escritório, ou algum valor entre 1,10 e 1,20, ou seja, entre 10% e 20% para trabalhos em unidades industriais com boas condições ambientais e nível de fadiga intermediários. TP = TN × FT (2.3) 2.5 Takt-time e tempo de ciclo Na literatura, muitas vezes o conceito de takt-time se confunde com o de tempo de ciclo. A compreensão da diferença entre esses dois conceitos é importante para o entendimento do presente trabalho. Portanto, essa seção busca apresentá-los. Capítulo 2 – Referencial Teórico 19 O takt-time pode ser definido como o ritmo de produção necessário para atender a uma certa demanda, e pode ser calculado como a razão entre o tempo disponível para a produção e o número de unidades a serem produzidas, ou seja, em quanto tempo um novo produto deve estar pronto para que a demanda seja suprida. Entretanto, na prática, as indústrias possuem limitações na capacidade produtiva, seja por indisponibilidade de matéria prima, espaço de armazenamento ou, como no estudo apresentado neste documento, capacidade de máquina. Considerando-se essas limitações, no contexto da empresa X, a definição de Alvarez e Antunes Jr. (2001) para takt-time é mais apropriada. Esses autores definem takt-time como “o ritmo de produção necessário para atender a determinado nível considerado de demanda, dadas as restrições de capacidade da linha ou célula”. A partir dessa definição, pode-se concluir que, caso a razão entre o tempo disponível para a produção e o número de unidades a serem produzidas seja menor do que o tempo mínimo em que um equipamento ou uma estação de trabalho consegue operar, atender a esse takt-time se torna inviável, cabendo, então, integralmente à empresa a decisão de atender parcialmente ou não a demanda. O tempo de ciclo de uma máquina ou estação de trabalho pode ser definido como o tempo necessário para que ela processe uma peça. Cada configuração de estação de trabalho possui um tempo de ciclo único, podendo ser analisada separadamente para tomadas de decisões. Alvarez e Antunes Jr. (2001) definem o tempo de ciclo como “o tempo transcorrido entre o início/término da produção de duas peças sucessivas de um mesmo modelo em condições de abastecimento constante”. Ainda segundo Alvarez e Antunes Jr. (2001), “o tempo de ciclo da linha ou célula é o tempo de execução da operação, ou das operações, na máquina/posto mais lento; em outras palavras, é o ritmo máximo possível, mantidas as condições atuais”. Considerando-se as definições de Alvarez e Antunes Jr. (2001) para takt-time e tempo de ciclo, pode-se chegar à conclusão de que, quando o ritmo de produção necessário para atender a demanda é menor ou igual ao tempo necessário para que a máquina ou posto mais lento realize a sua atividade, o takt-time passa a ser definido pelo próprio tempo de ciclo da linha. Capítulo 2 – Referencial Teórico 20 Dependendo da operação, quando não há possibilidade de se diminuir o tempo de ciclo da máquina ou da estação de trabalho mais lenta, uma alternativa para alcançar maior eficiência da operação é buscar meios para que as outras estações de trabalho realizem o máximo possível de atividades desde que não ultrapassem o tempo da estação que dita o ritmo. A oportunidade de remanejar as atividades entre as estações de trabalho é uma alternativa para se elevar o tempo de ciclo das estações de trabalho mais rápidas, equiparando-o ao tempo de ciclo, ou takt-time, da linha, podendo-se, assim, eliminar algumas estações de trabalho. Uma ferramenta útil para se visualizar o tempo de ciclo das estações comparando-o ao takt-time é o gráfico de Yamazumi, que será apresentado na próxima seção. 