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APOSTILA LIBRAS ORIGINAL ALUNOS PDF (1) (2)

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APRESENTAÇÃO 
 
 
 Quando eu aceito a língua de outra pessoa, eu aceito a pessoa. 
Quando eu rejeito a língua, eu rejeitei a pessoa porque a língua é parte 
de nós mesmos. Quando eu aceito a língua de sinais, eu aceito o surdo, 
e é importante ter sempre em mente que o surdo tem o direito de ser 
surdo. Nós não devemos mudá-los, devemos ensiná-los, ajudá-los, mas 
temos que permitir-lhes ser surdo. (Terje Basilier) Pensar na surdez 
requer penetrar no mundo do surdo, um mundo do qual fazem parte 
muitas famílias, escolas, enfim, pessoas que de certas formas convivem 
com os surdos. Os surdos como cidadãos possuem deveres e direitos 
que precisam ser respeitados, direitos esses para os que possuem 
audição são normais ou tão básicos que passam despercebidos. São os 
direitos de poder expressar seus sentimentos; de explicar a dor que 
está sentindo e ser atendido; direito de receber informação; direito a 
concorrer em concursos públicos, direito a vagas no mercado de 
trabalho, ou mais simples ainda: o direito de assistir um telejornal ou 
uma peça teatral e compreender dentro de sua própria língua (Libras), 
sem dúvida não é fácil ser estrangeiro, principalmente dentro de sua 
própria família, escola, cidade, sociedade e país. No entanto, esta 
situação pode modificar a medida que as pessoas de diversos 
segmentos sociais se dispuserem a conhecer a Língua Brasileira de 
Sinais. Propusemos compartilhar de forma pedagógica e sistematizada, 
um pouco do mundo dos surdos, sua língua, cultura, identidade, e a 
estrutura da Libras, salientando que a Libras não é o português com 
sinais. Certamente, sua participação proporcionará para a expansão 
desta fantástica língua, com absoluto respeito as minorias e suas 
diferenças linguística e cultural, contribuindo com a inclusão familiar, 
social, e educacional do sujeito surdo. É esta a nossa meta. 
 
 
1- INTRODUÇÃO 
 
 Os surdos podem comunicar-se mais facilmente e com maior precisão 
pela Língua de Sinais, porque o cérebro deles se adapta para esse meio 
e, se forçados a falar, nunca conseguirão uma linguagem eficiente e 
serão duplamente deficientes. (Oliver Sacks) Os surdos não devem ser 
considerados portadores de deficiência física, e sim formadores de uma 
comunidade linguística minoritária. Assim como qualquer outro grupo 
pequeno com relação a população geral, eles têm identidade, cultura e 
uma língua própria. O que os diferencia das demais pessoas, e das 
outras minorias, é que ser Surdo não significa ter nascido em algum 
lugar determinado ou integrar uma família especifica com as mesmas 
características. O surdo é possuidor de uma língua com modalidade 
viso-espacial, cuja expressão e recepção se diferencia das demais 
línguas, ou seja, línguas de modalidade oral-auditiva. As línguas de 
sinais, são línguas naturais das comunidades surdas no mundo, no 
Brasil temos a Língua Brasileira de Sinais (Libras) pertencente a 
comunidade surda brasileira. Também possuem regras gramaticais 
próprias e possibilitam o desenvolvimento cognitivo da pessoa surda, 
favorecendo o acesso deste aos conceitos e conhecimento existentes 
na sociedade em que vive. No Brasil existem duas línguas de sinais: a 
LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) e a LSKB (Língua de Sinais 
Kaapor) da tribo indígena Urubus-Kaapor que vivem na floresta 
amazônica no estado do Maranhão. Não existe uma língua de sinais 
universal, cada país tem a sua própria língua de sinais, dentro destas há 
dialetos que as tornam diferentes umas das outras, inclusive no Brasil a 
Libras, sofre variações linguísticas devido o regionalismo, da mesma 
forma que ocorre na língua português. 
 
 
 
 
2- IMPLICAÇÕES POLÍTICAS, CULTURAIS E LINGÜÍSTICAS NA 
EDUCAÇÃO DE SURDOS. 
 
Situar as implicações relacionadas a política educacional, é preciso 
buscar no movimento de integração/inclusão e na política de educação 
especial, diretrizes que contemplam a educação de surdos no atual 
contexto neoliberal, e as limitações dessas diretrizes no cotidiano 
escolar, enfocando as concepções de surdez e de surdo na abordagem 
de educação que atendam as especificidades do estudante surdo. 
 
3- EDUCAÇÃO ESPECIAL 
 
No século XIX, a Educação Especial sustentava o paradigma de que as 
formações de algumas pessoas com alguma “enfermidade” deveriam 
ser orientadas no sentido de prepará-las para a sociedade, exigindo um 
ensino que os adaptasse aos padrões sociais já estabelecidos pelos 
grupos majoritários, tendo como base a concepção que estava na visão 
medicalizada do fazer pedagógica que as instituições desenvolviam 
com uso de práticas terapêuticas no processo de ensino aprendizagem. 
Ainda hoje, a Educação Especial desempenha esse modelo, ou seja, o 
modelo médico da deficiência para tentar melhorar as pessoas com 
deficiência adequando-as aos padrões da sociedade. 1960, é 
considerado o ápice da Educação Especial, onde centros, escolas, 
oficinas tinham suas atividades relacionadas mais a caridades, a 
beneficência a medicalização, cuja função tem sido mais 
normalizadora, retendo a pessoa com deficiência por mais tempo, e ao 
mesmo tempo ensinando menos. Ao substituindo seu trabalho 
pedagógico pela terapêutica de reabilitação, abdica de sua função de 
Escola, e reforça seu caráter ideológico pois mesmo frequentando uma 
Escola seu aluno continua tendo pouca oportunidade de acesso ao 
conhecimento. Tal fato tem justificado baixa expectativa pedagógica 
nas Escolas Especiais. A educação das crianças especiais é um 
problema educativo como é também o da educação de classes 
populares, a educação rural, a das crianças de rua, a dos presos, dos 
indígenas, dos analfabetos e etc.. É certo que os grupos mencionados 
têm uma especificidade que os diferencia, mas também há um fator que 
os a semelha: são grupos classificados como minorias, sofrendo 
exclusão parecidas nos processos educativos. 
 
