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1 Bruna Carvalho- Turma 10 MA Introdução Dismenorreia são dores do tipo cólica, acompanhadas ou não de sintomatologias ligadas principalmente ao re- flexo vagal como sudorese e taquicardia, localizadas no hipogástrio, durante o fluxo menstrual. Pode estar as- sociada a outros sinais e sintomas gerais como cefaleia, náuseas, vômitos, diarreia, fadiga, insônia e tremores. Obs.: é uma dor que apresenta momentos de agudiza- ção e de relaxamento, dificilmente se encontra de ma- neira continua. Os sintomas sistêmicos são denominados de exmenor- reia, as cólicas de algomenorréia e o conjunto dos sinais e sintomas de dismenorreia Classificação: Primária: Não está associada a qualquer desordem pélvica que a justifique e que surge após 6 a 24 meses da menarca, coincidindo com o início dos ciclos ovulató- rios (pois é quando a menina começa a ter uma maturi- dade plena do eixo hipotálamo-hipófise-ovariano, es- tando assim mais sujeitas a liberação em dose maiores das prostaglandinas que leva a um quadro de uma menstruação dismenorreica). Secundária: quando está associada a alguma condição ou doença pélvica que seja causa de dor no período menstrual, como endometriose, mioma, pólipos, más for- mações. Nesse caso, costuma ter início alguns anos após a menarca, habitualmente após os 20 anos de idade. Epidemiologia É um quadro extremamente comum A frequência da dismenorréia primária ≥ 18 anos: 16 e 91%, média 70% Em 23 a 34% das vezes pode ser classificada como moderada, por interferir nas atividades cotidianas e exigir uso de analgésicos Enquanto que, outros 15 a 17% não respondem a analgésicos simples e/ou são causa de absen- teísmo, sendo, portanto, classificadas como gra- ves Fatores de risco História familiar e o stress relacionado com o trabalho ou à vida em geral: Principais fatores de risco Idade, a paridade e o uso de anticoncepcionais orais têm uma correlação negativa bem estabe- lecida. Enquanto os partos reduzem o risco de disme- norréia, as gestações terminadas em aborta- mento não têm o mesmo efeito. Há evidências limitadas que a menarca pre- coce, primiparidade tardia, IMC menor que 20 kg/m2, tabagismo, antecedente de abuso se- xual e o fluxo menstrual abundante também possam aumentar o risco de dismenorréia Etiopatogenia A teoria com maior evidência, e que justifica melhor a ocorrência da dismenorreia é a teoria das prostaglan- dinas e dos leucotrienos, que indica que há uma eleva- ção produção de prostaglandinas (PGF2α) e os leuco- trienos. Essas substancias são liberadas no endométrio, principalmente na fase tardia do endométrio secretor (segunda fase do ciclo). Obs.: a segunda fase do ciclo é uma fase onde ela é nutrida pelo corpo luteo, há uma produção de proges- terona e estrógeno, o endométrio fica bastante espes- sado e as glândulas ficam hipertrofiadas, isso para re- ceber o ovulo fecundado. Só que na maioria dos ciclos a mulher não engravida, então com a falência do corpo luteo (idade media de 14 dias), há uma queda nos hor- mônios, o desencadeamento da menstruação e uma de- sintegração do endométrio secretor. Sendo assim, a ní- vel dos lisossomos ocorre o start do ciclo da formação da ciclooxigenase, que em linha final vai produzir prin- cipalmente a PGF2a e os leucotrienos, que apresentam a capacidade de causar vasoconstricção, que leva a is- quemia e pôr fim a dor. Obs.: devido a esse ciclo de formação a dismenorreia apresenta uma boa resposta ao uso de anti-inflamató- rios, pois são esses anti-inflamatórios vão inibir toda essa cascata de eventos do ciclo da cox. No entanto de- vemos lembrar que quando a dor está bastante insta- lada além de utilizarmos uma anti-inflamatório devemos associar um analgésico, pois de qualquer maneira as prostaglandinas já foram lançadas. Essa teoria foi pensada após observar a semelhança da dismenorreia com a dor observada nos abortamentos induzidos por prostaglandinas, a correlação entre a concentração de prostaglandinas endometriais e a in- tensidade da dor e a eficácia dos inibidores da cicloxi- genase no alívio da dismenorreia corroboram essa hi- pótese. Além disso, outros sintomas que surgem nesse pe- ríodo, como náuseas, vômitos e diarreia são efeitos ad- versos dos prostanóides (prostaglandinas) Dismenorreia Dismenorreia e TPM 2 Bruna Carvalho- Turma 10 MA Sendo assim temos: A queda da progesterona no final da fase lútea desestabiliza a membrana dos lisossomos que libera a fosfolipase A fosfolipase gera o ácido aracdônico e ácido icosatetraenoico O ác Aracdônico e o ác icosatetraenoico são os precursores para as vias de síntese das prosta- glandinas, através da cicloxigenase e dos leu- cotrienos, através da lipoxigenase. Essas substâncias, liberadas do endométrio em descamação produz uma redução no limiar de dor, hipercontratilidade miometrial e vaso- constricção uterina, resultando em isquemia e estimulação de receptores de dor Os leucotrienos podem inclusive estar associa- dos aos casos de dismenorréia não responsivas aos anti-inflamatórios não hormonais inibidores da cicloxigenase. O tônus uterino aumenta durante a menstrua- ção, nas mulheres com dismenorreia e as contra- ções são mais frequentes, descoordenadas e com maior pico pressórico. O fluxo vascular uterino está reduzido na dop- pler quando comparado com as mulheres sem dismenorreia, tanto no período menstrual, como durante todo o ciclo Nas mulheres com dismenorreia parece haver uma sensibilização central à dor com alterações cerebrais de natureza funcional e estrutural que modulam para mais o estímulo doloroso, não sendo possível afirmar se essas alterações são causa ou consequência da dor menstrual recor- rente. Na dismenorreia secundária, o mecanismo fisiopatoló- gico varia, de acordo com a natureza da doença envol- vida: Endometriose ou adenomiose: ocorre elevação dos níveis de prostaglandinas Miomas submucosos, pólipos e obstrução cervi- cal: ocorre aumento do tônus uterino Algumas formas de adenomiose ocorrem em mulheres com história de dismenorréia primária, sugerindo que uma hipercontratilidade uterina, mediada por uma super expressão de recepto- res de ocitocina possa predispor inicialmente à dismenorréia e