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MICROBIOLOGIA DAS INFECÇÕES DO TRATO RESPIRATORIO SUPERIOR E INFERIOR Estrutura do sistema respiratório: • O trato respiratório superior consiste em nariz, faringe (garganta) e estruturas associadas, incluindo o ouvido médio e as tubas auditivas (tuba de Eustáquio) • O trato respiratório inferior consiste em laringe (caixa de voz), traqueia, tubos bronquiais e alvéolos DOENÇAS BACTERIANAS DO TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR • Patógenos transmitidos pelo ar fazem seu primeiro contato com as membranas mucosas do corpo quando penetram o trato respiratório superior. • Muitas doenças respiratórias ou sistêmicas iniciam infecções neste local. FARINGITE ESTREPTOCÓCICA • Causada por estreptococos do grupo A o Esse grupo de bactérias gram-positivas consiste unicamente no Streptococcus pyogenes (impetigo, erisipela e endocardite bacteriana aguda) • Patogenicidade dos estreptococos do grupo A é acentuada por sua resistência à fagocitose o São capazes de produzir enzimas especiais: ▪ Estreptoquinases que lisam coágulos de fibrina, e ▪ Estreptolisinas, que são citotóxicas para as células dos tecidos, hemácias e leucócitos. • Antigamente, o diagnóstico da faringite tinha como base o cultivo bacteriano a partir de raspados de garganta que levava 12h ou mais para ter o resultado o Mas no início da década de 1980, testes rápidos de detecção de antígeno que podiam detectar estreptococos do grupo A diretamente nos raspados de garganta tornaram-se disponíveis. o Os primeiros testes rápidos usavam os métodos de aglutinação por látex indireto o Esses testes têm sido substituídos por testes de ensaio imunoenzimático (EIA) que são mais sensíveis e mais fáceis de serem lidos. • Na verdade, a maioria dos pacientes apresentando dor de garganta não tem uma infecção estreptocócica. o Alguns casos são causados por outras bactérias, mas muitos são causados por vírus (antibioticoterapia é ineficaz) o Mesmo a presença dos estreptococos do grupo A não é uma indicação conclusiva de que sejam a causa da dor de garganta. o Em regiões onde ocorre a febre reumática aguda, recomenda-se o uso de cultura bacteriana e testes rápidos. • A faringite é caracterizada por inflamação local e febre. • Com frequência ocorre tonsilite, e os linfonodos do pescoço tornam-se inchados e sensíveis. Outra complicação frequente é a otite média • É mais comumente transmitida pelas secreções respiratórias, mas epidemias de faringite estreptocócica disseminadas por leite não pasteurizado já foram frequentes no passado • testes imunoenzimáticos (EIA), que são mais sensíveis e mais fáceis de serem interpretados. Hoje, existe uma ampla variedade de testes rápidos disponíveis comercialmente para a avaliação de casos de faringite, FEBRE ESCARLATE/ESCARLATINA • Ocorre quando a amostra de Streptococcus pyogenes que causa a faringite estreptocócica produz uma toxina eritrogênica o Quando a amostra produz essa toxina, a bactéria foi antes infectada por um bacteriófago (vírus bacteriano) lisogênico- então a informação genética foi incorporada ao cromossomo da bactéria, de modo que as características da bactéria foram alteradas • A toxina causa uma erupção de cor avermelhada na pele, que é provavelmente uma reação de hipersensibilidade da pele à toxina circulante, e também febre alta • A língua adquire uma aparência manchada, semelhante a um morango; e quando ela perde sua membrana superior, torna-se muito vermelha e aumentada. • Considera-se que a febre escarlate esteja associada com a faringite estreptocócica, mas pode acompanhar uma infecção estreptocócica da pele. • Com o passar do tempo, a incidência de febre escarlate tem variado em gravidade e frequência. o Hoje ela é uma doença relativamente branda e rara. DIFTERIA • Doença transmissível aguda, tosiinfecciosa • A doença começa com dor de garganta e febre, seguidas de indisposição e edema do pescoço. • O organismo responsável é o Corynebacterium diphtheriae, um bastonete gram- positivo não formador de esporos o Sua morfologia é pleomórfica, frequentemente claviforme, e que não se cora homogeneamente o A bactéria está bem adaptada à transmissão pelo ar e é muito resistente ao ressecamento • Uma membrana cinzenta rígida que se forma na garganta em resposta à infecção é característica da difteria o Ela contém fibrina, tecido morto e células bacterianas que podem bloquear completamente a passagem de ar para os pulmões. • Mesmo que as bactérias não invadam os tecidos, aquelas que sofrerem infecção por um fago lisogênico podem produzir uma exotoxina poderosa o Circulando na corrente sanguínea, a toxina interfere com a síntese proteica. o Quando órgãos como o coração e os rins são afetados pela toxina, a doença pode ser rapidamente fatal. • Em crianças mais novas, a doença ocorre principalmente em grupos que não foram imunizados por razões religiosas ou outras. o Muitos adultos hoje não têm imunidade, pois a imunização de rotina era menos acessível em sua infância • Quando a difteria era mais comum, contatos repetidos com amostras toxigênicas reforçavam a imunidade, que de outro modo enfraquece com o tempo. • Modo de transmissão - Contato direto da pessoa doente ou do portador com pessoa suscetível através de gotículas de secreção eliminadas por tosse, espirro ou ao falar • Período de incubação - De 1 a 6 dias, podendo ser mais longo. • Período de transmissibilidade - Em média, até 2 semanas após o início dos sintomas o O portador crônico não tratado pode transmitir a infecção por 6 meses ou mais e é extremamente importante na disseminação da doença • Mais frequente em áreas com baixa condições socioeconômicas e sanitária onde a aglomeração de pessoas é maior • No Brasil o numero de casos vem decrescendo progressivamente em decorrência do aumento da cobertura pela vacina DTP • A difteria também é expressa como difteria cutânea. o Nessa forma da doença, o C. diphtheriae infecta a pele, geralmente em um ferimento ou lesão similar, e há circulação sistêmica mínima da toxina. o Nas infecções cutâneas, as bactérias causam ulcerações de cura lenta, recobertas por uma membrana cinzenta. A o difteria cutânea é muito comum em países tropicais. o Ela é responsável por muitos dos casos registrados de difteria em pessoas com mais de 30 anos. • No passado, a difteria era disseminada principalmente para portadores sadios através de infecção via gotículas de saliva. • Já foram relatados casos respiratórios que surgiram do contato com a difteria cutânea. DOENÇAS BACTERIANAS DO TRATO RESPIRATÓRIO INFERIOR • Incluem a tuberculose e muitos tipos de pneumonia causados por bactérias. o As doenças menos conhecidas como a psitacose e a febre Q também se incluem nessa categoria COQUELUCHE (TOSSE COMPRIDA) • Doença infecciosa aguda, transmissível, de distribuição universal, caracterizada por paroxismos de tosse seca • A infecção pela bactéria Bordetella pertussis resulta na coqueluche o B. pertussis é um cocobacilo gram-negativo pequeno, aeróbico obrigatório o provido de cápsula (formas patogênicas) e fímbrias • As bactérias fixam-se especificamente às células ciliadas na traqueia, primeiro impedindo sua ação e então progressivamente destruindo-as. o Isso impede o movimento do muco pelo sistema do elevador ciliar. o A B. pertussis produz várias toxinas. o A citotoxina traqueal, uma fração da parede celular da bactéria, é responsável pela lesão às células ciliadas, e a toxina pertussis entra na corrente sanguínea e está associada aos sintomas sistêmicos da doença. • A coqueluche pode ser bastante grave o O estágio inicial, chamado de estágio catarral, lembra um resfriado comum. o Acessos prolongados de tosse caracterizam o estágio paroxístico, ou segundo estágio. o Quando a açãociliar é comprometida, o muco acumula-se, e a pessoa infectada tenta desesperadamente tossir esses acúmulos de muco. ▪ A violência da tosse em crianças pequenas pode até resultar em costelas quebradas. ▪ A ânsia por ar entre as tosses causa um som uivante ▪ Os episódios de tosse ocorrem várias vezes por dia durante um período de 1 a 6 semanas. ▪ O estágio de convalescença, ou terceiro estágio, pode durar meses. o Uma vez que os lactentes são menos capazes de lidar com o esforço da tosse para manter uma via aérea, ocasionalmente sofrem lesão irreversível no cérebro • Período de incubação - Em média, de 5 a 10 dias, podendo variar de 1 a 3 semanas e, raramente, até 42 dias. • Período de transmissibilidade - Para efeito de controle, considera-se que esse período se estende de 5 dias após o contato com um do ente (final do período de incubação) até 3 semanas após o início dos acessos de tosse típicos da doença (fase paroxística). o Em lactentes menores de 6 meses, o período de transmissibilidade pode prolongar-se por até 4 a 6 semanas após o início da tosse. o A maior transmissibilidade ocorre na fase catarral • A epidemiologia da coqueluche tem se modificado. o Uma vacina morta, contendo a célula bacteriana inteira, foi introduzida na década de 1940. ▪ Nessa época, a coqueluche era a principal doença afetando quase toda a população de crianças com menos de 10 anos. o A introdução da vacina tríplice DTP (difteria, tétano e coqueluche) levou a uma diminuição dos casos. ▪ Mas, desde os anos