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Protozoários Infecções bacterianas e protozoárias que afetam o sist. cardiovascular e o sist. linfático DOENÇAS BACTERIANAS Sepse e choque séptico Septicemia: doença aguda na qual há presença e persistência de microrganismos patogênicos, ou de suas toxinas, no sangue. OBS: normalmente o sangue é estéril, mas ele pode ser contaminado devido a procedimentos invasivos, como uso de cateteres. O sangue e a linfa contêm várias células fagocíticas de defesa. Além disso, o sangue tem pouco ferro disponível, o qual é necessário para o crescimento bacteriano. Entretanto, se as defesas dos sistemas circulatório e linfático falham, os micróbios podem proliferar no sangue, causando a septicemia. Sepse: é uma síndrome da resposta inflamatória sistêmica causada por um foco de infecção que libera mediadores da inflamação dentro da corrente sanguínea. O local de infecção em si não é necessariamente a corrente sanguínea e em cerca de metade dos casos nenhum micróbio é encontrado no sangue. A sepse e a septicemia são frequentemente acompanhadas do aparecimento de uma linfangite, vasos linfáticos inflamados visíveis, como estrias vermelhas sob a pele, percorrendo o braço ou a perna a partir do sítio da infecção. Sinais e sintomas: febre, calafrios e batimentos cardíacos e respiração acelerados. Quando a sepse resulta em uma queda da pressão arterial (choque) e na disfunção de pelo menos um órgão, ela é considerada uma sepse severa. Um estágio final, quando a baixa pressão sanguínea não pode mais ser controlada pela adição de fluidos, é o chamado de choque séptico. Tipos de sepse Sepse gram-negativa: o choque séptico é mais provavelmente causado por bactérias gram- negativas, cujas paredes celulares apresentam endotoxinas, que podem causar uma queda brusca na pressão sanguínea com seus sinais e sintomas associados. Sepse gram-positiva: Hoje, as bactérias gram- positivas são as causas mais comuns de sepse. Tanto os estafilococos quanto os estreptococos produzem exotoxinas potentes que causam a síndrome do choque tóxico. O uso frequente de procedimentos invasivos nos hospitais permite que as bactérias gram- positivas entrem na corrente sanguínea, sendo os enterococos um grupo importante. Sepse puerperal: começa como uma infecção do útero resultante de parto ou aborto. Ela progride para uma peritonite (infecção da cavidade abdominal). Streptococcus pyogenes é a causa mais frequente. Infecções bacterianas do coração Endocardite: inflamação do endocárdio. Endocardite bacteriana subaguda: se desenvolve lentamente; é caracterizada por febre, fraqueza generalizada e um sopro no coração. Em geral, é causada por estreptococos alfa- hemolíticos (com mais frequência, Streptococcus viridans), os quais são comuns na cavidade oral. A condição provavelmente surge a partir de um foco de infecção em qualquer parte do corpo, como nos dentes ou nas tonsilas. Os microrganismos são liberados por extrações de dentes ou tonsilectomias, entram na corrente sanguínea e encontram o seu caminho para o coração. Normalmente, essas bactérias seriam eliminadas do sangue pelos mecanismos de defesa do corpo. Entretanto, em indivíduos cujas valvas cardíacas são anormais, devido a defeitos cardíacos congênitos ou doenças, como a febre reumática e a sífilis, as bactérias alojam-se nas lesões preexistentes. Dentro das lesões, as bactérias multiplicam- se e ficam retidas nos coágulos sanguíneos, que as protegem da fagocitose e dos anticorpos. À medida que a multiplicação progride e que os coágulos aumentam de tamanho, fragmentos do coágulo rompem-se e podem bloquear os vasos sanguíneos ou se alojar nos rins. Pode ser fatal em meses. Endocardite bacteriana aguda: geralmente é causada pelo Staphylococcus aureus. Os organismos encontram o seu caminho do local inicial da infecção para as valvas normais ou anormais; A destruição rápida das valvas do coração muitas vezes é fatal em alguns dias ou semanas, se não tratada. Os estreptococos também podem causar pericardite, inflamação do pericárdio. Febre reumática A febre reumática geralmente é uma complicação autoimune e pode ser decorrente de infecções estreptocócicas, como as causadas pelo Streptococcus pyogenes. Ela ocorre principalmente em pessoas com idades entre 4 a 18 anos e, com frequência, desenvolve-se após um episódio de dor de garganta estreptocócica. Em geral, manifesta-se como um curto período de artrite e febre. Nódulos subcutâneos nas articulações são comuns. Em cerca da metade das pessoas afetadas, uma inflamação do coração, provavelmente resultante de uma reação imune mal direcionada contra a proteína M estreptocócica, danifica as valvas. A reinfecção com estreptococos renova o ataque imune. O dano às valvas cardíacas pode ser grave o suficiente para resultar em insuficiência e morte. As pessoas que já apresentaram um episódio de febre reumática estão em risco de novo dano imunológico, devido à estimulação do sistema imune, ao adquirirem repetidas infecções de garganta por estreptococos. Tularemia A tularemia é uma doença zoonótica (transmissível pelo contato com animais infectados), neste caso, mais comumente coelhos (febre do coelho) e esquilos. Pode ser transmissível também por carrapatos e por insetos (febre da mosca do cervo). O patógeno é Francisella tularensis, pequeno bacilo gram-negativo. Ele pode entrar nos seres humanos por várias vias. A mais comum é a penetração da pele