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Funções e objetivos da gestão da cadeia de suprimentos APRESENTAÇÃO A gestão da cadeia de suprimentos é algo complexo, mas crucial para que uma empresa consiga ofertar produtos e serviços de forma contínua e com excelência em qualidade. Na área da saúde há organizações, empresas e instituições que necessitam ter um gerenciamento do fluxo dos serviços de saúde ofertados aos pacientes e/ou clientes, sendo de extrema relevânci a focar na gestão da cadeia de suprimentos para garantir sucesso nas atividades de cuidados de s aúde disponibilizados para a comunidade. Nesta Unidade de Aprendizagem, você verá como são organizadas as principais funções da gest ão da cadeia de suprimentos em saúde, além de descrever os seus objetivos. Também verá como ocorre a relação da gestão da cadeia de suprimentos com as várias áreas que fazem parte dos ser viços de saúde. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Identificar as principais funções da gestão da cadeia de suprimentos em saúde.• Descrever os objetivos da gestão da cadeia de suprimentos em saúde.• Relacionar as funções e os objetivos da gestão da cadeia de suprimento com as demais áre as que compõem os serviços de saúde. • INFOGRÁFICO A gestão da cadeia de suprimentos em saúde é uma área complexa em constante evolução, semp re na busca de melhorias para a otimização de processos e a redução de custos, sem perder o foc o principal, que é a excelência em qualidade no atendimento ao paciente. Dentro dessa dinâmica existe a cadeia de saúde, que envolve profissionais, organizações e pacientes na realização e na oferta de procedimentos médico hospitalares. Neste Infográfico, você conhecerá, por meio do exemplo de um procedimento cirúrgico, como f unciona e é organizada a cadeia de saúde. CONTEÚDO DO LIVRO A gestão da cadeia de suprimentos é uma atividade que veio evoluindo ao longo do tempo e, atu almente, é crucial dentro de uma empresa para que os serviços possam transcorrer de forma otim izada, com redução de custos e satisfação do cliente pelos produtos ofertados. No setor de saúde, a gestão da cadeia de suprimentos tem grande relevância, pois os produtos pa ssam a ser bens e serviços prestados por profissionais de saúde e por setores ligados a diagnóstic os e medicamentos, sendo de suma importância a otimização dos processos em busca da excelên cia em qualidade nos cuidados da saúde dos pacientes e/ou clientes. No capítulo Funções e objetivos da gestão da cadeia de suprimentos, da obra Gestão da cadeia d e suprimentos em saúde, você vai compreender como se organizam as principais funções e os ob jetivos da gestão da cadeia de suprimentos em saúde. Além disso, verá como ocorre a relação da gestão da cadeia de suprimentos com as várias áreas dos serviços de saúde. Boa leitura. GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS EM SAÚDE Carlos Gustavo Lopes da Silva Funções e objetivos da gestão da cadeia de suprimentos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar as principais funções da gestão da cadeia de suprimentos em saúde. � Descrever os objetivos da gestão da cadeia de suprimentos em saúde. � Relacionar as funções e os objetivos da gestão da cadeia de suprimento com as demais áreas que compõem os serviços de saúde. Introdução A organização de processos dentro de uma empresa é algo complexo, pois demanda serviços de vários setores, que precisam funcionar de forma sincronizada a fim de que os produtos e serviços sejam ofertados aos clientes de forma contínua e com qualidade. Uma empresa ou instituição de saúde também precisa organizar seus serviços e gerenciar os fluxos de suprimentos para manter o pleno funcionamento dos serviços de saúde, ofertando aos clientes e/ou pa- cientes a excelência em qualidade nos cuidados com a saúde. Devido a isso, é necessário um planejamento da gestão na cadeia de suprimentos. Neste capítulo, você vai conhecer como se organizam as principais funções da gestão da cadeia de suprimentos em saúde, bem como ler sobre os seus objetivos. Além disso, poderá compreender como ocorre a relação entre a gestão da cadeia de suprimentos e as várias áreas que fazem parte dos serviços de saúde. 