2.6 Gráfico Yamazumi O gráfico Yamazumi, também conhecido como Gráfico de Balanceamento de Operadores (GBO), é uma ferramenta relacionada à filosofia Lean, desenvolvida pela Toyota e utilizada para determinar as tarefas que cada um dos operadores deverá absorver na montagem de um produto para que o tempo total de realização dessas tarefas seja o mais próximo possível da linha do takt-time (GOMES et al., 2008). Segundo Gomes et al. (2008), um gráfico Yamazumi deve conter as atividades da operação que agregam valor, as que não agregam valor, e aquelas que não agregam, mas são necessárias, como movimentações, ou inspeção, por exemplo. Pieńkowski (2014) introduz o gráfico Yamazumi como uma ferramenta usada para destacar a carga de trabalho dentro dos processos. Segundo o autor, a ferramenta é usada para balancear processos e criar um fluxo contínuo, ou seja, criar cenários onde as estações de trabalho atuem com um mínimo de tempo que não agregue valor entre o início e o fim das suas atividades. Além disso, a ferramenta é uma ótima alternativa para se visualizar desperdícios, podendo ser utilizada para análise da variação de carga de trabalho de um único processo ou de toda a cadeia de valor, ou ainda, para se visualizar a sobrecarga ou subutilização de cada operador. A ferramenta é útil também para se Capítulo 2 – Referencial Teórico 21 distinguir entre as etapas que agregam e aquelas que não agregam valor a um processo. Após a distinção das tarefas entre as que agregam valor, as que não agregam, e as que não agregam, mas são necessárias, deve-se empilhar as atividades na ordem em que acontecem sob suas respectivas estações de trabalho, finalizando a representação da situação atual pelo gráfico Yamazumi (Figura 1). Com isto feito, de acordo com BLACK (2001), conforme citado por TORRES e Lemos (2014), deve-se transferir elementos de trabalho entre operadores até que a carga de trabalho entre eles fique balanceada, ou seja, deve-se remanejar as atividades entre as estações de trabalho para que estas não ultrapassem o takt-time e a meta de tempo de ciclo, mas para que também não se sobrecarregue ou se subutilize alguma estação. Dessa forma, o gráfico Yamazumi pode gerar oportunidades para diminuir-se a quantidade de recursos e ter-se ganho de produtividade. Uma ilustração de um gráfico Yamazumi similar aos utilizados no presente estudo pode ser visualizada na Figura 1. Cabe dizer que, ao apresentar os estudos realizados no escopo deste trabalho, como o tempo de ciclo da linha considerada não pode ser reduzido independentemente da demanda, utiliza-se nos gráficos o próprio tempo de ciclo da linha no lugar do takt time. Figura 1 - Exemplo de gráfico Yamazumi Fonte: o autor Capítulo 3 – Processo de Fundição 22 3 PROCESSO DE FUNDIÇÃO O processo de fundição pode ser utilizado para a criação de praticamente qualquer peça metálica, ou seja, peças de diferentes tipos, tamanhos, geometrias e níveis de complexidade. Kiminami, Castro e Oliveira (1969) definem fundição como um processo de fabricação no qual o metal é fundido, ou seja, metal no estado líquido é levado a fluir por gravidade ou por outra força dentro de um molde onde solidifica- se na forma da cavidade desse molde. Existem diversas formas de realizar um processo de fundição, tais como: fundição em molde de areia, fundição em casca, fundição utilizando cera perdida, fundição por centrifugação, fundição a vácuo, fundição por moldes permanentes, fundição sob pressão e fundição contínua. Entretanto, independentemente da forma escolhida, as seguintes etapas devem ser obrigatoriamente executadas: 1) Criação do modelo; 2) Moldagem; 3) Fechamento do molde; 4) Vazamento do alumínio no molde; 5) Resfriamento; 6) Desmoldagem e limpeza; 7) Rebarbação. Um fluxograma simplificado de um processo de fundição pode ser visualizado na Figura 2. Capítulo 3 – Processo de Fundição 23 Figura 2 - Fluxograma simplificado de um processo de fundição Fonte: o autor Na indústria em que foi realizado o estudo de caso apresentado neste documento, a fundição é realizada por moldes de areia e todas as etapas do fluxograma da Figura 2 são executadas. Entretanto, o escopo do projeto restringiu-se às etapas de Moldagem e Rebarbação. Por isso, apenas os conceitos referentes a essas duas etapas serão explicados. 