através de pequenas abrasões, onde o microrganismo cria uma úlcera no local. Cerca de uma semana após a infecção, os linfonodos locais aumentam, muitos apresentando bolsas de pus. A bactéria pode se multiplicar nos macrófagos, em até mil vezes. Se não tratada, pode levar à sepse e à infecção de múltiplos órgãos. Infecção respiratória, geralmente oriunda de poeira contaminada pela urina ou pelas fezes de animais infectados, pode causar uma pneumonia aguda. Brucelose (febre ondulante) A brucelose é a zoonose bacteriana mais comum do mundo, sendo o Oriente Médio uma área endêmica. Em geral, casos humanos de brucelose não são fatais, mas a doença tende a persistir no sistema reticuloendotelial, onde as bactérias evadem as defesas do hospedeiro; elas são, sobretudo, capazes de escapar das células fagocíticas. Essa habilidade permite a sobrevivência de longa duração e a replicação. A doença, em geral, torna-se crônica e é capaz de afetar qualquer órgão do sistema. As bactérias Brucella são pequenos bastonetes cocoides gram-negativos e aeróbios. Durante a manipulação em laboratório, elas são facilmente transmissíveis pelo ar, e sua manipulação é considerada perigosa (agente potencial de bioterrorismo. Existem três espécies de bactéria Brucella de maior interesse: Brucella abortus: é encontrada principalmente no gado, mas também infecta camelos, bisões e diversos outros animais. Brucella suis: é uma espécie que infecta principalmente suínos, mas é conhecida por infectar bovinos mantidos em contato com rebanhos suínos. Brucella melitensis: patógeno mais severo e a causa da maioria dos casos humanos. Hoje, essa espécie é mais comumente encontrada em cabras e ovelhas. Os sintomas da brucelose apresentam um amplo espectro, dependendo do estágio da doença e dos órgãos afetados. Costumam incluir febre (que apresenta caráter irregular, surge em “ondas”, o que conferiu à doença o nome alternativo de febre ondulante), indisposição, suores noturnos e dores musculares. Embora vários testes sorológicos estejam disponíveis; a prova diagnóstica final é o isolamento da Brucella do sangue ou do tecido do paciente. Antraz Bacillus anthracis é a bactéria que causa o antraz em animais. O baciloformador de endósporo é um microrganismo gram-positivo, aeróbio, aparentemente capaz de crescer lentamente em determinados tipos de solo que apresentam condições de umidade específicas. A doença atinge principalmente mamíferos com hábitos de pastejo, como bovinos e ovinos. Os endósporos do Bacillus anthracis são ingeridos juntamente com as gramíneas, causando sepse fulminante. Pessoas em risco são aquelas que trabalham com animais, peles, lã e outros produtos animais de certos países estrangeiros. As infecções por B. anthracis são iniciadas por endósporos. Uma vez introduzidos no corpo, eles são capturados pelos macrófagos, onde germinam em células vegetativas. Eles não são destruídos, mas, ao contrário, multiplicam-se, finalmente destruindo o macrófago. As bactérias liberadas, então, entram na corrente sanguínea, replicam-se rapidamente e secretam toxinas. Os principais fatores de virulência de B. anthracis são duas exotoxinas. Ambas compartilham um terceiro componente tóxico, uma proteína de ligação ao receptor celular, chamada de antígeno protetor, que liga as toxinas às células-alvo e permite a sua entrada. Uma toxina, a toxina de edema, causa edema local (inchaço) e interfere com a fagocitose pelos macrófagos. A outra toxina, a toxina letal, destrói macrófagos, seu alvo específico, o que desabilita uma defesa essencial do hospedeiro. Além disso, a cápsula de B. anthracis é bastante incomum. O antraz afeta os seres humanos de três formas: antraz cutâneo, antraz gastrintestinal e antraz inalatório (pulmonar). Antraz cutâneo: resulta do contato com material contendo endósporos de antraz. Mais de 90% dos casos de ocorrência natural em seres humanos são cutâneos; O endósporo entra em alguma lesão pequena na pele. Surge uma pápula e, por fim, vesículas, as quais se rompem e formam uma área ulcerada, em depressão, coberta por uma escara (crosta) negra. Na maioria dos casos, o patógeno não entra na corrente sanguínea, e outros sintomas são limitados a uma febre baixa e indisposição. Antraz gastrintestinal: forma relativamente rara causada pela ingestão de alimentos cozidos inadequadamente contendo endósporos de antraz. Os sintomas são náusea, dor abdominal e diarreia sanguinolenta. Lesões ulcerativas ocorrem no trato gastrintestinal, desde a boca e a garganta até, principalmente, os intestinos. A mortalidade geralmente é de mais de 50%. Antraz inalatório (pulmonar): forma mais perigosa do antraz em seres humanos; Os endósporos inalados para os pulmões têm alta probabilidade de entrar na corrente sanguínea. Os sintomas dos primeiros dias da infecção não são muito alarmantes: febre branda, tosse e alguma dor no peito. Quando a bactéria entra na corrente sanguínea e prolifera, a doença progride em 2 a 3 dias para um choque séptico, que, em geral, mata o paciente dentro de 24 a 36 horas. A taxa de mortalidade é alta, aproximando-se dos 100%. Como precaução, as pessoas que foram expostas aos endósporos do antraz podem receber doses preventivas dos antibióticos por um tempo. Esse período geralmente é muito longo, uma vez que a experiência tem mostrado que até 60 dias podem transcorrer antes que os endósporos inalados germinem e iniciem a doença ativa. A vacinação do gado contra