Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INFERTILIDADE MASCULINA AUTOR: PEDRO V.F. MEDRADO - Conceito de infertilidade conjugal: É a incapacidade de um casal com vida sexual ativa, sem uso de método contraceptivo, durante 1 ano obter uma gravidez espontânea. - 15% buscam tratamento por infertilidade por não obter gravidez em 1 ano. - Doença prevalente, acomete 15-20% dos casais segundo estatísticas. · 30% das causas são decorrentes de fatores femininos · 30% de fatores masculinos · 40% de fatores mistos · Cada cônjuge contribui com 50% do fator de infertilidade - Fatores prognósticos · Duração da infertilidade · Infertilidade primária ou secundária · Resultados da análise do sêmen · Idade e estado da fertilidade da parceira DIAGNÓSTICO - Achados patológicos em 25% dos casais (ambos sexos) - A abordagem do casal deve ser feito em conjunto como uma unidade funcional. - Anamnese – antecedentes familiares relevantes, paternidade pregressa, duração da infertilidade, frequência de relações sexuais, antecedentes pessoais, fatores ocupacionais, medicamentos, drogas, anabolizantes e estilos de vida - Razões para redução da infertilidade masculina · Fatores congênitos – criptorquidia e disgenesia testicular, ausência congênita dos vasos deferentes · Criptorquidia mesmo unilateral tem associação com a infertilidade em 30% das vezes, quando bilateral é 50%. · Hipospádia e epispádia infertilidade por questões anatômicas de deposição do sêmen na vaginal, além de serem fatores de anormalidades endócrinas. · Anormalidade urogenitais adquiridas – obstrução, torção testicular, tumor testicular e orquite · Torção testicular mesmo que unilaterais tem associação com futuras alterações seminais da ordem de 30-40%. · Infecções do trato urogenital · Orquite por parotidite, pode resultar em ausência irreversíveis de espermatozoides no ejaculado. · Infecção por Chlamydia transmitida à parceira pode resultar em sequelas de infertilidade (DIP) · Aumento da temperatura escrotal – varicocele · Distúrbios endocrinológicos · Anormalidades genéticas · Fatores imunológicos – doenças autoimunes · Doenças sistêmicas – diabetes, IR e IH, câncer e hemocromatose · Fatores exógenos – medicamentos, toxinas e irradiação. - Cirurgias pregressas · Ter sido submetido a vasectomia no passado e oculta a informação, submetido a cirurgias inguinais ou escrotais como varicocelectomia e hidrocelectomia · Herniorrafias inguinais bilaterais – lesões iatrogênicas do deferente · Cirurgias que envolve o colo vesical suspeitar de ejaculação retrógada se ejaculado <1mL. Análise seminal – importante ferramenta · Se normal – 1 exame é suficiente · Se anormal – repete · Astenozoospermia <40% de SPZ móveis · Teratozoospermia <4% formas normais · Síndrome de OAT (oligo-asteno-teratozoospermia) · Casos extremos <1 milhão de SPZ/ml · Azoospermia – aumento da incidência de anomalias genéticas e/ou obstrução do trato genital masculino - Não é um atestado de fertilidade ou de infertilidade, deve ser encarado como uma avaliação do potencial fértil do homem. - A OMS recomenda um período de abstinência sexual de 2 a 7 dias para realização do exame, ele costuma retornar a níveis basais com 3 dias de abstinência. · Para efeitos comparativos, recomenda-se um intervalo de 3-4 dias. - Espera-se que um homem adulto deva ejacular pelo menos 1,5 mL de sêmen por ejaculação. · Se abaixo de 1,5 mL – hipospermia · Ausência do ejaculado após orgasmo – aspermia - A concentração de espermatozoide é de 15 milhões ou mais por mL · <15 milhões/ml – oligozoospermia · Se houver ausência em pelo menos 2 amostras – azoospermia · Se houver espermatozoides somente após a centrifugação – criptozoospermia - 58% é a porcentagem mínima de espermatozoides para ser considerado como normal, se abaixo chamamos de necrozoospermia. - Para considerar como morfologia normal pelo critério estrito de Kruger é de mais de 4% (OMS), se o paciente tem <4% de formas ovais normais considera-o teratozoospermico. - Um homem pode ter até 1 milhão de neutrófilo por mL no ejaculado, se acima leucocitospermia. Investigação hormonal - Disfunções endócrinas são mais prevalentes em homens inférteis do que na população em geral - Investigação limitada a determinada de FSH, LH, estradiol e testosterona – em casos de parâmetros