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Inventário Judicial e Extrajudicial no Código Civil

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Prévia do material em texto

Código Civil
Prof.ª Fabiane Brião Vaz
inventário JudiCial 
e extraJudiCial no
Indaial – 2021
1a Edição
Impresso por:
Elaboração:
Prof.ª Fabiane Brião Vaz
Copyright © UNIASSELVI 2021
 Revisão, Diagramação e Produção:
Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI
V393i
Vaz, Fabiane Brião
Inventário judicial e extrajudicial no código civil. / Fabiane Brião 
Vaz. – Indaial: UNIASSELVI, 2021.
136 p.; il.
ISBN 978-65-5663-566-8 
ISBN Digital 978-65-5663-565-1
1. Direito sucessório. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da 
Vinci.
CDD 340
Olá, caro acadêmico! Eu sou a sua professora e autora nesta disciplina de 
Inventário Judicial e Extrajudicial no Código Civil. Chamo-me Fabiane Brião Vaz, sou 
graduada em Direito, especialista em Direito Público, e possuo mestrado em Política 
Social pela Universidade Católica de Pelotas/RS. Tenho experiência profissional como 
professora universitária do curso de Direito, além de coordenação do Núcleo de Prática 
Jurídica.
A disciplina pretende realizar uma reflexão a respeito dos fundamentos e das 
principais características acerca do Direito Sucessório no nosso país. Além disso, 
descobriremos tudo de mais importante e necessário para a sua atuação profissional no 
tocante à partilha de bens no ordenamento jurídico brasileiro, de acordo com o nosso 
Código Civil.
Não esqueceremos, é claro, da matéria de suma importância para todos aqueles 
que pretendem efetivar carreiras que se aproximem do mundo do Direito Civil, da figura 
do inventário extrajudicial.
Na Unidade 1, proporcionaremos uma reflexão acerca de questões fundamentais 
para o início dos estudos que englobam o Direito Sucessório, passando por 
conhecimentos desde o fundamento e o conceito das sucessões, até questões práticas 
acerca da administração da herança e da vocação hereditária. Após, aprofundaremos 
os conhecimentos que envolvem o Direito Civil propriamente dito, analisando conceitos, 
absorvendo princípios, além de visualizarmos um pouco do histórico do nosso Código 
Civil, estudando as modificações e os ordenamentos necessários para que chegássemos 
ao nosso atual código, datado do ano de 2002.
Já na Unidade 2, propiciaremos o contato direto com o elemento central deste 
livro, que é o Inventário, iniciando os estudos dele, expressamente designado no Código 
Civil brasileiro. A partir disso, ainda, destrincharemos, minuciosamente, as diferentes 
etapas do procedimento inventarial, com foco especial nos momentos da colação e da 
partilha de bens.
Na Unidade 3, passaremos a desenvolver um estudo focado no segundo elemento 
do nosso livro, no inventário extrajudicial. Averiguaremos quais as opções cabíveis e não 
cabíveis para a entrada com um inventário extrajudicial, além de trabalharmos com a 
ideia central da fundamentação e as características que o diferenciam do inventário 
judicial.
APRESENTAÇÃO
Refletiremos a respeito da importância do formato extrajudicial de Inventário, 
absorvendo todos os elementos formadores desse procedimento tão importante 
na celeridade do Direito Civil. Finalizando os nossos estudos, identificaremos fases 
importantes nesse cenário, como a aceitação e a renúncia da herança, a cessão de 
direitos hereditários e a lavratura extrajudicial.
Pronto para começar a estudar os inventários judicial e extrajudicial no Código Civil? 
Então, vamos começar, bons estudos!
Prof.ª Fabiane Brião Vaz
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – 
e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR 
Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite 
que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, 
é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos.
GIO
Olá, eu sou a Gio!
No livro didático, você encontrará blocos com informações 
adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento 
acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender 
melhor o que são essas informações adicionais e por que você 
poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações 
durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais 
e outras fontes de conhecimento que complementam o 
assunto estudado em questão.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos 
os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. 
A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um 
novo visual – com um formato mais prático, que cabe na 
bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada 
também digital, em que você pode acompanhar os recursos 
adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo 
deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura 
interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no 
texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que 
também contribui para diminuir a extração de árvores para 
produção de folhas de papel, por exemplo.
Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, 
apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, 
acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com 
versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
Preparamos também um novo layout. Diante disso, você 
verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses 
ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos 
nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, 
para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os 
seus estudos com um material atualizado e de qualidade.
QR CODE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um 
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de 
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar 
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem 
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo 
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, 
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
ENADE
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma 
disciplina e com ela um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conheci-
mento, construímos, além do livro que está em 
suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, 
por meio dela você terá contato com o vídeo 
da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa-
res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de 
auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que 
preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
SUMÁRIO
UNIDADE 1 — NOÇÕES BÁSICAS DE DIREITO SUCESSÓRIO .................................1
TÓPICO 1 — O DIREITO DAS SUCESSÕES .............................................................. 3
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3
2 CONCEITO E FUNDAMENTOS DO DIREITO DAS SUCESSÕES ...........................4
3 ABERTURA DA SUCESSÃO .................................................................................. 7
4 LEGITIMIDADE DE SUCESSORES ......................................................................11
LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................. 14
RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................... 16
AUTOATIVIDADE ....................................................................................................17
TÓPICO 2 — A ADMINISTRAÇÃO DA HERANÇA ................................................... 19
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 19
2 A RESPONSABILIDADE DOS HERDEIROS ........................................................20
3NATUREZA JURÍDICA DA INVENTARIANÇA .................................................... 21
4 ADMINISTRAÇÃO PROVISÓRIA DA HERANÇA .................................................22
RESUMO DO TÓPICO 2 ..........................................................................................25
AUTOATIVIDADE ...................................................................................................26
TÓPICO 3 — A VOCAÇÃO HEREDITÁRIA ..............................................................29
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................29
2 ACEITAÇÃO OU RENÚNCIA DA HERANÇA ........................................................29
3 DOS EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO .......................................................................33
4 HERANÇA JACENTE E HERANÇA VACANTE ....................................................36
RESUMO DO TÓPICO 3 ..........................................................................................39
AUTOATIVIDADE .................................................................................................. 40
REFERÊNCIAS .......................................................................................................42
UNIDADE 2 — INVENTÁRIO E PARTILHA NO CÓDIGO CIVIL ...............................43
TÓPICO 1 — O INVENTÁRIO NO CÓDIGO CIVIL .....................................................45
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................45
2 BENS QUE NÃO SE INVENTARIAM .................................................................... 47
3 O INVENTÁRIO JUDICIAL E AS ESPÉCIES ........................................................49
4 O PROCESSAMENTO DO INVENTÁRIO ..............................................................52
LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................. 57
RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................... 61
AUTOATIVIDADE ...................................................................................................63
TÓPICO 2 — A COLAÇÃO .......................................................................................65
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................65
2 DA COLAÇÃO ......................................................................................................66
3 PAGAMENTO DAS DÍVIDAS E DOAÇÃO ............................................................68
4 OS SONEGADOS .................................................................................................69
RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................... 72
AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 73
TÓPICO 3 — A PARTILHA NO CÓDIGO CIVIL ........................................................ 75
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 75
2 ESPÉCIES DE PARTILHA ................................................................................... 76
3 GARANTIA DE QUINHÕES HEREDITÁRIOS ....................................................... 77
4 DA ANULAÇÃO DA PARTILHA ........................................................................... 79
RESUMO DO TÓPICO 3 ..........................................................................................82
AUTOATIVIDADE ...................................................................................................83
REFERÊNCIAS .......................................................................................................86
UNIDADE 3 — O INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL ..................................................87
TÓPICO 1 — FUNDAMENTOS INICIAIS ..................................................................89
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................89
2 IMPOSSIBILIDADE DE INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL .................................... 91
3 FUNDAMENTAÇÃO E POSSIBILIDADES DE INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL..........94
4 DA PARTILHA EXTRAJUDICIAL ......................................................................100
LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................102
RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................106
AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 107
TÓPICO 2 — ELEMENTOS DO INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL...........................109
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................109
2 INSTRUMENTOS PARA A REALIZAÇÃO DO INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL ........110
3 DA ASSISTÊNCIA DO ADVOGADO ................................................................... 113
4 DOCUMENTOS NECESSÁRIOS PARA A ABERTURA DO INVENTÁRIO 
EXTRAJUDICIAL ............................................................................................. 114
RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................ 118
AUTOATIVIDADE ..................................................................................................119
TÓPICO 3 — PROCEDIMENTO DE INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL .................... 123
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 123
2 ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DE HERANÇA NO INVENTÁRIO 
EXTRAJUDICIAL ..............................................................................................124
3 CESSÃO DE DIREITOS HEREDITÁRIOS .......................................................... 126
4 ETAPAS DA LAVRATURA DE INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL ........................ 127
RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................ 132
AUTOATIVIDADE .................................................................................................133
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 135
1
UNIDADE 1 — 
NOÇÕES BÁSICAS DE 
DIREITO SUCESSÓRIO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
 A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• introduzir o aluno ao Direito das Sucessões;
•	 identificar	os	elementos	constitutivos	do	inventário	judicial	no	Código	Civil;
•	 submergir	o	estudante	ao	procedimento	sucessório;
•	 constatar	a	legitimidade	dos	sucessores;
•	 perceber	os	direitos	e	os	deveres	da	administração	da	herança;
•	 caracterizar	os	principais	pontos	da	vocação	hereditária.
	 A	cada	tópico	desta	unidade	você	encontrará	autoatividades	com	o	objetivo	de	
reforçar	o	conteúdo	apresentado.
TÓPICO	1	–	 O	DIREITO	DAS	SUCESSÕES
TÓPICO	2	–	 A	ADMINISTRAÇÃO	DA	HERANÇA
TÓPICO	3	–	 A	VOCAÇÃO	HEREDITÁRIA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure 
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
CHAMADA
2
CONFIRA 
A TRILHA DA 
UNIDADE 1!
Acesse o 
QR Code abaixo:
3
O DIREITO DAS SUCESSÕES
TÓPICO 1 — UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
O	direito	à	herança	é	tratado,	dentro	do	ordenamento	jurídico	brasileiro,	no	Código	
Civil	 e	na	Constituição	Federal.	 Em	um	primeiro	momento,	 neste	 segundo	dispositivo,	
podemos	observar	o	que	segue:
Art.	5º
Todos	são	iguais	perante	a	lei,	sem	distinção	de	qualquer	natureza,	
garantindo-se,	aos	brasileiros	e	aos	estrangeiros	residentes	no	país,	a	
inviolabilidade	do	direito	à	vida,	à	liberdade,	à	igualdade,	à	segurança	e	à	
propriedade,	nos	termos	seguintes:
XXX -	é	garantido	o	direito	de	herança	(BRASIL,	1988).
A	partir	disso,	no	Código	Civil,	 encontramos	o	Direito	Sucessório,determinado	
de	forma	cuidadosa	e	detalhada.	Para	 isso,	o	 legislador	opta	por	elencar	quatro	títulos	
distintos,	para	o	tratamento	em	etapas,	dessa	fase	tão	difícil	para	as	famílias	que,	além	de	
terem	perdido	um	ente	querido,	devem	se	ocupar	da	devida	 legalização	do	patrimônio	
deixado	por	ele.
Nesse	 sentido,	 é	 possível	 encontrar,	 no	 Código	 Civil	 brasileiro,	 o	 Direito	
Sucessório	da	seguinte	maneira:
LIVRO V
Do Direito das Sucessões
TÍTULO I
Da	Sucessão	em	Geral
TÍTULO II
Da	Sucessão	Legítima
TÍTULO III
Da	Sucessão	Testamentária
TÍTULO IV
Do	Inventário	e	da	Partilha
Neste	primeiro	momento	do	nosso	estudo,	analisaremos	tudo	o	que	diz	respeitos	
aos	títulos	elencados,	uma	vez	que,	para	se	entender	a	ferramenta	do	inventário	(judicial	
ou	extrajudicial)	como	fundamental	para	a	persecução	da	efetividade	do	Direito	Civil,	
é	preciso	a	compreensão	da	importância	do	Direito	das	sucessões	dentro	desse	vasto	
ramo	do	Direito.
Importante	destacar	algumas	dicas	 iniciais	para	que	você	acompanhe	os	nossos	
estudos	com	maior	praticidade.
4
• No Código Civil, a cessão de direitos hereditários se encontra 
entre os Arts. 1.793 e 1.795.
• Os responsáveis pela administração da herança (até o 
momento em que se firma o compromisso do inventariante) 
são encontrados regulamentados no Art. 1.797, do Código Civil.