posteriormente a adenomiose, embora não se possa afastar a possibilidade da dismenorréia nesses casos ser decorrente, desde o princípio, de estágios iniciais, não di- agnosticados de adenomiose. Quadro clínico PRIMARIA Dores hipogástricas, tipo cólica, podendo, even- tualmente, ter um caráter constante. Mais intensa na linha média, pode se irradiar para a região dorsal, sacral ou para as coxas. Se iniciam imediatamente antes ou durante o primeiro dia do ciclo menstrual e duram cerca de 12 a 72 horas. Habitualmente ocorrem apenas em ciclos ovula- tórios, se repetindo em praticamente todos os ciclos. Têm início habitualmente após 6 a 24 meses após a menarca, embora possa haver um re- tardo até 5 anos, até que se estabeleçam os ciclos ovulatórios. Tendem a se reduzir com o passar da idade e, notadamente, após o primeiro parto. Cefaleia, náuseas, vômitos, diarreia, insônia, fa- diga, mal estar e tremores que caracterizam a exmenorréia. A anamnese deverá quantificar a intensidade dos sinto- mas, avaliar o grau de interferência nas atividades co- tidianas, questionar o uso prévio e a resposta a medica- ções Na dismenorreia primária o exame físico, os exames la- boratoriais e de imagem são, por definição, normais, embora possam ser encontradas alterações decorrentes de doenças intervenientes sem associação causal com a dismenorreia A dor menstrual além de ser causa de absenteísmo, pode também ter impacto significativo em múltiplos as- pectos da qualidade de vida, como relacionamento fa- miliar, performance profissional, restrição de atividades físicas e recreacionais, alterações do humor e do sono. Essas alterações podem retroalimentaros sintomas do- lorosos, criando um círculo vicioso Causas de dismenorreia secundária Endometriose Adenomiose Dispositivo intrauterino inerte ou de cobre Miomas submucosos Pólipos endometriais Câncer de endométrio Doença Inflamatória pélvica crônica Congestão pélvica (varizes) Estenose cervical Aderências intrauterinas (sinéquias) Patologias de duplicação dos ductos de Muller 3 Bruna Carvalho- Turma 10 MA Diagnóstico diferencial Realizar o diagnóstico diferencial com a dismenorreia secundária: Iniciar a qualquer momento na vida da mulher, usualmente após os 20 anos. Quando muito próximo a menarca, deve-se co- gitar a possibilidade de uma estenose cervical ou septo hemivaginal ou útero bicorno, com um dos cornos não comunicante. Presença de outros sintomas próprios da doença que a determina, tais como SUA, infertilidade, disúria, disquezia e dispareunia. Progressiva e não se acompanhada do cortejo sintomatológico da exmenorréia (diarréia, vô- mitos, cefaléia, fadiga, insônia, mal estar e tre- mores). A dor pode se iniciar vários dias antes da chegada da menstruação e se prolongar após o final do fluxo. A dor que não se localiza na linha média e aquela que não cede com anti-inflamatórios não hormonais e contraceptivos hormonais, pro- vavelmente, corresponde a causas secundárias. Exames complementares Os exames laboratoriais são de pouca ajuda no diagnóstico diferencial: hemograma e pro- vas de atividade inflamatória como velocidade de hemossedimentação e proteína C reativa (DIPA) O CA 125: é um caso a parte pois na dismenor- reia ele não apresenta um fator de contribuição importante, ele serve mais para o seguimento e tratamento de endometriose e tumor de ovário. USG: miomas, pólipos endometriais endometri- omas ou endometriose profunda infiltrativa (usg ev e com preparo intestinal), pode sugerir a presença de adenomiose quando apresenta es- pessamento assimétrico das paredes miometri- ais, cistos miometriais, heterogeneidade miome- trial difusa, ecos lineares estriados no miométrio e perda da definição da junção endomiometrial USG 3D: duplicações dos ductos de Muller Histeroscopia e/ou laparoscopia RNM: Nas duplicações dos ductos de Muller e na endometriose profunda localizada nas por- ções mais altas da pelve e cavidade abdominal, fora do alcance do USG. Na adenomiose tem uma espessura da zona juncional superior a 10- 12 mm. Tratamento: TERAPÊUTICA NÃO-MEDICAMENTOSA: Objetivo: visa reduzir a dor e permitir à paciente rea- lizar suas tarefas cotidianas. Varia dependendo das necessidades de cada paciente, da intensidade da dor e das limitações às terapias indicadas. Todas as pacien- tes merecem receber um esclarecimento da natureza da dor e um conforto psíquico. Termoterapia: mostrou-se superior ao placebo e ao paracetamol e pode melhorar a eficácia de tratamentos não medicamentosos. Não tem efeitos colaterais embora possa ser pouco prá- tico no dia a dia. Atividade física: Um único ensaio clínico com ta- manho amostral pequeno e baixa qualidade metodológica traz evidências de que a ativi- dade física também pode reduzir a dor da menstruação. Os conhecidos e múltiplos benefí- cios da atividade física autorizam sua recomen- dação. Acupuntura e TENS (estimulação nervosa elé- trica transcutânea (TENS) de alta amplitude) A manipulação espinhal por quiropraxia não parece ter eficácia. Há evidências limitadas e de baixa qualidade, de ensaios realizados há mais de 30 anos, de que intervenções comportamentais do tipo trei- namento para manejo da dor e relaxamento possam reduzir a dor e as limitações decorren- tes da dismenorréia. Entre as intervenções dietéticas, a reposição de magnésio e vitamina B1 podem ter algum be- nefício, não havendo ainda evidências conclusi- vas de sua efetividade. Dieta: segundo alguns autores a dieta vegeta- riana pobre em gorduras melhora a dismenor- reia por conta da elevação das SHBG. Exercício físico: o aeróbico e de duração pro- longada estimula o aumento das endorfinas e de serotonina que leva ao alivio da dor, le- vando a maior aporte de magnésio intracelular e ao relaxamento da musculatura uterina, dimi- nuindo a isquemia Vitamina B6 o cloridrato de piridoxina atua au- mentando a síntese da serotonina e dessa forma elevando o aporte de magnésio intracelular, le- vando ao relaxamento da musculatura uterina, diminuindo a isquemia. Semelhante aos exercí- cios físicos. