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Objetivos OBJETIVO 1: Compreender a etiologia, fisiopatologia, epidemiologia, manifestações clinicas, diagnóstico e tratamento da diarreia aguda e crônica OBJETIVO 2: Analisar os mecanismos fisiopatológicos: diarreia osmotica, secretora, inflamatória, disabsortiva e funcional Diarreia INTRODUÇÃO • O hábito saudável intestinal diz respeito a evacuação de fezes consistentes de 1 a 3 vezes/dia ou até 2 ou 3 dias, que é o considerado normal • A diarreia consiste na alteração do hábito intestinal por diminuição da consistência das fezes e aumento de volume e frequência evacuatória • As alterações intestinais são observadas pela consistência das fezes ou presença de produtos patológicos como: muco, sangue, pus, resíduos alimentares ou fezes brilhantes/flutuantes (esteatorreia) • Diarreias inflamatórias: mais comum ter muco pus e sangue • Diarreias disabsortivas: esteatorreia e resíduos alimentares • A investigação das características clínicas (sintomas) auxilia na compreensão da fisiopatologia e da etiologia. Além disso é importante conhecer a etiologia, visto que, a partir do conhecimento se conduz a terapêutica adequada. EPIDEMIOLOGIA • Segundo a Organização Mundial de Saúde, as doenças diarreicas constituem a segunda principal causa de morte em crianças menores de cinco anos, embora sejam evitáveis e tratáveis • A doença diarreica ocorre com uma frequência básica em países com recursos limitados, sobreposta a casos epidêmicos de diarreia, seja disenteria ou diarreia aquosa. As epidemias são geralmente devidas a Shigella dysenteriae sorotipo 1 (Sd1) e Vibrio cholerae • As DDA são as principais causas de morbimortalidade infantil (em crianças menores de um ano) e se constituem um dos mais graves problemas de saúde pública global, com aproximadamente 1,7 bilhão de casos e 525 mil óbitos na infância (em crianças menores de 5 anos) por ano. Além disso, as DDA estão entre as principais causas de desnutrição em crianças menores de cinco anos. FISIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA A função do intestino é secretar substancias que auxiliam a absorção de líquidos, eletrólitos e nutrientes no processo digestivo Fisiologicamente, a absorção de nutrientes excede a secreção, e o intestino delgado é predominante nessa atividade. Ele recebe 10l de líquidos/dia (ingesta de água, saliva, secreções gástricas, biliares e pancreáticas), absorve cerca de 6l no jejuno e 2,5l no íleo. O colon recebe do delgado cerca de 1,5l e apenas 100ml são excretados nas fezes. A capacidade absortiva do cólon é de 4-5l/24h, quando essa quantidade é ultrapassada, tem-se a diarreia O principal mecanismo responsável pela absorção da agua é o gradiente osmótico criado por meio do transporte ativo de sódio. O sódio é absorvido associado ao cloro e alguns nutrientes. A absorção de cloreto de sódio pelas vilosidades leva a agua passivamente através da mucosa. Isso ocorre pela menor concentração de sódio dentro do enterócito em relação a luz intestinal. Essa via de gradiente osmótico é inibida por cAMP e GMPc, enzimas que podem ser ativadas pelas toxinas bacterianas, desregulando o equilíbrio osmótico e resultando em diarreia. A absorção de sódio com glicose, galactose e aminoácidos é ativa e não sofre influência por agentes infecciosos, por isso é utilizado para restaurar as perdas nas diarreias infecciosas Diversos agentes estimulam a secreção e inibem a absorção, tais como as prostaglandinas, peptídeo vasoativo intestinal (VIP) e peptídeo calmodulina, enquanto as encefalinas atuam na estimulação da absorção de eletrólitos e agua A absorção e secreção ocorrem concomitantemente, com predomínio de conteúdo sendo absorvido. A diminuição da Diarreia absorção ou aumento da secreção, ou ainda a alteração de ambas resulta em diarreia. Íleo e colón distal: nesses locais a diarreia e causada principalmente por invasão e destruição do epitélio, que tem como resultado a ulceração, infiltração da submucosa com eliminação de soro e sangue. Além disso, podem estimular resposta inflamatória local, que resulta na produção de vários secretagogos como prostaglandinas e