• Com relação ao regulamento, no que tange aos tão polêmicos 
nascituros, é possível entender mais no Código Civil disciplinado 
entre os Arts. 1.798 a 1.800.
• O que diz respeito à aceitação ou à renúncia da herança, você 
encontra isso expresso entre os Arts. 1.804 a 1.813, do Código 
Civil.
• As questões pertinentes à petição da herança estão no Capítulo 
VII, do Título I, entre os Arts. 1.824 a 1.828.
NOTA
Inicialmente,	 cabe,	 ainda,	 destacar	que	o	 legislador	do	Código	Civil	 brasileiro	
vigente,	 datado	do	ano	de	2002,	preocupou-se,	 também,	em	estipular,	 expressamente,	
a	não	diferenciação	entre	os	herdeiros	“legítimos/ilegítimos”	para	as	questões	pertinentes	
ao	 Direito	 Sucessório.	 Isso	 quer	 dizer	 que,	 para	 o	 Direito,	 os	 filhos	 adotivos	 estão	
enquadrados	na	vocação	hereditária	com	os	filhos	biológicos.
2 CONCEITO E FUNDAMENTOS DO DIREITO DAS 
SUCESSÕES
Quando	falamos	em	“suceder”,	logo,	somos	remetidos	à	ideia	de	tomar	conta	do	
lugar	de	outrem,	à	substituição	de	alguém.	Assim,	é	chamado	o	Direito	das	Sucessões,	
uma	vez	que	ocorre	a	substituição	da	titularidade	de	bens	de	uma	pessoa	falecida	para	
outra,	que	se	encontra	viva	e	em	plena	capacidade	civil.
A	respeito	do	conceito	básico	de	Direito	das	Sucessões,	o	doutrinador	de	Direito	
Civil,	Silvio	de	Salvo	Venosa,	nos	ensina	o	seguinte:
Suceder	 é	 substituir,	 tomar	 o	 lugar	 de	 outrem	 no	 campo	 dos	
fenômenos	jurídicos.	Na	sucessão,	existe	uma	substituição	do	titular	
de	um	direito.	Esse	é	o	conceito	amplo	de	sucessão	no	direito.	Quando	
o	conteúdo	e	o	objeto	da	relação	jurídica	permanecem	os	mesmos,	
mas	 mudam	 os	 titulares	 da	 relação	 jurídica,	 operando-se	 uma	
substituição,	diz-se	que	houve	uma	transmissão	no	direito	ou	uma	
sucessão.	Assim,	o	 comprador	 sucede	ao	vendedor	na	 titularidade	
de	uma	coisa,	como,	também,	o	donatário	sucede	ao	doador,	e	assim	
por	diante.	Destarte,	sempre	que	uma	pessoa	tomar	o	lugar	de	outra	
em	uma	relação	jurídica,	há	uma	sucessão.	A	etimologia	da	palavra	
(subcedere)	tem,	exatamente,	esse	sentido,	ou	seja,	de	alguém	tomar	
o	lugar	de	outrem	(VENOSA,	2014,	p.	17).
5
Corroborando	com	a	ideia	de	Venosa	(2014),	outro	grande	pensador	do	Direito	
brasileiro	nos	ensina	a	respeito	do	conceito	de	sucessão,	vejamos:
A	 palavra	 “suceder”	 tem	 o	 sentido	 genérico	 de	 virem	 os	 fatos	 e	
fenômenos	jurídicos	“uns	depois	dos	outros”	(sub	+	cedere).	Sucessão	
é	a	respectiva	sequência.	No	vocabulário	 jurídico,	toma-	se	a	palavra	
na	acepção	própria	de	uma	pessoa	se	inserir		na	titularidade	de	uma	
relação	jurídica	que	lhe	advém	de	outra	pessoa,	e,	por	metonímia,	a	
própria	transferência	de	direitos,	de	uma	a	outra	pessoa.	Na	fórmula	
feliz	de	Lacerda	de	Almeida,	há	a	continuação	de	uma	pessoa	em	
relação	 jurídica	 que	 cessou	 para	 o	 anterior	 sujeito	 e	 continua	 em	
outro.	1	Conforme	a	sua	extensão,	diz	-se	que	a	sucessão	é,	“a	título	
universal”,	 quando	 gera	 a	 transmissão	 da	 totalidade	 ou	 da	 fração	
ideal	do	patrimônio	ao	sucessor,	e,	“a	título	singular”,	quando	adstrita	
a	uma	coisa	ou	a	um	direito	determinado.	A	primeira	 induz	à	sub-	
rogação	 abstrata	 na	 totalidade	 dos	 direitos	 ou	 a	 uma	 fração	 ideal	
deles,	ao	passo	que	a	segunda	tem	em	vista	a	sub-	rogação	concreta	
do	novo	sujeito	em	determinada	relação	de	direito.	Pode	ocorrer	por	
ato	 de	vontade	 ou	 por	 determinação	 de	 lei.	 Pode,	 ainda,	 verificar	-
-se	em	vida	(successio	 inter	vivos)	ou	pela	morte	(successio	causa	
mortis)	(PEREIRA,	2017,	p.	10).
Acerca	dos	tipos	de	sucessão	elencados	por	Pereira	(2017),	vamos,	mais	adiante,	
neste	 livro	didático,	 analisá-los	com	afinco,	mas,	para	marcarmos	o	presente	tópico,	
cabe,	aqui,	colocarmos	o	conceito	inicial	dessas	categorias	sucessórias.
Assim,
em	 termos	 gerais,	 duas	 são	 as	modalidades	 básicas	 de	 sucessão	
mortis	causa,	o	que	pode	ser	retirado	do	Art.	1.786,	do	Código	Civil	
de	2002,	sendo	primaz	para	a	compreensão	da	matéria	sucessória.	
A	 primeira	modalidade	 é	 a	 sucessão	 legítima,	 aquela	 que	 decorre	
da	 lei,	 que	enuncia	a	ordem	de	vocação	hereditária,	presumindo	a	
vontade	do	autor	da	herança.	É,	também,	denominada	de	sucessão	
ab	intestato,	justamente,	por	inexistir	testamento	[...].	Como	segunda	
modalidade,	a	sucessão	testamentária	tem	origem	em	ato	de	última	
vontade	do	morto,	por	testamento,	legado	ou	codicilo,	mecanismos	
sucessórios	para	exercício	da	autonomia	privada	do	autor	da	herança.	
Deve-se	adiantar	que,	no	Brasil,	não	há	uma	tradição	testamentária	
(TARTUCE,	2016,	p.19).
Já	com	relação	à	origem	histórica	do	Direito	das	Sucessões,	que	veio	a	se	tornar	
um	ramo	tão	importante	da	área	jurídica,	Dias	(2019,	p.	1)	discorre:
Sem	entrar	na	controvérsia	de	quando	começa	a	vida,	o	certo	é	que	
ninguém	quer	 que	 ela	 acabe	 com	a	morte.	 O	 desejo	 de	 transcender	
para	 além	da	existência	 corpórea	encontra	 respostas	nas	 religiões	
que,	 invariavelmente,	 prometem	 a	 continuação	 da	 vida	 em	
dimensões	outras.	A	 ideia	de	perenidade	da	vida	está	muito	 ligada	
à	questão	 sucessória,	 que	 se	afirma	como	complemento	natural	 à	
perpetuação	 da	 família.	 A	mesma	 cadeia	 ininterrupta,	 que	 une	 as	
gerações,	 constitui	 o	nexo	sucessório	civil.	A	continuidade	da	vida	
gera,	 logicamente,	a	continuidade	do	gozo	dos	bens	necessários	à	
existência	e	ao	desenvolvimento	do	indivíduo.
6
A	 ideia	de	sucessão	ocorre	em	diversos	ramos	do	Direito,	uma	vez	que	todo	o	
âmbito	civil	trata	da	propriedade,	e,	como	sabemos,	as	propriedades	são,	constantemente,	
modificadas,	quanto	à	titularidade,	como	é	o	caso	do	Direito	Contratual	com	os	contratos	
de	compra	e	de	venda,	com	as	tradições	de	dívidas	no	Direito	das	Coisas,	com	o	Direito	
das	Obrigações	na	quitação	de	obrigações	a	fazer	etc.
FIGURA 1 – ELEMENTOS DO DIREITO SUCESSÓRIO
FONTE: <https://arthurpaivarn.jusbrasil.com.br/artigos/387148276/direito-de-familia-x-direito-de-suces-
soes-diferencas-na-questao-patrimonial>. Acesso em: 11 abr. 2021.
Indo	um	pouco	mais	afundo	no	tema,	segue	uma	explanação	de	fácil	entendimento	
quanto	aos	fundamentos	que	deram	origem	ao	Direito	das	Sucessões,	ao	nosso	objeto	de	
estudos	do	presente	tópico,	vejamos:
Nas	 sociedades	 organizadas	 em	 bases	 capitalistas,	 o	 direito	
sucessório	 surge	 com	 o	 reconhecimento	 natural	 da	 propriedade	
privada.	 Está	 ligado	 à	 continuação	do	 culto	 familiar	 que,	 desde	os	
tempos	 remotos,	 advém	 da	 ideia	 de	 propriedade.	 O	 patrimônio	 e	
a	 herança	nascem	do	 instinto	 de	 conservação	 e	melhoramento.	A	
manutenção	dos	bens,	no	âmbito	da	família,	é	um	eficiente	meio	de	
preservação	da	propriedade	privada,	pois	todos	os	membros	acabam	
defendendo	os	benscomuns.	Nas	 sociedades	nas	quais	não	existe	
direito	de	propriedade	nem	interesse	na	preservação	da	família,	não	
existem	direitos	sucessórios	(DIAS,	2019,	p.	2).
Pensar	 em	 conceituar	 o	 Direito	 das	 Sucessões	 é,	 primeiramente,	 atentar-se	
aos	 fundamentos	 desse	 ramo	 do	 Direito	 tão	 importante	 para	 a	 efetividade	 da	 área	
civil.	Ao	se	denominar	que	um	cidadão	tem	direito	de	propriedade	adquirida	sobre	a	
propriedade,	 anteriormente,	pertencente	a	outro	cidadão	enquanto	permanecia	vivo,	
estão	se	modificando	instrumentos	do	Direito	Civil,	ou	seja,	está	se	alterando	a	posição	
de	determinados	bens	na	sociedade.
7
Nas	palavras	 da	 reconhecida	 doutrinadora	 de	Direito,	Diniz	 (2014,	 p.	 3)	 utiliza	 o	
Código	Civil	para	esclarecer	a	base	central	do	Direito	das	Sucessões,	conforme	segue:
O	Direito	das	Sucessões	vem	a	ser	o	conjunto	de	normas	que	disciplina	
a	 transferência	do	patrimônio	de	alguém,	depois	da	sua	morte,	 ao	
herdeiro,	em	virtude	de	lei	ou	de	testamento	(CC,	Art.	1.786).	Consiste,	
portanto,	no	complexo	de	bens	de	disposições	jurídicas	que	rege	a	
transmissão	de	bens,	de	valores	e	de	dívidas	do	falecido,	ou	seja,	a	
transmissão	do	ativo	e	do	passivo	do	de	cujus	ao	herdeiro.
Como	se	pode	perceber,	então,	essa	modificação	de	bens,	dentro	da	esfera	civil,	
pela	transmissão	sucessória,	pode	ser	realizada	através	da	Lei,	por	meio	da	inventariança	
(judicial	ou	extrajudicial),	e	por	manifestação	de	vontade	(em	vida)	do	cidadão,	primariamente,	
proprietário	dos	bens	em	questão,	por	meios	testamentários.
Podemos,	então,	entender	que	o	Direito	das	Sucessões	está	amparado	na	simples	
obrigação	do	Poder	Público	de	zelar	pela	regulamentação	civil	dos	bens	 inseridos	no	
território.	Isso	porque	é	interesse	do	Estado	que	os	bens	não	acabem	por	“inexistir”	com	
o	então	proprietário.
Em	vista	de	tudo	isso,	podemos	nos	amparar	em	um	conceito	de	simples	entendi-
mento,	cunhado	por	Rizzardo	(2018,	p.	11):	“Suceder	se	conceitua	como	herdar	ou	receber	
o	patrimônio	daquele	que	faleceu.	Verifica-se	o	fenômeno	da	extinção	da	relação	e,	no	seu	
lugar,	apresenta-se	o	sucessor,	sem	que	se	modifique	o	objeto	da	sucessão”.