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO Baseia-se no uso dos anti-inflamatórios não-hormonais (AINH) e nos contraceptivos hormonais. Obs.: se advoga muito o uso de ACO contínuos para que ela não menstrue, reduzindo assim as alterações a nível endometrial, melhorando não só a dismenorreia como a tensão pré-menstrual. O AINH: comprovada eficácia na redução da dor quando comparados ao placebo 4 Bruna Carvalho- Turma 10 MA (OR=4,37) e comparados ao paracetamol. Tendo porem uma frequência maior de efeitos colaterais gastrointestinais e levemente maior de efeitos neurológicos leves, principalmente cefaleia, tontura e sonolência com a indometa- cina e o naproxeno o Não há diferença significativa entre a eficácia dos diversos AINH, quando comparados entre si, tampouco entre os AINH não seletivos e os inibidores sele- tivos da COX-2. o Os AINH inibidores seletivos da COX-2 foram associados a incidência aumen- tada de eventos cardiovasculares trom- bóticos por inibição da prostaciclina, sendo alguns, inclusive retirados do mercado. o Na dismenorréia, usados por poucos dias, com a recomendação de ingestão junto com as refeições, em mulheres jo- vens costumam ser raros os efeitos cola- terais graves na prática clínica. Nas mulheres dismenorreicas com interesse em anticoncepção, os anticoncepcionais hormonais parecem ser o tratamento mais adequado. o As pílulas anticoncepcionais combina- das de baixa e média dose reduzem a dor (OR=2,99) quando comparadas com placebo, sem diferença significante entre as doses do estrogênio e os tipos de progestagênios. o Os esquemas contínuos (sem pausa menstrual) trazem um alívio ainda maior da dor. Nas mulheres que não respondem bem ao esquema cíclico, o esquema contínuo pode trazer alívio. Ademais quando houver falha no tto com ACO ou com os AINH, a associação de ambos é uma boa opção terapêu- tica. o Os outros métodos combinados, teriam teoricamente a mesma eficácia da via oral. o O anel contraceptivo tem eficácia se- melhante à pílula o O adesivo transdérmico uma eficácia levemente inferior. o Os métodos exclusivamente de proges- tagênio levam a uma atrofia endome- trial e amenorréia, reduzindo, teorica- mente, a dismenorréias. o O DIU de progestagênio é eficaz em reduzir a dismenorréia, tanto a primá- ria, como aquela associada a endome- triose e à adenomiose. o Os implantes contraceptivos também melhoram a dismenorréia em cerca de três quartos das usuárias. Os agentes tocolíticos, tais como os β-adrenér- gicos, nitroglicerina e nifedipina não tem se mostrado uma opção terapêutica interessante, por apresentarem eficácia menor do que os AINH e incidência maior de efeitos colaterais. Terapêuticas cirúrgicas, tais como a ablação la- paroscópica do nervo uterino (LUNA) e a neu- rectomia pré-sacra, não são habitualmente re- comendadas para o tratamento da dismenor- réia primária, tanto pela baixa força das evi- dências como pelos riscos e efeitos colaterais associados aos procedimentos cirúrgicos. A oscilação hormonal no qual a mulher é exposta du- rante os ciclos ovulatórios fazem com que ela apresente uma maior susceptibilidade a alguns transtornos. Alguns transtornos psiquiátricos são mais frequentes em mulhe- res: alimentares (anorexia e bulimia nervosa), transtor- nos de ansiedade transtorno do pânico, do humor, de ansiedade generalizada, obsessivo-compulsivo e do es- tresse pós traumático. Idade reprodutiva:3 vezes mais riscos de depressão do que os homens. Além de trans- tornos do humor: disforia menstrual, depressão pós parto e depressão perimenopausica. Parece que os efeitos da exposição a esteroides gona- dais do período reprodutivo teria um papel importante na fisiopatogênese desses transtornos na mulher A pre- sença de receptores para esteroides gonadais em nu- merosas áreas cerebrais extra-hipotalâmicas tem esti- mulado as pesquisas para definir seu papel na regula- ção de diversas funções mentais As ações mais estudadas do efeito dos estrógenos sob o SNC é a de modulação da função serotonérgica. A se- rotonina tem um papel importante na regulação do hu- mor e sobre os sintomas dos diversos transtornos psíqui- cos. No transtorno disfórico pré menstrual há uma sensi- bilidade exacerbada nas oscilações bruscas do estro- gênio sérico em mulheres geneticamente vulneráveis ou predispostas SPM: Transtorno neuroendócrino complexo, que afeta o bem-estar físico e emocional das mulheres. Constelação de sintomas emocionais, comporta- mentais e físicos, que ocorrem na fase lútea do CM, resolvendo-se com o início da menstruação 75% das mulheres em idade reprodutiva apre- sentam algum tipo de sintoma pré menstrual e 40% delas com alguma intensidade capaz de prejudicar suas atividades diárias e suas rela- ções interpessoais 5% dessas mulheres sofre de TDPM, que seria uma forma mais grave da SPM, marcadas por sintomas adversos relacionados ao humor Transtornos pré menstruais 5 Bruna Carvalho- Turma 10 MA Apresentação clínica e diagnóstica Sintomas relacionados ao humor: sentimento de tristeza, irritabilidade, ansiedade, choro fácil, labilidade afetiva, humor deprimido, sensação de estar fora do controle, apetite aumentado, fadiga Sintomas cognitivos: dificuldade de concentra- ção, déficit secundário de memória e confusão mental Sintomas comportamentais: inquietação, impul- sividade, retraimento social, agressividade Sintomas físicos: tumefação e dor nas mamas, dor abdominal, edema, cefaleia, sudorese de extremidades, alterações no apetite, ganho de peso, acnes, tonturas, palpitações, dores muscu- lares, náuseas e vômito, fadiga, constipação, oligúria e diminuição da libido Eles variam entre as mulheres e na mesma mu- lher nos diferentes ciclos Lembrar de algumas doenças que podem se exacerbar nesse período: enxaquecas, epilep- sia, transtornos psiquiátricos, síndrome do intes- tino irritável, asma, síndrome da fadiga crônica e alergias Tratamento Antidepressivos: inibidores seletivos da recap- tura de serotonina (ISRS): Primeira linha para pacientes com sintomas predominantes do hu- mor padrão ouro Fluoxetina, sertralina, escitalopram, paroxetina Se usa doses baixas, contínuas ou intermitentes Obs.: pode ser usado somente nos 10 dias que antecede a menstruação ou de uso continuo. Tempo de início de ação mais rápido do que na depressão (1 a 2 dias) Ansiolíticos (alprazolam) 0,25 de 6 em 6 horas. Tomar cuidado pois pode causar