de 1980 o número de casos aumentou significativamente (com um pico em 2004 de cerca de 26.000), com a população de adolescentes e adultos também sendo afetada. • Novas vacinas desenvolvidas para utilização em adolescentes e adultos (Tdap) são recomendadas para aumentar a imunidade quando a efetividade da vacinação infantil diminui. o A imunidade da vacina DTP diminui em poucos anos e quase não há proteção após os 12 anos de idade. o Não se sabe ao certo quanto tempo dura a proteção oferecida pelas novas vacinas acelulares para crianças (DTaP). o No passado, o contato com casos de coqueluche leve ou não reconhecida fornecia às pessoas vacinadas um efeito amplificador, o que ajudou no controle da doença. • A introdução dos testes diagnósticos de PCR, que são muito mais sensíveis, tem levado a um aumento dos casos relatados em crianças mais velhas e adultos (pseudoepidemia) • O diagnóstico da coqueluche é baseado principalmente • nos sinais clínicos e nos sintomas. O patógeno pode ser cultivado a partir de swabs de garganta, coletadas com o auxílio de uma alça fina, que é inserida no nariz e mantida na garganta enquanto o paciente está tossindo. A cultura do patógeno fastidioso requer muitos cuidados. Como alternativa à cultura, o método de PCR também pode ser utilizado para testar a amostra para a presença do patógeno, um procedimento requer ido para o diagnóstico da doença em lactentes. • O tratamento da coqueluche com antibióticos, mais comumente eritromicina ou outros macrolídeos, não é efetivo após o início do estágio de tosse paroxístico, porém pode reduzir a transmissão TUBERCULOSE • Doença crônica granulomatosa necrosante que atinge, principalmente o pulmão • Causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, um bastonete delgado, aeróbico obrigatório. o Os bastonetes crescem lentamente (20 horas ou mais de tempo de geração), algumas vezes formam filamentos e tendem a crescer em cachos o Na superfície de um meio líquido, seu crescimento parece ter a forma de um bolor (gênero Mycobacterium- myco = fungo)) • As micobactérias coradas com carbol-fucsina não podem ser descoradas com ácido ou álcool, e assim, são classificadas como álcool-ácido resistentes • Essa característica reflete a composição incomum da parede celular, que contém grandes quantidades de lipídeos. o Esses lipídeos também podem ser responsáveis pela resistência da micobactéria a estresses ambientais, como o ressecamento. o Já que essas bactérias podem sobreviver por semanas em escarro seco e são muito resistentes aos antimicrobianos químicos usados como antissépticos e desinfetantes • Vários fatores podem afetar os níveis de resistência do hospedeiro: o a presença de outra doença o fatores fisiológicos e ambientais como a desnutrição o as aglomerações o estresse. • A tuberculose (TB) mais comumente adquirida através da inalação do bacilo. o Somente as partículas muito finas, contendo de 1 a 3 bacilos, alcançam os pulmões, onde geralmente são fagocitadas por um macrófago nos alvéolos o Os macrófagos de pessoas saudáveis tornam-se ativados pela presença dos bacilos, e em geral os destroem • A Tuberculose primária ocorre durante uma primo-infecção, e pode evoluir tanto a partir do foco pulmonar, quanto do foco ganglionar ou, então, em consequência da disseminação hematogênica, o que acontece em 5% dos primo-infectados, em geral nos primeiros dois anos após a infecçao. o A Tuberculose pós-primária ocorre no organismo que tem sua imunidade desenvolvida, tanto pela infecção natural quanto pelo BCG. • Quando a doença atinge os pulmões, o indivíduo pode apresentar dor torácica e tosse produtiva, acompanhada ou não de escarros hemoptóicos. A tosse produtiva é o sintoma mais frequente da forma pulmonar. • Uma das formas mais graves é a Tuberculose miliar, decorrente de disseminação hematogênica com acometimento sistêmico, quadro tóxico infeccioso importante e grande risco de meningite. • Modo de transmissão – o A Tuberculose é transmitida de pessoa a pessoa, principalmente, através do ar. o A fala, o espirro e, principalmente, a tosse de um doente de Tuberculose pulmonar bacilífera lança no ar gotículas, de tamanhos variados, contendo no seu interior o bacilo. o A infecciosidade de um paciente é determinada pelo status da baciloscopia direta do escarro, pela presença de cavitação pulmonar e pelas características do espaço físico ocupado pelo paciente fonte (ventilação e recirculação do ar) • Período de incubação - Após a infecção pelo M. tuberculosis, transcorrem, em média, 4 a 12 semanas para a detecção das lesões primárias. A maioria dos novos casos de doença pulmonar ocorre em torno de 12 meses após a infecção inicial. PATOGÊNESE DA TUBERCULOSE • Um fator importante na patogênese da micobactéria é o fato de que o ácido micólico da parede celular estimula bastante a resposta inflamatória no hospedeiro. • A figura mostra uma situação em que as defesas do corpo falham e a doença progride para um desfecho fatal. o Mas, pessoas mais saudáveis irão bloquear uma infecção potencial com macrófagos ativados, especialmente se a dose infectante for baixa. 1-2– Se a infecção progredir, o hospedeiro isola os patógenos em uma lesão fechada, denominada tubérculo (significando protrusão ou massa), uma característica que dá à doença seu nome. 3-4– Quando a doença é interrompida neste ponto, as lesões cicatrizam lentamente, tornando-se calcificadas. Elas são mostradas claramente nos raios X, e são denominadas complexos de Ghon (a tomografia computadorizada [TC] é mais sensível que os raios X para detectar lesões por TB). 5– Se as defesas do corpo falham nesse estágio, o tubérculo se rompe e libera bacilos virulentos nas vias aéreas do pulmão, e então nos sistemas cardiovascular e linfático • A tosse, o sintoma mais evidente da infecção pulmonar, também espalha a infecção pelas bactérias nos aerossóis. • O escarro pode se tornar sanguinolento quando os tecidos são lesionados, e algumas vezes os vasos sanguíneos podem se tornar tão erodidos que se rompem, resultando em hemorragia fatal. • A infecção disseminada é denominada tuberculose miliar • As defesas restantes do corpo são suplantadas, e o paciente apresenta perda de peso, tosse (frequentementecom escarro sanguinolento) e uma perda geral de vigor. VACINAS CONTRA TUBERCULOSE • A vacina BCG é uma cultura viva de M. bovis que foi tornada avirulenta pelo longo cultivo em meios artificiais (BCG significa bacilo de Calmette e Guerin, as pessoas que originalmente isolaram a linhagem). • A vacina BCG está disponível desde a década de 1920 e é uma das mais usadas em todo o mundo. o Nos Estados Unidos, ela é recomendada atualmente apenas para certas crianças em alto risco que apresentam testes cutâneos negativos. o As pessoas que receberam a vacina mostram uma reação positiva aos testes de tuberculina. o Ela é bastante eficaz quando administrada para crianças pequenas, mas para adolescentes e adultos, algumas vezes, a eficácia se aproxima do zero. ▪ Além disso, há a indicação de que as crianças infectadas pelo HIV, que necessitam desta vacina com mais frequência, poderão desenvolver uma infecção fatal a partir da vacina BCG. o Um trabalho recente indica que a exposição a membros do complexo M. avium-intracellulare ambiental podem interferir com a eficácia da vacina BCG – o que pode explicar a razão da vacina ser mais eficiente no começo da vida, antes da exposição excessiva às micobactérias ambientais. INCIDÊNCIA MUNDIAL DA TUBERCULOSE • A tuberculose tem emergido como uma epidemia global o Estima-se que nove milhões de pessoas desenvolvam tuberculose ativa a cada ano e que as infecções resultam em mais de dois milhões de mortes anuais. o Provavelmente um terço da população mundial é infectado. o Além disso, HIV e tuberculose são quase inseparáveis, e a tuberculose é a doença que lidera diretamente as causas de morte na maioria da população mundial infectada pelo HIV. • Mundialmente, o número de casos de tuberculose está aumentando em cerca de 2% ao ano, e o número de casos resistentes a múltiplas drogas (MDR) está se elevando mais rapidamente ainda. o O tratamento de pacientes resistentes a múltiplas drogas (MDR) nos Estados Unidos pode custar dezenas de milhares de dólares ao ano e é economicamente impraticável na maior parte do mundo. • A terapia geralmente inclui quatro fármacos: isoniazida, etambutol, pirazinamida e rifampicina, os quais são considerados fármacos de primeira linha. • Além dos fármacos de primeira linha, existem vários fármacos de segunda linha que podem ser utilizados, principalmente quando se desenvolve resistência aos fármacos alternativos. Eles incluem diversos aminoglicosídeos, fluoroquinolonas e o ácido para-aminosalicílico TESTES DE SUSCETIBILIDADE A ANTIMICROBIANOS • Os métodos atuais, baseados em cultura, para avaliação da suscetibilidade a antimicrobianos, considerados padrão ouro, podem levar de 4 a 8 semanas para a obtenção dos resultados finais • Outro ensaio, o Hain Genotype MTBDRplus, um teste diagnóstico confiável, rápido e que possui um custo relativamente baixo, também pode ser utilizado para a detecção de linhagens resistentes a antimicrobianos. • É um ensaio de PCR que pode ser utilizado até mesmo em amostras de escarro. Dentro de 1 ou 2 dias ele consegue