Já	que	 a	 nossa	 sociedade	 tem,	 como	 ferramenta	 fundamental	 no	manuseio	
das	 relações	 civis	 e	 econômicas,	 a	 propriedade	 privada,	 é	 interesse	 de	 a	 própria	
Administração	Pública	 fazer	 com	que	 os	 cidadãos	 anseiem	por	 adquirir	 e	 produzir	 a	
maior	quantidade	de	bens	possuidores	de	valor	econômico.
3 ABERTURA DA SUCESSÃO
É	importante	que	nos	atentemos	ao	momento	da	abertura	da	sucessão,	assunto	de	
plena	pacificação	entre	a	legislação	brasileira	e	os	doutrinadores:
Com	a	morte,	abre	-se	a	sucessão.	Torna	-se,	então,	indispensável	a	
apuração	da	autenticidade.	A	transmissão	hereditária	se	opera		com	a	
morte,	que	deve	ser	provada,	no	plano	biológico,	pelos	meios	de	que	
se	vale	a	Medicina	Legal,	e,	no	plano	 jurídico,	pela	certidão	passada	
pelo	Oficial	do	Registro	Civil,	extraída	do	registro	de	óbito	(Lei	nº	6.015,	
de	31	de	dezembro	de	1973,	Art.	77)	(PEREIRA,	2017,	p.	36).
“A	 morte	 determina,	 então,	 a	 abertura	 da	 sucessão,	 passando	 os	 bens	 do	
defunto	 aos	 sucessores,	 que	 estejam	 vivos	 naquele	momento,	 independentemente	 de	
se	acharem	presentes,	ou	de	qualquer	ato	seu.	Daí,	dizer	-se	que	a	morte	é	um	fato	
imutável”	(PEREIRA,	2017,	p.	37).
8
Já	Venosa	(2014,	p.	27)	nos	brinda	com	uma	reflexão	mais	detalhada,	utilizando	
artigos	do	Código	Civil,	para	explicar	a	 ligação	entre	a	morte	e	a	abertura	do	processo	
sucessório:
Como	 é	 fundamental,	 a	 sucessão	 hereditária	 gravita	 em	 torno	 da	
morte.	 A	morte	 do	 titular	 de	 um	 patrimônio	 determina	 a	 sucessão.	 O	
fato	da	morte,	 fato	 jurídico,	 indica	 o	momento	 em	que	 "a	herança	
se	transmite,	desde	logo,	aos	herdeiros	 legítimos	e	testamentários"	
(Art.	 1.784).	No	antigo	Código:	 "o	domínio	e	a	posse	da	herança	se	
transmitem,	 desde	 logo,	 aos	 herdeiros	 legítimos	 e	 testamentários"	
(Art.	 1.572).	Tempo	 e	 lugar	 da	 abertura	 da	 sucessão	 são	 importantes	
para	as	consequências	jurídicas.	Entre	nós,	"a	sucessão	se	abre	no	
lugar	do	último	domicílio	do	falecido"	 (Art.	1.785).	Fixa-se,	aí,	o	foro	
universal	da	herança,	como	examinaremos.
Corroborando	com	todo	o	exposto,	Diniz	(2010,	p.	1264)	explica,	no	seu	Código	
Civil	Anotado,	que:
Com	o	óbito	do	hereditando,	os	herdeiros	recebem,	por	efeito	direto	
da	lei	(son	saisis	de	plein	droit),	as	suas	obrigações,	a	sua	propriedade	
de	coisas	móveis	e	imóveis	e	os	seus	direitos.	Adotado	está	o	princípio	
da	saisine,	o	direito	de	saisina,	ou	da	 investidura	 legal	na	herança,	
que	erradia	efeitos	jurídicos	a	partir	do	óbito	do	de	cujus.
Dessa	maneira,	entende-se	que,	ao	dizer	que	é	aberta	uma	sucessão,	para	fins	
de	Direito,	significa	afirmar	que	há	o	 início	do	processo	de	transmissão	dos	bens,	direitos,	
obrigações,	débitos,	dívidas	e	créditos	do	cidadão	falecido	para	os	herdeiros.	Vejamos	
como	é	simples	a	 redação	que	diz	 respeito	à	abertura	de	sucessão,	disposta	no	Art.	
1.784,	do	Código	Civil:
Artigo.	1.784
Aberta	 a	 sucessão,	 a	 herança	 se	 transmite,	 desde	 logo,	 aos	herdeiros	
legítimos	e	testamentários	(BRASIL,	2002).	
Percebemos,	 de	maneira	 clara,	 que	 a	 legislação	 se	 preocupa	 em	 especificar	
que,	para	existir	a	figura	da	herança,	é	necessário	que	ocorra	um	falecimento,	ou	seja,	via	
de	regra,	não	há	o	que	se	falar	de	herança	de	pessoa	viva.
Acerca	da	figura	da	morte,	Tartuce	(2016,	p.	20)	se	preocupa	em	distinguir	como	
pode	ocorrer	e	os	desdobramentos	para	o	Direito	Sucessório:
Pois	bem,	a	morte	civil	da	pessoa	natural	engloba	três	modalidades,	que	devem	
ser	 revistas	e	expostas	brevemente,	 a	 saber:	 a)	morte	 real;	 b)	morte	presumida	 sem	
declaração	de	ausência,	por	meio	da	justificação;	e	c)	morte	presumida	com	declaração	
de	ausência.	Nos	dois	últimos	casos,	há	uma	presunção	relativa	quanto	à	existência	da	
morte.	Existe,	também,	uma	categoria	que	diz	respeito	à	presunção	do	momento	da	morte,	
qual	seja	o	instituto	da	comoriência	(letra	d).
9
A	partir	 disso,	 o	 autor	 elenca,	 de	maneira	 prática,	 cada	um	dos	 tipos	 de	morte	
supracitados.	Segue	um	quadro	resumido	das	modalidades:
QUADRO 1 – MODALIDADES DE MORTE NATURAL
MODALIDADE CONCEITO
Morte Real
A	morte	real	é	aquela	que	se	dá	com	o	corpo	presente,	não	havendo	a	
necessidade	de	buscar	socorro	às	presunções.	A	lei	exige,	dessa	forma,	
a	morte	cerebral	(morte	real),	ou	seja,	que	o	cérebro	da	pessoa	pare	de	
funcionar.
Morte presumida 
sem declaração de 
ausência por da 
justificação
Como	primeira	modalidade	de	presunção,	é	possível	que	ela	se	dê	sem	
a	declaração	de	ausência,	em	dois	casos	descritos	no	Art.	7.º,	do	Códi-
go	Civil,	quais	sejam:
•	 Desaparecimento	do	corpo	da	pessoa,	sendo	extremamente										
provável	a	morte	de	quem	estava	em	perigo	de	vida.
•	 Desaparecimento	de	pessoa	envolvida	em	campanha	militar	ou	fei-
ta	prisioneira,	não	sendo	encontrada	até	dois	anos	após	o	término	
da	guerra.
Morte presumida 
com declaração de 
ausência
No	atual	sistema	da	Lei	Geral	Privada,	a	ausência	significa	inexistência	
da	pessoa	natural	por	morte.	Está	presente,	tal	figura	jurídica,	nas	
hipóteses	em	que	a	pessoa	está	em	local	incerto	e	não	sabido,	não	
havendo	indícios	das	razões	do	desaparecimento.	Não	há	um	envol-
vimento	do	suposto	falecido	com	qualquer	fato	que	possa	lhe	trazer	
risco	de	morte,	sendo	esse	o	ponto	crucial	para	diferenciar	a	ausência	
da	justificação.
Comoriência
A	comoriência,	conforme	o	Art.	8.º,	in	verbis:	“Se	dois	ou	mais	indivídu-
os	falecerem	na	mesma	ocasião,	não	se	podendo	averiguar	se	algum	
dos	comorientes	precedeu	aos	outros,	presumir-se-ão,	simultanea-
mente,	mortos”.	O	preceito	transcrito	não	exige	que	a	morte	ocorra	no	
mesmo	local,	mas	ao	mesmo	tempo,	sendo	pertinente,	tal	regra,	quan-
do	os	falecidos	são	pessoas	da	mesma	família,	e	com	direitos	suces-
sórios	entre	si.	Não	se	presume	que	um	dos	envolvidos	falece	primeiro	
(premoriência),	mas	que	morrem	nomesmo	momento	(comoriência).
FONTE: Adaptado de Tartuce (2016)
Em	 vista	 do	 exposto,	 sabemos,	 então,	 que	 existem	 exceções	 previstas	 no	
Código	Civil,	 a	partir	do	Art.	26,	que	tratam	das	ocasiões	nas	quais	o	cidadão	se	faz	
ausente	por	tempo	determinado,	com	a	morte	presumida,	mesmo	que	não	comprovada.
É	possível	que	os	possíveis	herdeiros,	detentores	de	lugar	na	ordem	sucessória	de	
herança	da	pessoa	desaparecida,	possam	diligenciar	o	pedido	de	abertura	de	sucessão,	o	
qual	chamamos	de	sucessão	provisória.
10
Apenas após passados dez anos da abertura da sucessão provisória, 
caso o ausente não reapareça, ou, ainda, não se obtenha uma 
confirmação real da morte, os herdeiros podem requerer a sucessão 
definitiva, que, também, tem duração de dez anos.
NOTA
Outra	maneira	de	se	transmutar	sucessão	provisória	em	definitiva	é	com	a	com-
provação	que	o	cidadão	desaparecido	possui	oitenta	anos	de	idade	e	que	já	está	sumido	
por	cinco	anos,	sem	dar	notícia	alguma.	Essa	possibilidade	está	delineada	no	Art.	38,	do	
nosso	Código	Civil.
A	 partir	 da	 abertura	 da	 sucessão,	 no	Art.	 1.829,	 do	 Código	 Civil,	 o	 legislador	
estabelece	a	ordem	da	vocação	hereditária,	ou	seja,	a	ordem	que	é	seguida,	entre	os	
herdeiros,	para	o	devido	recebimento	das	quotas	da	herança.
A pauta do nosso estudo é o processo de inventário, mas vale saber 
que, na falta de herdeiros, a herança é recolhida pelo Município, Distrito 
Federal ou União, conforme estabelece o Art. 1.844, do Código Civil.
NOTA
Ainda,	pertinente	ao	presente	 item	do	Tópico	1,	da	primeira	unidade	dos	nossos	
estudos,	é	a	questão	das	pessoas	para	as	quais	é	possível	determinar	a	morte	através	de	
evidências	que	não	sejam	o	mero	decurso	de	tempo	ausente.	Isso	ocorre,	por	exemplo,	
nos	casos	em	que	a	pessoa	é	vítima	de	um	naufrágio,	 acidente	aéreo,	ou	desastres	
naturais,	com	o	corpo	não	encontrado.	Assim,	não	é	necessária	a	certidão	de	óbito	para	
que	se	abra	a	sucessão.
O	Código	Civil	vocifera,	no	Art.	7º,	incisos	I	e	II,	que	pode	ser	declarada	a	morte	
nos	casos	em	que	“for	extremamente	provável	a	morte	de	quem	estava	em	perigo	de	vida”.	
Então,	podemos	observar	que	não	somente	vivenciar	catástrofes,	mas,	também,	qualquer	
situação	 de	 perigo	 de	vida	 iminente,	 seguida	 de	 desaparecimento,	 são	 passíveis	 de	
abertura	do	processo	sucessório	do	cidadão	em	questão.
Por	fim,	cabe	fixar	que	o	legislador	também	se	preocupou,	no	parágrafo	único	do	
Art.	7º,	do	Código	Civil,	em	determinar	que	exista	sentença	fixando	a	provável	data	e	a	
hora	do	falecimento	do	indivíduo,	isso	para	que	se	possa,	posteriormente,	desenvolver,	no	
âmbito	civil,	os	processos	consequentes	da	morte.
11
4 LEGITIMIDADE DE SUCESSORES
A	respeito	do	recebimento	da	herança,	podemos	 iniciar	os	nossos	estudos	com	
base	no	disposto	por	Rodrigues	(2007,	p.	293),	quando	assevera:
Morto	o	autor	da	herança,	o	patrimônio	se	transmite,	desde	 logo,	aos	
herdeiros	 legítimos	 e	 testamentários.	 Estes	 recebem	 o	 patrimônio	
como	um	todo,	cabendo,	a	cada	qual,	uma	parte	ideal	e	indeterminada.	
Através	 da	 partilha,	 entretanto,	 declara-se	 qual	 a	 parte	 divisa,	 ou	
mesmo	indivisa,	cabente	a	cada	herdeiro.
No	ordenamento	jurídico,	quando	falamos	da	“Sucessão	Legítima”,	estamos	nos	
referindo	àquela	que	ocorre	em	consequência	da	lei,	ou	seja,	decorre	porque	se	verificam,	
na	situação	fática,	os	requisitos,	anteriormente,	previstos	pelo	legislador	no	Código	Civil.	
