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Ambientes externo e interno SST Blanco, Eduardo Anibal Ambientes externo e interno / Eduardo Anibal Blanco Ano: 2020 nº de p.: Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. 10 3 Ambientes externo e interno Apresentação Nesta unidade, estudaremos sobre o ambiente interno e externo das empresas, bem como destacaremos a parte conceitual sobre a Análise SWOT. Observaremos o ambiente interno das empresas com o intuito de descobrir quais são as suas forças e fraquezas. Veremos que a necessidade de as empresas estarem atentas na hora da tomada de decisão, uma vez que precisam conhecer o seu mercado, bem como saber onde podem se destacar e, ao mesmo tempo, onde devem tomar cuidado para que não tenham seu trabalho prejudicado. Abordaremos, ainda, as vantagens competitivas que as empresas devem almejar e os cuidados para que as decisões tomadas influenciem o mínimo possível em sua estratégia. O ambiente externo: ameaças e oportunidades Na hora de diagnosticar e analisar o ambiente externo de uma organização com foco na administração estratégica, vislumbram-se três níveis principais: o macroambiente da empresa, o setor em que ela opera e a empresa em si. Quando falamos de macroambiente, referimo-nos ao contexto em que a empresa realiza suas atividades, o qual sofre mudanças ocasionadas por forças ambientais. Tais forças, segundo Wright, Kroll e Parnell (2000), consistem em sistemas políticos-legais, econômicos, tecnológicos e sociais. Você pode observar que qualquer tipo de empresa sempre operará dentro de um específico setor industrial, que se caracteriza por ser formado por empresas que oferecem produtos e serviços de índole similar ou aplicáveis ao mesmo tipo de solução. Na figura a seguir, proposta por Wright, Kroll e Parnell (2000), você consegue ter uma visão ordenada da situação do contexto macroambiental. Nele, é possível observar de que forma as forças podem afetar diretamente a organização que se encontra inserida nesse ambiente. Os administradores estratégicos precisam 4 realizar esforços de gestão para identificar, analisar e diagnosticar o grau de expressão dessas forças e o quanto elas determinam o rumo das empresas. Isso deve ser feito por meio de uma leitura que identifique as ameaças que essas forças apresentam para a organização, assim como as oportunidades que todo contexto disponibiliza e que venham a coincidir com as forças internas que tal organização possui. Três níveis de análise ambiental ORGANIZAÇÃO AMBIENTE SETORIAL MACROAMBIENTE Ameaças de entrada Forças Político/Legais Forças Tecnológicas Forças Econômicas Forças Sociais Poder de barganha dos compradores Intensidade da rivalidade entre concorrentes existentes Poder de barganha dos fornecedores Pressão de produtos substitutos Fonte: Adaptada de Wright, Kroll e Parnell (2000). A seguir, identificaremos cada uma dessas forças e ver de que forma elas influenciam a organização. Acompanhe. As forças político-legais incluem desde os resultados das diferentes instâncias políticas nas eleições de qualquer nação até as decisões tomadas por diversas comissões em todos os âmbitos do governo. Nesse sentido, podemos citar como exemplo, no Brasil, a redução de Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) do setor automotivo. Esse benefício começou em 2012 como parte da política 5 econômica para que o país não fosse afetado pela crise internacional. A redução, que durou quase três anos e acabou em 1 de janeiro de 2015, favoreceu não só as indústrias montadoras de veículos, mas também toda a produção de autopeças e similares no setor automotivo. O sistema político-legal de uma nação influencia muito as suas operações comerciais, bem como a qualidade de vida de seus habitantes (WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2000) Saiba mais Muitas vezes, escutamos notícias a respeito de um determinado setor da indústria ou do comércio que foi regulamentado ou desregulamentado. Isso quer dizer que foram criadas (ou retiradas) normas para determinar de que forma deve funcionar esse setor. Essas normas, muitas vezes, intensificam o comércio da área. Em outros