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Código Civil Prof.ª Fabiane Brião Vaz inventário JudiCial e extraJudiCial no Indaial – 2021 1a Edição Impresso por: Elaboração: Prof.ª Fabiane Brião Vaz Copyright © UNIASSELVI 2021 Revisão, Diagramação e Produção: Equipe Desenvolvimento de Conteúdos EdTech Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada pela equipe Conteúdos EdTech UNIASSELVI V393i Vaz, Fabiane Brião Inventário judicial e extrajudicial no código civil. / Fabiane Brião Vaz. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 136 p.; il. ISBN 978-65-5663-566-8 ISBN Digital 978-65-5663-565-1 1. Direito sucessório. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 340 Olá, caro acadêmico! Eu sou a sua professora e autora nesta disciplina de Inventário Judicial e Extrajudicial no Código Civil. Chamo-me Fabiane Brião Vaz, sou graduada em Direito, especialista em Direito Público, e possuo mestrado em Política Social pela Universidade Católica de Pelotas/RS. Tenho experiência profissional como professora universitária do curso de Direito, além de coordenação do Núcleo de Prática Jurídica. A disciplina pretende realizar uma reflexão a respeito dos fundamentos e das principais características acerca do Direito Sucessório no nosso país. Além disso, descobriremos tudo de mais importante e necessário para a sua atuação profissional no tocante à partilha de bens no ordenamento jurídico brasileiro, de acordo com o nosso Código Civil. Não esqueceremos, é claro, da matéria de suma importância para todos aqueles que pretendem efetivar carreiras que se aproximem do mundo do Direito Civil, da figura do inventário extrajudicial. Na Unidade 1, proporcionaremos uma reflexão acerca de questões fundamentais para o início dos estudos que englobam o Direito Sucessório, passando por conhecimentos desde o fundamento e o conceito das sucessões, até questões práticas acerca da administração da herança e da vocação hereditária. Após, aprofundaremos os conhecimentos que envolvem o Direito Civil propriamente dito, analisando conceitos, absorvendo princípios, além de visualizarmos um pouco do histórico do nosso Código Civil, estudando as modificações e os ordenamentos necessários para que chegássemos ao nosso atual código, datado do ano de 2002. Já na Unidade 2, propiciaremos o contato direto com o elemento central deste livro, que é o Inventário, iniciando os estudos dele, expressamente designado no Código Civil brasileiro. A partir disso, ainda, destrincharemos, minuciosamente, as diferentes etapas do procedimento inventarial, com foco especial nos momentos da colação e da partilha de bens. Na Unidade 3, passaremos a desenvolver um estudo focado no segundo elemento do nosso livro, no inventário extrajudicial. Averiguaremos quais as opções cabíveis e não cabíveis para a entrada com um inventário extrajudicial, além de trabalharmos com a ideia central da fundamentação e as características que o diferenciam do inventário judicial. APRESENTAÇÃO Refletiremos a respeito da importância do formato extrajudicial de Inventário, absorvendo todos os elementos formadores desse procedimento tão importante na celeridade do Direito Civil. Finalizando os nossos estudos, identificaremos fases importantes nesse cenário, como a aceitação e a renúncia da herança, a cessão de direitos hereditários e a lavratura extrajudicial. Pronto para começar a estudar os inventários judicial e extrajudicial no Código Civil? Então, vamos começar, bons estudos! Prof.ª Fabiane Brião Vaz Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, nós disponibilizamos uma diversidade de QR Codes completamente gratuitos e que nunca expiram. O QR Code é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa facilidade para aprimorar os seus estudos. GIO Olá, eu sou a Gio! No livro didático, você encontrará blocos com informações adicionais – muitas vezes essenciais para o seu entendimento acadêmico como um todo. Eu ajudarei você a entender melhor o que são essas informações adicionais e por que você poderá se beneficiar ao fazer a leitura dessas informações durante o estudo do livro. Ela trará informações adicionais e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto estudado em questão. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material-base da disciplina. A partir de 2021, além de nossos livros estarem com um novo visual – com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura –, prepare-se para uma jornada também digital, em que você pode acompanhar os recursos adicionais disponibilizados através dos QR Codes ao longo deste livro. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com uma nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página – o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Preocupados com o impacto de ações sobre o meio ambiente, apresentamos também este livro no formato digital. Portanto, acadêmico, agora você tem a possibilidade de estudar com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Preparamos também um novo layout. Diante disso, você verá frequentemente o novo visual adquirido. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar os seus estudos com um material atualizado e de qualidade. QR CODE Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é um dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira, acessando o QR Code a seguir. Boa leitura! ENADE LEMBRETE Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conheci- mento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementa- res, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! SUMÁRIO UNIDADE 1 — NOÇÕES BÁSICAS DE DIREITO SUCESSÓRIO .................................1 TÓPICO 1 — O DIREITO DAS SUCESSÕES .............................................................. 3 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 3 2 CONCEITO E FUNDAMENTOS DO DIREITO DAS SUCESSÕES ...........................4 3 ABERTURA DA SUCESSÃO .................................................................................. 7 4 LEGITIMIDADE DE SUCESSORES ......................................................................11 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................. 14 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................... 16 AUTOATIVIDADE ....................................................................................................17 TÓPICO 2 — A ADMINISTRAÇÃO DA HERANÇA ................................................... 19 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 19 2 A RESPONSABILIDADE DOS HERDEIROS ........................................................20 3NATUREZA JURÍDICA DA INVENTARIANÇA .................................................... 21 4 ADMINISTRAÇÃO PROVISÓRIA DA HERANÇA .................................................22 RESUMO DO TÓPICO 2 ..........................................................................................25 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................26 TÓPICO 3 — A VOCAÇÃO HEREDITÁRIA ..............................................................29 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................29 2 ACEITAÇÃO OU RENÚNCIA DA HERANÇA ........................................................29 3 DOS EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO .......................................................................33 4 HERANÇA JACENTE E HERANÇA VACANTE ....................................................36 RESUMO DO TÓPICO 3 ..........................................................................................39 AUTOATIVIDADE .................................................................................................. 40 REFERÊNCIAS .......................................................................................................42 UNIDADE 2 — INVENTÁRIO E PARTILHA NO CÓDIGO CIVIL ...............................43 TÓPICO 1 — O INVENTÁRIO NO CÓDIGO CIVIL .....................................................45 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................45 2 BENS QUE NÃO SE INVENTARIAM .................................................................... 47 3 O INVENTÁRIO JUDICIAL E AS ESPÉCIES ........................................................49 4 O PROCESSAMENTO DO INVENTÁRIO ..............................................................52 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................................. 57 RESUMO DO TÓPICO 1 .......................................................................................... 61 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................63 TÓPICO 2 — A COLAÇÃO .......................................................................................65 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................65 2 DA COLAÇÃO ......................................................................................................66 3 PAGAMENTO DAS DÍVIDAS E DOAÇÃO ............................................................68 4 OS SONEGADOS .................................................................................................69 RESUMO DO TÓPICO 2 .......................................................................................... 72 AUTOATIVIDADE ................................................................................................... 