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Anfíbios e Répteis - Classificação, Diversidade e Ecologia

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DOCÊNCIA EM 
SAÚDE 
 
 
 
 
 
ANFÍBIOS E RÉPTEIS: DIVERSIDADE, 
ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO 
 
 
 
 
1 
 
Copyright © Portal Educação 
2012 – Portal Educação 
Todos os direitos reservados 
 
R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP: 79002-130 
Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 
Internacional: +55 (67) 3303-4520 
atendimento@portaleducacao.com.br – Campo Grande-MS 
Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil 
 Triagem Organização LTDA ME 
 Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 
 Portal Educação 
P842a Anfíbios e répteis: diversidade, ecologia e conservação / Portal Educação. - 
Campo Grande: Portal Educação, 2012. 
 194p. : il. 
 
 Inclui bibliografia 
 ISBN 978-85-8241-121-6 
 1. Anfíbios. 2. Répteis. 3. Ecologia – Diversidade. I. Portal Educação. II. 
Título. 
 CDD 597.6 
 
 
2 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 CLASSIFICAÇÃO, DIVERSIDADE E ECOLOGIA DE AMPHIBIA ............................................ 6 
1.1 Importância dos Anfíbios ......................................................................................................... 7 
1. 2 Classificação dos Anfíbios ...................................................................................................... 8 
1.2.1 Ordem Anura .............................................................................................................................. 8 
1.2.2 Ordem Gymnophiona ................................................................................................................ 19 
1.2.3 Famílias pertencentes à Ordem Gymnophiona ......................................................................... 20 
1.2.4 Ordem Caudata ou Urodela ....................................................................................................... 22 
1.2.5 Famílias da Ordem Caudata ...................................................................................................... 23 
1.3 Diversidade dos Anfíbios ........................................................................................................ 29 
1.3.1 Diversidade de anfíbios e os biomas brasileiros ........................................................................ 29 
1.3.2 Mata Atlântica ............................................................................................................................ 30 
1.3.3 Cerrado ...................................................................................................................................... 31 
1.3.4 Amazônia ................................................................................................................................... 33 
1.3.5 Pantanal .................................................................................................................................... 34 
1.3.6 Caatinga .................................................................................................................................... 35 
1.4 Características gerais dos anfíbios ....................................................................................... 36 
1.4.1 A pele dos anfíbios .................................................................................................................... 37 
1.4.2 Cor dos anfíbios ........................................................................................................................ 38 
1.4.3 Órgãos dos sentidos .................................................................................................................. 38 
1.4.4 Sistema circulatório .................................................................................................................. 40 
 
 
3 
1.4.5 Sistema respiratório ................................................................................................................... 41 
1.4.6 Sistema digestório ..................................................................................................................... 43 
1.4.7 Sistema excretor ........................................................................................................................ 44 
1.4.8 Sistema reprodutor .................................................................................................................... 45 
1.4.9 Metamorfose .............................................................................................................................. 49 
1.5 História Natural e Ecologia ..................................................................................................... 50 
1.5.1 Hábitos alimentares ................................................................................................................... 51 
1.5.2 Estratégias reprodutivas ............................................................................................................ 51 
1.5.3 Modos reprodutivos ................................................................................................................... 53 
1.5.4 Ovos aquáticos .......................................................................................................................... 55 
1.5.5 Ovos terrestres ou arbóreos ...................................................................................................... 56 
1.5.6 Ovos em ninhos de espuma (terrestres ou arbóreos) ................................................................ 58 
1.5.7 Vocalização ............................................................................................................................... 61 
1.5.8 Corte e Fertilização ................................................................................................................... 62 
1.5.9 Cuidado Parental ....................................................................................................................... 65 
1.5.9.1Mecanismos contra perda de água ........................................................................................... 66 
1.5.9.2Mecanismos de defesa contra predadores ............................................................................... 68 
1.5.9.3Mecanismos antipredadores ..................................................................................................... 69 
1.5.9.4Estruturas e coloração .............................................................................................................. 69 
1.5.9.5Polimorfismo de coloração corporal em anfíbios ...................................................................... 70 
1.5.9.6Comportamento de encontro .................................................................................................... 71 
2 Classificação, Diversidade e Ecologia de Reptilia ................................................................ 75 
2.1 Importância dos Répteis ......................................................................................................... 76 
 
 
4 
2.2 Classificação dos Répteis ...................................................................................................... 77 
2.2.1 Subclasse Anapsida .................................................................................................................. 77 
2.2.2 Subclasse Diapsida ................................................................................................................... 83 
2.3 Diversidade dos Répteis ........................................................................................................ 110 
2.3.1 Diversidade de répteis nos biomas brasileiros .........................................................................110 
2.4 Características Gerais dos Répteis ....................................................................................... 113 
2.4.1 Sistema nervoso e órgãos dos sentidos ................................................................................... 118 
2.5 História Natural e Ecologia dos Répteis ............................................................................... 129 
2.5.1 Hábitos alimentares .................................................................................................................. 129 
2.5.2 Comportamentos reprodutivos ................................................................................................. 133 
2.5.3 Mecanismos antipredadores ..................................................................................................... 137 
3 Conservação da Herpetofauna .............................................................................................. 140 
3.1 Principais causas de extinção e declínio das populações ................................................. 141 
3.1.1 Introdução de espécie exótica .................................................................................................. 151 
3.1.2 Poluição ambiental ................................................................................................................... 154 
3.1.3 Exploração comercial ............................................................................................................... 155 
3.1.4 Alterações climáticas ................................................................................................................ 159 
3.2 Métodos de amostragem ....................................................................................................... 161 
3.2.1 Técnicas de eutanásia .............................................................................................................. 163 
3.2.2 Técnicas de fixação de anfíbios ............................................................................................... 164 
3.2.3 Técnicas de Fixação de répteis ................................................................................................ 164 
3.3 A coleção científica ................................................................................................................ 165 
4 OFIDISMO ................................................................................................................................ 168 
 
 
5 
4.1 Diferenças entre serpentes peçonhentas e não peçonhentas ........................................... 170 
4.2 Serpentes peçonhentas brasileiras ...................................................................................... 173 
4.3 Ação do veneno e sintomas .................................................................................................. 177 
4.4 Primeiros socorros ................................................................................................................ 182 
4.5 Prevenção de acidentes ......................................................................................................... 185 
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 188 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
1 CLASSIFICAÇÃO, DIVERSIDADE E ECOLOGIA DE AMPHIBIA 
 
 
Os anfíbios foram os primeiros vertebrados a colonizar o ambiente terrestre, há cerca 
de 370 milhões de anos, possivelmente durante o período geológico do Devoniano, a 400 
milhões de anos. Inicialmente, os anfíbios eram bastante diferentes de como os conhecemos 
hoje, sendo que a espécie só adquiriu a forma atual há 250 milhões de anos. Estudos de fósseis 
sugerem que o grupo teria evoluído a partir dos peixes pulmonados de nadadeira lobada e 
servido de ancestral para os répteis. O fóssil mais antigo de um anfíbio com a forma atual, 
conhecido como Triadobatrachus, foi encontrado em Madagascar. No Carbonífero foram o grupo 
dominante. Desde então se diversificaram, apresentando modos de vida que abrangem desde 
espécies totalmente aquáticas até espécies totalmente terrestres. 
Uma série de mudanças estruturais e fisiológicas no organismo dos anfíbios permitiu 
que eles realizassem a transição do meio aquático para o meio terrestre. Entre elas, podemos 
citar o desenvolvimento e a adaptação dos pulmões (para respirar o ar), adaptações na 
epiderme (para permitir a exposição ao ar) e o desenvolvimento da coluna vertebral e da 
musculatura (para permitir a sustentação do corpo fora do ambiente aquático). 
O termo “amphibia” pode ser entendido de duas formas: animais que passam parte da 
sua vida na água e então passam para a vida na terra, ou animais que alternam entre a água e a 
terra durante toda vida. A conquista do meio terrestre não foi definitiva, já que mesmo os que 
habitam ambientes terrestres, dependem do meio aquático ao menos para sua reprodução. Seus 
ovos não apresentam uma casca protetora nem anexos embrionários (estruturas relacionadas à 
adaptação ao meio terrestre), por isso precisam ser mantidos constantemente úmidos. As formas 
jovens se desenvolvem na água e dela dependem para a respiração branquial (feita por meio 
das guelras ou brânquias. Nesse sentido, para muitos grupos de anfíbios, a metamorfose é um 
marco importante no desenvolvimento, quando deixam a vida de girinos (larvas de anfíbios) e 
juvenis para assumir características de indivíduos adultos. 
Os anfíbios são vertebrados com pele permeável e com glândulas mucosas (lubrificam 
a pele) e granulares (secretam veneno), sem estruturas dérmicas como pelos ou unhas. São 
 
 
7 
 
animais ectotérmicos, ou seja, sua temperatura corporal depende da temperatura do ambiente. 
Os anfíbios estão distribuídos por todo mundo, exceto Antártica, algumas ilhas oceânicas, 
principalmente no Pacífico Sul, e na maioria dos desertos. As espécies atuais são de pequeno 
porte e possuem estrutura interna intermediária entre os peixes e o amniotas. 
 
