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Eliminação excessivamente frequente de fezes moles ou malformadas. Pode estar relacionada com alguns fatores fisiológicos e patológicos. Tem como causa agentes infecciosos, intolerância alimentar, fármacos ou doença intestinal. As diarreias agudas com menos de 4 dias de duração são causadas principalmente por agentes infecciosos e têm evolução autolimitada Mecanismos Fisiopatológicos São categorizadas em osmótica, secretória, inflamatória, disabsortiva e funcional, sendo as 4 primeiras diarreias orgânicas e a última não orgânica. Diarreia osmótica: Ocorre por acúmulo de solutos osmoticamente ativos não absorvíveis no lúmen intestinal. Assim, ocorre retenção de líquidos intraluminais e consequentemente diarreia. É a partir desse mesmo mecanismo que funcionam os laxativos. Ex.: deficiência de dissacarídeos, alta ingestão de car¬boidratos pouco absorvíveis (sorbitol, manitol, lactulose), abuso de laxativos. Diarreia secretória: Distúrbio no processo hidroeletrolítico pela mucosa intestinal, por meio do aumento de secreção de íons e água para o lúmen ou inibição da absorção, por meio de drogas ou toxinas. Diferentemente da osmótica, tem gap osmolar baixo, não melhora com jejum e é responsável por um grande volume de fezes aquosas. Esse é o tipo de diarreia provocada por E. coli enterotoxigênica, Vibrio cholerae, Salmonella sp. Diarreia inflamatória: causada por uma alteração inflamatória, levando a produção de muco, pus e/ ou sangue nas fezes. Pode ter alteração laboratorial da calprotectina ou lactoferrina fecal. Entre as causas, destacam-se a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. Diarreia funcional: Nesse tipo de diarreia, a absorção e secreção estão normais, porém não há tempo suficiente para ocorrer a absorção desses nutrientes corretamente. Ocorre por hipermotilidade intestinal. Exemplos: síndrome do intestino irri¬tável e diarreia diabética (neuropatia autonômica). Diarreia disabsortiva: Também conhecido como esteatorreia. A causa dessa diarreia está associada a baixa absorção dos lipídios no intestino delgado. Por exemplo doença celíaca, doença de Crohn, doença de Whipple, giardíase, estrongiloidíase e linfoma intestinal. Doença associada a viagens mais comum, afetando 20% a 70% dos viajantes, principalmente aqueles que visitam países de baixa e média renda. bactérias entéricas e parasitas são mais prevalentes do que os vírus nos países em desenvolvimento e geralmente atingem o pico durante os meses de verão Incidência relatada de infecção por espécies de Shigella 160 milhões de episódios em países com recursos limitados, principalmente em crianças Prevalência relatada de infecções por Giardia intestinalis 20% - 30% em crianças em países com recursos limitados Começa subitamente e persiste por menos de 2 semanas geralmente é causada por agentes infecciosos Patógenos entéricos causam diarreia por vários mecanismos. Alguns não são invasivos e não provocam inflamação, mas secretam toxinas que estimulam a secreção de líquidos. Outros invadem e destroem as células epiteliais e, deste modo, alteram o transporte de líquidos, de modo que a atividade secretória continua, mas a atividade absortiva é interrompida. DIARREIA NÃO INFLAMATÓRIA Está associada à eliminação de fezes líquidas volumosas, mas sem sangue; cólicas periumbilicais, distensão abdominal por gases; e náuseas ou vômitos. Causado por bactérias produtoras de toxinas (p. ex., S. aureus, E. coli enterotoxigênica, Cryptosporidium parvum, Vibrio cholerae) ou outros patógenos (p. ex., vírus, Giardia) que interrompem a absorção ou o processo secretório normal do intestino delgado. Vômitos abundantes sugerem enterite viral ou intoxicação alimentar por S. aureus. Embora geralmente seja branda, a diarreia (que se origina do intestino delgado) pode ser volumosa e causar desidratação com hipopotassemia e acidose metabólica (i. e., cólera). Como não há invasão dos tecidos, também não há leucócitos nas fezes. DIARREIA INFLAMATÓRIA Se caracteriza por febre e diarreia sanguinolenta (disenteria). Causado pela invasão das células intestinais (p. ex., Shigella, Salmonella, Yersinia e Campylobacter) ou toxinas associadas às infecções descritas antes por C. difficile ou E. coli Como as infecções associadas a esses microrganismos afetam predominantemente o intestino grosso, a eliminação de fezes é frequente, as fezes têm volume pequeno e a defecação está associada a cólicas no quadrante inferior esquerdo do abdome, urgência para defecar e tenesmo. A disenteria infecciosa deve ser diferenciada da colite ulcerativa aguda, que pode causar diarreia sanguinolenta, febre e dor abdominal. Diarreia que persiste por 14 dias não pode ser atribuída a patógenos bacterianos (exceto C. difficile) e o paciente deve ser avaliado a procura de outra causa de diarreia crônica. Os sintomas persistem por 4 semanas ou mais. Associada aos distúrbios como DII, SCI, síndromes de má absorção, doenças endócrinas (hipertireoidismo, neuropatia autônoma diabética) ou colite pós-irradiação. Existem quatro grupos principais de diarreia crônica: conteúdo intraluminal hiperosmótico; aumento dos processos secretórios do intestino; doenças inflamatórias; e processos infecciosos A diarreia factícia é causada pelo uso indiscriminado de laxantes ou pela ingestão excessiva