detectar M. tuberculosis na amostra e também pode mensurar a resistência à rifampicina e à isoniazida. PNEUMONIAS BACTERIANAS • A pneumonia se aplica a muitas infecções pulmonares, a maioria das quais causada por bactérias. o A pneumonia causada por Streptococcus pneumoniae é a mais comum, cerca de dois terços dos casos, sendo assim referida como pneumonia típica. o Os pneumococos são cocos Gram-positivos encapsulados o As células são ovais e dispostas aos pares (diplococos) ou em cadeias curtas o As colônias de cepas encapsuladas são geralmente grandes, redondas e mucoides; as colônias de cepas não encapsuladas são menores e planas. ▪ Todas as colônias sofrem autólise com o tempo – isto é, a região central da colônia se desfaz, resultando em uma aparência côncava. ▪ As colônias são α-hemolíticas em meio de ágar-sangue, se incubadas em aerobiose, podendo ser β-hemolíticas, se cultivadas em anaerobiose. ▪ A aparência α-hemolítica resulta da produção de pneumolisina, uma enzima que degrada a hemoglobina, produzindo um produto esverdeado. o O microrganismo apresenta necessidades nutricionais exigentes e cresce apenas em meio enriquecido, suplementado com sangue o As cepas virulentas de S. pneumoniae são recobertas com uma complexa cápsula polissacarídica. o A camada do peptidoglicano de parede celular dos pneumococos é típica dos cocos Gram-positivos. o Outro componente principal da parede celular é o ácido teicoico. ▪ O ácido teicoico exposto é ligado à camada de peptidoglicano e se estende através da cápsula. ▪ Esta estrutura espécie-específica, chamada de polissacarídeo C, não é relacionada ao carboidrato grupoespecífico observado por Lancefield nos estreptococos β-hemolíticos. o Pneumonias causadas por outros micro-organismos, que podem incluir fungos, protozoários, vírus, bem como outras bactérias, são denominadas pneumonias atípicas. ▪ Essa distinção está se mostrando cada vez menos precisa na prática. • As pneumonias também são denominadas de acordo com a parte do trato respiratório inferior que elas afetam. o Por exemplo, se os lobos do pulmão forem afetados, ela é denominada pneumonia lobar; pneumonias causadas por S. pneumoniae geralmente são deste tipo. o A broncopneumonia indica que os alvéolos dos pulmões adjacentes aos brônquios estão infectados. o Pleurisia frequentemente é uma complicação de várias pneumonias, em que as membranas pleurais tornam-se dolorosamente inflamadas COLONIZAÇÃO E MIGRAÇÃO • S. pneumoniae é um patógeno humano que coloniza a orofaringe e então, em situações específicas, é capaz de se disseminar para os pulmões, seios paranasais ou para o ouvido médio. • Também pode ser transportado no sangue para sítios distantes como o cérebro. • A colonização inicial da orofaringe é mediada pela ligação da bactéria às células epiteliais, por adesinas proteicas de superfície. • A migração posterior do microrganismo para o trato respiratório inferior pode ser evitada, caso ele seja envolvido pelo muco e removido das vias respiratórias por ação das células epiteliais ciliadas. • As bactérias neutralizam estas ações produzindo protease IgA (para IgA secretora) e pneumolisina. o A IgA secretora prende as bactérias no muco, ligando-as à mucina pela sua região Fc. o A protease IgA bacteriana evita esta interação. o Pneumolisina, uma citotoxina semelhante à estreptolisina O de S. pyogenes, se liga ao colesterol da membrana das células do hospedeiro e cria poros. Esta atividade pode destruir as células epiteliais ciliadas e fagocíticas. DESTRUIÇÃO DE TECIDOS • Uma característica das infecções pneumocócicas é a mobilização de células inflamatórias para o foco infeccioso. o O processo é mediado pelo ácido teicoico pneumocócico, fragmentos do peptidoglicano e pneumolisina. o Ácido teicoico e fragmentos do peptidoglicano ativam a via alternativa do complemento, produzindo C5a, que vai mediar o processo inflamatório. o Esta atividade é aumentada pela enzima bacteriana amidase, que aumenta a liberação de componentes da parede celular. o Pneumolisina ativa a via clássica do complemento, resultando na produção de C3a e C5a. Por sua vez, citocinas, tais como interleucina- 1 (IL-1) e fator de necrose tumoral-α (TNF-α), são produzidas por leucócitos ativados, levando a posterior migração de células inflamatórias para o sítio infeccioso, febre, dano tecidual e outros sinais característicos da infecção pneumocócica. o A produção de peróxido de hidrogênio por S. pneumoniae também pode levar ao dano tecidual causado por intermediários reativos do oxigênio. o Finalmente, a fosforilcolina presentena parede celular bacteriana pode se ligar aos receptores do fator de ativação plaquetária, que são expressos na superfície de células endoteliais, leucócitos, plaquetas e células de certos tecidos, como pulmões e meninges. o Pela ligação a esses receptores, as bactérias podem entrar nas células, onde são protegidas da opsonização e fagocitose, passando por áreas como sangue e o sistema nervoso central. Esta atividade facilita a disseminação da doença. SOBREVIVÊNCIA EM FAGÓCITOS • S. pneumoniae sobrevive à fagocitose, devido à proteção exercida pela cápsula e pela supressão da explosão (burst) oxidativa dos fagócitos, que é necessária à morte intracelular, mediada pela pneumolisina. • A virulência de S. pneumoniae é um resultado direto da cápsula. • Cepas encapsuladas (lisas) podem causar doença em humanos e em animais de experimentação, enquanto cepas não capsuladas (rugosas) não são virulentas. • Anticorpos dirigidos para o polissacarídeo capsular tipo-específico protegem contra a doença causada por cepas imunologicamente relacionadas. o Os polissacarídeos capsulares são solúveis e têm sido denominados de substâncias solúveis específicas. o Polissacarídeos livres podem proteger os microrganismos viáveis da fagocitose, ligando-se aos anticorpos opsonizantes. EPIDEMIOLOGIA • S. pneumoniae é um habitante comum da orofaringe e da nasofaringe de indivíduos saudáveis, sendo a colonização mais comum nas crianças do que nos adultos, e em adultos que vivem em ambiente com crianças. • A colonização ocorre aos seis meses de idade. • Subsequentemente, a criança passa a ser colonizada de forma transitória com outros sorótipos deste microrganismo. • A duração do estado de portador diminui a cada novo estágio sucessivo de colonização, em parte devido ao surgimento de imunidade sorótipo- específica. • Embora novos sorótipos sejam adquiridos durante o ano, a incidência de portadores e doenças associadas é mais elevada durante os meses de inverno. • As cepas de pneumococos que causam doença são as mesmas que estão associadas ao estado de portador. • A doença pneumocócica ocorre quando o microrganismo colonizador da nasofaringe e orofaringe se dissemina para os pulmões (pneumonia), seios paranasais (sinusite), ouvido (otite média), ou meninges (meningite). o A disseminação de S. pneumoniae para o sangue ou para outros sítios corpóreos pode ocorrer em todas essas doenças. • Apesar da introdução de vacinas para as populações pediátrica e adulta ter reduzido a incidência da doença causada por S. pneumoniae, o microrganismo ainda é uma causa comum de pneumonia bacteriana comunitária (fora do ambiente hospitalar), meningite, otite média, sinusite e bacteremia. o A doença é mais comum em crianças e idosos, pois são grupos que apresentam níveis baixos de anticorpos protetores contra os polissacarídeos capsulares de pneumococos. • A pneumonia ocorre quando microrganismos endógenos da cavidade oral são aspirados para as vias aéreas inferiores. • A doença ocorre quando os mecanismos de defesa naturais são sobrepujados (p. ex., reflexo da epiglote, aprisionamento das bactérias pelas células produtoras de muco que revestem os brônquios, remoção dos microrganismos pelo epitélio ciliado e reflexo da tosse), permitindo que os microrganismos que colonizam a orofaringe ganhem acesso aos pulmões. • A doença pneumocócica está muito comumente associada a uma infecção respiratória antecedente de etiologia viral, tal como influenza, ou a alguma outra condição que interfira na eliminação bacteriana, como doença pulmonar crônica, alcoolismo, insuficiência cardíaca congestiva, diabetes melito, doença renal crônica, disfunção esplênica e esplenectomia. PNEUMONIA PNEUMOCÓCICA • A pneumonia causada por S. pneumoniae é denominada pneumonia pneumocócica. o S. pneumoniae é uma bactéria gram-positiva, ovoide. o Ele tbm é uma causa comum de otite média, meningite e sepse. o Os pares de células são circundados por uma cápsula densa que torna o patógeno resitente à fagocitose. ▪ Essas cápsulas também são a base da diferenciação sorológica dos pneumococos em pelo menos 90 sorotipos. ▪ Antes que a antibioticoterapia se tornasse disponível, antissoros dirigidos contra esses antígenos capsulares foram usados para tratar a doença. • A pneumonia pneumocócica envolve ambos os brônquios e os alvéolos. • Os sintomas incluem febre alta, dificuldade de respirar e dor torácica. (As pneumonias atípicas geralmente possuem um início mais lento e menos febril com dor torácica.) • Os pulmões têm um aspecto avermelhado, pois os vasos sanguíneos estão dilatados. • Em resposta à infecção, os alvéolos se enchem com algumas hemácias e neutrófilos e líquido dos tecidos