 
1.1 Importância dos Anfíbios 
 
 
Os anfíbios são itens importantes na cadeia alimentar, sendo consumidos por aves, 
répteis, mamíferos e muitos invertebrados graças ao seu tamanho pequeno e poucos 
mecanismos de defesa agressiva contra seus predadores. Como predadores, são importantes 
reguladores das populações de invertebrados, já que sua dieta é baseada nestes animais. 
Assim, consomem presas e evitam que se tornem prejudiciais ao ecossistema como um todo. 
Graças a sua vida ligada à água, são importantes no transporte de nutrientes 
(sobretudo fósforo e nitrogênio) entre os ecossistemas aquáticos e terrestres. Estes elementos 
químicos citados são transportados pela chuva da terra para água, onde são utilizados pelas 
plantas e algas, sendo consumidos pelos girinos, que após a metamorfose, se integram ao 
ambiente terrestre, completando o ciclo. 
De modo geral, os anfíbios podem ser considerados bioindicadores de qualidade 
ambiental já que possuem seu ciclo de vida intimamente ligado à água e pele permeável. Dessa 
forma, qualquer alteração nas condições de umidade, temperatura, qualidade de água ou 
mesmo alterações dos habitats disponíveis para alimentação ou refúgio, serão sentidas pelos 
animais. Essas alterações podem provocar doenças, diminuição das populações ou até extinção 
de espécies e configura uma das principais causas da redução das populações dos anfíbios ao 
redor do mundo. 
A pele dos anfíbios possui uma grande quantidade de glândulas que liberam secreções 
para se manter úmida e protegida dos micro-organismos do ambiente. Nesse sentido, possuem 
 
 
8 
 
um verdadeiro arsenal químico que pode ser uma grande fonte de matéria-prima para produção 
de fármacos que ajudem a tratar doenças, servir com anestésicos, cicatrizantes e compor 
fórmulas de produtos cosméticos. Essas substâncias já vêm sendopesquisadas há anos pela 
indústria farmacêutica. Por exemplo, recentemente foi descoberto que na pele da rã Pseudis 
paradoxa (uma espécie encontrada no Pantanal Sul-Mato-Grossense) existe uma substância 
capaz de ajudar no combate à diabetes. Entre as famílias de maior interesse farmacêutico, está 
a Dendrobatidae, que compreende animais pequenos e muito coloridos. 
Os anfíbios também foram e ainda são muito utilizados como cobaias de pesquisas 
desenvolvidas em anatomia, fisiologia muscular, neurologia e embriologia, esta última graças ao 
desenvolvimento dos indivíduos em ovos transparentes. Muito do que se sabe hoje sobre o 
hormônio da tireoide, por exemplo, veio de estudos com anfíbios. 
Algumas espécies de anfíbios são criadas em cativeiro para alimentação humana. A 
carne branca e de sabor semelhante ao peixe ou frango é bastante apreciada em todo mundo. 
Os animais consumidos pelos humanos são as rãs, criadas em estruturas chamadas ranários. 
 
 
1.2 Classificação dos Anfíbios 
 
 
As espécies de anfíbios que encontramos hoje pertencem à Classe Amphibia, 
Subclasse Lissamphibia, Ordens: Anura; Gymnophiona e Caudata. 
 
1.2.1 Ordem Anura 
 
 
São os sapos, rãs e pererecas, podem ser encontrados em vários ambientes, exceto 
em grandes altitudes, regiões árticas, antárticas e desertas. Nos trópicos ocorre a maior 
 
 
9 
 
diversidade de anuros. O crânio é reduzido e dentes estão ausentes. Não possuem cauda e as 
vértebras caudais estão fundidas formando o uróstilo. As vértebras são reduzidas, com no 
máximo nove e o ílio e o tarso proximal são alongados. Possuem membros alongados, com tíbia 
e fíbula alongadas. Nas patas anteriores, o rádio e a ulna também são fundidos. Essas 
adaptações estão associadas com o salto, hábito de locomoção dos anuros, (Fig. 1). 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. Esqueleto de um anuro. Na figura estão indicadas algumas adaptações do esqueleto para o salto e 
fundidos. 
 
 
Exibem a maior diversidade de modos reprodutivos entre os anfíbios. Possuem 
fertilização externa, que ocorre durante o amplexo (cópula dos anfíbios). A maioria das espécies 
não possui cuidado parental, ou seja, os pais não cuidam da desova ou juvenis. São também os 
únicos anfíbios que vocalizam para atrair as fêmeas prontas para reprodução. 
É comum a dúvida sobre a diferenciação entre sapos, rãs e pererecas, no entanto, 
essa diferenciação mais ampla esconde uma grande variedade morfológica dentro de cada 
categoria. 
 
Sapos: De modo geral, são os anuros pertencentes à família Bufonidae. Estes animais 
possuem crânio extensivamente ossificado, pupila vertical, pele glandular espessa e com 
 
 
10 
 
aspecto verrugoso. Muitas espécies possuem glândulas paratoides, localizadas atrás dos olhos e 
que são capazes de secretar veneno. Estão distribuídos em diferentes ambientes, 
compreendendo todas as regiões tropicais e temperadas exceto a Austrália. Geralmente vivem 
no solo e muitas espécies possuem hábitos fossoriais, ou seja, permanecem enterradas quando 
em repouso e podem ser escavadores, tanto para obter alimento quanto para proteção (Kwet & 
Di-Bernardo, 1999). Possuem uma ligação mais sutil com a água, voltando à água para 
reprodução. 
 
Rãs: Compreendem animais de diversas famílias. Habitam locais próximo da água, 
pois possuem pele muito fina e permeável e precisam da água para sobrevivência. Algumas 
espécies apresentam membranas entre os dedos para ajudar na movimentação dentro da água. 
São terrestres e podem permanecer enterradas para evitar a perda de água. 
 
Pererecas: São os anuros capazes de escalar superfícies. Possuem ventosas em suas 
patas que permitem sua fixação. Também possuem pele fina e bastante permeável. São os 
anuros comumente encontrados em moradias humanas. 
Os caracteres usados na classificação dos indivíduos incluem morfologia corporal 
externa e interna dos adultos, morfologias dos girinos, características do amplexo e atualmente, 
dados moleculares. Após uma extensa revisão sobre a taxonomia dos anfíbios, foram realizadas 
alterações na classificação das espécies considerando dados moleculares nas análises (ver 
Frost et al. 2006). A ordem Anura possui 49 famílias, das quais 19 são encontradas no Brasil. 
Dada a grande diversidade da Ordem, nos deteremos às famílias encontradas no Brasil. 
 
Amphignathodontidae (61 espécies, nove brasileiras) 
Vulgarmente conhecida por sapos marsupiais, pois carregam seus girinos em bolsas 
nas costas. Esta família engloba dois gêneros, Gastrotheca e Flectonotus, sendo estes anfíbios 
nativos da América Central e América do Sul. 
 
 
 
11 
 
 
 
 
 
Flectonotus fissilis 
 
 
Arombatidae (94 espécies, 28 brasileiras) 
São encontradas na Colômbia, Equador, Venezuela, Bolívia e Nicarágua. No Brasil, 
ocorrem na região amazônica e Mata Atlântica. 
 
 
 
 
Allobates femorales 
 
Brachycephalidae (41 espécies, todas brasileiras) 
São anuros muito pequenos, com número de dedos reduzidos. São diurnos e habitam 
a serrapilheira de regiões florestais úmidas. Os ovos são terrestres e o desenvolvimento é direto. 
 
 
 
Brachycephalus ephippium 
 
 
 
 
12 
 
Bufonidae (514 espécies, 61 brasileiras) 
São os únicos entre os anuros que apresentam órgão de Bider, um ovário rudimentar 
desenvolvido na parte anterior dos testículos dos girinos machos. Os dentes estão 
completamente ausentes. O crânio é bastante ossificado e, em alguns lugares da cabeça, 
ossificado junto com a pele. As glândulas cutâneas localizadas atrás da cabeça são 
características desses animais. Algumas espécies possuem pele colorida e potencialmente 
tóxica. A maioria das espécies é terrestre, com algumas semiaquáticas e depositam os ovos em 
cordões gelatinosos na margem de corpos de água. Estão amplamente distribuídas pelo Brasil e 
pelo mundo, com exceção das ilhas oceânicas. Também não ocorriam na Austrália, mas uma 
espécie foi introduzida na região. 
 
 
 
 
 Rhinella scitula Melanophryniscus cambaraensis Rhinella schneideri 
 
Centrolenidae (147 espécies, oito brasileiras) 
São conhecidas como pererecas de vidro. A maioria dos 
indivíduos é pequena e nestas espécies a pele do ventre é transparente. 
Possuem discos digitais desenvolvidos, são arborícolas e noturnas. 
Depositam pequenas desovas que são presas à vegetação ou pedras sob 
água corrente. O cuidado parental é desempenhado pelo macho. São comuns em montanhas 
úmidas e novas espécies têm sido descobertas nos Andes. 
 
 
 
 
 
13 
 
Ceratophryidae (85 espécies, cinco brasileiras) 
São encontrados na América do Sul. No Brasil é encontrado o gênero Ceratophrys, 
que contém indivíduos com a boca larga, com projeções ósseas semelhantes a dentes. Todas as 
espécies são carnívoras de pequenos roedores ou pássaros, inclusive outros anfíbios. 
Apresentam duas saliências sobre os olhos, que dão a impressão de ser dois cornos. 
 
 
 
 
 
 
Ceratophrys cornuta 
 
Craugastoridae (114 espécies, duas brasileiras) 
São encontradas nos Estados Unidos, Equador, Venezuela e Brasil. As duas espécies 
brasileiras pertencem ao gênero Haddadus. 
 
Cycloramphidae (101 espécies, 67 brasileiras) 
Podem ser encontradas na América do Sul. No Brasil, ocorrem nove gêneros, entre 
eles 
 
 
 
Odontophrynus americanus 
 
Eleutherodactylidae (199 espécies, cinco brasileiras) 
 
 
 
14 
 
São encontradas nas Américas do Norte, Central e do Sul. As espécies brasileiras 
pertencem aos gêneros Adelophryne e Phyzelaphryne. 
 