interleucinas e contribuem para a perda de líquidos para o lúmen intestinal. A fisiopatologia envolve alguns mecanismos básicos: MECANISMOS BÁSICOS DA FISIOPATOLOGIA: São 5 diferentes mecanismos que podem atuar concomitantemente no desencadeamento de determinado tipo de diarreia: Diarreia Secretora: ocorre pela hipersecreção de água e eletrólitos pelo enterócito. As principais causas são: enterotoxinas bacterianas, produção excessiva de hormônios e outros secretagogos (gastrina), na síndrome carinoide (serotonina, prostaglandinas, calcitonina), no adenoma viloso, na cólera pancreática, na insuficiência adrenal e no hipoparatireoidismo Diarreia osmótica: o processo de digestão determina fisiologicamente a transformação do conteúdo intestinal em material isosmótico. As principais causas são: distúrbios de digestão presentes na deficiência de dissacarídeos (mantem um conteúdo hiperosmolar, resultando em passagem de líquidos parietais para o lumen intestinal e desencadeando diarreia), ingestão de lactulose, manitol sorbitol e sais de magnésio Diarreia motora: alterações de trânsito intestinal acelerado. Principais causas: enterocolopatias funcionais, doenças metabólicas e endócrinas, redução de área absortiva por ressecções intestinais ou fistulas enteroentéricas Diarreia Exsudativa/Inflamatória: ocorre por lesões na mucosa decorrente de processo inflamatório ou infiltrativo, os quais podem levar a perda de sangue, muco e pus, com aumento de volume e fluidez das fezes. Principais causas: doenças inflamatórias intestinais (Crohn e RCU), neoplasias, shigelose, colite pseudomembranosa, linfangiectasia intestinal. Diarreia Disabsortiva: ocorre por deficiências digestivas e lesões parietais do intestino delgado, que impedem a correta digestão ou absorção. Pode causar diarreia com esteatorreia e resíduos alimentares. Ela é uma diarreia osmótica associada ao déficit da absorção – a má absorção de lipídeos pode induzir diarreia com fezes gordurosas, de odor fétido e difíceis de escoar, frequentemente associada a perda ponderal e déficit nutricional decorrente da má absorção de aminoácidos e vitaminas. CLASSIFICAÇÃO: AGUDA X CRÔNICA AGUDA: • Duração máxima de 30 dias, habitualmente ficando restrita a 2 semanas; • Abordagem emergencial • Tratamento empírico inicial necessário CRÔNICA: • Duração superior a 1 mês • Raramente abordagem emergencial • Etiopatogenia mais complexa • Necessidade de tratamento empírico inicial é reduzida e médico tem condições de investigação adequada OBS: A distinção auxilia na conduta médica, visto que as diarreias agudas devem ser sempre consideradas como urgências médicas, devido aos riscos inerentes de desitração habitual. A principal etiologia é infecciosa. E a conduta primordial é a manutenção da homeostase com o equilíbrio eletrolítico. Outra divisão pode ser feita de acordo com o local acometido, entre diarreia alta (intestino delgado) e diarreia baixa (intestino grosso) Diarreia AGUDA: • Se manifesta como quadro súbito em resposta a estímulos diversos • Principalmente associada a agentes infecciosos com evolução autolimitada • A prevalência real é difícil de ser detectada devido a subnotificação O organismo saudável possui mecanismos de defesa que permitem a resistência aos agentes infecciosos: 1. Suco gástrico: letal pelo baixo pH 2. Motilidade intestinal: impede fixação a parede intestinal 3. Sistema linfático e imune: defesa celular e humoral contra agentes nocivos A falha de qualquer um desses mecanismos resulta em agressividade ao intestino e causam diarreia ETIOLOGIA: • Devido ao processo ser autolimitado, a definição etiológica nem sempre altera a conduta médica, mas em casos gravesou situações especiais, medidas especificas são necessárias • Na maioria das vezes se caracteriza por agressão relacionada a presença de microrganismos = diarreia inflamatória ou secretória Outras causas são: • Sobrecarga de solutos hiperosmolar (medicamentos ou abuso alimentar) = diarreia osmótica • Estímulos de peristalse aumentados por estresse emocional nas síndromes funcionais = diarreia motora Tabela dos Agentes Infecciosos mais comuns: OBS: • Em regiões mais pobres