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Análise Financeira e Gestão Orçamental[1]

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IEFP - ISG 
 
 
Análise Financeira e Gestão Orçamental Guia do Formando 
 
 
Ficha Técnica 
 
 
 
 
 
Colecção MANUAIS PARA APOIO À FORMAÇÃO EM CIÊNCIAS EMPRESARIAIS 
Título Análise Financeira e Gestão Orçamental 
Suporte Didáctico Guia do Formando 
Coordenação e Revisão Pedagógica IEFP – Instituto do Emprego e Formação Profissional - 
Departamento de Formação Profissional 
Coordenação e Revisão Técnica ISG – Instituto Superior de Gestão 
Autor Carlos Saraiva Alves/ISG 
Capa IEFP 
Maquetagem ISG 
Montagem ISG 
Impressão e Acabamento JERAMA – Artes Gráficas, Lda. 
Propriedade Instituto do Emprego e Formação Profissional, Av. José 
Malhoa, 11 1099-018 Lisboa 
Edição Portugal, Lisboa, Dezembro de 2004 
Tiragem 1000 exemplares 
Depósito Legal 218235/04 
ISBN 972-732-911-X 
 
Copyright, 2004 
Todos os direitos reservados ao IEFP 
Nenhuma parte deste título pode ser reproduzido ou transmitido, 
por qualquer forma ou processo sem o conhecimento prévio, por escrito, do IEFP 
 
 
 
ÍNDICE GERAL IEFP 
 
Análise Financeira e Gestão Orçamental Guia do Formando
 
Indice Geral 
I. A ANÁLISE FINANCEIRA................................................................................................ 1 
1. Conteúdo......................................................................................................................... 4 
2. Objectivos ....................................................................................................................... 5 
• Resumo....................................................................................................................... 9 
• Questões e Exercícios .............................................................................................. 10 
• Resoluções ............................................................................................................... 11 
II. OS MÉTODOS................................................................................................................ 15 
1. Fluxos Económicos da Empresa................................................................................... 18 
2. Bases Metodológicas .................................................................................................... 20 
3. Métodos ........................................................................................................................ 22 
• Resumo..................................................................................................................... 26 
• Questões e Exercícios .............................................................................................. 27 
• Resoluções ............................................................................................................... 28 
III. PREPARAÇÃO DOS ELEMENTOS PARA ANÁLISE ................................................... 33 
1. Preparação das contas ................................................................................................. 36 
2. Balanço e Demonstração de Resultados ...................................................................... 40 
3. Origens e aplicações de fundos .................................................................................... 50 
• Resumo..................................................................................................................... 53 
• Questões e exercícios............................................................................................... 55 
• Resoluções ............................................................................................................... 56 
IV. OS RÁCIOS ................................................................................................................... 61 
1. Indicadores e Rácios..................................................................................................... 64 
2. Utilidade e limitações dos Rácios.................................................................................. 65 
• Resumo..................................................................................................................... 82 
• Questões e exercícios............................................................................................... 85 
• Resoluções ............................................................................................................... 88 
IEFP Índice Geral 
 
 Guia do Formando Análise Financeira e Gestão Orçamental 
 
V. O EQUILÍBRIO FINANCEIRO.........................................................................................93 
1. Bases do equilíbrio financeiro........................................................................................96 
2. Fundo de maneio líquido .............................................................................................102 
• Resumo ...................................................................................................................110 
• Questões e exercícios .............................................................................................112 
• Resoluções..............................................................................................................114 
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .......................................................................................121 
GLOSSÁRIO......................................................................................................................123 
ANÁLISE FINANCEIRA
E
GESTÃO ORÇAMENTAL
I. A ANÁLISE FINANCEIRA
I. A ANÁLISE FINANCEIRA IEFP 
 
Análise Financeira e Gestão Orçamental Guia do Formando
 
I 
3 
Objectivos 
No final desta unidade temática, o formando deverá estar apto a: 
• Definir a análise financeira e o seu campo de aplicação. 
• Identificar os objectivos a atingir com a análise. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Temas: 
1. Conteúdo – definição e aplicação; 
2. Objectivos – gestão das disponibilidades, rendibilidade e equilíbrio, estruturação financeira, 
processo estratégico, controlo económico-financeiro; 
• Resumo; 
• Questões e exercícios; 
• Resoluções. 
IEFP I. A Análise Financeira 
 
 Guia do Formando Análise Financeira e Gestão Orçamental 
 
I 
4 
1. CONTEÚDO 
‘A teoria financeira consiste num conjunto de conceitos e de modelos de análise quantitativa – os 
conceitos ajudam a organizar o pensamento sobre a melhor forma de utilizar recursos disponíveis 
ao longo do tempo, e os modelos ajudam a avaliar alternativas, a tomar decisões e a pô-las em 
prática.’ 
Zvi Bodie & Robert C. Merton 
‘Finance’, Prentice Hall, New Jersey, 1998 
Definição 
Análise financeira é a actividade que prepara e dá suporte à gestão financeira da empresa. 
Consiste na aplicação de metodologias para interpretar, caracterizar e dominar acontecimentos e 
previsões relativos aos meios financeiros à disposição da empresa para o desenvolvimento das 
suas actividades e às utilizações que destes são feitas. 
Trata-se, em suma, de extrair informações e elaborar conclusões de natureza económico-financeira 
e fundamentais para a gestão, a partir de dados relativos às contas de uma organização, 
criteriosamente seleccionados e especificamente preparados para o efeito. 
Os ‘meios financeiros à disposição’ designam-se genericamente por origens de fundos ou 
financiamento e, usando a nomenclatura do POC, compreendem os ‘capitais próprios’ e o ‘passivo’ 
(que agrupa as diversas naturezas de capitais alheios). As ‘utilizações’ são genericamente 
designadas por aplicações de fundos ou investimento e, segundo o POC, compreendem todas as 
rubricas do ‘activo’ (por grandes grupos de naturezas: imobilizado, existências, crédito concedido a 
terceiros edisponibilidades). 
Por ‘conclusões de natureza económico-financeira’, entende-se: relato sobre os efeitos registados 
num património, por actividades desenvolvidas com base neste e tendo em conta o factor tempo. 
Aplicação 
A análise financeira aplica-se aos acontecimentos com relevância no plano económico (ou da 
criação de excedentes) e no plano financeiro (ou respeitantes ao efeito do tempo sobre o valor 
patrimonial). Quer já tenham sido verificados (como sejam, resultados obtidos em negócios, contas 
de exercícios terminados, comportamentos de custos ou dos proveitos num dado período, formação 
de stocks, crédito concedido a terceiros e outros), quer a estudos e previsões de acontecimentos a 
verificar hipoteticamente no futuro (como sejam, desenvolvimento de actividades, abertura de 
mercados, financiamentos, aplicações de capital, admissão de novos sócios, aumentos de capital, 
concessão de crédito a clientes, oportunidades de novos negócios e outros). 
Para fazer a análise financeira é necessário dispor (e, por vezes, observar em detalhe) de correcta 
informação contabilística, pelo que se torna necessário que esta actividade esteja devidamente 
organizada e com os seus arquivos e registos absolutamente em dia. 
I. A ANÁLISE FINANCEIRA IEFP 
 
Análise Financeira e Gestão Orçamental Guia do Formando
 
I 
5 
2. OBJECTIVOS 
A análise financeira tem como principal objectivo a gestão financeira da empresa. 
Os métodos e tarefas que no seu âmbito se desenvolvem, integram-se no ciclo da gestão da 
empresa (isto é, planear, organizar e controlar) e estão, portanto, fundamentalmente orientados 
para a pesquisa da criação de valor. 
O carácter geralmente interveniente da função financeira – presente em todas as decisões da 
empresa – realiza-se, no fundamental, através da análise, na qual se apoia o exercício interactivo 
de um conjunto de funções complexas, essenciais à estrutura orgânica da empresa. 
Passamos a referir essas funções de forma sintética, organizando-as em cinco grupos: 
1.Gestão das disponibilidades; 
2. Rendibilidade e equilíbrio; 
3. Estruturação financeira; 
4. Processo estratégico; 
5. Controlo económico-financeiro. 
Gestão das disponibilidades 
Gerir as disponibilidades é garantir os meios monetários necessários à exploração, ao menor custo 
e sem aumentar o endividamento perante terceiros. 
A análise financeira entra na gestão financeira de curto prazo, através da elaboração dos 
orçamentos (mensais, trimestrais, anuais) de tesouraria, que se destinam a prever excessos ou 
insuficiências de meios monetários e a encontrar, com antecedência, as soluções mais adequadas 
– quer pelo recurso a fontes de financiamento, quer pelo reajustamento de políticas da empresa, se 
necessário. 
O financiamento da tesouraria faz-se, em geral, pela negociação com clientes e fornecedores, para 
antecipar prazos de recebimento ou dilatar prazos de pagamento (em geral mediante bonificação 
financeira). Quando necessário e possível, recorre-se ao desconto de valores em carteira (letras ou 
facturas). É próprio da análise financeira o cálculo dos ‘custos efectivos’ de financiamento da 
tesouraria e a comparação das diferentes oportunidades. 
A gestão das disponibilidades influencia e é influenciada pelas políticas de crédito concedido a 
clientes e outros, de compras e de existências, as quais estão, por sua vez, interligadas com 
diversas áreas de responsabilidade da empresa (como sejam, comercial, produção, 
aprovisionamentos, logística). 
IEFP I. A Análise Financeira 
 
