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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS Sarah Stephanie Maurício de Abreu XENOTRANSPLANTE E SUAS IMPLICAÇÕES BIOÉTICAS SÃO PAULO 2021 1. INTRODUÇÃO Ao decorrer dos anos, a biotecnologia se sujeitou a um elevado desenvolvimento e aprimoramento, que permitiram-na confeccionar novos mecanismos, instrumentos e medicamentos para atribuir ao ser humano uma qualidade de vida caracterizada, sobretudo, pela presença de saúde. Diante desse acréscimo científico, o âmbito médico de transplante adquiriu notoriedade por meio dos êxitos obtidos na realização de transplantes de órgãos, tecidos e partes do corpo humano. No entanto, inevitavelmente, impasses relacionados a carência de órgãos humanos se originaram, submetendo diversos pacientes, em estado débil de saúde, à espera durante um longo período nas filas de transplante, almejando a disponibilidade do órgão compatível requerido. Perante a essa restrição, cientistas iniciaram pesquisas referentes à doação de órgãos advindos de outras espécies animais para os seres humanos, devido a possibilidade de preparar e manipular previamente os órgãos. Denomina-se xenotransplante essa atuação, que na definição de Marcelo Coelho é “o transplante de um órgão, ou tecido, ou células de um animal a outro de espécie distinta, e é uma das grandes promessas da medicina para suprir as necessidades de órgãos, tecidos e células transplantáveis” (COELHO, 2004, p. 56). O comportamento humano, independentemente de sua natureza, seja ela boa ou má, sujeita-se às perspectivas éticas e, por meio do desenvolvimento técnico-científico, especialmente no âmbito biomédico e biotecnológico, houve o surgimento de diversas perplexidades éticas. O xenotransplante, como técnica biomédica empregada a fim de melhorar ou prolongar a vida do ser humano, também originou tais hesitações, tanto no seu desenvolvimento inicial quanto na aplicação de seus artifícios. O presente ensaio filosófico objetiva apresentar a temática da xenotransplantação, analisando-a sob a perspectiva dos princípios bioéticos. 2. XENOTRANSPLANTE O ser humano, desde os primórdios, se atentava e presentemente ainda se atenta para a sua qualidade e perspectiva de vida. O artigo 22 do Código de Ética Médica (Resolução CFM, n. 2.217 de 27/09/2018) admite que é vetado ao médico: “Deixar de obter consentimento do paciente ou de seu representante legal após esclarecê-lo sobre o procedimento a ser realizado, salvo em caso de risco iminente de morte.”. Segundo esse artigo, o prolongamento da vida se sobrepõe a liberdade do paciente. O desenvolvimento da ciência, em diversos âmbitos, permitiu que avanços fossem realizados a fim de consolidar esses dois almejos da humanidade – aumento da qualidade e perspectiva de vida – por meio de variadas técnicas. Tem-se como exemplo dessas técnicas o transplante de órgãos, tecidos e partes do corpo humano, assim como a modificação genética, tanto de animais quanto de plantas. O xenotransplante, cujo prefixo “xeno” deriva da palavra grega “estranho”, refere-se ao transplante de órgãos, tecidos e células de animais, geneticamente modificados ou não, entre espécies distintas. No início do século XVII, consolidou-se, na Inglaterra e França, ensaios de transfusões de sangue animal em humanos. O primeiro caso documentado de xenotransplante ocorreu em 1902, a partir da utilização de um rim de porco em um receptor humano que apresentava insuficiência renal terminal. Diante da rejeição imunológica observada em diversas experimentações, a xenotransplantação presenciou um período de declínio. No entanto, o descobrimento de drogas imunossupressoras nos anos 50, e a sua utilização, posteriormente, permitiu o ressurgimento do interesse pelo xenotransplante. Em 1964, Keith Reemtsma realizou o xenotransplante de rins de chimpanzés em seis indivíduos doentes. Ademais, nesse ano havia sido realizada a primeira transplantação cardíaca no homem por meio de um coração de um chimpanzé. No ano de 1982, em Loma Linda, no estado da Califórnia nos Estados Unidos, uma equipe de cirurgiões transplantou o coração de um babuíno em um paciente pediátrico, que ficou conhecido vulgarmente de Baby Fae. Os médicos apresentavam conhecimento de que a técnica não solucionaria a enfermidade, tendo o paciente falecido após 20 dias do transplante. A técnica do xenotransplante, ainda que apresente um número considerável de realizações, configura-se como experimental e suscita diversos questionamento bioéticos. O caso Baby Fae, por exemplo, gerou duas principais altercações, referindo-se elas à utilização de um bebê como objeto de experimentação em humanos e o sacrifício de um bebê babuíno para a consolidação do experimento. 