 
 
 
Adelophryne baturitensis 
 
Dendrobatidae (167 espécies, 18 brasileiras) 
A maioria é diurna e terrestre. Depositam pequenas desovas no solo ou em árvores. 
Apresentam cuidado parental complexo que pode envolver um indivíduo ou o casal. Os girinos 
ficam aderidos ao dorso dos pais e são carregados por algumtempo até serem depositados na 
água. 
São famosos pela pele colorida e venenosa. Uma espécie que ocorre na Colômbia, 
Phyllobates terribilis possui uma dosagem suficiente para matar 10 homens e é necessário o uso 
de luvas para manusear esses animais. Porém, nem todos os representantes são altamente 
tóxicos. 
 
 
 
 
 
Adelphobates galactonotus Dendrobates tinctorius Ameerega flavopicta 
 
 
 
 
 
15 
 
Hemiphractidae (6 espécies, duas brasileiras) 
 
Os membros dessa família são encontrados na 
América Central e do Sul. As duas espécies brasileiras 
pertencem ao gênero Hemiphractus. 
 Hemiphractus scutatus 
Hylodidade (40 espécies, todas brasileiras) 
 
Podem ser encontradas no Brasil e Argentina. Compreende os gêneros Hylodes, 
Crossodactylus e Megaelosia. 
 
 
 
 Hylodes perplicatus 
 
Leiuperidae (78 espécies, 53 brasileiras) 
 
As espécies ocorrem na América Central e do Sul. No Brasil, são encontrados os 
gêneros Physalaemus, Pleurodema, Pseudopaludicola, Eupemphis, Engystomops e Edalorhina. 
 
 
 
Physalaemus cuvieri 
 
 
16 
 
Hylidae (613 espécies, 324 brasileiras) 
 
Possuem discos digitais desenvolvidos. A maioria das espécies é noturna e arborícola. 
A maioria é saltadora, mas as espécies da subfamília Phyllomedusinae caminham lentamente 
por galhos de árvores. Em geral, não apresentam glândulas macroscópicas, mas os membros de 
Phyllomedusinae apresentam glândulas visíveis no dorso. Algumas espécies desta subfamília 
possuem glândulas de lipídios na pele e espalham a secreção com as patas pelo corpo, para 
evitar a desidratação. Os modos reprodutivos são muito variados, ocorrendo desenvolvimento 
direto em algumas espécies. 
A família Pseudidade foi invalidade e seus representantes agora pertencem a Hylidae, 
mas apresentam algumas diferenças morfológicas notáveis. Os indivíduos possuem pés com 
membranas interdigitais. Algumas espécies alcançam 70 mm e têm o corpo robusto. Os adultos 
são altamente aquáticos e habitam próximo a corpos d’água. Os machos vocalizam dentro da 
água e as fêmeas depositam os ovos na base de vegetação aquática. Os girinos de Pseudis 
paradoxa são os maiores entre todos os girinos de anfíbios, alcançando 250 mm de 
comprimento, mas metamorfoseiam em pequenos juvenis. 
 
 
 
 
 Dendropsophus microcephalus 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
Leptodactylidae (95 espécies, 70 brasileiras) 
Variam em morfologia, hábitos e modos reprodutivos. O tamanho dos indivíduos varia 
de 10 a 250 mm. Podem ser terrestres ou aquáticos, de atividade diurna ou noturna. 
 
 
 
 
 Leptodactylus pentadactylus 
 
 
Microhylidae (431 espécies, 36 brasileiras) 
São animais pequenos, que podem ser fossoriais ou terrestres. A forma do corpo é 
variada e geralmente são noturnos. Apresentam a cabeça pequena e desproporcional em 
relação ao tamanho do corpo. 
 
 
 
 
 Elachistocleis ovalis 
 
Pipidae (32 espécies, cinco brasileiras) 
São os únicos anfíbios que não possuem língua. O tamanho dos indivíduos varia de 40 
a 170 mm. O gênero Xenopus é um dos animais mais usados em biologia experimental e do 
desenvolvimento. No gênero Pipa (foto abaixo), os ovos são depositados no dorso das fêmeas e 
 
 
18 
 
começam a ser encobertos pela pele. Algumas espécies possuem desenvolvimento direto que 
ocorre dentro da pele. 
Suas características corporais estão associadas com o hábito aquático. Possuem 
corpo achatado dorsoventralmente e os membros surgem lateralmente. Os pés possuem 
membranas interdigitais. Possuem sistema de linha lateral desenvolvida. Vocalizam sob a água e 
possuem ouvidos modificados para perceber os sons embaixo da água. A cabeça é triangular e 
os olhos são pequenos. 
 
 
 
 
 
 
Ranidae (329 espécies, duas brasileiras) 
O tamanho das espécies é variado e algumas apresentam corpo bastante robusto. No 
Brasil, e espécie Lithobates catesbeianus foi introduzida na década de 30 para ranicultura e 
depois foi solta no ambiente natural. Por ter sua ocorrência original no noroeste dos Estados 
Unidos, adaptou-se bem à região sul do Brasil, onde o clima é semelhante e hoje é uma ameaça 
para espécies de anuros atuando como competidora e predadora. 
 
 
 
 
 
 Lithobates palmipes 
 
 
19 
 
Strabomantidae (539 espécies, 40 brasileiras) 
Podem ser encontradas na América Central e do Sul. No Brasil, as espécies são 
encontradas nas florestas, Amazônica e Atlântica. 
 
 
 
 
 
 
 Pristomantis fenestratus 
 
 
1.2.2 Ordem Gymnophiona 
 
São conhecidas como cecílias ou cobra-cega. Advêm principalmente nos trópicos, 
exceto Madagascar e uma ilha a leste da Linha Wallace. São encontradas no sudeste da África e 
região tropical da América. Existem ainda gêneros endêmicos de uma ilha, no Oceano Índico. 
Possuem corpo alongado, segmentado em anéis cutâneos circulares e podem ter 
hábitos terrestres, fossoriais ou aquáticas. Algumas espécies podem apresentar escamas 
dérmicas nesses anéis. Muitas estruturas morfológicas estão reduzidas. 
O crânio é compacto (Fig. 2) e possui fusões de alguns ossos e possuem dentes. 
Todas as cecílias possuem um órgão sensorial, um tentáculo localizado entre o olho e o nariz 
dos indivíduos. É uma estrutura complexa, formada de músculos, glândulas e dutos que pode 
ser retraído. Esse sensor funciona como quimiorreceptor e auxilia a localização dos indivíduos 
juntamente com os olhos. 
A cauda, se presente, é curta. Os representantes atuais do grupo não possuem 
membros, mas fósseis recentes possuíam. Os olhos são pequenos e cobertos por pele ou osso. 
 
 
20 
Não possuem o pulmão esquerdo, sendo que numa espécie aquática, ambos os pulmões estão 
ausentes. 
A fertilização é interna em todas as espécies e os machos possuem um órgão 
copulatório. Algumas espécies possuem ovos e larvas aquáticos, enquanto outras depositam 
ovos na terra com desenvolvimento direto. Cerca de 75% das espécies que se conhece o modo 
reprodutivo, são vivíparas e os embriões são nutridos por secreção de células da parede do 
oviduto. Todavia, em geral pouco é conhecido sobre a história natural das cecílias. 
Os segmentos anelados no corpo das cecílias são importantes na classificação das 
espécies. As escamas das cecílias são formadas por camadas de fibras de colágeno. Muitas 
escamas se alinham na derme embaixo dos anéis circulares da pele contornando parcial ou 
completamente o corpo do animal. Cecílias são os únicos anfíbios que apresentam escamas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2. Esqueleto de uma Cecília, com o crânio bastante ossificado e ausência de membros locomotores. 
Adaptações para o hábito fossorial. 
 
 
1.2.3 Famílias pertencentes à Ordem Gymnophiona 
 
 
Rhinatrematidae (nove espécies, uma brasileira (foto) 
 
 
 
21 
 
São encontradas na América do Sul. São cecílias pequenas com cerca de 330 mm. 
São ovíparas e as larvas são encontradas em solo úmido próximo a margem de lagos. Os 
indivíduos dessa família possuem uma cauda verdadeira com vértebras, músculos e pele 
segmentada em anéis. A presença de cauda é uma característica primitiva do grupo. A espécie 
brasileira pertence ao gênero Rhinatrema. 
 
 
 
 
 
 Rhinatrema bivittatum 
 
Caeciliidae (121 espécies, 26 brasileiras) 
A maioria das espécies é escavadora e algumas são ativas na superfície, 
principalmente depois de chuvas fortes. Não possuem cauda. A boca localiza-se embaixo do 
focinho. As menores têm 100 mm e as maiores cecílias 1,5m e algumas espécies são coloridas 
em tons de rosa, laranja, amarela e azul. 
A família abrange espécies vivíparas, com desenvolvimento direto e com larvas 
aquáticas. A gestação das espécies vivíparaspode alcançar 11 meses. Algumas espécies 
demonstram cuidados com a prole. São encontradas nas Américas do Norte e do Sul, África, 
Golfo da Guiné e Índia. As espécies brasileiras pertencem a 11 gêneros. 
 
 
 
 
 Siphonops paulensis 
 
 
22 
 
Ichthyophiidae (44 espécies) 
Também possuem cauda verdadeira e escamas. Esses indivíduos alcançam cerca de 
500 mm. Algumas fêmeas depositam os ovos no solo úmido ou buracos próximos da água e 
cuidam da desova. As larvas são aquáticas. Os membros da família são encontrados na 
Tailândia, China, Índia, Filipina e Arquipélago da Malaia. 
 