circundantes. • O escarro frequentemente tem cor de ferrugem pelo sangue proveniente dos pulmões, vindo com a tosse. • Os pneumococos podem invadir a corrente sanguínea, a cavidade pleural que circunda o pulmão e, ocasionalmente, as meninges. • Como a doença está associada à aspiração, é geralmente localizada nos lobos inferiores do pulmão (por isso, denominada de pneumonia loba • Nenhuma toxina bacteriana foi relacionada claramente à patogenicidade. • Existem muitos portadores saudáveis de pneumococos. • A virulência das bactérias parece ser baseada principalmente na resistência do portador, que pode ser reduzida pelo estresse. • Muitas doenças de adultos mais idosos terminam em pneumonia pneumocócica. • Antes da quimioterapia estar disponível, a taxa de mortalidade era de até 25%. o Esta taxa foi reduzida agora para menos de 1% em pacientes mais jovens tratados precocemente no curso de sua doença. o Para pacientes mais idosos internados em hospitais, a mortalidade pode se aproximar de 20%. • Uma vacina pneumocócica conjugada foi introduzida e tem sido efetiva na prevenção da infecção pelos sete sorotipos que ela contém. PNEUMONIA POR HAEMOPHILUS INFLUENZAE • Haemophilus influenzae é um cocobacilo gram-negativo, e uma coloração de Gram do escarro irá diferenciar entre tipo de pneumonia e pneumonia pneumocócica. • Haemophilus influenzae é a espécie mais comumente associada com doença • Espécies H. influenzae não encapsulados, colonizam o trato respiratório superior de praticamente todas as pessoas dentro dos primeiros meses de vida. Esses organismos podem se espalhar localmente e causar doenças nos ouvidos (otite média), seios da face (sinusite) e no trato respiratório inferior (bronquite, pneumonia). • H. influenzae encapsulado (em especial, sorótipo b [biótipo I]) é incomum no trato respiratório superior ou está presente apenas em pequenas quantidades, mas é uma causa comum de doença em crianças não vacinadas (i.e., meningite, epiglotite [laringite obstrutiva], celulite). • Os componentes da parede celular das bactérias (p. ex., lipopolissacarídeo e um glicopeptídeo de baixo peso molecular) comprometem a função ciliar, conduzindo a danos do epitélio das vias respiratórias. • A bactéria pode, então, ser translocada através das células epiteliais e endoteliais e pode entrar no sangue. o Na ausência de anticorpos opsônicos especificamente dirigidos contra a cápsula do polissacarídeo, bacteremia de elevado grau pode se desenvolver, com a disseminação para as meninges ou outros focos distais. o Pacientes em condições como alcoolismo, desnutrição, câncer ou diabetes são especialmente suscetíveis. • O principal fator de virulência de H. influenzae tipo b é a cápsula polissacarídica antifagocítica, que contém ribose, ribitol e fosfato (comumente designado como polirribitol fosfato [PRP]). • Anticorpos dirigidos contra a cápsula estimulam muito a fagocitose bacteriana mediada pela atividade bactericida do complemento.o Esses anticorpos se desenvolvem em decorrência de infecção natural, vacinação com PRP purificado ou transferência passiva de anticorpos maternos. • A gravidade da doença sistêmica é inversamente relacionada com a velocidade de eliminação das bactérias a partir do sangue. • Proteases para a imunoglobulina IgA1 são produzidas por H. influenzae (cepas encapsuladas e não encapsuladas) e podem facilitar a colonização dos organismos nas superfícies das mucosas, interferindo na imunidade humoral. • Epidemiologia: o H. parainfluenzae é a espécie predominante de Haemophilus na boca. o Cepas não encapsuladas de H. influenzae também são comumente encontradas no trato respiratório superior; no entanto, cepas encapsuladas são detectáveis apenas em pequenas quantidades e só quando são utilizados métodos de cultura altamente seletivos. PNEUMONIA POR MICOPLASMA • Os micoplasmas, que não possuem paredes celulares, não crescem sob as condições normalmente usadas para recuperar a maioria dos patógenos bacterianos. o Devido a essa característica, as pneumonias causadas por micoplasma frequentemente são confundidas com pneumonias virais. • A bactéria Mycoplasma pneumoniae é o agente causador da pneumonia por micoplasma. • A pneumonia por micoplasma é um tipo comum de pneumonia em jovens adultos e crianças. o Ela pode ser responsável por cerca de 20% das pneumonias, embora não seja uma doença de notificação compulsória. • Os sintomas, que persistem por três semanas ou mais, incluem febre baixa, tosse e cefaleia. o Ocasionalmente eles são graves o suficiente para necessitar de hospitalização. • Quando isolados da garganta e escarro crescem em um meio contendo soro de equino e extrato de leveduras, eles formam colônias distintas com um aspecto de “ovo frito”. o As colônias são tão pequenas que devem ser observadas por meio de ampliação. o Os micoplasmas apresentam aspecto altamente variado, pois não possuem paredes celulares • Patogênese e Imunidade: o M. pneumoniae é um patógeno extracelular que adere ao epitélio respiratório por uma estrutura especializada de adesão que se forma em uma extremidade da célula. o A estrutura consiste em um complexo de proteínas de adesão, sendo adesina P1 a mais importante. ▪ As estruturas de adesão interagem especificamente com receptores glicoproteicos sializados que existem na base dos cílios das células epiteliais (e na superfície de eritrócitos). ▪ Depois ocorre a ciliostase seguida por destruição, primeiramente dos cílios e, em seguida, das células epiteliais ciliadas. ▪ A perda dessas células interfere na limpeza normal das vias aéreas superiores e permite contaminação microbiana e irritação mecânica do trato respiratório inferior. ▪ O processo é responsável pela tosse persistente presente em pacientes com a doença sintomática. M. pneumoniae atua como um superantígeno, estimulando células inflamatórias a migrar para o local de infecção e liberar citocinas, inicialmente fator de necrose tumoral-α (TNF-α) e interleucina-1 (IL-1), e, mais tarde, IL-6. Esse processo contribui tanto para a eliminação das bactérias como para as características da doença. • Epidemiologia: o M. pneumoniae coloniza o nariz, a garganta, a traqueia e as vias aéreas inferiores dos indivíduos infectados, e é disseminada por grandes gotículas respiratórias durante episódios de tosse. o A infecção geralmente se propaga entre colegas de aula, membros da família ou outros contatos próximos. o O índice de acometimento é mais alto em crianças do que em adultos (média geral de cerca de 60%), presumivelmente porque a maioria dos adultos teve exposição prévia e é parcialmente imune • O diagnóstico baseado na recuperação dos patógenos pode não ser útil no tratamento, pois podem ser necessárias até três semanas ou mais para que os organismos de crescimento lento se desenvolvam. Contudo, os testes diagnósticos têm sido altamente aperfeiçoados nos últimos anos. Eles incluem a reação em cadeia da polimerase (PCR, de polymerase chain reaction) e testes sorológicos que detectam anticorpos IgM contra M. pneumoniae. • O tratamento com antibióticos, como as tetraciclinas, normalmente induz o desaparecimento dos sintomas, porém não elimina as bactérias, as quais são carreadas pelos pacientes por muitas semanas. LEGIONELOSE • A legionelose- bactéria previamente desconhecida, um bastonete aeróbico gram-negativo agora conhecido como Legionella pneumophila, capaz de se replicar dentro dos macrófagos. o Mais de 44 espécies de Legionella foram identificadas até o momento; nem todas causam doenças. • A doença é caracterizada por uma febre alta de 40,5°C, tosse e sintomas gerais de pneumonia. o Não parece haver transmissão interpessoal. • Após período de incubação de 2 a 10 dias, sinais sistêmicos de doença aguda aparecem abruptamente • Estudos recentes mostraram que a bactéria pode ser facilmente isolada de fontes naturais de água. o Além disso, os micróbios podem crescer na água das torres de resfriamento de ar condicionado, o que pode significar que algumas epidemias em hotéis, distritos comerciais urbanos e hospitais foram causadas pela transmissão pelo ar. o Surtos recentes foram rastreados até banheiras de hidromassagem, umidificadores, chuveiros, fontes decorativas e até mesmo terra para cultivo. o O organismo também foi encontrado habitando os encanamentos de água de muitos hospitais. o Essa bactéria é consideravelmente mais resistente ao cloro que a maioria das outras bactérias e pode sobreviver por longos períodos em água com baixo nível de cloração. o Evidências indicam que a Legionella existe principalmente em biofilmes, que são altamente protetores. o As bactérias com frequência são ingeridas por amebas transmitidas pela água, quando presentes, mas continuam a proliferar e podem então sobreviver encistadas dentro de amebas. o sistemas de ionização por cobre-prata-desinfecção da água • Homens com mais de 50 anos têm maior probabilidade de contrair a legionelose, especialmente fumantes com sobrepeso, alcoólatras ou pessoas cronicamente doentes • A L. pneumophila também é responsável pela febre de Pontiac, que essencialmente é uma outra forma de legionelose. • Seus sintomas incluem febre, dores musculares e geralmente tosse. • A condição é leve e autolimitada. o Durante surtos de legionelose, pode haver ocorrência