o antraz é um procedimento padrão em áreas endêmicas. Uma única dose de uma vacina viva atenuada efetiva é usada. Contudo, essa vacina não é considerada segura para o uso em seres humanos. A única vacina atualmente aprovada para uso em seres humanos contém uma forma inativada da toxina antigênica protetora e foi criada para impedir a entrada das outras duas toxinas nas células do hospedeiro. A vacina requer uma série de seis injeções durante um período de 18 meses, seguido de reforços anuais. Gangrena Isquemia: ocorre quando o suprimento sanguíneo de um ferimento é interrompido, tornando-o anaeróbio. A isquemia leva à necrose, que é morte tecidual. Gangrena: é a morte do tecido mole resultante da perda de suprimento sanguíneo é chamada de gangrena. Essas condições também podem ocorrer como complicação do diabetes. Substâncias liberadas de células mortas ou em processo de morte oferecem nutrientes para muitas bactérias. Várias espécies do gênero Clostridium, que são anaeróbias gram-positivas formadoras de endósporo (amplamente encontradas no solo e no trato intestinal dos seres humanos e dos animais domésticos) crescem rapidamente nessas condições. C. perfringens é a espécie mais comumente envolvida na gangrena, contudo outros clostrídios e diversas outras bactérias também podem crescer nesses ferimentos. Uma vez que a isquemia e a necrose subsequente, causadas pela interrupção do suprimento sanguíneo, tenham se estabelecido, a gangrena gasosa pode se desenvolver, sobretudo no tecido muscular. À medida que os microrganismos C. perfringens crescem, eles fermentam carboidratos no tecido e produzem gases (dióxido de carbono e hidrogênio) que incham o tecido. As bactérias produzem toxinas, que se movem ao longo dos feixes das fibras musculares, destruindo as células e produzindo tecido necrótico, que é favorável a mais crescimento bacteriano. Por fim, essas toxinas e as bactérias entram na corrente sanguínea, causando doença sistêmica. As enzimas produzidas pelas bactérias degradam o colágeno e o tecido proteináceo, facilitando a disseminação da doença. Sem tratamento, a condição é fatal. A gangrena gasosa também pode resultar de procedimentos de aborto realizados inadequadamente. C. perfringens, residente do trato genital de cerca de 5% de todas as mulheres, pode infectar a parede uterina e levar à gangrena gasosa, resultando em uma infecção da corrente sanguínea que oferece risco à vida. A remoção cirúrgica do tecido e a amputação são os tratamentos médicos mais comuns para a gangrena gasosa. Quando a gangrena gasosa se desenvolve em regiões como a cavidade abdominal ou o trato reprodutivo, o paciente pode ser tratado em uma câmara hiperbárica, que contém atmosfera pressurizada rica em oxigênio. O oxigênio satura os tecidos infectados e, assim, impede o crescimento do clostrídio anaeróbio obrigatório. DOENÇAS SISTÊMICAS CAUSADAS POR MORDEDURAS E ARRANHADURAS Mordeduras de animais podem resultar em infecções graves. Mordeduras de cães constituem pelo menos 80% dos incidentes registrados; mordeduras de gatos, apenas cerca de 10%. As mordeduras de gatos são, entretanto, mais penetrantes, resultando em maior taxa de infecção (30-50%) que as de cães (15-20%). Os animais domésticos frequentemente carreiam Pasteurella multocida, bastonete gram-negativo similar à bactéria Yersinia, que causa a peste. Pasteurella multocida é um patógeno principalmente de animais e causa sepse (daí o nome multocida, que significa muitas mortes). Os seres humanos infectados por Pasteurella multocida apresentam respostas variadas. Por exemplo, infecções localizadas com edema grave e dor podem se desenvolver no local do ferimento. Formas de pneumonia e sepse podem se desenvolver e oferecem risco à vida. Além de P. multocida, uma variedade de espécies bacterianas anaeróbias é frequentemente encontrada em mordeduras de animais infectados, bem como espécies de Staphylococcus, Streptococcus e Corynebacterium. Mordeduras de seres humanos, na maior parte em decorrência de brigas, também estão sujeitas a infecções graves. Doença da arranhadura do gato A doença da arranhadura do gato, embora receba pouca atenção, é surpreendentemente comum. Pessoas que tenham gatos ou estejam intimamente expostas a eles estão em risco. O patógeno é uma bactéria gram-negativa aeróbia, Bartonella henselae, que pode habitaro interior de algumas hemácias do gato. Ela se conecta com o exterior da célula e com o líquido extracelular circundante através de um poro. Como residentes, as bactérias causam uma bacteremia persistente nos gatos; O principal modo de transmissão é o arranhão; não se sabe se as mordeduras dos gatos ou as picadas das pulgas dos gatos transmitem a doença para os seres humanos. Contudo, a presença das pulgas é definitivamente um requisito para que a infecção seja mantida entre os gatos. O primeiro sinal é uma pápula no local da infecção, que aparece de 3 a 10 dias após a exposição. Edema dos linfonodos e geralmente febre e indisposição se manifestam dentro de algumas semanas. A doença da arranhadura do gato normalmente é autolimitada, com duração de algumas semanas. Febre da mordedura do rato Em grandes áreas urbanas, a população de ratos não é bem controlada, e mordeduras desses animais são de ocorrência bastante comum – e podem causar a febre da mordedura do rato. Antigamente, as vítimas das mordeduras de ratos eram crianças mais novas que viviam em habitações precárias. Hoje, os