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XLI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 18 a 21 de outubro de 2021. Ferramentas do Lean aplicadas a um estudo de caso no setor Oftálmico Tassia Carolina Forasteiro Pinto (Universidade do Estado do Amazonas) tcfp.eng16@uea.edu.br Diego Bandeira de Melo Akel Thomaz (Universidade do Estado do Amazonas) dbdmat.eng16@uea.edu.br Com base em uma abordagem de estudo de caso, este artigo apresenta a implementação de ferramentas da Manufatura Enxuta em uma fábrica do setor de polímeros oftalmológicos localizada no Polo Industrial de Manaus. O trabalho envolveu mapear as atividades atuais de uma linha de produção utilizando o Value Stream Mapping (VSM) e identificar oportunidades de melhoria. Após várias entrevistas com funcionários que estão atualmente envolvidos no processo, o mapa do estado atual foi preparado para descrever os principais desperdícios. As conquistas da implementação do VSM foram mostradas em 72 Kaizens propostos pela equipe. O projeto escolhido para o presente artigo mostrou que, com a nova mudança do processo, foi possível reduzir 12.5% do custo com mão de obra. Palavras-chave: Lean Manufacturing, Value Stream Mapping mailto:email2@exemplo.com XLI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 18 a 21 de outubro de 2021. 1. Introdução A manufatura enxuta é uma das iniciativas que muitas das principais fábricas vêm tentando adotar para se manterem competitivas em um mercado global cada vez mais competitivo (EMILIANO, 2006). O foco dessa prática é a redução de custos por meio da eliminação de atividades sem valor agregado ao ponto de vista do cliente, por meio da aplicação de uma filosofia de gestão que se concentra na identificação e eliminação de desperdícios de cada etapa da cadeia de produção. Desde o nascimento do Sistema Toyota de Produção, muitas das ferramentas e técnicas de manufatura enxuta (por exemplo, just-in-time (JIT), Manutenção Produtiva Total, Single-minute exchange of die) têm sido amplamente utilizadas. Essas ferramentas estão voltadas para o Sistema Toyota de Produção (TPS), uma abordagem sistemática, como mostrado na Figura 1, para identificar e eliminar desperdícios de atividades por meio da melhoria contínua. Todo esse esforço é realizado para manter os custos baixos e ficar à frente no mercado competitivo. Figura 1 - “Casa” do Sistema Toyota de Produção Fonte: Lean Enterprise Institute, 2021 A empresa em questão neste artigo produz inúmeros tipos de produtos oftalmológicos. O trabalho consistiu na coleta de informações in-loco, aplicação da ferramenta Value Stream Mapping (VSM), análise de balanceamento de linha utilizando a metodologia Yamazumi e 1 XLI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 18 a 21 de outubro de 2021. posterior implementação de atividades Kaizen. Ao fim, uma análise foi realizada para verificar os ganhos financeiros para a produção. O artigo começa com um breve resumo dos princípios e ferramentas aplicadas neste estudo, seguida de informações básicas sobre o estudo de caso na indústria de produtos oftalmológicos. 1.1.Sistema Toyota de Produção (TPS) Sendo um líder mundial de sistemas de produção, ultrapassando até a General Motors, a Toyota se tornou referência no setor industrial em questão de quantidade de veículos produzidos. Os gurus de qualidade mais conhecidos como Toyoda, Shigeo Shingo e Taiichi Ohno são aqueles responsável na formulação de um novo sistema disciplinado e orientado para o processo, que é conhecido hoje como “Toyota Production System” (TPS) ou '' Manufatura Enxuta''. Com o intuito de sobreviver no ambiente extremamente competitivo do setor de manufatura, várias empresas passaram a tentar entender quais as razões fazem a Toyota se sobressair, obtendo melhores resultados e reduzindo custos. Nasceu assim o TPS, constituído de uma série de axiomas e postulados culturais. Antes de tudo, é necessário entender qual cenário foi responsável pelo nascimento do TPS e qual modelo ele buscava sobrepor. Procurando possíveis melhorias para o seu modelo fabril, Eiji Toyoda, juntamente com Taiichi Ohno analisaram a FORD que era, até aquele momento, a unidade de manufatura mais eficiente do planeta, devido ao modelo de produção em massa criado por Henry Ford, que por sua vez já era uma forma de sobrepor um outro modelo mais antigo ainda, o sistema clássico