1 Gestão da cadeia de suprimentos: conceito e funções A cadeia de suprimentos refere-se a processos que movimentam informações e materiais advindos de outros processos de manufatura e serviço de uma empresa, incluindo a logística de produtos físicos e atividades, que garantam o seu armazenamento para uma entrega rápida ao cliente, sendo que esses suprimentos também se referem a bens e serviços (JACOBS; CHASE, 2012). A gestão da cadeia de suprimentos compreende um conjunto de atividades que visa a gerenciar o fluxo de bens, serviços, finanças e informações. Ela consiste em um processo de gerência dos fluxos de bens, serviços, finanças e informações dentro de uma cadeia integrada com inúmeros participantes, que incluem fornecedores, fábrica e clientes finais. O conceito de gestão da cadeia de suprimentos é formado por um conjunto de abordagens que integra, com eficiência, fornecedores, fabricantes, depósitos e pontos comerciais, de forma que a mercadoria é produzida e distribuída nas quantidades corretas, aos pontos de entrega e nos prazos corretos, com o objetivo de minimizar os custos totais do sistema sem deixar de atender às exigências em termos de nível de serviço (SIMCHI-LEVI; KAMINSKY; SIMCHI-LEVI, 2010). Dentro desse contexto, podem-se definir alguns pontos importantes na gestão da cadeia de suprimentos: � todos os serviços e instalações devem ser considerados, como os forne- cedores dos fornecedores e os clientes dos clientes, pois todos impactam no desempenho da cadeia; � o objetivo em uma cadeia de suprimentos é a eficiência na produção e nos custos de todo o sistema, adotando uma visão global de todo o processo, pois não basta simplesmente minimizar os custos de transporte ou reduzir estoques, mas, sim, concentrar-se em adotar uma abordagem sistêmica de toda a gestão da cadeia de suprimentos; � a cadeia de suprimentos gira em torno da integração eficiente entre fornecedores, fabricantes, depósitos e lojistas, englobando as atividades de uma empresa em diversos níveis, desde o estratégico até o tático e operacional. Funções e objetivos da gestão da cadeia de suprimentos2 Segundo Simchi-Levi, Kaminsky e Simchi-Levi (2010), existem dificulda- des gerais que precisam ser consideradas na gestão da cadeia de suprimentos, como: � as estratégias da cadeia de suprimentos não podem ser definidas isolada- mente, pois são afetadas de forma direta por outra cadeia que a maioria das organizações tem, a cadeia de desenvolvimento, na qual se inclui o conjunto de atividades associadas à apresentação de novo produto; � o desafio é muito grande ao se projetar e colocar em operação uma cadeia de suprimentos de forma a minimizar os custos totais do sistema e manter os níveis de serviço, e isso se intensifica quando são várias as unidades que compõem o sistema, sendo necessário encontrar uma melhor estratégia para o sistema global, denominado otimização global; � a incerteza e o risco são aspectos inerentes a todas as cadeias de supri- mentos, uma vez que a demanda do cliente nunca consegue ser prevista com exatidão, pois os tempos de transporte nunca estão totalmente definidos, e, além disso, existe a possibilidade de as máquinas e os veículos terem algum problema e não executarem suas funções em tempo combinado. Um ponto relevante que precisa ser considerado para entender os processos de gestão de cadeia de suprimentos é que as cadeias de desenvolvimento, que são atividades e processos associados ao lançamento de um novo produto, interceptam-se com a cadeia de suprimentos nos pontos de produção; sendo assim, qualquer decisão tomada na cadeia de desenvolvimento vai impactar na cadeia de suprimentos (SIMCHI-LEVI;KAMINSKY; SIMCHI-LEVI, 2010). Na Figura 1, veja como acontece a ligação entre a cadeia de desenvolvimento e a cadeia de suprimentos. 3Funções e objetivos da gestão da cadeia de suprimentos Figura 1. Relação da cadeia de desenvolvimento com a cadeia de suprimentos. Fonte: Adaptada de Simchi-Levi, Kaminsky e Simchi-Levi (2010). Sendo assim, é necessária uma otimização global com o objetivo de redução dos custos, ao longo da cadeia de suprimentos. Porém, muitas dificuldades são encontradas nesse processo, as quais precisam ser reduzidas ou eliminadas a fim de que a gestão da cadeia de processos seja efetiva. Simchi-Levi, Kaminsky e Simchi-Levi (2010) pontuam alguns fatores que precisam ser considerados para a otimização global na gestão da cadeia de suprimentos: � a cadeia de suprimentos é uma rede complexa de unidades de ampla distribuição geográfica, podendo ter uma expansão que corresponde ao mundo inteiro; � as diferentes unidades da cadeia de suprimentos muitas vezes têm objetivos diferentes e conflitantes; � a cadeia de suprimentos é um sistema dinâmico que evolui com o tempo; � as variações no sistema observadas ao longo do tempo são outro fator que deve ser considerado. A gestão da cadeia de suprimentos tem como um dos objetivos principais a redução dos custos