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Modernismo Portugal
 
O século XX chega a Portugal
A crise politica do regime monárquico, iniciada pelo Ultimatum inglês (1890), agravou-se com o assassinato, em fevereiro de 1908, do rei Calos I e de seu herdeiro, o príncipe Luís Felipe. 
A família real voltava de Vila Viçosa e foi emboscada no Terreiro do Paço. Atingido no pescoço, D. Carlos morre Instantaneamente. D. Manuel, filho mais novo do rei que também foi ferido no atentado, assumiu a coroa, mas o clima de instabilidade era muito grande.
Em outubro de 1910 eclodiria a revolução que pôs fim à monarquia portuguesa. O partido democrático, responsável pela condução do país nesse primeiro momento, enfrentou dura resistência dos setores burgueses. Associados ao capital estrangeiro, os burgueses eram politicamente representados pelos partidos conservadores.
Receando perder as colônias ultramarinas, com o início da Primeira Guerra Mundial, Portugal decidiu participar do conflito, apoiando as forças aliadas. O resultado, embora tenha garantido as possessões na África, deixou um saldo de 5 mil portugueses mortos e grandes dificuldades econômicas. 
Em 1917, um golpe de estado liderado por Sidônio Pais deu inicio a um período de ditadura. Seu assassinato, em 14 de dezembro de 1918, devolveu o caos politico ao país. 
Os governos republicanos tiveram, de modo geral, uma feição progressista: houve uma evidente ampliação da participação politica, foram feitos investimentos na educação, promovendo o ensino livre e levando a cultura às massas populares. O cenário politico, porém, permanece em estado de turbulência e os governos parlamentares enfrentavam oposição tanto dos setores de esquerda quanto dos de direita.
Uma reação burguesa contra a "corrupção" política deu origem ao golpe militar de 1926. Favorecidos pela desarticulação das forças político-partidárias, os militares prometiam restaurar a ordem pública e impor um duro controle à economia portuguesa. 
Para desenvolver a nova política econômica foi convocado Antônio de Oliveira Salazar, professor de Finanças da Universidade de Coimbra. Aos poucos Salazar foi conquistando maior poder dentro do governo até que, em 1933, fez aprovar uma nova Constituição e deu inicio à ditadura do Estado Novo, que só chegaria ao fim em 1976. 
Modernismo português: primeiros passos
O panorama de instabilidade interna, com a realização de greves sucessivas aliado às dificuldades trazidas pela eclosão da guerra e a necessidade de defender as colônias ultramarinas, fez com que o povo português manifestasse, de modo acentuado, um sentimento que sempre o caracterizou: o saudosismo.
A lembrança das antigas glórias marítimas que haviam tornado Portugal uma das potências mundiais no século XVI a lamentação pelo desconcerto que dominou o país após o desaparecimento de Dom Sebastião serviram de berço para o nascimento de uma revista que representa o primeiro momento do Modernismo português: Orpheu, publicada em 1915.
Almada Negreiros: a ira contra a estagnação portuguesa 
Um dos mais ativos e influentes artistas da geração Orpheu foi José de Almada Negreiros. 
Entusiasmado com a possibilidade de transformar a sociedade portuguesa por meio da arte, Almada destaca-se não apenas pelos textos que escreve, mas também por sua excelente produção como pintor, revelando-se um homem perfeitamente sintonizado com as tendências mais Modernas da arte na Europa.
Em 1917, o escritor chocou o povo português com a divulgação do “Ultimatum futurista”, no qual fazia um apelo aos jovens para que assumissem a recuperação da pátria e do espírito portugueses, comprometidos pela fraqueza e saudosismo das gerações anteriores. Na exaltação que faz da guerra como mecanismo transformador, fica evidente a influência das ideias do líder futurista Marinetti. Observe.
Nas páginas de Orpheu, o Modernismo português toma forma
Mais do que uma revista, Orpheu foi um marco: símbolo do nascimento de uma geração de escritores que trouxe para Portugal a essência do movimento modernista. Nas suas páginas surgiram as grandes revelações literárias do inicio do século XX: Fernando Pessoa, Mario de Sá-Carneiro e José de Almada Negreiros.