 
3. INTEGRAÇÃO 
 
Deu-se o início no final de 1960, esse movimento atribuiu as pessoas 
com deficiência o direito as pessoas com deficiência o direito à vivencia 
de padrões comuns à cultura dos grupos majoritários, procurando os 
inserir na educação, trabalho, família, lazer. Entre 1970 e 1980, os 
ideais de inserção no modelo social persistiam, tal modelo resultou na 
integração visando atingir a questão da escolarização das pessoas com 
deficiência. Porém, os alunos com necessidades especiais teriam que 
se adaptar para serem inseridos na escola regular. No entanto, as 
escolas regulares devem expandir a oportunidade de aprendizagem a 
todos os indivíduos, favorecendo a integração, implementando novos 
programas e currículos, investindo na formação de professores e novos 
suportes se fortalecendo como instituição de ensino. A integração 
educacional da a todos o direito à educação em ambientes menos 
restritos, porém, a divergência assenta-se na eficácia do 
desenvolvimento dos alunos considerados deficientes o que parece 
convergir com a realidade apresentada. Tal movimento solidificou-se 
em 1980, e não atendeu aos reais direitos das pessoas com deficiência 
não questionando na sociedade que se manteve sem mudanças, 
continuando assim a exigir a adaptação dos deficientes à ordem social. 
 
 
4. INCLUSÃO 
 
O movimento de inclusão tem a pretensão de uma nova sociedade 
propondo mudanças na consciência e na estruturação social, uma 
sociedade que caibam realmente todas as pessoas, com novos 
princípios como: celebração das diferenças, direito de pertencer, 
valorização da diversidade humana, igual importância das minorias, 
cidadania com qualidade de vida. Até época anterior mantinha-se o 
modelo de adaptar o indivíduo à sociedade, contudo o movimento 
inclusivo inverte essa proposição definindo que a sociedade também se 
adapte aos sujeitos. Sassaki (1997, p.42) diz que a inclusão é um 
processo de construção através de transformações pequenas e 
grandes,em ambientes físicos e na mentalidade das pessoas e do 
próprio portador de necessidades especiais. 
 Percebe-se que tal processo não inclui o sujeito surdo com suas 
diferenças esta que se encontra no campo linguístico e não físico. 
(J.A.Monteiro). 
 A prática da inclusão se baseia em princípios diferentes, na aceitação 
das diferenças individuais, valorização de cada pessoa. Estudo tem 
demonstrado que a política de inclusão surgiu ante o movimento 
integracionista e a partir da Declaração de Salamanca (1994), que 
recomenda a adoção do princípio de educação inclusiva, mais em forma 
de política do que de lei, matriculando todas as crianças em escolas 
regulares, independentemente de suas condições físicas, sociais, 
emocionais, intelectuais, linguísticas e entre outras. De acordo com 
Werneck (1997, p. 16) aconteceram no Brasil diversos eventos de 
inclusão, onde se discutiram na verdade a integração confundindo-a 
com a inclusão. Não basta inserir um aluno que apresente 
peculiaridade em relação aos demais na sala de aula, ignorando suas 
necessidades; neste caso a escola precisa ser questionada, a produção 
de saberes, as organizações pedagógicas para todos e não somente 
para aqueles que provem da educação especial que também será 
revisada e não eliminada. Na sociedade inclusiva, a escola se 
conscientiza de que ela só é escola quando for capaz de ter todos 
dentro dela, no entanto, é quase impossível que a escola dê conta de 
todo e qualquer tipo de aluno. Refletindo sobre os movimentos acima 
cabe perguntar: A escola se sente capaz de lidar com as diferenças? 
Como a educação regular tem produzido suas práticas educativas em 
relação às diferenças linguísticas, políticas e culturais? 
 
5- LINGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS (CONCEITOS, 
HISTÓRIA, CULTURA, IDENTIDADE E POLÍTICA) 
 
5.1 Conceito 
Mesmo quando estiveram banidas da educação dos surdos, as Línguas 
de Sinais despertavam o interesse dos educadores. Como surgiram? 
Quando? Porque não existe uma língua de sinais única para todos os 
surdos do mundo? Essas são as mesmas perguntas que fazemos com 
relação a própria existência da linguagem humana. Talvez o 
acontecimento da Torre de Babel possa servi como símbolo dessa 
busca de respostas. A Libras (Língua Brasileira de Sinais) é a língua 
natural usada pela maioria dos Surdos do Brasil, como toda Língua de 
Sinais, é uma língua de modalidade gestualvisual por utilizar, como 
canal ou meio de comunicação movimentos gestuais e expressões 
faciais percebidos pela visão; portanto, diferencia-se da Língua 
Portuguesa que é uma língua de modalidade oral-auditiva por utilizar o 
canal de comunicação, sons articulados percebidos pela audição. 
Porém, as diferenças não se encontram somente na utilização de 
canais diferentes, a maior diferença está na estrutura gramatical entre 
as duas línguas. 
 É Universal? Há várias línguas de sinais no mundo, a mais comum é 
a Língua de Sinais Americana. Cada país tem a sua própria língua 
gestual. Por exemplo: Brasil - Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) 
Portugal - Língua Gestual Portuguesa (LGP) Angola - Língua 
Angolana de Sinais (LAS) Moçambique - Língua Moçambicana de 
Sinais (LMS) É comum pressupor que as línguas de sinais sejam 
versões sinalizadas das línguas orais; por exemplo: LIBRAS é a 
versão sinalizada do português; A S L é a versão sinalizada do inglês; 
L J S é a versão sinalizada do japonês. Embora haja semelhanças ou 
aspectos comuns devido a um certo contágio linguístico, as línguas de 
sinais são autônomas, não derivando das orais e possuem 
peculiaridades que as distinguem umas das outras e das línguas orais. 
Muitos pensam que a Língua de Sinais, é igual em todo o mundo, esse 
pensamento baseia-se em alguns conceitos como: Comunicação por 
gestos é intuitiva e uma vez que não exige aprendizagem, deveria ser a 
mesma para todos os surdos; A comunidade surda, ao redor do 
mundo, é uma minoria, certamente utiliza um único tipo de 
comunicação; É uma comunicação icônica (uma representação da 
realidade, por ícones), a sua representação deverá ser a mesma em 
todo o mundo. A língua de sinais é uma língua natural, com léxico e 
gramática próprios. Cada comunidade de surdos desenvolveu a sua 
língua de sinais, ao longo dos tempos, assim como cada comunidade 
de ouvintes desenvolveu a sua língua oral. É possível encontrar países 
com mais de uma língua de sinais. Exemplo Brasil 
 