ratos são populares como animais experimentais em laboratórios e até mesmo como animais de estimação; os pacientes em potencial, nos dias de hoje, frequentemente são técnicos de laboratório que manipulam ratos, bem como donos de animais de estimação e funcionários de lojas que vendem esses animais. Embora cerca de metade dos ratos selvagens e de laboratório seja conhecida por portar os patógenos bacterianos, apenas uma minoria das mordeduras de rato (cerca de 10%) resulta em doença. Existem duas doenças semelhantes, porém distintas. Na América do Norte a doença mais comum, a febre da mordedura do rato estreptobacilar, é causada pela bactéria Streptobacillus moniliformis (quando o patógeno é ingerido, a doença é chamada de febre de Haverhill). Essa é uma bactéria filamentosa, gram- negativa, altamente pleomórfica e fastidiosa, difícil de ser cultivada. Os sintomas são inicialmente febre, calafrios e dor muscular e nas articulações, seguidos de um exantema nas extremidades em alguns dias. Ocasionalmente, há complicações mais graves; se não tratada, a mortalidade é de cerca de 10%. O outro patógeno bacteriano que causa a febre da mordedura do rato é Spirillum minus. Nesse caso, a doença é chamada de febre espiralar; DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS POR VETORES Peste A doença é causada por uma bactéria gram- negativa, em forma de bacilo, Yersinia pestis. Normalmente uma doença de ratos, a peste é transmissível de um rato para outro através da pulga, Xenopsylla cheopis (esquilos – áreas endêmicas). Se o hospedeiro morrer, a pulga procura um hospedeiro substituto, que pode ser outro roedor ou um ser humano. Ela pode saltar cerca de 9 cm. Uma pulga infectada pela peste é faminta por uma refeição, uma vez que o crescimento das bactérias forma um biofilme que bloqueia o seu trato digestório, e o sangue que ela ingere é rapidamente regurgitado. Um vetor artrópode nem sempre é necessário para a transmissão da peste. O contato com a pelagem de animais infectados, arranhaduras, mordeduras e lambidas de gatos domésticos e incidentes similares foram registrados como causa de infecção. Após a picada da pulga, as bactérias entram na corrente sanguínea humana e proliferam na linfa e no sangue. Um fator de virulência da bactéria da peste é a sua capacidade de sobreviver e proliferar dentro das células fagocíticas, em vez de ser destruída por elas. Os linfonodos da virilha e das axilas tornam- se aumentados, e a febre se desenvolve à medida que as defesas do corpo reagem à infecção. Esses edemas, chamados de bubões, refletem a origem do nome peste bubônica. Essa é a forma mais comum, compreendendo 80 a 95% dos casos atuais. A taxa de mortalidade da peste bubônica não tratada é de 50 a 75%. A morte, caso ocorra, geralmente transcorre em menos de uma semana após o aparecimento dos sintomas. Uma condição particularmente perigosa, chamada de peste septicêmica, surge quando as bactérias entram no sangue e proliferam, causando choque séptico. Finalmente, o sangue transporta as bactérias para os pulmões, resultando em uma forma da doença chamada de peste pneumônica, facilmente disseminada por gotículas trazidas pelo ar de seres humanos ou animais. A taxa de mortalidade por esse tipo de peste é de quase 100%. Febre recorrente Exceto para a espécie que causa a doença de Lyme, todos os membros do gênero da espiroqueta Borrelia causam a febre recorrente. A doença pode ser transmissível por carrapatos argasídeos que se alimentam de roedores. A incidência da febre recorrente aumenta durante os meses de verão, quando a atividade dos roedores e dos artrópodes aumenta. A doença é caracterizada por febre, algumas vezes acima de 40,5°C, icterícia e manchas cor-de-rosa na pele. Após 3 a 5 dias, a febre diminui. Três ou quatro recorrências podem ocorrer, cada uma mais breve e menos intensa que a febre inicial. Cada recorrência é causada por um tipo antigênico diferente de espiroqueta, que escapa da imunidade existente. O diagnóstico é realizado por meio da observação das bactérias no sangue do paciente, o que é incomum para uma doença causada por espiroquetas. A tetraciclina é eficaz para o tratamento. Doença de Lyme (Borreliose de Lyme) Em 1975, um grupo de casos de doenças em pessoas jovens, inicialmente diagnosticado como artrite reumatoide, foi registrado perto da cidade de Lyme. A ocorrência sazonal (meses de verão), a ausência de contágio entre membros da família e relatos de uma erupção cutânea incomum que aparecia várias semanas antes dos primeiros sintomas sugeriam uma doença transmissível por carrapatos. Camundongos silvestres são os reservatórios animais mais importantes. O estágio de ninfa do carrapato se alimenta dos camundongos infectados e apresenta maior probabilidade de infectar os seres humanos, embora carrapatos adultos sejam quase duas vezes mais prováveis de transportar o patógeno bacteriano. Os cervos são importantes na manutenção da doença, uma vez que os carrapatos se alimentam e se acasalam nesses animais. Eles são hospedeiros finais e não se tornam infectados. Nos seres humanos, os carrapatos geralmente se aderem a partir de arbustos ou grama. Eles não se alimentam por 24 horas, e muitas vezes requerem 2 a 3 dias de fixação antes que ocorra a transferência de bactérias e a infecção. Provavelmente apenas cerca de 1% das picadas de carrapato resulte em doença de Lyme. O primeiro sintoma da doença de Lyme geralmente é