3.1 Moldagem Como citado na seção 3, a moldagem utilizada na empresa alvo deste estudo é a moldagem por areia. Ela é classificada dessa maneira pois consiste em realizar a marcação do modelo a ser produzido em caixas preenchidas por areia. Uma imagem do molde em areia pode ser visualizada na Figura 3. Capítulo 3 – Processo de Fundição 24 Durante a etapa de moldagem, também é realizada a inclusão de elementos de areia compactada que vão garantir que o produto produzido manterá a integridade da sua parte oca. Segundo Tâmega (2017) esses elementos são montados no molde de maneira que o metal líquido não preencha o espaço ocupado, dando origem aos furos, reentrâncias e outros detalhes na peça fundida. No processo de fundição, essas peças recebem o nome de “machos”. Um modelo de macho já inserido no molde também pode ser visualizado na Figura 3. Figura 3 - Molde em areia com machos posicionados Fonte: McKechnie (2005) 3.2 Rebarbação A etapa de Rebarbação consiste na retirada de pedaços que são naturalmente formados na peça final como parte do processo de fundição, mas que não fazem parte do produto final. Como afirma Tâmega (2017), após a solidificação das peças fundidas e da desmoldagem e separação da areia das peças, é necessário remover canais de enchimento, de saída de gases e alimentadores. A retirada dessas protuberâncias pode ocorrer de várias maneiras, como pelo uso de serras de fita, discos de corte, maçaricos ou marteletes. Capítulo 4 – Estudo de Caso 25 4 ESTUDO DE CASO 4.1 Introdução ao caso Na empresa em questão, como mencionado anteriormente, realiza-se a manufatura de peças de alumínio para carros e aquecedores, seguindo-se um cuidadoso processo de fundição do alumínio despejado em moldes de areia. A empresa estudada possui duas linhas de produção que se diferenciam pelo tamanho e nível de automatização. A menor e mais nova conta com maior automatização. Enquanto que a maior, e mais antiga, necessita de maior quantidade de funcionários para operar corretamente. As análises deste estudo foram realizadas para a linha de menor automatização, que fabrica centenas de itens diferentes, e que envolve operações em três turnos, cada um deles contando com uma equipe de 18 pessoas. Entretanto, a utilização de todos os funcionários do turno só acontece na manufatura de produtos mais complexos. Dependendo da complexidade do item a ser produzido, há a variação de duas até sete pessoas na parte inicial da linha, onde ocorre a inserção de filtros e machos, e entre uma a cinco pessoas na parte final do processo, onde ocorre a etapa chamada de Rebarbação. Os outros funcionários da equipe dividem-se entre supervisores, técnico de fundição, motoristas e o operador na estação de eliminação de impurezas (estação A). A disposição das posições pode ser melhor visualizada através da Figura 4. Devido à escassez de tempo para a realização deste projeto, imposta por questões contratuais, o escopo do estudo limitou-se à cronometragem da produção de apenas um dos produtos do portfólio e apenas às funções para as quais se observava uma oportunidade de otimização mais clara. Vale dizer que todas as atividades relatadas neste documento foram concluídas dentro do prazo contratual estabelecido de dez semanas. 4.1.1 Processo de manufatura Como parte do processo de fundição na empresa X, para criar cada peça são utilizados dois semimodelos em moldes de areia. Cada semimodelo corresponde a uma das metades da peça, e pode sofrer a inserção de um filtro ou um macho por parte de um funcionário durante a etapa inicial. Posteriormente, as duas metades são Capítulo 4 – Estudo de Caso 26 unidas para que, enfim, aconteça a introdução do alumínio líquido dando continuidade ao processo. É importante salientar que a linha de produção trabalha com um tempo fixo de 20 segundos para cada uma das metades da peça, ou seja, a cada 20 segundos um lado da peça vai ao encontro do operador, que, por sua vez, deve realizar sua atividade para aquela parte da peça. Assim, a cada 40 segundos o correspondente a uma peça inteira passa pela estação de trabalho de um operador. Logo, o tempo de ciclo para a produção de uma peça é de 40 segundos. Resumidamente, o ciclo de criação de cada peça na linha de produção em questão constitui-se das seguintes etapas: 