Buscar

Direito Administrativo e Internacional - Introdução ao Direito Administrativo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 31 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Documento não controlado - AN03FREV001 
3 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO I 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição 
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido 
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
5 
 
SUMÁRIO 
 
 
MÓDULO I 
1 INTRODUÇÃO 
1.1 CONCEITO 
1.2 FONTES 
1.2.1 Conceito 
1.2.2 Classificação 
1.3 RELAÇÕES DO DIREITO ADMINISTRATIVO COM OUTROS RAMOS DO 
DIREITO 
1.3.1 Direito Constitucional 
1.3.2 Direito do Trabalho 
1.3.3 Direito Tributário e Direito Financeiro 
1.3.4 Direito Civil 
1.3.5 Direito Eleitoral 
1.3.6 Direito Processual Civil e Penal 
1.3.7 Direito Penal 
1.4 PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO 
1.4.1 Conceito de Princípio 
1.4.2 Princípios da Supremacia e Indisponibilidade dos Interesses Públicos 
1.5 PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
1.5.1 Legalidade 
1.5.2 Moralidade 
1.5.3 Impessoalidade ou Finalidade 
1.5.4 Publicidade 
1.5.5 Hierarquia 
1.5.6 Fiscalização 
1.5.7 Eficiência 
1.6 OUTROS PRINCÍPIOS IMPORTANTES 
1.6.1 Princípio da Motivação 
1.6.2 Princípio da Razoabilidade 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
6 
1.6.3 Princípio da Proporcionalidade 
1.6.4 Princípio da Autotutela 
1.6.5 Princípio da Tutela ou Controle 
1.6.6 Princípio da Presunção de Legitimidade ou da Veracidade 
1.6.7 Princípio da Continuidade 
1.6.8 Princípio da Especialidade 
1.6.9 Princípio da Segurança Jurídica 
 
 
MÓDULO II 
2 CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
2.1 ATIVIDADE ADMINISTRATIVA 
2.2 BENS PÚBLICOS 
2.2.1 Conceito 
2.2.2 Classificação 
2.3 ÓRGÃO PÚBLICO 
2.4 CLASSIFICAÇÃO DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS 
2.5 AGENTE PÚBLICO 
2.5.1 Conceito 
2.5.2 Cargo, Emprego e Função 
2.6 SERVIÇOS PÚBLICOS 
2.6.1 Conceito 
2.6.2 Gratuidade e Serviço Essencial 
2.6.3 Serviço Público em Espécie 
2.6.4 A Importância do Concurso Público 
 
 
MÓDULO III 
3 CONCEITO DE PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
3.1 ESPÉCIES DE PODERES ADMINISTRATIVOS 
3.1.1 Poder Vinculado 
3.1.2 Poder Discricionário 
3.1.3 Poder Hierárquico 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
7 
3.1.4 Poder Disciplinar 
3.1.5 Poder Regulamentar 
3.1.6 Poder de Polícia 
3.2 O ADMINISTRADOR PÚBLICO 
3.3 OS PODERES E DEVERES DO ADMINISTRADOR PÚBLICO 
3.3.1 Poder-Dever de Agir 
3.3.2 Dever de Eficiência 
3.3.3 Dever de Probidade 
3.3.4 Dever de Prestar Contas 
3.3.5 O Uso e Abuso de Poder 
3.3.6 Excesso de Poder 
3.3.7 Desvio de Finalidade 
3.3.8 Omissão da Administração 
3.4 RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO 
 
 
MÓDULO IV 
4 CONCEITO DE ATOS ADMINISTRATIVOS 
4.1 REQUISITOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS 
4.1.1 Competência 
4.1.2 Finalidade 
4.1.3 Forma 
4.1.4 Motivo 
4.1.5 Objeto 
4.2 ATRIBUTOS 
4.2.1 Presunção de Legitimidade 
4.2.2 Imperatividade 
4.2.3 Autoexecutoriedade 
4.3 CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS 
4.3.1 Gerais 
4.3.2 Individuais 
4.3.3 Atos Internos e Externos 
4.3.4 Atos de Império, Gestão e de Expediente 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
8 
4.4 ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS 
4.4.1 Atos Normativos 
4.4.2 Atos Ordinários 
4.4.3 Atos Negociais 
4.4.4 Atos Enunciativos 
4.4.5 Atos Punitivos 
4.5 INVALIDAÇÃO, ANULAÇÃO E REVOGAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS 
4.5.1 Invalidação 
4.5.2 Anulação 
4.5.3 Revogação 
 