uma erupção cutânea que aparece no local da picada. Durante uma segunda fase, na ausência de tratamento eficaz, muitas vezes há evidências de que o coração é afetado. O batimento cardíaco pode se tornar tão irregular que o uso de um marca-passo pode ser necessário. Sintomas neurológicos crônicos e incapacitantes, como paralisia facial, fadiga opressiva e perda de memória podem estar presentes. Alguns casos resultam em meningite e encefalite. Erliquiose e anasplamose A erliquiose monocítica humana é causada pela bactéria Ehrlichia chafeensis. Esta é uma bactéria intracelular obrigatória, gram-negativa, semelhante às riquétsias. Agregados de bactérias – chamados de mórulas – formam-se dentro do citoplasma dos monócitos. É uma doença transmissível por carrapatos; o nome popular para o vetor mais comum é carrapato da Estrela Solitária. Existem casos da doença em que esse carrapato não é encontrado, de modo que outros vetores podem estar associados. O cervo de cauda branca é o principal reservatório animal, porém não mostra sinais da doença. Uma doençasimilar transmissível por carrapatos, a anasplamose granulocítica humana, era chamada de erliquiose granulocítica humana. A mudança de nomenclatura ocorreu quando o organismo causador da doença, uma bactéria intracelular obrigatória antigamente agrupada juntamente com as Ehrlichia, foi renomeada Anaplasma phagocytophilum. O carrapato vetor é o Ixodes scapularis, o mesmo gênero do vetor da doença de Lyme e da babesiose. Os sintomas dessas doenças são idênticos semelhante à gripe, apresentando febre alta e cefaleia; a taxa de fatalidade é inferior a 5%. Tifo As várias doenças tifo são causadas por riquétsias, bactérias que são parasitos intracelulares obrigatórios de eucariotos. As riquétsias, que são propagadas por vetores artrópodes, infectam principalmente as células endoteliais do sistema vascular e se multiplicam dentro delas. A inflamação resultante causa o bloqueio local e a ruptura de pequenos vasos sanguíneos. Febre do tifo (tifo epidêmico transmissível por piolhos) A febre do tifo é causada pela bactéria Rickettsia prowazekii e é carreada pelo piolho do corpo humano, Pediculus humanus corporis. O patógeno cresce no trato gastrintestinal do piolho e é excretado por ele. Ele é transmitido no momento em que as fezes do piolho são esfregadas no ferimento quando o hospedeiro coça a picada. A doença do tifo epidêmico produz febre alta e prolongada, que dura pelo menos 2 semanas. Estupor e uma erupção de pequenas manchas vermelhas, causadas por hemorragia subcutânea, são característicos, à medida que as riquétsias invadem os revestimentos dos vasos sanguíneos. As taxas de mortalidade são muito altas quando a doença não é tratada. Tifo murino endêmico Transmissível pela pulga do rato Xenopsylla cheopis o tifo murinho endêmico ocorre de modo esporádico, em vez de epidêmico. O termo murino (derivado do latim para camundongo) refere-se ao fato de que roedores, como os ratos e os esquilos, são os hospedeiros comuns desse tipo de tifo. O patógeno responsável pela doença é Rickettsia typhi, habitante comum de ratos. Febres maculosas O tifo transmissível por carrapatos, ou febre maculosa das Montanhas Rochosas. Ela é causada pela Rickettsia rickettsi. Essa riquétsia é um parasito de carrapatos e, em geral, é transmitida de uma geração de carrapatos para outra através de seus ovos, um mecanismo chamado de transmissão transovariana. Cerca de uma semana após a picada do carrapato, uma erupção macular desenvolve- se, algumas vezes confundida com o sarampo; entretanto, ela geralmente aparece na palma das mãos e na sola dos pés, onde as erupções virais não ocorrem. A erupção é acompanhada por febre e cefaleia. Toxoplasmose A toxoplasmose, doença dos vasos sanguíneos e linfáticos, é causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, um protozoário formador de esporos. Os gatos são uma parte essencial do ciclo de vida do T. gondii, pois o micróbio passa pela sua única fase sexuada no trato intestinal do gato. Milhões de oocistos são, então, liberados nas fezes do animal por 7 a 21 dias e contaminam o alimento ou a água, que podem ser ingeridos por outros animais. Os oocistos contêm esporozoítos que invadem as células do hospedeiro e formam trofozoítos, chamados de taquizoítos. O parasito intracelular se reproduz rapidamente (tachys é uma palavra grega para rápido). Os números elevados causam a ruptura da célula hospedeira e a liberação de mais taquizoítos, resultando em uma forte resposta inflamatória. À medida que o sistema imune se torna cada vez mais eficaz, a doença entra na fase crônica em animais e seres humanos; A célula hospedeira infectada desenvolve uma parede para formar um cisto tecidual. Os numerosos parasitos dentro do cisto (neste estágio, chamados de bradizoítos; bradi, do grego para lento) se reproduzem muito lentamente e, quando o fazem, persistem por anos, principalmente no cérebro. Esses cistos são infecciosos quando ingeridos pelos hospedeiros intermediários ou definitivos. Em pessoas com um sistema imune sadio, a infecção de toxoplasmose resulta apenas em sintomas muito leves ou é assintomática. Os seres humanos geralmente adquirem a infecção pela ingestão de carnes malcozidas contendo taquizoítos ou cistos teciduais, embora exista uma possibilidade de se adquirir a doença mais diretamente pelo contato com fezes de gato. O principal risco é a infecção congênita do feto, resultando