3. BIOÉTICA 3.1. CONCEITO DE BIOÉTICA A Bioética originou-se no início da década de 1970, a partir da publicação de duas relevantes obras do pesquisador e professor norte-americano do âmbito oncológico, Van Rensselaer Potter. Van Potter se atentava para a dimensão que os avanços da ciência, sobretudo no segmento da biotecnologia, estavam adquirindo, e propôs um novo ramo do conhecimento para auxiliar os indivíduos a compreender e analisar as possíveis implicações, sejam elas positivas ou negativas, desses desenvolvimentos sobre a vida de todos os seres vivos. Ele sugeriu que se estabelecesse uma “ponte” entre duas culturas, a científica e a humanística, alegando que “Nem tudo que é cientificamente possível é eticamente aceitável”. Para Potter, “a proposição do termo bioética enfatizava os dois ingredientes considerados os mais importantes para alcançar uma prudência que ele julgava necessária: o conhecimento biológico associado a valores humanos. Essa proposta de Potter de associar biologia (entendida, em sentido amplo, como o bem-estar dos seres humanos, dos animais não humanos e do meio ambiente) e ética é o que, hoje se mantém como o espírito da bioética.” (DINIZ, 2017). Presentemente, a Ética é compreendida como uma teoria que estuda o comportamento moral, relacionando a moral como uma prática, entendida por Cortella (2007) como o “exercício das condutas”. A ciência Bioética objetiva indicar os limites e as finalidades da intervenção do ser humano sobre todas as formas de vida, identificar os valores de referência racionalmente proporíeis e denunciar os riscos das possíveis aplicações. 3.2.PRINCÍPIOS BIOÉTICOS Os princípios bioéticos foram propostos, primeiramente, no Relatório de Belmont, de 1978, a fim de orientar as pesquisas envolvendo seres humanos e, em 1979, o filósofo utilitarista Tom Beauchamps e o teólogo deontologista James Childress, em sua obra denominada Principles of biomedical ethics, estenderam o emprego desses princípios para a atuação médica. Quatro são os princípios bioéticos, a saber: Beneficência, Não-maleficência, Respeito à Autonomia e Justiça. Comumente há a utilização desses princípios objetivando facilitar a defrontação de temas éticos e nesse ensaio filosófico, isso será realizado, analisando-os juntamente com a atuação do xenotransplante. 3.2.1. Respeito à Autonomia De acordo com a concepção kantiana, o valor absoluto conferido ao ser humano, faz dele um fim em si mesmo, atribuindo-lhe dignidade, uma vez que não pode ser usado como instrumento e/ou objeto para o conseguimento de vontades de terceiros, devendo haver respeito um em relação ao outro. Essa concepção influencia o princípio do Respeito à Autonomia, que objetiva estabelecer o direito de o paciente determinar a decisão mais adequada para a sua vida e a obrigação do profissional de respeitar a sua autonomia. Algumas indagações podem ser realizadas considerando a abordagem bioética e o xenotransplante: “É ético modificar uma espécie para que esta sirva ao homem?” “Para melhorar o corpo humano, pode-se modificaro da outra espécie?” “É ético sacrificar um animal, sem seu “consentimento”, a fim de auxiliar o ser humano?” Progressivamente defende-se que os animais possuem dignidade, assim como o ser humano. No entanto, se o homem não pode ser utilizado como meio, objeto, instrumento, por que os animais poderiam? Diante do livre arbítrio, é certo que a humanidade apresenta possibilidade de escolha, segundo sua própria vontade, para fornecer, ou não, órgãos, tecidos e partes de seu corpo, tendo em vista que não se obriga indivíduos a se admitirem doadores. Entretanto, quanto a essa possiblidade de escolha, nota-se, considerando o animal, um não consentimento