 
 
 
 
 
Caudacaecilia asplenia 
 
 
 
1.2.4 Ordem Caudata ou Urodela 
 
São conhecidas como salamandras. As espécies atuais ocorrem principalmente na 
América do Norte, sendo que uma delas alcança a América do Sul. Também podem ser 
encontradas na Eurásia. Como o nome lembra, possuem uma cauda permanente por toda a 
vida. Exibem corpo alongado e dois pares de patas do mesmo tamanho, que em algumas 
espécies as patas podem estar reduzidas. O crânio das salamandras é reduzido pela ausência 
de vários ossos. O tamanho das salamandras pode variar de 30 mm a dois metros. A maioria 
das espécies é terrestre quando adulta, entretanto, retorna para a água para reprodução. Alguns 
animais adultos possuem brânquias. 
Salamandras não possuem ouvido médio ou orelhas externas, com um aparelho 
auditivo primitivo formado pela columela e opérculo associados com o músculo opercular, 
observado somente em anfíbios. A columela e opérculo são ossos cartilaginosos. A columela 
recebe sons de alta frequência vindos dos ossos e o opérculo recebe sons de baixa frequência 
do ar e do substrato. 
 
 
23 
 
A fertilização é externa em Cryptobranchoidea e provavelmente em Sirenidae. Em 
todas as outras salamandras, a fecundação é interna. O desenvolvimento envolve o estágio 
larvas, mas muitas espécies possuem desenvolvimento direto, nos quais os ovos geram juvenis. 
As larvas de salamandra são similares em forma do corpo aos juvenis e adultos, com exceção 
das brânquias externas. Em contraste com os adultos, as larvas geralmente não possuem 
pálpebras nem maxila e apresentam a pele histologicamente diferente dos adultos. Estes 
aspectos todos mudam no momento da metamorfose. 
Algumas salamandras nunca completam a metamorfose em condições naturais e se 
reproduzem em estágio larval. Em outras salamandras, pode ou não ocorrer em resposta às 
condições ambientais, chamada metamorfose facultativa. Esse fenômeno pode ocorrer com 
apenas um indivíduo ou com a população inteira. 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 3. Possuem os quatro membros adaptados para andar e uma causa permanente. Note que o crânio é menos 
ossificado que o das cecílias. 
 
 
 
1.2.5 Famílias da Ordem Caudata 
 
 
 
 
24 
 
Sirenidae (quatro espécies) 
São encontradas na América do Norte. Possuem corpo estreito e alongado, sem 
cintura pélvica, nem os membros anteriores. Apresentam um bico queratinizado e algumas 
características pedomórficas, ou seja, características de juvenis como a ausência de pálpebras, 
ausência ou redução da maxila, redução do número de dígitos nas patas posteriores, pele similar 
a pele das larvas e apresentam brânquias. 
Algumas espécies podem alcançar cerca de 1 m, mas outras alcançam apenas 150 
mm. Sirenídeos são totalmente aquáticos e habitam pântanos e lagos. Alimentam-se de 
invertebrados. São capazes de se enterrar na lama em lagos que estão secando por mais de um 
ano para evitar a desidratação. 
Os ovos dos indivíduos dessa família são depositados presos à vegetação na água ou 
em ninhos rudimentares. As fêmeas protegem as ninhadas. A fertilização é externa. As glândulas 
cloacais que produzem espermatozoides nos machos e estocam esperma nas fêmeas estão 
ausentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pseudobranchius axanthus 
 
Hynobiidae (53 espécies) 
São salamandras pequenas, chegando de 100 a 250 mm. São encontradas na Europa 
e Ásia. Realizam metamorfose completa, apresentando pálpebras e perdendo as brânquias 
quando adultos. Os pulmões podem ser reduzidos ou até ausentes em espécies totalmente 
aquáticas. 
 
 
 
25 
 
 
 
 
 
Batrachuperus tibetanus 
 
A fertilização é externa e pode ser direta ou por meio de espermatóforo que o macho 
deposita no chão. Os ovos são depositados em uma massa gelatinosa e presos a rochas. Muitas 
espécies habitam topos de montanhas, mesmo quando adultos. A maioria das espécies é 
terrestre e volta para a água para reprodução. O período de larvas pode durar até dois anos. 
 
Cryptobranchidae (três espécies) 
Encontram-se na China, Japão, Estados Unidos e Canadá. Realizam metamorfose 
incompleta. Adultos mantêm um par de brânquias e não possuem pálpebras. O corpo e a cabeça 
são achatados dorsoventralmente. São aquáticos e são as maiores salamandras existentes 
alcançando 1,8 m. Todas as espécies são encontradas em regiões de montanhas. 
A fertilização é externa e os ovos são depositados em cordões na água, embaixo de 
pedras, em ninhos construídos pelos machos. Muitas fêmeas podem depositar os ovos no 
mesmo ninho e consequentemente cada ninho pode conter até dois mil ovos. Os machos cuidam 
dos ninhos até que os descendentes alcancem a fase larval. 
 
 
 
 
 Cryptobranchus alleganiensis 
 
 
26 
 
Proteidae (seis espécies) 
São aquáticas, com grandes brânquias e nadadeiras caudais. Não possuem ossos 
Proteus anguinus maxilares e chegam a 45 cm de comprimento. Habitam lagos em cavernas na 
América do Norte sudeste da Europa e possuem pela esbranquiçada, corpo e patas finas e olhos 
reduzidos. 
 
Rhyacotritonidae (quatro espécies) 
São encontradas nos Estados Unidos. A família é caracterizada pela glândula de 
defesa posterior no ventre dos machos adultos. Ambas as larvas são adultas habitando regiões 
frias, sombreadas, com água corrente em florestas de coníferas. O tamanho máximo dos adultos 
alcança 60 mm. O período de larva pode variar de três a cinco anos. 
 
 
 
 
 
 Rhyacotriton cascadae 
 
Amphiumidae (três espécies) 
 
Assim como os sirenídeos, são alongados, aquáticos e sem pálpebras. No entanto, 
possuem quatro membros. Duas espécies alcançam 1,1m, mas a outra espécie tem apenas 35 
cm. A fertilização é interna, com machos depositando o espermatóforo diretamente na cloaca da 
fêmea durante a corte. Os ovos são depositados na lama próximo da água e são protegidos 
pelas fêmeas. Os membros da família são encontrados nos Estados Unidos. 
 
 
27 
 
 
 
 
 
Amphiuma means 
 
Plethodontidae (384 espécies, uma brasileira) 
Os pletodontídeos são os mais diversos entre as salamandras, com representantes em 
várias regiões dos trópicos. Nenhuma espécie possui pulmão e são caracterizados por um canal 
nasolabial que ajuda a quimiorrecepção. Esta família inclui uma das menores (30 mm) e maiores 
(320 mm) salamandras terrestres. A forma do corpo apresenta grande variação. Ocupam 
habitats terrestres, aquáticos, subterrâneos e arbóreos. Estão amplamente distribuídos graças à 
grande diversidade de locomoção, reprodução e alimentação. A espécie brasileira é a 
Bolitoglossa paraensis (Foto abaixo). 
 
 
 
 
 
Salamandridae (77 espécies) 
Possuem cerca de 200 mm de comprimento e a pele pode ser lisa ou muito rugosa. 
Alguns gêneros são terrestres outros aquáticos. Muitas espécies têm coloração aposemática e 
pele tóxica. A corte entre machos e fêmeas pode ser muito elaborada, geralmente envolvendo 
 
 
 
28 
 
prolongadas interações. A fertilização é interna e a biologia das espécies é bastante variada. 
Podem ser encontradas na América do Norte e Central, Ásia, África e Europa. 
 
 
 
 
 Salamandra salamandra 
 
Ambystomatidae (31 espécies) 
Alcançam de 100 a 300 mm de comprimento corpóreo. A metamorfose pode ser 
facultativa ou obrigatóriapara algumas espécies. A axalote mexicana Ambystoma mexicanus é 
permanentemente aquática e é utilizada em muitos estudos em biologia experimental e do 
desenvolvimento. Para muitas espécies, a reprodução ocorre na primavera, com ovos 
depositados em lagos de águas calmas. Podem ser encontradas na América do Norte e Central. 
 
 
 
 
 
 Ambystoma californiense 
 
 
 
 
 
 
29 
 
1.3 Diversidade dos Anfíbios 
 
 
Atualmente, são conhecidas 6.347 espécies de anfíbios em todo mundo, sendo que 
destas, 5.602 pertencem à classe Anura, 174 pertencem à Gymnophiona e 571 pertencem à 
Caudata. O Brasil é o país com maior riqueza de anfíbios, seguido pela Colômbia e Equador. A 
maioria das espécies faz parte do grupo dos anuros (808 espécies), seguido por cecílias (27 
espécies) e apenas uma espécie de salamandra. Para uma lista completa das espécies de 
anfíbios brasileiras acesse: www.sbh.org.br 
 
 
1.3.1 Diversidade de anfíbios e os biomas brasileiros 
 
 
Campos Sulinos 
O bioma Campos Sulinos abrange o extremo sul do Brasil e grande parte de países 
adjacentes como Uruguai e Argentina. É formado por regiões de campo denominadas “pampas”, 
onde predomina a vegetação de gramíneas e pequenos arbustos. O ecossistema típico é a 
pradaria, mas também são observados bosques nativos e terras úmidas. O clima da região é 
subtropical úmido, com as quatro estações bem marcadas. Essas formações de campos naturais 
vêm sendo constantemente alteradas devido às intensas atividades agropastoris desenvolvidas 
na região. 
Pouco se conhece sobre a fauna de anfíbios dos Campos Sulinos (Haddad & Abe, 
2002). No estado do Rio Grande do Sul, a falta de conhecimento sobre as espécies ocorrentes é 
um fator limitante na avaliação da situação de conservação dos anfíbios 
 
 
 
30 
 
Os estudos existentes são fragmentados, principalmente sobre descrição e taxonomia 
das espécies, sendo que praticamente não existem estudos envolvendo a ecologia das espécies. 
No entanto, tem sido observado que a maior atividade reprodutiva dos anuros ocorre no período 
quente do ano como tipicamente ocorre em climas temperados. 
Entre as espécies endêmicas dessa região, podem-se identificar duas associações: 
espécies associadas à ambientes serranos do Uruguai e sudeste do RS e espécies restritas aos 
ambientes de dunas arenosas sobre a encosta do rio do Prata e Oceano Atlântico. Algumas 
espécies de anuros comuns nesse bioma também são encontradas em outros biomas, graças a 
sua adaptação para áreas abertas. Também são conhecidas duas espécies de gimnofionas: uma 
espécie terrícola, de hábitos fossoriais e anéis corporais bem marcados; e outra espécie 
aquática, com anéis corporais pouco marcados (texto adaptado de Garcia et al., 2008). 
 