1) Eliminação de impurezas do molde usado anteriormente (estação A); 2) Inserção de filtros e machos (estações de B a F); 3) Junção das partes e introdução do alumínio líquido; 4) Resfriamento e desmoldagem; 5) Rebarbação. A disposição dessas etapas no layout da fábrica pode ser vista através da Figura 4, cujos detalhes serão apresentados no decorrer deste capítulo. As etapas posteriores a essas são realizadas em outra região da fábrica e não fazem parte do escopo do projeto apresentado neste documento. Figura 4 - Ilustração do layout da linha de produção estudada Fonte: o autor Capítulo 4 – Estudo de Caso 27 4.2 Realização dos testes As etapas do processo para as quais foi realizado o estudo foram as seguintes: (1) eliminação de impurezas na caixa de molde (Moldagem), (2) inserção de filtros e machos (Moldagem); e (3) retirada de protuberâncias (Rebarbação). Não foram cronometradas as atividades dos supervisores, do técnico e dos motoristas. A escolha do produto a ser cronometrado se deu pela alta demanda de produção desse item e pela similaridade de seu processo produtivo com outros produtos do portfólio, o que proporcionaria uma oportunidade de replicação dos resultados para outros produtos caso o resultado fosse satisfatório. Esse produto operava com a seguinte disposição de operadores (Figura 4): • Um operador na estação A (eliminação de impurezas do molde); • Dois operadores na estação C (inserção de filtros e machos); • Um operador na estação D (inserção de filtros e machos); • Dois operadores na área de Rebarbação (retirada de protuberâncias). É importante salientar que, no processo de produção do produto analisado, a utilização de mão de obra nas estações B, E e F não se faz necessária. Para definir estatisticamente a quantidade mínima de medições obrigatórias em cada estação na cronoanálise (seção 2.4.2), determinou-se que o estudo teria nível de confiança de 95%, com erro relativo máximo de 5%, índice aceitável para que as medições cronometradas pudessem ser utilizadas na elaboração do novo procedimento operacional padrão. Ainda segundo a abordagem estatística utilizada (seção 2.4.2), entre cinco e sete medições preliminares seriam suficientes para o cálculo do número de medições a serem realizadas. Entretanto, optou-se por fazer dez medições preliminares em cada estação, pois o tempo nelas despendido não seria prejudicial ao cronograma do projeto, e elas proporcionariam maior precisão do resultado do número final de cronometragens mínimas necessárias. Após as dez medições preliminares em cada estação, aplicou-se a expressão referente à determinação do tamanho da amostra (expressão 2.1) em conjunto com a Tabela 1 e a Tabela 2 (seção 2.4.2) para calcular o número mínimo de cronometragens a serem realizadas. Capítulo 4 – Estudo de Caso 28 Conforme a Tabela 1, adotou-se como 1,96 o valor de Z na expressão 2.1, já que o nível de confiança estabelecido para este estudo foi de 95%. Analogamente, conforme a Tabela 2, adotou-se o valor de 3,079 para o valor de d2 naquela expressão, já que se realizaram 10 cronometragens preliminares. A Tabela 3 apresenta os valores de x e R que foram utilizados na expressão 2.1, obtidos a partir das dez cronometragens preliminares. Essa tabela apresenta também o valor de n encontrado e o número mínimo de ciclos que deveriam ser cronometrados em cada estação. Com esse número calculado, novas medições foram, então, realizadas. Tabela 3 - Tabela de número mínimo de ciclos a serem medidos após medições preliminares Estação x R n Número mínimo de ciclos Estação A 20,8 4 5,99 6 Estação C - Operador1 20,7 7 18,02 19 Estação C - Operador 2 21,1 7 17,83 18 Estação D 25,3 4 4,04 5 Rebarbação - Operador 1 16,3 5 15,83 16 Rebarbação - Operador 2 16,8 5 14,35 15 Fonte: o autor Assim, conforme o resultado da equação, o número mínimo de medições que deveriam ser realizadas com o operador na estação A foi seis, entretanto, como já haviam sido realizadas mais medições do que o necessário para esta estação de trabalho, não foram realizadas novas medições, utilizando-se o