encontra-se prevalência de etiologia bacteriana e nas de melhor nível social prevalece a viral • Os mecanismos fisiopatológicos das diarreias infecciosas são o secretório ou inflamatório. Alguns microrganismos são associados ao estímulo secretório e outros ao estímulo inflamatório. QUADRO CLÍNICO: • A apresentação é bastante semelhante independente do agente causador As manifestações são divididas em diarreia inflamatória e não inflamatória: Inflamatória: causada por bactérias e parasitas que preferem colon e íleo • Diarreia de pqueno volume, com muco, pus ou sangue • Febre • Dor abdominal no quadrante inferior esquerdo • Tenesmo • Dor retal Algumas vezes inicia com diarreia aquosa e mais tardiamente evolui para típica diarreia inflamatória, quando os microrganismos lesam a mucosa colonica Não inflamatória: vírus ou bactérias produtoras de enterotoxinas que afetam principalmente intestino delgado • Diarreia aquosa de grande volume sem sangue • Náusea • Vomito • Cólicas e dores abdominais discretas • Boca seca, sede (desidratação) Sinais de alerta: pulso fino e rápido, hipotensão, febre alta, taquipneia OBS: • Ruídos hidroaéreos aumentados SITUAÇÕES ESPECÍFICAS DA DIARREIA AGUDA: Intoxicação alimentar: alimentos contendo fungos, bactérias, vírus ou parasitos. Intoxicação por Sthapylococcus aureus: cozimento ou refrigeramento inadequado de alimentos Intoxicação por Clostrodium botulinum: ingestão de enlatados contendo enterotoxinas, esporos ou bactérias. Diarreia por rotavírus: causador de gastroenterite viral Diarreia dos viajantes: indivíduos que viajam para áreas de piores condições sanitárias. Diarreia pela Escherichia coli: bactéria que vive na microbiota intestinal, porém se há alteração na cepa torna-se patogênica. Diarreia por Shighella: diarreia bacteriana mais comum no mundo todo; transmissão por meio de contato, água ou alimentos contaminados Diarreia por Salmonella: bacilo gram-negativo que causa gastrenterite, febre entérica, bacteremia e infecção endovascular DIAGNÓSTICO: CLÍNICO: É importante abordar na história clínica o local e as condições em que a diarreia foi adquirida. Investigar ingestão de água, frutas e verduras contaminadas, alimento suspeitos, viagens recentes, presença de pessoas próximas acometidas, uso de antibióticos, história sexual, banho em local público, contato com animais. EXAMES LABORATORIAIS: Hemograma – Pacientes que evoluem para formas mais graves, pode-se identificar anemia e hemoconcentração. Em diarreia por vírus pode ter linfocitose presente, já a presença de leucocitose e neutrofilia remetem a infecções bacterianas. Função renal e Eletrólitos – A desidratação causa hipovolemia que altera a perfusão renal, fazendo com que haja elevação da creatinina e principalmente da ureia. Essa complicação pode ser diagnosticada principalmente em idosos. O distúrbio eletrolítico tem relação com as perdas entéricas e deve ser corrigido. ESTUDO DAS FEZES: Leucócitos Fecais – Teste mais utilizado na avaliação da diarreia aguda e identificação de processos inflamatórios intensos. Entretanto, a presença de polimorfonucleares nas fezes não caracteriza diarreia infecciosa pois pode estar presente em outras afecções do intestino grosso. Coprocultura – Deve ser reservada em casos suspeitos de diarreia infecciosa por bactérias invasivas, na presença de sangue oculto e leucócitos fecais. Quando se pede esse exame no laboratório é necessário informar qual o agente etiológico suspeito a fim de adequar o meio da cultura. Pesquisa de Toxinas e Antígenos de Patógenos – Pode ser mais útil do que a tentativa de cultura. O principal exemplo são as cepas patogênicas do Clostridium difficile que produz toxinas A e B. Essas toxinas são identificadas nas fezes por ELISA que comprova a presença da infecção. Além disso, o exame ELISA ainda detecta infecção por rotavírus, giárdia e Cryptosporidium. O uso de PCR é outra metodologia para pesquisa de antígenos nas fezes, diagnosticando inúmeros microrganismos. Restrito por seu alto custo. EXAMES DE IMAGEM: Radiografia simples de abdome: nos casos mais graves, é útil para avaliar complicações como íleo paralítico e megacólon