 Guia do Formando Análise Financeira e Gestão Orçamental 
 
I 
6 
É necessário estabelecer regras acerca de prazos de pagamento das compras, prazos de 
recebimento das vendas, volume de stocks, despesas de funcionamento, publicidade, etc. 
Quando se alteram políticas, a principal preocupação consiste em assegurar que a empresa não 
seja ultrapassada, face à concorrência. 
Em análise financeira faz-se também, por norma, a comparação sectorial de indicadores (prazos de 
recebimento e pagamento, margens e outros) para que a gestão da empresa tenha percepção da 
sua influência relativa nos mercados e possa posicionar-se correctamente em matéria de 
competitividade. 
Rendibilidade e equilíbrio 
Rendibilidade é a capacidade de gerar lucros com o desenvolvimento da actividade da empresa. 
Os lucros formam-se quando, feitas as contas com regularidade (mensal, trimestral, anual) se 
verifica que os proveitos (a facturação aos clientes) é superior aos custos suportados (matérias-
primas e subsidiárias, salários com todos os encargos, bens e serviços que foi necessário adquirir, 
juros bancários, impostos e outros). 
Equilíbrio é a aptidão para fazer corresponder permanentemente os meios monetários disponíveis 
à satisfação dos compromissos de pagamento assumidos com terceiros. 
A empresa que, no desenvolvimento dos seus negócios, obtém taxas de rendibilidade idênticas às 
do seu sector de actividade e que, ao mesmo tempo, assegura o correcto cumprimento dos 
compromissos financeiros e o equilíbrio normal da tesouraria, reúne condições positivas para se 
posicionar com vantagem nos mercados – pelos seguintes motivos: 
1 Porque dá aos seus clientes uma indicação de continuidade e crescimento que é favorável à 
qualidade, à redução dos custos e dos preços e ao aperfeiçoamento das relações de mercado; 
2 Porque dá aos seus fornecedores a segurança de colocação de produtos e serviços, com 
pagamento nas condições contratadas, dá aos bancos sinais de boa gestão, de potencial 
alargamento dos negócios e de viabilidade; 
3 Porque dá aos seus empregados segurança e motivação para trabalharem com qualidade e de 
forma produtiva; 
4 Porque dá à região em que está localizada sinais de empregabilidade e contributo social; 
5 Porque garante ao estado o cumprimento correcto e atempado das suas obrigações sociais e 
contributivas de modo geral. 
A gestão financeira (apoiada na análise) orienta, portanto, num quadro multivariado, a utilização 
dos fluxos provenientes das actividades (facturação, essencialmente) segundo pressupostos de 
equilíbrio e de obtenção de rendibilidade. 
I. A ANÁLISE FINANCEIRA IEFP 
 
Análise Financeira e Gestão Orçamental Guia do Formando
 
I 
7 
 
Estruturação financeira 
A estrutura financeira da empresa encontra-se expressa nos dois ramos do balanço. Desdobra-se 
em: ‘estrutura de investimento’ (também designada por ‘aplicações’ ou ‘activos’) e ‘estrutura de 
financiamento’ (que se designa também por ‘origens’ ou ‘capitais’). 
A estrutura de investimento agrupa as aplicações financeiras - o conjunto de bens e direitos que a 
empresa utiliza no desenvolvimento da sua actividade (equipamentos, stocks, crédito a clientes, 
dinheiro). A estrutura de capitais consiste nas origens financeiras –os capitais dos sócios e os que 
são provenientes do crédito concedido por outros (bancos, fornecedores, estado). 
À estrutura de investimento está associada a característica de liquidez – capacidade de, num certo 
espaço de tempo, cada um dos seus componentes se transformar em meios monetários. A liquidez 
é traduzida em dias (por exemplo, o recebimento far-se-á a x dias, a rotação dos stocks de 
matérias-primas é de y dias). 
Há excepções a isto, que devemos apontar. Assim, o imobilizado (os bens de equipamento e 
outros) não tem directamente associada a condição de liquidez, porque não se destina a ser 
vendido, mas sim utilizado para produzir. Os meios monetários em caixa e bancos, já constituem 
liquidez por si mesmos. 
À estrutura de financiamento está associada a característica de exigibilidade – capacidade de, num 
certo espaço de tempo, cada um dos seus componentes ser devolvido às entidades que os 
emprestaram. A exigibilidade é traduzida em dias (por exemplo, o pagamento será exigível ax 
dias). 
Também aqui há excepções a assinalar - os capitais colocados pelos sócios na empresa não se 
destinam a ser devolvidos, como se de empréstimos se tratasse. Ficam na empresa para apoiar a 
sua actividade e são até reforçados, com lucros não distribuídos. Estes, são considerados como 
capitais sem exigibilidade. 
A definição e verificação das proporções adequadas dos capitais, das formas correctas da sua 
utilização, do cálculo das remunerações (dividendos e juros) que lhes serão devidas e a 
optimização destes fluxos, constituem o objecto da análise no que respeita à estruturação 
financeira – uma questão que tem ligações profundas com a estratégia da empresa. 
Processo estratégico 
A função financeira integra-se na estratégia global da empresa, participando na elaboração do 
diagnóstico, na formulação estratégica, na definição das opções a considerar, na implementação 
dos planos e no seu controlo. 
A análise financeira é essencial ao processo estratégico, desde o diagnóstico – definição dos 
pontos fortes e fracos e das ameaças e oportunidades de que dispõe em mercado, para a 
IEFP I. A Análise Financeira 
 
 Guia do Formando Análise Financeira e Gestão Orçamental 
 
I 
8 
formulação da estratégia – às fases seguintes do processo (consideração das opções e 
implementação estratégica) e às revisões necessárias. 
Compete ao gestor financeiro fazer a tradução dos planos estratégicos em documentos financeiros 
provisionais (balanços, demonstrações de resultados e de tesouraria) por forma a que as decisões 
e os objectivos estratégicos sejam assumidos pelos quadros e por toda a organização, com 
domínio adequado dos respectivos efeitos – em termos económicos, financeiros e monetários. 
Controlo Económico-Financeiro 
Controlar a gestão significa dominar a informação económico-financeira relevante e intervir, com a 
necessária antecipação, para que os objectivos sejam alcançados. 
A informação económica é a que incide sobre o desempenho operacional das diversas funções da 
empresa e permite avaliar da sua eficiência na utilização dos recursos e da respectiva contribuição 
para a formação dos resultados. 
A informação financeira é a que se reporta ao controlo e utilização eficiente dos fluxos de capitais 
(créditos obtidos, cobranças, fundos próprios, etc.) que apoiam as actividades da empresa. 
O controlo exerce-se do topo à base e os meios que mobiliza (humanos, técnicos, informáticos e 
outros) devem estar de acordo com as necessidades relativas da gestão e a importância das 
actividades controladas. O controlo foca, fundamentalmente, o processo de criação de valor da 
empresa. 
A este nível, a análise financeira presta contributo importante para a motivação e desenvolvimento 
das estruturas, proporcionando um melhor conhecimento dos negócios e da gestão, através do 
sistema de informação e do controlo estratégico e orçamental. 
I. A ANÁLISE FINANCEIRA IEFP 
 
Análise Financeira e Gestão Orçamental Guia do Formando
 
I 
9 
Resumo 
1. Análise financeira é a aplicação de metodologias para dominar, interpretar e caracterizar 
acontecimentos e previsões relativos ao conjunto dos financiamentos (próprios e alheios) à 
disposição da empresa e aos investimentos (utilizações expressas em activos) que destes são 
feitas 
2. A análise financeira aplica-se aos acontecimentos com relevância económica (relativos à 
formação de excedentes, margens e resultados) e financeira (respeitantes ao efeito do tempo 
sobre o valor do património), quer tenham sido verificados no passado, quer respeitem a 
estudos e previsões a verificar hipoteticamente no futuro. 
3. Para fazer a análise financeira é necessário dispor da informação contabilística devidamente 
organizada e com arquivos e registos em dia. 
4. carácter geralmente interveniente da função financeira – presente em todas as decisões da 
empresa – realiza-se, no fundamental, através da análise, na qual se apoia o exercício 
interactivo de um conjunto de funções complexas, essenciais à estrutura. 
5. A análise financeira é essencial para assegurar a gestão das disponibilidades, isto é, garantir 
que a empresa disponha dos meios monetários necessários à sua exploração, ao menor custo 
e sem aumentar o endividamento perante terceiros. 
6. A análise financeira utiliza-se para a análise e controlo da rendibilidade e do equilíbrio, 
condições fundamentais de credibilidade, aceitação e integração da empresa no meio em que 
exerce actividade. 
7. A optimização dos fluxos de capitais e dos efeitos (de remuneração e outros) que lhes são 
associados, no sentido da maximização do valor da empresa, constituem o objecto da análise 
para a estruturação financeira – uma questão com profundas conexões com o processo 
estratégico. 
8. A função financeira integra-se na estratégia global da empresa, participando na elaboração do 
diagnóstico, na formulação estratégica, na definição das opções, na implementação dos planos 
e no seu controlo. 
9. A informação económica de controlo é a que incide sobre o desempenho operacional das 
diversas funções da empresa e permite avaliar da sua eficiência na utilização dos recursos e 
da respectiva contribuição para a formação dos resultados. 
10. A informação financeira de controlo é a que se reporta à utilização eficiente dos fluxos de 
capitais (créditos obtidos, cobranças, fundos próprios, etc.) que apoiam as actividades da 
empresa. 
11. controlo exerce-se na empresa do topo à base e os meios que mobiliza devem estar de acordo 
com as necessidades e a importância estratégica e operacional das actividades. 
12. A análise financeira presta igualmente contributo importante na motivação e desenvolvimento 
das estruturas, proporcionando aos quadros da empresa um melhor conhecimento dos 
negócios e da gestão operacional, através da informação e do controlo orçamental. 
IEFP I. A Análise Financeira 
 