Embora a revista contasse com outros colaboradores, foram esses três escritores que, com suas obras, delinearam os novos rumos a serem seguidos pelos autores portugueses e deram início a um processo de reflexão crítica sobre as causas da decadência e da estagnação intelectual de Portugal. 
Lançada em 1915, Orpheu só teve dois números publicados (um terceiro chegou a ser editado). Os textos que circulam na revista revelam uma clara influência de alguns movimentos da vanguarda europeia, principalmente o Cubismo. Na proposta de ruptura com o passado, pode ser identificada a influência da estética surrealista, que defendia o abandono da reprodução naturalista da realidade. 
Ecos futuristas também se fazem presentes, já no primeiro número de Orpheu, nos versos da “Ode triunfal” de Álvaro de Campos, um dos heterônimos de Fernando Pessoa, e no “Ultimatum futurista”, de Almada Negreiros.
ULTIMATUM FUTURISTA 
ÀS GERAÇÕES PORTUGUESAS DO SÉCULO XX
1917 
EU NÃO PERTENÇO a nenhuma das gerações revolucionárias. Eu pertenço A uma geração construtiva.
Eu sou um poeta português que ama a sua pátria. Eu tenho a idolatria da minha profissão e peso-a. Eu resolvo com a minha existência o significado actual da palavra poeta com toda a intensidade do privilégio. 
Eu tenho 22 anos fortes de saúde e de inteligência.
[...]
Vós, oh portugueses da minha geração, nascidos como eu no ventre d sensibilidade europeia do século XX, criai a pátria portuguesa do século XX
[...]
Dispensai os velhos que vos aconselham para vosso bem e atirai-vos Independentes pra sublime brutalidade da vida. Criai a vossa experiência e sereis os maiores.
[...]
Além de uma vasta produção poética, Almada Negreiros também se destaca pelos romances e peças de teatro. Sua presença mais contundente na cena modernista portuguesa, porém, ficará registrada nos inúmeros manifestos, ensaios, crônicas e textos de prosa doutrinária que publicou ao longo dos seus 77 anos.
Mário de Sá-Carneiro e a fragmentação do “eu”
Um pouco mais de sol – eu era brasa, / Um pouco mais de azul – eu era além, lamenta-se o eu lírico do poema “Quase”, resumindo em belas imagens a imensa frustração que marcou a vida de Mário de Sá Carneiro.
Ao contrário do entusiasmado e combativo Almada, Sá-Carneiro anuncia, em suas obras, não a necessidade de transformar a realidade, mas aquele que será o grande drama do homem do século XX: a fragmentação da identidade, a aflição do indivíduo que se vê sufocado pela multidão e pelas inovações tecnológicas. 
Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além.
Para atingir, faltou-me um golpe de asa...
Se ao menos eu permanecesse aquém...
Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído
Num grande mar enganador de espuma;
E o grande sonho despertado em bruma,
O grande sonho - ó dor! - quase vivido...
Quase o amor, quase o triunfo e a chama,
Quase o princípio e o fim - quase a expansão...
Mas na minhalma tudo se derrama...
Entanto nada foi só ilusão!
O autor persegue esse tema tanto nas obras em prosa quanto na poesia que escreveu. A esse respeito, são célebres os versos de “Dispersão”.
Dispersão – Mário de Sá Carneiro
Perdi-me dentro de mim 
Porque eu era labirinto, 
E hoje, quando me sinto, 
É com saudades de mim. 
Passei pela minha vida 
Um astro doido a sonhar. 
Na ânsia de ultrapassar, 
Nem dei pela minha vida... 
Para mim é sempre ontem, 
Não tenho amanhã nem hoje: 
O tempo que aos outros foge 
Cai sobre mim feito ontem (…)”
Todos os textos que Sá-Carneiro escreveu manifestam uma grande sensibilidade, marcada pela expressão de uma angustia existencialista praticamente insuportável. 