Para	além	desse	tipo	de	sucessão,	 surge,	ainda,	a	chamada	 “Sucessão	Testa-
mentária”,	que	é	aquela	efetuada	a	partir	não	da	lei,	mas	da	manifestação	de	vontade	do	
falecido	(ou,	para	fins	de	Direito	das	Sucessões,	do	de	cujus	–	nomenclatura	utilizada	para	se	
referir	à	pessoa	morta	que	deixa	a	herança).
Vejamos	o	que	determina	o	Código	Civil	brasileiro:
Art.	1.788
Morrendo	 a	 pessoa	 sem	 testamento,	 transmite	 a	 herança	 aos	
herdeiros	 legítimos;	 o	 mesmo	 ocorrerá	 quanto	 aos	 bens	 que	 não	
forem	compreendidos	no	testamento;	e	subsiste	a	sucessão	legítima	
se	o	testamento	caducar,	ou	for	julgado	nulo	(BRASIL,	2002).	
Nos	casos	expressos	no	dispositivo	anterior,	a	transmissão	dos	bens	da	herança	é,	
então,	direcionada,	para	o	que	o	ordenamento	jurídico	chame	de	Herdeiros	Legítimos.	
Isso	quer	dizer,	simplesmente,	que	são	os	herdeiros	indicados,	expressamente,	ao	longo	
do	Art.	1.829,	do	Código	Civil,	quais	sejam:
I-	 os	descendentes,	com	o	cônjuge	sobrevivente;
II-	 os	ascendentes,	também,	com	o	cônjuge	sobrevivente;
III-	 o	cônjuge	sobrevivente;
IV-	 os	parentes	colaterais.
Importante	fixar	que	a	ordem	exposta	é	de	suma	importância,	uma	vez	que	é	
para	ser	executada	na	exata	sequência,	ou	seja,	na	falta	do	primeiro,	só,	então,	passa-se	ao	
segundo,	e	assim	por	diante.	Essa	ordem	é	chamada	de	Vocação	Hereditária.
12
Diz-se que ambas as maneiras de sucessão (legítima e 
testamentária) são feitas a partir da livre vontade do de cujus. 
Por mais que isso cause estranheza, tem motivo para ser, uma 
vez que, no Direito, presume-se que as leis postas não podem 
ser objeto de vociferação de renúncia de conhecimento, ou seja, 
entende-se que o falecido, sabendo do que está posto no Código 
Civil, se desejasse outra ordem de transmissão dos próprios 
bens, assim o expressaria em testamento.
NOTA
Ratificando	o	exposto,	cabe	observarmos	o	que	nos	ensina	Venosa	(2014,	p.	67)	a	
respeito	da	vocação	hereditária:
A	 capacidade	para	 suceder	 é	 a	 aptidão	para	 se	 tornar	herdeiro	 ou	
legatário	numa	determinada	herança.	A	vocação	hereditária	está	na	
lei,	norma	abstrata	que	é.	Daí	porque	a	lei	diz	que	são	chamados	os	
descendentes,	na	sua	falta,	os	ascendentes,	cônjuge,	colaterais	até	
quarto	grau	e	Estado.	O	cônjuge,	no	mais	recente	Código,	ascende	
ao	 estado	 de	 herdeiro	 necessário	 e	 concorrerá	 à	 herança	 com	 os	
descendentes,	em	determinadas	situações,	e	com	os	ascendentes	
(Art.	 1.829).	Também,	em	um	testamento,	a	 regra	geral	é	a	de	que	
toda	pessoa	natural	ou	jurídica	pode	ser	aquinhoada	pelo	ato	de	última	
vontade.	 Essa	 aptidão	 genérica	 se	 materializa	 quando	 da	 morte,	
quando	é	aberta	a	sucessão.
Nossas	 leis	garantem,	ainda,	 a	possibilidade	de	a	 sucessão	ser	estabelecida,	
concomitantemente,	como	legítima	e	testamentária.	Isso	ocorre	quando	o	testamento	
não	 abrange	 todos	 os	 bens	 deixados	 pelo	 indivíduo	 falecido,	 uma	vez	 que	 os	 bens	 não	
abarcados	no	testamento	passam	a	ser	tratados,	de	acordo	com	as	leis	civis,	seguindo	
a	vocação	hereditária	legítima.
No	mais,	 caso	exista	o	que	chamamos	de	 “Herdeiros	Necessários”,	 sendo,	 estes,	
descendentes,	cônjuge	e	ascendentes,	o	falecido	testador	não	pode	dispor	da	totalidade	
dos	 bens	 em	 testamento,	 isso	 porque	 o	 Art.	 1.846,	 do	 Código	 Civil,	 menciona	 que	
“pertence,	aos	herdeiros	necessários,	de	pleno	direito,	a	metade	dos	bens	da	herança,	
constituindo	a	legítima”.
Para encerrar esta etapa do nosso estudo, é importante a leitura, 
também, dos Arts. 1.789 e 1.850, do Código Civil, que tratam da 
liberdade testar, afastando os herdeiros colaterais, se assim for o 
desejado, e da disposição necessária da herança como um todo.
DICA
13
Nos	casos	em	que	o	de	cujos	é	casado,	em	vida,	pelo	Regime	da	Comunhão	
Universal	 de	Bens,	 aparece	 o	 instituto	 da	Meação,	 ou	 seja,	 o	 patrimônio	 do	 casal	 é,	
igualmente,	dividido,	podendo,	o	falecido,	dispor,	em	testamento,	apenas	a	parte	que	lhe	
disser	 respeito,	 caso	 não	 existam	 herdeiros	 necessários.	 Já	 quando	 existem	 herdeiros	
necessários,	pode,	apenas,	testamentar	acerca	da	metade	da	meação	correspondente,	ou	
seja,	de	um	quarto	dos	bens	do	casal.
Quando ocorre de uma pessoa ser beneficiada via testamento, 
recebendo coisa certa e determinada, mas não estando na lista da 
vocação hereditária do falecido, é chamada de legatário, não sendo 
caracterizada como herdeiro, testamentário ou outros termos 
referentes às pessoas dispostas na ordem sucessória do Código Civil.
NOTA
Por	 fim,	 herdeiro	 universal	 é	 o	 cidadão	 que	vema	 receber	 uma	 herança	 sem	
passar	 pelos	 institutos	 da	 partilha,	 ou	 seja,	 é	 um	 herdeiro	 único.	 Nesse	 caso,	 então,	
dispensa-se	a	etapa	da	partilha,	atribuindo-se	a	herança	ao	herdeiro	universal	por	meio	da	
autoadjudicação,	lavrada	no	Inventário.
O	 fenômeno	 do	 herdeiro	 universal	 pode	 ocorrer	 em	 virtude	 da	 lei	 (quando	
não	existir	mais	ninguém	que	se	encaixe	na	ordem	da	vocação	hereditária	do	Código	
Civil)	 e	 em	virtude	 do	 testamento	 (quando	 existem	herdeiros	 colaterais,	 e	 estes	 são	
dispensados	via	testamento).
14
LEGITIMIDADE DOS HERDEIROS E DANO MORAL
José	Gervásio	Meireles
Sempre	se	discutiu	se	a	indenização	por	danos	morais,	sofrida	pela	pessoa	que,	
posteriormente,	faleceu,	pode	ser	transferida	para	os	sucessores,	e	se	eles	ostentam	
legitimidade	processual	para	exigir	a	reparação.
A	doutrina	contrária	defende	que	os	danos	morais	violam	valores	caros	ao	ser	
humano,	direitos	da	personalidade,	não	podendo	ser	 transferidos	aos	herdeiros.	Uma	vez	
que	ocorre	a	morte	do	ofendido,	não	existem	mais	danos	morais,	descabendo	qualquer	
pretensão	 indenizatória.	Por	outro	 lado,	a	doutrina	completamente	oposta	entende	que	a	
transmissão	não	é	do	dano,	mas	do	direito	à	reparação.	Os	herdeiros	recebem	o	direito	
à	reparação	pecuniária,	e	o	legislador	ordinário,	claramente,	adota	a	referida	corrente.	O	
Art.	943,	do	Código	Civil,	 informa	a	transmissão	do	direito:	 “Art.	943.	O	direito	de	exigir	
reparação	e	a	obrigação	de	prestá-la	se	transmitem	com	a	herança”.
Ocorre	que	o	mencionado	preceito	não	esclarece	se	os	herdeiros	podem,	somente,	
continuar	 a	 ação	promovida,	 inicialmente,	 pelo	 falecido,	 ou	 se	possuem	 legitimidade	
para	iniciar	um	processo.
Uma	 vez	 admitido	 que	 o	 direito	 à	 indenização	 pode	 ser	 transmitido,	 resta	
evidente	 a	 possibilidade	 de	 sucessão	 processual	 quando	 o	 titular	 do	 direito	 morre,	
conforme	Art.	110,	do	Estatuto	Processual	Civil:	“Art.	110.	Ocorrendo	a	morte	de	qualquer	
das	partes,	dar-se-á	a	sucessão	pelo	seu	espólio	ou	pelos	seus	sucessores,	observado	o	
disposto	no	Art.	313,	§§	1º	e	2º”.
No	entanto,	o	que	ocorre	se	o	titular	do	direito,	verdadeiro	ofendido,	falece	antes	de	
propor	a	demanda	indenizatória?	Podem,	os	herdeiros,	ajuizar	a	ação?
O	 Superior	 Tribunal	 de	 Justiça	 reconhece	 a	 legitimidade	 dos	 herdeiros	 para	
demandar	 a	 indenização	 por	 danos	morais,	 seja	 iniciando,	 seja	 continuando	 a	 ação,	
anteriormente,	ajuizada	pelo	de	cujus.	Editou-se,	assim,	o	recente	enunciado	da	Súmula	
642:
O	direito	à	 indenização	por	danos	morais	se	transmite	com	o	falecimento	do	
titular,	possuindo,	os	herdeiros	da	vítima,	legitimidade	ativa	para	ajuizar	ou	prosseguir	a	
ação	indenizatória	(CORTE	ESPECIAL,	julgado	em	02/12/2020,	Dje	07/12/2020).
LEITURA
COMPLEMENTAR
15
Essa	é	a	mesma	posição	adotada	pelo	Tribunal	Superior	do	Trabalho,	no	âmbito	
do	Processo	do	Trabalho,	conforme	se	constata	no	seguinte	julgado	exemplificativo:	
FALECIMENTO	 DO	 EMPREGADO	APÓS	A	 EXTINÇÃO	 DO	 CONTRATO	
DE	TRABALHO.	 INDENIZAÇÃO	POR	DANO	MORAL	DECORRENTE	DE	
ACIDENTE	DE	TRABALHO.	 LEGITIMIDADE	ATIVA	DO	ESPÓLIO	PARA	
PLEITEAR	DANO	MORAL	EM	NOME	DO	DE	CUJUS.	CONHECIMENTO	E	
PROVIMENTO.	I.	No	caso	dos	autos,	o	trabalhador	sofreu	acidente	de	
trabalho	em	25/02/2012	e	pediu	demissão	em	18/09/2012.	Consta,	
ainda,	que	“o	reclamante	não	ajuizou	ação	de	indenização	por	danos	
morais	antes	do	seu	falecimento,	ocorrido	em	03/11/2012”.	 II.	A	Corte	
Regional	manteve	a	sentença	em	que	se	reconheceu	a	ilegitimidade	
ativa	da	sucessão	do	autor,	 representada	por	sua	genitora	e	única	
herdeira,	para	pleitear	 indenização	pelo	pagamento	de	 indenização	
por	 dano	 moral	 decorrente	 do	 acidente	 de	 trabalho	 sofrido	 pelo	
de	 cujus.	Assim,	 entendeu	 que	 “o	 direito	 à	 indenização	 por	 danos	
morais	 é	 personalíssimo,	 intransmissível	 e	 irrenunciável”.	 III.	 O	 pedido	
de	 indenização	 por	 danos	 morais	 se	 trata	 de	 direito	 patrimonial	
transmissível	por	herança,	nos	termos	do	Art.	943,	do	Código	Civil.	