artesanal, nada escalável (WOOD, 2021). Através de visitas às fábricas da FORD, os engenheiros da Toyota viram que não seria possível copiar o modelo completamente para o mercado japonês, tendo em vista que não seria viável altos volumes de produção para um mercado com demanda fragmentada. Buscando um ponto ótimo entre flexibilidade de volume, baixo lead-time, baixo custo e alta qualidade. Para resolver esse problema, Toyoda e seus engenheiros decidiram optar pelo benchmarking da empresa americana somente na questão da linha de produção contínua, mas aplicando 2 XLI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 18 a 21 de outubro de 2021. algumas modificações na parte de estocagem, após notar que o processo de acumulação de produtos em vários estoques intermediários na fábrica da Ford era responsável pelo excesso de produção e defeitos escondidos em grandes lotes acumulados por semanas. Assim, foram implementadas ferramentas como o Just in Time, produzindo somente o necessário para cada momento, Kaizen (melhoria contínua). De forma pragmática, o TPS é composto por várias ferramentas que orbitam o conceito de produção enxuta, em todas as etapas do processo, evitando quaisquer gastos desnecessários. Segundo Shingo e Dillon (1989) o objetivo do TPS é identificar e reduzir três obstáculos primários ou desvios da alocação ideal de recursos dentro do sistema: − Sobrecarga (muri) − Inconsistência (mura) − Desperdícios (muda) Figura 2 - 3Ms Toyota - Muri Mura & Muda Fonte: Lean Institute Brasil, 2021 1.2. Manufatura enxuta Na visão geral, a Manufatura Enxuta (Lean Manufacturing) é um arranjo de técnicas e atividades para administrar uma indústria de produção ou operação de serviço. As técnicas podem diferir de acordo com a indústria em que é aplicada, mas elas têm o mesmo princípio básico: a eliminação de todas as atividades que não agregam valor ao cliente e desperdícios do negócio. 3 XLI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 18 a 21 de outubro de 2021. Segundo Juran e Godfrey (1999) os tipos de desperdícios (Muda) incluem 7 categorias: Figura 3 - Os 7 desperdícios (Muda) Fonte: Autores Esses podem ser descritos da seguinte forma: − Espera compreende quaisquer momentos sem produção na linha, acarretando recursos desperdiçados. Essa espera pode ser tanto uma máquina ou operador que não consegue acompanhar o fluxo, se tornando um gargalo, mas também alguma máquina ou pessoa parada por algum imprevisto acontecido. − Superprodução é o exagero de itens produzidos, ocasionando na existência de um estoque, um dos maiores problemas analisados pelo TPS. Esse é o desperdício mais considerável, é responsável por gerar todos os outros desperdícios. − Processamento excessivo consiste em qualquer atividade que não necessariamente agrega valor ao produto, sendo somente uma etapa desnecessária e dispendiosa no processo. Podendo ser alguma modificação não importante realizada no produto ou excesso de testes. − QualquerTransporte que não agrega valor ao produto final, seja por ser lento demais, distante demais ou simplesmente desnecessário, podendo ser resolvido de outra forma mais barata, ao invés de agregar no custo final do produto. − Estoque, como sempre citado pelo TPS, consiste na má gestão dos estoques e do planejamento de produção de uma fábrica, acarretando outros desperdícios. Buscando 4 XLI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 18 a 21 de outubro de 2021. a produção puxada, ou seja, a quantidade de produtos criados depende da demanda momentânea do cliente, o sistema Lean sempre evita criar estoque, seja para a matéria prima ou para o produto final. − Defeitos/Retrabalhos são produtos abaixo do nível de qualidade exigido pelo cliente, gerando assim, retrabalhos ou refugo. Seja qual for a causa, esses problemas acarretam perda significativa de tempo e dinheiro, gastando recursos, tempo e energia em um trabalho que não seria necessário caso o processo inicial fosse realizado de forma correta. − Movimentação, de forma parecida com transporte, é a movimentação específica dos operadores dentro do processo. Seja através de grandes deslocamentos ou de micromovimentos, que quando somados ao longo de muitos ciclos acarretam uma perda considerável de tempo. Um último desperdício que surgiu após alguns anos, mas ainda não é tão analisado quanto os outros, é o mal aproveitamento de