A influência do decadentismo e da estética simbolista de fim de século é recorrente nos poemas de Dispersão, nas novelas de Principio e Céu em fogo. Na peça teatral Amizade e, principalmente, no estranho A confissão de Lúcio;
Fernando Pessoa
Modernismo PortugalO poeta de muitas faces
Quando se estuda obra poética de Pessoa, é necessário fazer uma distinção entre todos os poemas que assinou com seu verdadeiro nome, portanto, considerados poesia ortônima, e todos os outros, atribuídos a diferentes heterônimos.
Amigo de Mário de Sá Carneiro, era uma pessoa solitária.
Ganhou fama após a morte.
A poesia ortônima
Alguns temas marcaram a poesia dele autoral: o questionamento do eu, que pode ser encontrado de forma mais sentimental, sofrida ou de forma mais casual.
Outro tema que ocupou parte desses temas foi a da “sinceridade do fingimento”
AUTOPSICOGRAFIA													
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: «Fui eu?»
Deus sabe, porque o escreveu.
Mensagem: releitura mítica do destino português
Livro de poemas de 1934, em que o poeta promove a releitura do destino de Portugal, tendo como base o fenômeno das navegações, a ligação entre os portugueses com o mito do encoberto, associado ao desaparecimento misterioso de D. Sebastião.
Os poemas revelam a crença de que em um futuro Portugal voltará a ocupar lugar de destaque entre as nações, cumprindo, assim, um destino que lhe foi atribuído pelos deuses..
Mensagem 
Nas três partes em que organizou os poemas (“brasão”, “mar português” e “o encoberto”), Pessoa reinterpreta os principais símbolos históricos e míticos da cultura portuguesa, sempre enfatizando a vocação do povo para superar todos os obstáculos, movido por uma grandeza de alma que o torna único. 
Elemento central na arquitetura poética de Mensagem é o mar oceano, símbolo da transcendência a ser alcançada pela aprovação individual e coletiva, como afirma o eu lírico nos versos finais de mar português: “Deus ao mar o perigo e o abismo deu”, /Mas nele é que espelhou o céu”.
A poesia heterônima
O fenômeno da heteronímia resolve de um modo interessante uma questão que persegue Fernando pessoa durante toda a sua vida: o desdobramento do “eu”, a multiplicação de identidades. 
“Desde criança tive a tendência para criar em meu torno o mundo fictício, de me cercar de amigos e conhecidos que nunca existiram”, confessa o poeta ao amigo Adolfo casais Monteiro em carta que explica a gêneses dos heterônimos.
Heterônimos são autores imaginados por Fernando Pessoa.
Quando assumia a forma de um de seus heterónimos, Pessoa produzia textos com características completamente diferentes dos de sua autoria. Entre os heterônimos, destacam-se Bernardo Soares, o autor do livro do desassossego, e os poetas Álvaro de Campos, Alberto Caeiro e Ricardo Reis.
Em termos práticos, o que se observa que Pessoa criou várias “personas” poéticas, seus heterónimos, e, por meio delas, deu forma as diferentes modos de olhar o mundo.
Alberto Caeiro
Alberto Caeiro nasceu em 1889 e morreu em 1915; Nasceu em Lisboa mais viveu quase toda sua vida no campo. 
Não teve profissão nem educação quase alguma. Era de estatura média e, embora realmente frágil (morreu tuberculoso), não parecia tão frágil como era. Tinha cara raspada, era loiro, sem cor, olhos azuis. Como disse, não teve educação de quase nenhuma - só instrução primária. 
Morreram-lhe cedo o pai e a mãe, e deixou-se ficar em casa, vivendo de uns pequenos rendimentos. Vivia com uma tia velha, tia-avó
Alberto Caeiro
Autor de uma poesia cuja simplicidade aparente esconde uma complexidade e filosófica bastante grande, Alberto Caeiro define-se como “o homem do campo”, “o guardador de rebanhos”.
Toda sua produção poética gira em torno da questão da percepção do mundo e da tendência do ser humano a interpretar o que vê como símbolos de outras coisas. Segundo Cairo, essa é a razão de não conseguirmos compreender que as coisas são o que são e que esse é o seu verdadeiro significado.