 Guia do Formando Análise Financeira e Gestão Orçamental 
 
I 
10 
Questões e Exercícios 
1. O que é a análise financeira? 
2. Como se designam os meios financeiros à disposição da empresa? 
3. Que agregados de contas do POC formam as origens de fundos? 
4. Que grupos de contas do POC respeitam às aplicações de fundos? 
5. O que é a estrutura financeira e como se organiza? 
6. O que é a estrutura de capitais e quais as suas principais rubricas? 
7. O que é a estrutura de investimento e que agregados de contas a constituem? 
8. A que tipo de acontecimentos se aplica a análise financeira? 
9. De que elementos é necessário dispor para efectuar a análise financeira da empresa? 
10. Qual é o objectivo principal da análise financeira? 
11. Quais as funções próprias da área financeira, que se apoiam na análise? 
12. O que é a gestão das disponibilidades? 
13. O que se entende por rendibilidade? 
14. O que se entende por equilíbrio financeiro? 
15. Porque é que a rendibilidade e o equilíbrio financeiro são importantes? 
16. O que é a estruturação financeira e que relação tem com a análise? 
17. Qual a intervenção da análise financeira no processo estratégico? 
18. O que significa controlo económico e financeiro? 
19. A que nível da empresa se faz o controlo de gestão? 
20. Porque é que a análise pode contribuir para motivar e desenvolver? 
I. A ANÁLISE FINANCEIRA IEFP 
 
Análise Financeira e Gestão Orçamental Guia do Formando
 
I 
11 
Resoluções 
1. Análise financeira é a actividade que prepara e dá suporte à gestão financeira da empresa. 
Consiste na aplicação de metodologias para interpretar, caracterizar e dominar acontecimentos 
e previsões relativos aos meios financeiros à disposição da empresa para o desenvolvimento 
das suas actividades e às utilizações que destes são feitas. 
Trata-se, em suma, de extrair informações e elaborar conclusões de naturezaeconómico-
financeira e fundamentais para a gestão, a partir de dados relativos às contas de uma 
organização, criteriosamente seleccionados e especificamente preparados para o efeito. 
2. Os “meios financeiros à disposição” designam-se genericamente por origens de fundos ou 
financiamento. 
3. Compreendem os ‘capitais próprios’ e o ‘passivo’ (que agrupa as diversas naturezas de capitais 
alheios). 
4. Compreendem todas as rubricas do ‘activo’ (por grandes grupos de naturezas: imobilizado, 
existências, crédito concedido a terceiros e disponibilidades). 
5. A estruturação financeira representa o ajustamento sistemático e permanente dos fluxos de 
liquidez e exigibilidade. A estrutura financeira da empresa encontra-se expressa nos dois ramos 
do balanço. Desdobra-se em: ‘estrutura de investimento’ (também designada por ‘aplicações’ ou 
‘activos’) e ‘estrutura de financiamento’ (que se designa também por ‘origens’ ou ‘capitais’). 
6. À estrutura de financiamento está associada a característica de exigibilidade – capacidade de, 
num certo espaço de tempo, cada um dos seus componentes ser devolvido às entidades que os 
emprestaram. A exigibilidade é traduzida em dias (por exemplo, o pagamento será exigível a x 
dias). Também aqui há excepções a assinalar - os capitais colocados pelos sócios na empresa 
não se destinam a ser devolvidos, como se de empréstimos se tratasse. Ficam na empresa 
para apoiar a sua actividade e são até reforçados, com lucros não distribuídos. Estes, são 
considerados como capitais sem exigibilidade. 
7. A estrutura de investimento agrupa as aplicações financeiras - o conjunto de bens e direitos que 
a empresa utiliza no desenvolvimento da sua actividade (equipamentos, stocks, crédito a 
clientes, dinheiro). A estrutura de capitais consiste nas origens financeiras –os capitais dos 
sócios e os que são provenientes do crédito concedido por outros (bancos, fornecedores, 
estado). 
À estrutura de investimento está associada a característica de liquidez – capacidade de, num 
certo espaço de tempo, cada um dos seus componentes se transformar em meios monetários. 
A liquidez é traduzida em dias (por exemplo, o recebimento far-se-á a x dias, a rotação dos 
stocks de matérias-primas é de y dias). 
Há excepções a isto, que devemos apontar. Assim, o imobilizado (os bens de equipamento e 
outros) não tem directamente associada a condição de liquidez, porque não se destina a ser 
vendido, mas sim utilizado para produzir. Os meios monetários em caixa e bancos, já 
constituem liquidez por si mesmos. 
IEFP I. A Análise Financeira 
 
 Guia do Formando Análise Financeira e Gestão Orçamental 
 
I 
12 
8. A análise financeira aplica-se aos acontecimentos com relevância no plano económico (ou da 
criação de excedentes) e no plano financeiro (ou respeitantes ao efeito do tempo sobre o valor 
patrimonial). Quer já tenham sido verificados (como sejam, resultados obtidos em negócios, 
contas de exercícios terminados, comportamentos de custos ou dos proveitos num dado 
período, formação de stocks, crédito concedido a terceiros e outros), quer a estudos e previsões 
de acontecimentos a verificar hipoteticamente no futuro (como sejam, desenvolvimento de 
actividades, abertura de mercados, financiamentos, aplicações de capital, admissão de novos 
sócios, aumentos de capital, concessão de crédito a clientes, oportunidades de novos negócios 
e outros). 
9. Para fazer a análise financeira é necessário dispor (e, por vezes, observar em detalhe) de 
correcta informação contabilística, pelo que se torna necessário que esta actividade esteja 
devidamente organizada e com os seus arquivos e registos absolutamente em dia. 
10. A análise financeira tem como principal objectivo a gestão financeira da empresa. 
11. 
• Gestão das disponibilidades; 
• Rendibilidade e equilíbrio; 
• Estruturação financeira; 
• Processo estratégico; 
• Controlo económico-financeiro. 
12. Gerir as disponibilidades é garantir os meios monetários necessários à exploração, ao menor 
custo e sem aumentar o endividamento perante terceiros. 
13. É a capacidade de gerar lucros com o desenvolvimento da actividade da empresa. 
14. É a aptidão para fazer corresponder permanentemente os meios monetários disponíveis à 
satisfação dos compromissos de pagamento assumidos com terceiros. 
15. 
1. Porque dá aos seus clientes uma indicação de continuidade e crescimento que é favorável à 
qualidade, à redução dos custos e dos preços e ao aperfeiçoamento das relações de 
mercado; 
2. Porque dá aos seus fornecedores a segurança de colocação de produtos e serviços, com 
pagamento nas condições contratadas, dá aos bancos sinais de boa gestão, de potencial 
alargamento dos negócios e de viabilidade; 
3. Porque dá aos seus empregados segurança e motivação para trabalharem com qualidade e 
de forma produtiva; 
4. Porque dá à região em que está localizada sinais de empregabilidade e contributo social; 
5. Porque garante ao estado o cumprimento correcto e atempado das suas obrigações sociais 
e contributivas de modo geral. 
I. A ANÁLISE FINANCEIRA IEFP 
 
Análise Financeira e Gestão Orçamental Guia do Formando
 
I 
13 
16. A estruturação financeira representa o ajustamento sistemático e permanente dos fluxos de 
liquidez e exigibilidade. A definição e verificação das proporções adequadas dos capitais, das 
formas correctas da sua utilização, do cálculo das remunerações (dividendos e juros) que lhes 
serão devidas e a optimização destes fluxos, constituem o objecto da análise no que respeita à 
estruturação financeira – uma questão que tem ligações profundas com a estratégia da 
empresa. 
17. A função financeira integra-se na estratégia global da empresa, participando na elaboração do 
diagnóstico, na formulação estratégica, na definição das opções a considerar, na 
implementação dos planos e no seu controlo. 
A análise financeira é essencial ao processo estratégico, desde o diagnóstico – definição dos 
pontos fortes e fracos e das ameaças e oportunidades de que dispõe em mercado, para a 
formulação da estratégia – às fases seguintes do processo (consideração das opções e 
implementação estratégica) e às revisões necessárias. 
Compete ao gestor financeiro fazer a tradução dos planos estratégicos em documentos 
financeiros provisionais (balanços, demonstrações de resultados e de tesouraria) por forma a 
que as decisões e os objectivos estratégicos sejam assumidos pelos quadros e por toda a 
organização, com domínio adequado dos respectivos efeitos – em termos económicos, 
financeiros e monetários. 
18. Controlar a gestão significa dominar a informação económico-financeira relevante e intervir, com 
a necessária antecipação, para que os objectivos sejam alcançados. 
A informação económica é a que incide sobre o desempenho operacional das diversas funções 
da empresa e permite avaliar da sua eficiência na utilização dos recursos e da respectiva 
contribuição para a formação dos resultados. 
A informação financeira é a que se reporta ao controlo e utilização eficiente dos fluxos de 
capitais (créditos obtidos, cobranças, fundos próprios, etc.) que apoiam as actividades da 
empresa. 
19. O controlo exerce-se do topo à base e os meios que mobiliza (humanos, técnicos, informáticos 
e outros) devem estar de acordo com as necessidades relativas da gestão e a importância das 
actividades controladas. O controlo foca, fundamentalmente, o processo de criação de valor da 
empresa. 
20. Proporciona um melhor conhecimento dos negócios e da gestão, através do sistema de 
informação e do controlo estratégico e orçamental. 
II. OS MÉTODOS
ANÁLISE FINANCEIRA
E
GESTÃO ORÇAMENTAL
II. OS MÉTODOS IEFP 
 