 LIBRAS ou LBS KLS - língua de sinais que é utilizada pelos índios 
Urubus-Kaapor na Floresta Amazônica no Estado do Maranhão. As 
línguas de sinais são criações espontâneas do ser humano e se 
aprimoram exatamente da mesma forma que as línguas orais. 
Nenhuma língua é superior ou inferior a outra, cada língua se 
desenvolve e expande na medida da necessidade de seus usuários. A 
língua de sinais é tão natural e tão complexa quanto as línguas orais, 
dispondo de recursos expressivos suficientes para permitir aos seus 
usuários expressar-se sobre qualquer assunto, em qualquer situação, 
domínio do conhecimento e esfera de atividade. Mais importante, ainda: 
é uma língua adaptada à capacidade de expressão dos surdos. Por 
outro lado, a Língua de Sinais, embora seja a língua natural dos surdos, 
não é a língua materna de qualquer surdo. 
5.2 Histórico 
 No período de 1500 a 1855, já existiam muitos surdos no Brasil, nessa 
época a educação era precária. Em 1855 Eduardo Huet professor surdo 
francês, chega ao Brasil sob beneplácito do imperador D.Pedro II, com 
a intenção de abrir uma escola para surdos. 
Em 1857 foi fundada a primeira escola para surdos no Rio de Janeiro – 
Brasil, o “Imperial Instituto dos Surdos-Mudos”, hoje, “Instituto Nacional 
de Educação de Surdos”– INES, no dia 26 de setembro. Em 1911, um 
decreto muda as condições do ensino no INES, o método oral puro é 
adotado. Mesmo assim os Surdos continuaram usando os sinais fora da 
sala de aula. Em 1929, no dia 15 de abril, foi fundado os Instituto Santa 
Terezinha em Campinas/Sp. Mudou para São Paulo em 1933. Só 
atendia meninas surdas ate 1970. Em 1952, I Núcleo Educacional para 
Crianças Surdas, hoje, EMEE – Heler Keller, em São Paulo. Em 1954, 
em 18 de outubro foi criado o IESP, hoje conhecido como DERDIC. Em 
1958, teve início o atendimento a crianças Surdas nas Secretarias 
Estaduais de Ensinos. O estado de São Paulo foi o primeiro a implantar 
o atendimento chamado de Classes Especiais. Em 1970, o Oralismo 
predomina na educação de Surdos. Causando prejuízo na Cultura 
Surda e o empobrecimento da Língua de Sinais, e a falta de acesso às 
informações sociais. No ano de 1986 chega ao Brasil a Comunicação 
Total. Em 1994, passa-se a utilizar a abreviação LIBRAS, criada pela 
própria comunidade surda do Brasil Em 24 de Abril de 2002, há dez 
anos, nosso país dava um importante passo. Era reconhecida a Língua 
Brasileira de Sinais pela Lei 10.436. LIBRAS é o resultado da mistura 
da língua de sinais francesa com a Língua de Sinais brasileira antiga, já 
usada pelos surdos das várias regiões do Brasil. Em 24 de Abril de 
2002, a lei nº 10. 436 reconhece a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) 
como meio legal de comunicação e expressão. Em 22 de Dezembro 
de 2005, o Decreto nº 5.626, regulamentando a Lei nº 10. 436. 
A Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos – 
FENEIS, define a Língua Brasileira de Sinais – Libras, como a língua 
materna dos surdos brasileiros e, como tal, poderá ser aprendida por 
qualquer pessoa interessada pela comunicação com esta comunidade. 
Como língua, está composta de todos os componentes pertinentes às 
línguas orais, como gramática, semântica, pragmática, sintaxe e outros 
elementos preenchendo, assim, os requisitos científicos para ser 
considerado instrumento linguístico de poder e força. Possui todos 
elementos classificatórios identificáveis numa língua e demandaprática 
para seu aprendizado, como qualquer outra língua. É uma língua viva e 
autônoma, reconhecida pela linguística. Segundo Sánchez (1990, p.17) 
a comunicação humana “é essencialmente diferente e superior a toda 
outra forma de comunicação conhecida. Todos os seres humanos 
nascem com os mecanismos da linguagem específicos da espécie, e 
todos desenvolvem normalmente, independentes de qualquer fator 
racial, social ou cultural”. Uma demonstração desta afirmação se 
evidencia nas línguas oral-auditiva (usadas pelos ouvintes) e nas 
línguas viso-espacial (usadas pelos surdos). Os estudos linguísticos e 
neurológicos são irrefutáveis e contundentes no sentido de provar que a 
organização cerebral da linguagem, quer oral, quer gestual, é 
exatamente a mesma. As evidências são de tal ordem que só um 
preconceito insano justifica a insistência na oralização de crianças 
surdas. Se a língua de sinais é organizada no cérebro da mesma 
forma que a língua oral, então, do ponto de vista biológico, a língua de 
sinais é uma língua natural, o seu aprendizado tem um período crítico, 
que corresponde ao período entre 2 e 3 anos de idade. E, se tem um 
período crítico, então as crianças surdas estão iniciando muito tarde o 
seu aprendizado. Na maioria dos casos não há uma comunicação 
satisfatória entre o surdo e a família ouvinte, iniciando-se aí, o processo 
de exclusão. A voz dos surdos são as mãos e os corpos que pensam, 
sonham e expressam. As línguas de sinais envolvem movimentos que 
podem parecer sem sentido para muitos, mas que significam a 
possibilidade de organizar as ideias, estruturar pensamentos e 
manifestar o significado da vida dos surdos. Pensar sobre a surdez 
requer penetrar no mundo dos surdos e ouvir as mãos que com alguns 
movimentos nos dizem o que fazer para tornar possível o contato entre 
os mundos envolvidos. Permita-se ouvir estas mãos. Somente assim 
será possível mostrar aos surdos como eles podem ouvir o silencio da 
palavra. (Ronice Muller de Quadros) 
 