XXXV 
O luar através dos altos ramos,
Dizem os poetas todos que ele é mais
Que o luar através dos altos ramos. 
Mas para mim, que não sei o que penso,
O que o luar através dos altos ramos
É, além de ser
O luar através dos altos ramos,
É não ser mais
Que o luar através dos altos ramos.
Alberto Caeiro
O desafio de uma filosofia de vida como a defendida por Caeiro é evidente: precisamos “desaprender” um olhar definido pela cultura ocidental que insiste em tomar a natureza como símbolo de emoções e sentimentos humanos. Aceitar que estrelas e flores são somente estrelas e flores é um imenso desafio para nós que ”trazemos a alma vestida”, como reconhece poeta. 
Esse modo de encarar a vida aproxima poesia de Alberto Caeiro da filosofia zen-budista negando a ideia de qualquer realidade, além da que constitui a nossa experiência concreta e imediata das coisas;
Ricardo Reis
Ricardo Reis nasceu em 1887 (não me lembro do dia e mês, mas tem uns algures), no Porto, é médico. Educado num colégio de jesuítas, vive no Brasil desde 1919, pois se expatriou espontaneamente por ser monárquico. 
Em todos os poemas que escreveu, revela a influência dos poetas clássicos gregos e latinos. Sua visão Pagã foi inspirada pelo mestre Caeiro. Com uma sintaxe de grandes inversões, usando regências desusadas e vocabulário raro, Ricardo Reis dá a seus poemas uma característica bastante diferente da simplicidade observada nos textos de Caeiro.
As rosas amo dos jardins de Adónis
As rosas amo dos jardins de Adónis,
Essas volucres amo, Lídia, rosas,
        Que em o dia em que nascem,
        Em esse dia morrem.
A luz para elas é eterna, porque
Nascem nascido já o Sol, e acabam
        Antes que Apolo deixe
        O seu curso visível.
Assim façamos nossa vida um dia ,
Inscientes, Lídia, voluntariamente
        Que há noite antes e após
        O pouco que duramos.
								11-7-1914 Odes de Ricardo Reis . Fernando Pessoa. 
Álvaro de Campos
Nasceu em Tavira, no dia 15 de outubro de 1890. 
Engenheiro naval por Glasgow, mas agora está em Lisboa em inatividade.
É alto (1,75 m), magro e um pouco tendente a curvar-se, entre branco e moreno, tipo vagamente de judeu português, cabelo, porém, liso e normalmente apartado ao lado,
Teve uma educação vulgar. E, depois foi mandado para a Escócia estudar engenharia, primeiro mecânica
Heterônimo futurista de Fernando pessoa, Álvaro de Campos, também é conhecido pela expressão de uma angústia intensa, que sucede seu entusiasmo com as conquistas da modernidade.
Na fase da amargura angustiada, o poeta escreve longos poemas em que um grande desencanto existencial se revela. O mais conhecido deles é a tabacaria.
Tabacaria
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Bernardo Soares
O livro do desassossego 
Oscilando entre temas como as variações de seu estado psíquico, a paixão, a moral e o conhecimento, o livro não apresenta uma narrativa linear; antes é composto de diversos trechos e partes que se articulam de maneira mais ou menos aberta. Ainda assim, é a obra de Pessoa que mais se aproxima do romance. (Companhia das Letras)
Link para o livro: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/pe000008.pdf
Temas redação
A importância da cultura popular na construção e na valorização da história brasileira
As redes sociais eo impacto na vida da sociedade
“O avanço da construção de muros num mundo globalizado” 
TEXTO 1
Para atuar sobre as migrações internacionais no século 21, é preciso entender como a globalização afeta os deslocamentos espaciais da população. Nos dias de hoje, o horizonte do migrante não não se restringe à cidade mais próxima, nem à capital do estado ou do país. Seu horizonte é o mundo – vislumbrado no cinema, na televisão, na comunicação entre parentes e amigos. O migrante vive num mundo onde a globalização dispensa fronteiras, muda parâmetros diariamente, ostenta luxos, esbanja informações, estimula consumos, gera sonhos e, finalmente, cria expectativas de uma vida melhor.