de ambas as formas. • O melhor método diagnóstico consiste na cultura em um meio seletivo contendo extrato de levedura e carvão. O exame de amostras respiratórias pode ser feito por métodos de anticorpo fluorescente, e um teste com sonda de DNA também está disponível. • A eritromicina e outros antibióticos macrolídeos, como a azitromicina, são os antimicrobianos de escolha para o tratamento. PSITACOSE (ORNITOSE) • O termo psitacose é derivado da associação da doença com aves psitacídeas, como periquitos e outros papagaios. o Descobriu-se posteriormente que a doença também pode ser contraída de muitas outras aves, como pombos, galinhas, patos e perus. • O agente causador é a Chlamydophila psittaci, uma bactéria gram- negativa intracelular obrigatória. • A psitacose é uma forma de pneumonia que geralmente causa febre, cefaleia e calafrios. o Infecções subclínicas são muito comuns, e o estresse parece aumentar a suscetibilidade à doença. o Desorientação ou mesmo delírio, em alguns casos, indicam que o sistema nervoso pode estar envolvido. • A doença raramente é transmitida de um ser humano para outro, mas normalmente é disseminada pelo contato com as fezes e outras secreções da galinha. o Um dos modos mais comuns de transmissãoé a inalação de partículas secas de fezes. o A infecção ocorre por meio do trato respiratório. Após a infecção, a bactéria se dissemina para as células reticuloendoteliais do fígado e do baço. o As aves em si geralmente têm diarreia, penas arrepiadas, doença respiratória e um aspecto geralmente letárgico. o Normalmente (mas nem sempre) os periquitos e outros psitacídeos vendidos comercialmente estão livres da doença. o Muitas aves transportam o patógeno em seu baço sem sintomas, adoecendo somente quando estressadas. o Os funcionários de lojas de animais e as pessoas envolv idas na criação de perus estão sob maior risco de contrair a doença. • A doença se desenvolve depois de incubação de 5 a 14 dias e normalmente se manifesta como dores de cabeça, febre alta, calafrio, mal-estar e mialgias • Sinais pulmonares incluem tosse não produtiva, estertores e consolidação. • É comum o envolvimento do sistema nervoso central, normalmente consistindo em dores de cabeças, mas encefalite, convulsões, coma e morte podem ocorrer em casos mais graves não tratados. • Pacientes podem sofrer sintomas gastrointestinais, como náusea, vômito e diarreia. Outros sintomas sistêmicos incluem cardites, hepatomegalia, esplenomegalia e ceratoconjuntivite folicular. • O diagnóstico é feito por meio do isolamento da bactéria em ovos embrionados ou em cultura de células. Testes sorológicos podem, então, ser usados para identificar o organismo isolado. • Não existe uma vacina disponível, contudo as tetraciclinas são antibióticos efetivos para o tratamento de seres humanos e animais. A imunidade efetiva não resulta da recuperação, mesmo quando altos títulos de anticorpo estão presentes no soro PNEUMONIA POR CLAMÍDIA • Surtos de uma doença respiratória em populações de estudantes de faculdades foram causados por um organismo clamidial. • Originalmente, o patógeno era considerado uma linhagem de C. psittaci, mas agora recebeu o nome de Chlamydophila pneumoniae, e a doença é conhecida como pneumonia clamidial. • Clinicamente, ela é semelhante à pneumonia por micoplasma. (Existe também uma forte evidência da associação entre a C. pneumoniae e a aterosclerose, a deposição de gorduras que bloqueia as artérias.) • A doença aparentemente é transmitida de uma pessoa para outra, provavelmente pela via respiratória. FEBRE Q • Na Austrália, na metade da década de 1930, surgiu uma pneumonia nunca antes relatada, semelhante à gripe por influenza. • Na ausência de uma causa óbvia, a doença foi apontada como febre Q (Q de query, indagação) • O agente causador foi subsequentemente identificado como sendo a bactéria parasita obrigatória intracelular Coxiella burnetii. o Patogênese e Imunidade: o Por se replicarem lentamente, os patógenos intracelulares precisam evitar a morte programada da célula (apoptose), um componente importante da imunidade intrínseca. • Normalmente ela é classificada com um membro das gama-proteobactérias. o Juntamente com outras bactérias deste grupo (como as do gênero Franciscella e Legionella), ela possui a habilidade de se multiplicar intracelularmente. o A maioria das bactérias intracelulares, como as riquétsias, não é resistente o suficiente para sobreviver à transmissão pelo ar, mas esse micro-organismo é uma exceção. • A febre Q apresenta uma variedade de sintomas clínicos, e testes sistemáticos mostram que cerca de 60% dos casos nem chegam a ser sintomáticos. o Em casos de febre Q aguda, geralmente há a ocorrência de febre alta, cefaleias, dores musculares e tosse. o O coração também é envolvido em cerca de 2% dos pacientes agudos e é responsável pelas raras fatalidades. o Em casos de febre Q crônica, a manifestação mais conhecida é a endocardite. o Um período de 5 a 10 anos pode se passar entre a infecção inicial e o aparecimento de endocardite, e uma vez que esses pacientes mostram poucos sinais de doença aguda, a associação com a febre Q com frequência é perdida. • A C. burnetii é um parasita de vários artrópodes, especialmente os carrapatos do gado, e é transmitida entre os animais pelas picadas de carrapatos. o Os animais infectados incluem gado, cabras e ovelhas, como tbm animais mamíferos domésticos. o A infecção em animais geralmente é subclínica. o O carrapato do gado dissemina a doença entre o rebanho leiteiro, e os micróbios são disseminados nas fezes, no leite e na urina do gado infectado. o Uma vez que a doença esteja estabelecida no rebanho, é mantida por transmissão em aerossol. • A doença é transmitida aos seres humanos pela ingestão de leite não pasteurizado e por inalação de aerossóis de micróbios gerados em instalações de gado leiteiro, especialmente na época do parto, a partir do material placentário, que contém cerca de um bilhão de bactérias por grama de tecido. • A inalação de um único patógeno é suficiente para causar infecção, e muitos funcionários de fábricas de laticínios têm adquirido pelo menos infecções subclínicas. o Os funcionários de frigoríficos, fábricas de processamento de carne e curtumes também estão sob risco. o A temperatura de pasteurização do leite, que originalmente visava eliminar os bacilos da tuberculose, foi elevada um pouco em 1956 para assegurar a eliminação de C. burnetii. • Em 1981, um corpo semelhante a um endosporo foi descoberto, que pode ser responsável por essa resistência ao calor. • Esse corpo de resistência é mais semelhante ao corpo elementar da clamídia que aos endosporos típicos bacterianos. • Uma doença encontrada no mundo inteiro, a maioria dos casos norte- americanos de febre Q ocorre nos estados do oeste. o A doença é endêmica na Califórnia, no Arizona, no Oregon e em Washington. o Uma vacina para pessoas que trabalham em laboratório e outras pessoas sob alto risco está disponível. DOENÇAS VIRAIS DO TRATO RESPIRATÓRIO INFERIOR • Para um vírus alcançar o trato respiratório inferior e iniciar uma doença deve passar por numerosas defesas do hospedeiro designadas para aprisioná-lo e destruí-lo PNEUMONIA VIRAL • A pneumonia viral pode ocorrer como uma complicação da gripe, do sarampo ou mesmo da varicela. • Demonstrou-se que uma série de vírus entéricos e outros causam pneumonia viral, mas os vírus são isolados e identificados em menos de 1% das infecções pneumônicas, porque poucos laboratórios estão equipados para testar corretamente as amostras clínicas para vírus. • Nos casos de pneumonia para os quais nenhuma causa é determinada, a etiologia viral com frequência é presumida se a pneumonia por micoplasma foi excluída. VÍRUS SINCICIAL RESPIRATÓRIO (RSV) • O vírus sincicial respiratório (RSV) provavelmente é a causa mais comum de doença respiratória viral em lactentes. • Representa a causa mais comum de infecção aguda fatal do trato respiratório em bebês e crianças. • Infecta praticamente todas as pessoas até os 2 anos de idade e as reinfecções ocorrem por toda a vida, mesmo entre os idosos. o Ocorrem em torno de 4.500 mortes por vírus sincicial respiratório (RSV) a cada ano nos Estados Unidos, especialmente em lactentes de 2 a 6 meses de idade. o O vírus também pode causar um tipo de pneumonia potencialmente letal em pessoas mais velhas. • O VSR produz uma infecção que está localizada no trato respiratório • O efeito patológico do VSR é causado pela invasão direta do vírus no epitélio respiratório, acompanhada do dano celular provocado pela resposta imune. • A necrose de brônquios e bronquíolos resulta em formação de um tampão mucoso, fibrina e material necrótico dentro das pequenas vias aéreas. • As vias aéreas estreitas dos bebês ficam rapidamente obstruídas por esses tampões. • A imunidade naturalnão previne reinfecção e a vacinação, com a vacina contendo vírus atenuados, parece agravar o quadro da doença subsequente. • As epidemias ocorrem durante o inverno e no começo da primavera. o Quase todas as crianças são infectadas aos dois anos, das quais em torno de 1% requer hospitalização. • Os sintomas são tosse e sibilos que duram mais de uma semana. o Há a ocorrência de febre somente quando existem complicações bacterianas. o