 
MÓDULO V 
5 CONCEITO DE CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 
5.1 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS 
5.2 ESPÉCIES DE CONTRATOS 
5.3 FORMALIZAÇÃO, EXECUÇÃO E INEXECUÇÃO 
5.3.1 Formalização 
5.3.2 Execução 
5.3.3 Inexecução 
5.4 REVISÃO E RESCISÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO 
5.4.1 Revisão 
5.4.2 Rescisão 
5.5 CLÁUSULAS DE PRIVILÉGIOS OU EXORBITANTES 
 
 
MÓDULO VI 
6 LICITAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA 
6.1 CONCEITO, OBJETO E FINALIDADE 
6.2 PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO 
6.3 MODALIDADES DA LICITAÇÃO 
6.4 OBRIGATORIEDADE, DISPENSA E INEXIGIBILIDADE DA LICITAÇÃO 
6.5 ANULAÇÃO E REVOGAÇÃO DA LICITAÇÃO 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
9 
7 ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA 
7.1 PESSOAS JURÍDICAS QUE COMPÕEM A ADMINISTRAÇÃO INDIRETA 
7.1.1 Autarquias 
7.1.2 Autarquias de Regime Especial 
7.1.3 Fundação 
7.1.4 Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista 
7.1.5 Consórcio Público 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
10 
 
MÓDULO I 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
Antes de analisar o Direito Administrativo, precisamos entender a noção de 
direito, tronco que dá a origem de todos os ramos do direito. O que é o direito? 
Segundo um filósofo italiano, Francesco Carnelutti, “o direito nasce de certas 
necessidades econômicas do homem, e que se não houvesse encontrada solução 
para tais necessidades é provável que o homem não tivesse sobrevivido ao desafio 
da evolução.” (CARNELUTTI, 2008, página 42). 
Na conceituação de Ihering, “direito é o complexo das condições existenciais 
da sociedade, asseguradas pelo poder público.” (IHERING, 2002, página17). 
Conforme Paulo Nader, “o direito é um conjunto de normas de conduta social 
imposta pelo Estado, para a realização da segurança, segundo os critérios de 
justiça.” (NADER, 2007, página 12). Para Miguel Reale, “seria a vinculação bilateral 
atributiva da conduta humana para a realização ordenada dos valores de 
convivência.” (REALE, 1994, página 19). 
São tantos os autores e filósofos sobre o assunto que uma definição 
completa é um pouco difícil de ser formada. Mas será que vocês têm dúvida de que 
o direito estará presente quando acontecerem batidas de carro, problemas com 
produtos ou serviços, questões trabalhistas ou tributárias? Por exemplo, uma dona 
de casa, quando adquire uma simples caixa de fósforos no supermercado, realiza 
um contrato de compra e venda. Ao tomarmos um trem, metrô, ônibus ou qualquer 
transporte público realizamos inconscientemente um contrato de transporte, 
mediante o simples pagamento de passagem, pois se ocorrer um acidente do qual 
resulte lesão ou morte de alguém, segundo as regras de direito, será a 
transportadora obrigada a indenizar os prejuízos, envolvendo danos emergentes e 
lucros cessantes, isto é, tudo aquilo que a vítima perder e aquilo que deixar de 
ganhar em razão do acidente, pelo restante de sua sobrevida. 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
11 
Como vimos, a todo o momento estamos vivendo relações de direito sem 
que percebamos. Tudo em nossas casas foi adquirido de alguém, usamos energia, 
gás e água em nossos lares, andamos de condução por vias públicas e o próprio ato 
de andar em uma rua já causa relações de direito, todos os dias, a todo o momento, 
mesmo que não saibamos se estamos sob a proteção de nossa sociedade e com os 
deveres que a vida social nos exige. 
Será que uma pessoa que vive em uma ilha deserta possui algum direito? 
Depende. Será que ela tem outro ser humano para se relacionar, convive com 
alguém? Se a resposta for negativa podemos afirmar que não, afinal ela não possui 
deveres com ninguém e também não existe ninguém para cobrá-la. Então, como 
poderemos falar em direito? 
A palavra direito pode ser utilizada com significados diferentes. Fala-se: 
 Em direito para indicar o conjunto de normas ou regras de conduta 
coativamente impostas pelo poder estatal; 
 Que o direito é formadoa partir da cultura ou valores morais de um povo mais 
primitivamente exposto por meio de seus costumes. O direito serve-se 
daqueles valores morais tidos na sociedade como mais relevantes e cerca-os 
de obrigatoriedade, própria da norma ou regra, como a vida e a propriedade; 
 Que o direito é uma ciência social que se preocupa com o estudo das normas 
que disciplinam a conduta do homem em sociedade, visando à harmonia do 
convívio e ao bem comum; 
 Que o direito se preocupa com o estudo das normas que disciplinam a 
conduta do homem em sociedade, visando à harmonia do convívio e ao bem 
comum; 
 Que o direito é a ordenação da conduta humana em sociedade, por meio de 
normas coercitivamente impostas pelo Estado e garantidas por um sistema de 
sanções peculiares; 
 Que o direito é destinado a organizar a sociedade e disciplinar a conduta 
humana na convivência social, ou seja, serve para manter harmonia na 
sociedade, ou seja, o direito mantém o equilíbrio das relações humanas. 
 