http://guiadoestudante.abril.com.br/blog/redacao-para-o-enem-e-vestibular/nova-proposta-de-redacao-muros-em-um-mundo-globalizado/
Ditadura em Portugal
Modernismo Portugal – parte 2 e 3
Florbela Espanca
A chegada de Salazar ao poder
Há a instauração da ditadura do Estado Novo, a repressão é instaurada, com a instituição da censura e a criação da polícia política (a PIDE);
Em termos administrativos, cria-se uma atmosfera de falsa tranquilidade e prosperidade, com obras públicas, com construção de edifícios, de hidrelétricas que, de certo modo, preparavam o país para a industrialização (1950);
A realidade existia por meio do medo e da insegurança da população, além da fragilidade das instituições (que respondiam a ele) e sua passividade.
Nesse contexto surge a revista Presença, com proposta de literatura mais intimista e introspectiva.
O “INTERREGNO” (INTERRUPÇÃO)
Entre o final de Orpheu e o surgimento da revista Presença (1927),que marcará o segundo momento da literatura modernista, apareceram na literatura portuguesa autores que se vinculam muitas vezes ao Simbolismo/Decadentismo.
Dois nomes se destacam nesse período: Florbela Espanca e Aquilino Ribeiro.
Obs. (simbolismo): Subjetivismo, individualismo e imaginação - Valorizava o mundo interior do indivíduo. Apresentava poesia “difícil”, que versava sobre o “eu” profundo e as “emoções”, manifestando os desejos íntimos e a visão pessoal e sombria do mundo.
Florbela Espanca
1894 – 1930 (se suicida)– Nasceu em Vila Viçosa, distrito de Évora (Alentejo) – filha da charneca erma e selvagem (vegetação da sua cidade natal).
Precursora do feminismo em Portugal (até 1926, quando o salazarismo dissolveu as instituições).
Detalhes de sua poesia: cenários outonais gosto pelas horas da tarde, abordagem de estados de alma indefinidos, com tom decadentista.
Temática: dor, angústia existencial e profundo sofrimento.
Soror saudade
“Sóror Saudade”
A Américo Durão
Irmã, Soror Saudade me chamaste…
E na minh'alma o nome iluminou-se
Como um vitral ao sol, como se fosse
A luz do próprio sonho que sonhaste.
 
Numa tarde de Outono o murmuraste,
Toda a mágoa do Outono ele me trouxe,
Jamais me hão-de chamar outro mais doce.
Com ele bem mais triste me tornaste…
E baixinho, na lama da minh'alma,
Como bênção de sol que afaga e acalma,
Nas horas más de febre e de ansiedade,
 
Como se fossem pétalas caindo
Digo as palavras desse nome lindo
Que tu me deste: «Irmã, Soror Saudade…»
 
(Florbela Espanca, «Livro de Soror Saudade», in «Poesia Completa»)
 
Aquilino Ribeiro
Sua obra é marcada por um certo tom provinciano, nacionalista, revelado pela reverência a alguns escritores consagrados e, que, antes dele trataram da questão das tradições portuguesas, como Camilo Castelo Branco e Eça de Queiroz
Temas: culto da religiosidade, valorização dos costumes rústicos, introspecção psicológica 
Obras: via sinuosa, terras dos demo, filhas de Babilônia, Maria benigna e a casa grande de Romarigães.
Presencismo: Ensimesmados
1. 1927 a 1940 – Presencismo – 2ª geração moderna – Enquanto a revista Presença existiu;
Gosto pela alienação social – existência humana, literatura introspectiva.
Freud – O inconsciente humano; na literatura Proust e Dostoiévski;
O Presencismo 
O Presencismo, também conhecido como Geração Presença, representou o segundo momento do Modernismo português, já que o Interregno constituiu apenas uma espécie de intervalo entre os dois primeiros tempos do Modernismo luso. Teve seus ideais veiculados pela revista Presença e entre eles se destacam:
Rejeição das propostas mais radicais do Orfismo e consolidação das menos radicais;
Conservadorismo estético-ideológico;
A estética como finalidade da obra de arte;
Busca de uma literatura neutra, artística;
Concepções de arte metafísicas e abstratas;
Psicologismo, busca do eu - profundo;
Individualismo, evasão dos problemas sociais.