dependência. ACO ou apenas a base de progesterona: alivia os sintomas Diuréticos: retenção hídrica Outra: vitamina B6, cálcio, magnésio, vitamina E 1 Bruna Carvalho- Turma 10 MA A mastalgia é uma queixa frequente no consultório de ginecologia, porém não está muito relacionada ao CA de mama. Podemos dividir em: Mastalgia cíclica São aquelas mastalgia relacionadas ao ciclo menstrual, ou seja, sofre interferência dos hor- mônios. Obs.: o estrogênio, produzido na primeira fase do ciclo menstrual (fase folicular), causa repercussões na mama. Durante a fase folicular a mama sofre mitose e cresci- mento celular, quando chega a fase lútea (onde há uma pequena produção de estrogênio mas com predomínio da progesterona) a progesterona vai fazer com haja um extravasamento de liquido/sangue para o estroma da mama, que irá causar um edema, uma sensação de “peso” na região e essa dor causada pela ação hormo- nal. No final da fase lútea com a queda dos hormônios, essas células que entraram em mitose começam a regre- dir (há um apoptose), causando assim uma regressão do caso. Mais comum 30 – 40 anos Varia com o ciclo menstrual Inicia 2 a 7 dias antecedentes a menstruação e melhora após Dor difusa e bilateral e pode irradiar para bra- ções e axilas Resolução espontânea Causa – alterações fisiologicas benignas da mama (AFBM) Mastalgia acíclica Aquelas que não estão relacionadas com os ci- clos menstruais Ocorre nas pacientes na perimenopausa (40-50 anos) Sem associação ao ciclo menstrual – sem inter- ferência hormonal Unilateral ou localizada Causas variam, como traumas, esteatonecrose, mastites agudas ou crônicas, ectasia ductal, tromboflebites superficiais... Obs.: a esteatonecrose ocorre devido um trauma no te- cido gorduroso, que forma áreas de necrose e nódulos. Dor extra mamária Tem origem fora da glândula mamária e irra- dia para ela Origem em parede torácica – costocondrites (Sind. Tietze), neurites, fraturas de arcos costais, tromboflebites de veias superficiais do tórax (doença de Mondor) Origem sistêmica – isquemia cardíaca, doença biliar, úlcera péptica. Obs.: nas costocondrites quando afastamos um pouco a glândula mamaria e tocamos entre as costelas e pró- ximo ao esterno a paciente refere dor. Anamnese Definir dor de origem mamária Dor cíclica ou acíclica Definir possíveis fatores desencadeantes Intensidade da dor o Leve – não interfere na qualidade de vida o Moderada – pouca influência na quali- dade de vida e atividade diária o Severa – interfere na atividade diária Obs.: o tratamento para a mastalgia depende de qual o tipo de patologia que estamos diante. Sinonímias – displasia mamária, doenças fibrocísticas e mastopatia fibrocística. Obs.: os nomes dados acima estão em desuso pois co- notam a uma alteração maligna. Conceito: é uma entidade clínica caracterizada por dor mamária cíclica, adensamentos e presença de cistos. Etiopatogenia Proliferação do epitélio e estroma mamário causando nodulações Fase lútea – estrogênio promove vasodilatação e maior terror GAGs (glicosaminoglicanos); pro- gesterona promove permeabilidade vascular – edema, aumento do volume mamário, sensação de peso e desconforto Fase lútea final – regressão do epitélio por apoptose e estroma intra e extra lobular – me- lhora dos sintomas Picos noturnos de prolactina – podendo apre- sentar galactorreia Mastalgia Alterações funcionais benigna das ma- mas (AFBM) Alterações benignas e malignas da mama 2 Bruna Carvalho- Turma 10 MA Tratamento Medicar o mínimo possível Usar sutiãs adequados Acupuntura ou técnica de relaxamento pois as AFBM estão muito relacionadas ao estresse Medicamentoso em casos mais graves o AINES; o SERM: faz uma ação contraria ao estro- gênio na mama e é excelente para es- sas pacientes, no entanto apresenta di- versos colaterais como uma pseudohi- poestrogenismo; o Antigonadotrófico (Danazol): diminui a ação estrogênica, no entanto causa irri- tabilidade, insônia, ondas de calor, ir- regularidade do ciclo menstrual, além de efeitos de intolerabilidade a medi- cação (náuseas, intolerância gástrica) o Anti-dopaminérgico (bromocriptina): causa uma leve melhora, não tão signi- ficativa o Análogos de GnRH (grosseralina): blo- queia a ação estrogênica, tem como efeito colateral as alterações do hipo- estrogenismo, não pode ser usada por mais de 6 meses portanto não é a pri- meira escolha. o Ac. Gamalinolênico, óleo de prímola, Vit. E, diuréticos, progestágenos – usa muito, mas não são cientificamente com- provados!! Conceito: É a exteriorização do material fluido por um ou mais galactíferos, uni ou bilaterais, espontâneo ou não, fora do ciclo gravídico puerperal 60 – 80% das mulheres em idade reprodutiva apresentam pelo menos um episódio Risco baixopara câncer de mama – 95% cau- sas benignas Etiopatogenia Galactorreia (origem hormonal) Saída de leite bilateral, multiductal, fora do ci- clo gravídico puerperal Causa de hiperprolactinemia o Medicamentoso, tumor hipofisário, en- cefalites o Lesões torácicas – Herpes ou queima- duras, toracotomia o Doença sistêmica – Hiperplasia suprar- renal, Cushing, Addisson... Fisiológica Saída de fluido bilateral, multiductal, provo- cada ou espontânea, multicolorida, esporádica Causa – geralmente por compressão mamária Obs.: ocorre muito em pacientes que vão fazer o auto- exame, e acabam estimulando muito o mamilo. Patogênica Saída de fluido unilateral, espontâneo, colora- ção cristalina ou sanguinolenta Causa – papiloma intraductal (50%), carcinoma intraductal (5 – 15%) Obs.: a coloração varia muito de acordo com a patolo- gia, mas as cristalinas e as serosanguinolentas estão mais relacionadas ao Ca de mama. Diagnóstico Anamnese Uso de fármacos principalmente relacionado as galactorreias Fatores de risco para CA de mama Exame físico Identificar derrame papilar Espontâneo (se for espontâneo ele vai sair sem ser necessário fazer a inspeção mamaria) ou provocado Uni ou multiductal, uni ou bilateral Obs.: quando encontramos um uniductal geralmente é devido uma lesão intraductal, que geralmente é patoló- gica e está associada a malignidade. Quando é multi- ductal geralmente ela vem de outro estimulo, dificil- mente estando relacionada a uma causa maligna. Obs.: causas malignas