em natimorto ou em uma criança com danos cerebrais severos ou problemas de visão. Esse dano fetal ocorre somente quando a infecção inicial é adquirida durante a gravidez. Malária A malária é caracterizada por calafrios, febre e, com frequência, por vômito e cefaleia intensa. Esses sintomas aparecem geralmente em intervalos de 2 a 3 dias, alternando-se com períodos assintomáticos. A malária ocorre onde quer que o mosquito vetor Anopheles seja encontrado e haja hospedeiros humanos para o parasito protozoário, Plasmodium. Ocasionalmente, a doença tem sido transmissível por seringas não esterilizadas usadas por usuários de drogas. Transfusões sanguíneas de pessoas que estiveram em áreas endêmicas para a doença também representam um risco potencial. Existem quatro tipos principais de malária. O Plasmodium vivax é amplamente disseminado porque pode se desenvolver nos mosquitos a baixas temperaturas e é responsável pela forma mais prevalente da doença. Um fator importante no ciclo de vida do P. vivax é que ele pode permanecer dormente no fígado do paciente por meses e até mesmo anos. P. ovale e P. malariae também causam uma malária relativamente benigna, mas, mesmo assim, as vítimas perdem energia. A malária mais perigosa é a causada pelo P. falciparum. Talvez uma razão para a virulência desse tipo de malária seja que os seres humanos e o parasito tiveram pouco tempo para se adaptarem um ao outro. Acredita-se que os seres humanos tenham sido expostos a esse parasito (pelo contato com pássaros) apenas recentemente. Referida como malária “maligna”, se não for tratada, ela mata cerca de metade dos infectados. Mais hemácias são infectadas e destruídas nessa do que em outras formas de malária. A anemia resultante enfraquece severamente a vítima. Além disso, as hemácias desenvolvem nódulos de superfície que as prendem às paredes dos capilares sanguíneos, que se tornam obstruídos. Essa obstrução impede que as hemácias infectadas alcancem o baço, onde células fagocíticas as eliminariam. Leishmaniose A leishmaniose é uma doença complexa e disseminada que exibe diversas formas clínicas. Os patógenos protozoários constituem cerca de 20 espécies diferentes, geralmente categorizadas em três grupos para simplificar. Um grupo, Leishmania donovani, causa a leishmaniose visceral, na qual os parasitos invadem os órgãos internos. Os grupos L. tropica e L. braziliensis se desenvolvem preferencialmente em temperaturas mais frias e causam lesões cutâneas ou das membranas mucosas. A leishmaniose é transmissível pela picada dos flebotomíneos fêmea (mosquito palha). Esses insetos são menores que os mosquitos e, em geral, penetram a malha das telas de proteção comuns. Pequenos mamíferos são reservatórios natural dos protozoários. A forma infectiva, a promastigota, é encontrada na saliva do inseto. Ela perde seu flagelo quando penetra na pele da vítima mamífera, tornando-se uma amastigota que se prolifera nas células fagocíticas, principalmente em locais fixos no tecido. Essas amastigotas são, então, ingeridas durante o repasto dos flebotomíneos, renovando o ciclo. O contato com sangue contaminado de transfusões ou agulhas compartilhadas também poderesultar em infecção. Infecção por Leishmania donovani (Leishmaniose visceral) A infecção por Leishmania donovani ocorre em grande parte do mundo tropical, embora 90% dos casos ocorram na Índia, em Bangladesh, e no Brasil (L. shagasi) Os sintomas iniciais, após uma infecção de até um ano, assemelham-se aos calafrios e à sudorese da malária. À medida que o protozoário se prolifera no fígado e no baço, esses órgãos aumentam muito de tamanho. Finalmente, a função renal também é perdida quando esses órgãos são invadidos. Essa é uma doença debilitante que, se não tratada, resulta em morte em um ou dois anos. Infecção por Leishmania tropica (Leishmaniose cutânea) A infecção por Leishmania tropica e L. major causa uma forma cutânea de leishmaniose muitas vezes chamada de úlcera oriental. Uma pápula aparece no local da picada após algumas semanas de incubação. A pápula ulcera e, depois de curada, deixa uma cicatriz proeminente. Infecção por Leishmania braziliensis (Leishmaniose mucocutânea) A infecção por Leishmania braziliensis é conhecida como leishmaniose mucocutânea, uma vez que afeta as membranas mucosas, bem como a pele. A doença causa destruição desfigurante dos tecidos do nariz, da boca e da parte superior da garganta. Em geral, afeta trabalhadores que fazem a colheita da goma usada para a fabricação de chiclete. Essa doença geralmente é chamada de leishmaniose americana. O diagnóstico das leishmanioses cutânea e mucocutânea, nas áreas onde elas são endêmicas, geralmente depende da aparência clínica e do exame microscópico dos raspados das lesões. Babesiose Doença transmissível por carrapatos que, antigamente, acreditava-se ser restrita aos animais. Os roedores são o reservatório na natureza; os carrapatos vetores são mais comumente espécies de Ixodes. A doença humana nos Estados Unidos é causada por um protozoário, geralmente Babesia microti. A doença se assemelha à malária em alguns aspectos e já foi confundida com ela. Os parasitos se replicam nas hemácias e causam uma doença prolongada, caracterizada por febre, calafrios e sudorese noturna. Ela pode ser muito mais grave, algumas vezes fatal, em pacientes imunocomprometidos. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO Trypanosoma cruzi MORFOLOGIA O Trypanosoma cruzi é um protozoário agente etiológico da doença de Chagas. Ele possui em seu ciclo biológico hospedeiros vertebrado e invertebrado. Hospedeiro Vertebrado Nos hospedeiros vertebrados, são encontradas intracelularmente as formas amastigotas e extracelularmente as formas tripomastigotas presentes no sangue circulante e são infectantes. Os tripomastigotas sanguíneos apresentam variações morfológicas denominadas “polimorfismos”. Formas As formas delgadas seriam mais infectantes para células, porém mais sensíveis à ação de anticorpos. As formas largas menos infectantes, demorariam mais a penetrar nas células, porém seriam mais resistentes à ação dos anticorpos, e por consequência seriam capazes de permanecer mais tempo na corrente circulatória. O tropismo também muda: Tripomastigotas delgados durante a fase aguda têm preferência por células do sistema mononuclear fagocitário (SMF) do baço, do fígado e da medula óssea, sendo chamadas cepas macrofagotrópicas. Já as cepas de forma larga têm tropismo para células musculares, sendo chamadas de miotrópicas. Além disso, as formas delgadas do parasito seriam mais frequentes no início da infecção, quando ainda não existe imunidade específica contra ele, e as formas largas seriam mais presentes na infecção tardia, quando há os anticorpos, devido a essa forma ser mais resistente. BIOLOGIA O ciclo biológico do Trypanosoma cruzi é heteroxênico, ou seja, possui uma fase de seu ciclo de replicação no hospedeiro vertebrado (intracelular) e outra fase no vetor (extracelular, triatomíneos). a) Ciclo biológico no hospedeiro vertebrado Os tripomastigotas eliminados nas fezes e urina do vetor penetram pelo local da picada e interagem com as células do sistema mononuclear fagocitário (SMF) da pele ou das mucosas. Neste local, ocorre a transformação dos tripomastigotas em amastigotas, que aí se multiplicam. Posteriormente, ocorre a diferenciação dos amastigotas em tripomastigotas, que são liberados da célula hospedeira caindo no interstício. Estes tripomastigotas caem na corrente circulatória, atingem outras células de qualquer tecido ou órgão para cumprir novo ciclo celular, ou são destruídos por mecanismos imunológicos do hospedeiro, ou podem ainda ser ingeridos por triatomíneos. No início da infecção do vertebrado (fase aguda) a parasitemia é mais elevada, podendo ocorrer morte do hospedeiro, especialmente em crianças. Quando o hospedeiro desenvolve resposta imune eficaz, diminui a parasitemia e a infecção tende a cronificar. Na fase crônica, o número de parasitos é pequeno na circulação, só sendo detectados por métodos especiais (hemocultura). A evolução e o desenvolvimento das formas clínicas da fase crônica da doença de Chagas ocorrem lentamente, após 10 a 15 anos de infecção ou mais. A infecção de células não fagocíticas pelas formas tripomastigotas do parasito ocorre por dois mecanismos. No primeiro, denominado lisossoma dependente, ocorre recrutamento de lisossomas da célula hospedeira para o sítio de adesão das formas tripomastigotas, com posterior fusão de lisossomas com a membrana plasmática e internalização do parasito, com consequente formação do vacúolo parasitóforo. No segundo mecanismo, denominado lisossoma independente, é observada uma invaginação da membrana plasmática da célula hospedeira no local da adesão do parasito sem participação ativa do citoesqueleto da célula hospedeira. Após a intemalização do parasito, ocorre a fusão do lisossoma com o vacúolo parasitóforo. Em ambas as vias, a fusão dos lisossomas com o vacúolo parasitóforo é essencial para reter as formas tripomastigotas altamente móveis no interior da célula hospedeira. Caso contrário, o parasito escapa de dentro da célula hospedeira e não estabelece uma infecção produtiva. A interação entre o parasito na forma tripomastigota e a célula hospedeira ocorre em três fases: Adesão celular: quando ambos se reconhecem (a célula hospedeira e o parasita) e o contato membrana-membrana ocorre, que é favorecido pela superfície altamente glicosilada das formas tripomastigotas do parasita; Interiorização e formação do vacúolo parasitário (VP): após a adesão do parasito à superfície da célula hospedeira, ocorre aumento da concentração de Ca2+ no citoplasma da célula hospedeira e posterior recrutamento e fusão dos lisossomas no sítio de adesão do parasito. Fenômenos intracelulares: as formas epimastigotas são destruídas dentro do vacúolo parasitário - VP, enquanto os tripomastigotas sobrevivem resistindo às ações das enzimas lisossômicas. Após a invasão, os tripomastigotas rompem a membrana do vacúolo parasitóforo e desenvolvem-se livremente no citoplasma da célula, onde se transformam em amastigotas. Essas formas amastigotas se multiplicam em muitos parasitos, e então se diferenciam em tripomastigotas. A célula hospedeira, repleta de parasitos, então, rompe-se, liberando no interstício as formas do parasita. b) Ciclo biológico no hospedeiro invertebrado Os triatomíneos se infectam ao ingerir as formas tripomastigotas presentes na corrente circulatória do hospedeiro durante o hematofagismo. No estômago do inseto há as formas epimastigotas, que são capazes de se multiplicar, mas não de invadir as células do hospedeiro. Essas formas, ao chegarem na ampola retal do inseto, se transformam nas formas tripomastigotas, a formainfectante do T. cruzi. Quando o inseto suga o sangue do indivíduo, o tubo digestivo do inseto produz um sinal para que