Diante	disso,	conclui-se	que	os	sucessores	do	trabalhador	possuem	
legitimidade	 ativa	 para	 ajuizar	 ação,	 pretendendo	 reparação	
pelos	 danos	 moral	 e	 material,	 tratando-se	 de	 direito	 patrimonial,	
decorrente	do	contrato	de	trabalho	havido	entre	o	empregador	e	o	de	
cujus.	IV.	A	esse	respeito,	no	julgamento	do	processo	nº	RR-94385-
95.2005.5.12.0036,	 esta	Quarta	Turma	 já	 se	manifestou	no	 sentido	
de	que	“os	sucessores	têm	legitimidade	para	propor	qualquer	ação	de	
indenização,	por	se	tratar	de	direito	patrimonial.	 Isso	porque	o	que	
se	transmite	é	o	direito	de	ação,	e	não	o	direito	material	em	si,	pelo	
fato	 de	 não	 se	 tratar	 de	 direito	 personalíssimo,	 o	 que	 impediria	 a	
transmissão	a	terceiros”.	V	.	Recurso	de	revista	de	que	se	conhece,	
por	violação	do	Art.	943,	do	Código	Civil,	e	a	que	se	dá	provimento	
(RR-133-44.2014.5.04.0251,	4ª	Turma,	Relator	Ministro	Alexandre	Luiz	
Ramos,	DEJT	06/09/2019).
FONTE: <.grancursosonline.com.br/legitimidade-dos-herdeiros-e-dano-moral>. Acesso em: 11 abr. 2021.
16
Neste tópico, você aprendeu:
•	 O	direito	à	herança	é	tratado,	dentro	do	ordenamento	jurídico	brasileiro,	no	Código	
Civil	e	na	Constituição	Federal.
•	 No	Código	Civil,	encontramos	o	Direito	Sucessório,	determinado	de	forma	cuidadosa	e	
detalhada.
•	 É	 possível	 encontrar,	 no	 Código	 Civil	 brasileiro,	 o	 Direito	 Sucessório	 da	 seguinte	
maneira:	Do	Direito	das	Sucessões	–	Da	Sucessão	em	Geral	–	Da	Sucessão	Legítima	
–	Da	Sucessão	Testamentária	–	Do	Inventário	e	da	Partilha.
•	 A	ideia	de	sucessão	ocorre	em	diversos	ramos	do	Direito,	uma	vez	que	todo	o	âmbito	
civil	 trata	da	propriedade,	 e,	 como	sabemos,	 as	propriedades	 são,	 constantemente,	
modificadas	quanto	à	titularidade.
•	 A	modificação	de	bens,	dentro	da	esfera	civil,	pela	transmissão	sucessória,	pode	ser	
realizada	através	da	lei	e	da	manifestação	de	vontade	do	cidadão	falecido,	por	meios	
testamentários.
•	 O	Direito	das	Sucessões	está	amparado	na	obrigação	do	Poder	Público	de	zelar	pela	
regulamentação	civil	dos	bens	inseridos	no	território.
•	 Dizer	que	é	aberta	a	 sucessão,	para	fins	de	Direito,	 significa	afirmar	que	tem	 início	o	
processo	de	transmissão	dos	bens,	direitos,	obrigações,	débitos,	dívidas	e	créditos	
do	cidadão	falecido	para	os	herdeiros.
•	 Para	existir	a	figura	da	herança,	é	necessário	que	ocorra	um	falecimento.
•	 Existem	exceções	previstas	no	Código	Civil,	a	partir	do	Art.	26,	que	tratam	das	ocasiões	em	
que	o	cidadão	se	faz	ausente	por	tempo	determinado.	A	morte	é	presumida,	mesmo	
que	não	comprovada.	
•	 No	 ordenamento	 jurídico,	 quando	 falamos	 da	 “Sucessão	 Legítima”,	 estamos	 nos	
referindo	àquela	que	ocorre	em	consequência	da	lei.
•	 As	nossas	leis	garantem	a	possibilidade	de	a	sucessão	ser	estabelecida,	concomitante-
mente,	como	legítima	e	testamentária.
•	 Nos	 casos	 nos	 quais	 o	 de	 cujos	 é	 casado,	 em	 vida,	 pelo	 Regime	 da	 Comunhão	
Universal	de	Bens,	prevalece	o	Instituto	da	Meação.
RESUMO DO TÓPICO 1
17
1	 De	acordo	com	o	Código	Civil,	os	interessados	podem	requerer	a	sucessão	definitiva	
e	o	levantamento	das	cauções	prestadas	após	quanto	tempo	de	passada	em	julgado	a	
sentença	que	concede	a	abertura	da	sucessão	provisória?
a)	 (			)	 Cinco	anos.
b)	 (			)	 Dez	anos.
c)	 (			)	 Quinze	anos.
d)	 (			)	 Vinte	anos.
e)	 (			)	 Vinte	e	cinco	anos.
2	 A	respeito	do	Direito	das	Sucessões,	analise	as	assertivas	a	seguir:
I-	 A	sucessão	se	abre	no	local	do	óbito	do	falecido.
II-	 A	sucessão	se	regula	pela	lei	vigente	na	época	da	abertura	do	inventário.
III-	 Aberta	a	sucessão,	a	herança	se	transmite,	desde	logo,	aos	herdeiros	testamentários.
Está	CORRETO	o	que	consta	na	(s):
a)	 (			)	 I,	apenas.
b)	 (			)	 III,	apenas.
c)	 (			)	 I	e	II,	apenas.
d)	 (			)	 II	e	III,	apenas.
e)	 (			)	 I,	II	e	III.
3	 De	acordo	com	o	que	você	aprendeu	a	respeito	dos	conceitos	iniciais	do	Direito	das	
Sucessões,	 é	 possível	 afirmar	 que,	 de	 acordo	 com	 o	 nossoordenamento	 jurídico,	
acerca	da	sucessão	legítima:
a)	 (			)	 Quando	há	ausência	de	descendente	e	de	ascendente,	é	deferida	a	sucessão,	
por	inteiro,	ao	cônjuge	sobrevivente,	mesmo	nos	casos	em	que	o	casamento	é	
efetuado	sob	o	regime	da	separação	obrigatória	de	bens.
b)	 (			)	 Proporciona	 que	 os	 descendentes	 não	 filhos	 sucedam	por	 estirpe	 à	 herança,	
enquanto	os	filhos	sucedam	da	maneira	chamada	de	“por	cabeça”.
c)	 (			)	 Quando	 há	 ausência	 de	 descendentes	 e	 de	 ascendentes,	 é	 deferida	 a	 sucessão,	
por	inteiro,	ao	cônjuge	sobrevivente,	apenas	se	casado	sob	o	regime	de	comunhão	
universal	ou	parcial	de	bens.
d)	 (			)	 Chama,	 para	 participarem	 da	 sucessão,	 os	 colaterais,	 e,	 quando	 da	 falta	 de	
irmãos,	sucedem	os	tios.	Não	havendo,	os	sobrinhos.
e)	 (			)	 Na	classe	dos	ascendentes,	não	há	exclusão	por	grau,	todos	têm	os	quinhões	de	
maneira	igualitária.
AUTOATIVIDADE
18
4	 Podemos	 entender	 que	 o	 Direito	 das	 Sucessões	 está	 amparado	 na	 obrigação	 do	
Poder	 Público	 de	 zelar	 pela	 regulamentação	 civil	 dos	 bens	 inseridos	 no	 território.	
Visto	isso,	explique	o	porquê	da	importância,	para	o	Poder	Público,	de	que	se	tenha	
regulamentada	a	transmissão	dos	bens	e	das	obrigações	dos	cidadãos	falecidos	no	
próprio	espaço.
5	 Discorra	 a	 respeito	 do	 fato	 de	 ambos	 os	 tipos	 de	 sucessão	 serem	 chamados	 de	
enquadrados,	como	“livre	vontade	do	de	cujus”.	Para	isso,	indique	os	tipos	de	sucessão	
no	nosso	ordenamento,	quem	é	o	de	cujus	e	onde	está	representada	a	vontade	dele	
em	cada	uma	das	categorias	sucessórias.
19
 A ADMINISTRAÇÃO DA HERANÇA
UNIDADE 1 TÓPICO 2 —
1 INTRODUÇÃO
Um	dos	 pontos	mais	 polêmicos	 entre	 as	 famílias	 dos	 falecidos	 é	 aquele	 que	 diz	
respeito	à	administração	da	herança,	ou	seja,	quem	deve	ter	poderes	para	gerenciar	os	
bens	 que	 são	 inventariados.	A	 figura	 do	 administrador	 da	 herança	 é	 necessária,	 pois,	
assim,	o	legislador	determinou	no	Código	Civil.
Vejamos	 o	 que	 traz	 o	 dispositivo	 pertinente	 à	 questão	 da	 administração	 da	
herança:
Artigo	1.791
A	herança	se	defere	como	um	todo	unitário,	ainda	que	vários	sejam	
os	herdeiros.	
Parágrafo	 único:	 Até	 a	 partilha,	 o	 direito	 dos	 coerdeiros,	 quanto	 à	
propriedade	e	à	posse	da	herança,	será	indivisível,	regular-se-á	pelas	
normas	relativas	ao	condomínio	(BRASIL,	2002).	
Isso	 ocorre	 porque,	 apenas	 com	 a	 figura	 da	 Partilha,	 etapa	 final	 do	 direito	
sucessório,	a	qual	estudaremos,	detalhadamente,	mais	à	frente,	os	herdeiros	têm,	de	fato,	
os	direitos	de	posse	e/ou	de	propriedade	sobre	bens	determinados	da	herança	que	lhes	
é	devida.	Enquanto	não	se	chega	nessa	etapa,	é	determinado	um	administrador	para	
resolver	as	questões	pertinentes	aos	bens	e	aos	inventários.
Venosa	 (2014,	 p.	 57),	 na	 sua	 conceituada	 doutrina	 intitulada	 de	 Direito	 Civil:	
Direito	das	Sucessões,	aduz	que,
Ao	 inventariante,	 cabe	 a	 administração	 dos	 bens	 da	 herança.	 O	
inventariante	é	nomeado	pelo	juiz	do	inventário.	Até	que	o	inventariante	
preste	compromisso,	pode	ser	nomeado	um	administrador	provisório.	
Esse	 administrador	 representa	o	 espólio,	 ativa	 e	passivamente.	Na	
prática,	somente	em	heranças	de	vulto,	ou	quando	há	dificuldades	
para	se	nomear	um	inventariante,	surge	o	administrador	provisório.	
	 Afirmado	 pelo	 renomado	 jurista	 pode	 ser	 identificado,	 também,	 na	 nossa	
legislação,	mais	especificamente,	no	Art.	1.	797,	do	atual	Código	Civil,	que	expressa:
Artigo	1.797
Até	 o	 compromisso	 do	 inventariante,	 a	 administração	 da	 herança	
caberá,	sucessivamente:	
I-	 ao	cônjuge	ou	companheiro,	se,	com	o	outro,	convivia	ao	tempo	
da	abertura	da	sucessão;	
II-	 ao	herdeiro	que	estiver	na	posse	e	na	administração	dos	bens,	e,	
se	houver	mais	de	um	nessas	condições,	ao	mais	velho;	
20
III-	 ao	testamenteiro;
IV-	 	à	pessoa	de	confiança	do	juiz,	na	falta	ou	escusa	das	indicadas	
nos	incisos	antecedentes,	ou	quando	tiverem	de	ser	afastadas	
por	 motivo	 grave,	 levado	 ao	 conhecimento	 do	 juiz	 (BRASIL,	
2002).
A	 respeito	 da	 ordem	 observada	 no	 artigo	 supracitado,	 Tartuce	 (2016,	 p.	 44)	
esclarece	que,
pelos	exatos	termos	do	dispositivo	legal,	parece	que	a	ordem	deve	ser,	
rigorosamente,	 obedecida,	 pois	 se	utiliza	 o	 termo	sucessivamente.	
Todavia,	 conforme	está	exposto	nos	outros	volumes	dessa	coleção,	
o	Código	Civil	brasileiro	de	2002	adota	um	sistema	aberto,	baseado	
em	cláusulas	gerais	e	conceitos	 legais	 indeterminados,	com	esteio	
na	 teoria	 tridimensional	 do	 Direito,	 segundo	 a	 qual	 Direito	 é	 fato,	
valor	 e	 norma,	 e	 na	 ontognoseologia	 do	 seu	 principal	 idealizador,	 o	
jurista	 Miguel	 Reale.	 Dessa	 forma,	 filosoficamente,	 é	 inconcebível	
ter	 as	 relações	 que	 constam	 da	 codificação	 material	 privada,	 em	
regra,	 como	 relações	 fechadas	 e	 rígidas.	 Nesse	 contexto,	 melhor	
concluir,	 como	 fazem	 Euclides	 de	 Oliveira	 e	 Sebastião	 Amorim,	
que	a	ordem	de	nomeação	do	administrador	provisório	é,	apenas,	uma	
ordem	de	 preferência,	 devendo,	 o	 juiz,	 analisar,	 de	 acordo	 com	as	
circunstâncias	do	caso	concreto,	quem	tem	as	melhores	condições	de	
exercer	o	encargo.