5.3 Cultura 
 Quando falamos sobre cultura muitas coisas podem vir a nossa mente, 
há diferentes culturas e diferentes modos de conceituar cultura, 
depende do espaço onde ela é discutida. Aqui, neste espaço usaremos 
o termo cultura para expressar “jeitos de ser e estar no mundo”, e 
ressaltaremos os jeitos de ser e estar no mundo do povo surdo, ou seja, 
a Cultura Surda. Podemos dizer com as palavras de Sá ((p.01, 2006) 
que “Cultura”, é definida como um campo de forças subjetivas que dá 
sentido (s) ao grupo). 
 O embate acontece exatamente porque existe a Cultura Surda e é a 
Língua de Sinais a marca subjetiva que dá sentido (s) a esta cultura. 
Dessa maneira, os elementos mais importantes da cultura podem ser 
destacados com as habilidades dos sujeitos para construir sua 
identidade em usar a linguagem. O essencial é entender que a cultura 
surda é como algo que penetra na pele do povo surdo, que participa das 
comunidades surdas, compartilha algo em comum, suas normas, 
valores e comportamentos. Dessa forma a cultura não vem pronta 
porque ela sempre se modifica e atualiza, mostrando claramente que 
ela não surge com o homem sozinho e sim das produções coletivas que 
decorrem do desenvolvimento cultural experimentado por suas 
gerações passadas. No século XXI, mais do que nunca, tem-se dado 
extremo valor à estética do corpo e da linguagem, mesmo que 
ocultamente tem-se mantido o paradigma da alta e da baixa cultura. O 
discurso que ecoa é que: surdas são pessoas que ouvem com ouvidos 
defeituosos, se pudéssemos concertar os ouvidos eles estariam 
ouvindo. Neste sentido também se pode dizer que os negros são 
pessoas brancas que possuem pele escura, se pudessem concertar a 
pele eles seriam brancos. Ou, as mulheres são homens com genitálias 
erradas e por aí vai. É como se o surdo precisasse entrar na linha da 
normalização para serem iguais a maioria (falar, ver, ouvir e andar) para 
fazer parte de uma cultura dita padrão e serem considerados incluídos 
na sociedade. A cultura surda é também híbrida e mestiça, pois não se 
encontra isolada no mundo, está sempre em contato direto com outras 
culturas e evolui da mesma forma que o pensamento humano. Há 
narrativas normalizantes que põem os surdos como pessoas 
subculturas, no entanto, a contradição acontece nas narrativas surdas, 
elas revelam que pessoas surdas não vivem de adaptação ou 
reabilitação, vivem em evolução, criam meios de ser e de estar no 
mundo, como qualquer ser humano faz. Possuem a necessidade de 
estar em permanente contato com outros surdos, não porque os 
ouvintes não os compreendem, mas pela força da identificação cultural, 
pela força da subjetividade que os atrai como um imã da mesma forma 
que acontece com outros grupos sociais. 
 
 Como a cultura surda é transmitida? 
 Devido à proibição de compartilhar uma língua cultural do povo surdo 
em resultado emitido pelo Congresso Internacional de Educadores de 
Surdos, ocorrido em Milão na Itália, no ano de 1880, o uso de língua de 
sinais foi definitivamente banido, e foi imposta a metodologia oralista 
nas escolas de surdos. Como as crianças surdas não podiam participar 
das atividades na comunidade surda, sendo o espaço inicialmente 
compartilhado era os dormitórios das instituições e asilos, onde as 
famílias dos sujeitos surdos os deixavam em regime de internato, até 
que estivessem aptos para retornar ao convívio familiar, o que só 
acontecia invariavelmente na idade adulta. Muitas vezes o processo de 
transmissão cultural de surdos, só ocorre na vida de muitos somente na 
idade adulta, a maioria dos surdos é famílias ouvinte, às vezes nem 
frequentam as escolas de surdos por imposição da família, ficando sem 
contato por muito tempo com a comunidade surda. O que gera falha no 
desenvolvimento psicosocial e cognitivo por falta de contato com seus 
pares. A cultura surda exprime valores, que muitas vezes se originaram 
e foram transmitidas pelos sujeitos surdos de geração passada, por 
seus líderes bem-sucedidos através das associações de surdos. 
Embora o termo cultura surda seja usados frequentemente, isso não 
significa que todas as pessoas surdas do mundo compartilham a 
mesma cultura. Para compreender por que existe uma cultura surda é 
fundamental entrar em contato com esta cultura deixando de lado 
préconceitos que se costuma fazer antes uma língua viso-espacial. 
 