 
1.3.2 Mata Atlântica 
 
 
É um bioma complexo formado por vários ecossistemas onde predominam florestas 
densas. Originalmente ocupava grande parte do litoral brasileiro, estendendo-se também para os 
planaltos da região sul e sudeste. Neste bioma inserem-se também os ecossistemas de ilhas 
oceânicas, as praias, os costões rochosos, as dunas, as restingas, os manguezais e os campos 
de altitude. 
A Mata Atlântica abriga uma biodiversidade expressiva, representada por mais de 20 
mil espécies de plantas e duas mil espécies de vertebrados e cerca de 40% destas espécies são 
endêmicas, ou seja, só existem neste bioma. Com relação aos anfíbios, cerca de 400 espécies 
podem ser encontradas na Mata Atlântica e a maioria das espécies ocorre nos ambientes 
florestais (Floresta Ombrófila Densa). Isso se deve a três fatores principais: 
 
 
 
31 
 
1. Como já foi dito, os anfíbios são muito dependentes da umidade ambiente, portanto 
este tipo de floresta supre as necessidades, favorecendo a ocupação e sobrevivência de 
diversas espécies. 
2. A Floresta está frequentemente associada a terrenos montanhosos, que devem ter 
funcionado no passado como barreiras para os indivíduos, favorecendo o processo de 
especiação e, consequentemente, elevando o número de espécies, inclusive endêmicas. 
3. A alta heterogeneidade ambiental, ou seja, a grande diversidade de ambientes que 
podem ser usados pelos anfíbios como serrapilheira, bromélias, riachos, ocos de árvores, etc. 
Apesar do grande número de espécies de animais e plantas que vivem nesse bioma, 
ele vem sendo constantemente degradado desde o descobrimento do Brasil. Originalmente, este 
bioma cobria cerca de 1.300.000 km2 desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul e 
atualmente apenas 99.000 km2 (ou seja, cerca de 7% da sua extensão original) ainda estão 
preservados. Essa grande destruição do ambiente tem por consequência o declínio e a extinção 
de muitas espécies de animais e plantas que vivem na Mata Atlântica. (Texto adaptado de 
Haddad et al. 2008) 
 
 
1.3.3 Cerrado 
 
 
O bioma Cerrado localiza-se na porção central do Brasil, fazendo contato com a 
Amazônia, Caatinga, Floresta Atlântica e Pantanal. O Cerrado caracteriza-se por apresentar uma 
heterogeneidade de vegetação, sendo as principais: campo limpo; campo sujo; campo cerrado; 
cerrado sensu stricto; cerradão, florestas de galeria e matas ciliares. 
Nas últimas décadas, a ocupação do Cerrado, além de modificar o perfil da região e as 
relações entre as populações humanas ali existentes e o meio, acelerou o processo de 
degradação da diversidade biológica. O cerrado conserva cerca de 20% de sua vegetação 
 
 
32 
 
original e conta apenas com 1,2% de área protegida e pouco se fez para a conscientização da 
população humana sobre a importância da sua preservação. Podem ser encontradas 141 
espécies de anfíbios no Cerrado, destas 41 são endêmicas, o que reforça a importância deste 
bioma. A riqueza total de espécies de anuros encontradas no Cerrado é menor em relação às 
Florestas Amazônicas e Atlânticas, porém maior quando comparada com outros ambientes não 
florestais como Caatinga, Lhanos venezuelanos e Pantanal. 
Ainda são escassas as informações sobre história natural das espécies encontrada no 
Cerrado. As espécies de anuros do Cerrado apresentam, pelo menos, umas das seguintes 
características: a reprodução ocorre na estação chuvosa; indivíduos formam densas agregações 
em corpos de água; são de reprodução prolongada e são territoriais. 
Considerando a utilização de microambientes, os anfíbios podem ser classificados em 
quatro categorias: aquáticos, arborícolas, fossoriais e terrestres. Comparativamente, em alguns 
estudos em comunidades de anfíbios do Cerrado, há maior proporção de espécies fossoriais em 
relação aos biomas florestais. No entanto, em relação às savanas africanas, a proporção de 
espécies fossoriais é similar, o que reflete adaptações de espécies dos dois continentes a 
ambientes com forte sazonalidade climática. 
É possível fazer algumas generalizações a partir de estudos com comunidades no 
Cerrado: a abundância dos indivíduos é influenciada pelas chuvas e temperatura do ar; existe 
grande sobreposição no padrão de atividade entre as espécies; e há menor número de modos 
reprodutivos em comparação com biomas florestais. 
O Cerrado brasileiro é umas das 25 áreas de grande diversidade mais ameaçadas do 
planeta. Os órgãos governamentais já começaram a delinear estratégias para a conservação da 
biodiversidade considerando novas tendências. No entanto, ainda é deficiente o conhecimento 
sobre a fauna de anfíbios do cerrado e essa deficiência é mais grave em relação à ordem 
Gymnophiona. Novas pesquisas são necessárias para embasar decisões que direcionem a 
conservação das espécies deste bioma (Texto adaptado de Bastos, 2007). 
 
 
 
 
 
33 
 
1.3.4 Amazônia 
 
 
A Amazônia como um todo engloba o norte do Brasil, as Guianas e Parte da 
Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia. A Amazônia brasileira não constitui uma unidade 
biogeográfica isolada desses outros países, mas representaa maior parte desse bioma. Não 
existem publicações sobre anfíbios tratando desse bioma como um todo, sendo uma região 
carente de estudos. Felizmente, o número de estudo vem aumentando nos últimos anos a partir 
de diversos programas e convênios. 
Os últimos estudos mostram que a fauna de anfíbios da Amazônia brasileira é formada 
por 14 famílias, na maioria, anuros (221 espécies), nove espécies de gimnofionas e uma 
salamandra, representando 73% do total de espécies de anfíbios amazônicos. Aproximadamente 
82% das espécies de anfíbios que ocorrem na região amazônica são endêmicas. 
Quando pensamos em Amazônia, geralmente pensamos na floresta e esquecemos 
que a região engloba diversos outros ambientes, caracterizados como formações abertas, como 
os campos do Marajó e de Roraima. Estas áreas são nitidamente minoria na Amazônia e a fauna 
encontrada nessas regiões é diferente daquela da região florestal, já que cada espécie possui 
um conjunto de necessidades ecológicas e fisiológicas adaptadas a determinados ambientes. 
Considerando a sensibilidade dos anfíbios, as alterações ambientais têm um preço alto 
e mesmo que sejam indiretas, podem causar prejuízos a um grande número de espécies. Veja o 
exemplo de uma relação entre anfíbios e castanheiras. A castanheira produz um fruto grande 
que ao cair no chão é aberto por cutias. Elas removem as castanhas de dentro e deixam uma 
casca oca no chão. Essa casca retém água da chuva e durante a estação chuvosa é utilizada 
pelas espécies de anuros para depositar girinos ou desovas. A sobrevivência desses anuros 
depende da presença dos frutos abertos das castanhas no chão. Portanto, a eliminação da 
castanheira, das cutias ou dos agentes polinizadores da castanheira vai resultar no 
comprometimento para todas estas espécies. E assim também várias outras espécies de 
anfíbios da floresta amazônica apresentam necessidades específicas em relação ao hábitat em 
que vivem (Texto adaptado de Avila-Pires et al. 2007). 
 
 
34 
 
1.3.5 Pantanal 
 
 
O Pantanal é uma planície inundável com padrões de chuvas e enchentes sazonais e 
que apresenta diversos tipos de formações vegetais determinadas pelos regimes de inundações, 
tipos de solos e influência de outros biomas. No entanto, apesar da abundância e diversidade de 
habitats aquáticos e de suas interfaces com hábitat terrestres, não há nenhuma espécie 
endêmica de anfíbio. Isso indica que não existem barreiras geológicas ou climáticas para as 
espécies e que as colonizações nessa região são recentes. E essa colonização ainda está 
ocorrendo, principalmente a partir Cerrado, Chaco, Amazônia, e em menor extensão, da Floresta 
Atlântica e de Chiquitanos. 
Em planícies como o Pantanal, a alternância e a recorrência de inundações e secas 
prolongadas são os fatores ecológicos determinantes nos padrões de diversidade da maior parte 
dos processos ecológicos. O clima do pantanal possui duas estações bem-definidas: a seca 
(entre maio e setembro), e a chuvosa (outubro a abril). Assim, as comunidades são 
periodicamente estabelecidas devido à alternância entre ambiente terrestre e aquático na 
mesma área. 
A fauna de anfíbios conhecida para toda Bacia do Alto Paraguai é composta por 72 
espécies de anuros e uma de gimnofiona. No entanto, os anfíbios encontrados somente na 
planície de inundação consistem em 43 espécies de anuros e uma gimnofiona. Esses valores 
tendem a aumentar uma vez a cada novo inventário novos registros e/ou espécies novas são 
descritas. A maior parte da fauna de anfíbios do Pantanal tem ampla distribuição na planície 
inundável. É o caso das espécies Leptodactylus chaquensis, Leptodactylus podicipinus, 
Physalaemus albonotatus, Scinax nasicus e Scinax acuminatus. 
O conhecimento sobre os conjuntos da fauna de anfíbio em cada um dos distintos 
“pantanais” brasileiros é bastante desigual, sendo que algumas sub-regiões jamais foram alvos 
de coletas de material. Uma delas situa-se na porção norte da planície, o Pantanal do Corixo 
Grande e a outra na porção sul, o Pantanal do Leque do Taquari e podem ser consideradas 
prioritárias para realização de inventários. A conservação da biota do pantanal requer 
 
 
35 
 
necessariamente melhor conhecimento dos conjuntos de fauna e flora em distintas sub-regiões. 
Mais do que tudo, é necessário garantir a manutenção dos processos ecológicos, preservando o 
regime hidrológico da região (Texto adaptado de Strüssmann et al. 2007). 
 