73 TÓPICO 3 — A PARTILHA NO CÓDIGO CIVIL ........................................................ 75 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 75 2 ESPÉCIES DE PARTILHA ................................................................................... 76 3 GARANTIA DE QUINHÕES HEREDITÁRIOS ....................................................... 77 4 DA ANULAÇÃO DA PARTILHA ........................................................................... 79 RESUMO DO TÓPICO 3 ..........................................................................................82 AUTOATIVIDADE ...................................................................................................83 REFERÊNCIAS .......................................................................................................86 UNIDADE 3 — O INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL ..................................................87 TÓPICO 1 — FUNDAMENTOS INICIAIS ..................................................................89 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................89 2 IMPOSSIBILIDADE DE INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL .................................... 91 3 FUNDAMENTAÇÃO E POSSIBILIDADES DE INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL..........94 4 DA PARTILHA EXTRAJUDICIAL ......................................................................100 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................102 RESUMO DO TÓPICO 1 ........................................................................................106 AUTOATIVIDADE ................................................................................................. 107 TÓPICO 2 — ELEMENTOS DO INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL...........................109 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................109 2 INSTRUMENTOS PARA A REALIZAÇÃO DO INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL ........110 3 DA ASSISTÊNCIA DO ADVOGADO ................................................................... 113 4 DOCUMENTOS NECESSÁRIOS PARA A ABERTURA DO INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL ............................................................................................. 114 RESUMO DO TÓPICO 2 ........................................................................................ 118 AUTOATIVIDADE ..................................................................................................119 TÓPICO 3 — PROCEDIMENTO DE INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL .................... 123 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 123 2 ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DE HERANÇA NO INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL ..............................................................................................124 3 CESSÃO DE DIREITOS HEREDITÁRIOS .......................................................... 126 4 ETAPAS DA LAVRATURA DE INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL ........................ 127 RESUMO DO TÓPICO 3 ........................................................................................ 132 AUTOATIVIDADE .................................................................................................133 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 135 1 UNIDADE 1 — NOÇÕES BÁSICAS DE DIREITO SUCESSÓRIO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • introduzir o aluno ao Direito das Sucessões; • identificar os elementos constitutivos do inventário judicial no Código Civil; • submergir o estudante ao procedimento sucessório; • constatar a legitimidade dos sucessores; • perceber os direitos e os deveres da administração da herança; • caracterizar os principais pontos da vocação hereditária. A cada tópico desta unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – O DIREITO DAS SUCESSÕES TÓPICO 2 – A ADMINISTRAÇÃO DA HERANÇA TÓPICO 3 – A VOCAÇÃO HEREDITÁRIA Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 CONFIRA A TRILHA DA UNIDADE 1! Acesse o QR Code abaixo: 3 O DIREITO DAS SUCESSÕES TÓPICO 1 — UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO O direito à herança é tratado, dentro do ordenamento jurídico brasileiro, no Código Civil e na Constituição Federal. Em um primeiro momento, neste segundo dispositivo, podemos observar o que segue: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se, aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país, a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXX - é garantido o direito de herança (BRASIL, 1988). A partir disso, no Código Civil, encontramos o Direito Sucessório,determinado de forma cuidadosa e detalhada. Para isso, o legislador opta por elencar quatro títulos distintos, para o tratamento em etapas, dessa fase tão difícil para as famílias que, além de terem perdido um ente querido, devem se ocupar da devida legalização do patrimônio deixado por ele. Nesse sentido, é possível encontrar, no Código Civil brasileiro, o Direito Sucessório da seguinte maneira: LIVRO V Do Direito das Sucessões TÍTULO I Da Sucessão em Geral TÍTULO II Da Sucessão Legítima TÍTULO III Da Sucessão Testamentária TÍTULO IV Do Inventário e da Partilha Neste primeiro momento do nosso estudo, analisaremos tudo o que diz respeitos aos títulos elencados, uma vez que, para se entender a ferramenta do inventário (judicial ou extrajudicial) como fundamental para a persecução da efetividade do Direito Civil, é preciso a compreensão da importância do Direito das sucessões dentro desse vasto ramo do Direito. Importante destacar algumas dicas iniciais para que você acompanhe os nossos estudos com maior praticidade. 4 • No Código Civil, a cessão de direitos hereditários se encontra entre os Arts. 1.793 e 1.795. • Os responsáveis pela administração da herança (até o momento em que se firma o compromisso do inventariante) são encontrados regulamentados no Art. 1.797, do Código Civil. • Com relação ao regulamento, no que tange aos tão polêmicos nascituros, é possível entender mais no Código Civil disciplinado entre os Arts. 1.798 a 1.800. • O que diz respeito à aceitação ou à renúncia da herança, você encontra isso expresso entre os Arts. 1.804 a 1.813, do Código Civil. • As questões pertinentes à petição da herança estão no Capítulo VII, do Título I, entre os Arts. 1.824 a 1.828. NOTA Inicialmente, cabe, ainda, destacar que o legislador do Código Civil brasileiro vigente, datado do ano de 2002, preocupou-se, também, em estipular, expressamente, a não diferenciação entre os herdeiros “legítimos/ilegítimos” para as questões pertinentes ao Direito Sucessório. Isso quer dizer que, para o Direito, os filhos adotivos estão enquadrados na vocação hereditária com os filhos biológicos. 2 CONCEITO E FUNDAMENTOS DO DIREITO DAS SUCESSÕES Quando falamos em “suceder”, logo, somos remetidos à ideia de tomar conta do lugar de outrem, à substituição de alguém. Assim, é chamado o Direito das Sucessões, uma vez que ocorre a substituição da titularidade de bens de uma pessoa falecida para outra, que se encontra viva e em plena capacidade civil. A respeito do conceito básico de Direito das Sucessões, o doutrinador de Direito Civil, Silvio de Salvo Venosa, nos ensina o seguinte: Suceder é substituir, tomar o lugar de outrem no campo dos fenômenos jurídicos. Na sucessão, existe uma substituição do titular de um direito. Esse é o conceito amplo de sucessão no direito. Quando o conteúdo e o objeto da relação jurídica permanecem os mesmos, mas mudam os titulares da relação jurídica, operando-se uma substituição, diz-se que houve uma transmissão no direito ou uma sucessão. Assim, o comprador sucede ao vendedor na titularidade de uma coisa, como, também, o donatário sucede ao doador, e assim por diante. Destarte, sempre que uma pessoa tomar o lugar de outra em uma relação jurídica, há uma sucessão. A etimologia da palavra (subcedere) tem, exatamente, esse sentido, ou seja, de alguém tomar o lugar de outrem (VENOSA, 2014, p. 17). 5 Corroborando com a ideia de Venosa (2014), outro grande pensador do Direito brasileiro nos ensina a respeito do conceito de sucessão, vejamos: A palavra “suceder” tem o sentido genérico de virem os fatos e fenômenos jurídicos “uns depois dos outros” (sub + cedere). Sucessão é a respectiva sequência. No vocabulário jurídico, toma- se a palavra na acepção própria de uma pessoa se inserir na titularidade de uma relação jurídica que lhe advém de outra pessoa, e, por metonímia, a própria transferência de direitos, de uma a outra pessoa. Na fórmula feliz de Lacerda de Almeida, há a continuação de uma pessoa em relação jurídica que cessou para o anterior sujeito e continua em outro. 