geralmente são unilateral, geral- mente as causas benignas são bilaterais. Persistente ou intermitente Coloração do fluido o Multicolorido – ectasia ductal o Láctea/leitosa – galactorreia o Amarelo ou seroso – papiloma o Sero-esverdeado – AFBM o Sero-sanguinolento ou água de rocha – carcinoma intraductal o Sanguinolento – papiloma ductal, hi- perplasia intraductal, carcinoma inta- ductal Exames complementares Citopatologia – baixa sensibilidade e especifi- ciadade USG – dilatação ductal, possíveis lesões Fluxo papilar 3 Bruna Carvalho- Turma 10 MA Mamografia – possíveis lesões Laboratoriais – dosagem da PRL; investigar do- enças sistêmicas RM – Lesões intraductais e lesões adicionais – em pacientes jovens/mamas mais densas Tratamento Galactorreia (hiperprolactinemia) - identificar a causa e tratar Fluxo papilar suspeito - retirada cirúrgica do ducto terminal (biópsia desse segmento) Fisiológica - orientação a não manipular o ma- milo Exame físico único ou múltiplos unilaterais ou bilaterais palpáveis- moves, consistência firme- elástica, contornos regulares Características de benignidade USG cistos arredondados ou ovalados ecogenicidade homogênea bordos bem definidos largura > altura reforço acústico posterior sombra lateral Tratamento Abordagem dos cistos Acompanhar com USG – cistos únicos ou múlti- plos PAAF – citologia se o cisto for muito grande Cirurgia (biópsia) o Massa residual pós aspiração o Conteúdo hemorrágico o Recidivas o Cistos complexos Obs.: ao se identificar um cisto com características be- nignas a primeira coisa que devemos fazer é puncionar (PAAF) para avaliar a característica do liquido, e depois se necessário solicitar uma USG. São as infecções mamarias, podem ser: Mastite puerperal: surge no puerpério, devido a presença das fissuras mamarias que servem de porta de entrada para bactérias como o sta- filococcus e streptococcus. Obs.: no tratamento dessas mastites puerperais vamos utilizar AINES, ABT e o desaconselhamento ao aleita- mento materno. Abcesso mamário: podem ocorrer devido a uma mastite puerperal ou fora do ciclo puerperal. Eles ocorrer por uma queda de barreira da pele. Geralmente o seu tratamento é a drena- gem do abscesso, ATB, antiinflamatório e anal- gésicos. Esteatonecrose: é causada por um trauma no te- cido gorduroso, devido uma cirurgia, uma radi- oterapia ou até por uma pancada, que causa uma reação inflamatória no tecido gorduroso e áreas de necrose que podem formar um nódulo. A grande maioria dos casos apresentam resolu- ção espontânea, dificilmente precisa fazer uma cirurgia para retirar essa nodulação. Abcesso subareolar recidivante: é uma doença congênita, ocorre, pois, nas papilas há uma in- vaginação do tecido estratificado do mamilo penetrando nos ductos começando assim a for- mar abcessos de repetição, você drena e trata e depois eles retornam novamente. Sendo assim, o tratamento é a retirada dos ductos que estão acometidos. Eczema areolar: é uma patologia benigna der- matológica bastante pruriginosa, geralmente resulta em uma forma descamativa tanto do mamilo quanto da aréola, que as vezes resulta na formação de uma ulcera. Faz diagnostico di- ferencial com a doença de paget. Ectasia ductal: ocorre por dilatação dos ductos mamários, principalmente dos ductos terminais, essa dilatação vai formar fibrose. Geralmente a conduta é expectante, no entanto se essa fi- brose cause incomodo a paciente, gerando até retração de mamilo a conduta vai ser cirúrgica com a retirada desse segmento de ducto. Silicose: pacientes que colocam próteses mama- rias que se rompem causando um processo in- flamatório. O tratamento é cirúrgico com a troca da prótese. Cistos mamários Mastites 4 Bruna Carvalho- Turma 10 MA Fibradenoma Tumor benigno mais frequente da mama, predominante em mulheres negras, adolescentes e adultos jovens (até 35 anos). Único – mas podem ser múltiplos em 5 - 10% dos casos Unilaterais – mas podem ser bilaterais em 10 – 15% dos casos Benigno – rara malignidade em 0,1 – 0,3% Histologia – fibroelástica com estroma hipocelu- lar (bastante tecido conjuntivo com pequenas quantidades de células) Quadro clínico Tumor arredondado, bem delimitado, móvel, indolor e superfície lisa (imagem em pipoca). Apresentam uma densidade bem homogênea. Exames USG – nódulo hipoecoico, contornos regulares, ovalado (ou com a imagem em pipoca), eco in- terno homogêneo, sombra acústica posterior Mamografia – ovalados ou arredondados, no- dulações grosseiras (pipoca) PAAF- não vem liquido pois se trata de uma le- são solida Punção por agulha grossa- traz uma amostra de tecido no qual podemos fazer o estudo histoló- gico da lesão Biópsia Tratamento Conservador o Pacientes até 35 anos, estáveis, menor de 2cm o Pacientes com mais 35 anos – PAAF para confirmar o Fibroadenoma Cirúrgico o Maiores de 2 cm o Em ritmo de crescimento Tumor filoide Raros – 1% de TU da mama Comum na raça negra, 30 – 40 anos de vida Unilateral (80%), crescimento rápido, volumoso, benigno (mas pode malignizar) Associado ao fibradenoma em 30% dos casos Histopatológico – semelhante ao fibroma, po- rém com estroma hipercelular Obs.: o estroma do fibroadenoma apresenta hipocelu- laridade, já o do tumor filoide é com hipercelularidade. Diagnóstico USG – Tumor volumoso com área cística Mamografia – pode ter dificuldade pelo vo- lume mamário PAAF – não indicados Punção por agulha grossa – limitada Biópsia cirúrgica – excisão da lesão Tratamento Ressecção com margem de segurança Radioterapia – pouca resposta, só em caso de difícil abordagem geralmente é feita como neoadjuvante para que consigamos fazer uma redução do tumor antes da cirurgia. Forma maligna – igual a neoplasia infiltrante Quimioterapia – raramente indicado Papiloma Tumor benigno do epitélio e ducto mamário Maior incidência aos 30 anos Crescimento lento Unilateral, monoductal, hemorrágico ou sero- sanguinolento Tratamento – cirúrgico Obs.: devemos fazer o diagnóstico diferencial com os carcinomas ductais. Adenoma Tumor epitelial com pouco estroma Encontrado em lobo ou papila Neoplasia benigna da mama5 Bruna Carvalho- Turma 10 MA Descarga sanguinolenta Tratamento - cirúrgico Doença de paget Características o Tumor raro, paciente com 60- 70 