ao longo da cadeia de suprimentos, bem como atender aos pedidos dos clientes de forma mais assertiva e com melhor qualidade (SIMCHI-LEVI; KAMINSKY; SIMCHI-LEVI, 2010). Funções e objetivos da gestão da cadeia de suprimentos4 Uma gestão eficiente da cadeia de suprimentos promove o fluxo de produtos e de informação interligadas entre si, em que o produto passa por diversas etapas antes de chegar ao cliente final. Dessa forma, após a etapa de idealização dos produtos junto aos fornecedores e de encontro das matérias-primas necessárias, seguem a produção, a distribuição, o transporte e, por fim, a chegada do produto ao consumidor (SIMCHI- -LEVI; KAMINSKY; SIMCHI-LEVI, 2010). Entre os diversos setores da sociedade que precisam organizar os pro- cessos de gestão da cadeia de suprimentos, está a área da saúde, em que os produtos passam, na grande maioria, a ser considerados prestação de serviços e outras atividades afins, tornando mais complexo os processos de gestão de suprimentos. 2 Gestão da cadeia de suprimentos em saúde: conceito, funções e objetivos A gestão de operações de saúde pode ser definida como planejamento, gestão e melhoria dos sistemas que criam e prestam serviços de assistência à saúde, sendo o serviço caracterizado por grande contato com o cliente, ampla va- riedade de prestadores e resultados potenciais de vida ou morte (JACOBS; CHASE, 2012). Uma organização de saúde (clínica, hospital) constitui um estabelecimento onde existe um quadro de profissionais que prestam serviços de observação, diagnóstico e tratamento para curar ou diminuir o sofrimento dos pacientes. Jacobs e Chase (2012) indicam fatores importantes que diferenciam as operações de saúde de outras organizações quanto à gestão de cadeia de suprimentos. Veja a seguir. � Os principais operadores nos processos fundamentais são profissionais de saúde altamente treinados, que não apenas geram solicitações de ser- viços (pedidos), mas também estão envolvidos na prestação de serviços. 5Funções e objetivos da gestão da cadeia de suprimentos � A relação entre os preços que podem ser cobrados e a realização eficaz do serviço não é tão direta quanto nos demais ambientes de produção. As medidas de qualidade e serviço são mais baseadas em opiniões do que em evidências concretas. � No caso dos hospitais, eles não possuem uma linha de comando simples, pois existe um equilíbrio delicado de poder entre os diferentes grupos de interesse (gestores, corpo clínico, enfermagem e médicos externos) e ideias específicas sobre quais devem ser as metas de desempenho nas operações. � As abordagens de controle de produção indicam especificações com- pletas e explícitas dos requisitos de entrega, ao passo que, nos hospitais, as especificações de produto frequentemente são subjetivas e vagas. � Os cuidados hospitalares não são algo que possa ser estocado, pois o hospital é uma organização voltada para serviços de saúde. A coordenação de uma organização de saúde, nos dias atuais, demanda a prática de uma gestão que enfatize os recursos humanos, o capital intelectual, tendo foco acurado nos processos, pois o funcionamento qualificado desse sistema se liga diretamente à logística de suprimentos, já que o funcionamento de uma gestão com qualidade, entre outros fatores, depende de uma correta organização da logística da cadeia de suprimentos. A fim de compreendermos melhor o conceito de gestão da cadeia de su- primentos na área da saúde, vamos focar nos processos que acontecem nas instituições hospitalares, que servem de referência para a compreensão do funcionamento dessa cadeia também em clínicas e outros serviços de saúde. O processo de suprir de forma adequada um hospital com materiais que garantam qualidade, satisfação dos clientes e prestação de serviços pelos profissionais e demais colaboradores torna-se um grande desafio para os gestores da organização de saúde. O conceito de gestão da cadeia de suprimentos na área da saúde engloba uma visão integral, que considera uma estratégia de planejamento, implan- tação e controle de fluxos para os processos que envolvem a aquisição e o gerenciamento de materiais, sendo que, na logística do hospital, é necessário considerar toda a infraestrutura existente, desde as pessoas e os processos, até os sistemas de informação utilizados como suporte (JACOBS; CHASE, 2012). Funções e objetivos da gestão da cadeia de suprimentos6 Segundo Jacobs e Chase (2012), os hospitais são classificados nos seguintes tipos, conforme a Associação Americana de Hospitais (AHA): � Hospital geral/pronto-socorro: proporciona uma grande