1 Conforme a sua extensão, diz -se que a sucessão é, “a título universal”, quando gera a transmissão da totalidade ou da fração ideal do patrimônio ao sucessor, e, “a título singular”, quando adstrita a uma coisa ou a um direito determinado. A primeira induz à sub- rogação abstrata na totalidade dos direitos ou a uma fração ideal deles, ao passo que a segunda tem em vista a sub- rogação concreta do novo sujeito em determinada relação de direito. Pode ocorrer por ato de vontade ou por determinação de lei. Pode, ainda, verificar - -se em vida (successio inter vivos) ou pela morte (successio causa mortis) (PEREIRA, 2017, p. 10). Acerca dos tipos de sucessão elencados por Pereira (2017), vamos, mais adiante, neste livro didático, analisá-los com afinco, mas, para marcarmos o presente tópico, cabe, aqui, colocarmos o conceito inicial dessas categorias sucessórias. Assim, em termos gerais, duas são as modalidades básicas de sucessão mortis causa, o que pode ser retirado do Art. 1.786, do Código Civil de 2002, sendo primaz para a compreensão da matéria sucessória. A primeira modalidade é a sucessão legítima, aquela que decorre da lei, que enuncia a ordem de vocação hereditária, presumindo a vontade do autor da herança. É, também, denominada de sucessão ab intestato, justamente, por inexistir testamento [...]. Como segunda modalidade, a sucessão testamentária tem origem em ato de última vontade do morto, por testamento, legado ou codicilo, mecanismos sucessórios para exercício da autonomia privada do autor da herança. Deve-se adiantar que, no Brasil, não há uma tradição testamentária (TARTUCE, 2016, p.19). Já com relação à origem histórica do Direito das Sucessões, que veio a se tornar um ramo tão importante da área jurídica, Dias (2019, p. 1) discorre: Sem entrar na controvérsia de quando começa a vida, o certo é que ninguém quer que ela acabe com a morte. O desejo de transcender para além da existência corpórea encontra respostas nas religiões que, invariavelmente, prometem a continuação da vida em dimensões outras. A ideia de perenidade da vida está muito ligada à questão sucessória, que se afirma como complemento natural à perpetuação da família. A mesma cadeia ininterrupta, que une as gerações, constitui o nexo sucessório civil. A continuidade da vida gera, logicamente, a continuidade do gozo dos bens necessários à existência e ao desenvolvimento do indivíduo. 6 A ideia de sucessão ocorre em diversos ramos do Direito, uma vez que todo o âmbito civil trata da propriedade, e, como sabemos, as propriedades são, constantemente, modificadas, quanto à titularidade, como é o caso do Direito Contratual com os contratos de compra e de venda, com as tradições de dívidas no Direito das Coisas, com o Direito das Obrigações na quitação de obrigações a fazer etc. FIGURA 1 – ELEMENTOS DO DIREITO SUCESSÓRIO FONTE: <https://arthurpaivarn.jusbrasil.com.br/artigos/387148276/direito-de-familia-x-direito-de-suces- soes-diferencas-na-questao-patrimonial>. Acesso em: 11 abr. 2021. Indo um pouco mais afundo no tema, segue uma explanação de fácil entendimento quanto aos fundamentos que deram origem ao Direito das Sucessões, ao nosso objeto de estudos do presente tópico, vejamos: Nas sociedades organizadas em bases capitalistas, o direito sucessório surge com o reconhecimento natural da propriedade privada. Está ligado à continuação do culto familiar que, desde os tempos remotos, advém da ideia de propriedade. O patrimônio e a herança nascem do instinto de conservação e melhoramento. A manutenção dos bens, no âmbito da família, é um eficiente meio de preservação da propriedade privada, pois todos os membros acabam defendendo os benscomuns. Nas sociedades nas quais não existe direito de propriedade nem interesse na preservação da família, não existem direitos sucessórios (DIAS, 2019, p. 2). Pensar em conceituar o Direito das Sucessões é, primeiramente, atentar-se aos fundamentos desse ramo do Direito tão importante para a efetividade da área civil. Ao se denominar que um cidadão tem direito de propriedade adquirida sobre a propriedade, anteriormente, pertencente a outro cidadão enquanto permanecia vivo, estão se modificando instrumentos do Direito Civil, ou seja, está se alterando a posição de determinados bens na sociedade. 7 Nas palavras da reconhecida doutrinadora de Direito, Diniz (2014, p. 3) utiliza o Código Civil para esclarecer a base central do Direito das Sucessões, conforme segue: O Direito das Sucessões vem a ser o conjunto de normas que disciplina a transferência do patrimônio de alguém, depois da sua morte, ao herdeiro, em virtude de lei ou de testamento (CC, Art. 1.786). Consiste, portanto, no complexo de bens de disposições jurídicas que rege a transmissão de bens, de valores e de dívidas do falecido, ou seja, a transmissão do ativo e do passivo do de cujus ao herdeiro. Como se pode perceber, então, essa modificação de bens, dentro da esfera civil, pela transmissão sucessória, pode ser realizada através da Lei, por meio da inventariança (judicial ou extrajudicial), e por manifestação de vontade (em vida) do cidadão, primariamente, proprietário dos bens em questão, por meios testamentários. Podemos, então, entender que o Direito das Sucessões está amparado na simples obrigação do Poder Público de zelar pela regulamentação civil dos bens inseridos no território. Isso porque é interesse do Estado que os bens não acabem por “inexistir” com o então proprietário. Em vista de tudo isso, podemos nos amparar em um conceito de simples entendi- mento, cunhado por Rizzardo (2018, p. 11): “Suceder se conceitua como herdar ou receber o patrimônio daquele que faleceu. Verifica-se o fenômeno da extinção da relação e, no seu lugar, apresenta-se o sucessor, sem que se modifique o objeto da sucessão”. Já que a nossa sociedade tem, como ferramenta fundamental no manuseio das relações civis e econômicas, a propriedade privada, é interesse de a própria Administração Pública fazer com que os cidadãos anseiem por adquirir e produzir a maior quantidade de bens possuidores de valor econômico. 3 ABERTURA DA SUCESSÃO É importante que nos atentemos ao momento da abertura da sucessão, assunto de plena pacificação entre a legislação brasileira e os doutrinadores: Com a morte, abre -se a sucessão. Torna -se, então, indispensável a apuração da autenticidade. A transmissão hereditária se opera com a morte, que deve ser provada, no plano biológico, pelos meios de que se vale a Medicina Legal, e, no plano jurídico, pela certidão passada pelo Oficial do Registro Civil, extraída do registro de óbito (Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973, Art. 77) (PEREIRA, 2017, p. 36). “A morte determina, então, a abertura da sucessão, passando os bens do defunto aos sucessores, que estejam vivos naquele momento, independentemente de se acharem presentes, ou de qualquer ato seu. Daí, dizer -se que a morte é um fato imutável” (PEREIRA, 2017, p. 37). 8 Já Venosa (2014, p. 27) nos brinda com uma reflexão mais detalhada, utilizando artigos do Código Civil, para explicar a ligação entre a morte e a abertura do processo sucessório: Como é fundamental, a sucessão hereditária gravita em torno da morte. A morte do titular de um patrimônio determina a sucessão. O fato da morte, fato jurídico, indica o momento em que "a herança se transmite, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários" (Art. 1.784). No antigo Código: "o domínio e a posse da herança se transmitem, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários" (Art. 1.572). Tempo e lugar da abertura da sucessão são importantes para as consequências jurídicas. Entre nós, "a sucessão se abre no lugar do último domicílio do falecido" (Art. 1.785). Fixa-se, aí, o foro universal da herança, como examinaremos. Corroborando com todo o exposto, Diniz (2010, p. 1264) explica, no seu Código Civil Anotado, que: Com o óbito do hereditando, os herdeiros recebem, por efeito direto da lei (son saisis de plein droit), as suas obrigações, a sua propriedade de coisas móveis e imóveis e os seus direitos. Adotado está o princípio da saisine, o direito de saisina, ou da investidura legal na herança, que erradia efeitos jurídicos a partir do óbito do de cujus. Dessa maneira, entende-se que, ao dizer que é aberta uma sucessão, para fins de Direito, significa afirmar que há o início do processo de transmissão dos bens, direitos, obrigações, débitos, dívidas e créditos do cidadão falecido para os herdeiros. Vejamos como é simples a redação que diz respeito à abertura de sucessão, disposta no Art. 1.784, do Código Civil: Artigo. 1.784 Aberta a sucessão, a herança se transmite, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários (BRASIL, 2002). Percebemos, de maneira clara, que a legislação se preocupa em especificar que, para existir a figura da herança, é necessário que ocorra um falecimento, ou seja, via de regra, não há o que se falar de herança de pessoa viva. Acerca da figura da morte, Tartuce (2016, p. 20) se preocupa em distinguir como pode ocorrer e os desdobramentos para o Direito Sucessório: Pois bem, a morte civil da pessoa natural engloba três modalidades, que devem ser revistas e expostas brevemente, a saber: a) morte real; b) morte presumida sem declaração de ausência, por meio da justificação; e c) morte presumida com declaração de ausência. Nos dois últimos casos, há uma presunção relativa quanto à existência da morte. Existe, também, uma categoria que diz respeito à presunção do momento da morte, qual seja o instituto da comoriência (letra d). 9 A partir disso, o autor elenca, de maneira prática, cada um dos tipos de morte supracitados. Segue um quadro resumido das modalidades: QUADRO 1 – MODALIDADES DE MORTE NATURAL MODALIDADE CONCEITO Morte Real A morte real é aquela que se dá com o corpo presente, não havendo a necessidade de buscar socorro às presunções. A lei exige, dessa forma, a morte cerebral (morte real), ou seja, que o cérebro da pessoa pare de funcionar. Morte presumida sem declaração de ausência por da justificação Como primeira modalidade de presunção, é possível que ela se dê sem a declaração de ausência, em dois casos descritos no Art. 7.