anos (tem potencial de malignizar) o Envolve ductos, pele e mamilo Sinais e sintomas o Irritação local – prurido ou queimação o Vermelhidão, descamação, vesículas que evolui para úlceras o Diagnóstico diferencial com Eczema: geralmente com o uso do corticoide ele pode apresentar melhoras Diagnóstico o Exames de imagem o Biópsia Tratamento o Mastectomia + radioterapia (toda vez que tem tumor infiltrando) o Forma maligna ou associado a outro tu- mor = tratamento igual a tumor ma- ligno - câncer ductal infiltrativo Hamartoma Tumor benigno, paciente com 40 – 50 anos, mais frequente pós menopausa Formado por tecido glandular, gordura e tecido fibroso Tratamento: retirada completa do tumor Definição Proliferação maligna das células epiteliais que mar- geiam os ductos ou os lobos. As tumorações malignas geralmente se original dentro do ducto e dentro do ló- bulo, dai ela quebra essa barreira do ducto e do lóbulo, acometendo assim o estroma e o parênquima mamário, formando lesões infiltrativas. Pode ser hereditária ou adquirida por exposi- ção ambiental e fisiológica. Podem ser divididos: o Esporádicos (70-80%) o Familiar (20%) o Hereditários (5-10%) Epidemiologia É o câncer mais comum no mundo depois do de pele não melanoma Sudeste epidemiologia maior e no Norte menor Raro antes dos 35 anos, maior incidência após os 50 Raro em homens – por volta de 1% Estimativa INCA – 2018 o Novos casos - 59.700 o Número de mortes homens – 181 o Número de mortes mulheres – 14.206 Evolução Obs.: essa doença apresenta uma origem intraductal ou intralobular, isso a partir de um epitélio normal. 1. Epitélio normal 2. Hiperplasia epitelial típica 3. Hiperplasia epitelial atípica 4. Carcinoma intraductal ou intralobular (in situ) quando não obedece mais a luz do ducto ou a luz do lóbulo 5. Carcinoma invasor Formação e desenvolvimento Uma única célula modificada através de propagação e de mitoses, vai dar origem através de outras células ilhas, formando assim um carcinoma intraductal ou intra- lobular in situ, quando ele atravessa essa barreira ele se transforma em um carcinoma invasivo. A origem do câncer de mama ocorre devido uma alte- ração do DNA celular. Que pode ocorrer por: 1. Inativação de genes supressores: quando há uma mutação germinativa, não ocorre a supres- são da célula, o que faz com que ocorra uma proliferação celular anormal. Há diversas mo- dificações que podem causar essa inativação dos genes, como a perda de heterozigose, o gene BRCA1 (amplificação do braço longo do cromossomo 17), BRCA2 (prolongamento do Neoplasia maligna da mama 6 Bruna Carvalho- Turma 10 MA braço longo do cromossomo 3), p53, CDH1, PTEN, CHEK2. 2. Ativação da oncogênese (proto-oncogenese): ocorre a replicação do braço (Alelo) do DNA. Pode acontecer de 4 formas: a. Translocação cromossômica: quando o braço cromossômico parte e se im- planta em outro local desse braço; b. Amplificação: quando o alelo daquele DNA durante a modificação se multi- plica mais de uma vez, amplificando aquele braço; c. Delação: quando ele quebra e acaba perdendo aquele braço; d. Mutação pontual: quando durante a re- plicação o pareamento das bases nitro- genadas age de forma desordenada. Anamnese Secreção papilar Massas mamárias Dor mamária: geralmente não está presente, quando surge é em estágios mais avançados. Alteração do formato, textura ou tamanho da mama Exame físico Técnica: devemos examinar a inspeção dinâmica quando na estática seguida pela palpação (lembrar de palpar toda a mama, axilas e os linfonodos adjacentes). Obs.: lembrar que há pacientes que o tecido mamário se estende para a axila, por isso devemos sempre ava- liar a área, incluindo na USG que devemos pedir de mama e da região axilar. Características a serem identificadas Temperatura, textura e espessura da pele Dor generalizada ou focal Densidade Assimetria Nodularidade (mama, axilas...) Secreção papilar Obs.: podemos dividir a mama em quadrantes para fa- cilitar a localização e o exame da mama. Obs.: as alterações malignas da mama se encontram mais no quadrante superior externo, pois nele geral- mente encontramos uma quantidade maior de glândulas mamarias. Fatores de risco Sexo feminino Idade avançada (50%, 50 aos 64 anos) Menarca precoce (antes de 12 anos) e meno- pausa tardia Nuliparidade e primoparidade idosa (após 30 anos) Dieta rica em gordura / Obesidade TRH / anticoncepcional Histórico pessoal e familiar de câncer de mama e outros BRCA1 e BRCA2 Lesão de risco Hábitos de vida (álcool, sedentarismo, obesi- dade...) Diagnóstico Autoexame Obs.: de preferencia nas pacientes que menstruam deve ser feito após o período menstrual. Mamografia Serve para o rastreamento, conseguimos ava- liar lesões pequenas intralobulares e intraduc- tais e a presença de calcificações (a única) 7 Bruna Carvalho- Turma 10 MA Rastreamento o Sociedade Americana de Câncer – A partir dos 40 anos o Sociedade Brasileira de Mastologia – 40 a 69 anos o União Europeia – 50 a 69 anos o Ministério da Saúde – 50 a 69 anos, bianual Vocabulário padrão: Obs.: a mama mais jovem é composta majoritariamente por tecido fibroso, e à medida que a mulher vai enve- lhecendo vai ocorrendo uma lipossubstituição. E a ma- mografia se presta a visualizar melhor nos tecidos gor- durosos, no tecido fibroso quem vê melhor é a USG, sendo assim as melhores mamas a serem visualizadas na mamografia é a de categoria A e B. Figura 1. lesão com a ecogenicidade homogênea, bordo regular e bem definido indicando uma possível lesão benigna Figura 2. lesão irregular ou espiculada sendo mais sugestiva de uma lesão maligna Obs.: quanto a distribuição das calcificações quando são grosseiras e espeças na mama falam a favor de benignidade. Quando segue um setor ou estão grupa- das são sinais de malignidade. Obs.: geralmente uma assimetria global (ocupa mais de um quadrante da mama) é da estrutura mamaria, já uma assimetria pontual e mais localizada falava a favor de malignidade, ou até se essa assimetria não foi visu- alizada na mamografia anterior. Obs.: quanto mais lipossubstituida a mama melhor para ver na mamografia. BI-RADS: classifica os achados da mamografia, indica a conduta e o risco da lesão. 