para a realização do transplante, uma vez que não se obtém resposta por sua parte para a pergunta: “Você é doador de órgãos? Outrossim, pode-se admitir que a vida de todos os seres vivos possui mesmo valor? Há distinções quanto a priorização? Ao Superior Tribunal de Justiça foi direcionado um habeas corpus em favor da liberdade de dois chimpanzés: HC 96344/SP. O ministro Castro Meira indeferiu o mandato liminarmente, porém, em sede de agravo regimental, o também ministro Herman Benjamin solicitou vista. Contudo, o julgamento não foi concluído devido a desistência do recurso. Existem diversos casos jurídicos relacionados aos animais, e não é raro, obter-se a mesma conclusão: “pedido denegado”. Nota-se que, comumente, nega-se a condição de sujeito de direitos aos animais, negando-lhes também, dignidade. O filósofo francês René Descartes (1596-1650) alegava que os animais seriam como “máquinas sem alma”, ou seja, suas atuações se baseariam em instintos, não possuindo caráter consciente. A sua admissão foi amplamente difundida, direcionando os indivíduos a pensarem do mesmo modo. O também filósofo Jeremy Bentham (1748-1832) defendeu que para determinar o modo adequado de tratar os animais, deve-se considerar a sua capacidade de sofrer e não se eles são dotados de razão ou linguagem. Posteriormente, Charles Darwin (1809-1882) admitiu que a atividade mental dos animais deve ser semelhante àquela dos humanos, indicando assim que os animais seriam seres com ao menos algum grau de consciência. Essa ponderação é primordial, tendo em vista que, a priori, o artigo 82 do Código Civil assume os animais como coisas: “São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social”. Salienta-se que, de objetos para a satisfação humana, instrumentos, os animais seriam vistos como fins para si mesmo, expandindo-se, segundo a definição da filosofia kantiana, para além do antropocentrismo. Expandindo-se, pois, “Na concepção kantiana, apenas, o homem teria o atributo da dignidade, valor absoluto de possuir vontade própria e autoconsciência com a capacidade de agir de maneira distinta de um mero espectador e de tomar decisões, perseguindo seus próprios interesses” (SILVA, 2009). Só o Homem teria, portanto, nessa visão limitada, valor absoluto. Devido a influência da colocação de Descartes, alguns pesquisadores e uma porção considerável da população ainda apresenta dificuldade em assumir que alguns grupos de animais são seres sencientes. Ramiro Délio Borges de Meneses, por exemplo, sustenta que o animal não possui direitos, no entanto, o ser humano possui deveres para com o animal, especialmente o de evitar o seu sofrimento (MENESES, 2010). A senciência pode compreendida como o nível basilar da consciência, ou seja, é a capacidade de sentir, conscientemente, as sensações mais básicas. O doutor Gilson Volpato define senciência como a “habilidade de subjetivamente experimentar dor, frio, conforto, desconforto, e conscientemente diferenciar estados internos como bons ou ruins, agradáveis ou desagradáveis”. Esse conceito é fundamental para as considerações de bem-estar animal, pois ao considerar os animais como seres sencientes, assume-se que eles são seres capazes de, conscientemente, sofrer em situações dolorosas, desconfortáveis ou frustrantes. Portanto, os seres humanos se responsabilizam, de acordo com o viés ético e moral, pelas condições nas quais os animais são mantidos, sejam eles domesticados ou não, após a isenção de sua condição natural, situando-se sob os cuidados humanos. Diante do exposto, pode-se inferir que o conceito atribuído ao princípio bioético do Respeito à Autonomia não tem se aplicado aos animais, especificamente no exercício do xenotransplante, uma vez que eles são infringidos e submetidos a situações que desrespeitam o seu consentimento. É evidente que, ainda que se alegue que o animal não apresenta consciência, devendo se submeter a tutela humana e, consequentemente, às suas decisões para o seu bem- estar, o seu grau “primitivo” de consciência o atribui o direito de se isentar de qualquer atividade que o ocasione dor. Em face ao xenotransplante, a senciência animal permite que os indivíduos animais sintam dor, pois são expostos a circunstâncias de extremo dano mental e físico, as quais claramente na natureza não se sujeitariam e se obtivesse o mesmo grau de consciência humana, não escolheriam, segundo sua própria vontade, presenciá-las. Esse dano mental e físico advém dos experimentos que são requeridos para a realização do xenotransplante. Ademais, a depender do requerimento do órgão da espécie, essa presencia também a morte, que não é livre de dor e sofrimento. 