 
1.3.6 Caatinga 
 
 
Ocupa uma área de aproximadamente 800.00km2 e é de modo geral melhor conhecido 
quanto sua fauna de répteis e anfíbios. Os solos rasos, os lajeados cristalinos, as irregularidades 
da chuva no tempo e no espaço, a abundância de cactáceas, a aridez e o aspecto da vegetação 
conferem identidade imediata à paisagem. Apesar disso, as Caatingas não devem ser 
consideradas homogêneas. 
Conhecem-se hoje, de localidades com características da caatinga semiárida, 48 
anuros e três gimnofionas. Durante algum tempo prevaleceu a ideia de que não tinha fauna 
própria. Hoje, se sabe que existem endemismos na Caatinga e que estão associados com solos 
arenosos. Uma importante área de endemismos está na região do campo de dunas do Rio São 
Francisco, caracterizado por gêneros e espécies que não ocorrem em nenhum outro tipo de 
habitat na região Neotropical. Contudo, essa descoberta é recente e resulta de grandes esforços 
de pesquisas. Assim, é possível que outras áreas ainda não amostradas possam conter também 
muitas espécies endêmicas. 
Existem também espécies de ampla distribuição pelos tipos variados de caatingas, 
como Bufo granulatus, Leptodactylus labyrinthicus e Leptodactylus troglodytes. No entanto, o 
conhecimento sobre os anfíbios da Caatinga ainda é fragmentado e precisa de mais estudos que 
ajudem a compreender os padrões e processos que determinam sua biodiversidade. 
A crescente ocupação humana obriga a delimitação de áreas para conservação e 
nesse sentido, durante um evento organizado pela Conservation International no Brasil foi 
elaborado um mapa com áreas prioritárias para conservação. Assegurando a preservação 
 
 
36 
 
dessas áreas, estaremos preservando não só a diversidade de espécies, como também a 
diversidade de paisagens que esse bioma abriga. (Texto adaptado de Rodrigues, 2003) 
 
 
1.4 Características gerais dos anfíbios 
 
 
A estrutura interna é semelhante entre as classes de anfíbios. Por meio de um 
esquema (Fig. 4) é possível observar a disposição dos componentes de cada sistema no corpo 
de um anfíbio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4. Disposição interna dos órgãos no corpo de um anuro. Note os componentes dos sistemas digestório, 
respiratório, circulatório, nervoso, excretor e reprodutivo de um macho. Figura adaptada. Disponível em: 
<www.proyectohormiga.org>. Acesso em: 17/08/2009. 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
1.4.1 A pele dos anfíbios 
 
 
A pele dos anfíbios é permeável à água e tem um papel importante na defesa, 
termorregulação, respiração e seleção de parceiros reprodutivos. A estrutura básica da pele é 
semelhante entre as ordens de Amphibia e é composta por uma epiderme externa e uma derme. 
As glândulas (muco e veneno), nervos, músculos, escamas (na cecílias) e células de pigmento 
estão na derme. 
As glândulas de muco podem ser de dois tipos: o primeiro tipo secreta muco que 
envolve o corpo dos animais e ajuda a evitar a desidratação. O segundo tipo é conhecido como 
glândula de reprodução. Em resposta ao hormônio androgênio, durante a estação reprodutiva, 
os machos de muitas espécies desenvolvem agrupamentos de glândulas de muco envolvidas na 
reprodução, chamados calos nupciais. Algumas vezes, as glândulas desenvolvem uma grande 
queratinização, podendo formar estruturas semelhantes a espinhos. Essas estruturas ajudam o 
macho a segurar a fêmea durante o amplexo. Em algumas espécies, estes espinhos também 
são usados no combate entremachos. As glândulas sexuais podem aparecer em várias partes 
do corpo e também ajudam a manter a pele do casal aderida durante amplexo. 
As glândulas granulares também são frequentemente encontradas em agrupamentos. 
Glândulas paratoides e as verrugas dorsais de muitos anfíbios e salamandras são exemplos 
desses agrupamentos e podem aparecer em muitas partes do corpo. Essas glândulas produzem 
secreções defensivas na forma de aminas, alcaloides, peptídeos, proteínas e esteroides. 
Centenas de compostos já foram identificados, alguns desses componentes tóxicos são 
sintetizados pelos anfíbios e outros podem ser obtidos por meio da alimentação. 
A secreção das glândulas granulares tem diversas ações fisiológicas e farmacológicas, 
mas seu papel na história natural dos anfíbios ainda não é compreendido. Em laboratório, as 
secreções mimetizam o efeito de vários hormônios, toxinas a outras secreções do sistema 
circulatório, nervoso e digestivo. Alguns têm atividade antibiótica que provavelmente funcionam 
como defesa contra os micro-organismos do ambiente. 
 
 
 
38 
 
1.4.2 Cor dos anfíbios 
 
 
A cor e a mudança de cor nos anfíbios é resultado de células pigmentares, os 
cromatóforos. Três tios de cromatóforos são encontrados e organizados em unidades 
cromatóforos. Os xantóforos (possuem pigmentos vermelho, amarelo e laranja), iridóforos (com 
pigmentos brancos ou prata), melanóforos (possuem melanina). A cor resultante que vemos é 
uma associação entre estas células ou a ausência de alguma delas. 
Mudanças de coloração corporal ocorrem pela mudança na distribuição dos pigmentos 
dentro das células pigmentares. Estas células têm mecanismos de contração ou relaxamento 
que concentram ou espalham o pigmento dentro das células. Essas mudanças são mediadas por 
hormônios 
 
 
 
1.4.3 Órgãos dos sentidos 
 
 
 
Olhos e visão: Os olhos estão protegidos por pálpebras móveis e glândulas lacrimais 
(protegendo o olho num meio seco e cheio de partículas estranhas como é o terrestre). As 
espécies que possuem olhos grandes e protuberantes alcançam um campo visual de 360o. 
Numa máquina fotográfica a imagem é focada no filme deslocando a lente para frente ou para 
trás. Os peixes, anfíbios e répteis focam os objetos dessa forma, deslocando o cristalino para 
perto ou longe da retina. Os anfíbios são capazes de reconhecer diferentes comprimentos de 
ondas da luz, mas ainda não há evidências que garantam que eles reconheçam cores. 
Os anfíbios possuem órgão pineal, que aparece como um ponto sem pigmentação na 
cabeça, entre os olhos. Está presente em girinos e adultos de alguns anuros. A função deste 
órgão está ligada à orientação no ambiente, pigmentação corporal e regulação da fisiologia 
adequada ao dia e noite. 
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39 
 
Olfato: O sistema olfativo está localizado e protegido pela parte anterior do crânio dos 
anfíbios. O olfato dos anfíbios possui um sistema acessório chamado órgão vomeronasal (órgão 
de Jacobson). A informação do olfato é recebida pelo epitélio das narinas e pelo epitélio 
sensorial do órgão de Jacobson por meio de um orifício na parte superior interna da boca dos 
anfíbios, as coanas. 
A função principal do olfato é a quimiorrecepção. Nas cecílias, o tentáculo é o receptor 
primário utilizado na localização de alimento e parceiros. Anuros usam o olfato na orientação, 
localização dos sítios reprodutivos e reconhecimentos das presas. As salamandras da família 
Pletodontidae possuem uma projeção nasolabial e são capazes de perceber os sinais químicos 
do substrato. 
 
Audição: O aparelho auditivo dos anfíbios é único entre os vertebrados, possuem uma 
combinação de estruturas que funcionam na transmissão das vibrações do substrato e 
especialmente em anuros, do som vindo do ar. Os ouvidos são formados pela membrana 
timpânica (que recebe as vibrações do ar) e em salamandras, cecílias e alguns anuros, o 
tímpano não está diferenciado. O ouvido médio, ou cavidade timpânica, está presente apenas 
em anuros. O ouvido interno, ou membrana labiríntica, consiste num sistema de fluídos 
encontrados em todos os anfíbios e auxilia também no equilíbrio. O ouvido interno é responsável 
pelo senso de equilíbrio dos anfíbios. É formado por canais semicirculares que detectam 
movimentos de rotação, gravidade e aceleração. 
Os anuros possuem um ouvido mais complexo, com o som externo sendo ampliado 
pela membrana timpânica e columela. Esse sistema é importante, pois permite que os anuros 
reconheçam uma grande variedade de sons. Os machos de anuros vocalizam durante a 
reprodução e assim atraem as fêmeas. Cada fêmea é capaz de reconhecer os sons emitidos por 
sua própria espécie e escolhe o macho pela vocalização. Esse é um canal de comunicação 
importante na atividade reprodutiva da maioria das espécies. 
 
Sistema de linha lateral: Esse sistema é formado por sensores epidérmicos 
distribuídos ao longo da cabeça e do corpo das larvas aquáticas, salamandras adultas aquáticas 
e membros da família Pipidae. Funciona como mecanorreceptor e é sensível ao movimento da 
água, ajudando no deslocamento dos indivíduos e percepção do ambiente. 
 