8 Bruna Carvalho- Turma 10 MA USG Vantagens o Baixo custo o Ampla disponibilidade o Sem influência da densidade o Acesso aos prolongamentos axilares o Avaliação do pós operatório o Orienta outros procedimentos Desvantagens o Operador Dependente o Dificuldade de visualizar calcificações suspeitas Vocabulário padrão Avaliação do nódulo o Forma – Ovalada, arredondada, irre- gular o Orientação – Largura e altura (normal – largura > altura) o Margem – Circunscrita, indistinta, angu- lada, microlobular ou espiculada o Ecogenicidade – Anecoico, hipoecoico, isoecoico e hiperecoico o Fenômeno acústico posterior – Reforço acústico e sombra acústica PAAF – punção aspirativa por agulha fina Vantagem o Lesões palpáveis ambulatorial o Lesões não palpáveis guiada por ul- trassonografia o Estudo citológico Desvantagem o Falso negativo (5% à 10%) o CA in situ ou microevasivo Biópsia por agulha grossa – Core Biopsy Vantagem o Estudo histológico o Fragmento para melhor acurácia o Pode ser realizada com mãos livres ou assistida de imagem Desvantagem o Lesões muito pequenas o Hematomas e lesões o Pneumotórax Mamotomia Vantagem o Maior amostra tumoral o Lesões suspeitas <1cm Desvantagem o Custo o Sangramentos o Pneumotórax Ressonância magnética Rastreamento depacientes de alto risco Paciente com câncer de mama o Extensão da doença o Recidiva pós cirurgia o Resposta à quimioterapia o Avaliar doença residual Mamas com implantes Mamografia e USG inconclusivos Biopsia cirurgica Incisional Excisional Marcação pré cirúrgica Tipos Histológicos Carcinoma ductal in situ (mais prevalentes) o Carcinoma papilar, cribiforme, micro- papilar, solido Carcinoma lobular in situ (mais prevalentes) Carcinoma ductal infiltrante Carcinoma lobular infiltrante Carcinoma inflamatório (mais agressivo de to- dos) Tumor filoide Doença de Paget Medular Tubular Mucinoso Papilifero Estadiamento Sistema de estadiamento TNM Extensão do tumor primário T Presença e número de linfonodos acometidos N Presença de metástase M 9 Bruna Carvalho- Turma 10 MA Tratamento Carcinoma in situ Cirurgia conservadora (quadrantectomia ou segmentectomia) Sem abordagem axilar Radioterapia Tumor infiltrante Cirurgia Conservadora – tumor < 20% da mama (quadrantectomia ou segmentectomia) Mastectomia – tumor > 20% da mama ou mul- ticêntrico Quimioterapia Radioterapia Abordagem axilar o linfonodo sentinela negativo = sem es- vaziamento o linfonodo sentinela positivo = esvazia- mento Obs.: ter cuidado com o nervo de Bell na abordagem axilar (escápula alada) Tipo de abordagem cirúrgica Mastectomia simples – retirada da mama sem esvaziamento axilar Maddey – retirada da mama e esvaziamento axilar Patey – retirada da mama, peitoral menor, es- vaziamento axilar Halsted – retirada da mama, peitoral maior, peitoral menor e esvaziamento axilar Hormonioterapia SERMS (tamoxifeno) Inibidores da aromatase Supressão ovariana- antagonistas do GnRH, ooforectomia Objetivo o Prevenir recidiva o Prevenção do CA de mama contralate- ral Ana Maria Torquato 7MA TUMORES DE OVÁRIO INTRODUÇÃO: O ovário é um órgão dinâmico, tem linhagem epitelial diversa (no mínimo três linhagens histológicas). De modo geral para dar diagnóstico vai ser pela história clínica, exame ginecológico e achados de imagem (USG). Toda mulher que fizer uma USG pode vir a presença de cistos (funcionais) sem nenhuma repercussão, sendo conduta expectante. Tumor cístico normalmente é benigno; tumor sólido deve ser investigado, pois tem alto risco de ser maligno. O tumor de ovário é silencioso, traiçoeiro, pois é um órgão livre na cavidade, então daqui que ele vá crescer e fazer compressão de órgãos vizinhos vai demorar. Quando ele apresenta sintomatologia/clínica já vai estar com metástase. Em 2/3 dos casos o diagnóstico é tardio. Os tumores não neoplásicos são os mais comuns na idade reprodutiva. Quanto mais avança a idade, tem maior chance de tumor maligno. Mulher pós menopausada: maior frequência de tumor maligno. CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM AS LINHAGENS: 1. Epitélio superficial (são os tumores mais comuns) 2. Células germinativas (20%) 3. Estroma ovariano (menos de 10% - são os tumores produtores de hormônio) São tumores benignos: Tumores superficiais: cistoadenoma seroso, cistoadenoma mucinoso (são os mais importantes). Células germinativas: o mais frequente é o teratoma cístico benigno. Estroma: tumores da tecagranulosa e fibromas. ULTRASSONOGRAFIA: Consegue ter uma sensibilidade de 80-100%. Consegue dizer o volume ovariano. A USG consegue mostrar a topografia exata do tumor (ovarianos ou paraovarianos). Diz o tamanho do tumor, a ecogenicidade, heterogeneidade, se tem a presença de lojas, septos, projeções papilares. O USG mede a espessura da parede do tumor. Quanto mais espessa mais risco de ser maligno. Mulher com idade jovem muitas vezes pode ter conduta conservadora. Quanto mais velha a mulher, mais risco de malignidade. Ana Maria Torquato 7MA Na menacne: cistos funcionais e o teratoma cístico benigno – pode fazer medida conservadora (usando contracepção de uso contínuo para que o ovário seja bloqueado e haja a absorção do cisto). Mulher 50-60 anos: malignos. TUMORES SÓLIDOS E MULTILOCULADOS: 75% SÃO MALIGNOS. IMAGENS OVARIANAS DE TUMOR MALIGNO: Sólidos Císticos porém com projeções sólidas no interior – tumor misto Septos grosseiros e irregulares Septos heterogêneos e espessos – divisórias dos locos Multiloculados Limites imprecisos Cápsulas irregulares e espessas com crescimento de projeções papilares Bilaterais Ecos refringentes no interior Ascite Implantes peritoneais PRINCÍPIOS DO TRATAMENTO: Conduta expectante: em tumores benignos císticos funcionais. Hormonioterapia: cistos persistentes. Punção guiada por USG: precisa ter certeza que é benigno para fazer. Tratamento cirúrgico: via laparoscópica ou laparotomia. TRATAMENTO EXPECTANTE E HORMONIOTERAPIA: Exemplos de cistos que ocorrem de forma fisiológica: Cistos foliculares funcionais: são benignos, conduta expectante. Cistos foliculares: superdistensão do folículo ovariano que se encontra na fase de atresia ou do folículo não roto ou daquele cuja ruptura foi rapidamente ocluída. Nesses casos de superdistensão pode usar hormônio para melhorar. USG: eleição – vai observar cisto folicular único, limites bem precisos, unilaterais normalmente, diâmetro de no máximo 10cm, estrutura anecoica. Tratamento conservador. Cistos luteínicos: costuma dar dor, ocorre um sangramento mais abundante – faz pílula anticoncepcional de uso contínuo para os cistos serem absorvidos mais rápido. Cisto de parede fina repleto de conteúdo sanguíneo. O quadro clínico simula gravidez ectópica, pois há atraso menstrual com metrorragia discreta e dor no baixo ventre. Conduta expectante. TUMORES BENIGNOS (de forma patológica, porém benigno) CISTOADENOMA SEROSO: Ana Maria Torquato 7MA Tipo histológico mais comum de todas as neoplasias ovarianas. 