3.2.2. Não-maleficência e beneficência O princípio bioético da beneficência confere aos médicos e profissionais que lidam com a vida o dever de empregar o tratamento para o bem do enfermo, enquanto o da não- maleficência impõe a obrigação de não acarretar dano intencional ao doente, ocasionando o agravamento de seu caso. Diante da definição desse princípio, pode-se indagar: Vale a pena transgredir os direitos dos animais, a sua dignidade? Vale a pena adiantar a “morte natural” do animal? Não seria melhor ele estar diante da morte de outro modo? Vale a pena o ser humano ser receptor de órgãos advindos de outra espécie? Vale a pena o ser humano se “lançar” em uma possibilidade de prolongamento de vida, ainda que não haja certezas, decretando a morte a outro animal? Para a ocorrência do alotransplante – transplante de órgãos, tecidos, células e partes do corpo advindos de uma mesma espécie – é necessário que o receptor se sujeite aos imunossupressores, pois eles auxiliam para que os órgãos não sejam rejeitados. No entanto, esses imunossupressores fragilizam o organismo, tornando-o suscetível a adquirir diversas doenças. Os imunossupressores requeridos para a realização da xenotransplantação são ministrados em doses ainda maiores a que as utilizadas no alotransplante, tornando o organismo ainda mais frágil e sujeito a doenças. Além disso, enfermidades que caracteristicamente somente afetam os animais podem atingir os seres humanos por meio do xenotransplante. Ante da xenotransplantação e o uso dos imunossupressores requeridos para a sua realização, por exemplo, pode-se ponderar que há a presença de mais malefícios a que benefícios, ainda que alegações do tipo “Ao menos há a possibilidade de salvar uma vida” possam se originar. A vida humana é tão mais importante a que de outros animais? Haveria coerência em atribuir maior significância a uma espécie? Não. Ela não é mais importante e não há sentido em atribuir maior relevância a uma espécie, tendo em vista que todas elas derivam de um mesmo ancestral comum e são, em grande parte, seres sencientes, podendo buscar se isentar de qualquer atividade que, de modo direto ou indireto se relacione a intensão, e os ocasione dor. Assim, não é válido adotar o princípio bioético da Beneficência, promovendo o prolongamento da vida de um paciente humano a partir do xenotransplante, se o princípio da Não-maleficência for violado, pois para que o paciente tenha sua vida prolongada, um danointencional em um paciente animal será acarretado, envolvendo a sua morte. 3.2.3. Justiça O princípio da justiça estabelece como condição fundamental a equidade, admitindo a obrigação ética de tratar cada indivíduo conforme o que é moralmente correto e adequado, atribuindo a cada um o que lhe é devido. Perante a esse princípio e ao requerimento necessário para a atuação do xenotransplante, surge a pergunta: é moralmente adequado e correto alterar a essência de um animal somente para a realização dessa técnica? O xenotransplante requer para a sua realização a ocorrência de uma modificação genética no animal que atuará como doador de órgãos, por meio da introdução de um ou diversos genes humanos a fim de evitar a rejeição posterior dos órgãos, transformando-o em um transgênico. Segundo Pietro Alarcón, “o conjunto de genes de uma espécie ou de um indivíduo particularmente considerado denomina-se Genoma. Cada espécie tem o seu número ou padrão genômico próprio” (LORA ALARCÓN, 2004, p. 120). Alterar o gene, o Genoma, implica na modificação do ser ou da espécie. Logo, pode-se afirmar que o xenotransplante modifica a natureza do animal, uma vez que combina materiais genéticos interespécies – animal humano e não humano. Essa atuação estabelece em situação de risco não apenas os animais como toda a humanidade e o