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II 
17 
Objectivos 
No final desta unidade temática, o formando deveráestar apto a: 
• Enunciar os métodos da análise financeira. 
• Caracterizar o método da análise estática. 
• Caracterizar o método da análise dinâmica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Temas: 
1 Fluxos económicos da empresa – reais e monetários: despesas e receitas, pagamentos e 
recebimentos, custos e proveitos; 
2 Bases metodológicas – recolha da informação, análise e tratamento da informação, formulação 
de hipóteses, validação das hipóteses, conclusões e recomendações; 
3 Métodos – análise estática e análise dinâmica; 
• Resumo; 
• Questões e exercícios; 
• Resoluções. 
IEFP II. OS MÉTODOS S 
 
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II 
18 
1. FLUXOS ECONÓMICOS DA EMPRESA 
A diferenciação das condições de desenvolvimento económico, tecnológico, financeiro e social de 
sectores e empresas numa economia, bem como as finalidades distintas a atingir pelos analistas 
financeiros, explicam, no essencial, as diferenças de métodos (o modo como o trabalho se faz) de 
caso para caso. 
Os métodos da análise financeira aplicam-se ao estudo dos fluxos económicos da empresa e à sua 
intervenção no processo de criação de valor. 
Fluxos económicos - Reais e Monetários 
Chamam-se fluxos económicos os movimentos de bens, serviços e meios monetários, da empresa 
para o exterior e vice-versa. 
Quando esses fluxos são constituídos por ‘bens e serviços’, são ‘fluxos reais’ e ocasionam 
‘despesa’ (se a empresa os adquire) ou ‘receita’ (se a empresa os vende). Quando esses fluxos são 
constituídos por ‘meios monetários’ (dinheiro, cheques ou meios equivalentes) são designados por 
‘fluxos monetários’ e geram ‘pagamentos’ (ou desembolsos) ou ‘recebimentos’ (embolsos). 
 
FLUXOS ECONÓMICOS
REAIS (Bens e Serviços) MONETÁRIOS
FORNECEDORES COMPRAS FORNECEDORES
Pagamentos
Despesas Custos STOCKS mp/pi
PRODUÇÃO
Receitas Proveitos STOCKS pa
CLIENTES VENDAS Recebimentos
CLIENTES
INVESTIMENTO
CAIXA & Dep.Ord.
 
Fig. II.1 - Fluxos económicos da empresa 
II. OS MÉTODOS IEFP 
 
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II 
19 
 
Despesas e receitas 
As ‘despesas’ das empresas são compromissos, em geral assumidos para com fornecedores e 
destinam-se a: 
1 Adquirir equipamentos (imobilizado); 
2 Adquirir bens para aprovisionar (existências); 
3 Pagar serviços; 
4 Adquirir bens para consumo (imediato ou quase imediato). 
As despesas das empresas são facturadas pelos fornecedores/credores. 
As ‘receitas’ das empresas são direitos, em geral constituídos perante clientes e provém de: (i) 
facturação de bens ou serviços prestados; (ii) alienação de património. As receitas das empresas 
dão lugar à emissão de facturas, a enviar aos seus clientes/devedores. 
Pagamentos e Recebimentos 
Os ‘pagamentos’ representam a regularização monetária (no imediato ou no futuro) das despesas 
efectuadas. São saídas em dinheiro ou por cheques emitidos. 
Os ‘recebimentos’ representam a regularização monetária (no imediato ou no futuro) das receitas 
geradas. São entradas em dinheiro ou por cheques recebidos. 
Custos e Proveitos
Os ‘custos’ são gerados pela utilização e consumo (dos bens ou dos serviços) numa actividade 
produtiva. Os valores que se registam como ‘custos’, ou são de bens e serviços directamente 
adquiridos para a produção, ou (no caso das matérias-primas e dos bens intermédios) respeitam a 
saídas de ‘stocks’ anteriormente aprovisionados, para uma finalidade específica (fabricar um 
produto, reparar um equipamento, realizar uma tarefa administrativa, etc.). 
A distribuição analítica dos ‘custos’ pelas actividades em que são incorporados é uma ‘imputação 
ou distribuição de custos’ (uma forma de débito interno). 
Os “proveitos” são gerados pela entrega de bens ou pela prestação de serviços a terceiros (aqueles 
com quem temos transacções). Os valores que se registam como ‘proveitos’ têm associada a 
emissão de uma factura (ou documento equivalente, como é o caso da nota de débito para certos 
casos especiais). 
A distribuição analítica dos ‘proveitos’ pelas actividades geradoras, chama-se ‘imputação ou 
distribuição de proveitos’ (uma forma de crédito interno). 
IEFP II. OS MÉTODOS S 
 
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II 
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2. BASES METODOLÓGICAS 
As bases metodológicas da análise financeira assentam nos princípios gerais do método científico, 
desenvolvendo-se em cinco fases: 
1. Recolha da informação; 
2. Análise e tratamento da informação; 
3. Formulação de hipóteses; 
4. Validação das hipóteses; 
5. Conclusões e recomendações. 
Por razões de objectividade, rigor e economia, os métodos (isto é, o modo como se faz a análise) 
são objecto de compatibilização e síntese, tendo em conta o ambiente económico e as finalidades 
da análise. 
A banca tem grande influência normativa, através dos processos de concessão de crédito e no que 
se reporta ao conteúdo e aos modelos de análise das empresas. 
Outras instituições com influência neste campo, são o IAPMEI (Instituto de Apoio às Pequenas e 
Médias Empresas e ao Investimento) e o ICEP (Instituto do Comércio Externo Português) pela sua 
intervenção na aprovação dos projectos com apoio estatal. 
Recolha da Informação 
A informação base da análise é proveniente da contabilidade: balanços, demonstrações de 
resultados e outra informação relevante (como sejam, os balancetes, os contratos de 
financiamento, relatórios e anexos às contas). 
Em geral recolhe-se informação de dois ou três períodos (anos, trimestres, semestres) anteriores, 
dependendo do período a abranger e do trabalho final a apresentar. 
Existe outra informação (não contabilística) também importante, como os orçamentos e planos, os 
organigramas, o quadro de pessoal, o absentismo, os volumes de produção e consumos 
associados (matérias-primas, embalagem, etc.), os produtos e serviços da empresa, as quotas de 
mercado, o controlo de qualidade e outras. 
Finalmente, obtém-se informação sectorial (que a empresa, de um modo geral, tem, ou que se 
pode obter através das associações do sector ou das centrais de balanços dos grandes bancos), ou 
seja, dados sobre a concorrência, estatística actualizada, estrutura de custos e proveitos do sector, 
níveis de investimento e crédito. 
Análise e Tratamento da Informação 
A informação recolhida é ordenada, classificada e seleccionada, de forma criteriosa e para 
servir, de modo expedito e eficiente, as finalidades do trabalho que se deseja executar. 
As demonstrações financeiras obtidas da contabilidade são verificadas, para garantir que têm 
correspondência com movimentos reais efectivamente feitos. Em seguida, procede-se à introdução 
II. OS MÉTODOS IEFP 
 
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II 
21 
de correcções (por processos extra-contabilísticos) a fim de dar relevo a determinados aspectos 
considerados importantes na óptica da análise a efectuar (ver: 2.3. Métodos). 
A partir das demonstrações (de períodos sucessivos) rectificadas e dos mapas demonstrativos 
auxiliares que sobre as mesmas se preparam, trabalha-se um conjunto de indicadores, para o 
estudo da situação económica e financeira. 
Formulação de Hipóteses 
Formulam-se hipóteses por dois processos: 
• Recorrendo a comparações com o passado; 
• Criando cenários para o futuro, para servirem igualmente de elementos comparativos. 
O passado da empresa (e do sector) está geralmente publicado (contas, anexos e relatórios de 
gestão). O futuro, está nos planos a médio ou longo prazo, nas análises das associações sectoriais, 
na própria visão dos gestores sobre a empresa. 
Os problemas financeiros que possam ser encontrados, em geral não existem de ‘per si’. Decorrem 
de dificuldades na área comercial, problemas dedomínio tecnológico, questões entre pessoas, 
formulação estratégica inadequada, posicionamento desajustado face à concorrência e outros. 
Para dar conteúdo analítico-financeiro às hipóteses, deve-se trabalhar por tentativas e com grande 
cuidado, para que não sejam emitidas opiniões destituídas de sentido e afastadas da realidade. 
Validação das Hipóteses 
Validar é verificar compatibilidades e testar afirmações. Se necessário, devem ser revistos 
aspectos parcelares. Os pontos de vista do analista devem ser submetidos à apreciação da 
gestão da empresa analisada, para conhecer outras opiniões e confrontar a aderência das 
teses avançadas. 
 