º, do Códi- go Civil, quais sejam: • Desaparecimento do corpo da pessoa, sendo extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida. • Desaparecimento de pessoa envolvida em campanha militar ou fei- ta prisioneira, não sendo encontrada até dois anos após o término da guerra. Morte presumida com declaração de ausência No atual sistema da Lei Geral Privada, a ausência significa inexistência da pessoa natural por morte. Está presente, tal figura jurídica, nas hipóteses em que a pessoa está em local incerto e não sabido, não havendo indícios das razões do desaparecimento. Não há um envol- vimento do suposto falecido com qualquer fato que possa lhe trazer risco de morte, sendo esse o ponto crucial para diferenciar a ausência da justificação. Comoriência A comoriência, conforme o Art. 8.º, in verbis: “Se dois ou mais indivídu- os falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão, simultanea- mente, mortos”. O preceito transcrito não exige que a morte ocorra no mesmo local, mas ao mesmo tempo, sendo pertinente, tal regra, quan- do os falecidos são pessoas da mesma família, e com direitos suces- sórios entre si. Não se presume que um dos envolvidos falece primeiro (premoriência), mas que morrem nomesmo momento (comoriência). FONTE: Adaptado de Tartuce (2016) Em vista do exposto, sabemos, então, que existem exceções previstas no Código Civil, a partir do Art. 26, que tratam das ocasiões nas quais o cidadão se faz ausente por tempo determinado, com a morte presumida, mesmo que não comprovada. É possível que os possíveis herdeiros, detentores de lugar na ordem sucessória de herança da pessoa desaparecida, possam diligenciar o pedido de abertura de sucessão, o qual chamamos de sucessão provisória. 10 Apenas após passados dez anos da abertura da sucessão provisória, caso o ausente não reapareça, ou, ainda, não se obtenha uma confirmação real da morte, os herdeiros podem requerer a sucessão definitiva, que, também, tem duração de dez anos. NOTA Outra maneira de se transmutar sucessão provisória em definitiva é com a com- provação que o cidadão desaparecido possui oitenta anos de idade e que já está sumido por cinco anos, sem dar notícia alguma. Essa possibilidade está delineada no Art. 38, do nosso Código Civil. A partir da abertura da sucessão, no Art. 1.829, do Código Civil, o legislador estabelece a ordem da vocação hereditária, ou seja, a ordem que é seguida, entre os herdeiros, para o devido recebimento das quotas da herança. A pauta do nosso estudo é o processo de inventário, mas vale saber que, na falta de herdeiros, a herança é recolhida pelo Município, Distrito Federal ou União, conforme estabelece o Art. 1.844, do Código Civil. NOTA Ainda, pertinente ao presente item do Tópico 1, da primeira unidade dos nossos estudos, é a questão das pessoas para as quais é possível determinar a morte através de evidências que não sejam o mero decurso de tempo ausente. Isso ocorre, por exemplo, nos casos em que a pessoa é vítima de um naufrágio, acidente aéreo, ou desastres naturais, com o corpo não encontrado. Assim, não é necessária a certidão de óbito para que se abra a sucessão. O Código Civil vocifera, no Art. 7º, incisos I e II, que pode ser declarada a morte nos casos em que “for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida”. Então, podemos observar que não somente vivenciar catástrofes, mas, também, qualquer situação de perigo de vida iminente, seguida de desaparecimento, são passíveis de abertura do processo sucessório do cidadão em questão. Por fim, cabe fixar que o legislador também se preocupou, no parágrafo único do Art. 7º, do Código Civil, em determinar que exista sentença fixando a provável data e a hora do falecimento do indivíduo, isso para que se possa, posteriormente, desenvolver, no âmbito civil, os processos consequentes da morte. 11 4 LEGITIMIDADE DE SUCESSORES A respeito do recebimento da herança, podemos iniciar os nossos estudos com base no disposto por Rodrigues (2007, p. 293), quando assevera: Morto o autor da herança, o patrimônio se transmite, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários. Estes recebem o patrimônio como um todo, cabendo, a cada qual, uma parte ideal e indeterminada. Através da partilha, entretanto, declara-se qual a parte divisa, ou mesmo indivisa, cabente a cada herdeiro. No ordenamento jurídico, quando falamos da “Sucessão Legítima”, estamos nos referindo àquela que ocorre em consequência da lei, ou seja, decorre porque se verificam, na situação fática, os requisitos, anteriormente, previstos pelo legislador no Código Civil. Para além desse tipo de sucessão, surge, ainda, a chamada “Sucessão Testa- mentária”, que é aquela efetuada a partir não da lei, mas da manifestação de vontade do falecido (ou, para fins de Direito das Sucessões, do de cujus – nomenclatura utilizada para se referir à pessoa morta que deixa a herança). Vejamos o que determina o Código Civil brasileiro: Art. 1.788 Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo (BRASIL, 2002). Nos casos expressos no dispositivo anterior, a transmissão dos bens da herança é, então, direcionada, para o que o ordenamento jurídico chame de Herdeiros Legítimos. Isso quer dizer, simplesmente, que são os herdeiros indicados, expressamente, ao longo do Art. 1.829, do Código Civil, quais sejam: I- os descendentes, com o cônjuge sobrevivente; II- os ascendentes, também, com o cônjuge sobrevivente; III- o cônjuge sobrevivente; IV- os parentes colaterais. Importante fixar que a ordem exposta é de suma importância, uma vez que é para ser executada na exata sequência, ou seja, na falta do primeiro, só, então, passa-se ao segundo, e assim por diante. Essa ordem é chamada de Vocação Hereditária. 12 Diz-se que ambas as maneiras de sucessão (legítima e testamentária) são feitas a partir da livre vontade do de cujus. Por mais que isso cause estranheza, tem motivo para ser, uma vez que, no Direito, presume-se que as leis postas não podem ser objeto de vociferação de renúncia de conhecimento, ou seja, entende-se que o falecido, sabendo do que está posto no Código Civil, se desejasse outra ordem de transmissão dos próprios bens, assim o expressaria em testamento. NOTA Ratificando o exposto, cabe observarmos o que nos ensina Venosa (2014, p. 67) a respeito da vocação hereditária: A capacidade para suceder é a aptidão para se tornar herdeiro ou legatário numa determinada herança. A vocação hereditária está na lei, norma abstrata que é. Daí porque a lei diz que são chamados os descendentes, na sua falta, os ascendentes, cônjuge, colaterais até quarto grau e Estado. O cônjuge, no mais recente Código, ascende ao estado de herdeiro necessário e concorrerá à herança com os descendentes, em determinadas situações, e com os ascendentes (Art. 1.829). Também, em um testamento, a regra geral é a de que toda pessoa natural ou jurídica pode ser aquinhoada pelo ato de última vontade. Essa aptidão genérica se materializa quando da morte, quando é aberta a sucessão. Nossas leis garantem, ainda, a possibilidade de a sucessão ser estabelecida, concomitantemente, como legítima e testamentária. Isso ocorre quando o testamento não abrange todos os bens deixados pelo indivíduo falecido, uma vez que os bens não abarcados no testamento passam a ser tratados, de acordo com as leis civis, seguindo a vocação hereditária legítima. No mais, caso exista o que chamamos de “Herdeiros Necessários”, sendo, estes, descendentes, cônjuge e ascendentes, o falecido testador não pode dispor da totalidade dos bens em testamento, isso porque o Art. 1.846, do Código Civil, menciona que “pertence, aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo a legítima”. Para encerrar esta etapa do nosso estudo, é importante a leitura, também, dos Arts. 1.789 e 1.850, do Código Civil, que tratam da liberdade testar, afastando os herdeiros colaterais, se assim for o desejado, e da disposição necessária da herança como um todo. DICA 13 Nos casos em que o de cujos é casado, em vida, pelo Regime da Comunhão Universal de Bens, aparece o instituto da Meação, ou seja, o patrimônio do casal é, igualmente, dividido, podendo, o falecido, dispor, em testamento, apenas a parte que lhe disser respeito, caso não existam herdeiros necessários. Já quando existem herdeiros necessários, pode, apenas, testamentar acerca da metade da meação correspondente, ou seja, de um quarto dos bens do casal. Quando ocorre de uma pessoa ser beneficiada via testamento, recebendo coisa certa e determinada, mas não estando na lista da vocação hereditária do falecido, é chamada de legatário, não sendo caracterizada como herdeiro, testamentário ou outros termos referentes às pessoas dispostas na ordem sucessória do Código Civil. NOTA Por fim, herdeiro universal é o cidadão que vema receber uma herança sem passar pelos institutos da partilha, ou seja, é um herdeiro único. Nesse caso, então, dispensa-se a etapa da partilha, atribuindo-se a herança ao herdeiro universal por meio da autoadjudicação, lavrada no Inventário. O fenômeno do herdeiro universal pode ocorrer em virtude da lei (quando não existir mais ninguém que se encaixe na ordem da vocação hereditária do Código Civil) e em virtude do testamento (quando existem herdeiros colaterais, e estes são dispensados via testamento). 