seminais alterados. - Se houve queda da libido, disfunção erétil, ginecomastia ou se a dosagem de testosterona for baixa é mandatório dosar prolactina. - Azoospermia ou OAT extrema – distinguir causas obstrutivas das não obstrutivas · Não obstrutivas – FSH normal e volume testicular bilateral normal · 29% dos homens inférteis com FSH normal apresentam espermatogênese defeituosa - Hipogonadismo hipergonadotrófico – FSH/LH elevado · Decorre da insuficiência testicular primária · Congênitas – Sd de Klinefelter, anorquidia, criptoquirdia, disgenesia testicular, microdeleções do cromossomo Y. · Adquiridas – pós-orquite, torção testicular, tumor testicular, doenças sistêmicas e terapia citotóxica. - Hipogonadismo hipogonadrótrófico – FSH/LH baixo · Disfunção da glândula pituitária ou hipotálamo · Congênitas – hipogonadismo hipogonadotrófico isolado (HHI), síndrome KK, síndrome de Kallmann, síndrome de Prader-Willi. · Adquiridas – tumores malignos do SNC, adenoma hipofisário, hiperprolactinemia, doença granulomatosa e hemocromatose. · Fatores exógenos – drogas (esteroides anabolizantes, obesidade e irradiação). · Se inexplicável, a propedêutica deve incluir RNM da glândula hipófise. Avaliação microbiológica - Infecções do trato urinário, infecção nas glândulas acessórias (IGAM) e doenças sexualmente transmissíveis (DST) - Infecção crônica da próstata ou das vesículas seminais – obstrução (parcial) dos dutos ejaculatórios - Infecções por N. gonorrhoea e Chlamydia trachomatis – obstrução do trato genital - A terapia com antibióticos não aumenta necessariamente a probabilidade de concepção, embora proporcional uma melhoria na qualidade do esperma. Avaliação genética - As anormalidades cromossómicas são mais comuns em homens com OAT – cariotipagem para aconselhamento genético e diagnóstico. - Se homem <5 milhões de espermatozoides/mL até azoospermia de causa não obstrutiva e desconhecida, eu solicito cariótipo e pesquisa de deleção do Y. - Defeitos genéticos podem ser transferidos de um pai infértil e a prole pode ficar desequilibrada. - Síndrome de Klinefelter (47, XXY) – cerca de 14% dos homens com azoospermia · HipoHiper com hábitos eunucoides e/ou ginecomastia · Ambos testículos são muito pequenos devido à esclerose tubular extensa · 60% de todos pacientes requerem reposição androgênica, pois a testosterona cai com a idade - Azoospermia ou OAT grave – deleções no fator de azoospermia (AZF), cerca de 5% tem deleções no Y (filhos afetados) - Injeção intracitoplasmática de esperma (ICSI) · Se ausência bilateral/unilateral congênita dos vasos deferentes (CAVD) – solicita teste para mutação de CFTR (85% dos homens com CAVD tem mutação do gene CFTR) · Aconselhamento genético obrigatório – possibilidade de 25% da criança nascer com CF ou CAVD Ultrassonografia - Útil para localizar defeito intraescrotais - US-Doppler-colorido do escroto – varicocele em 30% dos homens subférteis - Tumores testiculares em 0,5% e microcalcificações testiculares em 2-5% dos homens subférteis, especialmente em diagnosticados com criptorquidia. - Se ejaculado é <1,5 mL – ultrassonografia transretal (USTR) para excluir obstrução dos ductos ejaculatórios (cisto na linha média ou estenose dos ductos) · Obstruções distais do trato genital são geralmente causadas por infecções da uretra prostática e das glândulas acessórias, ou por um cisto na linha média da próstata. Biopsia testicular - Geralmente feito como parte do processo terapêutico, serve para diferenciar insuficiência gonadal e obstrução do trato - Indicações · Azoospermia · OAT extrema na presença de volume testicular normal e níveis normais de FSH · Detectar carcinoma in situ do testículo · Em homens inférteis com microcalcificações testiculares · E fatores de risco para câncer de testículo – infertilidade masculina,criptorquidia, história de tumor testicular e atrofia testicular - Classificação patológica · Esclerose tubular – ausência de túbulos seminíferos · Sertoli cell only syndrome – presença somente de células de Sertoli · Parada de maturação – espermatogênese interrompida em diferentes estágios · Hipoespermatogênese – declínio no número de espermatogônias TRATAMENTO Aconselhamento - Aconselhamento para – tabagismo, abuso de álcool, uso de esteroides anabolizantes, esportes radicais, esportes