Diversos testes sorológicos rápidos estão disponíveis atualmente, usando amostras de secreções respiratórias para detectar tanto o vírus quanto seus anticorpos. • O VSR pode causar qualquer doença no trato respiratório, desde resfriado comum até pneumonia o A infecção no trato respiratório superior com proeminente rinorreia (corrimento nasal) é muito comum em crianças e adultos. o Quadro mais grave da doença no trato respiratório inferior, a bronquiolite, pode ocorrer em bebês. o Em consequência da inflamação nos bronquíolos, há bloqueio aéreo e diminuição da ventilação. o Clinicamente, o paciente apresenta febre baixa, taquipneia, taquicardia e sibilos expiratórios nos pulmões. o A bronquiolite é autolimitada, porém deve ser observada com atenção em bebês. o Pode ser fatal em bebês prematuros, pessoas com histórico de doença pulmonar e imunocomprometidos. INFLUENZA (GRIPE) • A gripe se caracteriza por calafrios, febre, cefaleia e dores musculares gerais. • A recuperação normalmente ocorre em poucos dias, e os sintomas gripais surgem à medida que a febre cede. • A diarreia não é um sintoma normal da doença, e o desconforto intestinal atribuído à “gripe estomacal” provavelmente tem alguma outra causa. • Os vírus influenza A, B e C são os únicos membros da família Ortomyxoviridae e somente os vírus A e B provocam doença humana significativa • Os ortomixovírus são envelopados e possuem um genoma de ácido ribonucleico (RNA) segmentado com polaridade negativa. VÍRUS INFLUENZA • Os vírus do gênero Influenza consistem em oito segmentos distintos de RNA, de diferentes comprimentos, envolvidos por uma camada interna de proteína e uma bicamada lipídica externa. • Embebidas na camada bilipídica, há numerosas projeções que caracterizam o vírus. • Existem dois tipos de projeções: o espículas de hemaglutinina (HA) o espículas de neuraminidase (NA) • As espículas de hemaglutinina (HA) o que existem em um número de cerca de 500 em cada partícula viral, permitem ao vírus reconhecer e se ligar às células do hospedeiro antes de infectá-las. o Anticorpos contra o vírus Influenza são dirigidos principalmente contra essas espículas. o O termo hemaglutinina refere-se à aglutinação de células vermelhas do sangue (hemaglutinação) que ocorre quando os vírus são misturados à hemácias. • As espículas neuraminidase (NA) o Das quais existem cerca de 100 por partícula viral, diferem das espículas hemaglutinina (HA) na forma e na função. o Elas ajudam enzimaticamente o vírus a se separar da célula infectada à medida que ele sai após a multiplicação intracelular. o Também estimulam a formação de anticorpos, mas esses são menos importantes na resistência do corpo à doença que aqueles produzidos em resposta às espículas hemaglutinina (HA). • As amostras virais são identificadas pela variação nos antígenos hemaglutinina (HA) e neuraminidase (NA). o As diferentes formas de antígeno recebem números – por exemplo, H1, H2, H3, N1 e N2. o Existem 16 subtipos de hemaglutinina (HA) e nove subtipos de neuraminidase (NA). o Cada mudança de número representa uma alteração substancial na composição proteica da espícula. ▪ Essas alterações são denominadas rearranjos genéticos (antigenic shifts) e são importantes o suficiente para evadir da maioria da imunidade desenvolvida na população humana. ▪ Essa habilidade é responsável por surtos, inclu indo as pandemias de 1918, 1957 e 1968. • Incidentalmente os vírus Influenza não foram isolados antes de 1933, e a constituição antigênica dos vírus responsáveis pelos surtos antes dessa época dependia da análise de anticorpos retirados de pessoas que haviam sido infectadas. • Os rearranjos genéticos provavelmente são causados por uma grande recombinação genética. o Uma vez que o RNA viral do Influenza ocorre em oito segmentos, a recombinação é provável em infecções causadas por mais de uma amostra viral. o As espículas de hemaglutinina (HA) dos vírus Influenza ligam-se aos resíduos de ácido siálico encontrados na superfície das células epiteliais. o O ácido siálico da maioria das aves é diferente do encontrado nos seres humanos. ▪ Esta característica, então, em geral diferencia os vírus Influenza presentes em amostras aviárias e de mamíferos. ▪ Suínos e muitas aves silvestres podem ser infectados com ambas as amostras. ▪ Os suínos são, desse modo, bons “recipientes de mistura”, nos quais a recombinação e rearranjos podem ocorrer. o Comunidades asiáticas nas quais seres humanos, aves domésticas e suínos convivem diretamente são os locais onde os rearranjos ocorrem com maior facilidade. o Patos silvestres e outras aves migratórias podem ser infectados com ambas as amostras e tornam-se portadores assintomáticos que disseminam o vírus em grandes regiões geográficas. o A transmissão deste vírus de aves para seres humanos tem sido muito limitada. ▪ A preocupação é que mutações possam modificar os vírus Influenza aviários em amostras que permitam uma transmissão eficiente entre as pessoas, resultando em uma pandemia de influenza letal. • Na Influenza Sazonal, os primeiros sintomas costumam se manifesta r 24 horas após o contato e, normalmente, a pessoa apresenta febre (>38ºC), dor de cabeça, dor nos músculos, calafrios, prostração, tosse seca, dor de garganta, espirros e coriza. Pode também apresentar pele quente e úmida, olhos hiperemiados e lacrimejantes. • Período de incubação - Em geral, de 1 a 4 dias. EPIDEMIOLOGIA DA GRIPE • Entre os episódios de grandes rearranjos genéticos, ocorrem pequenas variações anuais na constituição antigênica dos vírus, denominadas mutações. o O vírus ainda pode ser denominado H3N2, por exemplo, mas amostras virais surgem refletindo peque nas variações antigênicas dentro do mesmo grupo antigênico. o Essas amostras algumas vezes recebem nomes relacionados à localidade em que foram identificadas pela primeira vez. o Elas normalmente refletem uma alteração de um único aminoácido na composição proteica da espícula hemaglutinina (HA) ou neuraminidase (NA). o Essa pequena mutação em uma etapa provavelmente seja uma resposta à pressão seletiva dos anticorpos (geralmente IgA nas membranas mucosas) que neutraliza todos os vírus, exceto os novos mutantes. o Essas mutações podem ser esperadas uma vez em cada milhão de multiplicações do vírus. o Altas taxas de mutação são uma característica dos vírus RNA, que não possuem a mesma capacidade de correção (proofreading) dos vírus DNA. • O resultado normal das mutações do RNA é que uma vacina efetiva contra H3, por exemplo, será menos efetiva contra os isolados de H3 que estiverem circulando 10 anos após o evento; mutações suficientes terão ocorrido durante esse período para que o vírus possa evadir -se de boa parte dos anticorpos originalmente estimulados pela amostra inicial. • Os vírus Influenza também são classificados em grupos, de acordo com os antígenos de seus capsídeos. o Esses grupos, que constituem gêneros, são A, B e C (raramente). ▪ Os vírus tipo A são responsáveis pelas grandes pandemias. ▪ Os vírus tipo B também circulam e sofrem mutações, mas normalmente são responsáveis por infecções mais limitadas geograficamente e mais brandas. • Quase todos os anos, epidemias de gripe se disseminam em grandes populações. oA doença é tão facilmente transmissível que as epidemias são rapidamente propagadas entre as populações suscetíveis às novas variantes virais. o A taxa de mortalidade da doença não é alta, normalmente menor que 1%, e as mortes ocorrem principalmente entre pessoas muito novas ou muito idosas. o Contudo tantas pessoas são infectadas em uma grande epidemia que o número total de mortes frequentemente é alto. • Na primavera de 2009, um novo rearranjo de H1N1, resistente à amantadina e à rimantadina, foi detectado em paciente com 10 anos de idade, na Califórnia, e foi identificado como o vírus causador da pandemia. o Como indicado na Figura 57-5, o vírus é um rearranjo triplo-triplo de múltiplos vírus influenza de humanos, aves e suínos. VACINAS CONTRA A GRIPE • Até o momento, não tem sido possível fazer uma vacina para a gripe que forneça imunidade prolongada para a população em geral. • Embora não seja difícil fazer uma vacina para uma amostra antigênica específica de um vírus, cada nova linhagem circulante deve ser identificada a tempo, geralmente em fevereiro, para o desenvolvimento e a distribuição de uma nova vacina funcional, para períodos posteriores no mesmo ano. • As vacinas frequentemente são multivalentes – isto é, dirigidas a vários protótipos em circulação no momento. • Atualmente, os vírus da gripe para a fabricação de vacinas são cultivados em ovos embrionados. • As vacinas costumam ser 70 a 90% efetivas, mas a duração da proteção provavelmente não é maior que três anos para aquela linhagem. • Uma vacina que pode ser administrada como spray nasal foi recentemente introduzida e pode ser utilizada em crianças de um a cinco anos (esta vacina pode ainda ser estendida a outros grupos etários). • O principal problema é que os métodos que requerem a produção em ovos embrionados necessitam de trabalho intenso de laboratório, sendo pouco eficientes. o Estes métodos também requerem um tempo extenso e inaceitável de resposta ao aparecimento de novas amostras. o Além disso, os vírus se multiplicam pouco em ovos