Conclusões e Recomendações 
A apresentação das conclusões é o topo do trabalho. Sem conclusões, não se pode dizer 
que está feita a análise financeira. 
As conclusões apresentam-se por escrito e a sua validação deve ser feita, com os responsáveis da 
empresa que foi objecto do trabalho, por forma a que exista o mais amplo esclarecimento entre as 
partes (gestão da empresa e analista) acerca do trabalho efectuado. 
É normal que o relatório de Conclusões contenha igualmente um conjunto de Recomendações, em 
geral respeitantes à rectificação de procedimentos ou à introdução de medidas de controlo. 
IEFP II. OS MÉTODOS S 
 
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II 
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3. MÉTODOS 
Os métodos da análise financeira destinam-se a assegurar a máxima compreensão por parte de 
não-especialistas (como são, afinal, a maioria dos gestores de empresa) no que se refere aos 
procedimentos, recomendações e conclusões da análise. 
A par do rigor e credibilidade técnica (no plano nacional e internacional) que deve assegurar, a 
análisefinanceira deve também proporcionar apoio para as decisões empresariais na vertente 
económico-financeira, considerando condições concretas de complexidade de estruturas e de 
negócios, de desenvolvimento dos mercados e de globalização das economias. 
Os elementos-base da análise são, como se sabe, as contas preparadas na óptica fiscal. O analista 
tem, portanto, que saber compatibilizar e validar tais dados (cuja natureza é estática) por forma a 
obter indicadores adequados às condições (essencialmente dinâmicas) da gestão. 
Entretanto, por razões de simplificação, assume-se que existem dois métodos, sendo um 
designado por ‘estático’ (ou clássico) e o outro por ‘dinâmico’ (ou de mudança), com características 
distintas (na forma e no conteúdo) conforme abaixo se explica. 
O trabalho do analista não consiste, no entanto, na opção por um dos métodos, consoante o 
objecto e as finalidades da análise, para em seguida desenvolver uma formulação determinada e 
escrever as conclusões. 
A análisefinanceira moderna é exigente e complexa. Remete para a síntese dos métodos, com 
percepção ampla da empresa e do seu meio envolvente, compatibilização de processos e 
observação rigorosa de procedimentos (onde necessário). 
A análisefinanceira deve proporcionar total aderência de conclusões e recomendações ao 
ambiente económico e empresarial a que se aplica. 
Método de Análise Estática 
A análisefinanceira estática (ou clássica) é orientada para a visão da ‘empresa estável’, que 
assegura sem grandes alterações a sua continuidade. Parte das demonstrações contabilísticas 
fundamentais (balançoe demonstração de resultados) corrigidas (ver: 3. Preparação das contas 
para análise) para evidenciar ‘reservas ocultas (activos subavaliados e custos sobreavaliados)’ e 
‘prudência fiscal’ (nível das provisõese amortizações), na óptica da análise bancária para 
concessão de crédito. 
Os indicadores são em geral rácios simples (ver: 4. Rácios) referentes a períodos longos (anuais ou 
semestrais) com validação quantitativa (comparação numérica). 
A análise estática é bastante utilizada em relatórios de contas das grandes empresas participadas 
pelo estado. 
II. OS MÉTODOS IEFP 
 
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II 
23 
A comparação sectorial dos indicadores (da estrutura financeira, da rendibilidadee do 
equilíbrioassume importância primordial nas conclusões. 
 
Método de Análise Dinâmica 
A análise financeira dinâmica (ou de mudança) é orientada para a gestão estratégica (a visão 
criativa do futuro) e para o planeamento a curto prazo – e, portanto, para a visão da empresa como 
um sistema com características próprias e movimentos próprios, diferenciados, de que a 
componente financeira é parte integrante. 
As contas para análise são relativas a períodos curtos (trimestre ou mês) e é dada bastante 
atenção à análise das variações dos fluxos económico- financeiros em períodos consecutivos. A 
rectificação dos balanços (ver: 3. Preparação dos elementos para análise) tem como objectivo 
evidenciar ‘o valor da empresa’ que se exprime, aliás, na dinâmica das origens e aplicações de 
fundos. 
A comparação sectorial (baseada nos indicadores clássicos) assume, neste contexto, relativo 
interesse. Preferência por informação estatística (interna e externa), análises dos mercados e do 
ambiente concorrencial. 
Síntese dos Métodos 
A análise financeira moderna acompanha o desenvolvimento e a evolução da economia. Portanto, 
os analistas aplicam-se criativamente na síntese dos métodos (estático e dinâmico) para garantir 
que, em matéria de procedimentos, recomendações e conclusões, existe perfeita correspondência 
com a complexidade das decisões necessárias à gestão. 
A orientação da análise financeira para a síntese e compatibilização dos métodos acima descritos, 
significa o reconhecimento do seguinte: 
• A análisefinanceira clássica ocupa um espaço próprio, aplicável à generalidade das empresas 
com contas organizadas e orienta-se, nos conteúdos, conclusões e recomendações, pela 
óptica da concessão de crédito bancário. É essencialmente compreensível por não-especialistas. 
• A passagem à análise financeira dinâmica surge como um imperativo necessário para 
corresponder ao desenvolvimento sectorial das actividades, à expansão dos negócios e à 
globalização das economias. Implica estruturas bastante organizadas, amplo domínio das 
actividades e negócios e gestão empresarial avançada. 
A síntese dos métodos torna igualmente necessário que, como tarefa preparatória da análisese 
estude o sector, se percebam os canais de negócio e o ambiente concorrencial, se faça uma 
avaliação rápida da estrutura e dos sistemas de funcionamento, se percebam as estratégias e as 
orientações da organização (ou seja, as suas políticas) para gerar resultados. 
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Na perspectiva em que actualmente se desenvolvem as actividades empresariais, a apreensão 
correcta e integral dos acontecimentos é um processo de envolvimento pessoal continuado. 
Este mesmo conceito é bastante apropriado para definir a actividade do analista financeiro, quer na 
síntese metodológica, quer na aprendizagem dos seus resultados. O domínio global da analyse é 
um saber que nunca se pode assumir como adquirido na sua totalidade, que evolui ao ritmo normal 
da mudança dos sistemas de informação. 
Orientação da Análise 
De posse das contas (encerradas) do período a analisar, o analista precisa de definir previamente 
as questões importantes a atender e o modo como vai realizar a análise 
A orientação da análise (pontos a privilegiar, questões especiais, natureza e fiabilidade dos 
elementos disponíveis, etc.) é definida após a elaboração de um ‘diagnóstico rápido’ da empresa, 
abrangendo: 
Identificação: 
1. Produtos/serviços (ramo de actividade). 
2. Mercados (distribuição em %): 
Interno 
Comunidade Europeia (euro) 
Comunidade Europeia (outros) 
Estados Unidos 
Outros (quais?) 
Recursos (de gestão, técnicos e humanos):3. Gestão (exercício efectivo): 
Sócios/accionistas 
Gestores não sócios 
Familiar 
Outra (qual/como?) 
4. Factores-chave/questões especiais a considerar. 
5. Periodicidade das contas: 
Mensal 
Trimestral 
Semestral 
Anual 
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Pontos a Focar: 
1. Finalidades da análise 
2. Destinatários da análise 
Este diagnóstico permite organizar a súmula de ORIENTAÇÃO da ANÁLISE, nos seguintes 
pontos: 
1. Âmbito da rectificação (com referência ao Balanço). 
2. Indicadores e mapas auxiliares. 
3. Questões especiais a considerar. 
Este documento de trabalho é arquivado, para consulta frequente, tendo nomeadamente em vista a 
elaboração do relatório. 
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Resumo 
1. Os métodos da análise financeira aplicam-se ao estudo dos fluxos económicos da empresa e à 
sua intervenção no processo de criação de valor . 
2. Chamam-se fluxos económicos os movimentos de bens, serviços e meios monetários, da 
empresa para o exterior e vice-versa. 
3. Fluxos reais, são os fluxos económicos de bens e serviços e fluxos monetários são os fluxos 
económicos de dinheiro, cheques ou meios equivalentes. 
4. Despesas são compromissos assumidos com fornecedores e outros credores, para adquirir 
equipamentos, bens para aprovisionar, bens para consumir e obter serviços, incluindo os 
financeiros. Dão lugar a facturação (ou movimento equivalente) por parte de terceiros. 
5. Receitas são direitos constituídos perante clientes e outros devedores, provenientes de: bens 
vendidos, serviços prestados, aplicações financeiras ou património alienado. Geram proveitos 
de diversa natureza. 
6. Pagamentos são regularizações monetárias de despesas efectuadas. Recebimentos são 
regularizações monetárias de receitas geradas. 
7. Custos são utilizações e consumos de bens e serviços numa actividade produtiva. Proveitos 
são entregas de bens ou prestações de serviços a terceiros, com emissão de factura ou 
documento equivalente, sobre terceiros. 
8. A metodologia da análise baseia-se no método científico e desenvolve-se em cinco fases: 
Recolha da informação; análise e tratamento; formulação de hipóteses; validação; conclusões. 
9. A diferenciação existente entre os sectores e unidades empresariais, as diferentes condições 
de desenvolvimento económico, tecnológico, financeiro e social, bem como as finalidades 
distintas dos trabalhos a efectuar, são factores explicativos da utilização de métodos 
diferenciados para a análise. 
10. Razões de simplificação teórica, permitem afirmar que existem dois métodos, sendo um deles 
designado por ‘estático (ou clássico) e o outro por ‘dinâmico’ (ou de mudança), com 
características distintas (na forma e no conteúdo). 
11. Por razões de objectividade, rigor e economia, os métodos compatibilizam-se e ajustam-se às 
finalidades do trabalho, por forma a proporcionar a máxima aderência, relativamente ao 
ambiente a que se aplica a análise 
12. Na analyse estática (clássica): contas de períodos longos (anuais ou semestrais). Balanços 
corrigidos para evidenciar reservas ocultas e introduzir prudência (provisões, amortizações 
Indicadores simples (estrutura, rendibilidade, equilíbrio). Óptica bancária. Comparação 
sectorial de indicadores. 
13. Na análise dinâmica (de mudança): contas de períodos curtos (trimestrais ou mensais) para 
análise das variações dos fluxos. Balanços corrigidos para evidenciar o valor da empresa. 
Indicadores compostos (articulação complexa de rácios). Análise marginal. Óptica da gestão 
estratégica (visão criativa do futuro). 
14. A análise financeira moderna remete para a síntese dos métodos, com percepção ampla da 
empresa e do seu meio envolvente, compatibilização inteligente de processos e observação 
rigorosa de procedimentos (onde necessário). 
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Questões e Exercícios 
1. O que são fluxos económicos da empresa? 
2. Que tipos de fluxos económicos distingue? 
3. Explique a diferença entre despesa, receita, pagamento e recebimento. 
4. O que são custos e proveitos? 
5. Enuncie as cinco fases de desenvolvimento do método da análise financeira. 
6. Qual a aplicação dos métodos de análise financeira? 
7. Porque é que os métodos de análise devem ajustar-se às finalidades? 
8. Em que consiste a recolha da informação para análise? 
9. Como se procede na fase da análise e tratamento da informação? 
10. Como e porque é que se formulam hipóteses sobre as contas em análise? 
11. O que é a validação das hipóteses formuladas? 
12. O que são as conclusões e recomendações da análise? 
13. Como devem apresentar-se as conclusões e recomendações? 
14. O que são métodos de análise financeira? 
15. O que significa corrigir o balanço das ‘reservas ocultas’? 
16. Qual é a orientação dominante do método clássico? 
17. O que é que caracteriza o método de análise dinâmica ? 
18. Porque é que se corrigem as contas ? 
19. Que factores tornam recomendável a síntese dos métodos de análise? 
20. Porque razão se afirma que a análise financeira está ligada à economia? 
21. O que entende por ‘análise da concorrência’? 
Exercício Prático 
Preparar um ‘diagnóstico rápido’ aplicável à empresa ‘PNTB,sa’, cujas contas, dos anos (n-2), (n-1) 
e (n), vão ser analisadas (vide pontos 3.5., 4.5. e 5.4. designados como 'Avaliação – Exercício 
Prático') 
IEFP II. OS MÉTODOS S 
 