ideias dos funcionários, ou seja, um desperdício de oportunidade. Quando as pessoas passam a conhecer mais um processo, naturalmente surgirão pequenas ideias para melhorias locais. Não criar um ambiente para aproveitar essas ideias pode ser considerado um desperdício (SIMÕES, 2016). O Value Stream Mapping dentro das técnicas do Lean foi escolhido como o ingrediente-chave para adequar o processo ao propósito de remoção desses desperdícios citados acima, pois possui uma aplicação simples e guiada por 5 etapas como descrito por Nave, 2002: − Identificação do valor do processo; − Identificação do fluxo de valor do processo; − Foco no fluxo do processo; − Foco no fluxo de produção puxada; − Trabalho em direção à perfeição do processo. 1.3. Value Stream Mapping Desde o início dos anos 2000, o Value Stream Mapping tem sido o framework predominante para análise de fluxos de manufatura, uma etapa crucial na resolução de problemas com o Lean. O VSM mapeia não só o fluxo de material através do processo, mas também o fluxo de informações (LASA, 2008). 5 XLI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 18 a 21 de outubro de 2021. Através desse acompanhamento completo do material, desde a etapa de matéria prima até o produto final, é possível criar uma representação visual que facilita muito a implementação de melhorias, por ajudar na identificação de etapas de valor agregado (VA) e na eliminação de etapas sem valor agregado (NVA). Um ponto central do VSM é ser uma ferramenta holística, que otimiza não só pequenas partes do fluxo, mas também considera e otimiza o processo como um todo. Figura 4 - Análise de valor agregado do processo Fonte: Autores Durante a sua construção, ao adicionar dados do processo, é importante reconhecer o que é útil para a situação estudada. Em alguns casos, o propósito pode não estar totalmente claro para os participantes antes de a análise ser feita, o que nos leva a adquirir a maior quantidade possível de dados conhecidos sobre o processo. A lista abaixo fornece uma visão geral dos dados do processo e abreviações que são úteis para um VSM: − Demanda do cliente; − Tempo de ciclo (C/T); − Tempo de processo (P/T); − Tempo de setup (C/O); − Número de operadores (Op. Ou o símbolo); − Capacidade (Cap.); − Tempo disponível (Uptime); − Taxa de qualidade ou defeitos (Q); − Número de variações do produto; − Tamanho do lote; 6 XLI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 18 a 21 de outubro de 2021. − Níveis de estoque; − Número de pessoas (HC). Após o levantamento dos dados acima, precisamos calcular o tempo takt, os tempos de processo e tempos de espera (prazos de entrega de estoque) e adicioná-los ao VSM deste trabalho. Eles serão usados para estimar o total lead time, tempo de processamento e eficiência de processo. O tempo takt é o ritmo de produção que precisamos ser capazes de manter a fim de atender a demanda do cliente (FRANDSON, 2013). Isso é calculado pela seguinte equação: Takt Time = Tempo disponível de Produção / Demanda do Cliente 1.4. Balanceamento de Linha O balanceamento de linha é o nivelamento da carga de trabalho ao longo do fluxo de valor para remover gargalos e excesso de capacidade (DEMBOGURSKI, OLIVERA e NEUMANN, 2008). O objetivo do balanceamento de linha é tornar os recursos da produção eficientes. Por eficiência consideramos para um certo arranjo de produção quanto tempo livre, ocioso, ele gera. Para se iniciar um balanceamento é necessário definir os limites técnicos da capacidade de produção, bem como o tempo do ciclo que é disponível em cada posto de trabalho de uma linha de produção. Para uma mesma linha de produção, podem existir diversos produtos os quais vão variar no tempo total produtivo. Esse tipo de estudo pode ser definido da seguinte maneira: dado o número de modelos, as suas tarefas associadas, o tempo para realização de cada tarefa e suas relações de precedência, o problema consiste em alocar as tarefas a uma determinada sequência de estações, de modo que as relações de precedência sejam satisfeitas e a capacidade otimizada (BECKER, 2006). 1.5. Gráfico Yamazumi Yamazumi é uma palavra japonesa que significa literalmente “Empilhar”. As tarefas do processo são representadas individualmente em um gráfico de barras empilhadas e podem ser categorizadas como Valor agregado ou Valor não agregado que podem ser divididos como categorias de desperdícios (JÚNIOR, SILVA e ALVES, 2021). O tempo médio de duração de cada tarefa é registrado e exibido no gráfico de barras. Cada tarefa do processo é empilhada para representar toda a etapa do processo. 