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Vícios redibitórios

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Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
1. Vícios redibitórios são defeitos ocultos em coisa recebida em virtude de contrato comutativo, que a tornam imprópria ao uso a que se destina, ou lhe diminuam o valor. A coisa defeituosa pode ser enjeitada pelo adquirente, mediante devolução do preço e, se o alienante conhecia o defeito, com satisfação de perdas e danos.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
2. Como os contratos comutativos são espécies de contratos onerosos, não incidem as referidas regras sobre os gratuitos, como as doações puras, pois o beneficiário da liberalidade, nada tendo pago, não tem por que reclamar (CC, art. 552). O Código ressalva, porém, a sua aplicabilidade “às doações onerosas”, até o limite do encargo.
Requisitos
1. Não é qualquer defeito ou falha que dá ensejo à responsabilização do alienante por vício redibitório. Os requisitos são:
· Coisa recebida em virtude de contrato comutativo, doação onerosa ou remuneratória:
· Doação onerosa, modal, com encargo ou gravada é aquela em que o doador impõe ao donatário uma incumbência ou dever. 
· Remuneratória é a doação feita em retribuição a serviços prestados, cujo pagamento não pode ser exigido pelo donatário.
· Que os defeitos sejam ocultos: não se caracterizam os vícios redibitórios quando os defeitos são facilmente verificáveis com um rápido exame e diligência normal.
· Que os defeitos existam no momento da celebração do contrato e que perdurem até o momento da reclamação: não responde o alienante, com efeito, pelos defeitos supervenientes, mas somente pelos contemporâneos à alienação, ainda que venham a se manifestar só posteriormente.
· Que os defeitos sejam desconhecidos pelo adquirente: a expressão “vende-se no estado em que se encontra”, comum em anúncios de venda de veículos usados, tem a finalidade de alertar os interessados de que não se acham eles em perfeito estado, não cabendo, por isso, nenhuma reclamação posterior.
· Que os defeitos sejam graves.
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço.
2. Caso seja necessário acionar a justiça, isso pode ser feito por duas ações 
· Ação redibitória: em que se pede a devolução do preço pago. 
· Ação estimatória: em que se pede abatimento de preço. 
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.
3. Se o alienante conhecia o defeito deve pagar perdas e danos. Dependendo do caso, pode, inclusive, pagar por danos morais. 
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.
4. Exemplo de perecimento: morte do animal.
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
Prazo para ajuizar
1. Prazos:
· Se o bem for móvel: 30 dias, contados da tradição.
· Se o bem for imóvel: 1 ano, contados da tradição.
· Se o adquirente já estava na posse: o locatário, que é aquele que está alugando um imóvel, tem prioridade para compra do imóvel (quando o locador o põe a venda). Se o locatário estava na posse quando comprou, o legislador pressupõe que este conhecia o imóvel, em função disso o prazo para ajuizar ação redibitória ou estimatória é reduzido à metade. 
§ 1° Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
2. Ou seja, o vício, muitas vezes, não é visto de imediato. O adquirente terá prazo de 180 dias para ver o vício (se for bem móvel), e informar ao alienante dele; a partir do momento que informar terá 30 dias para ajuizar ação redibitória ou estimatória. Se o bem for imóvel terá um ano para ver o vício e avisar ao alienante; a partir do momento que informar ao alienante, terá mais um ano para entrar em juízo com ação redibitória ou reparatória (conforme visto no caput).
§ 2° Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.
3. Ainda não existe essa tal lei especial. Então aplica-se o disposto no § 1°. 
Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência.
4. Podem os contraentes, no entanto, ampliar convencionalmente o referido prazo. É comum a oferta de veículos, por exemplo, com prazo de garantia de um, dois ou mais anos. Essa cláusula de garantia é complementar da garantia obrigatória e legal, e não a exclui.

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