resultado das dez cronometragens preliminares (Figura 5 - Medições na estação de trabalho AFigura 5). Nessa posição e para o produto no escopo deste trabalho, o operador possuía as seguintes atribuições: para a primeira metade da peça, (1) realizar o jateamento de ar e (2) apertar o botão de liberação; para a segunda metade, (3) apanhar o macho com uma das mãos, (4) aplicar o jateamento de ar com o objetivo de retirar as impurezas no molde originadas na fundição anterior com a outra mão, (5) inserir o macho nesta metade do molde e (6) pressionar o botão de liberação. Capítulo 4 – Estudo de Caso 29 As Figuras 5 a 8 (Estações A, C e D) e as Figuras 10 e 11 apresentam os resultados das cronometragens, respeitando o número mínimo de ciclos indicado na Tabela 3. Nessas figuras, é possível visualizar os elementos de trabalho (seção 2.4.1), assim como os tempos registrados para cada elemento. As dez primeiras medições mostradas em cada figura constituem os dados observados através da amostra piloto. Na estação A, o tempo médio de processo foi de 20,8 segundos por peça, resultando em um tempo ocioso total de 19,2 segundos por peça (Figura 5), já que o tempo de ciclo da máquina é de 40 segundos (seção 4.1.1). Figura 5 - Medições na estação de trabalho A Fonte: o autor Na estação C, foram realizadas medições para os dois operadores. Suas atribuições eram as mesmas e consistiam em: (1) ir até a prateleira onde se encontram os machos, (2) apanhar o macho, (3) movimentar-se com o macho até a mesa de apoio e (4) posicionar o macho na posição correta na mesa, para que o operador na estação D pudesse realizar a sua atividade. Esses elementos eram realizados tanto para a primeira metade do semimodelo, quanto para a segunda metade. Conforme resultado da expressão para determinação do tamanho da amostra (expressão 2.1), na estação C, para o operador 1, foram realizadas 19 medições (Tabela 3). Uma visualização dos elementos de trabalho e dos tempos registrados para cada elemento pode ser feita através da Figura 6. O tempo médio de processo Capítulo 4 – Estudo de Caso 30 foi de 22,4 segundos por peça e o tempo ocioso total foi de 17,6 segundos por peça. Figura 6 - Medições referentes ao operador 1 na estação de trabalho C Fonte: o autor Da mesma forma, para o operador 2, foram realizadas 18 medições (Tabela 3), seus elementos de trabalho e os tempos cronometrados podem ser vistos na Figura 7. O tempo médio de processo foi de 22,3 segundos com tempo ocioso de 17,7 segundos. Figura 7 - Medições referentes ao operador 2 na estação de trabalho C Fonte: o autor Capítulo 4 – Estudo de Caso 31 Na estação D, cuja atividade do operador envolvia utilizar o guincho para acoplar e transportar os machos posicionados na mesa de apoio pelos operadores da estação C até o molde da peça na linha de produção, seriam necessárias cinco medições, conforme a Tabela 3. Entretanto, assim como na estação de trabalho A, foram utilizados os dados das dez medições preliminares. Assim, obteve-se tempo médio do processo de 25,3 segundos e tempo ocioso de 14,7 segundos. Os elementos de trabalho e seus tempos cronometrados podem ser vistos na Figura 8. Figura 8 - Medições referentes ao operador na estação de trabalho D Fonte: o autor Após as medições das atividades em cada estação de trabalho concluiu-se que, devido à longa distância entre a estação A e as demais estações, o operador que estivesse nessa posição estaria inviabilizado de assumir atividades em outros postos de trabalho. Portanto, não houve prosseguimento do estudo para as atividades do operador da estação A. Após as cronometragens relativas à Moldagem, ou seja, eliminação de impurezas do molde e inserção de filtros e machos, prosseguiu-se para a etapa de Rebarbação. A operação na área de Rebarbação para o produto estudado envolvia dois operadores e um motorista. Realizou-se a cronometragem somente para os dois Capítulo 4 – Estudo de Caso 32 operadores, cujas atividades eram as mesmas e consistiam em: (1) cortar as partes da peça que não fazem parte do modelo; (2) transportar a peça