variedade de serviços para inúmeras enfermidades. � Especialidades: proporciona serviços para uma condição médica espe- cífica, como, por exemplo, oncologia (câncer). � Psiquiátrico: cuidados para distúrbios comportamentais e mentais. � Reabilitação: proporciona serviços voltados para a recuperação da saúde. Considerando o ambiente hospitalar, o fluxo de trabalho é referido como uma cadeia de saúde que envolve diversos serviços prestados aos pacientes pelas várias especialidades e funções médicas dos departamentos e entre eles (JACOBS; CHASE, 2012). A organização do espaço no hospital é muito importante para que se di- minuam grandes deslocamentos, tanto dos pacientes quanto dos profissionais de saúde, optando por distribuir postos de enfermagem ao longo dos vários setores do hospital a fim de manter uma maior proximidade dos pacientes. Existe também uma necessidade de se organizarem os fluxos de trabalho de uma cadeia de desenvolvimento do atendimento em saúde, como, por exemplo, todos os passos envolvidos em uma cirurgia, que demanda tanto profissionais, quanto suprimentos e serviços especializados. O uso de tecnologias da informação e comunicação pode ajudar muito na otimização de processos dentro do hospital, monitorando pacientes, melho- rando a demanda de exames e facilitando os serviços em geral, o que evita sobrecargas desnecessárias aos profissionais de saúde e colaboradores. A gestão da qualidade e a melhoria contínua nos processos têm uma grande relevância dentro dos hospitais, adotando-se sistemas de qualidade e certifi- cações, garantindo que a equipe se torne altamente qualificada fornecendo a excelência em qualidade nos procedimentos clínicos e uso de medicamentos pelos pacientes (JACOBS; CHASE, 2012). Cadeia de suprimentos de saúde Dentro da cadeia de suprimentos hospitalares, ocorre o fluxo de três recursos essenciais: as informações, o caixa (financeiro) e os bens e serviços. Veja na Figura 2 o esquema de cadeia de suprimentos de saúde. 7Funções e objetivos da gestão da cadeia de suprimentos Figura2. Cadeia de suprimentos de saúde. Fonte: Adaptada de Jacobs e Chase (2012). Os bens e serviços se movem abaixo na cadeia de suprimentos, indo dos fabricantes para os distribuidores/prestadores de serviços logísticos (PSL), dos varejistas ao depósito geral, do hospital para o recebimento, para centrais de estoque e, por fim, para a enfermagem e para os pacientes. O caixa (financeiro) flui acima na cadeia de suprimentos, já que, em cada etapa, insumos, bens e serviços são vendidos pelos fornecedores e comprados pelos consumidores intermediários e finais. A gestão rotineira da cadeia de suprimentos hospitalar foca nos suprimen- tos médicos e farmacêuticos, que tradicionalmente operam como unidades organizacionais separadas. Com relação aos suprimentos médico-cirúrgicos, a complexidade é bem maior, uma vez que eles são encomendados de múltiplos fornecedores e dos fabricantes. Na farmácia hospitalar, a grande maioria dos medicamentos vem dire- tamente dos distribuidores; são pouquíssimos os enviados diretamente do fabricante. De modo geral, hoje em dia se procuram otimizar os processos fazendo-se a fusão de duas ou mais operações de aquisição em um único departamento, com o objetivo de reduzir o número de fornecedores e aumentar a transparência (JACOBS; CHASE, 2012). Funções e objetivos da gestão da cadeia de suprimentos8 Ainda, há outro ponto da cadeia de suprimentos de saúde muito relevante — o estoque e sua manutenção. Jacobs e Chase (2012) apontam dois tipos de gestão de estoque, apresentados a seguir. � Sistemas de empurrar: consistem em sistemas de pedido em quantidades fixas e sistemas de pedido de tempo fixo, em que são feitos pedidos em quantidade determinada, prevendo-se a necessidade (quantidade fixa), ou é contado o estoque em períodos fixos de tempo, fazendo-se pedidos a fim de levar o estoque a um nível predeterminado. � Sistemas de puxar: têm mecanismos, denominados sinais de puxar, para suprir estoque just-in-time, isto é, para uso imediato. O sistema de estoque de empurrar faz sentido quando o hospital possui um estoque próprio ou compra grandes volumes e, depois, os subdivide para distribuição nas unidades de enfermagem e demais setores. Por outro lado, o sistema de puxar faz sentido para itens mais caros, como órteses, próteses e outros materiais especiais, que são supridos por um fornecedor em uma base de puxar. Existe uma diferença muito grande na gestão de estoque na saúde e em outros setores, ligada ao planejamento do estoque de segurança. Em loja de departamentos, pode-se