14 LEGITIMIDADE DOS HERDEIROS E DANO MORAL José Gervásio Meireles Sempre se discutiu se a indenização por danos morais, sofrida pela pessoa que, posteriormente, faleceu, pode ser transferida para os sucessores, e se eles ostentam legitimidade processual para exigir a reparação. A doutrina contrária defende que os danos morais violam valores caros ao ser humano, direitos da personalidade, não podendo ser transferidos aos herdeiros. Uma vez que ocorre a morte do ofendido, não existem mais danos morais, descabendo qualquer pretensão indenizatória. Por outro lado, a doutrina completamente oposta entende que a transmissão não é do dano, mas do direito à reparação. Os herdeiros recebem o direito à reparação pecuniária, e o legislador ordinário, claramente, adota a referida corrente. O Art. 943, do Código Civil, informa a transmissão do direito: “Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la se transmitem com a herança”. Ocorre que o mencionado preceito não esclarece se os herdeiros podem, somente, continuar a ação promovida, inicialmente, pelo falecido, ou se possuem legitimidade para iniciar um processo. Uma vez admitido que o direito à indenização pode ser transmitido, resta evidente a possibilidade de sucessão processual quando o titular do direito morre, conforme Art. 110, do Estatuto Processual Civil: “Art. 110. Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a sucessão pelo seu espólio ou pelos seus sucessores, observado o disposto no Art. 313, §§ 1º e 2º”. No entanto, o que ocorre se o titular do direito, verdadeiro ofendido, falece antes de propor a demanda indenizatória? Podem, os herdeiros, ajuizar a ação? O Superior Tribunal de Justiça reconhece a legitimidade dos herdeiros para demandar a indenização por danos morais, seja iniciando, seja continuando a ação, anteriormente, ajuizada pelo de cujus. Editou-se, assim, o recente enunciado da Súmula 642: O direito à indenização por danos morais se transmite com o falecimento do titular, possuindo, os herdeiros da vítima, legitimidade ativa para ajuizar ou prosseguir a ação indenizatória (CORTE ESPECIAL, julgado em 02/12/2020, Dje 07/12/2020). LEITURA COMPLEMENTAR 15 Essa é a mesma posição adotada pelo Tribunal Superior do Trabalho, no âmbito do Processo do Trabalho, conforme se constata no seguinte julgado exemplificativo: FALECIMENTO DO EMPREGADO APÓS A EXTINÇÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL DECORRENTE DE ACIDENTE DE TRABALHO. LEGITIMIDADE ATIVA DO ESPÓLIO PARA PLEITEAR DANO MORAL EM NOME DO DE CUJUS. CONHECIMENTO E PROVIMENTO. I. No caso dos autos, o trabalhador sofreu acidente de trabalho em 25/02/2012 e pediu demissão em 18/09/2012. Consta, ainda, que “o reclamante não ajuizou ação de indenização por danos morais antes do seu falecimento, ocorrido em 03/11/2012”. II. A Corte Regional manteve a sentença em que se reconheceu a ilegitimidade ativa da sucessão do autor, representada por sua genitora e única herdeira, para pleitear indenização pelo pagamento de indenização por dano moral decorrente do acidente de trabalho sofrido pelo de cujus. Assim, entendeu que “o direito à indenização por danos morais é personalíssimo, intransmissível e irrenunciável”. III. O pedido de indenização por danos morais se trata de direito patrimonial transmissível por herança, nos termos do Art. 943, do Código Civil. Diante disso, conclui-se que os sucessores do trabalhador possuem legitimidade ativa para ajuizar ação, pretendendo reparação pelos danos moral e material, tratando-se de direito patrimonial, decorrente do contrato de trabalho havido entre o empregador e o de cujus. IV. A esse respeito, no julgamento do processo nº RR-94385- 95.2005.5.12.0036, esta Quarta Turma já se manifestou no sentido de que “os sucessores têm legitimidade para propor qualquer ação de indenização, por se tratar de direito patrimonial. Isso porque o que se transmite é o direito de ação, e não o direito material em si, pelo fato de não se tratar de direito personalíssimo, o que impediria a transmissão a terceiros”. V . Recurso de revista de que se conhece, por violação do Art. 943, do Código Civil, e a que se dá provimento (RR-133-44.2014.5.04.0251, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 06/09/2019). FONTE: <.grancursosonline.com.br/legitimidade-dos-herdeiros-e-dano-moral>. Acesso em: 11 abr. 2021. 16 Neste tópico, você aprendeu: • O direito à herança é tratado, dentro do ordenamento jurídico brasileiro, no Código Civil e na Constituição Federal. • No Código Civil, encontramos o Direito Sucessório, determinado de forma cuidadosa e detalhada. • É possível encontrar, no Código Civil brasileiro, o Direito Sucessório da seguinte maneira: Do Direito das Sucessões – Da Sucessão em Geral – Da Sucessão Legítima – Da Sucessão Testamentária – Do Inventário e da Partilha. • A ideia de sucessão ocorre em diversos ramos do Direito, uma vez que todo o âmbito civil trata da propriedade, e, como sabemos, as propriedades são, constantemente, modificadas quanto à titularidade. • A modificação de bens, dentro da esfera civil, pela transmissão sucessória, pode ser realizada através da lei e da manifestação de vontade do cidadão falecido, por meios testamentários. • O Direito das Sucessões está amparado na obrigação do Poder Público de zelar pela regulamentação civil dos bens inseridos no território. • Dizer que é aberta a sucessão, para fins de Direito, significa afirmar que tem início o processo de transmissão dos bens, direitos, obrigações, débitos, dívidas e créditos do cidadão falecido para os herdeiros. • Para existir a figura da herança, é necessário que ocorra um falecimento. • Existem exceções previstas no Código Civil, a partir do Art. 26, que tratam das ocasiões em que o cidadão se faz ausente por tempo determinado. A morte é presumida, mesmo que não comprovada. • No ordenamento jurídico, quando falamos da “Sucessão Legítima”, estamos nos referindo àquela que ocorre em consequência da lei. • As nossas leis garantem a possibilidade de a sucessão ser estabelecida, concomitante- mente, como legítima e testamentária. • Nos casos nos quais o de cujos é casado, em vida, pelo Regime da Comunhão Universal de Bens, prevalece o Instituto da Meação. RESUMO DO TÓPICO 1 17 1 De acordo com o Código Civil, os interessados podem requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas após quanto tempo de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória? a) ( ) Cinco anos. b) ( ) Dez anos. c) ( ) Quinze anos. d) ( ) Vinte anos. e) ( ) Vinte e cinco anos. 2 A respeito do Direito das Sucessões, analise as assertivas a seguir: I- A sucessão se abre no local do óbito do falecido. II- A sucessão se regula pela lei vigente na época da abertura do inventário. III- Aberta a sucessão, a herança se transmite, desde logo, aos herdeiros testamentários. Está CORRETO o que consta na (s): a) ( ) I, apenas. b) ( ) III, apenas. c) ( ) I e II, apenas. d) ( ) II e III, apenas. e) ( ) I, II e III. 3 De acordo com o que você aprendeu a respeito dos conceitos iniciais do Direito das Sucessões, é possível afirmar que, de acordo com o nossoordenamento jurídico, acerca da sucessão legítima: a) ( ) Quando há ausência de descendente e de ascendente, é deferida a sucessão, por inteiro, ao cônjuge sobrevivente, mesmo nos casos em que o casamento é efetuado sob o regime da separação obrigatória de bens. b) ( ) Proporciona que os descendentes não filhos sucedam por estirpe à herança, enquanto os filhos sucedam da maneira chamada de “por cabeça”. c) ( ) Quando há ausência de descendentes e de ascendentes, é deferida a sucessão, por inteiro, ao cônjuge sobrevivente, apenas se casado sob o regime de comunhão universal ou parcial de bens. d) ( ) Chama, para participarem da sucessão, os colaterais, e, quando da falta de irmãos, sucedem os tios. Não havendo, os sobrinhos. e) ( ) Na classe dos ascendentes, não há exclusão por grau, todos têm os quinhões de maneira igualitária. AUTOATIVIDADE 18 4 Podemos entender que o Direito das Sucessões está amparado na obrigação do Poder Público de zelar pela regulamentação civil dos bens inseridos no território. Visto isso, explique o porquê da importância, para o Poder Público, de que se tenha regulamentada a transmissão dos bens e das obrigações dos cidadãos falecidos no próprio espaço. 5 Discorra a respeito do fato de ambos os tipos de sucessão serem chamados de enquadrados, como “livre vontade do de cujus”. Para isso, indique os tipos de sucessão no nosso ordenamento, quem é o de cujus e onde está representada a vontade dele em cada uma das categorias sucessórias. 