Assim, chegamos a uma importante conclusão de que não é tarefa simples 
definir o que seja o direito, pois o vocábulo abrange uma série de significados. 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
12 
Entendemos que o direito invade e domina a vida social desde as mais humildes às 
mais solenes manifestações – quer se trate de relações entre indivíduos, quer entre 
o indivíduo e o grupo social, como família e o Estado, ou seja, que o direito nasceu 
para regular as relações humanas, estabelecendo regras de conduta, um mínimo de 
ordem e direção, que sem ele seria uma desordem social, a desarmonia entre os 
seres humanos. 
O estudo do direito administrativo tem grande importância no curso de 
direito, pois a atividade da administração expandiu-se muito, de modo que a sua 
presença se nota em quase todas as ordens da vida social. O direito administrativo 
tem uma série de peculiaridades que o diferenciam dos outros ramos do direito. 
Entre todas elas sobressai o fato de que um dos sujeitos que intervém nas relações 
jurídicas que constituem estas leis é, precisamente, a Administração que, como 
parte das estruturas do poder, ocupa uma posição de proeminência em relação aos 
particulares. 
Nas relações que regulam as leis administrativas aparece invariavelmente 
um sujeito público. Por isso o direito administrativo é uma parte do direito público. É 
ramo do Direito Público Interno, uma vez que disciplina as relações jurídicas em que 
predominam os interesses do Estado e disciplina a Administração Pública. Sendo 
assim, tem por objeto a administração pública. É importante lembrar que o direito 
público é o que se compõe predominantemente de normas de ordem pública, que 
não podem ser modificadas por acordo das partes, como o direito penal ou o próprio 
direito administrativo. 
Para entender o direito administrativo há de se ter em mente que existe 
desigualdade jurídica entre a administração e os administrados, existe presunção de 
legitimidade dos atos desta. Desigualdade jurídica entre a administração e os 
administrados significa que é a supremacia da administração pública sobre os 
administrados, que não são postos no mesmo patamar jurídico. A atuação da 
administração pública será sempre presumivelmente legítima, visto que decorre de 
um comando legal. 
A presunção é relativa porque o administrado poderá provar que a 
administração agiu sem a ordem legal, lesionando direito particular. Quase não há 
uma carreira em que não se necessite do conhecimento do direito administrativo. 
 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
13 
 
1.1 CONCEITO 
 
 
O direito administrativo no Brasil, originário do direito francês, tem como 
objeto o estudo do estatuto dos órgãos públicos administrativos do Estado, bem 
como de toda a estruturação de suas atividades e serviços públicos, e a análise dos 
procedimentos tendentes ao cumprimento das tarefas do Poder Público, ou seja, o 
direito administrativo – além de cuidar da regulamentação dos serviços públicos – 
tem como função a execução desses serviços, bem como a regulamentação das 
relações existentes entre a Administração Pública e seus administrados. 
Na visão de alguns autores, como José Cretella Júnior: 
 
 
“Direito Administrativo é o ramo do Direito Público interno que regula a 
atividade jurídica não contenciosa do Estado e a constituição dos órgãos e 
meios de sua ação, ou seja, o ramo do Direito Público que rege a ação do 
Estado para a consecução dos seus fins.” (CRETELLA JÚNIOR, 2004, 
página 98). 
 