tóxico. Endoscopia: A retossigmoidoscopia flexível deve ser feita em pacientes com clínica de proctite (tenesmo, dor retal) e, também, se há suspeita de colite pseudomembranosa. Nesses casos, a biópsia é importante para excluir DII. TRATAMENTO: A imunidade do hospedeiro, na maioria das vezes, é capaz de eliminar infecção gastrointestinal, sem necessidade de terapêutica específica. Assim, o objetivo terapêutico está relacionado com a reposição das perdas hidreletrolíticas Reidratação: na maioria dos casos a reidratação oral é suficiente. A solução deve conter glicose (para favorecer a absorção de sódio). Quando as perdas forem mais importantes a reposição deve ser feita com soluções contendo eletrólitos (Na+, K+, HCO3- e Cl-) em concentrações aproximadas aquelas perdidas na diarreia. Para pacientes hipovolêmicos deve-se fazer hidratação venosa com soluções isotônicas contendo glicose e eletrólitos. Dieta: o paciente deve ser orientado para continuar se alimentando durante o episódio de diarreia. Aqueles que tem náuseas ou vômitos devem dar preferência aos líquidos em pequenas quantidades de cada vez. Os alimentos visam a reposição calórica, compensando assim o estado catabólico produzido pela diarreia. ANDIDIARREICOS: Em alguns casos é recomendável diminuir o número das evacuações, principalmente em diarreias infecciosas. Com a diarreia moderadamente grave, afebril e não sanguinolenta, os agentes antissecretores e antimotilidade (como a loperamida) podem ser medidas adjuvantes úteis para controlar os sintomas. Esses fármacos devem ser evitados nos casos de disenteria febril, que pode ser exacerbada ou prolongada por eles. O subsalicilato de bismuto pode reduzir os sintomas de vômito e diarreia, mas não deve ser usado no tratamento de pacientes imunossuprimidos ou portadores de insuficiência renal devido ao risco de encefalopatia por bismuto. Adsorvertes caulim e pectina: embora aumentem a consistência das fezes, têm pequeno efeito sobre seu volume. Eles agem devido ao caulim parece adsorver bactérias e toxinas e diminuir a perda de água. A pectina é agente formador de massa. Psyllium: fibras medicinais como ele, e absorventes de agua como a policarbofila de cálcio podem ser usado para reter agua e aumentar a consistência das fezes Subsalicilato de bismuto: é bactericida e antissecretor por bloquear o efeito das enterotoxinas, além de estimular a reabsorção intestinal de sódio e água. Devido seu baixo custo, eficácia e segurança representa uma boa opção para o tratamento sintomático da diarreia aguda infecciosa. Administrado para adultos na dose de 30ml, ou 2 comprimidos de 30 em 20 min, até completar 8 doses. Possui diversos mecanismos de ação, como a normalização do movimento dos fluidos por um mecanismo antissecretor, ligação às toxinas bacteriana, com efeito antimicrobiano. DERIVADOS DE ÓPIO: loperamida e difenoxilato: inibem a motilidade intestinal, aumentam o tempo de contato para absorção de água e eletrólitos, e diminuem o número de evacuações intestinais e cólicas. Racecadotril: é uma gente antissecretor que funciona através da inibição da encefalinase,enzima responsável pela inativação do neurotransmissor encefalina. Essa ação seletiva protege as encefalinas endógenas, que são fisiologicamente ativas, e reduz a hipersecreção de água e eletrólitos causada pelas toxinas bacterianas. A dose habitual para adultos é de 100mg, 3x/dia durante 2 a 3 dias. TERAPIA ANTIMICROBIANA: Como a maioria das diarreias infecciosas tem evolução autolimitada, o uso de antibióticos deve ser restrito á condições específicas. O uso empírico de Sulfametoxazil-trimetoprima (TMP- SMZ) ou de quinolona pode ser efetuado em pacientes com quadros clínicos importantes de desinteria e possível bacteremia. Muitos médicos tratam de forma empírica, sem avaliação diagnóstica, os pacientes moderados a gravemente enfermos com disenteria febril usando uma quinolona, como ciprofloxacino (500 mg, 2×/dia, durante 3-5 dias). O tratamento empírico com metronidazol (250 mg, 4×/dia, durante 7 dias) também pode ser considerado se houver suspeita de giardíase. Por outro lado, a escolha dos antibióticos e seus esquemas posológicos