19 A ADMINISTRAÇÃO DA HERANÇA UNIDADE 1 TÓPICO 2 — 1 INTRODUÇÃO Um dos pontos mais polêmicos entre as famílias dos falecidos é aquele que diz respeito à administração da herança, ou seja, quem deve ter poderes para gerenciar os bens que são inventariados. A figura do administrador da herança é necessária, pois, assim, o legislador determinou no Código Civil. Vejamos o que traz o dispositivo pertinente à questão da administração da herança: Artigo 1.791 A herança se defere como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros. Parágrafo único: Até a partilha, o direito dos coerdeiros, quanto à propriedade e à posse da herança, será indivisível, regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio (BRASIL, 2002). Isso ocorre porque, apenas com a figura da Partilha, etapa final do direito sucessório, a qual estudaremos, detalhadamente, mais à frente, os herdeiros têm, de fato, os direitos de posse e/ou de propriedade sobre bens determinados da herança que lhes é devida. Enquanto não se chega nessa etapa, é determinado um administrador para resolver as questões pertinentes aos bens e aos inventários. Venosa (2014, p. 57), na sua conceituada doutrina intitulada de Direito Civil: Direito das Sucessões, aduz que, Ao inventariante, cabe a administração dos bens da herança. O inventariante é nomeado pelo juiz do inventário. Até que o inventariante preste compromisso, pode ser nomeado um administrador provisório. Esse administrador representa o espólio, ativa e passivamente. Na prática, somente em heranças de vulto, ou quando há dificuldades para se nomear um inventariante, surge o administrador provisório. Afirmado pelo renomado jurista pode ser identificado, também, na nossa legislação, mais especificamente, no Art. 1. 797, do atual Código Civil, que expressa: Artigo 1.797 Até o compromisso do inventariante, a administração da herança caberá, sucessivamente: I- ao cônjuge ou companheiro, se, com o outro, convivia ao tempo da abertura da sucessão; II- ao herdeiro que estiver na posse e na administração dos bens, e, se houver mais de um nessas condições, ao mais velho; 20 III- ao testamenteiro; IV- à pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave, levado ao conhecimento do juiz (BRASIL, 2002). A respeito da ordem observada no artigo supracitado, Tartuce (2016, p. 44) esclarece que, pelos exatos termos do dispositivo legal, parece que a ordem deve ser, rigorosamente, obedecida, pois se utiliza o termo sucessivamente. Todavia, conforme está exposto nos outros volumes dessa coleção, o Código Civil brasileiro de 2002 adota um sistema aberto, baseado em cláusulas gerais e conceitos legais indeterminados, com esteio na teoria tridimensional do Direito, segundo a qual Direito é fato, valor e norma, e na ontognoseologia do seu principal idealizador, o jurista Miguel Reale. Dessa forma, filosoficamente, é inconcebível ter as relações que constam da codificação material privada, em regra, como relações fechadas e rígidas. Nesse contexto, melhor concluir, como fazem Euclides de Oliveira e Sebastião Amorim, que a ordem de nomeação do administrador provisório é, apenas, uma ordem de preferência, devendo, o juiz, analisar, de acordo com as circunstâncias do caso concreto, quem tem as melhores condições de exercer o encargo. A partir do disposto, entendendo a importância da determinação específica para que se nomeie um administrador responsável pelas questões de levantamento inventarial dadas pelo legislador no nosso Código Civil, passemos, agora, a observar as responsabilidades dos herdeiros sobre o processo de inventário, sendo, eles, administradores ou não da herança. 2 A RESPONSABILIDADE DOS HERDEIROS Nosso ordenamento cuidou, também, de especificar o limite da responsabilidade dos herdeiros, isso porque não é admitido que dívidas ultrapassem a personalidade daquele que as contraiu. Lembrando, nas palavras de Diniz (2014, p. 3), que a herança não é formada apenas de direitos e de bens, mas se trata do “patrimônio do falecido, isto é, do conjunto de direitos e de deveres que se transmite aos herdeiros legítimos ou testamentários, exceto se forem personalíssimos ou inerentes à pessoa do de cujus”. Por isso, a herança não é um bem dos herdeiros, mas do Inventário, representado pela pessoa do inventariante, até que se tenha a partilha, e, então, sejam direcionados os quinhões devidos para cada herdeiro. O Código Civil aduz o seguinte: Art. 1.792 O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da he- rança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demonstrando o valor dos bens herdados (BRASIL, 2002). 21 Com a redação do artigo anterior, percebemos a intenção do legislador de defender os herdeiros para que não herdem as dívidas do de cujus em níveis que ultrapassem a herança dele, uma vez que a dívida é do falecido, e não seria justo que os herdeiros a pagassem com o patrimônio próprio. Por esse motivo, é tão importante que se sigam os passos do Inventário na ordem que estudamos no tópico anterior deste livro, na ordem dos títulos do Código Civil, destinada à herança, pois, com a abertura da sucessão, no Inventário, efetua-se um levantamento de todo o patrimônio do falecido, incluindo desde os bens até as dívidas, os débitos que deixa em vida. Nas palavras de Diniz (2014, p. 36-37), “[...] com a abertura da sucessão, ocorre a mutação subjetiva do patrimônio do de cujus, que se transmite aos herdeiros, os quais se sub-rogam nas relações jurídicas do defunto, no ativo e no passivo, até os limites da herança (CC, Arts. 1.792 e 1.797) [...]”. Isso tudo é feito antes da partilha, para que seja possível a responsabilização da herança pelas possíveis dívidas e não dos herdeiros, ou seja, primeiramente, são quitadas as dívidas, de acordo com o valor deixado em herança, e, restando patrimônio, este é, então, destinado ao (s) herdeiro (s) legal (is). 3 NATUREZA JURÍDICA DA INVENTARIANÇA Como já vimos, é fundamental que se estipule um administradorpara a herança, o qual chamaremos, no Direito Sucessório, de “inventariante”. Essa pessoa deve fazer o levantamento dos bens e administrá-los até o momento da partilha. No processo, também, representa (fala em nome da herança) a herança até o momento do trânsito em julgado da sentença de partilha, ou de adjudicação para os casos de um herdeiro único. Uma vez instituído o inventariante, não significa que deve seguir nessa posição, obrigatoriamente, até o fim do inventário. Existem possibilidades quando os herdeiros, ou outros interessados solicitam a remoção do indivíduo da posição de inventariante, isso porque, sempre, há chance de, seja por má-fé, ou, apenas, por falta de habilidade, não agir da maneira mais benéfica na gestão do patrimônio por ele administrado. Seguem algumas das causas que ensejam o requerimento legal dos interessados na remoção do inventariante: 22 QUADRO 2 – CAUSAS LEGÍTIMAS PARA REMOÇÃO DO INVENTARIANTE Deixar de prestar declarações durante o processo de inventário, de acordo com os prazos estipulados no Código Civil. Negligenciar cobranças de devedores do patrimônio, deixando de tomar medidas que podem evitar o perecimento de direitos da herança, isto é, não tomar, para si, a defesa dos interesses do espólio. Causar ou deixar que causem danos aos bens do espólio. Deixar de apresentar bens do espólio, sonegando ou desviando-os. Não prestar contas ou apresentar declarações obscuras a respeito das movimentações do espólio. Agir de maneira inerte, causando demora, protelando o andamento do inventário. FONTE: A autora O quadro anterior é de cunho exemplificativo, para que você consiga perceber os tipos de atos que legitimam um requerimento de remoção do inventariante. A partir dos exemplos citados, qualquer ação ou omissão que se encaixe em condutas, nesse sentido, pode ser levada a juízo, para discussão. ATENÇÃO Quando do requerimento para a remoção do inventariante do cargo, ele detém o prazo de cinco dias para apresentar a defesa, declarando as justificativas, e, se for o caso, juntando provas da moralidade de conduta na administração dos bens da herança (espólio). Caso isso não seja o suficiente, ou seja, caso o juiz julgar pela incompetência do cidadão para manter o cargo de inventariante, deve, então, nomear uma nova pessoa para o cargo. 4 ADMINISTRAÇÃO PROVISÓRIA DA HERANÇA Durante os estudos a respeito da abertura da sucessão, no Tópico 1 da presente unidade, vimos que, entre esse momento, e a abertura do inventário, existe um prazo de sessenta dias. Entre este momento e a nomeação do inventariante, existe a figura do adminis- trado provisório da herança, daquele que tem direito provisório de posse sobre os bens deixados. 23 FIGURA 2 – ADMINISTRAÇÃO DA HERANÇA FONTE: <https://portalexamedeordem.com.br/direito-das-sucessoes/>. Acesso em: 11 abr. 2021. Igualmente, o inventariante nomeado, o administrador provisório é, por tempo, determinado o representante do espólio, sendo obrigado a não se manter inerte, buscando todos os meios para o devido andamento do inventário. Cabe fixar que os administradores têm o direito a reembolso dos gastos que sofrem em busca da realização das demandas do inventário. NOTA Vejamos o que dispõe o nosso ordenamento no que se refere à administração da herança, nos termos do Código Civil: Artigo 1.797 Até o compromisso do inventariante, a administração da herança caberá, sucessivamente: I- ao cônjuge ou companheiro, se, com o outro, convivia ao tempo da abertura da sucessão; II- ao herdeiro que estiver na posse e na administração dos bens, e, se houver mais de um nessas condições, ao mais velho; III- ao testamenteiro; IV– à pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave, levado ao conhecimento do juiz (BRASIL, 2002). Por fim, acerca desse assunto, devemos observar que nada impede que o indivíduo estipulado para ser o administrador provisório da herança venha, também, a se tornar o inventariante devidamente nomeado, e siga com a gestão da herança até o encerramento do processo do inventário. 