7 XLI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 18 a 21 de outubro de 2021. Os eixos do gráfico Yamazumi são os seguintes: − eixo y representa o tempo de ciclo. − O eixo x representa cada etapa do processo. Figura 5 - Gráfico Yamazumi Fonte: Autores Essa ferramenta auxilia eficientemente a reorganizar as etapas do processo, ou excluí-las se possível. Essa ferramenta é amplamente utilizada para facilitar o balanceamento de uma linha de produção, como vimos no tópico acima, pois utiliza um mecanismo de classificação da atividade para reequilibrar rapidamente um processo quando o Takt muda. O gráfico também permite uma indicação visual de quais operações estão sobrecarregadas (além do takt) e quais são subutilizadas. 1.6. Referência Tecnológica sobre o Processo As lentes oftálmicas passaram por um processo de revolução em 1940 (TOH, 2001), no qual o primeiro polímero termofixo foi utilizado para produzir lentes de plástico e continua em uso hoje como um material chave. Esse polímero ficou conhecido com CR-39 (TOH, 2001) e permitiu que lentes oftálmicas fossem produzidas em larga escala, diferentemente do que era feito quando as essas eram produzidas com vidro, necessitando de uma confecção artesanal. 8 XLI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 18 a 21 de outubro de 2021. Este procedimento é usado parafabricar tanto lentes acabadas (à pronta entrega para o cliente) como semiacabadas (bloco com grau genérico, que após produzido irá passar por processo de surfaçagem para adquirir o grau solicitado pelo cliente). Nesse projeto foi utilizada a ferramenta que facilmente identifica as principais fontes de desperdício: o Value Stream Mapping, comumente utilizado em projetos como Rodrigues e Kieling (2020), Sarmento, Sanches e Santos (2018) e Santos e Souza (2020). Em seguida, outras ferramentas com abordagem de simplificação de processo: estudo de tempo de ciclo, análise de valor agregado e não agregado (VA & NVA) com Yamazumi e balanceamento de Linha foram aplicadas. 2. Metodologia Para aplicar os conceitos e ferramentas do lean o estudo de caso escolhido para esse trabalho foi a produção de lentes, voltadas para o mercado de lentes acabadas. Antes da implementação das melhorias e respectivas reduções de custo, se fez necessária uma revisão do processo para investigar os métodos de trabalho existentes por meio de observação direta. As informações impressas sobre as atividades reais de manufatura são baseadas em seus Manuais de Operações e/ou no Procedimento Operacional Padrão (SOP). O Tempo de Ciclo ou Tempo de Processamento medido é de acordo com os dados coletados durante as observações e depois são comparados em sequência com a SOP. Além disso, foi realizada uma observação de linha para monitorar e entender a prática atual na linha de montagem, bem como para identificar os tipos de desperdícios no processo. Os dados de tempo de setup, tempo de transporte, estoque, manuseio e tempo de máquina foram também monitorados. Os tipos de dados para construir o VSM são apresentados a seguir no Gemba: − Demanda do Cliente e Takt da linha; − Dados de tempo de ciclo ou tempo de processamento − Tempo de ciclo (C/T); − Tempo de processo (P/T); − Dados de tempo de setup/ Eficiência de máquina. (C/O) − Coleta inicial do WIP, tempo de espera, distância percorrida pelos operadores. − Coleta de dados para % de material rejeito. 9 XLI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 18 a 21 de outubro de 2021. Com essas informações coletadas, foi possível desenhar o fluxo completo do processo, seguindo a metodologia do VSM como mostra na Figura 6. Figura 6 - Análise do Estado Atual - VSM Fonte: Autores Com o desenho do Estado Atual da linha, foi possível verificar os principais GAPs do processo. De maneira a facilitar o foco das melhorias e balancear a linha, foi realizada uma avaliação posto a posto para classificar as principais oportunidades de eliminação de desperdícios, criando um gráfico de Yamazumi como mostrado abaixo: Figura 7 - Gráfico Yamazumi após análise do VSM Fonte: Autores Essa visualização trouxe para a equipe a seguinte classificação: 10 XLI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 