casos, dependendo da situação, podem causar uma redução da movimentação financeira. A ausência de normas para um determinado setor, por sua vez, desestimula a movimentação financeira e de produtos. O segundo tipo de forças, as econômicas, talvez sejam as que mais envolvem o dia a dia dos cidadãos. Grandes agregados econômicos, como Produto Interno Bruto (PIB), inflação, juros, taxa de câmbio e outros causam impacto direto nos preços dos produtos, na quantidade de crédito oferecida no mercado financeiro, no valor do dólar e em outras áreas que afetam o dia a dia de um país. Claro que as empresas são influenciadas diretamente por essas questões que tratam, principalmente, do estudo da macroeconomia. O terceiro tipo de forças que analisaremos, dos três níveis de análise ambiental, são as forças tecnológicas. Estas têm sua essência principalmente nas inovações tecnológicas que acontecem em diferentes setores. Se pensarmos, por exemplo, no setor eletrônico, verificaremos que a mudança é rápida e constante, diferentemente do setor de fabricação de móveis, no qual os mesmos materiais podem ser utilizados por décadas. Ao longo da história da humanidade, os avanços tecnológicos têm se caracterizado por determinar a subsistência ou não de alguns setores da sociedade. Há inovações que, muitas vezes, favorecem o crescimento de determinadas áreas industriais ou comerciais. Por outro lado, encontramos outras que têm dizimado setores 6 inteiros, causando desemprego e incertezas em um primeiro momento, mas que, com o passar do tempo, as adaptações e o aprendizado têm se tornado influências positivas, ajudando no desenvolvimento das áreas que envolvem tal inovação. Inovações tecnológicas em diferentes setores Fonte: Deduca, 2020. Por último, temos as forças sociais. Estas, como colocam Wright, Kroll e Parnell (2000), incluem tradições, valores, tendências e expectativas que uma sociedade tem em relação às empresas, aos seus produtos e aos serviços. As tradições, para citar uma dessas forças, têm potência suficiente para que certas datas sejam facilmente identificáveis e promulguem um consumo sem paralelos em determinados setores. Exemplos desse fator social podem ser o natal, a páscoa, o dia dos namorados, dos pais, das mães, das crianças e tantos outros. As tendências sociais têm criado ícones, como o corpo perfeito e a vida com saúde. Esses fatores têm potencializado, nos últimos anos, o nicho de academias, assessorias esportivas, moda fitness, assim como o aumento nas vendas de produtos esportivos. Certas tendências demográficas também apontam no sentido de crescimento de determinados setores. Como exemplo, podemos citar a melhoria na qualidade, e o aumento na expectativa de vida da população brasileira, criando nichos específicos para cidadãos com esse perfil etário. Os administradores estratégicos devem desenvolver certa sensibilidade sobre todos esses aspectos. As ameaças e as oportunidades que o mercado oferece em determinados períodos podem ser constatadas pelo Environmental Scanning, 7 ou mapeamento ambiental. Nesse sentido, a partir da visão estratégica da organização, os gestores responsáveis realizam um mapeamento detalhado de todos os fatores setoriais que podem afetar, negativa ou positivamente, as atividades da empresa. O ambiente interno: forças e fraquezas É importante destacar que os gestores devem estar permanente e estrategicamente atentos ao ambiente externo. Diagnosticar as forças implica descobrir quais são os principais carismas da organização, aqueles pontos nos quais; a se destaca de seus concorrentes. Pode ser uma técnica, a matéria-prima utilizada, um processo de produção, conceito, inovação tecnológica, inteligência competitiva, valor dos recursos humanos etc. Por outro lado, as fraquezas são aqueles pontos quedevem ser melhorados por apresentarem deficiências e podem afetar negativamente a atuação em algum tipo de negócio. Nesse sentido, a ferramenta de diagnóstico empresarial mais eficiente e mais utilizada nessa área é a Análise SWOT. No próximo tópico desta unidade, veremos detalhadamente a funcionalidade e aplicação dessa metodologia. Podemos afirmar, de acordo