ecossistema, pois pode ocorrer a recombinação gênica de fatores maléficos, como vírus, por exemplo, entre o ser humano e o animal. Atentando-se para a admissão do princípio bioético da justiça de que é uma obrigação ética tratar os indivíduos conforme o que é moralmente correto e adequado, é possível assegurar que não é correto, nem muito menos adequado, infringir o patrimônio genético de uma espécie que é digno de tutela do Direito Penal, somente para que haja a realização do xenotransplante. Essa possibilidade de novas formas de seres vivos requer uma profunda reflexão antes da experimentação e da prática, que certamente aconselhará a moderação, evitando a criação de seres híbridos, quimeras, a partir da modificação do patrimônio genético (SOUZA, 2004). A recombinação gênica interespécies possui a capacidade de modificar seres e as próprias espécies podem resultar em um desiquilíbrio ecológico, já que cada espécie exerce uma função no equilíbrio do ecossistema. Portanto, em vista das pontuações, se o ecossistema como um todo já se encontra em equilíbrio, por que alterá-lo? A espécie humana, como ser senciente e consciente, deve buscar minimizar impactos e maximizar o bem de todos ao invés de se isentar da empatia e bom senso, sujeitando espécies próximas a ela (como os chimpanzés, que são amplamente usados no xenotransplante) à morte somente para que haja o prolongamento de sua vida. Se a bioética foi desenvolvida por homens, que ao menos seus princípios sejam seguidos, além do mais, qual seria o sentido em criar “regras” se elas não serão adotadas? 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Baseando-se na análise realizada em vista da atuação do xenotransplante e sua confrontação pelos princípios bioéticos, conclui-se que a técnica não apresenta o mesmo grau de desenvolvimento e aceitação do alotransplante, por exemplo, tendo permitido que diversas altercações tanto éticas quanto clínicas tenham se originado. Torna-se necessário ainda muito esforço e dedicação científica para que o xenotransplante seja aceito pelas diversas abordagens, especialmente, a bioética. No entanto, se o mesmo critério de sacrificar animais continuar sendo utilizado para que haja o prolongamento e melhoramento da vida da espécie humana, as mesmas discussões éticas serão novamente apontadas. Uma reforma nesse pensamento, buscando alternativas, poderia permitir o emprego dessa técnica. Procurar auxílio nos órgãos, tecidos e partes do corpo de outras espécies não- humanas pode ocorrer, desde que não haja o sacrifício intencional do animal. Assim como indivíduos falecidos podem doar órgãos, sem serem sacrificados intencionalmente para salvar a vida de outra pessoa, o mesmo rumo pode ser considerado pela xenotransplantação. Criado por homens e para homens, os princípios bioéticos são usados para defrontar determinadas situações e, principalmente, para instigar a reflexão e a análise acerca de determinados comportamentos e, evidentemente, o exercício do xenotransplante deve ser revisado. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bioética. Natalia Reinecke. Youtube. 26 jan. 2021. 5min30s. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=E2RLyt_T3No. Acesso em: 16 jun. 2021. BRASIL. Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 22 jun. 2021. COELHO, Mário Marcelo. Xenotransplante: ética e teologia. São Paulo: Edições Loyola, 2004. DINIZ, Debora; GUILHEM, Dirce. O que é bioética. Brasiliense, 2017. GONÇALVES, Luciana Helena. Habeas corpus em favor de chimpanzé: o possível reconhecimento de um “outro alguém”. Disponível em: http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=38ba51573e7ad3ef#:~:text=Em%20um%20do s%20habeas%20corpus,Mui%C3%B1os%20Pi%C3%B1eiro%20Filho%20argumentou%20q ue%3A&text=Nos%20tr%C3%AAs%20habeas%20corpus%2C%20os,de%20nome%20cient %C3%ADfico%20Pan%20Troglodytes%E2%80%9D. Acesso em: 20 jun. 2021. KANT, Immanuel. Lições de ética. SciELO-Editora UNESP, 2018. FERRER, Jorge José; ÁLVAREZ, Juan Carlos. Para fundamentar a bioética: teorias e paradigmas teóricos na bioética contemporânea. Edições Loyola, 2005. LEONE, S.; PRIVITERA, S.; CUNHA, J.T. (Coords.). Dicionário de bioética. 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