é orientada com base nos patógenos específicos, nos padrões geográficos de resistência e nas condições encontradas. Situações específicas de Diarreia Aguda – Intoxicação alimentar, Intoxicação por Staphylococcus aureus, intoxicação por Clostridium botulinum, intoxicação por Clostridium perfringens, diarreia pelo rotavírus, diarreia do viajante, diarreia pela Escherichia coli, E. coli enterotoxigênica, E. coli enteropatogênica, E. coli êntero hemorrágica, E. coli enteroinvasiva, E. coli enteroagregativa, diarreia infecciosa invasiva, diarreia pela Shigella, diarreia por Salmonela, Salmonelose tifoide, Salmonelose não tifoide, diarreia por clostridium difficile. Diarreia CRÔNICA: • Mais prevalente em populações pobres pelo caráter infecciosos, mas também ocorre com frequência em países industrializados como EUA. • Existem inúmeras causas ligadas ao cólon e ao intestino delgado. Por isso é necessário ter bom conhecimento das etiologias, abreviando o sofrimento do paciente. ETIOLOGIA: As principais causas são: • Síndrome do intestino irritável (SII) • Doença inflamatória intestinal (DII) • Síndrome de má absorção • Infecção crônica (protozoários e helmintos) Outros exemplos são: • Portadores de imunodeficiência apresentam diarreia associada a infecções oportunistas • Câncer colorretal • Uso de medicamentos • Uso de dissacarídeos não absorvíveis principalmente em dietas • Tumores neuroendócrinos produtores de neurotransmissores QUADRO CLÍNICO: • Incontinência anal em casos graves • Ausência de perda ponderal e de sinais de desnutrição, presença de sintomas predominantemente diurnos e, alternância de hábito intestinal com períodos de constipação, crises de dor associada a distensão abdominal e melhorada com evacuação são características de síndrome do intestino irritável • O volume da diarreia (por exemplo, diarreia aquosa volumosa é mais provável que seja devido a um distúrbio no intestino delgado, enquanto diarreia frequente de pequeno volume é mais provável que seja devido a distúrbios do cólon) • A presença de perda de peso e outros sintomas sistêmicos podem indicar DII (por exemplo, febre, dores nas articulações, úlceras na boca, vermelhidão nos olhos) • A associação de estresse e depressão com o início e gravidade da diarreia sugere um distúrbio funcional, como a síndrome do intestino irritável. A síndrome do intestino irritável (SII) é caracterizada por dor abdominal crônica e hábitos intestinais alterados. • Características das fezes (por exemplo, fezes gordurosas que flutuam e têm mau cheiro podem sugerir má absorção de gordura, enquanto a presença de sangue visível pode sugerir uma causa inflamatória de diarreia). Pacientes com má absorção de carboidratos (por exemplo, má absorção de lactose) podem apresentar diarreia aquosa, excesso de flatos e distensão abdominal. DIAGNÓSTICO: CLÍNICO: História da doença atual, sintomatologia EXAMES LABORATORIAIS: São úteis para avaliação inicial da diarreia crônica, especialmente para avaliar a presença de atividade inflamatória e/ou comprometimento nutricional • Hemograma – Pode ser encontrado anemia, deficiência de ferro (em casos de perda sanguínea), deficiência nutricional específica (dependendo do local do intestino acometido), alteração na série branca indicam diarreia de origem inflamatória, eosinofilia indica parasitose. Prova de Atividade Inflamatória: Proteína C Reativa, velocidade da hemossedimentação e alfa-1 glicoproteína ácida são bons marcadores de atividade inflamatória. Perfil nutricional/metabólico: A albumina é nutriente nobre e de meia vida longa. Sua deficiência está associada a perda nutricional significativa. O perfil lipídico também se altera. Em diarreias intentas, alterações hidreletrolíticas e disfunção renais são frequentes. Marcadores Específicos: Para doença celíaca tem importância o antiendomísio IgA e a antitransglutaminase IgA. O anticorpo anti-Saccharomyces cerevisiae e anticorpo anticitoplasma de neutrófilo perinuclear podem auxiliar no diagnóstico diferencial de RCU e DC Hormônios tireoidianos ESTUDO DAS FEZES: A coleta de fezes para análise encontra frequente resistência por parte dos pacientes. Ela