com Wright, Kroll e Parnell (2000), que os pontos fortes e fracos na análise do ambiente interno de uma organização consistem em seus recursos, os quais podem ser divididos em humanos, organizacionais e físicos. A utilização inteligente, planejada e estratégica desses recursos estabelece uma vantagem competitiva para a organização. A figura seguinte mostra o caminho para alcançar uma vantagem competitiva com sustentação através do tempo. Existem dois fatores necessários para a existência real de tal vantagem. Primeiro, que a vantagem ou o diferencial sejam reais sempre quando comparados com empresas concorrentes. Deve existir um processo, um produto, um conceito, uma metodologia, uma matéria-prima, um serviço. Enfim, algum item específico que diferencie a empresa de seus concorrentes. Em segundo lugar, o mercado deve perceber claramente esse diferencial. 8 Vantagem competitiva Recursos humanos Vantagem competitiva sustentada Recursos organizacionais Recursos físicos Fonte: Adaptada de Wright, Kroll e Parnell (2000). Vantagens competitivas devem ser difíceis de serem copiadas pela concorrência para tornarem-se uma sustentação duradoura. Dos três tipos de recursos citados na figura anterior, existem dois que, com o devido esforço, podem ser imitados: são os recursos físicos e organizacionais. Uma empresa pode, por exemplo, comprar os mesmos equipamentos que a concorrente e até imitar as instalações, o estilo de escritórios, o layout e os carros utilizados para entrega e visita a clientes. Ela também pode desenhar uma estrutura organizacional e até tarefas, atividades e processos semelhantes ao concorrente. Fica claro que esses dois tipos de recursos são facilmente imitáveis. É extremamente complicado para os concorrentes imitar ideias, criatividade, compromisso, responsabilidade e tantos outros atributos que os seres humanos podem ter. Assim, a vantagem competitiva alcançada por meio dos recursos humanos é que proporcionará uma maior sustentação através do tempo. Quando falamos em recursos humanos, ou seja, em pessoas e suas capacidades intelectuais, o fazemos no sentido mais amplo possível, isto é, desde a alta direção até o pessoal encarregado dos serviços gerais. Presidentes, diretores, gerentes, coordenadores, operários, enfim, todas as pessoas que fazem parte da organização. É delas que brotará a criatividade, a capacidade de inovação, o comprometimento, o altruísmo e tantas outras virtudes. Para isso acontecer, o ambiente organizacional deve ser propício e ideal. Nesse ponto, torna-se de 9 vital importância o desempenho do administrador estratégico aplicando o que foi planejado e focando todos os esforços da empresa nos objetivos estratégicos traçados anteriormente para alcançar os resultados. Análise SWOT A ferramenta da gestão empresarial chamada Análise SWOT nasceu na Universidade de Stanford, na década de 1960. Ela é considerada de vital importância no momento de realização de diagnósticos, análises ambientais e construção de cenários. O nome provém dos termos em inglês Strenghts (pontos fortes), Weakenesses (pontos fracos), Opportunities (oportunidades) e Threats (ameaças) (WRIGHT; KROLL; PARNELL, 2000). Você poderá encontrar algumas bibliografias que a chamam de Análise FOFA ou FFOA (Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças). Vale a pena lembrar que os pontos fortes e fracos pertencem ao ambiente interno da organização e as ameaças e oportunidades pertencem ao seu ambiente externo. Fechamento Nesta unidade, conseguimos destacar o ambiente interno e o externo das organizações. Vimos que as empresas buscam um diferencial, estabelecido a partir de algum elemento, conforme estudamos. Porém, é possível que tal diferencial não demore muito a ser copiado, deixando, assim, de ser uma vantagem. Nesse aspecto, observamos a importância em saber os pontos fortes e fracos e as ameaças e fraquezas, apresentados pelos ambientes interno e externo das empresas. 10 Referências WRIGHT, P.; KROLL, M.; PARNELL, J. Administração estratégica: conceitos. Tradução de Celso A. Rimoli e Lenita R. Esteves. São Paulo: Atlas, 2000.
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