 
 
 
40 
 
1.4.4. Sistema circulatório 
 
 
A circulação nos anfíbios é dita fechada, pois o sangue permanece em vasos. Também 
é dupla, já que há o circuito corpóreo e o circuito pulmonar é incompleto porque há mistura do 
sangue venoso com o artérial no coração. 
O coração do anfíbio (Fig. 5) apresenta apenas três cavidades: dois átrios, nos quais 
há chegada de sangue ao coração; e um ventrículo, no qual o sangue é direcionado ao pulmão 
ou ao corpo do animal. O atrioesquerdo do coração coleta o sangue aerado, proveniente dos 
pulmões. O atriodireito recebe o sangue vindo do corpo. O ventrículo não está dividido, mas por 
meio da contração dessincronizada dos átrios e com a ajuda da válvula espiral, ocorre pouca 
mistura de sangue dentro do coração. Assim, o sangue oxigenado é levado para a cabeça e para 
o corpo, pelas artérias carótidas, sistêmica e troncus arteriosus, enquanto a maior parte do 
sangue pobre em oxigênio sai do coração passando pela artéria pulmonar (também 
pulmocutânea), sendo oxigenado pelos pulmões e pela pele. 
 
 
 
 
Figura 5. Fluxo de sangue arterial (flechas vermelhas) e venoso (flechas azuis). Figura adaptada de Hickman et al. 
2001. 
 
 
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41 
Além do sistema vascular que transporta o sangue, os anfíbios têm um sistema 
linfático bem desenvolvido formado por vesículas que recolhem proteínas, fluídos e íons dos 
espaços intercelulares dos tecidos. O sistema linfático também transporta água absorvida pela 
pele. Os anfíbios apresentam vesículas contráteis chamadas corações linfáticos que bombeiam 
fluídos por meio do sistema linfático. Os espaços linfáticos entre o músculo e a pele transportam 
e estocam água absorvida pela pele. 
 
 
 
1.4.5 Sistema respiratório 
 
 
 
Formado por brânquias (pelo menos em algum estágio da vida), pulmões, pele (Fig. 6) 
e mucosa bucal, que é coberta por epitélios úmidos e densamente irrigados. Esses órgãos 
funcionam separadamente ou em combinação, dependendo da etapa da vida do animal. Nas 
salamandras, de 30 a 90% das trocas gasosas ocorre na pele. A respiração bucofaríngica pode 
ser responsável por 1 a 7 % das trocas gasosas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 6. Esquema das trocas gasosas na pele de um anfíbio. A troca ocorre por difusão entre capilares sanguíneos 
e a epiderme fina e permeável. Disponível em: 
<http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/respiracaocutanea/imagens/cutanea12.jpg>. Acesso em: 17/08/2009. 
 
Nos adultos o aparelho respiratório começa pela narina externa que continua pela 
cavidade nasal que se comunica com a faringe, seguindo pela laringe, traqueia, brônquios e 
pulmões.Os pulmões utilizados quando adultos apresentam pequenas áreas com hematose. 
Algumas espécies de salamandras não apresentam pulmões, dependendo totalmente da pele e 
da cavidade bucal para a absorção de oxigênio. Os anuros não possuem tórax individualizado, a 
ventilação é realizada por bombeamento bucal de ar para o interior e não é contínua (Fig. 7) 
No caso dos anuros, o fato de terem sido inicialmente aquáticos e ter se 
metamorfoseado num animal terrestre, faz com que ele sofra uma enorme transformação 
interna. O pulmão se desenvolve e o animal começa a respirar mais profundamente. A formação 
interna dos pulmões está relacionada com a formação externa dos membros e esses dois 
processos ocorrem simultaneamente. 
 
 
 
 
 
43 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 7. Processo respiratório dos anuros: A, o ar é inspirado e mantido na boca; B, com as narinas 
fechadas o ar é forçado para os pulmões; C, a glote fecha o ar nos pulmões, podendo ocorrer troca de ar na boca; 
D, o ar é forçado para fora. Figura adaptada de Hickman et al. 2001. 
 
 
 
 
1.4.6 Sistema digestório 
 
 
 
Apresenta tubo digestivo completo com boca, faringe, esôfago, estômago, intestino 
delgado, intestino grosso, terminando em uma cloaca. Os órgãos anexos presentes são fígado e 
pâncreas. Um par de narinas em comunicação com a cavidade bucal, fechadas por válvulas que 
impedem a entrada de água onde se realiza a percepção química. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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44 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 8. Protração da língua de um anfíbio para capturar o alimento. Disponível em: <www.ra-bugio.org.br.> 
Acesso em: 17/08/2009. 
 
 
A boca é larga e sem dentes, a língua, é bem desenvolvida, fica presa na região 
anterior da mandíbula, podendo ser projetada para fora, para a captura de presas, geralmente 
insetos e outros invertebrados. (Fig. 8) Alguns anfíbios têm uma espécie de dente no céu da 
boca (dentes vomerianos) que ajuda a imobilizar a presa. Na Floresta Amazônica e na região 
Centro-Oeste do Brasil existem espécies de rãs, que vivem o tempo todo dentro da água, que 
não possuem língua e capturam as presas dentro da água com a boca da mesma forma que os 
peixes. 
 
 
 
1.4.7 Sistema excretor 
 
 
 
No metabolismo celular são produzidas excreções, que devem ser eliminadas. 
Algumas, como o CO2 são libertadas pelas superfícies respiratórias, mas os resíduos devem ser 
retirados pelos sistemas excretores. O sistema excretor também precisa gerenciar o conteúdo 
hídrico do corpo. 
 
 
 
 
45 
Assim, todos os sistemas excretores realizam três processos fundamentais: filtração 
seletiva dos fluidos corporais através de membranas, condicionada ao tamanho das moléculas, 
em que moléculas úteis podem ser igualmente filtradas; regresso ao meio interno, nas 
quantidades adequadas, de substâncias anteriormente filtradas mais úteis ao organismo; 
secreção ativa de substâncias dos fluidos corporais para zonas do sistema já consideradas meio 
externo. 
O sistema excretor dos anfíbios apresenta rins mesonéfricos que são ligados por 
ureteres à bexiga, que por sua vez está ligada à cloaca. No estado larval, o produto de sua 
excreção é a amônia, porém no estado adulto excretam ureia. A ureia, formada no fígado (com 
gasto de energia) a partir da amônia, é o modo encontrado pelos mamíferos, peixes 
cartilaginosos e anfíbios para reduzir a toxicidade e a solubilidade dos resíduos. Também é 
retirada dos fluidos pelos rins e excretada sob a forma de urina. 
 
 
 
1.4.8 Sistema reprodutor 
 
 
 
É formado pelas gônadas, dutos urogenitais e corpos de gordura. Os machos 
apresentam um par de testículos presos aos rins. Os testículos aumentam de tamanho e 
comprimento durante a estação reprodutiva e em algumas espécies se tornam pigmentados. Em 
anuros, os testículos são estruturas esferoides (Fig. 9 A) na região ventral dos rins. Geralmente, 
possuem cerca da metade do tamanho dos rins, mas em algumas espécies são muito maiores. 
Não são lobados em anuros, mas são em salamandras. O testículo das cecílias é alongado e 
lobado e os lobos são conectados por um duto longitudinal. Espermatogênese ocorre nos lóbulos 
dos testículos e o esperma é transportado pelos dutos aos rins via dutos eferentes, 
transportando para cloaca via os dutos de Wolffian. 
Os ovários também são encontrados em par e presos aos rins (Fig. 9 B). O ovário 
consiste em uma pele fina que engloba os folículos ovarianos. Os ovários podem ter ovócitos em 
diversas fases de desenvolvimento, que em muitas espécies, assumem uma pigmentação 
diferente a cada fase. O processo de vitelogênese é o acúmulo de nutrientes para o 
 
 
 
 
46 
desenvolvimento embrionário no citoplasma do gameta. Quando maduros, os ovócitos são 
levados ao oviduto e são liberados pela cloaca. 
Os corpos de gordura estão associados às gônadas e são característicos de todos os 
anfíbios. Em salamandras, estão na forma de tiras longitudinais entre as gônadas e os rins. Em 
anuros, estão em gomos estreitos agregados à parte anterior das gônadas. Cecílias geralmente 
possuem muitos corpos de gordura foliares ao longo do corpo. Os corpos de gordura são 
compostos de folículos adiposos e são fontes de energia utilizadas durante a maturação das 
gônadas. Como consequência, são encontrados em menor quantidade antes da reprodução. 
A cloaca é o receptor comum de o canal alimentar, canal de Wolffian, ovidutos e 
bexiga. Nas salamandras com fertilização interna, a cloaca é modificada pela presença de 
glândulas sexualmente dimórficas em estrutura e função. Nestas salamandras, o esperma é 
transferido para o corpo da fêmea envolto numa cápsula gelatinosa (espermatóforo). Para que 
esse processo aconteça com eficácia deve existir muita coordenação de movimentos, obtida por 
complicados rituais de acasalamento. A cloaca das cecílias também é dimórfica e os machos 
possuem um órgão copulatório protrátil, o falodeu. 
 
 
 
 
 
 
 
A B 
Figura 9. Sistema reprodutor masculino (A) e feminino (B). Figuras adaptadas de Duellman & Trueb, 
1994. 
 