5.4 Identidade 
 Identidade: É o conjunto de caracteres próprios e exclusivos com os 
quais se podem diferenciar pessoas. Algumas definições Para a 
Sociologia: Identidade é o compartilhar de várias ideias e ideais de um 
determinado grupo. 
 Para Antropologia: Identidade consiste na soma nunca concluída de 
um aglomerado de signos, referências e influências que definem o 
entendimento relacional de determinada entidade percebida pela 
diferença. 
 Como a medicina identifica o surdo? 
 Classificação das Perdas Auditivas A) De 25 a 40 Decibéis – Surdez 
Leve B) De 41 a 55 Decibéis - Surdez Moderada C) De 56 a 70 Decibéis 
- Surdez Acentuada D) De 71 a 90 Decibéis - Surdez Severa E) De 
Acima de 91 Decibéis - Surdez Profunda F) Anacusia . O modelo clinico 
terapêutico procura ver a surdez como uma patologia que, se não 
tratada, ocasionará outras deficiências ou incapacidades, investem em 
recursos técnicos, em aparelhos sonoros para que o aprendizado da 
fala se torne vital a vida humana, perpetuando assim a tradicional forma 
do Oralismo, cujo discurso propõe a superação da surdez e a aceitação 
social do surdo por meio da oralização, banindo, portanto, a língua de 
sinais dos modelos educacionais. Neste conceito, o surdo é visto como 
um deficiente, um ser incapaz, cujo temo expresso é: "deficiente 
auditivo". 
 Como o surdo se identifica? 
 Ser surdo é uma questão de vida. Não se trata de uma deficiência, 
mas de uma experiência visual. Desta experiência visualsurge a cultura 
representada pela Língua de Sinais, pelo modo diferente de ser, de se 
expressar, de conhecer o mundo, de entrar nas artes, no conhecimento 
cientifico e acadêmico. (Gladis Perlin, 2000, p.218) 
 Trata-se de uma identidade fortemente marcada pela política surda. 
São mais presentes em surdos que pertencem à comunidade surda e 
apresentam características culturais como: Experiência visual que 
determina formas de comportamento, cultura, língua. Carregam consigo 
a Língua de Sinais: Eles têm um costume bastante presente que os 
diferencia dos ouvintes e que caracteriza a diferença surda: a captação 
da mensagem é visual e não auditiva o envio de mensagens não usa o 
aparelho fonador, usa as mãos. Aceitam-se como surdos, sabem que 
são surdos e assumem um comportamento de pessoas surdas. Entram 
facilmente na política com identidade surda, onde impera a diferença: 
necessidade de intérpretes, de educação diferenciada, de Língua de 
Sinais. Passa aos outros surdos sua cultura, sua forma de ser 
diferente; Tem suas comunidades, associações, e/ou órgãos 
representativos e compartilham entre si suas dificuldades, aspirações, 
utopias. Tem preferência em se relacionar com seus semelhantes 
fortalecendo sua identidade. É no contato com seus pares que se 
identificam com outros surdos e encontram relatos de problemas e 
histórias semelhantes às suas: uma dificuldade em casa, na escola, 
normalmente atrelada à problemática da comunicação. Identidade 
surda, é estar no mundo visual e desenvolver sua experiência na Língua 
de Sinais. Os surdos que assumem a identidade surda são 
representados por discursos que os veem capazes como sujeitos 
culturais, uma formação de identidade que só ocorre entre os espaços 
culturais surdos. 
 As Identidades Surdas em Questão o que vai determinar a identidade 
surda é sempre a experiência visual. Neste em vista desta característica 
distinguimos a identidade ouvinte da identidade surda. Identidades 
Surdas Híbridas: surdos que nasceram ouvintes e com o tempo 
alguma doença, acidente, os deixaram surdos. Dependendo da idade 
em que a surdez chegou, conhecem a estrutura do português falado. 
Usam língua oral ou língua de sinais para captar a mensagem. Esta 
identidade também é bastante diferenciada, alguns deixam de usar a 
língua oral e usam somente a Língua de Sinais. Identidades Surdas 
Flutuantes: Os surdos que não tem contato com a comunidade surda. 
Para Karol Paden são outra categoria de surdos, visto não contarem 
com os benefícios da cultura surda. Não participam da comunidade 
surda, associações e lutas políticas. 
 Identidades Surdas Embaçadas: É outro tipo que podemos 
encontrar diante da representação estereotipada da surdez ou 
desconhecimento da surdez como questão cultural. Identidades 
surdas de transição: Estão presentes na situação dos surdos que 
devido a sua condição social viveram em ambientes sem contato ou se 
afastam da identidade surda. Vive no momento de transito entre uma 
identidade a outra. Se a aquisição da cultura surda não se dá na 
infância, normalmente a maioria dos surdos precisa passar por este 
momento de transição, visto que grande parte deles são filhos de pais 
ouvintes. Identidades Surdas de Diáspora: Divergem das identidades 
de transição. Estão presentes entre os surdos que passam de um país a 
outro, ou, de um Estado brasileiro a outro, ou ainda de um grupo surdo a 
outro. Ela pode ser identificada como o surdo carioca, o surdo brasileiro, 
o surdo norte americano. É uma identidade muito presente e marcada. 
Identidades intermediárias: Geralmente identificada como sendo surda. 
Essas pessoas têm outra identidade, pois tem uma característica 
diferente, sua captação de mensagens não é totalmente na experiência 
visual que determina a identidade surda. Identidade inconformada: É 
a qual o surdo não consegue captar a representação da identidade 
ouvinte, hegemônica, e se sente numa identidade subalterna. As 
identidades surdas são multifacetadas, fragmentadas, em constante 
mudança; jamais se encontra uma identidade mestra, um foco. Os 
surdos passam a serem surdos através da experiência visual, de 
adquirir certo jeito de ser surdo, não podem ser um grupo de identidade 
homogênea. Sua identidade se constitui no interior da cultura surda. 
Está em situação de dependência, de necessidade do outro surdo 
(PERLIN, 1998, p. 53). Há que se respeitar as diferentes identidades. 
 
5.5 Política 
 
Os surdos são organizados social e politicamente, possuem um estilo 
de viver que é próprio de quem usa a visão como meio principal de obter 
conhecimento. Tem suas comunidades, associações, ou órgãos 
representativos e compartilham entre si suas dificuldades, aspirações, 
utopias. 
 Política Linguística 
 A política linguística é o reconhecimento da representação da Língua 
de Sinais na vida do sujeito surdo. Os surdos brasileiros resistiram à 
tirania do poder que tentou silenciar as mãos dos surdos, mas que, 
felizmente fracassou. As associações dos surdos, sempre mantiveram 
intercambio por meio de redes possibilitando contato entre os surdos do 
país inteiro. As festas, os jogos, os campeonatos, as sedes 
organizadas, são formas de interação social e linguística que não 
aparecem nas escolas de surdos (muito menos nas escolas regulares), 
este fato simboliza movimento de resistência a um sistema que poda, 
que determina, que lesa a formação da comunidade surda brasileira. A 
política linguística ainda acredita no caráter instrumental da Língua 
Brasileira de Sinais na educação de surdos. Dessa forma, instauram-se 
as negociações, um campo que vai além, abrindo espaço, lugares e 
objetivos híbridos. Os surdos não precisam negar a língua portuguesa, 
assim como os ouvintes não precisam negar a língua de sinais. Não 
significa que a educação de surdos terá as duas línguas, mas que as 
duas línguas estarão em espaços de negociação. 
 
 Comunidade Surda 
 Convém ressaltar que as comunidades de surdos não são 
consideradas apenas espaços de lazer, entretenimento, práticas de 
esportes. A comunidade surda é, sobretudo, um espaço de articulação 
política na busca pelo reconhecimento da surdez como diferença. 
Partindo desse pressuposto, Skliar (1999, p.23) declara que: "a surdez 
não é uma questão de audiologia senão de epistemologia”. É nesse 
sentido que a surdez, os surdos, podem ser vistos como criando uma 
diferença política. Segundo Oliver Sack, a surdez em si não é o 
infortúnio; o infortúnio sobrevém com o colapso da comunicação e da 
linguagem (“Vendo Vozes”, p 130). Nos casos mais extremos, um surdo 
não estimulado pode se tornar igual a um deficiente mental. Não basta 
ser surdo para fazer parte da comunidade e cultura de surdos. A maioria 
dos surdos por ser filhos de pais ouvintes, muitos deles não sabem a 
LIBRAS e não tem contato com as associações e com os surdos, 
podendo se tornar o que os surdos definem como DA. Os surdos que 
estão engajados na causa política da comunidade surda, costumam 
fazer distinção entre surdos e DA. O termo deficiente estigmatiza a 
pessoa pois a mostra pelo que ela não tem em relação às outras 
pessoas ditas normais. Por este motivo o termo SURDO é o mais 
aceito por sua comunidade. 
 