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Resoluções 
1. Chamam-se fluxos económicos os movimentos de bens, serviços e meios monetários, da 
empresa para o exterior e vice-versa. 
2. Quando esses fluxos são constituídos por ‘bens e serviços’, são ‘fluxos reais’ e ocasionam 
‘despesa’ (se a empresa os adquire) ou ‘receita’ (se a empresa os vende). Quando esses fluxos 
são constituídos por ‘meios monetários’ (dinheiro, cheques ou meios equivalentes) são 
designados por ‘fluxos monetários’ e geram ‘pagamentos’ (ou desembolsos) ou ‘recebimentos’ 
(embolsos). 
3. 
Despesas e receitas 
As ‘despesas’ das empresas são compromissos, em geral assumidos para com fornecedores e 
destinam-se a: 
Adquirir equipamentos (imobilizado); 
Adquirir bens para aprovisionar (existências); 
Pagar serviços; 
Adquirir bens para consumo (imediato ou quase imediato). 
As despesas das empresas são facturadas pelos fornecedores/credores. 
As ‘receitas’ das empresas são direitos, em geral constituídos perante clientes e provém de: (i) 
facturação de bens ou serviços prestados; (ii) alienação de património. As receitas das 
empresas dão lugar à emissão de facturas, a enviar aos seus clientes/devedores. 
Pagamentos e recebimentos 
Os ‘pagamentos’ representam a regularização monetária (no imediato ou no futuro) das 
despesas efectuadas. São saídas em dinheiro, por cheques emitidos ou transferências 
bancárias. 
Os ‘recebimentos’ representam a regularização monetária (no imediato ou no futuro) das 
receitas geradas. São entradas em dinheiro ou por cheques recebidos. 
4. 
Custos e proveitos 
Os ‘custos’ são gerados pela utilização e consumo (dos bens ou dos serviços) numa actividade 
produtiva. Os valores que se registam como ‘custos’, ou são de bens e serviços directamente 
adquiridos para a produção, ou (no caso das matérias-primas e dos bens intermédios) 
respeitam a saídas de ‘stocks’ anteriormente aprovisionados, para uma finalidade específica 
(fabricar um produto, reparar um equipamento, realizar uma tarefa administrativa, etc.). 
A distribuição analítica dos ‘custos’ pelas actividades em que são incorporados é uma 
‘imputação ou distribuição de custos’(uma forma de débito interno). 
Os “proveitos” são gerados pela entrega de bens ou pela prestação de serviços a terceiros (aqueles 
com quem temos transacções). Os valores que se registam como ‘proveitos’ têm associada a 
II. OS MÉTODOS IEFP 
 
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emissão de uma factura (ou documento equivalente, como é o caso da nota de débito para certos 
casos especiais). 
A distribuição analítica dos ‘proveitos’ pelas actividades geradoras, chama-se ‘imputação ou 
distribuição de proveitos’ (uma forma de crédito interno). 
5. As bases metodológicas da análise financeira assentam nos princípios gerais do método 
científico, desenvolvendo-se em cinco fases: 
1 Recolha da informação. 
2 Análise e tratamento da informação. 
3 Formulação de hipóteses. 
4 Validação das hipóteses. 
5 Conclusões e recomendações. 
6. Os métodos da análise financeira destinam-se a assegurar a máxima compreensão por parte de 
não-especialistas (como são, afinal, a maioria dos gestores de empresa) no que se refere aos 
procedimentos, recomendações e conclusões da análise. 
7. A par do rigor e credibilidade técnica (no plano nacional e internacional) que deve assegurar, a 
análise financeira deve também proporcionar apoio para as decisões empresariais na vertente 
económico-financeira, considerando condições concretas de complexidade de estruturas e de 
negócios, de desenvolvimento dos mercados e de globalização das economias. 
8. A informação base da análise é proveniente da contabilidade: balanços, demonstrações de 
resultados e outra informação relevante (como sejam, os balancetes, os contratos de 
financiamento, relatórios e anexos às contas). 
9. Em geral recolhe-se informação de dois ou três períodos (anos, trimestres, semestres) 
anteriores, dependendo do período a abranger e do trabalho final a apresentar. 
Existe outra informação (não contabilística) também importante, como os orçamentos e planos, 
os organigramas, o quadro de pessoal, o absentismo, os volumes de produção e consumos 
associados (matérias-primas, embalagem, etc.), os produtos e serviços da empresa, as quotas 
de mercado, o controlo de qualidade e outras. 
Finalmente, obtém-se informação sectorial (que a empresa, de um modo geral, tem, ou que se 
pode obter através das associações do sector ou das centrais de balanços dos grandes 
bancos), ou seja, dados sobre a concorrência, estatística actualizada, estrutura de custos e 
proveitos do sector, níveis de investimento e crédito. 
A informação recolhida é ordenada, classificada e seleccionada, de forma criteriosa e para 
servir, de modo expedito e eficiente, as finalidades do trabalho que se deseja executar. 
As demonstrações financeiras obtidas da contabilidade são verificadas, para garantir que têm 
correspondência com movimentos reais efectivamente feitos. Em seguida, procede-se à 
introdução de correcções (por processos extra-contabilísticos) a fim de dar relêvo a 
determinados aspectos considerados importantes na óptica da anállise a efectuar (ver: 2.3. 
Métodos). 
IEFP II. OS MÉTODOS S 
 
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A partir das demonstrações (de períodos sucessivos) rectificadas e dos mapas demonstrativos 
auxiliares que sobre as mesmas se preparam, trabalha-se um conjunto de indicadores, para o 
estudo da situação económica e financeira. 
10. Formulam-se hipóteses por dois processos: 
Recorrendo a comparações com o passado; 
Criando cenários para o futuro, para servirem igualmente de elementos comparativos. 
O passado da empresa (e do sector) está geralmente publicado (contas, anexos e relatórios de 
gestão). O futuro, está nos planos a médio ou longo prazo, nas análises das associações 
sectoriais, na própria visão dos gestores sobre a empresa. 
Os problemas financeiros que possam ser encontrados, em geral não existem de ‘per si’. 
Decorrem de dificuldades na área comercial, problemas de domínio tecnológico, questões entre 
pessoas, formulação estratégica inadequada, posicionamento desajustado face à concorrência e 
outros. 
Para dar conteúdo analítico-financeiro às hipóteses, deve-se trabalhar por tentativas e com 
grande cuidado, para que não sejam emitidas opiniões destituídas de sentido e afastadas da 
realidade. 
11. Validar é verificar compatibilidades e testar afirmações. 
12. A apresentação das conclusões é o topo do trabalho. Sem conclusões, não se pode dizer que 
está feita a análise financeira. 
13. As conclusões apresentam-se por escrito e a sua validação deve ser feita, com os responsáveis 
da empresa que foi objecto do trabalho, por forma a que exista o mais amplo esclarecimento 
entre as partes (gestão da empresa e analista) acerca do trabalho efectuado. 
É normal que o relatório de Conclusões contenha igualmente um conjunto de Recomendações, 
em geral respeitantes à rectificação de procedimentos ou à introdução de medidas de controlo. 
14. Os métodos da análise financeira destinam-se a assegurar a máxima compreensão por parte de 
não-especialistas (como são, afinal, a maioria dos gestores de empresa) no que se refere aos 
procedimentos, recomendações e conclusões da análise. 
15. Parte das demonstrações contabilísticas fundamentais (balanço e demonstração de resultados) 
corrigidas para evidenciar ‘reservas ocultas (activos subavaliados e custos sobreavaliados). 
16. A análise financeira estática (ou clássica) é orientada para a visão da ‘empresa estável’, que 
assegura sem grandes alterações a sua continuidade. 
17. A análise financeira dinâmica (ou de mudança) é orientada para a gestão estratégica (a visão 
criativa do futuro) e para o planeamento a curto prazo – e, portanto, para a visão da empresa 
como um sistema com características próprias e movimentos próprios, diferenciados, de que a 
componente financeira é parte integrante. 
II. OS MÉTODOS IEFP 
 