ocorra a defecação. A picada e a presença das fezes do inseto estimulam o indivíduo a coçar o local da ferida, permitindo a entrada das fezes no hospedeiro. Essas fezes contém as formas tripomastigotas, que entram em contato com as mucosas e propiciam que o parasita alcance a corrente sanguínea do hospedeiro, iniciando o processo infeccioso. TRANSMISSÃO A principal transmissão é através do vetor, no qual o triatomíneo defeca fezes com a forma infectante do protozoário em mucosa ou pele não íntegra. Também pode ocorrer por transfusão sanguínea, congênita (ocorre quando existem ninhos de amastigotas na placenta, que liberam tripomastigotas que alcançam à circulação fetal) e oral (amamentação e ingestão de alimentos contaminados com fezes e urina de triatomíneos infectados). Além de transmissão por acidentes de laboratório: pode ocorrer entre pesquisadores e técnicos que trabalham com o parasito, seja com sangue de animais, vetores e pessoas infectadas e cultura do parasito. A contaminação pode ocorrer por contato do parasito com a pele lesada, mucosa oral ou ocular ou autoinoculação. E necessário trabalhar com todas as condições de segurança. Coito: este mecanismo de transmissão já foi demonstrado experimentalmente e nunca foi comprovado na espécie humana. Há apenas relato de encontro de tripomastigotas em sangue de menstruação de mulheres chagásicas e no esperma de cobaios infectados. FISIOPATOLOGIA DA DOENÇA DE CHAGAS VETORES São os insetos da subfamília Triatominae (Hemiptera, Reduviidae), conhecidos popularmente como barbeiro, chupão, procotó ou bicudo. Tanto os machos quanto as fêmeas são hematófagos em todas as fases de seu desenvolvimento. A oviposição ocorre entre 10 e 30 dias após a cópula; o número de ovos varia de acordo com a espécie e, principalmente, em função do estado nutricional da fêmea. Não há transmissão transovariana do T. cruzi no vetor. Apesar do sucesso do controle das populações do Triatoma infestans no Brasil, outras espécies colonizadoras com menor capacidade e competência vetorial podem ocupar também o nicho ecológico do Triatoma infestans, adquirindo maior importância, como no caso das espécies Triatoma brasiliensis, Panstrongylus megistus, Triatoma pseudomaculata e Triatoma sordida. Outras espécies têm importância regional, a saber: Triatoma rubrovaria (Rio Grande do Sul), e Rhodnius neglectus (Goiás), Triatoma vitticeps (Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo), Panstrongylus lutzi (Ceará e Pernambuco), Rhodnius nasutus (Ceará e Rio Grande do Norte) e Triatoma maculata (Amapá). PROFILAXIA A profilaxia da doença de Chagas está intimamente ligada à melhora das condições de vida, bem como à modificação do hábito secular de destruição da fauna e da flora. Para alcançar isto será necessário modificar a estrutura agrária brasileira e a educação sanitária. Além disso, a prevenção da doença de Chagas está intimamente relacionada à forma de transmissão e uma das formas de controle é evitar que o inseto “barbeiro” forme colônias dentro das residências, por meio da utilização de inseticidas residuais por equipe técnica habilitada. Em áreas onde os insetos possam entrar nas casas voando pelas aberturas ou frestas, podem-se usar mosquiteiros ou telas metálicas. Também recomenda-se usar medidas de proteção individual (repelentes, roupas de mangas longas, etc.) durante a realização de atividades noturnas (caçadas, pesca ou pernoite) em áreas de mata. DISCUTIR O PAPEL DO MÉDICO NA PESQUISA A produção científica é fundamental para a evolução da medicina, visto que a pesquisa possibilita a realização de importantes descobertas no campo da saúde e a constatação de melhores evidências para se estabelecer diagnósticos e tratamentos mais precisos. No entanto, no âmbito acadêmico, esta área de atuação ainda é pouco difundida e incompreendida entre os estudantes que, muitas vezes, possuem acesso limitado às técnicas de pesquisa e ao ingresso em uma iniciação científica Notou-se que apesar da importância para a área medica a pesquisa cientifica é pouco valorizada devido ao baixo investimento financeiro; O interesse dos acadêmicos de medicina aumenta se houver na graduação uma grade curricular composta por matérias essenciais para a compreensão de elaboração de pesquisas. Além disso, a obrigatoriedade da iniciação cientifica para a conclusão do curso capacita os alunos no desenvolvimento do senso crítico e analítico, mostrando-se muito benéfico, pois a prática da medicina depende da medicina baseada em evidências para uma adequada prática. Conclui-se, portanto, que a estrutura da grade curricular das faculdades de medicina apresenta influência no interesse do aluno pela pesquisa cientifica e posteriormente em sua prática clínica; sendo propenso a práticas que envolvam medicina baseada em evidencias. TERMOS DESCONHECIDOS Vetor: é um artrópode, molusco ou veículo que transmite um parasito entre dois hospedeiros. Vetor biológico: quando o agente etiológico se multiplica ou se desenvolve no vetor. Vetor mecânico: quando o parasito não se multiplica ou se desenvolve no vetor, esse simplesmente serve de transporte ao parasito. Hospedeiro intermediário (organismo no qual o parasita se reproduz de forma assexuada e/ou se desenvolve até o estágio larval). Hospedeiro definitivo (organismo no qual o parasita se reproduz de forma sexuada e/ou se desenvolve até a fase adulta).
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