 6. DIFERENÇA CULTURAL E LINGUISTICA 
 
Contrario ao modo como muitos definem a surdez (um impedimento 
auditivo), pessoas surdas definem-se em termos culturais e 
linguísticos. (Wrigley, 1996,p13). 
 A população surda compartilha o fato de serem linguística e 
culturalmente diferentes da população ouvinte. As Línguas de Sinais 
existem de forma natural em comunidades linguística de pessoas 
surdas. UNESCO em 1984, declarou que: a Língua de Sinais, deve ser 
reconhecida como sistema linguístico legítimo e merecer o mesmo 
status com os outros sistemas linguísticos (Wrigley, 1996, p. 13). 
Quando os pais (ouvintes) recebem o diagnósticode surdez severa ou 
profunda de seu bebe, logo medos e frustações lhes vêm ao encontro, 
muitas das vezes as pessoas que passam essa informação são 
profissionais despreparados, os quais incita os pais a investirem em 
outro filho, como se o filho portador de surdez fosse um caso perdido, o 
que leva muitas pais a desistirem de seus filhos surdos. Neste caso, o 
profissional precisa saber trabalhar com a família, e não trabalhar a 
família. Do mesmo modo precisam trabalhar com o surdo e não 
trabalhar o surdo; um sujeito não se trabalha, mas compartilha, 
interage, neste caso busca-se a compreensão do sujeito na sua 
diferença cultural e identidade. No entanto ocorre o contrario em relação 
ao surdo, a partir da descoberta da surdez esse passa a ser visto como 
se seu corpo fosse apenas constituído pela ORELHA, levando a família 
e profissionais a buscarem a normalização dessa parte do corpo, a 
partir dai, o surdo é regredido a um pedaço do corpo, que passa a ser 
marcado e circunscrito na suposta normalidade, medido, mensurado e 
subordinado à logica do suposto corpo normal, consistindo em um 
tratamento de remissão de seu sintoma, esta concepção marca o 
destino da pessoa e seus familiares. A detecção precoce da surdez com 
encaminhamento da família para o esclarecimento quanto ao papel que 
a Língua de Sinais pode desempenhar na comunicação com seu filho 
surdo é um recurso acessível e fundamental, mas ainda não é 
reconhecido pelos órgãos responsáveis pela saúde publica. É 
indispensável que a criança surda e sua família possam desenvolver 
uma linguagem comum e fluente no tempo real, ou seja, na mesma 
idade cronológica em que faz a criança ouvinte. Uma família bem 
orientada e que tenha acesso a Língua de Sinais, junto com seu filho 
surdo, não vai necessitar de recursos extraordinários para dar-lhe uma 
boa educação. Muitas crianças surdas são encaminhadas a avaliações 
neurológicas, tais limitações geram marcas na construção da identidade 
e em sua qualidade de vida. Outros passam sua existência privados de 
uma comunicação plena e simbólica. Ao prosseguir com a meta da 
oralização , os primeiros anos fundamentais para aquisição de uma 
língua de forma natural, é negado ao surdo que precisa aprender o 
português em consultório fonoaudiólogo, um ambiente artificial, não se 
tornando falante da língua portuguesa e nem usuário da língua de 
sinais, ficando sua comunicação bastante restrita a uma simbologia 
privada. Conceito Antropológico Da Surdez - Reconhecendo a 
diferença Pensar em uma educação para surdos que considere suas 
características sociais, descartando a patologia e aproximação do surdo 
com o modelo ouvinte, é tarefa que ultimamente vem sendo realizada, 
porem ainda esta longe de ser consenso entre os envolvidos, pois a 
forma de pensar essa educação esta ligada a outras representações, 
como marcas, traços, significantes [...], alem disso a visão 
socioantropológica da surdez ainda esta em construção. Este conceito 
atribui a surdez uma noção diferente da proposta pela visão clinica. Dois 
aspectos contribuem para fortalecimento da perspectiva 
socioantropológica da surdez: a) existência de uma comunidade que se 
articula e se identifica pelo uso de uma língua própria – a Língua de 
Sinais – formando portanto uma comunidade lingüística. b) A 
confirmação de algumas características dos filhos surdos de pais 
surdos que os diferenciam dos surdos filhos de pais ouvintes, habilidade 
de aquisição de uma segunda língua e da escrita. A diferença 
apresentada sobre a surdez e o surdo não devem ser entendidas em 
oposição ao conceito de normalidade. A diferença é sempre diferença, 
não deixa de ser diferença, não representa um momento não desejado 
na vida da pessoa, pois sua construção é histórica, social e política. 
 
6.1 Quem São Os Surdos? 
 Um dia minha filha perguntou: Mãe como é ser Surdo? Confesso que 
ate aquele momento não havia pensado como era, como é, como 
seria ou como deveria ser um Surdo, a pergunta me virou de pernas 
para o ar. Não pude dar uma resposta exata naquele momento para não 
usar termos que posteriormente não tivesse valência quanto ao 
conceito sobre a pergunta realizada. A partir desse momento então, 
comecei a questionar-me e a pesquisar sobre o que era ser Surdo. 
(Monteiro. J.A) O que vem a ser Surdo? Ser surdo é uma questão de 
vida. Não se trata de uma deficiência, mas de uma experiência visual. 
Desta experiência surge a cultura visual representada pela Língua de 
Sinais, pelo modo diferente de ser, de se expressar, de conhecer o 
mundo, de entrar nas artes, no conhecimento cientifico e acadêmico. 
(Perlin, 2003ª,p.218). A maioria das pessoas surdas, no contato com 
outros surdos, desenvolve a Língua de Sinais. Porem, os quer viverem 
isolados ou em locais onde não exista uma comunidade surda, apenas 
se comunicam por gestos. Existem surdos que por imposição familiar ou 
opção pessoal preferem utilizar a língua oral (fala). No entanto, no 
decorrer do último século os surdos foram tratados como deficientes 
auditivos e, em decorrência, receberam atendimento clínico, visando 
torná-los o mais possível próximo dos ditos normais. Surgiu assim, no 
âmbito educacional e social, uma corrente muito disseminada – (a 
oralista), acreditava que a criança surda deveria centrar se na 
aprendizagem da linguagem oral. A utilização do sistema gestual 
(natural dos surdos) foi renegado por praticamente todos, que 
entendiam ser o mesmo um conjunto de gestos desordenados, 
limitados a expressões concretas e embotador da linguagem oral. O 
grande fracasso escolar e as dificuldades de integração dos surdos, 
além de novas pesquisas nas áreas de linguística, sociologia, educação 
etc. levaram, entretanto, muitos a repensar esta posição. Com a 
confirmação científica, feita em 1960, por Stokoe, linguista americano, 
de que a língua de sinais é uma língua com regras e gramática própria 
(BRITO, 1995; SACKS, 1980; et all), a língua de sinais passou a ter 
outro valor, significando, como as demais línguas, ela tem um período 
crítico de aquisição (de zero a três anos), para que 
neurolingüisticamente o cérebro possa desenvolver plenamente suas 
funções, e, após os 12 anos, as sequelas causadas pela falta de 
aquisição de uma língua são permanentes e irrecuperáveis 
(FERNANDES, 1996). 
 