compensar a falta de determinado produto com outro semelhante, equilibrando o custo. No entanto, a falta de estoque em um hospital pode gerar transtornos para o paciente, colocando, em alguns casos, a sua vida em risco. Devido a isso, existem planos de contingências para evitar esses problemas, buscando-se empréstimo de material em hospital próximo, por exemplo. Na gestão da cadeia de suprimentos no setor hospitalar, também existem as cadeias de serviços operadas pelos médicos, nas quais, mediante o uso da informática médica (sistema de informação) para emissão de receitas, ocorre a ampliação desse procedimento para outras áreas, surgindo a gestão de eventos, que se manifesta, por exemplo, quando ocorre o pedido de internação 9Funções e objetivos da gestão da cadeia de suprimentos de um paciente para uma cirurgia, desencadeando uma sequência de eventos no sistema de informação. Ele insere a data em que o paciente foi internado, agenda a equipe e o centro cirúrgico (incluindo anestesia e enfermagem), a sala de recuperação e exames laboratoriais — sendo que as atividades e os processos já estão vinculados, como a solicitação dos exames ao laboratório que vai colher a amostra de sangue e enviar para análise. Nos bastidores de todos esses processos, são geradas transações de conta- bilidade para a cobrança da operadora do plano de saúde ou do SUS (Sistema Único de Saúde): registrar pagamentos, emitir ordens de compra para supri- mentos e materiais, além de outros encargos e cobranças. 3 A relação da gestão de cadeia de suprimentos com os serviços de saúde O setor de saúde, de modo geral, é constituído por operadoras de planos de saúde, fundações estatais, cooperativas, grupos médicos, laboratórios, clínicas de imagem, ambulatórios, farmácias, hospitais, fornecedores de materiais e medicamentos e outros serviços de magnitude menor, como pequenas clínicas. Entre os serviços prestados nesse setor, estão os seguintes: atendimento clínico feito por médicos, saúde ocupacional (medicina do trabalho), medicina preventiva (combate à obesidade, instruções para gestantes, etc.), clínica de terapias (fisioterapia, psicologia e terapia ocupacional), exames laboratoriais, atendimento hospitalar, farmácias, pronto atendimentos, atendimento domi- ciliar e outros. Segundo Teixeira, Romano e Alves Filho (2016), alguns fatores caracte- rizam a gestão da cadeia de suprimentos, influenciando os procedimentos na área da saúde: compartilhamento de informações, cooperação, integração de processos-chave, foco e objetivos similares, relações de longo prazo, riscos, lucros divididos, além da necessidade de haver, pelo menos, três empresas que tenham sistema de gestão de suprimentos. No campo das atividades médicas, existem organizações que compartilham não apenas o mesmo espaço físico, mas também, por vezes, até os mesmos profissionais da saúde, tanto nos setores mais técnicos e especializados, quanto na administração; porém, muitas vezes essas organizações têm grande dificul- dade para visualizar a parceria existente entre todos (TEIXEIRA; ROMANO; ALVES FILHO, 2016). Dentro do setor de saúde, a cadeia de suprimentos envolve bastante o fluxo de informação especializada, existindo a necessidade de um conceito de rede, Funções e objetivos da gestão da cadeia de suprimentos10 isto é, a interligação de processos para otimizar os serviços, fornecendo acesso a procedimentos e serviços, como ressonância magnética, transplantes e outros. O setor de saúde é pontuado por especificidades que englobam toda a cadeia de suprimentos, pois o seu formato não se equipara ao dos demais setores produtivos — o que implica ausência de parâmetros comparativos —, tendo a busca pela excelência em qualidade nos serviços prestados como um fator importante para o sucesso, além de resistências às mudanças. Além disso, muitas vezes as equipes dentro de uma mesma empresa têm dificuldade para trabalhar em conjunto e, ainda, existe regulação de atividades por agências governamentais, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) (TEIXEIRA; ROMANO; ALVES FILHO., 2016). Sendo assim, devido a essas características únicas do setor de saúde, é necessário que as empresas façam o rastreamento de seus desperdícios e trabalhem focadas em ações que os reduzam, otimizando os processos a fim de atingir a excelência em qualidade nos serviços prestados aos pacientes e/ou clientes. Veja a seguir as tendências na saúde que vão influenciar a gestão da cadeia de suprimentos. � Medicina baseada em evidências: aplicação de métodos científico para ava- liar métodos