Análise Financeira e Gestão Orçamental Guia do Formando
 
II 
31 
18. 'A análise financeira é feita sobre documentos de natureza contabilística – o balanço e a 
demonstração de resultados líquidos. No entanto, estes documentos não respondem por inteiro 
às exigências da análise (...) Além disso, a concepção da normalização contabilística adere 
mais a princípios jurídico-patrimoniais do que a princípios financeiros, pelo que será 
conveniente que os analistas não se iludam com as aparências. Só um autêntico domínio da 
técnica contabilística, nos campos teórico e prático, permite ao analista financeiro ter uma 
consciência das dificuldades e implicações que os métodos contabilísticos podem ter sobre 
certas rubricas, alterando-lhes o sentido financeiro.' 
João Carvalho das Neves 
Análise Financeira – métodos e técnicas. 
Texto Editora, Lisboa, 1991. 
A preparação das contas para a análise, é um procedimento necessário, através do qual se faz a 
transformação das demonstrações contabilísticas em demonstrações financeiras, tendo em vista a 
obtenção do valor fiel e verdadeiro da empresa em análise. 
19. Implica estruturas bastante organizadas, amplo domínio das actividades e negócios e gestão 
empresarial avançada. 
20. A análise financeira moderna acompanha o desenvolvimento e a evolução da economia. 
Portanto, os analistas aplicam-se criativamente na síntese dos métodos (estático e dinâmico) 
para garantir que, em matéria de procedimentos, recomendações e conclusões, existe perfeita 
correspondência com a complexidade das decisões necessárias à gestão. 
A síntese dos métodos torna igualmente necessário que, como tarefa preparatória da análisese 
estude o sector, se percebam os canais de negócio e o ambiente concorrencial, se faça uma 
avaliação rápida da estrutura e dos sistemas de funcionamento, se percebam as estratégias e 
as orientações da organização (ou seja, as suas políticas) para gerarresultados. 
Na perspectiva em que actualmente se desenvolvem as actividades empresariais, a apreensão 
correcta e integral dos acontecimentos é um processo de envolvimento pessoal continuado. 
Este mesmo conceito é bastante apropriado para definir a actividade do analista financeiro, 
quer na síntese metodológica, quer na aprendizagem dos seus resultados. O domínio global 
da análise é um saber que nunca se pode assumir como adquirido na sua totalidade, que 
evolui ao ritmo normal da mudança dos sistemas de informação. 
Nota: Para um correcto posicionamento da empresa no mercado, esta deve acompanhar a 
evolução da economia, o que na vertente financeira se traduz, nomeadamente, no 
acompanhamento da evolução das taxas de juro, das cotações das acções, etc. 
21. Dados sobre a concorrência, estatística actualizada, estrutura de custos e proveitos do sector, 
níveis de investimento e crédito 
Nota: Existe um particular interesse da função financeira na análise da concorrência, isto é, 
empresas que oferecem o mesmo produto, ao mesmo público-alvo e a preços semelhantes, 
para que possa haver comparação da sua ‘performance’ com os resultados do sector em que 
opera. 
Exercício Prático: 
Preparar um ‘diagnóstico rápido’ aplicável à empresa ‘PNTB, SA’, cujas contas vão ser adiante 
analisadas (vide 3.5., 4.5. e 5.4.). 
III. PREPARAÇÃO DOS ELEMENTOS PARA ANÁLISE
ANÁLISE FINANCEIRA
E
GESTÃO ORÇAMENTAL
III. PREPARAÇÃO DOS ELEMENTOS PARA ANÁLISE IEFP 
 
Análise Financeira e Gestão Orçamental Guia do Formando
 
III 
35 
Objectivos: 
No final desta unidade temática, o formando deverá estar apto a: 
• Fundamentar a necessidade de preparação dos elementos para análise. 
• Explicar o modo de preparação e de apresentação das contas para análise. 
• Fazer a preparação das contas de balanço e de resultados. 
• Elaborar a demonstração das origens e aplicações de fundos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Temas: 
1 Preparação das contas – rectificação do valor patrimonial e processo de simulação. 
2 Contas de balanço e de resultados. 
3 Origens e aplicações de fundos. 
• Resumo 
• Questões e exercícios 
• Resoluções 
IEFP III. PREPARAÇÃO DOS ELEMENTOS PARA ANÁLISE S 
 
 Guia do Formador Análise Financeira e Gestão Orçamental
 
III 
36 
1. PREPARAÇÃO DAS CONTAS 
'A análise financeira é feita sobre documentos de natureza contabilística – o balanço e a 
demonstração de resultados líquidos. No entanto, estes documentos não respondem por inteiro às 
exigências da análise (...) Além disso, a concepção da normalização contabilística adere mais a 
princípios jurídico-patrimoniais do que a princípios financeiros, pelo que será conveniente que os 
analistas não se iludam com as aparências. Só um autêntico domínio da técnica contabilística, nos 
campos teórico e prático, permite ao analista financeiro ter uma consciência das dificuldades e 
implicações que os métodos contabilísticos podem ter sobre certas rubricas, alterando-lhes o 
sentido financeiro.' 
João Carvalho das Neves 
Análise Financeira – métodos e técnicas. 
Texto Editora, Lisboa, 1991. 
A preparação das contas para a análise, é um procedimento necessário, através do qual se faz a 
transformação das demonstrações contabilísticas em demonstrações financeiras, tendo em vista a 
obtenção do valor fiel e verdadeiro da empresa em análise. 
O processo decorre em duas fases: 
• Rectificação e verificação, para corrigir resultados, rever a valorização de activos e reforçar o 
efeito da prudência (amortizações e provisões). 
• Elaboração de demonstrações auxiliares, para a análise funcional do equilíbrio financeiro, da 
rendibilidade e do funcionamento. 
Rectificação do valor patrimonial 
A preparação das contas no processo de obtenção das demonstrações financeiras, representa uma 
opção pela avaliação do património por critérios efectivos ‘de mercado’. Desta forma, o balanço 
assume a configuração de uma estrutura de origens e aplicações de fundos, cuja dinâmica (das 
aplicações e das origens) acompanha os desempenhos da empresa nos mercados em que exerce 
actividade. 
A necessidade de ultrapassar os conceitos fiscais para efeitos de análise, resulta do facto destes 
traduzirem de forma insuficiente e por vezes distorcida, o valor patrimonial. De facto, a 
contabilidade POC não integra actualizações (por exemplo, do valor de terrenos e de trespasses), 
regista de forma condicionada as provisões e amortizações e não tem a possibilidade prática de 
registar o valor de intangíveis (como a quota de mercado, o posicionamento concorrencial, a 
experiência do pessoal, a fidelização dos clientes e dos fornecedores, etc.) que podem, todavia, 
marcar a diferença. 
III. PREPARAÇÃO DOS ELEMENTOS PARA ANÁLISE IEFP 
 
Análise Financeira e Gestão Orçamental Guia do Formando
 
III 
37 
Nem todos estes problemas são resolvidos com a preparação das contas para a análise, uma vez 
que alguns destes processos podem atingir grande complexidade e gerar mesmo controvérsias 
difíceis de ultrapassar, mas podem ser facilmente corrigidos alguns dos mais notáveis. 
Processo de simulação 
O processo de rectificação de contas é extra-contabilístico (isto é, a contabilidade não intervém) e 
consiste na simulação de lançamentos (débitos/créditos) que adicionam ou subtraem valor às 
rubricas do Balanço sintético e da Demonstração de Resultados. As demonstrações levam o 
subtítulo de ‘rectificado para análise’. 
A seguir apresentam-se modelos dos mapas rectificativos dos balanços e demonstrações de 
resultados para análise. 
 