Principais nomes: José Régio, Branquinho da Fonseca e Miguel Torga.
José Régio
José Régio é o pseudônimo de José Maria dos Reis Pereira, um dos fundadores da revista Presença. Sua obra, vasta, compreende poesia, conto, novela, romance, teatro, crítica literária e apresenta as seguintes características:
Modernismo moderado, não radical;
Universalismo temático;
Abordagem introspectiva e psicanalítica: sondagem dos conflitos humanos;
Preocupação religiosa: conflito e oscilação entre forças deístas e demonistas - o Homem à mercê de seu destino;
Tom grandiloquente: influências da poesia do fim do século XIX - aproximações com Antero de Quental e Guerra Junqueiro;
Principais obras:
poesia: Poemas de Deus e do diabo; As encruzilhadas de Deus; Fado; Mas Deus é grande; A chaga ao lado.
prosa: O jogo da cabra cega; O príncipe com orelhas de burro; Os avisos do destino; As monstruosidades vulgares; Vidas são vidas.
Branquinho da Fonseca
Branquinho da Fonseca integrou a direção da revista Presença; cultivou poesia, teatro e conto, com destaque para este último. Entre outras, sua obra apresenta as seguintes características:
Tendência introspectiva e intelectualista e tom onírico e místico - influências do Simbolismo;
Fusão entre o real e o ideal - criação de um ambiente marcado por certo surrealismo poético, com tendência para a alegorização e a simbolização;
Principais obras:
contos: O barão; Caminhos magnéticos; Rio turvo e outros contos, com destaque para O barão, sua obra-prima.
romances: Porta de Minerva; Mar santo.
Miguel Torga
Miguel Torga é o pseudônimo de Adolfo Correia da Rocha, que também pertenceu ao grupo inicial da revista Presença. Sua obra compreende poesia, prosa de ficção e teatro e apresenta como características principais:
Poesia marcada por inquietação religiosa e sondagem existencial - busca de explicações para a condição humana; tom de desespero e revolta;
Presença da mitologia rural;
Principais obras:
poesia: Ansiedade; Rampa; O outro livro de Job; Abismo.
prosa de ficção: A criação do mundo; Montanha; Bichos, com destaque para esta última.
Neorrealismo português
1930 – surgiu em oposição ao “presencistas” com o objetivo de lutar contra a ditadura de Salazar, com suas obras.
Literatura engajada, que lutasse pela conscientização popular de que os anos de censura aproximavam a nação do nazifacismo, em razão de Salazar.
1939- Gaibéus de Alves Redol seria o início mesmo do neorrealismo.
 Os neorrealistas foram fortemente influenciados pelo romance regionalista brasileiro, principalmente pela obra de Graciliano Ramos, José Lins do Rego e Jorge Amado. 
Entre seus conterrâneos, adotaram Eça de Queiroz como modelo inspirador.
Neorrealismo
A terceira geração modernista definia-se por apresentar duas características fundamentais:
Concepção da literatura como produto de um contexto histórico-social específico, de uma realidade concreta.
Denúncia da alienação e dos fatores que tornam possível tal realidade, como a exploração dos trabalhadores, a falta de educação, as precárias condições de saúde e o governo ditatorial.
Como término desse período são citados a morte de Salazar, em 1968 e a revolução dos cravos, 25 de abril de 1974, como possíveis marcos.
Antônio Alves Redol e os trabalhadores da terra
Antônio Alves Redol desponta para a literatura portuguesa no ano de 1939, com a publicação do romance Gaibéus.
O título da obra refere-se aos modestos camponeses de Ribatejo, cuja vida sofrida e injustiçadaé apresentada pelo autor em uma série de episódios que se justapõem, como se formassem manchas, símbolo da existência dessas criaturas sem nome nem esperança.
Gaibéus

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