24 Leia Dívidas da Herança – Limites da Responsabilidade dos Herdeiros, por Maristela Hertel, em http://twixar.me/8Xsm DICA 25 Neste tópico, você aprendeu: • Nosso ordenamento cuidou de especificar o limite da responsabilidade dos herdeiros, isso porque não é admitido que dívidas ultrapassem a personalidade daquele que as contrai. • A herança não é um bem dos herdeiros, mas do Inventário, representado pela pessoa do inventariante. • No inventário, efetua-se um levantamento de todo o patrimônio do falecido, incluindo desde os bens até as dívidas. • É feita a responsabilização da herança pelas possíveis dívidas, e não dos herdeiros. • É fundamental que se estipule um administrador para a herança, o qual chamamos, no Direito Sucessório, de “inventariante”. • Há casos nos quais os herdeiros ou outros interessados pedem pela remoção do indivíduo da posição de inventariante. Entre esse momento e a nomeação do inventariante, existe a figura do administrado provisório da herança. • Como o inventariante nomeado, o administrador provisório é, por um tempo, determinado o representante do espólio. • Nada impede que o administrador provisório venha, também, a ser o inventariante devidamente nomeado. RESUMO DO TÓPICO 2 26 1 O requerimento de inventário e de partilha incumbe a quem estiver na posse e na administração do espólio. O requerimento é instruído com a certidão de óbito do autor da herança. Tem, contudo, legitimidade concorrente, EXCETO: a) ( ) o cônjuge ou companheiro supérstite. b) ( ) o herdeiro. c) ( ) o testamenteiro. d) ( ) de ofício pelo juiz. 2 A respeito da sucessão, de acordo com o Código Civil vigente, analise as assertivas e identifique, com V, as verdadeiras, e, com F, as falsas: ( ) A sucessão se abre no lugar do último domicílio do falecido. ( ) São revogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da herança. ( ) Havendo herdeiros necessários, o testador só pode dispor da metade da herança. ( ) Até o compromisso do inventariante, a administração da herança cabe, em primeiro lugar, ao testamenteiro. ( ) O direito à sucessão aberta, e o quinhão do qual dispõe o coerdeiro, podem ser ob- jetos de cessão por escritura pública. A alternativa que contém a sequência CORRETA, de cima para baixo, é: a) ( ) F-V-V-F-V. b) ( ) F-F-V-V-V. c) ( ) V-V-F-V-F. d) ( ) V-F-F-V-F. e) ( ) V-F-V-F-V. 3 Analise as seguintes assertivas sobre o inventário e a partilha, conforme o regramento previsto no Código Civil: I- Desde a assinatura do compromisso, até a homologação da partilha, a administração da herança é exercida pelo inventariante. II- A herança responde pelo pagamento das dívidas do falecido, porém, após realizada a partilha, a responsabilidade pelas dívidas em questão passa aos herdeiros, de forma solidária, mas no limite da herança que lhes couber. III- Se um dos herdeiros é devedor do espólio, a dívida é extinta na sua totalidade, face à ocorrência da confusão, não podendo, a dívida, ser partilhada entre os herdeiros ou imputada no quinhão do devedor. AUTOATIVIDADE 27 Quais estão CORRETAS? a) ( ) Apenas I. b) ( ) Apenas II. c) ( ) Apenas III. d) ( ) Apenas I e II. e) ( ) Apenas II e III. 4 Considerando o estabelecido no Código Civil, acerca das heranças jacente e vacante, analise as afirmativas a seguir: I- Falecendo alguém, sem deixar testamento nem herdeiro legítimo, notoriamente, conhecido, os bens da herança, depois de arrecadados, ficam sob a guarda e a administração de um curador, até a entrega ao sucessor, devidamente habilitado, ou à declaração de vacância. Quando todosos chamados a suceder renunciam à herança, esta é, desde logo, declarada vacante. II- Durante a herança jacente, é assegurado, aos credores, o direito de pedirem, através de ação de petição de herança, o vencimento antecipado das prestações de uma dívida já reconhecida e o pagamento das dívidas vencidas e vincendas, nos limites das forças da herança. III- Não se habilitando até a declaração de vacância, os colaterais ficam excluídos da sucessão. IV- Decorridos quatro anos da declaração de vacância, os bens arrecadados, localizados nas respectivas circunscrições, passam ao domínio do Estado ou do Distrito Federal. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Somente as afirmativas I e II estão corretas. b) ( ) Somente as afirmativas III e IV estão corretas. c) ( ) Somente as afirmativas I e III estão corretas. d) ( ) Somente as afirmativas II e IV estão corretas. 5 Assinale a alternativa CORRETA a respeito do Direito das Sucessões: a) ( ) A responsabilidade pelo cumprimento do legado cabe ao legatário. b) ( ) Todos os herdeiros do testador são responsáveis pelo pagamento do imposto de transmissão do bem ao legatário. c) ( ) O direito de acrescer ocorre quando o testador beneficia várias pessoas com a mesma herança ou legado em porções determinadas. d) ( ) O direito de acrescer pode ocorrer entre herdeiros e legatários. e) ( ) O direito de acrescer é privativo do Direito das Sucessões. 6 De acordo com o que estudamos no presente tópico, explique quais são as etapas do processo de Inventário entre os momentos da abertura da sucessão e da nomeação do inventariante, discorrendo a respeito do porquê da importância da ordem de acontecimento das etapas. 28 7 Uma vez nomeado um inventariante, ele, obrigatoriamente, deve cuidar da gestão do espólio até o fim do processo do Inventário? Se não, de que maneira essa mudança acontece? 29 TÓPICO 3 — A VOCAÇÃO HEREDITÁRIA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Vocação hereditária é como denominamos a convocação dos herdeiros, ou seja, o chamamento das pessoas com direito à herança, para que recepcionem os quinhões hereditários, a parte da herança que lhes é devida. A vocação hereditária está delineada no nosso ordenamento, entre os Arts. 1.798 a 1.803, do Código Civil, e pode ocorrer, como já vimos, por meio da sucessão legítima ou testamentária. A questão que será abordada, agora, diz respeito, logo, ao primeiro artigo do capítulo a respeito da vocação hereditária no Código Civil: Art. 1.798 Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão (BRASIL, 2002). Com isso, percebemos algumas questões importantes a serem tratadas, como os bebês, ainda não gerados, terem ou não direito a receber a herança dos pais falecidos. Além disso, o Código, nos artigos seguintes, estipula mais alguns pontos que merecem destaque, os quais veremos, com atenção, neste momento dos nossos estudos: • Quem pode ser chamado na vocação testamentária. • A nulidade da disposição testamentária. Veremos, a seguir, questões pertinentes a esses assuntos, observando os pontos de irregularidade no testamento, aceitação ou não de herança, excluídos da vocação etc. 2 ACEITAÇÃO OU RENÚNCIA DA HERANÇA Ser legítimo, na vocação hereditária, não significa que seja obrigatória a aceitação da herança. É facultado, aos herdeiros, que renunciem ao quinhão, se assim desejarem. A aceitação da herança dá confirmação para a transmissão de bens que, como já vimos, tem início no momento da abertura da sucessão, com a morte do de cujus. 30 O recebimento da herança é direito facultado passível de renúncia, diferentemente dos direitos sucessórios, pois estes ocorrem naturalmente, conforme vimos no tópico referente à legitimação dos herdeiros. NOTA Percebe-se que, mediante a aplicação da lei, logo do momento da morte, é iniciado o processo de repasse dos bens do falecido para os herdeiros, ou seja, a aceitação da herança é mera deliberalidade do herdeiro. A aceitação é um ato corriqueiro, comum e ordinário, assim, na maioria das vezes, ela ocorre apenas de maneira tácita ou presumida. Antes de adentrarmos na questão da aceitação e renúncia da herança per si, cabe analisarmos, mais profundamente, o conceito de herança, para isso, utilizaremos as palavras de Venosa (2014, p. 31-32): Na herança, o sistema da saisine é o direito que têm, os herdeiros, de entrarem na posse dos bens que constituem a herança. A palavra deriva de saisir (agarrar, prender, apoderar-se). A regra era expressa por adágio corrente desde o século XIII: "Le mort saisit le vif " (o morto prende o vivo). Conforme afirma Eduardo de Oliveira Leite, trata-se de um dos mais antigos exemplos do direito comum costumeiro (2003:8). No entanto, ninguém pode ser herdeiro contra a sua vontade. O herdeiro pode deixar de aceitar, renunciar à herança. Há que se harmonizar o sistema da saisine com o repúdio à herança. Conforme já estudamos, no momento da abertura da sucessão, da morte do de cujos, do dono dos bens a serem herdados, são proporcionadas a posse e a propriedade dos bens da herança aos herdeiros, que podem ser legítimos ou testamentários. Todavia, de acordo com o jurista citado no parágrafo anterior, percebemos a importância da não obrigação desses herdeiros em aceitarem tal instrumento de sucessão. Ratificando essa ideia, e trazendo, à baila, um contexto histórico, cabe se lembrar das palavras de Pereira (2017, p. 63-64): Em Direito Romano, a acquisitio punha termo à vacância, integrando - se os bens no patrimônio do herdeiro (additio), que era a manifestação do hereditando. A aceitação era uma faculdade reconhecida aos herdeiros, salvo se considerados necessários (v. nº 430, supra). Nesse último caso, tinham de adir, à herança, quisessem ou não quisessem (sive velint, sive nolint), fosse a sua condição, ab intestato ou