Ovos 
 
A maioria deposita os seus ovos na água, mas algumas depositam na terra e outras 
ainda retêm os ovos no interior do corpo de formas diversas (ver modos reprodutivos). Podem 
ser postos, apenas dois ou três ovos, soltos ou em cordões, mas algumas espécies atingem os 
50000 ovos por postura. O tamanho dos ovos pode vaiar. Em anuros, o maior registro é de 12 
mm de diâmetros em Gastrotheca cornuta, uma espécie que carrega os ovos nas costas. Em 
 
 
 
 
47 
salamandras, os ovos são em média de 6 mm. Mas o maior ovo de anfíbio registrado é o de uma 
cecília, Ichthyophis glutinosus, com 35 mm de diâmetro. 
Os ovos contêm uma grande quantidade de vitelo e são envolvidos por uma capa 
gelatinosa que seca rapidamente em contacto com o ar, mas não têm anexos embrionários. Nas 
espécies que colocam os ovos em terra ou os retêm, o desenvolvimento é direto, ou seja, a larva 
permanece no ovo até emergir como uma miniatura do adulto. Estas espécies têm a vantagem 
de se libertarem da dependência da água para a reprodução, já que não existe fase larvar 
aquática. 
Ovos de anfíbios que são depositados em locais expostos ao sol, apresentam depósito 
de melanina no pólo animal do ovo. Essa ocorrência indica que a melanina pode ajudar a 
proteger o embrião dos raios ultravioleta e aumentar a temperatura durante o desenvolvimento. 
Vários fatores ambientais influenciam o desenvolvimento do embrião e muitas espécies não se 
desenvolvem em ambientes que não possuem tais características. A temperatura, pH, oxigênio 
dissolvido, salinidade são alguns fatores que influenciam o desenvolvimento dos ovos. 
 
 
Larvas 
São descritas por suas características externas como tamanho, forma, presença ou 
ausência de determinadas estruturas. Muitas dessas características refletem diferençasnos 
processos vitais dos organismos e podem ser usadas na identificação das espécies. 
Assim como os ovos, as larvas de anfíbios também possuem exigências ambientais 
para seu desenvolvimento. Temperatura, luminosidade, salinidade, oxigênio e disponibilidade de 
alimentos são alguns fatores ambientais importantes e as espécies apresentam características 
morfológicas e ecológicas relacionadas com o ambiente que ocupam. 
As larvas de anuros, geralmente são encontradas nas margens de lagos ou em corpos 
d’água temporários, onde se alimentam raspando os substratos ou consumindo partículas 
suspensas na água. Essas características requerem adaptações morfológicas completamente 
diferentes das que os indivíduos adultos exibem. As larvas de salamandras e cecílias também 
são aquáticas. No entanto, são mais alongadas, e principalmente, são semelhantes aos adultos. 
 
 
 
 
48 
CECÍLIAS: As larvas são mais curtas que os adultos, possuem uma pele fina, longas 
brânquias, sistema de linha lateral, dentição adulta e uma nadadeira caudal. Os olhos são 
cobertos por uma pele e osso. O tentáculo não aparece até a metamorfose. 
SALAMANDRAS: as larvas são menores que os adultos, com brânquias externas, 
nadadeira caudal, dentição larval, uma língua rudimentar, arcada maxilar não desenvolvida 
completamente. Os olhos não possuem pálpebras. Possuem os quatro membros bem 
desenvolvidos e começa a se alimentar logo após a saída do ovo. Três tipos de larvas de 
salamandras são conhecidos, basicamente diferenciadas em função das brânquias, cobertura do 
opérculo e desenvolvimento da nadadeira caudal. 
ANUROS: Os girinos lembram peixes. O corpo é curto, ovoide e com uma cauda 
musculosa com nadadeiras. Não possuem pálpebras. A boca é larga e apresenta anexos 
adaptados para cada hábito alimentar. No início do desenvolvimento, possuem brânquias. Com o 
passar do desenvolvimento, as brânquias são encobertas e um opérculo (abertura externa que 
permite a saída de água do corpo) pode ser observado. Possuem um intestino longo e enrolado. 
Não há estômago, porém no local, há uma glândula que secreta enzimas digestivas. Muitos tipos 
de larvas de anfíbios podem ser observados (Fig. 10), principalmente em função da grande 
diversidade de hábitos de vida. Podem variar no hábito alimentar, velocidade do corpo d’água, 
estrato do corpo d’água (superfície, meio ou fundo; margem ou fundo) e outras características. 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 10. Vista ventral de diferentes formas de girinos, seus ornamentos bucais e posição do opérculo. Figuras 
adaptadas de Duellman & Trueb, 1994. 
 
 
 
 
49 
1.4.9 Metamorfose 
 
 
A metamorfose de girino em juvenil resulta de profundas mudanças na organização 
interna e externa dos anuros. Essa é a principal diferença da metamorfose dos anuros 
comparada a das salamandras e cecílias. Três grandes mudanças ocorrem durante a 
metamorfose: regressão de estruturas e funções que são importantes apenas para as larvas; 
transformação da estrutura das larvas em uma estrutura funcional para os adultos; e 
desenvolvimento de estruturas e funções novas, essenciais aos adultos. Todos os processos 
envolvidos no crescimento e metamorfose são controlados por hormônios. Alguns hormônios 
importantes são: os hormônios da tireoide, do hipotálamo e da pituitária. 
Podem ser identificadas 46 fases desde o desenvolvimento do embrião até a completa 
metamorfose de acordo com a alteração das estruturas corporais nos girinos e juvenis. As 
alterações que ocorrem durante a metamorfose podem ser classificadas em três estágios 
básicos: 
1. Pré-metamorfose: crescimento e desenvolvimento de estruturas larvais, mas ainda 
não ocorrem mudanças. Essa fase só é observada em anuros. 
2. Pró-metamorfose: continua o crescimento, principalmente dos membros e início de 
pequenas mudanças. 
3. Clímax: período de mudanças radicais, com perda de características larvais. Em 
anuros, essa fase é marcada pela regressão inicial da cauda. A regressão completa marca o fim 
da metamorfose. 
 
 
 
 
 
 
 
50 
1.5 História Natural e Ecologia 
 
 
1.5.1 Hábitos alimentares 
 
 
A estratégia de alimentação dos anfíbios inclui a escolha da presa e a forma como é 
localizada, capturada e ingerida. O tamanho e tipo de presas estão relacionados com o modo de 
procura. Na procura ativa, os predadores buscam constantemente as presas, consumindo itens 
pequenos, abundantes, de fácil encontro e de difícil digestão, resultando em uma grande 
quantidade de presas ingeridas e baixo custo de captura. Na estratégia conhecida como senta-
espera, o predador move-se pouco, consumindo as presas que se aproximam dele. Nesse caso, 
as presas são grandes, móveis, de fácil digestão e capturadas em pequena quantidade (Toft, 
1981). 
A herbivoria é limitada aos girinos de anuros, que consomem principalmente algas, há 
alguns indivíduos adultos de sapos e pererecas que consomem folhas e frutos. Nos indivíduos 
adultos, o consumo de vegetais pode ajudar a eliminar parasitas. Pouco é conhecido sobre as 
necessidades nutricionais dos girinos. Em algumas espécies, os girinos alimentam-se apenas de 
vitelo, em outras espécies, as fêmeas depositam ovos não fecundados na água para alimentar 
os girinos que ali se desenvolvem. Os demais anfíbios (cecílias, salamandras e anuros adultos) 
são carnívoros e devido ao tamanho reduzido, suas dietas são predominantemente compostas 
de artrópodes. Porém, consomem também pequenos moluscos, larvas e pequenos vertebrados 
(Zug, 1993). 
Indivíduos de uma mesma espécie podem diferir nos tipos e quantidades de presas 
consumidas. Por exemplo, populações que vivam em regiões geográficas diferentes podem 
apresentar dietas diferentes. Isso porque a oferta de presas pode ser diferente em cada 
ambiente. Também pode ter diferença na dieta de indivíduos da mesma espécie que vive em um 
mesmo local. Essas diferenças diminuem a competição entre eles ou podem estar relacionadas 
 
 
 
51 
com o uso do ambiente. Por exemplo, os indivíduos que permanecem mais longe da água, estão 
expostos a presas diferentes dos indivíduos que permanecem mais perto da água. Também 
pode haver diferenças na dieta entre machos e fêmeas, entre indivíduos grandes e pequenos e 
ainda entre jovens e adultos. 
Representantes de algumas famílias podem ser consideradas especialistas, ou seja, 
consomem principalmente ou exclusivamente um único tipo de presa. Por exemplo, 
representantes da família Dendrobatidae (animais pequenos, coloridos e venenosos) não são 
capazes de produzir seu veneno. As substâncias tóxicas que eles secretam na pele são retiradas 
das formigas que eles consomem em grande quantidade. No entanto, a maioria dos anfíbios é 
generalista, ou seja, consome as presas de acordo com a disponibilidade no ambiente e com o 
tamanho de sua boca, já que não são capazes de mastigar o alimento. 
 
 
1.5.2 Estratégias reprodutivas 
 
 
Um atributo essencial para a sobrevivência de qualquer espécie é a capacidade de 
produzir gerações futuras. Uma estratégia reprodutiva deve ser vista como uma combinação de 
fatores fisiológicos, ecológicos e comportamentais que agem juntos para produzir um número de 
descendentes em cada condição ambiental. Os padrões de reprodução são modificados pela 
seleção natural para produzir estratégias com a melhor aptidão. Alguns componentes 
importantes na estratégia reprodutiva são: 
1. Fatores endógenos e ambientais da gametogênese; 
2. Fecundidade, incluindo número e tamanho dos ovos e frequência de oviposição; 
3. Duração do desenvolvimento; 
4. Idade da primeira reprodução; 
 
 
 
52 
5. Esforço reprodutivo, incluindo cuidado parental. 
Os ciclos reprodutivos estão sujeitos ao controle hormonal. Por exemplo, as secreções 
da pituitária controlam a atividade das gônadas e as características reprodutivas secundárias em 
machos de anuros e salamandras. Os ciclos espermatogênicos são

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