30-50 anos. Maioria das vezes são unilaterais e com superfície externa lisa (diferindo dos malignos que são lobulados). Tratamento cirúrgico (laparotomia/laparoscopia). Caso se faça cirurgia conservadora, deve-se fazer biópsia da gônada contralateral. CISTOADENOMA MUCINOSO: Tumores císticos com superfície lobulada, vascularizada e esbranquiçada. Multiloculados com conteúdo viscoso, denso e gelatinoso. Maioria deles é benigno. Atinge grandes volumes. São moveis, pouco se adere às estruturas vizinhas. Pseudomixoma peritoneal: são implantes de células neoplásicas benignas na cavidade peritoneal. TERATOMA MADURO: Na mulher jovem é a neoplasia mais comum dessa linhagem. 50% de todos os tumores de ovário. Apresenta tecido derivado das três camadas germinativas, embora predomine estruturas epiteliais. Raramente se maligniza. São tumores que podem ter cabelos, dentes. Tratamento: tumorectomia com preservação do tecido ovariano normal. Cuidado para não romper a cápsula, pois pode provocar peritonite química. Recebe o nome de struma ovarii quando ocorre a presença de tecido tireoidiano como único componente ou em grande quantidade: quadro de hipertireoidismo e tireotoxicose. A paciente vai ter um quadro de taquicardia. FIBROMAS – SÍNDROME DE MEIGS: Tumor pequeno sólido e firme. Menacme e próximo a menopausa. Ascite em 40% dos casos e DP. É benigno. TUMORES MALIGNOS DE OVÁRIO Epitélio superficial, células germinativa e o estroma são as principais matrizes de neoplasia. Neoplasia silenciosa. Diagnóstico tardio. Sintomas débeis e pouco expressivos. Muitas vezes o primeiro sintoma é o aumento do volume abdominal por conta da ascite. As neoplasias epiteliais ocorrem em mulheres acima de 35 anos. As neoplasias não epiteliais (germinativas ou estromais) ocorrem em crianças e adolescentes/adultos jovens. O câncer de ovário corresponde a 4% detodos os carcinomas da mulher. 75% desses tumores a doença já vai estar avançada, com metástase. Ana Maria Torquato 7MA CLASSIFICAÇÃO E HISTOPATOLOGIA: O câncer pode ser primário (de origem no ovário) ou metastático. Exemplo de metastático: tumor de krukenberg – é um exemplo de tumor gastrointestinal que metastizou em ovário. São bilaterais na maioria das vezes. Disgerminomas: é o tumor mais frequente das neoplasias malignas das células germinativas. Nessa linhagem o tumor benigno mais comum vai ser o teratoma. Nos disgerminomas o principal marcador que se pede é a gonadotrofina coriônica humana (é produzida pelo tecido embrionário e também por esse tipo de tumor) e as frações séricas das desidrogenases láticas, importante pedir o cariótipo. Tumor de krukenberg: secundário a patologia maligna principalmente do TGI via linfática. Idades de 40-50 anos. Tumor funcionante: alterações menstruais e masculinizantes. FATORES DE RISCO PARA O CARCINOMA: Fatores ambientais: cidade industrializada, alimentos industrializados, corantes, poluição. Fatores reprodutivos: quanto menos filhos tem mais risco para câncer de ovário (nuliparidade). Fator dietético: alimentos ricos em gordura animal, café, leite, carne vermelha – pode corroborar o aparecimento. Infecções virais: parotidites – vírus que tem predileção por células de origem gonadais, podendo levar a uma ooforite. Exposição a agentes químicos. Aspectos genéticos, familiares, endócrinos. Raça branca. Fator protetor: pílula anticoncepcional – protege o câncer, principalmente linhagem epitelial. ETIOPATOGENIA: Duas teorias: 1. Agressão cíclica de seu epitélio por causa das ovulações repetidas, por isso que as mulheres que usam ACO ou que são multíparas estão com menor risco. 2. Significativa frequência após a menopausa que apresente níveis elevados de gonadotrofinas. Nenhuma teoria isolada é satisfatória. Não existe lesões precursoras de câncer de ovário. A presença de fator familiar é de importância grande na etiopatogenese do câncer de ovário. Mulher com mais de dois parentes de primeiro grau com câncer de ovário apresenta um risco de 50% de ter a doença. Em mulheres com história de câncer familiar, a idade de incidência da neoplasia em geral diminui de 10-15 anos nas gerações subsequentes. Ana Maria Torquato 7MA PROPAGAÇÃO: Disseminação transcelomática: 70% dos casos. As células se implantam diretamente na superfície peritoneal. Invasão vascular: 20% dos casos. Sendo a linfática a mais importante. A disseminação se faz para cima. ESTADIAMENTO: Estágio clínico 4 do estadiamento: metástase a distância. QUADRO CLÍNICO: Dor abdominal, crescimento do abdômen, emagrecimento, sintomas gastrointestinais, sintomas urinários, dor lombar, perturbações menstruais, edemas de MMII. Paciente magra, desnutrida, malar proeminente, circulação colateral. USG: Cisto simples: uniloculares, homogêneos, sem áreas solidas ou sem septos e nem ecos em seu interior. Tem septo delgado, com paredes lisas com no máximo 10cm de diâmetro. CA 125: Ana Maria Torquato 7MA É até 35 (Valores normais). Quando se tem um tumor maior e nas fases mais avançadas, esse marcador vai estar mais avançado. Ele sozinho não é indicador de malignidade, precisa vir acompanhado com outras situações. Ele não é patognomônico de tumor de ovário, podendo estar elevado em endometriose, DIPA, adenomiose, diverticulite, cirrose hepática, insuficiência renal, peritonite, câncer de endométrio, etc. CA 125 > 200: pensar em malignidade (câncer mais avançado). CA 125 < 65: indicam bom prognóstico. O mais usado em câncer de ovário é a quimioterapia. 1A (confinado ao ovário): a sobrevida é de 83%.
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