de alimentos laxativos. DIARREIA OSMÓTICA a água é atraída para dentro do lúmen intestinal pela concentração hiperosmótica do seu conteúdo, a tal volume que o cólon não consegue reabsorver o excesso de líquido. Em pessoas com deficiencia de lactase, a intolerância à lactose se deve à ausência da enzima lactase no intestino delgado para degradar a lactose em glicose e galactose. A atividade inadequada de lactase possibilita que a lactose chegue ao intestino grosso. A flora no intestino grosso constitui uma via de resgaste para a digestão de lactose que é clivada em ácidos graxos de cadeia curta e gás, principalmente hidrogênio (H2), dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4). A lactose não digerida pode provocar diarreia osmótica; os produtos de sua digestão bacteriana podem provocar diarreia secretória e distensão intestinal por gás, eventos que provavelmente provocam sintomas. Os sais de magnésio no leite de magnésia e em alguns antiácidos não são bem absorvidos e causam diarreia quando são ingeridos em quantidades expressivas. Outra causa de diarreia crônica é a redução do tempo de trânsito, que interfere na absorção. Em geral, a diarreia osmótica regride com a suspensão da ingestão alimentar. DIARREIA SECRETÓRIA Ocorre quando os processos secretórios do intestino estão exacerbados. Esse tipo de diarreia também ocorre quando ácidos biliares em excesso permanecem no conteúdo intestinal à medida que chegam ao cólon. Isso acontece frequentemente com as doenças do íleo, porque os sais biliares são absorvidos neste segmento intestinal. Também pode ocorrer quando há proliferação bacteriana excessiva no intestino delgado, interferindo na absorção da bile. Alguns tumores (p. ex., síndrome de Zollinger-Ellison e síndrome carcinoide) produzem hormônios, que aumentam a atividade secretória do intestino. DIARREIA INFLAMATÓRIA Associada comumente à inflamação aguda ou crônica, ou a uma doença intrínseca do intestino grosso, inclusive colite ulcerativa ou doença de Crohn. Evidencia-se por aumento da frequência e urgência para defecar e dor abdominal em caráter em cólica. Em muitos casos, a defecação se acompanha de tenesmo (i. e., esforço doloroso para defecar), incontinência fecal e despertar durante a noite com desejo urgente de defecar. Infecções parasitárias persistentes podem causar diarreia crônica por alguns mecanismos. Os patógenos associados mais comumente à diarreia crônica incluem os protozoários Giardia, E. histolytica e Cyclospora.Pacientes imunossuprimidos são especialmente suscetíveis aos agentes infecciosos causadores de diarreias agudas e crônicas, inclusive Cryptosporidium, citomegalovírus (CMV) e complexo Mycobacterium avium-intracellulare. O diagnóstico baseia-se nas queixas de defecação frequente e no relato de fatores associados, inclusive doenças coexistentes, uso de fármacos e exposição a possíveis patógenos intestinais. Os distúrbios como DII e doença celíaca devem ser considerados. Quando o início da diarreia está relacionado com uma viagem ao exterior, deve-se considerar a possibilidade de diarreia do viajante. Embora a maioria das diarreias agudas seja autolimitada e não requeira tratamento, a diarreia pode ser especialmente grave nos lactentes e nas crianças pequenas, nos pacientes com doenças coexistentes, nos idosos e nos indivíduos previamente saudáveis quando se estende por períodos longos. Desse modo, a reposição de líquidos e eletrólitos é incluída como um dos objetivos do tratamento da diarreia. Os fármacos usados para tratar diarreia incluem difenoxilato e loperamida, que são derivados opioides. Esses fármacos reduzem a motilidade GI e estimulam a absorção de água e eletrólitos. As preparações adsorventes como o caulim e a pectina adsorvem substâncias irritantes e toxinas do intestino. Esses ingredientes são incluídos em algumas preparações antidiarreicas de venda livre, porque adsorvem as toxinas responsáveis por alguns tipos de diarreia. O subsalicilato de bismuto pode ser usado para reduzir a frequência de eliminação de fezes malformadas e aumentar a consistência das fezes, principalmente nos casos de diarreia do viajante. Esse fármaco parece inibir a secreção intestinal causada por E. coli enterotoxigênica e pelas toxinas da cólera. Os fármacos antidiarreicos não devem ser usados por pacientes com diarreia sanguinolenta, febre alta ou sinais de toxemia em vista do risco de agravarem a doença. Os antibióticos devem ser reservados para pacientes com patógenos entéricos confirmados. JAMESON, J L.; FAUCI, Anthony S.; KASPER, Dennis L.; et al. Manual de medicina de Harrison. Grupo A, 2021. 9786558040040. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978655 8040040/. NORRIS, Tommie L. Porth - Fisiopatologia. Grupo GEN, 2021. 9788527737876. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978852 7737876/. DynaMed. Diarréia Aguda em Crianças. Serviços de informação da EBSCO. Acessado em 1º de março de 2023. https://www.dynamed.com/approach-to/acute- diarrhea-in-children https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786558040040/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786558040040/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527737876/ https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788527737876/
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