embrionados. • Uma tecnologia teoricamente promissora para superar este problema é o uso da genética reversa. o O genoma viral de RNA é convertido em DNA e, então, manipulado para remover os genes causadores da patogenicidade. o O DNA é convertido novamente em RNA para a produção da vacina. o Estes procedimentos rapidamente resultam em uma versão não patogênica do vírus, que pode ser expandido em cultura celular ou de ovos embrionados. o Isso minimizaria ainda as chances de contaminantes que ofereçam risco. PANDEMIA DE 1918-1919 • Em todo o mundo, mais de 20 milhões de pessoas morreram. • Ninguém sabe por que ela foi tão surpreendentemente letal. • Hoje, os muito jovens e muito idosos são as principais vítimas, mas, entre 1918 e 1919, adultos jovens tiveram a mais alta taxa de mortalidade, com frequência morrendo dentro de poucas horas, provavelmente de uma “tempestade de citocinas”. • A infecção geralmente é restrita ao trato respiratório superior, mas alguma alteração na virulência permitiu ao vírus invadir os pulmões e causar hemorra gia fatal. • Evidências sugerem ainda que o vírus foi capaz de infectar células de muitos órgãos do corpo. o Em 2005, a análise de material preservado proveniente dos pulmões de um soldado norte-americano morto pela gripe e do corpo de uma vítima enterrada em uma área permanentemente congelada do solo do o Alasca levou ao sequenciamento genético completo do vírus de 1918. o O processo de reversão genética foi então utilizado para recriar o vírus e expandi-lo em embriões de galinha e camundongos. o A conclusão é que a pandemia foi causada por um vírus aviário H1N1 com 10 mudanças de aminoácidos. o Ao contrário, as pandemias de 1957 e 1968 foram causadas por vírus humanos que obtiveram uma ou duas proteínas de superfície dos vírus aviários por recombinação. o Entretanto, a porção adaptada do vírus tornou-o moderado o suficiente para evitar que tivesse a mesma letalidade do vírus aviário original da pandemia de 1918. • Complicações bacterianas frequentemente também acompanhavam a infecção e, no período pré-antibiótico, muitas vezes eram fatais. • Ocasionalmente, a gripe ainda se dissemina entre os seres humanos por meio deste reservatório, mas não se propaga como a doença virulenta de 1918. COVID-19 HISTÓRICO DAS INFECÇÕES PELO CORONAVÍRUS • Os coronavírus são vírus de RNA envelopados com um dos maiores genomas virais, responsáveis por infecções tanto em animais (morcegos, camelos, felinos, porcos, vacas, aves etc.), quanto em humanos. • Os coronavírus são envelopados, havendo proteínas de superfície da espícula (spike), membrana e do envelope em uma bicamada lipídica derivada da membrana do hospedeiro, encapsulando o nucleocapsídeo helicoidal composto de RNA viral • Existem 4 gêneros entre os coronavírus: alfa, beta, delta e gama, sendo que os 6 subtipos infectam humanos sendo 2 do gênero alfa (HCoV-229E e HCoV-NL63) e 4 do beta (HCoV-HKU1, HCoV- -OC43, MERS-CoV, SARS-CoV e SARS-CoV-2). • Ele é muito similar ao SARS-CoV e, por este motivo, foi chamado de SARS-CoV- 2. • Inclusive, ambos utilizam o mesmo receptor da enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2) para infectar a célula hospedeira por meio da ligação deste receptor com a proteína S na superfície do vírus. • Os primeiros casos da doença surgiram na China, mais especificamente em Wuhan, a partir de um conjunto de casos de pneumonia com um vírus que até então era desconhecido, mas que logo se espalhou e atualmente é responsável pela pandemia vivida no mundo. • Em 30 de janeiro de 2020 a OMS declarou que o surto da COVID-19 era uma emergência de saúde pública de importância internacional e, em 11 de março do mesmo ano foi dado o alerta da Organização de que a COVID-19 é uma pandemia. • O Ministério da Saúde recebeu a primeira notificação de um caso confirmado de COVID-19 no Brasil em 26 de fevereiro de 2020 CARACTERÍSTICAS DO COVID-19 • A transmissão é através de um doente para outra pessoa por meio de tosse, catarro, toque do aperto de mão contaminadas, gotículas de sal iva, espirro, objetos ou superfícies contaminadas • A doença desenvolve-se em até 14 dias após a exposição, sendo a maior parte dos casos em 4-5 dias, variando muito em sua gravidade • A doença se apresenta clinicamente com febre, fadiga e tosse seca, porém possui enorme variabilidade, visto que, em alguns estudos a febre esteve presente em menos de 50% dos pacientes. Outros sintomas também podem ocorrer, dentre os quais anorexia, mialgias, dispneia, tosse produtiva, anosmia e disgeusia. Há ainda outros achados menos comuns tais como cefaleia, dor de garganta e rinorreia DEFINIÇÃO DE CASOS E QUADRO CLÍNICO • Cerca de 80% podem ser assintomáticos ou oligossintomáticos • A apresentação clínica varia indo desde um quadro de síndrome gripal- com febre > 38oC, tosse, dispneia, dor de garganta, anorexia, cefaleia ou mialgia-, até sintomas inespecíficos como diarreia, náuseas, vômitos, anosmia (perda do olfato) e ageusia (perda do paladar) e coriza. • Taxa de mortalidade em torno de 3 a 7% • Complicações • Sepse, infecções bacterianas secundária, tromboembolismo pulmonar, lesão hepática aguda, lesão cardíaca aguda, AVC, arritmia, cardiomiopatia, pericardite, tamponamento cardíaco e síndrome coronariana aguda e outras • Pneumonia complicada • Síndrome do desconforto respiratório agudo • Edema DOENÇAS FÚNGICAS DO TRATO RESPIRATÓRIO INFERIOR • Os fungos frequentemente produzem esporos que são disseminados pelo ar. • A incidência de infecções fúngicas tem aumentado nos últimos anos. • Os fungos oportunistas são capazes decrescer em pacientes imunossuprimidos, e a Aids, as drogas para transplantes e as drogas anticâncer criaram ainda mais pessoas imunossuprimidas do que havia anteriormente. ASPERGILOSE • A aspergilose é um fungo oportunista que pode causar doença respiratória, especialmente em hospedeiros imunossuprimidos ou quando existe exposição a números massivos de esporos. • Ela é transmitida por via aérea pelos esporos de Aspergillus fumigatus e outras espécies de Aspergillus, que são amplamente disseminadas na vegetação em decomposição. • Monturos de compostagem são sítios ideais para o crescimento, e os fazendeiros e jardineiros são mais frequentemente expostos a quantidades infecciosas destes esporos. • Incubação de 2 a 90 dias MORFOLOGIA • As espécies de Aspergillus crescem em cultura como fungos filamentosos hialinos. • Grosseiramente, as colônias de Aspergillus podem ser pretas, marrons, verdes, amarelas, brancas ou de outras cores, dependendo da espécie e das condições de crescimento. • Aspergillus apresenta hifas ramificadas e septadas que produzem cabeças conidiais quando expostas ao ar em cultura e nos tecidos. • Seu conidióforo consiste em uma hifa com uma vesícula terminal, sobre a qual nascem uma ou duas camadas de fiálides, ou esterigmas. • As fiálides alongadas, por sua vez, produzem colunas de conídios esféricos, que são os propágulos infecciosos que se desenvolvem na fase filamentosa do fungo. • A identificação de espécies individuais de Aspergillus depende, em parte, das diferenças em suas cabeças conidiais, incluindo a disposição e a morfologia dos conídios. • Muitas vezes pode ser necessário o uso de métodos moleculares para identificar as espécies abrigadas dentro de um complexo de espécies. • Nos tecidos, as hifas de Aspergillus spp. se coram fracamente com H&E, mas são visualizadas com as colorações PAS, GMS e de Gridley. • Esses filamentos são homogêneos, com largura uniforme, contornos paralelos e septos regulares, ramificando-se progressivamente, num padrão semelhante ao das árvores. • Os ramos são dicotômicos e geralmente se orientam em ângulo agudo (45°). • As hifas podem ser vistas no interior dos vasos sanguíneos (angioinvasão), causando trombose. • As cabeças conidiais raramente são vistas em tecidos, mas podem aparecer no interior de uma cavidade. • Uma importante espécie, A. terreus, pode ser identificada em tecido por seus aleurioconídios, esféricos ou ovais, que se desenvolvem a partir das paredes do micélio. • Por outro lado, nos tecidos, as hifas das espécies patogênicas de Aspergillus são morfologicamente indistinguíveis entre si . EPIDEMIOLOGIA • Aspergillus spp. são comuns ao redor do mundo. • Seus conídios são ubíquos no ar, no solo e em material em decomposição. • No ambiente hospitalar, podem ser encontrados no ar, nos chuveiros, tanques de água e plantas em vasos. o Como resultado, estão sendo constantemente inalados. • O fungo cresce geralmente em matéria vegetal em decomposição • O trato respiratório é a mais frequente e mais importante porta de entrada SÍNDROMES CLÍNICAS • As manifestações alérgicas da aspergilose constituem um espectro de apresentações baseadas no grau de hipersensibilidade aos antígenos do Aspergillus. • Na forma broncopulmonar podem-se observar asma, infiltrados pulmonares, eosinofilia periférica, níveis elevados de IgE e evidência de hipersensibilidade aos antígenos de Aspergillus (teste cutâneo). • A sinusite alérgica mostra evidências laboratoriais de hipersensibilidade associada a sintomas respiratórios de obstrução nasal, cefaleia e dores faciais. • A colonização dos seios paranasais e das vias aéreas inferiores pode resultar em aspergilose obstrutiva