de tratamento alternativos e criar diretrizes para situações clínicas semelhantes. � Atendimento médico integrado: uso de uma equipe multiprofissional integrada com apoio da informática. � Prontuários médicos eletrônicos: tecnologias digitais otimizando processos. � Compartilhamento de informações médicas: sistemas de informação que trocam eletronicamente informações, como tratamentos e exames. � Diagnóstico assistido por computador: uso de aplicativos móveis que auxiliam o médico nas ações de diagnóstico. � Diagnóstico remoto: também denominada telemedicina, nesta modalidade de diagnóstico são medidas, por meio de dispositivos eletrônicos, a pressão sanguínea, a frequência cardíaca, a oxigenação do sangue, etc., possibilitando diagnósticos em pacientes distantes do hospital, bem como consultasremotas. � Robótica: uso de robôs em cirurgias, os quais, guiados por médicos, executam os procedimentos, resultando em menos dor e sangramento ao paciente se compa- rados aos que ocorrem em uma cirurgia convencional. 11Funções e objetivos da gestão da cadeia de suprimentos Dessa forma, pudemos compreender, neste capítulo, a função e os objetivos da gestão da cadeia de suprimentos, bem como sua aplicação na área da saúde. Também pudemos compreender o conceito de gestão da cadeia de suprimentos na saúde e seu impacto nos serviços de saúde, além de estudarmos sobre a gestão de suprimentos em outros setores da saúde, além dos hospitais. JACOBS, F. R.; CHASE, R. B. Administração de operações e da cadeia de suprimentos. Porto Alegre: Bookman, 2012. SIMCHI-LEVI, D.; KAMINSKY, P.; SIMCHI-LEVI, E. Cadeia de suprimentos: projeto e gestão. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010. TEIXEIRA, I. T.; ROMANO, A. L.; ALVES FILHO, A. G. Cadeia de suprimentos do setor de ser- viço: o caso de uma empresa de saúde. Revista Eletrônica Gestão & Saúde, Brasília, v. 7, n. 1, p. 3-24, 2016. Disponível em: https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=5555873. Acesso em: 12 jun. 2020. Os links para sites da web fornecidos neste livro foram todos testados, e seu funciona- mento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. Funções e objetivos da gestão da cadeia de suprimentos12 DICA DO PROFESSOR A gestão da cadeia de suprimentos na área da saúde é muito complexa, pois o foco não são os pr odutos, e sim a prestação de serviços. Embora necessite de bens e materiais, o foco principal é c uidar da saúde do paciente de forma efetiva. O hospital é uma organização muito complexa, pois reúne diversos serviços, bem como precisa estar atento ao mercado externo, a fim de manter a otimização dos serviços sem perder a excelên cia em qualidade nos atendimentos prestados aos pacientes em um mercado competitivo. Nesta Dica do Professor, você vai conhecer os desafios da gestão da cadeia de suprimentos hosp italar. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. NA PRÁTICA A gestão da cadeia de suprimentos dentro de um hospital é algo muito complexo, pois envolve d iversos setores que precisam trabalhar de forma sincronizada para obter a excelência em qualida de nos serviços prestados aos pacientes. Vários fatores estão em jogo, como aquisição de insumos, medicamentos e disponibilização de s erviços, como exames clínicos e de imagem, que por sua vez irão demandar outros tipos de mate riais e insumos, bem como a farmácia hospitalar e os demais setores do hospital. Na Prática, você irá conhecer como a Clínica Lahey (Boston/EUA) aprimorou a sua gestão da ca deia de suprimentos por meio de iniciativas inovadoras com o apoio das novas tecnologias. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/2e3f1e23141003ce4a3aa770c6c416e6 SAIBA + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professo r: Fatores críticos de sucesso na gestão da cadeia de suprimentos em saúde pública. Uma visã o dos gestores dos institutos federais do Rio de Janeiro Neste artigo, você verá sobre a gestão da cadeia de suprimentos em serviços de saúde públicos. Confira. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. Como é a cadeia de abastecimento de um hospital? O vídeo a seguir é uma animação, na qual você poderá ver como funciona a cadeia de supriment os que abastece um hospital e a importância de manter o fluxo constante durante toda a cadeia p ara a satisfação do paciente. Aponte a câmera para o código e acesse o link do vídeo ou clique no código para acessar. https://revistas.face.ufmg.br/index.php/rahis/article/view/82-96 https://www.youtube.com/embed/mI0EOUDYDLo
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