A	 partir	 do	 disposto,	 entendendo	 a	 importância	 da	 determinação	 específica	
para	 que	 se	 nomeie	 um	 administrador	 responsável	 pelas	 questões	 de	 levantamento	
inventarial	 dadas	pelo	 legislador	 no	nosso	Código	Civil,	 passemos,	 agora,	 a	 observar	
as	 responsabilidades	 dos	 herdeiros	 sobre	 o	 processo	 de	 inventário,	 sendo,	 eles,	
administradores	ou	não	da	herança.
2 A RESPONSABILIDADE DOS HERDEIROS
Nosso	ordenamento	cuidou,	também,	de	especificar	o	limite	da	responsabilidade	
dos	 herdeiros,	 isso	 porque	 não	 é	 admitido	 que	 dívidas	 ultrapassem	 a	 personalidade	
daquele	que	as	contraiu.
Lembrando,	nas	palavras	de	Diniz	 (2014,	p.	3),	que	a	herança	não	é	formada	
apenas	de	direitos	e	de	bens,	mas	se	trata	do “patrimônio	do	falecido,	isto	é,	do	conjunto	de	
direitos	e	de	deveres	que	se	transmite	aos	herdeiros	legítimos	ou	testamentários,	exceto	se	
forem	personalíssimos	ou	inerentes	à	pessoa	do	de	cujus”.	Por	isso,	a	herança	não	é	um	
bem	dos	herdeiros,	mas	do	Inventário,	representado	pela	pessoa	do	inventariante,	até	
que	se	tenha	a	partilha,	e,	então,	sejam	direcionados	os	quinhões	devidos	para	cada	
herdeiro.	O	Código	Civil	aduz	o	seguinte:
Art.	1.792
O	herdeiro	não	responde	por	encargos	superiores	às	forças	da	he-
rança;	 incumbe-lhe,	 porém,	 a	 prova	 do	 excesso,	 salvo	 se	 houver	
inventário	que	a	escuse,	demonstrando	o	valor	dos	bens	herdados	
(BRASIL,	2002).
21
Com	 a	 redação	 do	 artigo	 anterior,	 percebemos	 a	 intenção	 do	 legislador	 de	
defender	 os	 herdeiros	 para	 que	 não	 herdem	 as	 dívidas	 do	 de	 cujus	 em	 níveis	 que	
ultrapassem	a	herança	dele,	uma	vez	que	a	dívida	é	do	falecido,	e	não	seria	justo	que	os	
herdeiros	a	pagassem	com	o	patrimônio	próprio.	Por	esse	motivo,	é	tão	importante	que	
se	sigam	os	passos	do	Inventário	na	ordem	que	estudamos	no	tópico	anterior	deste	livro,	na	
ordem	dos	títulos	do	Código	Civil,	destinada	à	herança,	pois,	com	a	abertura	da	sucessão,	
no	Inventário,	efetua-se	um	levantamento	de	todo	o	patrimônio	do	falecido,	incluindo	
desde	os	bens	até	as	dívidas,	os	débitos	que	deixa	em	vida.
Nas	palavras	de	Diniz	(2014,	p.	36-37),	“[...]	com	a	abertura	da	sucessão,	ocorre	
a	mutação	subjetiva	do	patrimônio	do	de	cujus,	que	se	transmite	aos	herdeiros,	os	quais	se	
sub-rogam	nas	relações	jurídicas	do	defunto,	no	ativo	e	no	passivo,	até	os	limites	da	
herança	(CC,	Arts.	1.792	e	1.797)	[...]”.
Isso	tudo	é	feito	antes	da	partilha,	para	que	seja	possível	a	responsabilização	
da	herança	pelas	possíveis	dívidas	e	não	dos	herdeiros,	 ou	 seja,	 primeiramente,	 são	
quitadas	as	dívidas,	de	acordo	com	o	valor	deixado	em	herança,	e,	restando	patrimônio,	
este	é,	então,	destinado	ao	(s)	herdeiro	(s)	legal	(is).
3 NATUREZA JURÍDICA DA INVENTARIANÇA
Como	 já	vimos,	é	fundamental	que	se	estipule	um	administradorpara	a	herança,	
o	 qual	 chamaremos,	 no	 Direito	 Sucessório,	 de	 “inventariante”.	 Essa	 pessoa	 deve	 fazer	 o	
levantamento	dos	bens	e	administrá-los	até	o	momento	da	partilha.	No	processo,	também,	
representa	(fala	em	nome	da	herança)	a	herança	até	o	momento	do	trânsito	em	julgado	da	
sentença	de	partilha,	ou	de	adjudicação	para	os	casos	de	um	herdeiro	único.
Uma	vez	instituído	o	inventariante,	não	significa	que	deve	seguir	nessa	posição,	
obrigatoriamente,	até	o	fim	do	inventário.	Existem	possibilidades	quando	os	herdeiros,	ou	
outros	 interessados	 solicitam	 a	 remoção	 do	 indivíduo	 da	 posição	 de	 inventariante,	 isso	
porque,	sempre,	há	chance	de,	seja	por	má-fé,	ou,	apenas,	por	falta	de	habilidade,	não	
agir	da	maneira	mais	benéfica	na	gestão	do	patrimônio	por	ele	administrado.
Seguem	algumas	das	causas	que	ensejam	o	requerimento	legal	dos	interessados	na	
remoção	do	inventariante:
22
QUADRO 2 – CAUSAS LEGÍTIMAS PARA REMOÇÃO DO INVENTARIANTE
Deixar	de	prestar	declarações	durante	o	processo	de	inventário,	de	acordo	com	os	prazos	
estipulados	no	Código	Civil.
Negligenciar	cobranças	de	devedores	do	patrimônio,	deixando	de	tomar	medidas	que	podem	
evitar	o	perecimento	de	direitos	da	herança,	isto	é,	não	tomar,	para	si,	a	defesa	dos	interesses	
do	espólio.
Causar	ou	deixar	que	causem	danos	aos	bens	do	espólio.
Deixar	de	apresentar	bens	do	espólio,	sonegando	ou	desviando-os.
Não	prestar	contas	ou	apresentar	declarações	obscuras	a	respeito	das	movimentações	do	
espólio.
Agir	de	maneira	inerte,	causando	demora,	protelando	o	andamento	do	inventário.
FONTE: A autora
O quadro anterior é de cunho exemplificativo, para que você consiga 
perceber os tipos de atos que legitimam um requerimento de remoção 
do inventariante. A partir dos exemplos citados, qualquer ação ou 
omissão que se encaixe em condutas, nesse sentido, pode ser levada a 
juízo, para discussão.
ATENÇÃO
Quando	do	requerimento	para	a	remoção	do	inventariante	do	cargo,	ele	detém	
o	prazo	de	cinco	dias	para	apresentar	a	defesa,	declarando	as	justificativas,	e,	se	for	o	
caso,	juntando	provas	da	moralidade	de	conduta	na	administração	dos	bens	da	herança	
(espólio).	Caso	isso	não	seja	o	suficiente,	ou	seja,	caso	o	juiz	julgar	pela	incompetência	do	
cidadão	para	manter	o	cargo	de	inventariante,	deve,	então,	nomear	uma	nova	pessoa	
para	o	cargo.
4 ADMINISTRAÇÃO PROVISÓRIA DA HERANÇA
Durante	os	estudos	a	respeito	da	abertura	da	sucessão,	no	Tópico	1	da	presente	
unidade,	vimos	que,	entre	esse	momento,	e	a	abertura	do	inventário,	existe	um	prazo	
de	sessenta	dias.
Entre	este	momento	e	a	nomeação	do	inventariante,	existe	a	figura	do	adminis-
trado	provisório	da	herança,	daquele	que	tem	direito	provisório	de	posse	sobre	os	bens	
deixados.
23
FIGURA 2 – ADMINISTRAÇÃO DA HERANÇA
FONTE: <https://portalexamedeordem.com.br/direito-das-sucessoes/>. Acesso em: 11 abr. 2021.
Igualmente,	o	inventariante	nomeado,	o	administrador	provisório	é,	por	tempo,	
determinado	 o	 representante	 do	 espólio,	 sendo	 obrigado	 a	 não	 se	 manter	 inerte,	
buscando	todos	os	meios	para	o	devido	andamento	do	inventário.
Cabe fixar que os administradores têm o direito a reembolso dos gastos 
que sofrem em busca da realização das demandas do inventário.
NOTA
Vejamos	o	que	dispõe	o	nosso	ordenamento	no	que	se	refere	à	administração	
da	herança,	nos	termos	do	Código	Civil:
 
Artigo	1.797
Até	 o	 compromisso	 do	 inventariante,	 a	 administração	 da	 herança	
caberá,	sucessivamente:
I-	 ao	cônjuge	ou	companheiro,	se,	com	o	outro,	convivia	ao	tempo	
da	abertura	da	sucessão;	
II-	 ao	herdeiro	que	estiver	na	posse	e	na	administração	dos	bens,	e,	
se	houver	mais	de	um	nessas	condições,	ao	mais	velho;	
III-	 ao	testamenteiro;	
IV–	à	pessoa	de	confiança	do	juiz,	na	falta	ou	escusa	das	indicadas	
nos	 incisos	antecedentes,	ou	quando	tiverem	de	ser	afastadas	
por	motivo	grave,	levado	ao	conhecimento	do	juiz	(BRASIL,	2002).	
Por	 fim,	 acerca	 desse	 assunto,	 devemos	 observar	 que	 nada	 impede	 que	 o	
indivíduo	estipulado	para	ser	o	administrador	provisório	da	herança	venha,	 também,	a	
se	tornar	o	inventariante	devidamente	nomeado,	e	siga	com	a	gestão	da	herança	até	o	
encerramento	do	processo	do	inventário.
24
Leia Dívidas da Herança – Limites da Responsabilidade dos 
Herdeiros, por Maristela Hertel, em http://twixar.me/8Xsm
DICA
25
Neste tópico, você aprendeu:
•	 Nosso	ordenamento	cuidou	de	especificar	o	limite	da	responsabilidade	dos	herdeiros,	isso	
porque	 não	 é	 admitido	 que	 dívidas	 ultrapassem	 a	 personalidade	 daquele	 que	 as	
contrai.
•	 A	herança	não	é	um	bem	dos	herdeiros,	mas	do	Inventário,	representado	pela	pessoa	
do	inventariante.	
•	 No	inventário,	efetua-se	um	levantamento	de	todo	o	patrimônio	do	falecido,	incluindo	
desde	os	bens	até	as	dívidas.
•	 É	feita	a	responsabilização	da	herança	pelas	possíveis	dívidas,	e	não	dos	herdeiros.
•	 É	fundamental	que	se	estipule	um	administrador	para	a	herança,	o	qual	chamamos,	no	
Direito	Sucessório,	de	“inventariante”.
•	 Há	 casos	 nos	 quais	 os	 herdeiros	 ou	 outros	 interessados	 pedem	pela	 remoção	do	
indivíduo	 da	 posição	 de	 inventariante.	 Entre	 esse	 momento	 e	 a	 nomeação	 do	
inventariante,	existe	a	figura	do	administrado	provisório	da	herança.	
•	 Como	 o	 inventariante	 nomeado,	 o	 administrador	 provisório	 é,	 por	 um	 tempo,	
determinado	o	representante	do	espólio.
•	 Nada	 impede	que	o	administrador	provisório	venha,	também,	a	ser	o	 inventariante	
devidamente	nomeado.
RESUMO DO TÓPICO 2
26
1	 O	requerimento	de	 inventário	e	de	partilha	 incumbe	a	quem	estiver	na	posse	e	na	
administração	 do	 espólio.	 O	 requerimento	 é	 instruído	 com	 a	 certidão	 de	 óbito	 do	
autor	da	herança.	Tem,	contudo,	legitimidade	concorrente, EXCETO:
a)	 (			)	 o	cônjuge	ou	companheiro	supérstite.
b)	 (			)	 o	herdeiro.
c)	 (			)	 o	testamenteiro.
d)	 (			)	 de	ofício	pelo	juiz.
2	 A	respeito	da	sucessão,	de	acordo	com	o	Código	Civil	vigente,	analise	as	assertivas	e	
identifique,	com V, as	verdadeiras,	e,	com F, as	falsas:
(			)	A	sucessão	se	abre	no	lugar	do	último	domicílio	do	falecido.
(			)	São	revogáveis	os	atos	de	aceitação	ou	de	renúncia	da	herança.
(			)	Havendo	herdeiros	necessários,	o	testador	só	pode	dispor	da	metade	da	herança.