de força excessiva e aumento da temperatura escrotal. · MEV - Aconselhamento genético Tratamento clínico - Tratamento antioxidante – ácido fólico, vitamina E, zinco e selênio - Terapia hormonal – gonadotrofina menopáusica (HMG)/coriônica (HCG), andrógenos, antiestrogênicos (clomifeno e tamoxifeno), bromocriptina e esteroides. · Poucas evidências confirmatórias sobre a melhoria das taxas de gravidez em homens c/ OAT idiopática - Baixos níveis de testosterona – repor com citrato de clomifeno 50mg/dia ou outamoxifeno 20mg/dia - Hipogonadismo hipogonadotrófico · HCG 1500 UI SC 3x/semana + HMG ou FSH 75-150 UI 3x/semana – até que ocorra a espermatogênese - Hiperprolactinemia – agonistas dopaminérgicos - Doenças autoimunes anti-espermatozoides não é recomendado alta dose de corticosteroide devido aos graves efeitos colaterais. Tratamento cirúrgico - Varicocele · Grau II e III – varicocele clínica em homens com oligozoospermia o reparo parace ser eficaz · Evidências de que o tratamento em homens inférteis melhora os parâmetros seminais, devido ao dano testicular progressivo dessa condição e redução na fertilidade. · Pacientes como espermograma normal e varicocele subclínica – sem benefício de tratar - Microcirurgia – vasovasostomia e epididimovasostomia · Indicação para epididimovasostomia · Obstruções ao nível do epidídimo na presença de uma espermatogênese normal · 15% dos homens submetidos a vasovasostomia bem sucedida a qualidade do esperma deteriora-se – azoospermia ou oligo em 1 ano - MESA/TESE · Azoospermia obstrutiva – combinar ICSI com o MESA quando a microcirurgia não pode ser realizada ou não teve êxito · TESE – é a extração testicular de espermatozoides que poderá ser aplicada · Cerca de 50-60% dos homens com azoospermia não obstrutiva (NOA), os SPZ são encontrados no testículo. - Incisão transuretral dos dutos ejaculatórios ou cisto prostático da linha média · Indicado para – obstruções distais do trato genital DISTÚRBIOS DA EJACULAÇÃO - Ejaculação retrógada ou anejaculação · Doenças neurológicas – esclerose múltipla, neuropatia diabética e lesões na medula espinhal · Pós-cirurgia da próstata, do colo vesical, simpatectomia e cirurgia retroperitoneal (linfadenectomia para tumores testiculares) · Terapia antidepressiva - O diagnóstico de ejaculação retrógada é baseado na história clínica e avaliação laboratorial da urina pós-ejaculação. · Tratamento – remover a causa do distúrbio - Anejaculação – diversas técnicas de vibroestimulação ou eletroejaculação · Induz ejaculação em 90% dos pacientes com lesões medulares, embora a qualidade seja ruim, o que muitas vezes requer TESE, fertilização in vitro e ICSI. PERGUNTAS - US trans-retal consegue ver uretra? · Quando bem dilatado por obstrução - Hiperplasia prostática e ejaculação retrógrada qual a relação? · A ejaculação retrógada é uma complicação nos pacientes submetidos à Ressecção transuretral de próstata (RTU) para tratamento da HPB. - Porcentagem de pacientes com agenesia renal vai ter alguma anomalia dos ductos deferentes? · Cerca de 10-25%, a agenesia unilateral de dutos deferentes é decorrente de falha no desenvolvimento do duto de Wolff, tem associação frequente com agensia renal ipsilateral, mas não costuma levar à infertilidade. - Criptorquidia é causa congênita? · Criptorquidia é uma causa congênita, mesmo unilateral tem associação com a infertilidade em 30% das vezes, quando bilateral é 50%. - Qual a produção diária de espermatozoides? · 40 milhões de espermatozoides - Quais os benefícios da cirurgia de criptorquidia? · 1) Melhorar qualidade dos espermatozoides, 2) evitar lesões malignas, 3) diminui a chance de torções testiculares e risco de trauma e 4) melhora dos aspectos psicológicos. - Testículos ectópicos sofrem alterações histológicas? · Não sofrem alterações de infertilidade histológicas. Não altera fertilidade, não aumenta risco de torção. Única alteração é a vulnerabilidade ao trauma - Até quantos anos que se pode fazer a orquidopexia · Crianças necessitando de procedimentos isolados, como orquidopexia e correção de hipospadia, devem ser operados preferencialmente entre 6-18 meses de idade e em regime de internamento-dia. Até 5 anos é possível operar, quanto mais precoce melhor, acima de 5 anos pode só retirar os testículos.
Compartilhar