18 a 21 de outubro de 2021. Tabela 1 - Somatória de Desperdícios avaliados Type of Waste % Waiting 5% Transport 10 % Other NVA 17 % Process NVA 61 % Fonte: Autores Para o processo analisado, apenas a transformação de matéria-prima é considerada Valor Agregado, no padrão de análise, entretanto, a categoria Process NVA é composta de todas as atividades do processo que não agregam valor do ponto de vista do cliente, mas são inerentes ao processo, não sendo tão simples de eliminar. O foco é então sempre voltado para as categorias: Waiting, Transport e Other NVA. É possível estimar a partir dessas 3 categorias quantos operadores pode-se otimizar apenas pela redução de valor não agregado dentro dos postos de trabalho, conforme a equação abaixo. Oportunidade HC = (Waiting + Transport + Other NVA)% × 0,5 × Total HC Portanto, a metodologia acima sinalizou para a equipe a oportunidade de redução de 5 operadores no total, tendo em vista que: Oportunidade HC = (5+10+17)% × 0,5 × 32 = 5,12 A partir das ferramentas utilizadas é realizado um brainstorming para: − Propor iniciativas – Kaizens − Definir e priorizar as ideias que são mais viáveis − Criar um plano de ação − Implementar Kaizens − Estimar savings das ações Com as propostas de Kaizens várias ideias aplicáveis surgiram, sendo somente algumas escolhidas para implementação, após avaliação de riscos e retorno financeiro. Tendo as 11 XLI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 18 a 21 de outubro de 2021. propostas definidas, foi montado um plano de ação para os Kaizens e a consequente implementação dessas ideias. 3. Resultados Foram identificados no total 76 Kaizens propostos para o processo pelo time. Dos quais o que possuia o Prazo de Retorno de Investimento (PRI) < 1 ano foi definido como prioridade. Sendo esse a unificação da Op 2 e Op 3. Foi verificado que ao unificar as operações era possível eliminar a categoria Waiting da Op 1 e 2 e ainda reduzir em ambas as operações 10% da categoria Other NVA otimizando o layout como mostrado na Figura 8. Figura 8 – Layout Atual vs. Layout Proposto ANTES DEPOIS Fonte: Autores Com as reduções de valor não-agregado a unificação das operações foi possível, atendendo o Takt Time da linha como mostrado na Figura 9, e possibilitando reduções de mão de obra. Figura 9 - Análise do Tempo de ciclo das duas operações ANTES DEPOIS Fonte: Autores 12 XLI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 18 a 21 de outubro de 2021. Através do rebalanceamento das operações, a redução anual em custo de mão de obra está demonstrada na Tabela 2. Tabela 2: Redução total Antes Depois Economia Anual Custo de HC R$ 400.000 R$ 350.000 R$ 50.000 Fonte: Autores 5. Conclusão Com os resultados obtidos através da análise de VSM e outras ferramentas de Lean Manufacturing, foi possível constatar a influência dessas ferramentas na análise de fluxo para possíveis otimizações. Essas iniciativas tornam cada vez mais as empresas competitivas e enxutas. O Kaizen escolhido nesse trabalho representou uma redução 12.5% do custo com mão de obra do estudo de caso em análise, com Prazo de Retorno de Investimento (PRI) < 1, e economia anual de R$ 50.000, apresentando um bom investimento para a empresa pois a otimização tem baixo risco e maior retorno financeiro potencial. REFERÊNCIAS DEMBOGURSKI, Renan Augusto; OLIVERA, Márcio; NEUMANN, Clóvis. Balanceamento de Linha de produção. XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO - A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável. Rio de Janeiro, Brasil. Outubro de 2008. EMILIANI, M.L., Origins of lean management in America: The role of Connecticut businesses, Journal of Management History, Vol. 12 No. 2, pp. 167-184. https://doi.org/10.1108/1355252061065T4069. 2006 FRANDSON, Adam; BERGHEDE, Klas; TOMMELEIN, Irid D. Takt time planning for construction of exterior cladding. Proceedings of the IGLC-21. Fortaleza, Brazil. Julho 2013. JÚNIOR, Carlos A.; SILVA, Fábio R.; ALVES, Rogério A. L.; CRUZ, Alice. Aplicação do yamazumi no balanceamento de linhas de produção – estudo de caso em uma indústria de máquinas agrícolas. Disponível em <https://www.academia.edu/33817052/ALVES_JUNIOR_e_SILVA_Balanceamento_de_Linhas_de_produ%C3 %A7%C3%A3o_v15B_Rogerio_Alves_264652_PRO212AN> Acesso em: 15 de Abril de 2021. 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