(			)	Até	o	compromisso	do	inventariante,	a	administração	da	herança	cabe,	em	primeiro	
lugar,	ao	testamenteiro.
(			)	O	direito	à	sucessão	aberta,	e	o	quinhão	do	qual	dispõe	o	coerdeiro,	podem	ser	ob-
jetos	de	cessão	por	escritura	pública.
 
A	alternativa	que	contém	a	sequência	CORRETA,	de	cima	para	baixo,	é:
a)	 (			)	 F-V-V-F-V.
b)	 (			)	 F-F-V-V-V.
c)	 (			)	 V-V-F-V-F.
d)	 (			)	 V-F-F-V-F.
e)	 (			)	 V-F-V-F-V.
3	 Analise	as	seguintes	assertivas	sobre	o	inventário	e	a	partilha,	conforme	o	regramento	
previsto	no	Código	Civil:
I-	 Desde	a	assinatura	do	compromisso,	até	a	homologação	da	partilha,	a	administração	
da	herança	é	exercida	pelo	inventariante.
II-	 A	herança	responde	pelo	pagamento	das	dívidas	do	falecido,	porém,	após	realizada	
a	 partilha,	 a	 responsabilidade	 pelas	 dívidas	 em	 questão	 passa	 aos	 herdeiros,	 de	
forma	solidária,	mas	no	limite	da	herança	que	lhes	couber.
III-	 Se	um	dos	herdeiros	é	devedor	do	espólio,	a	dívida	é	extinta	na	sua	totalidade,	face	à	
ocorrência	 da	 confusão,	 não	 podendo,	 a	 dívida,	 ser	 partilhada	 entre	 os	 herdeiros	 ou	
imputada	no	quinhão	do	devedor.
 
 
AUTOATIVIDADE
27
Quais	estão	CORRETAS?
a)	 (			)	 Apenas	I.
b)	 (			)	 Apenas	II.
c)	 (			)	 Apenas	III.
d)	 (			)	 Apenas	I	e	II.
e)	 (			)	 Apenas	II	e	III.
4	 Considerando	 o	 estabelecido	 no	 Código	 Civil,	 acerca	 das	 heranças	 jacente	 e	 vacante,	
analise	as	afirmativas	a	seguir:
I-	 Falecendo	 alguém,	 sem	 deixar	 testamento	 nem	 herdeiro	 legítimo,	 notoriamente,	
conhecido,	 os	 bens	 da	 herança,	 depois	 de	 arrecadados,	 ficam	 sob	 a	 guarda	 e	 a	
administração	de	um	curador,	até	a	entrega	ao	sucessor,	devidamente	habilitado,	
ou	à	declaração	de	vacância.	Quando	todosos	chamados	a	suceder	renunciam	à	
herança,	esta	é,	desde	logo,	declarada	vacante.
II-	 Durante	a	herança	jacente,	é	assegurado,	aos	credores,	o	direito	de	pedirem,	através	
de	ação	de	petição	de	herança,	o	vencimento	antecipado	das	prestações	de	uma	
dívida	já	reconhecida	e	o	pagamento	das	dívidas	vencidas	e	vincendas,	nos	limites	
das	forças	da	herança.
III-	 Não	se	habilitando	até	a	declaração	de	vacância,	os	colaterais	ficam	excluídos	da	
sucessão.
IV-	 Decorridos	quatro	anos	da	declaração	de	vacância,	os	bens	arrecadados,	localizados	nas	
respectivas	circunscrições,	passam	ao	domínio	do	Estado	ou	do	Distrito	Federal.
Assinale	a	alternativa CORRETA:
a)	 (			)	 Somente	as	afirmativas	I	e	II	estão	corretas.
b)	 (			)	 Somente	as	afirmativas	III	e	IV	estão	corretas.
c)	 (			)	 Somente	as	afirmativas	I	e	III	estão	corretas.
d)	 (			)	 Somente	as	afirmativas	II	e	IV	estão	corretas.
5	Assinale	a	alternativa	CORRETA	a	respeito	do	Direito	das	Sucessões:
a)	 (			)	 A	responsabilidade	pelo	cumprimento	do	legado	cabe	ao	legatário.
b)	 (			)	 Todos	os	herdeiros	do	testador	são	responsáveis	pelo	pagamento	do	imposto	de	
transmissão	do	bem	ao	legatário.
c)	 (			)	 O	direito	de	acrescer	ocorre	quando	o	testador	beneficia	várias	pessoas	com	a	
mesma	herança	ou	legado	em	porções	determinadas.
d)	 (			)	 O	direito	de	acrescer	pode	ocorrer	entre	herdeiros	e	legatários.
e)	 (			)	 O	direito	de	acrescer	é	privativo	do	Direito	das	Sucessões.
6	 De	acordo	com	o	que	estudamos	no	presente	tópico,	explique	quais	são	as	etapas	do	
processo	de	Inventário	entre	os	momentos	da	abertura	da	sucessão	e	da	nomeação	
do	 inventariante,	 discorrendo	 a	 respeito	 do	 porquê	 da	 importância	 da	 ordem	 de	
acontecimento	das	etapas.	
28
7	 Uma	vez	nomeado	um	inventariante,	ele,	obrigatoriamente,	deve	cuidar	da	gestão	do	
espólio	até	o	fim	do	processo	do	Inventário?	Se	não,	de	que	maneira	essa	mudança	
acontece?	
29
TÓPICO 3 — 
A VOCAÇÃO HEREDITÁRIA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Vocação	hereditária	é	como	denominamos	a	convocação	dos	herdeiros,	ou	seja,	o	
chamamento	das	pessoas	com	direito	à	herança,	para	que	recepcionem	os	quinhões	
hereditários,	a	parte	da	herança	que	lhes	é	devida.
A	 vocação	 hereditária	 está	 delineada	 no	 nosso	 ordenamento,	 entre	 os	 Arts.	
1.798	a	 1.803,	do	Código	Civil,	 e	pode	ocorrer,	 como	 já	vimos,	por	meio	da	sucessão	
legítima	ou	testamentária.
A	questão	que	será	abordada,	agora,	diz	 respeito,	 logo,	ao	primeiro	artigo	do	
capítulo	a	respeito	da	vocação	hereditária	no	Código	Civil:	
Art.	1.798
Legitimam-se	a	suceder	as	pessoas	nascidas	ou	 já	concebidas	no	
momento	da	abertura	da	sucessão	(BRASIL,	2002).
Com	isso,	percebemos	algumas	questões	importantes	a	serem	tratadas,	como	os	
bebês,	ainda	não	gerados,	terem	ou	não	direito	a	receber	a	herança	dos	pais	falecidos.	
Além	disso,	o	Código,	nos	artigos	seguintes,	estipula	mais	alguns	pontos	que	merecem	
destaque,	os	quais	veremos,	com	atenção,	neste	momento	dos	nossos	estudos:
•	 Quem	pode	ser	chamado	na	vocação	testamentária.
•	 A	nulidade	da	disposição	testamentária.
Veremos,	a	seguir,	questões	pertinentes	a	esses	assuntos,	observando	os	pontos	
de	irregularidade	no	testamento,	aceitação	ou	não	de	herança,	excluídos	da	vocação	etc.
2 ACEITAÇÃO OU RENÚNCIA DA HERANÇA
Ser	legítimo,	na	vocação	hereditária,	não	significa	que	seja	obrigatória	a	aceitação	
da	herança.	É	facultado,	aos	herdeiros,	que	renunciem	ao	quinhão,	se	assim	desejarem.	A	
aceitação	da	herança	dá	confirmação	para	a	transmissão	de	bens	que,	como	já	vimos,	
tem	início	no	momento	da	abertura	da	sucessão,	com	a	morte	do	de	cujus.
30
O recebimento da herança é direito facultado passível de renúncia, 
diferentemente dos direitos sucessórios, pois estes ocorrem naturalmente, 
conforme vimos no tópico referente à legitimação dos herdeiros.
NOTA
Percebe-se	 que,	 mediante	 a	 aplicação	 da	 lei,	 logo	 do	 momento	 da	 morte,	
é	 iniciado	 o	 processo	 de	 repasse	 dos	 bens	 do	 falecido	 para	 os	 herdeiros,	 ou	 seja,	 a	
aceitação	da	herança	é	mera	deliberalidade	do	herdeiro.	A	aceitação	é	um	ato	corriqueiro,	
comum	e	ordinário,	assim,	na	maioria	das	vezes,	ela	ocorre	apenas	de	maneira	tácita	ou	
presumida.
Antes	de	adentrarmos	na	questão	da	aceitação	e	renúncia	da	herança	per	si,	
cabe	analisarmos,	mais	profundamente,	o	conceito	de	herança,	para	isso,	utilizaremos	
as	palavras	de	Venosa	(2014,	p.	31-32):
Na	herança,	o	sistema	da	saisine	é	o	direito	que	têm,	os	herdeiros,	
de	 entrarem	 na	 posse	 dos	 bens	 que	 constituem	 a	 herança.	 A	
palavra	deriva	de	 saisir	 (agarrar,	 prender,	 apoderar-se).	A	 regra	 era	
expressa	por	adágio	corrente	desde	o	século	XIII:	 "Le	mort	saisit	 le	
vif	 "	 (o	morto	prende	o	vivo).	Conforme	afirma	Eduardo	de	Oliveira	
Leite,	trata-se	de	um	dos	mais	antigos	exemplos	do	direito	comum	
costumeiro	(2003:8).	No	entanto,	ninguém	pode	ser	herdeiro	contra	a	
sua	vontade.	O	herdeiro	pode	deixar	de	aceitar,	renunciar	à	herança.	
Há	que	se	harmonizar	o	sistema	da	saisine	com	o	repúdio	à	herança.
Conforme	já	estudamos,	no	momento	da	abertura	da	sucessão,	da	morte	do	de	
cujos,	do	dono	dos	bens	a	serem	herdados,	são	proporcionadas	a	posse	e	a	propriedade	
dos	bens	da	herança	aos	herdeiros,	que	podem	ser	legítimos	ou	testamentários.	Todavia,	
de	acordo	com	o	jurista	citado	no	parágrafo	anterior,	percebemos	a	importância	da	não	
obrigação	desses	herdeiros	em	aceitarem	tal	instrumento	de	sucessão.
Ratificando	essa	ideia,	e	trazendo,	à	baila,	um	contexto	histórico,	cabe	se	lembrar	
das	palavras	de	Pereira	(2017,	p.	63-64):
Em	Direito	Romano,	a	acquisitio	punha	termo	à	vacância,	integrando	-
se	os	bens	no	patrimônio	do	herdeiro	(additio),	que	era	a	manifestação	
do	 hereditando.	 A	 aceitação	 era	 uma	 faculdade	 reconhecida	 aos	
herdeiros,	 salvo	 se	 considerados	 necessários	 (v.	 nº	 430,	 supra).	
Nesse	 último	 caso,	 tinham	 de	 adir,	 à	 herança,	 quisessem	 ou	 não	
quisessem	(sive	velint,	sive	nolint),	fosse	a	sua	condição,	ab	intestato	
ou	 testamentária.	 Inspirando	-se	 o	 direito	 moderno	 em	 princípio	
diverso,	 e	 tomada	 a	 classe	 dos	 necessários	 em	 sentido	 diferente,	
todo	herdeiro	tem	o	poder	de	aceitar	ou	de	repudiar	a	herança,	não	
sendo,	 a	 isso,	 obrigado:	 nemo	 addire	 hereditatem	 compellitur.	 A	
aceitação	tomou,	pois,	no	direito	moderno,	o	sentido	de	manifestação	
livre	de	vontade	de	receber,	o	herdeiro,	a	herança	que	lhe	é	deferida.	
Aqueles,	a	quem,	por	direito,	o	patrimônio	do	defunto	é	transmitido,	
31
no	todo	ou	em	parte,	enunciam	a	sua	intenção	de	receber	os	bens,	
assumindo	 a	 sua	 administração,	 63	 e	 cumprindo	 os	 encargos	 na	
forma	do	testamento	ou	da	lei,	e	nos	limites	por	esta	traçados.	É	uma	
declaração	não	receptícia	de	vontade.	Constitui	um	negócio	jurídico	
unilateral,	porque	se	completa	com	a	emissão	de	vontade	do	herdeiro	
(unilateralidade),	 e,	 como	 ato	 negocial,	 produz	 o	 efeito	 jurídico	 da	
aquisição	hereditária.
Ainda,	 a	 respeito	 da	 importância	 do	 movimento	 ativo	 de	 aceitação	 ou	 de	
renúncia	por	parte	dos	herdeiros,	Rizzardo	 (2018,	 p.	 14)	 assevera	que	 são,	 igualmente	
fundamentais,	os	desejos	do	de	cujos:	 “Tal	possibilidade	de	deferimento	do	acervo	de	
direitos	e	de	obrigações	do	autor	da	herança	a	determinadas	pessoas,	por	indicação	da	lei	
ou	por	manifestação	de	última	vontade,	é	uma	das	questões	mais	relevantes	do	direito	
sucessório”.