testamentária. Inspirando -se o direito moderno em princípio diverso, e tomada a classe dos necessários em sentido diferente, todo herdeiro tem o poder de aceitar ou de repudiar a herança, não sendo, a isso, obrigado: nemo addire hereditatem compellitur. A aceitação tomou, pois, no direito moderno, o sentido de manifestação livre de vontade de receber, o herdeiro, a herança que lhe é deferida. Aqueles, a quem, por direito, o patrimônio do defunto é transmitido, 31 no todo ou em parte, enunciam a sua intenção de receber os bens, assumindo a sua administração, 63 e cumprindo os encargos na forma do testamento ou da lei, e nos limites por esta traçados. É uma declaração não receptícia de vontade. Constitui um negócio jurídico unilateral, porque se completa com a emissão de vontade do herdeiro (unilateralidade), e, como ato negocial, produz o efeito jurídico da aquisição hereditária. Ainda, a respeito da importância do movimento ativo de aceitação ou de renúncia por parte dos herdeiros, Rizzardo (2018, p. 14) assevera que são, igualmente fundamentais, os desejos do de cujos: “Tal possibilidade de deferimento do acervo de direitos e de obrigações do autor da herança a determinadas pessoas, por indicação da lei ou por manifestação de última vontade, é uma das questões mais relevantes do direito sucessório”. Acerca do que dispõe a nossa legislação, buscamos amparo na doutrina de Tartuce (2016, p. 58): Nos termos expressos do Código Civil, aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão (Art. 1.804, caput, do CC). Em complemento, a transmissão se tem por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança (Art. 1.804, parágrafo único, do CC). Como se nota, além da morte, que gera a transmissão imediata da herança aos sucessores por força do droit de saisine, entram em cena outras duas categorias que são primordiaisao Direito das Sucessões, quais sejam: a aceitação e a renúncia à herança. Os institutos em questão não dizem respeito apenas à sucessão legítima, tendo incidência, igualmente, para a sucessão testamentária. Conforme o Art. 1.808, § 1.º, do CC/2002, o herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando à herança, ou, ainda, aceitando-a, repudiá-los [...] (TARTUCE, 2016, p. 58). Diferentemente da aceitação da herança, a qual vimos nos parágrafos anteriores, é o que ocorre com as situações nas quais se verifica a renúncia da herança por parte do herdeiro legítimo. A renúncia à herança é um trauma na cadeia sucessória, algo incomum, e, por isso, ela não é, nunca, presumida ou tácita, tendo que ser declarada de maneira formal, expressamente. Em consonância com isso, surge o que dispõe o legislador no Código Civil: Artigo 1.804 Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão. Parágrafo único: A transmissão se tem por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança (BRASIL, 2002). No nosso país, recebemos a aceitação da herança com o que chamamos de efeito retro-operante. Isso quer dizer que esse ato retroage até a data da abertura da sucessão, ou seja, até a data da morte do cidadão falecido. 32 A aceitação só tem efeito de confirmação, lembrando que a atribuição da posse e propriedade sobre bens, direitos e deveres da herança já é realizada no momento da abertura do processo sucessório. NOTA A respeito disso, muito bem elucida Venosa (2014, p. 31-32), quando expressa: Todavia, não temos que entender que a aquisição ocorra com a aceitação, porque os direitos hereditários nascem antes, com a morte do autor da herança. Trata-se, sem dúvida, de uma engenhosidade técnica, que os juristas denominam de ficção jurídica. A aceitação é uma confirmação do direito do herdeiro. No entanto, tal aceitação é necessária e essencial, já que, como falamos, ninguém pode ser herdeiro contra a vontade (Art. 1.805). Uma vez aceita a herança, o herdeiro não mais se despoja dessa sua condição, como regra geral: Art. 1.804. ''Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão". Parágrafo único. ''A transmissão se tem por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança". Quando ocorrer renúncia da herança, entende-se que nunca o renunciante foi herdeiro. Por essa razão, a renúncia deve ser a mais pronta possível, pois, praticando, o herdeiro, atos compatíveis com a aceitação, é tido como sucessor do de cujus, pois há aceitação tácita. Consequência importante da transmissão imediata da herança, por força do Art. 1. 784, é que os herdeiros podem incontinenti, de per si, defender a posse dos bens da herança. O herdeiro, na defesa dos bens hereditários, pode exercer ação de esbulho, ou de turbação, ou qualquer ação possessória. Se o herdeiro falece antes de promover a medida, o direito passa aos próprios sucessores. Note que a pessoa jurídica pode ser herdeira, por meio do testamento. Desempenha as mesmas funções de qualquer herdeiro, podendo ingressar com ações de defesa da posse. Contudo, há que se ter cuidado com a questão dos credores do herdeiro renunciante, ora, muitas vezes, a herança a ser recebida sana as dívidas do herdeiro, caracterizando, assim, a renúncia, como prejuízo direto aos indivíduos que aguardam o saneamento de débitos em nome do herdeiro. Assim, caso os débitos do renunciante sejam conhecidos e declarados, a renúncia só tem efeitos no tocante ao valor que extrapole as dívidas. 33 Um pai deixa um patrimônio de herança para os dois filhos, mas, um deles, resolve renunciar, pois, sabendo que possui dívidas, pensa na dilapidação do quinhão, fazendo, então, o conluio com o outro irmão, seguindo, assim, sem bens penhoráveis em seu nome. Nesse caso, é garantido, ao credor, que peça, ao juiz, a outorga da aceitação da herança por filho. NOTA Por fim, acerca do tema, é importante ressaltar que, para os casos de aceitação expressa da herança, esta é incondicional e indivisível, não havendo possibilidade de aceitação apenas de um bem determinado. Ainda, no Art. 1.812, do Código Civil, o legislador declara que são irrevogáveis a aceitação e a renúncia de uma herança. 3 DOS EXCLUÍDOS DA SUCESSÃO Para além dos traços sanguíneos ou afetivos, legitimados na ordem civil, a transmissão da herança observa a afetividade entre o herdeiro e o falecido, preocupa-se com os atos indignos demonstrados pelo herdeiro em relação ao de cujus. Importante diferenciar os conceitos iniciais a respeito das situações previstas, pelo legislador, no Código Civil, quando se ocupou da matéria de exclusão dos herdeiros legítimos ou testamentários da vocação hereditária. Para isso, cabe observar o que vocifera Tartuce (2016, p. 68): Existem situações previstas em lei, somadas, ou não, ao ato de última vontade do autor da herança, sendo excluído o direito sucessório do herdeiro ou legatário. Nesse contexto, surgem os conceitos de indignidade sucessória e deserdação como penas civis. Sobre a indignidade, leciona, Carlos Maximiliano, que, “na tecnologia jurídica, é uma pecha, e consequente pena civil sobre si, atrair o herdeiro ou legatário que atentar dolosamente contra a vida, a honra e/ou o direito hereditário ativo daquele a quem lhe cabe suceder” (Direito..., 1952, v. I, p. 90). O clássico doutrinador aponta que, também, na deserdação, há uma pena civil, havendo, de comum, entre ambos os institutos, o intuito de “punir, civilmente, o mau e ingrato com a perda das vantagens da sucessão, decorrendo da mesma causa – a conduta reprovável do herdeiro para com o de cujus” (Direito..., 1952, v. I, p. 92). Ambos os institutos de penalização, ainda, justificam- se na contemporaneidade, pois o Direito deve trazer mecanismos de coerção contra a maldade, a traição, a deslealdade, a falta de respeito, a quebra da confiança e outras agressões praticadas em clara lesão à dignidade humana, um dos fundamentos da Constituição da República, encartado no seu Art. 1.º, III. Sendo assim, o presente autor entende que não podem prosperar as teses que pregam a extinção das categorias em estudo, pois o indigno e o ingrato devem ser devidamente penalizados pelo sistema jurídico, como acontece 34 na revogação da doação por ingratidão do donatário (Art. 555, do CC/2002). Como alerta Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka, não se pode confundir a falta de legitimação para suceder com a exclusão por indignidade e deserdação. Isso porque, no primeiro caso, há um afastamento do direito por razão de ordem objetiva. Por outra via, na indignidade e na deserdação, há uma razão subjetiva de afastamento, uma vez que o herdeiro é considerado desprovido de moral para receber a herança, diante de uma infeliz atitude praticada (Comentários..., 2007, v. 20, p. 148-149). Como observado, a partir do Art. 1.814, o Código Civil pátrio se ocupou do que chamou de “os excluídos da sucessão”: Art. 1.814 São excluídos, da sucessão, os herdeiros ou legatários: I- que tiverem sido autores, coautores ou partícipes de homicídio doloso ou tentativa deste contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente; II- que tiverem acusado, caluniosamente, em juízo, o autor da herança, ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; III- que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor, livremente, de seus bens, por ato de última vontade. Art. 1.815. A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de indignidade, será declarada por sentença. § 1
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