Balanço 
 Saldos Rectificações Saldo Rectificado 
 
 Dev. Cred. A Deb. A Cred. Dev. Cred. 
Verif
. 
Aplicações 
Imobilizado & Outros Activos Fixos 
Imobilizado Corpóreo 0 
Imobilizado Incorpóreo 0 
Imobilizado Financeiro 0 
Amortizações Imobilizado (-) 0 
Provisão para investimentos 
financeiros(-) 0 
Outro Activo Fixo 0 
Total do Activo Fixo 0 0 0 0 0 
Activo Circulante 
Existências 0 
Provisão para Depreciação de 
existências(-) 0 
Clientes 0 
Provisão para Cobranças 
Duvidosas(-) 0 
Outros Devedores 0 
EOEP 0 
Outros 0 
Títulos negociáveis 0 
Depósitos à ordem 0 
Caixa 0 
Total Activo Circulante 0 0 0 0 0 
IEFP III. PREPARAÇÃO DOS ELEMENTOS PARA ANÁLISE S 
 
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III 
38 
Acréscimos e Diferimentos 
Acréscimo de Proveitos 0 0 
Custos Diferidos 0 0 
Total dos Acréscimos & Diferimentos 0 0 0 0 0 
Total de Aplicações 0 0 0 0 0 
Origens 
Capital Próprio 
Capital Social e Reservas 0 
Resultados Transitados 0 
Resultados do Exercício 0 
Total do Capital Próprio 0 0 0 0 0 
Exigivel a Mlp 
Empréstimos Bancários 0 
Outros passivos mlp 0 
Provisão para ORE 0 
Exigível Mlp 0 0 0 0 
Exigivel Curto Prazo 
Empréstimos bancários 0 
Outros financiamentos 0 
Fornecedores 0 
EOEP 0 
Outros Credores 0 
Outros passivos 0 
Provisões para ORE 0 
Exigível Cp 0 0 0 0 
Acréscimos e Diferimentos 
Acréscimos de Custos 0 
Proveitos Diferidos 0 
Total dos Acréscimos & Diferimentos 0 0 0 0 
Total de Capital Alheio 0 0 
Total de Origens 0 0 0 0 0 
Verif. 0 0 
III. PREPARAÇÃO DOS ELEMENTOS PARA ANÁLISE IEFP 
 
Análise Financeira e Gestão Orçamental Guia do Formando
 
III 
39 
 
Demonstração de Resultados 
 Saldos Rectificações Saldo 
Rectificado 
 
 Dev. Cred. A Deb. A Cred. Dev. Cred. Verif
. 
Proveitos 
Vendas 0 
Prestação de serviços 0 
Outros proveitosOperacionais 0 
Total Proveitos Operacionais 0 0 0 0 
Custos 
CMVMC 0 
FSE 0 
Pessoal 0 
Outros 0 
Amortizações do exercício 0 
Provisões do exercício 0 
Total Custos Operacionais 0 0 0 0 0 
Resultado Operacional 0 0 
Proveitos financeiros(-) 0 
Custos financeiros 0 
Resultado corrente 0 0 
Proveitos extraordinários 0 
Custos extraordinários 0 
Resultado antes de impostos 0 0 
IRC 0 
Resultado líquido 0 0 0 0 
Rectificação do resultado 0 0 0 
Verificação 0 0 0 
Na correcção de contas verificam-se por vezes situações de lucro contabilístico em empresas 
financeiramente débeis e vice-versa. 
Existe, portanto, toda a vantagem para os gestores no acompanhamento do trabalho dos analistas, 
a fim de se sensibilizarem para os efeitos financeiros das decisões tomadas no desenvolvimento 
das actividades. 
O analista, por seu lado, tem nesta área tarefas bastante complexas, para cuja realização lhe é 
exigido o domínio seguro das técnicas de contabilidade, o conhecimento da empresa e o 
conhecimento adequado do sector e dos negócios, a fim de saber delimitar as questões sensíveis e 
definir as correcções a efectuar. 
IEFP III. PREPARAÇÃO DOS ELEMENTOS PARA ANÁLISE S 
 
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III 
40 
2. BALANÇO E DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS 
No processo de preparação do balanço faz-se a revisão de todas as rubricas do Activo, do Passivo 
e dos Capitais Próprios e a inserção (não contabilística) de todas as rectificações que, de acordo 
com a visão do analista, possam contribuir para que as contas da empresa traduzam o seu valor 
financeiro, fiel e verdadeiro. 
A demonstração de resultados é afectada pelos movimentos correctivos do Balanço (como 
Amortizações e Provisões, por exemplo) bem como pelo que se refere especificamente aos Custos 
e Proveitos, aos Resultados Financeiros e Extraordinários e ao Imposto sobre os Resultados. 
Como consequência da rectificação do balanço e da demonstração de resultados, produzem-se 
também alterações nos fluxos das origens e aplicações de fundos (a explicar em III.3.) que 
poderão, em determinadas condições, afectar de forma significativa a estrutura financeira da 
empresa (ver: I.2.3). 
As rectificações inseridas no balanço e na demonstração de resultados são descritas em notas 
explicativas, sequencialmente numeradas, para figurarem como anexos às contas rectificadas. 
Passamos a referir os movimentos mais significativos em matéria de rectificação de contas, no 
percurso do balanço e da demonstração de resultados. 
Balanço – contas do activo 
• Imobilizado incorpóreo: 
Verificar os gastos com a constituição e instalação. Observar os gastos plurienais, para verificar se 
os valores contabilizados correspondem de facto a despesas amortizáveis, devido aos seus efeitos 
temporais prolongados (grandes manutenções, campanhas publicitárias, etc.) por forma a que a 
conta não esteja a ser utilizada para encobrir custos de funcionamento excessivos. 
• Imobilizado corpóreo: 
Testar se os movimentos de 'entrada-saída-abate' estão a ser contabilizados consistentemente e 
com regularidade, particularmente no que se refere aos equipamentos com maior expressão de 
valor bruto imobilizado. 
As reavaliações devem ser objecto de controlo, relativamente a activos obsoletos e fora de uso 
(equipamentos substituídos, microcomputadores e impressoras, veículos para sucata, etc.) que, em 
rigor, deveriam ser abatidos ao imobilizado e que são reavaliados. O valor adicionado é nulo. 
• Imobilizado financeiro 
Verificar se a carteira de títulos existente tem o seu valor devidamente actualizado (cotações da 
Bolsa), para criar a necessária Provisão ou considerar a valorização financeira adequada, conforme 
se justificar. 
III. PREPARAÇÃO DOS ELEMENTOS PARA ANÁLISE IEFP 
 
Análise Financeira e Gestão Orçamental Guia do Formando
 
III 
41 
• Amortizações do imobilizado: 
As amortizações não originam desembolsos (são custos escriturais) e as rectificações neste 
âmbito dependem das políticas definidas, da incidência tecnológica das actividades e do grau de 
prudência a introduzir nas contas. 
Determinar a política da empresa neste âmbito e assegurar a sua introdução nas contas 
rectificadas. Questionar a política de amortizações se esta provocar afastamento significativo entre 
o valor líquido contabilístico do imobilizado e o valor actual dos mesmos bens (terrenos, edifícios e 
equipamentos) no mercado. 
Se houver condições, introduzir no balanço a valorização dos activos numa base técnica (de acordo 
com a evolução tecnológico e com as exigências do mercado); se tal não for possível, garantir a 
regularidade (mensal) e actualização dos lançamentos de amortização e a escrituração de 
alienações e abates. 
Os movimentos rectificativos das amortizações afectam por simulação, na parte correspondente ao 
exercício em curso, os custos com amortizações e, na parte respeitante a anos anteriores, os 
resultados extraordinários. 
• Existências: 
Ajuizar se a valorização dos stocks de matérias-primas e subsidiárias, de produtos acabados e de 
produtos em vias de fabrico, têm 'aderência' com os volumes de Compras efectuados e com os 
consumos que afectam a Demonstração de Resultados. 
Criar as provisões necessárias para cobrir 'quebras', 'monos' e 'invendáveis' (isto é, modificações 
quantitativas e perdas de valor de mercado) movimentando por simulação a conta de custos 
respectiva, que deverá afectar resultados. 
• Estado e outros entes públicos (IVA a receber e IRC, pagamentos): 
Situações a analisar com detalhe. No IVA podem existir erros nos procedimentos declarativos, que 
motivem os débitos por regularizar. No IRC devem verificar-se os pagamentos por conta (valores e 
fundamentação fiscal). 
Os saldos devedores de IVA podem obrigar à prestação de caução bancária para se obterem os 
pagamentos do Estado. Assim, deverá constituir-se. Provisão para Riscos e Encargos, para cobrir 
perdas financeira pela mobilização prolongada de fundos, movimentando por simulação a conta de 
custos respectiva, que deverá afectar resultados. 
• Clientes c/c: 
Verificar se há atrasos na emissão da facturação. Se houver, estimar esse 'atraso normal', calcular 
o seu valor médio e fazer a respectiva inserção nas contas dos Clientes, por contrapartida de 
Proveitos. 
Se existirem letras ou cheques pré-datados a titular os saldos de Clientes, estes devem ser 
escriturados em Clientes conta Títulos a Receber. 
IEFP III. PREPARAÇÃO DOS ELEMENTOS PARA ANÁLISE S 
 
 Guia do Formador Análise Financeira e Gestão Orçamental
 
III 
42 
Analisar a antiguidade (dias de atraso de regularização) dos saldos de clientes (balancetes de 
Clientes, por antiguidade de saldos) transferindo para a conta de Clientes de Cobrança Duvidosa os 
valores que se prevêem como tal. 
Calcular Provisões para Cobrança Duvidosa sobre os valores evidenciados pela análise da carteira, 
movimentando por simulação a conta de custos respectiva, que deverá afectar resultados. 
• Outros devedores: 
Estas contas respeitam a débitos a diversos (incluindo conta de funcionários por regularizar). Em 
princípio devem ser de regularização mensal. 
• Sócios ou accionistas: 
Os débitos nas contas dos sócios ou indicam abonos em conta corrente (adiantamentos para 
despesas por conta da empresa, a regularizar) ou lucros distribuídos em antecipação. A 
regularização dos abonos deve ser feita mensalmente. Os adiantamentos por conta de resultados 
deverão ser criteriosamente analisados face aos resultados que, após a rectificação financeira das 
contas, forem apurados. 
• Disponibilidades (caixa e bancos): 
Garantir que os valores contabilizados nas contas de Caixa são regularmente conferidos e,

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