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Povos indigenas

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Período Pré – Cabralino/ Pré-história brasileira
Embora seja corriqueiro dizer que Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil, hoje em dia já é possível ouvir a correção em seguida: antes do navegador português aqui aportar, já existia uma sociedade bem consolidada. Dito isso, os colonizadores europeus se depararam com aqueles que chamamos de povos pré-cabralinos.
Enquanto na parte norte da américa existem os povos pré-colombianos – incas, maias e astecas que antecederam a invasão de Cristóvão Colombo e foram dizimados pela colonização espanhola – os nativos brasileiros são indígenas também sem muita sorte.
Só para ilustrar, milhões de nativos habitavam o território hoje chamado de Brasil. Contudo, os colonizadores, ao chegarem aqui cheios de preconcepções e motivados pela ganância, conceberam a errônea ideia de uma uniformidade cultural, algo semelhante ao que aconteceu com as tribos africanas na Conferência de Berlim.
Contudo, na verdade, as culturas no Brasil pré-cabralino eram bastante complexas e apresentavam significativas características e tradições próprias. Logo, o grande número de línguas e dialetos, bem como inúmeros elementos da diversidade e tradições de cada grupo étnico, foram se perdendo ao longo do processo de colonização.
Uma grande variedade nativa
Quando os portugueses ancoraram no litoral brasileiro, já existiam cerca de dois milhões de indígenas integrando os povos pré-cabralinos. Ao passo que também é chamado de pré-história brasileira, esse período é marcado por uma ocupação datada de 12 mil anos. Ou seja, muita história já existia aqui antes da invasão europeia.
Dentre todos os povos indígenas que habitaram o Brasil de norte a sul, podemos destacar os grupos Pataxó, Nambikwara, Macro-jê e Aruaque. Os índios Pataxós e Nambikwaras eram coletores no litoral de Santa Catarina, Paraná e São Paulo.
Contudo, os tupis formaram o maior grupo indígena da época anterior ao descobrimento, sendo que suas tribos iam desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul. A contribuição específica desse grupo foi importante para a formação da cultura brasileira, principalmente na influência sobre nosso idioma.
No total do território brasileiro, a família linguística tupi-guarani foi a encontrada em maior número. Os tupis desenvolveram aldeias compostas por uma população variando entre 500 e 800 habitantes. Além disso, plantavam batata-doce, milho, pacova, abacaxi, mandioca, entre outras culturas.
O Brasil pré-cabralino: cultura e sociedade
Os indígenas do Brasil pré-cabralinos viviam em tribos, sendo seu chefe político o cacique. Havia também o pajé, que era o responsável pela vida religiosa e tratamentos medicinais, através da cura com ervas, plantas e rituais místicos.
Os nativos das terras brasileiras possuíam sua própria cultura, religião e costumes, ao passo que viviam basicamente da caça, pesca e agricultura.
Confeccionavam objetos artesanais com elementos da natureza: cerâmica, palha, cipó, madeira, dentes de animais etc. E a religião indígena baseava-se na crença em espíritos de antepassados e forças da natureza.
Quando promoviam festas e cerimônias religiosas, dançavam, cantavam e pintavam os corpos em homenagem aos antepassados e aos espíritos.
Classificação desses povos de acordo com a língua
Tupi: Eram as tribos tamoio, guarani, tupiniquim, tabajara, etc. Se encontravam na parte litorânea brasileira. Esses foram os primeiros índios a terem contato com os portugueses que aqui chegaram.
Macro-jê: Eram encontrados principalmente no planalto central e as tribos: timbira, aimoré, goitacás, carijó, carajá, bororó e botocudo. Só vieram a ter contato com os brancos no século XVII, quando os colonizadores adentraram no interior do pais.
Karib: Habitavam a região que hoje compreende os estados do Amapá e Roraima, chamada também de baixo amazonas. As principais tribos são os atroari e vaimiri – esses eram muitos agressivos e antropofágicos (canibais). O contato dessas tribos com os brancos ocorreu no século XVII, com as missões religiosas e a dispersão do exército pelo território.
Aruak: Suas principais tribos eram aruá, pareci, cunibó, guaná e terena. Estavam situados em algumas regiões da Amazônia e na ilha de Marajó.
Os índios e o contato com os portugueses
Quando os portugueses chegaram ao Brasil se deparam com os povos nativos, o primeiro contato foi de admiração e estranheza, posteriormente ocorreu a dominação e a enorme intolerância com a cultura indígena. O contato dos povos do Brasil pré-cabralino com os portugueses foi extremamente prejudicial. Ao passo que foram enganados, explorados e escravizados, muitos indígenas acabaram não resistindo às condições desumanas impostas pelos colonizadores. Perderam terras e foram forçados a abandonar sua cultura em favor da europeia.
Por conta do desenvolvimento da agropecuária e do extrativismo mineral os povos indígenas que viviam mais próximos as regiões litorâneas perderam suas terras e foram obrigados a se concentrar na Amazônia.
Diversas nações indígenas enfrentaram os invasores, mas as guerras eram desproporcionais, uma vez que o invasor tinha armas de fogo. Como resultado disso, houve um processo de extermínio indígena que se estende até os dias atuais. Só para ilustrar, a questão de demarcação de terras indígenas segue em pauta. Além do extermínio muitos morreram contraindo doenças do europeu colonizador (varíola e gripe).
A igreja católica durante a colonização serviu como eficiente instrumento de dominação dos colonizadores, ajudando no processo de aculturação dos povos indígenas convertendo-os ao cristianismo.
Antes da Constituição de 1988 o governo adotava a visão integracionista que previa o desaparecimento dos povos indígenas, com sua gradual incorporação à sociedade nacional. Com a constituição de 1988 foram reconhecidos os costumes indígenas, sua língua e cultura 9crenças e tradições) e o direito sobre suas terras, auxiliando na preservação da identidade cultural indígena.
Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
Após anos enfrentando injustiças, os descendentes diretos dos povos pré-cabralinos tiveram direito à terras assegurado pela Constituição de 1988. No entanto, a teoria difere bastante da prática. Sendo assim, apesar de visar preservar a identidade e cultura restante dos nativos, essa lei não é respeitada por grandes latifundiários e grileiros.

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