Acerca	 do	 que	 dispõe	 a	 nossa	 legislação,	 buscamos	 amparo	 na	 doutrina	 de	
Tartuce	(2016,	p.	58):
Nos	 termos	 expressos	 do	 Código	 Civil,	 aceita	 a	 herança,	 torna-se	
definitiva	a	sua	transmissão	ao	herdeiro,	desde	a	abertura	da	sucessão	
(Art.	 1.804,	 caput,	 do	 CC).	 Em	 complemento,	 a	 transmissão	 se	 tem	
por	não	verificada	quando	o	herdeiro	renuncia	à	herança	(Art.	1.804,	
parágrafo	 único,	 do	CC).	 Como	 se	nota,	 além	da	morte,	 que	gera	 a	
transmissão	imediata	da	herança	aos	sucessores	por	força	do	droit	de	
saisine,	 entram	em	cena	 outras	 duas	 categorias	 que	 são	 primordiaisao	 Direito	 das	 Sucessões,	 quais	 sejam:	 a	 aceitação	 e	 a	 renúncia	 à	
herança.	 Os	 institutos	 em	 questão	 não	 dizem	 respeito	 apenas	 à	
sucessão	 legítima,	 tendo	 incidência,	 igualmente,	 para	 a	 sucessão	
testamentária.	Conforme	o	Art.	1.808,	§	1.º,	do	CC/2002,	o	herdeiro,	a	
quem	se	testarem	legados,	pode	aceitá-los,	renunciando	à	herança,	
ou,	ainda,	aceitando-a,	repudiá-los	[...]	(TARTUCE,	2016,	p.	58).
Diferentemente	da	aceitação	da	herança,	a	qual	vimos	nos	parágrafos	anteriores,	
é	o	que	ocorre	com	as	situações	nas	quais	se	verifica	a	renúncia	da	herança	por	parte	
do	 herdeiro	 legítimo.	A	 renúncia	 à	 herança	 é	 um	 trauma	 na	 cadeia	 sucessória,	 algo	
incomum,	e,	por	isso,	ela	não	é,	nunca,	presumida	ou	tácita,	tendo	que	ser	declarada	de	
maneira	formal,	expressamente.
Em	consonância	com	isso,	surge	o	que	dispõe	o	legislador	no	Código	Civil:
Artigo	1.804
Aceita	a	herança,	torna-se	definitiva	a	sua	transmissão	ao	herdeiro,	
desde	a	abertura	da	sucessão.	
Parágrafo	único:	A	transmissão	se	tem	por	não	verificada	quando	o	
herdeiro	renuncia	à	herança	(BRASIL,	2002).
No	nosso	país,	 recebemos	a	aceitação	da	herança	com	o	que	chamamos	de	
efeito	retro-operante.	Isso	quer	dizer	que	esse	ato	retroage	até	a	data	da	abertura	da	
sucessão,	ou	seja,	até	a	data	da	morte	do	cidadão	falecido.
32
A aceitação só tem efeito de confirmação, lembrando que a atribuição 
da posse e propriedade sobre bens, direitos e deveres da herança já é 
realizada no momento da abertura do processo sucessório.
NOTA
A	respeito	disso,	muito	bem	elucida	Venosa	(2014,	p.	31-32),	quando	expressa:
Todavia,	 não	 temos	 que	 entender	 que	 a	 aquisição	 ocorra	 com	 a	
aceitação,	porque	os	direitos	hereditários	nascem	antes,	com	a	morte	
do	autor	da	herança.	Trata-se,	sem	dúvida,	de	uma	engenhosidade	
técnica,	 que	os	 juristas	denominam	de	ficção	 jurídica.	A	 aceitação	
é	uma	confirmação	do	direito	do	herdeiro.	No	entanto,	tal	aceitação	
é	necessária	e	essencial,	 já	que,	como	falamos,	ninguém	pode	ser	
herdeiro	contra	a	vontade	(Art.	1.805).	Uma	vez	aceita	a	herança,	o	
herdeiro	não	mais	se	despoja	dessa	sua	condição,	como	regra	geral:	
Art.	 1.804.	 ''Aceita	a	herança,	torna-se	definitiva	a	sua	transmissão	
ao	 herdeiro,	 desde	 a	 abertura	 da	 sucessão".	 Parágrafo	 único.	 ''A	
transmissão	se	tem	por	não	verificada	quando	o	herdeiro	 renuncia	
à	 herança".	 Quando	 ocorrer	 renúncia	 da	 herança,	 entende-se	 que	
nunca	o	renunciante	foi	herdeiro.	Por	essa	razão,	a	renúncia	deve	ser	
a	mais	pronta	possível,	pois,	praticando,	o	herdeiro,	atos	compatíveis	
com	a	aceitação,	é	tido	como	sucessor	do	de	cujus,	pois	há	aceitação	
tácita.	Consequência	importante	da	transmissão	imediata	da	herança,	
por	força	do	Art.	1.	784,	é	que	os	herdeiros	podem	incontinenti,	de	per	
si,	defender	a	posse	dos	bens	da	herança.	O	herdeiro,	na	defesa	dos	
bens	hereditários,	pode	exercer	ação	de	esbulho,	ou	de	turbação,	ou	
qualquer	ação	possessória.	Se	o	herdeiro	falece	antes	de	promover	a	
medida,	o	direito	passa	aos	próprios	sucessores.	Note	que	a	pessoa	
jurídica	 pode	 ser	 herdeira,	 por	 meio	 do	 testamento.	 Desempenha	
as	mesmas	 funções	de	qualquer	herdeiro,	 podendo	 ingressar	 com	
ações	de	defesa	da	posse.
Contudo,	 há	 que	 se	 ter	 cuidado	 com	 a	 questão	 dos	 credores	 do	 herdeiro	
renunciante,	ora,	muitas	vezes,	a	herança	a	ser	recebida	sana	as	dívidas	do	herdeiro,	
caracterizando,	assim,	a	renúncia,	como	prejuízo	direto	aos	indivíduos	que	aguardam	o	
saneamento	de	débitos	em	nome	do	herdeiro.	Assim,	caso	os	débitos	do	renunciante	
sejam	 conhecidos	 e	 declarados,	 a	 renúncia	 só	 tem	 efeitos	 no	 tocante	 ao	 valor	 que	
extrapole	as	dívidas.
33
Um pai deixa um patrimônio de herança para os dois filhos, mas, um 
deles, resolve renunciar, pois, sabendo que possui dívidas, pensa na 
dilapidação do quinhão, fazendo, então, o conluio com o outro irmão, 
seguindo, assim, sem bens penhoráveis em seu nome. Nesse caso, 
é garantido, ao credor, que peça, ao juiz, a outorga da aceitação da 
herança por filho.
NOTA
Por	fim,	 acerca	do	 tema,	 é	 importante	 ressaltar	 que,	 para	 os	 casos	de	 aceitação	
expressa	da	herança,	esta	é	 incondicional	e	 indivisível,	não	havendo	possibilidade	de	
aceitação	apenas	de	um	bem	determinado.	Ainda,	no	Art.	1.812,	do	Código	Civil,	o	legislador	
declara	que	são	irrevogáveis	a	aceitação	e	a	renúncia	de	uma	herança.	
3 DOS EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO
Para	 além	 dos	 traços	 sanguíneos	 ou	 afetivos,	 legitimados	 na	 ordem	 civil,	 a	
transmissão	da	herança	observa	a	afetividade	entre	o	herdeiro	e	o	falecido,	preocupa-se	
com	os	atos	indignos	demonstrados	pelo	herdeiro	em	relação	ao	de	cujus.
Importante	diferenciar	os	conceitos	 iniciais	 a	 respeito	das	 situações	previstas,	
pelo	legislador,	no	Código	Civil,	quando	se	ocupou	da	matéria	de	exclusão	dos	herdeiros	
legítimos	 ou	 testamentários	 da	 vocação	 hereditária.	 Para	 isso,	 cabe	 observar	 o	 que	
vocifera	Tartuce	(2016,	p.	68):
Existem	situações	previstas	em	lei,	somadas,	ou	não,	ao	ato	de	última	
vontade	 do	 autor	 da	 herança,	 sendo	 excluído	 o	 direito	 sucessório	
do	 herdeiro	 ou	 legatário.	 Nesse	 contexto,	 surgem	os	 conceitos	 de	
indignidade	 sucessória	 e	 deserdação	 como	 penas	 civis.	 Sobre	 a	
indignidade,	leciona,	Carlos	Maximiliano,	que,	“na	tecnologia	jurídica,	
é	 uma	 pecha,	 e	 consequente	 pena	 civil	 sobre	 si,	 atrair	 o	 herdeiro	
ou	legatário	que	atentar	dolosamente	contra	a	vida,	a	honra	e/ou	o	
direito	hereditário	ativo	daquele	a	quem	lhe	cabe	suceder”	(Direito...,	
1952,	 v.	 I,	 p.	 90).	 O	 clássico	 doutrinador	 aponta	 que,	 também,	 na	
deserdação,	 há	uma	pena	 civil,	 havendo,	 de	 comum,	 entre	 ambos	
os	institutos,	o	 intuito	de	“punir,	civilmente,	o	mau	e	 ingrato	com	a	
perda	das	vantagens	da	sucessão,	decorrendo	da	mesma	causa	–	a	
conduta	reprovável	do	herdeiro	para	com	o	de	cujus”	(Direito...,	1952,	
v.	 I,	 p.	 92).	 Ambos	 os	 institutos	 de	 penalização,	 ainda,	 justificam-
se	 na	 contemporaneidade,	 pois	 o	 Direito	 deve	 trazer	mecanismos	
de	 coerção	 contra	 a	maldade,	 a	 traição,	 a	 deslealdade,	 a	 falta	 de	
respeito,	a	quebra	da	confiança	e	outras	agressões	praticadas	em	clara	
lesão	 à	 dignidade	 humana,	 um	 dos	 fundamentos	 da	 Constituição	
da	República,	encartado	no	seu	Art.	1.º,	III.	Sendo	assim,	o	presente	
autor	 entende	 que	 não	 podem	 prosperar	 as	 teses	 que	 pregam	 a	
extinção	das	categorias	em	estudo,	pois	o	indigno	e	o	ingrato	devem	
ser	devidamente	penalizados	pelo	sistema	 jurídico,	como	acontece	
34
na	 revogação	 da	 doação	 por	 ingratidão	 do	 donatário	 (Art.	 555,	 do	
CC/2002).	 Como	 alerta	 Giselda	Maria	 Fernandes	 Novaes	 Hironaka,	
não	 se	 pode	 confundir	 a	 falta	 de	 legitimação	 para	 suceder	 com	 a	
exclusão	 por	 indignidade	 e	 deserdação.	 Isso	 porque,	 no	 primeiro	
caso,	há	um	afastamento	do	direito	por	razão	de	ordem	objetiva.	Por	
outra	via,	na	indignidade	e	na	deserdação,	há	uma	razão	subjetiva	de	
afastamento,	uma	vez	que	o	herdeiro	é	considerado	desprovido	de	
moral	para	receber	a	herança,	diante	de	uma	infeliz	atitude	praticada	
(Comentários...,	2007,	v.	20,	p.	148-149).
Como	observado,	a	partir	do	Art.	1.814,	o	Código	Civil	pátrio	se	ocupou	do	que	
chamou	de	“os	excluídos	da	sucessão”:
Art.	1.814
São	excluídos,	da	sucessão,	os	herdeiros	ou	legatários:
I-	 que	tiverem	sido	autores,	coautores	ou	partícipes	de	homicídio	
doloso	ou	tentativa	deste	contra	a	pessoa	de	cuja	sucessão	se	
tratar,	seu	cônjuge,	companheiro,	ascendente	ou	descendente;
II-	 que	 tiverem	 acusado,	 caluniosamente,	 em	 juízo,	 o	 autor	 da	
herança,	ou	incorrerem	em	crime	contra	a	sua	honra,	ou	de	seu	
cônjuge	ou	companheiro;
III-	 que,	por	violência	ou	meios	fraudulentos,	inibirem	ou	obstarem	o	
autor	da	herança	de	dispor,	livremente,	de	seus	bens,	por	ato	de	
última	vontade.
Art.	1.815.	A	exclusão	do	herdeiro	ou	 legatário,	em	qualquer	desses	
casos	de	indignidade,	será	declarada	por	sentença.
§	 1

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