brônquica levando à formação de aspergiloma (“bola fúngica”). • A aspergilose obstrutiva brônquica ocorre quando existem doenças pulmonares como fibrose cística, bronquite crônica ou bronquiectasia; massa de hifas e mucina acomoda-se nos brônquios obstruindo-os e tomando sua forma. o Os sintomas são os mesmos da doença subjacente, sem lesão nos tecidos e sem necessidade de tratamento. • Um aspergiloma pode se formar nos seios paranasais ou em cavidades existentes nos pulmões, resultantes de uma antiga tuberculose ou outra doença pulmonar crônica. • A aspergilose invasiva apresenta inúmeras formas; pode ser uma doença invasiva superficial, que ocorre em casos de imunossupressão (p. ex., terapia com doses baixas de esteroides, doença do colágeno vascular ou diabetes) ou pode ser uma forma altamente destrutiva de aspergilose invasiva, localizada nos pulmões ou disseminada. • As formas invasivas mais limitadas geralmente incluem a aspergilose brônquica pseudomembranosa necrosante e a aspergilose pulmonar crônica necrosante. • A aspergilose brônquica pode causar sibilos, dispneia e hemoptise. • A maioria dos pacientes com aspergilose pulmonar necrosante crônica apresenta também doença pulmonar estrutural, que pode ser tratada com baixas doses de corticosteroides. • Esta é uma infecção crônica que pode ser localmente destrutiva, com o desenvolvimento de infiltrados e “bolas fúngicas” visíveis nas radiografias, mas que não é associada a invasão vascular ou disseminação. • A ressecção cirúrgica das áreas afetadas e administração de antifúngicos são eficazes no tratamento desta doença. • A aspergilose pulmonar invasiva e a aspergilose disseminada são infecções observadas em pacientes altamente neutropênicos e imunossuprimidos. • Os pacientes apresentam febre e infiltrados pulmonares, frequentemente acompanhados de dor torácica pleurítica e hemoptise. PARACOCCIDIOIDOMICOSE • A paracoccidioidomicose é uma infecção fúngica sistêmica causada pelo fungo dimórfico Paracoccidioides brasiliensis. • Esta infecção é também conhecida como blastomicose sul-americana e é a principal infecção fúngica endêmica dimórfica nos países da América Latina. • A paracoccidioidomicose primária ocorre, geralmente, em pessoas jovens, como um processo pulmonar autolimitado. • Neste estágio, raramente exibe um curso progressivo agudo ou subagudo. • A reativação de uma lesão quiescente primária pode ocorrer anos depois, resultando numa doença pulmonar progressiva com ou sem envolvimento de outros órgãos. MORFOLOGIA • A fase de fungo filamentoso de P. brasiliensis cresce lentamente in vitro a 25 °C. • As colônias brancas se tornam aparentes em 3 a 4 semanas, tomando eventualmente aparência aveludada. • Colônias glabrosas, enrugadas e acastanhadas também podem ser vistas. • A forma micelial não é descritiva e/ou diagnóstica: hifas hialinas, septadas com clamidoconídios intercalados. • A identificação específica requer a conversão à forma de levedura ou o teste do exoantígeno. • A forma de levedura característica é vista em tecido e em cultura a 37 °C. • As células leveduriformes ovais a arredondadas, de tamanho variável, com paredes refráteis duplas e brotamentos únicos ou múltiplos (blastoconídios), são características deste fungo. • Os blastoconídios são ligados à célula-mãe por um istmo estreito, e seis ou mais de vários tamanhos podem ser produzidos a partir de uma única célula, denominada de morfologia em “roda de leme”. • A variabilidade de tamanho e número de blastoconídios e suas conexões a células-mãe são aspectos de identificação. EPIDEMIOLOGIA • A paracoccidioidomicose é endêmica por toda a América Latina, porém é mais prevalente na América do Sul do que na América Central. • A maior incidência é observada no Brasil, seguida por Colômbia, Venezuela, Equador e Argentina. • A ecologia das áreas endêmicas inclui umidade alta, vegetação rica, temperaturas moderadas e solo ácido. o Essas condições são encontradasjunto aos rios da selva amazônica às pequenas florestas indígenas do Uruguai. • A porta de entrada é pela via inalatória ou inoculação por trauma. • A infecção natural tem sido documentada em tatus • Embora a infecção ocorra em crianças (maior incidência de 10 a 19 anos de idade), a doença evidente é incomum em crianças e adolescentes. o Nos adultos, é mais comum em homens com idade de 30 a 50 anos. • Muitos pacientes com doença clinicamente aparente vivem em áreas rurais e têm contato próximo com o solo. • Não existem relatos de epidemias ou transmissão de uma pessoa a outra. • A depressão da imunidade mediada por células se correlaciona com a forma progressiva aguda da doença. SÍNDROMES CLÍNICAS • A paracoccidioidomicose pode ser subclínica ou progressiva, com formas pulmonares aguda ou crônica, ou formas disseminadas aguda, subaguda, ou crônica da doença. • Muitas infecções primárias são autolimitadas o Mas o organismo pode se tornar inativo por longos períodos de tempo e reativar para causar doença clínica concomitante com as defesas deficientes do hospedeiro. • Uma forma disseminada subaguda é vista em pacientes mais jovens e indivíduos imunocomprometidos com linfadenopatia, hepatoesplenomegalia, envolvimento da medula óssea e manifestações osteoarticulares semelhantes à osteomielite. • A fungemia recorrente resulta em disseminação, e lesões cutâneas são frequentes. • As lesões pulmonares e de mucosa não são vistas nesta forma de doença. • Os adultos se apresentam, muitas vezes, com uma forma pulmonar crônica da doença marcada por problemas respiratórios, muitas vezes como única manifestação. o A doença progride lentamente por meses a anos com tosse persistente, escarro purulento, dor torácica, perda de peso, dispneia e febre. o As lesões pulmonares são nodulares, infiltrativas, fibróticas e cavitárias. • Embora 25% dos pacientes exibam somente manifestações pulmonares da doença, a infecção pode se disseminar em sítios extrapulmonares na ausência de diagnóstico e tratamento. • As localizações extrapulmonares proeminentes incluem pele e mucosa, linfonodos, glândulas adrenais, fígado, baço, sistema nervoso central e ossos. • As lesões de mucosa são dolorosas e ulceradas e, geralmente, estão confinadas a boca, lábios, gengivas e palato. • Mais de 90% dos afetados são do sexo masculino. HISTOPLASMOSE • A histoplasmose lembra superficialmente a tuberculose. • É causada por duas variedades de Histoplasma capsulatum: H. capsulatum var. capsulatum e H. capsulatum var. duboissi • O organismo causador, Histoplasma capsulatum, é um fungo dimórfico; isto é, ele tem uma morfologia de levedura no crescimento nos tecidos e, no solo ou em meio artificial, forma um micélio filamentoso transportando conídios (esporos) reprodutivos. o No corpo, a forma leveduriforme é encontrada intracelularmente em macrófagos, onde sobrevive e se multiplica. o As colônias de fungo filamentoso crescem lentamente e se desenvolvem colônias com hifas brancas ou marrons após vários dias a semanas. o A forma de fungo filamentoso produz dois tipos de conídios: ▪ (1) macroconídios esféricos grandes de parede espessas, com projeções puntiformes (macroconídios tuberculados) que se originam de conidióforos curtos; e ▪ (2) microconídios pequenos e ovais com paredes lisas ou levemente rugosas sésseis ou em hastes curtas. o As células leveduriformes são de parede finas, ovais, ou são de paredes mais finas. o As células leveduriformes de ambas as variedades de H. capsulatum são intracelulares uninucleadas in vivo • De fato, foi reconhecida pela primeira vez como uma doença disseminada nos Estados Unidos quando as pesquisas com raios X mostraram lesões pulmonares em muitas pessoas com resultado negativo no teste de tuberculina. • Embora os pulmões tenham mais probabilidade de serem infectados inicialmente, os patógenos podem se disseminar no sangue e na linfa, causando lesões em quase todos os órgãos do corpo • Os sintomas normalmente são mal definidos e principalmente subclínicos, e a doença pode passar por uma infecção respiratória leve. • Em alguns casos, talvez em menos de 0,1%, a histoplasmose progride e se torna uma doença grave e generalizada. o Isso ocorre com um inóculo surpreendentemente concentrado ou após a reativação, quando o sistema imune da pessoa infectada está comprometido. • Embora a histoplasmose seja amplamente disseminada no mundo, tem uma distribuição geográfica limitada nos Estados Unidos. o Em geral, a doença é encontrada nos estados adjacentes aos rios Mississipi e Ohio. o Mais de 75% da população em alguns desses estados possuem anticorpos contra a infecção. o Aproximadamente 50 óbitos são relatados nos Estados Unidos a cada ano devido à histoplasmose. • Os seres humanos adquirem a doença pelos conídios veiculados pelo ar, produzidos sob condições de umidade e níveis de pH adequados. o Essas condições ocorrem especialmente onde fezes de aves e morcegos se acumulam. o As aves em si, devido a sua alta temperatura corporal, não carreiam a doença, mas suas fezes fornecem nutrientes, particularmente uma fonte de nitrogênio, para o fungo. o Os morcegos, que possuem uma temperatura corporal menor que as aves, carreiam o fungo, disseminam-no em suas fezes e provavelmente infectam novos solos.
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