final até o container adequado para o transporte e (3) voltar à posição de origem. Para o operador 1, foram realizadas 16 medições (Tabela 3) com tempo médio de processo de 16,69 segundos e tempo em espera de 23,31 segundos. A tabela com as atividades e os tempos medidos para esse operador pode ser visualizada na Figura . Figura 9 - Medições referentes ao operador 1 na estação de Rebarbação Fonte: o autor Para o operador 2, foram realizadas 15 medições (Tabela 3) com tempo médio de processo de 17,13 segundos e tempo em espera de 22,87 segundos. A tabela com as atividades e os tempos medidos para esse operador pode ser visualizada na Capítulo 4 – Estudo de Caso 33 Figura 10. Capítulo 4 – Estudo de Caso 34 Figura 10 - Medições referentes ao operador 2 na estação de Rebarbação Fonte: o autor Para o cálculo do tempo normal (expressão 2.2), não houve correção de ritmo, utilizando-se, portanto, 100% como a velocidade do operador, não se alterando o valor do tempo médio encontrado. Como a velocidade do operador é algo subjetivo, a ausência de correção foi definida após entendimento de que o ritmo de trabalho dos operadores quando estavam sendo cronometrados era o mesmo ritmo de quando estavam sendo apenas observados. O cálculo do tempo padrão (expressão 2.3) foi substituído pela aplicação da tolerância diretamente no tempo mínimo de ciclo permitido pela operação. Como esse tempo é de 40 segundos (seção 4.1.1) e o fator de tolerância considerado foi de 10%, obteve-se que o valor de ciclo mínimo aceitável em cada estação de trabalho seria de 36 segundos. Após a cronometragem em todas as estações, foi elaborado o gráfico de Yamazumi para melhor visualização de como as atividades eram realizadas até então. Para facilitar o entendimento do gráfico, as atividades dos operadores da estação C foram agrupadas entre atividades referentes à primeira metade da peça e atividades referentes à segunda metade da peça. Também houve o agrupamento das atividades do operador da estação D referentes à locomoção dos moldes. O gráfico referente às etapas das estações A, C e D, onde ocorre a moldagem da peça, é apresentado na Capítulo 4 – Estudo de Caso 35 Figura 11. Capítulo 4 – Estudo de Caso 36 Figura 11 - Gráfico Yamazumi referente à etapa de Moldagem Fonte: o autor Da mesma forma que para a Moldagem, também foi criado um gráfico Yamazumi para os operadores da Rebarbação, que pode ser visualizado na Figura 12. Figura 12 - Gráfico Yamazumi referente à etapa de Rebarbação Fonte: o autor Capítulo 4 – Estudo de Caso 37 Com as medições finalizadas, pôde-se visualizar a carga de trabalho dos seis operadores nas quatro estações de trabalho estudadas, conforme mostra a Figura 13. Avaliou-se então a oportunidade de realocação das atividades entre os operadores, e a elaboração de uma proposta de novo procedimento operacional padrão para o produto em questão. Figura 13 - Gráfico Yamazumi de todas as estações cronometradas Fonte: o autor A partir das medições dos tempos das atividades em cada estação de trabalho, da análise do gráfico Yamazumi, e da tabela de tempos (Tabela 4), pôde-se tirar algumas conclusões, resumidas abaixo: 1) Devido à longa distância entre a estação A e as demais estações, o operador que estivesse nessa posição estaria inviabilizado de assumir atividades em outros postos de trabalho. Portanto, não houve prosseguimento do estudo para as atividades do operador da estação A; 2) Havia a possibilidade de dividir conjuntos de atividades de um operador da estação C com o outro operador da mesma estação e o operador da estação D; 3) Os operadores da área de Rebarbação ficavam entre 57% e 58% do tempo parados entre uma peça e outra, o que possibilitaria o total remanejamento das atividades de um operador para o outro. Capítulo 4 – Estudo de Caso 38 Tabela 4 - Tempos cronometrados e respectivos tempos em espera Estação Tempo médio (segundos) Tempo em espera (segundos) Estação A 20,8 19,2 Estação C - operador 1 22,33 17,67 Estação C - operador 2 22,33 17,67 Estação D 25,33 14,67 Rebarbação - operador 1 16,69 23,31 Rebarbação - operador 2 17,13 22,87 Fonte: o autor Com base nas conclusões citadas anteriormente, criou-se um gráfico Yamazumi com a proposta de mudança. A escolha das atividades que seriam remanejadas ocorreu após um período de simulações no gráfico Yamazumi. As mudanças sugeridas foram as que proporcionaram a melhor solução. Na estação C, um dos operadores teve as suas atividades remanejadas. O primeiro conjunto de atividades (movimentar, separar macho, movimentar-se com o macho e inseri-lo) foi transferido para o outro operador da estação C. O segundo conjunto de atividades, que contém as mesmas atividades que o primeiro conjunto, foi transferido para o operador da estação D. Desta forma, a proposta sugere somente um operador na estação C realizando as atividades de posicionar três machos na mesa de apoio. A proposta também sugere que o operador D atue posicionando um macho na mesa de apoio, além das suas atividades iniciais de operação do guincho para transportar os machos da mesa de apoio até o molde. Na área de Rebarbação, as atividades do operador 2 foram transferidas em sua totalidade para o operador 1. O gráfico Yamazumi com todas as mudanças dessa proposta pode ser visualizado na Figura 14. Capítulo 4 – Estudo de Caso 39 Figura 14 - Gráfico Yamazumi da proposta de remanejamento de atividades Fonte: o autor Capítulo 6 – Resultados e Considerações Finais 40 5 RESULTADO E CONSIDERAÇÕES FINAIS Vale ponderar que, inicialmente, nas primeiras semanas de execução do projeto, enfrentaram-se algumas dificuldades para que os dados obtidos pelas cronometragens fossem aproveitados. Uma das razões para essas dificuldades foi o período de aprendizagem na função de cronoanalista dos envolvidos no projeto. Outra razão foi a dificuldade dos operadores de realizarem as suas atividades de forma natural, dificuldade que pode ter sido causada pela incerteza acerca do objetivo final projeto. Para que esta última dificuldade não aconteça em iniciativas futuras semelhantes, sugere-se uma comunicação explicativa às pessoas envolvidas, de forma a alinhar as expectativas. Superadas as dificuldades iniciais, o projeto seguiu o seu curso sem maiores problemas até a sua conclusão, e foi considerado como bem-sucedido. Além disso, avaliaram-se como satisfatórias as conclusões originadas do estudo realizado. Pôde- se criar argumentos baseados em dados que evidenciaram a possibilidade de eliminação do tempo ocioso dos operadores através do balanceamento da linha de montagem, eliminando-se dois de seis operadores dessa linha. Cabe dizer que o autor do estudo apresentado neste documento não tem notícias da implantação na empresa X da proposta de procedimento operacional elaborada. Portanto, uma continuação natural deste estudo seria a implantação dessa proposta, que revelaria a real aplicabilidade de seus resultados, cabendo a realização de testes práticos na linha de montagem, utilizando-se as mesmas ferramentas utilizadas neste projeto para avaliar os novos tempos de realização das atividades. Vale dizer ainda que este projeto mostrou, através do caso estudado, a força da filosofia Lean e a aplicabilidade da técnica de cronoanálise, servindo como objeto de estudo para a literatura e material de apoio para a aplicação em projetos semelhantes dos conceitos e técnicas abordados. Referências Bibliográficas 41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVAREZ, Roberto dos Reis; ANTUNES JUNIOR, José Antonio Valle. TAKT-TIME: CONCEITOS E CONTEXTUALIZAÇÃO DENTRO DO SISTEMA TOYOTA DE PRODUÇÃO. Gestão & Produção, São Carlos, v. 8, n. 1, p.1-18, abr. 2001. Trimestral. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- 530X2001000100002&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 01 nov. 2018. BARNES, Ralph M. ESTUDO DE MOVIMENTOS E DE TEMPOS: PROJETO E MEDIDA DO TRABALHO. São Paulo: Edgard Blucher, 1986. BOYSEN, Nils et al. A classification ofassembly line balancing problems. European Journal of Operational Research, [s.i], v. 183, n. 2, p.674-693, 01 dez. 2007. 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