6. 2 Nomenclaturas 
 Deficiência Auditiva: Termo técnico usado na área da saúde e, 
algumas vezes, em textos legais. Refere-se a uma perda sensorial 
auditiva. Não designa o grupo cultural dos surdos. O que é a 
deficiência auditiva? É apenas uma perda sensorial, por isto as pessoas 
com problemas de audição têm potencialidade igual à de qualquer 
ouvinte. Comunicação com liberdade e segurança. Para os surdos a 
língua de sinais é fundamental, pois só através dela podem se 
comunicar. Surdo-Mudo: Provavelmente a mais antiga e incorreta 
denominação atribuída ao surdo, e infelizmente ainda utilizada em 
certas áreas e divulgada nos meios de comunicação, principalmente 
televisão, jornais e rádio. O fato de uma pessoa ser surda não significa 
que ela seja muda. A mudez é uma outra deficiência, totalmente 
desagregada da surdez. São minorias os surdos que também são 
mudos. Fato é a total possibilidade de um surdo falar, através de 
exercícios fonoaudiólogos, aos quais chamamos de surdos oralizados. 
Também é possível um surdo nunca ter falado, sem que seja mudo, 
mas apenas por falta de exercício. Por isso, o surdo só será também 
mudo se for constatada clinicamente deficiência na sua oralização, 
impedindo-o de emitir sons. Fora isto, é um erro chamá-los de 
surdo-mudo. Apague esta ideia! O que é o Surdo-Mudo? Erro social 
dado ao tato de que o surdo vive num ‘’silêncio” rotulado pela própria 
sociedade (por falta de conhecimento do real significado das duas 
palavras). Mudez: problema ligado à voz. Surdez: dificuldade parcial 
ou totalno que se refere à audição 
 
 6.3 Desmistificando Os Estereótipos 
 Nem todos os surdos fazem leitura labial - Então paciência é 
fundamental Nem todos os surdos sabem Língua de Sinais - Por 
diferente motivos, alguns surdos não aprendem a língua de Sinais por 
não gostarem, ou a família nunca incentivou, muitos que moram no 
interior simplesmente não tem contato com outros surdos que saibam 
Libras... “Os surdos não são mudos” 
É comum ouvirmos de pessoas leigas a expressão “surdo-mudo”. Aqui 
há um equívoco que precisa ser esclarecido. 
O pensamento parece lógico: é de senso comum que aprendemos a 
falar ouvindo. Logo, se não ouvem, os surdos não aprendem a falar. 
Mas o termo “mudo” não surge necessariamente dessa relação. Mudo é 
aquele que não faz uso de seu aparelho fonador para a fala ou qualquer 
outra manifestação vocal. Pessoas ou crianças psicóticas, por exemplo, 
podem apresentar mudez como um sintoma de sua alteração psíquica. 
Há ainda aqueles que, por serem acometidos por câncer na laringe, 
fazem uma laringectomia (cirurgia para a retirada do órgão responsável 
pela produção sonora da fala), tornando-se temporariamente “mudos”, 
pois, ainda assim, podem reaprender a falar usando outras estratégias, 
como a voz esofágica (produzida pelo esôfago). Se não acometidas 
por alterações psíquicas e/ou orgânicas que interfiram em suas pregas 
vocais, pessoas surdas podem sim produzir sonorização vocal. Ainda 
que se comuniquem pela Língua de Sinais e não saibam falar, 
apresentam vocalizações ao sinalizar e usam a voz quando estão em 
perigo. Além disso, podem desenvolver a linguagem oral por meio de 
um processo terapêutico fonoaudiólogo. Vale a dica: A terminologia 
“mudo” relacionada aos surdos nasceu na antiguidade, quando se 
acreditava que uma pessoa só teria condição de humanidade se 
houvesse a fala. Foi preciso a comprovação científica de que o surdo 
possui uma laringe funcional para que acreditassem em seu potencial 
para falar e, ainda assim, a Língua de Sinais exerce, por aqueles surdos 
que não possuem a linguagem oral, a mesma função de linguagem que 
a fala, sendo forma legítima e natural de comunicação e expressão de 
pessoas surdas. Assim, retire do seu vocabulário a expressão 
“surdo-mudo” e passe a se referir às pessoas com perda de audição 
somente como surdos. Pensando no individuo surdo, acreditamos que 
seja importante para este como sujeito: crescer, desenvolver-se, 
amadurecer, construir e constitui-se inserido numa língua própria e 
natural. Ao permitir que a criança surda tenha a oportunidade de se 
desenvolver de forma análoga à das crianças ouvintes, estará 
respeitando sua língua, sua diferença. Uma criança que não escuta 
possui as mesmas condições de aprendizagem que uma criança 
ouvinte, porem o acesso a linguagem se dará por meio do canal visual. 
No entanto, para que o surdo possa desenvolver-se, não basta apenas 
permitir que use sua língua, é preciso promover integração e inclusão 
com sua cultura. 
 
6.4 Existe “Uma” Diferença Surda? 
 “Se a questão da identidade é fundamental para a compreensão da 
pessoa humana, no caso da pessoa surda a diferença - não escutar - 
não pode ser o único traço capaz de identificá--lá”. (Luís Behares, 
2000) 
 A surdez deve ser reconhecida como apenas mais um aspecto das 
infinitas possibilidades da diversidade humana, pois ser Surdo não é 
melhor ou pior do que ser ouvinte, é apenas diferente. “O Surdo tem o 
direito de viver assim e o mundo tem dever de aceitar sua diferença”. 
PIMENTA ( 2001, p.24) 
Seguindo esse raciocínio, considero também de igual importância a 
compreensão de LIBRAS pelos profissionais da educação que têm 
como tarefa a inclusão social dos surdos, na aquisição de uma 
educação plena com necessidades específicas sem serem privados de 
informações e atividades só por serem surdos 
 
 6.5 Mitos Ou Verdade? 
 O primeiro e grande mito que é necessário desfazer é o fato de muitos 
acreditarem que a língua de sinais é universal, ou seja, igual no mundo 
inteiro. Ela não é, e se diferencia em cada país. 
 Língua Francesa de Sinais 
(LSF Langue des Signes Française) etc. 
Cavalcanti (1999) comenta que existe um forte mito de monolinguismo 
no país, onde comunidades indígenas, imigrantes e até comunidades 
surdas estão sendo excluídas. A autora alerta que o país tem cerca de 
203 línguas: 170 línguas indígenas, 30 línguas de imigrantes, 1 língua 
de sinais brasileira (Libras) e 1 língua de sinais Kaapor brasileira (LSKB) 
e, é claro, a língua portuguesa. Nota-se que o Brasil não é um país 
monolíngue, visto que estes povos existem e mantêm suas línguas 
vivas, uma pluralidade linguística e heterogeneidade cultural. Os índios 
Urubu-Kaapor utilizam a LSKB que não apresenta relação estrutural ou 
lexical com a LIBRAS, devido à inexistência de contato entre ambas. 
 