traduz vários problemas do TGI e é valiosa ferramenta diagnóstica. • Pesquisa de Agentes Infecciosos – A entamoeba hystolistica e a giárdia lamblia são os mais frequentes (o exame parasitológico tem baixa sensibilidade para essas infecções). Sangue Oculto – Possibilita a detecção de sangue em níveis baixos. Nesta reação imunológica, não há possibilidade de falso-positivos por fatores da dieta ou reação com hemoglobinas Leucócitos – O método-padrão para sua pesquisa nas fezes tem sua acurácia dependente da experiência do examinador. Considerada quando há mais de 3 por campo. A lactoferrina fecal é o marcador para leucócitos fecais mais sensível e específico Gordura – Análise quantitativa baseada na pesquisa microscópica de gordura corada por Sudan IIII. O paciente deve ingerir 70g a 100g de gordura por dia durante o período de coleta das fezes, de 2 a 3 dias. A excreção normal corresponde cerca de 9% da gordura ingerida, ficando em torno de 7g/dia. Valores superiores a esse são considerados anormais e significam esteatorreia. Eletrólitos e Osmolaridade – As concentrações de eletrólitos são medidas nas fezes após a sua homogeinização e centrifugação da amostra. Na diarreia secretora, os eletrólitos não absorvidos são os responsáveis, e na osmótica, são os outros elementos osmoticamente ativos, como os carboidratos. pH fecal – Indicado diante suspeita de diarreia causada por má absorção de carboidratos, como nos casos relacionados com o uso de sorbitol ou lactulose. Nestas condições o pH é <6. Nas diarreias contendo ácidos graxos o pH fica entre 6 a 7,5 Teste para Pesquisa de Carboidratos Fecais: Podem ser feitos para identificar carboidratos mal absorvidos ENDOSCOPIA: Endoscopia Digestiva Alta – Avaliação da mucosa do intestino delgado proximal e análise por biópsia em casos de diarreia alta Colonoscopia – Usada em casos de diarreia baixa. Cápsula Endoscópica – Ferramenta de grande valia na investigação de doenças de grande parte do delgado, inacessível aos métodos endoscópicos habituais. A visualização da mucosa pode definir diagnóstico de enterites em geral. Enteroscopia com Duplo Balão – Permite o alcance de porções mais distais do Intestino Delgado. Exame detalhado da mucosa IMAGEM: Trânsito de Intestino Delgado – principal exame complementar para estudo do intestino delgado. Apresenta alta sensibilidade para avaliação de desordens do jejuno e íleo TC TRATAMENTO: Quando a causa é bem definida, o controle clínico dependerá do êxito da terapêutica específica instituída ou da exclusãode agentes causadores da diarreia. Para pacientes em investigação diagnóstica, deve-se prescrever inicialmente dieta pobre em resíduos, restrição de leite e derivados, utilizando- se medicamentos sintomáticos para diarreia. Os agentes antimotilidade derivados do ópio também atuam em receptores específicos na membrana celular, inibindo a atividade da adenilciclase, diminuindo a concentração intracelular de cAMP, tendo assim atividade antissecretora e inibidora da motilidade intestinal. Embora Loperamida e o Difenoxilato sejam mais utilizados, a morfina e a codeína, por terem ação central e periférica, são mais potentes e eficazes em diarreias persistentes de aidéticos. Os alfa2 adrenorreceptores estão presentes no intestino e medeiam os efeitos pró-absortivos e antimotilidade das catecolaminas. A clonidina, agonista alfa2-adrenérgico, tem atividade antidiarreica, sendo utilizada com sucesso na diarreia dos diabéticos. A somatostatina e o octreotídio tem ação diversificada no tubo digestivo. Inibem a motilidade e a secreção gástrica e pancreática com favorecimento da absorção de água e eletrólitos. O octreotídio é poderoso inibidor da liberação de gastrina, VIP e 5-HT Referências: • https://www.uptodate.com/contents/approach-to-the- adult-with-chronic-diarrhea-in-resource-abundant- settings?search=diarreia%20cronica%20sintomas&sourc e=search_result&selectedTitle=4~150&usage_type=defa ult&display_rank=4#H2073921848 • DANI, Renato; PASSOS, Maria do Carmo Friche. Gastroenterologia essencial. 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. 1006 p.
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