Quadros e Karnopp (2004, p 31-37) descrevem alguns mitos: 
 A língua de sinais seria uma mistura de pantomima e gesticulação 
concreta, incapaz de expressar conceitos abstratos”. Isso é outro erro 
cometido pelas pessoas, elas pensam que os sinais são concretos, que 
são apenas gestos, mas os sinais são palavras na relação entre o 
significado arbitrário na relação entre o significado e o significante, de 
modo visual. Os sinais expressam sentimentos, emoções, inclusive 
ideias abstratas. “Haveria uma falha na organização gramatical da 
língua de sinais, sendo um pidgin2 sem estrutura própria, subordinado e 
inferior às línguas orais”. Isto não é verdade, pois a língua de sinais é 
uma língua de fato, e também independe de língua oral. As línguas de 
sinais são autônomas e apresentam o mesmo estatuto linguístico 
identificado nas línguas faladas, ou seja, dispõe dos mesmos níveis 
linguísticos de análise e é tão complexa quanto às línguas faladas. “As 
línguas de sinais derivariam da comunicação gestual espontânea dos 
ouvintes”. Está errado, as línguas de sinais são tão complexas quanto 
outras línguas orais, muitas vezes as pessoas acham que sabem a 
língua de sinais porque sinalizam alguns gestos e sinais. “As línguas 
de sinais, por serem organizadas espacialmente, estariam 
representadas no hemisfério direito do cérebro, uma vez que esse 
hemisfério é responsável pelo processamento de informação espacial, 
enquanto que o esquerdo, pela linguagem” (p.36). É possível perceber 
que há semelhança na representação da linguagem e na 
espacialização hemisférica entre pessoas surdas e ouvintes, pois o 
hemisfério esquerdo é o principal responsável pelas funções de 
linguagem de seres humanos, então os surdos têm sua língua de sinais 
própria que demonstra funções linguísticas assim como os ouvintes. 
Eles utilizam as funções viso-espaciais, que é de hemisfério direito, da 
mesma maneira que ouvintes visualizam. É possível perceber que 
estes mitos passaram muitos anos no pensamento das pessoas, e o 
que hoje se tem feito é provar que a língua de sinais é uma língua 
natural. 
 
6.6 Definição dos Termos, Mímica, Gesto, Pantomima e Sinal. 
 Mímica: arte de imitar, de exprimir o pensamento por meio de gestos; 
gesticulação que procura traduzir os pensamentos ou sentimentos. 
 Gesto: movimento do corpo, especialmente da cabeça e dos braços, 
para exprimir ideias; sinal; mímica; movimentos da fisionomia, da 
cabeça e dos braços, com que o orador comenta ou dramatiza o 
discurso. 
 Pantomima: É um teatro gestual que faz o menor uso possível de 
palavras e o maior uso de gestos. É a arte de narrar com o corpo. É uma 
modalidade cênica que se diferencia da expressão corporal e da dança, 
basicamente é a arte objetiva da mímica, é um excelente artifício para 
comediantes, cômicos, clowns, atores e bailarinos. 
 Sinal: tudo o que faz lembrar ou representar uma coisa, um fato ou um 
fenômeno presente, passado ou futuro; demonstração exterior do que 
se pensa, do que se quer;aceno, gesto; traço ou conjunto de traços que 
têm um sentido convencional. Os sinais pertencem ao conjunto de 
unidades que formam unidades maiores, como frases, textos etc. 
 
7. ASPECTOS LINGUÍSTICOS E GRAMATICAIS 
 Língua: conjunto do vocabulário e de regras gramaticais, existente em 
toda língua no mundo. Por exemplo: inglês, português, LIBRAS. 
 Linguagem: Capacidade que o homem e animais possuem para se 
comunicar, expressar seus pensamentos. 
Libras é uma língua - E não uma linguagem, percebam a diferença: 
 
O QUE É LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS? 
 A LIBRAS é a língua da comunidade surda brasileira. Tem suas regras 
gramaticais próprias, possibilitando assim, o desenvolvimento 
linguístico da pessoa surda, favorecendo o seu acesso aos 
conhecimentos existentes na sociedade. Os sinais são formados a 
partir de parâmetros, como a combinação do movimento das mãos com 
um determinado formato num determinado lugar, podendo este lugar, 
ser uma parte do corpo ou um espaço em frente ao corpo. 
Os parâmetros da LIBRAS são: 
Configuração das mãos; 
Locação; Movimentos; 
Orientação das mãos; 
Expressão facial e/ou corporal. 
Nesta combinação se obtém o sinal. Portanto, produzir sinais é 
combinar esses parâmetros para a formação das frases e textos num 
determinado contexto. 
 
PRODUÇÃO, EXPRESSÃO E RECEPÇÃO 
 LÍNGUA ORAL: (oral-auditiva) Principal característica: 
linearidade, ou seja, os ouvintes produzem os fonemas 
(oraliza) um de cada vez. Produção e Expressão: Aparelho fonador, voz 
Recepção: Audição 
 LÍNGUA DE SINAIS: (motora-espaço-visual) Principal característica: 
simultaneidade, os parâmetros primários realizados ao mesmo 
tempo, com expressões faciais, por exemplo. Produção e Expressão: 
Mãos, Expressão facial Recepção: Olhos (visão) . 
 
 
 REFERÊNCIAS 
 
CAPOVILLA, F. C. e RAFAEL, W.D. Dicionário Enciclopédico Ilustrado 
Trilíngue da Língua de Sinais Brasileiro, Vol. I e II: Sinais de A a Z. São 
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2001. 
 
THOMA, A. da S. A invenção da surdez: cultura, alteridade, identidade e 
diferença no campo da educação. Santa Catarina: Edunisc, 2005. 
 
 MACHADO, P.C. A política educacional de integração/inclusão: um 
olhar do egresso surdo. Santa Catarina:Editora da UFSC, 2008. 
 
STROBEL, K. As imagens do outro sobre a cultura surda. Santa 
Catarina: Editora da UFSC, 2008. 
 
QUADROS, R. De M. Língua de Sinais Brasileira: estudos linguísticos. 
Porto Alegre: ArtMed, 2004. 
 
STUMPF, M. R. Estudos Surdos III. Santa Catarina: Editora Arara Azul, 
2008.

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