 
Celso Ribeiro Bastos (2002, página 122) define como “o ramo do direito que 
regula um dos poderes do Estado, qual seja, o Executivo.” Hely Lopes Meirelles 
define o direito administrativo como sendo “um conjunto harmonioso de princípios 
jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas tendentes a 
realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado.” 
(MEIRELLES, 2007, página 49). 
O Direito Administrativo é composto tanto de normas jurídicas como de 
princípios jurídicos. Cuida do regime aplicado à função administrativa, ou seja, 
disciplina as atividades e os órgãos estatais, para o bom funcionamento da 
Administração Pública. Assim sendo, o Estado atua na administração, legislação e 
jurisdição. Em todos eles pede orientação do Direito Administrativo, no que concerne 
à organização e funcionamento de seus serviços. No que diz respeito ao poder 
legislativo e judiciário, há independência. Assim, do funcionamento estatal só se 
afasta o direito administrativo quando em presença das atividades especificamente 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
14 
legislativas, na criação de lei, ou judiciárias, como as decisões judiciais, que são 
funções típicas dos poderes. 
Dessa forma, o direito administrativo rege toda e qualquer atividade de 
Administração, provenha ela do Executivo, do Legislativo ou do Judiciário. Então, 
pode-se dizer que o Direito Administrativo rege toda e qualquer atividade de 
administração, sendo ela do Executivo, do Legislativo ou do Judiciário. É o conjunto 
de normas que regem a administração pública, seja na estrutura e pessoal do 
serviço público, ou seja, o ramo do direito público que tem por objeto os órgãos, 
agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a administração pública, a 
atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a 
realização de seus fins, de natureza pública. 
Assim, podemos concluir que o direito administrativo pode ser definido como 
direito público que concentra os princípios e normas jurídicas regentes dos órgãos, 
agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a administração pública, 
em todos os níveis, sendo a União, Estados, Distrito Federal e Municípios, bem 
como regente das atividades públicas direcionadas a realizar os fins almejados pelo 
Estado. 
 
 
1.2 FONTES 
 
 
1.2.1 Conceito 
 
 
Fonte é o lugar de onde brota, por meio da terra, a água. Vulgarmente, é o 
ponto de partida de alguma coisa. Fontes na Ciência Jurídica são as formas pelas 
quais se revela o direito. O termo “fonte jurídica” é empregado metaforicamente, 
pois, em sentido próprio fonte é a nascente de onde brota uma corrente de água. É a 
exteriorização do direito ou a sua formalização. 
 
 
 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
15 
 
1.2.2 Classificação 
 
 
O tema relacionado às fontes do direito é normalmente abordado por todas 
as obras de Introdução à Ciência do Direito, decorrendo daí a indagação: por que 
também examiná-la no direito administrativo? É o que veremos a seguir. Costuma-se 
classificar as fontes do direito em Materiais e Formais. As Fontes Materiais são as 
responsáveis pela elaboração do direito. A palavra material vem de matéria, 
substância, essência, razão pela qual é usada para indicar aquelas fontes que 
verdadeiramente têm substância de fonte. Por isso as fontes materiaissão também 
chamadas de fontes Substanciais ou de Produção. 
Assim, as fontes materiais não são, portanto, o direito positivo, mas tão-
somente o conjunto de valores e de circunstâncias sociais que, constituindo o 
antecedente natural do direito, contribui para a formação do conteúdo das normas 
jurídicas, que, por isso, têm sempre a configuração determinada por esses fatores, 
que também encerram potencialmente as soluções que devem ser adotadas na 
aplicação das normas jurídicas. 
Em suma, as fontes materiais consistem no conjunto de fatos sociais 
determinantes do conteúdo do direito e nos valores que o direito procura realizar 
fundamentalmente sintetizado no conceito amplo de justiça. As Fontes Formais são 
os meios de expressão do direito, as formas pelas quais as normas jurídicas se 
exteriorizam, tornam-se conhecidas. Para que um processo jurídico constitua fonte 
formal é necessário que tenha o poder de criar o direito. 
Criar o direito significa introduzir no ordenamento jurídico novas normas 
jurídicas. O elenco das fontes formais varia de acordo com os sistemas jurídicos e 
também em razão das diferentes fases históricas. Assim, são chamadas de fontes 
formais porque de fonte só têm a forma; nada de conteúdo. Aparentemente o direito 
tem origem nas fontes formais, mas na realidade elas apenas o tornam conhecido. 
Por isso são também chamadas Fontes de Conhecimento. 
As fontes formais são os modos de manifestação do direito mediante os 
quais o jurista conhece e descreve o fenômeno jurídico. Logo, quem quiser conhecer 
o direito deverá buscar a informação desejada nas suas fontes formais, ou seja, na 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
16 
lei, nos arquivos de jurisprudência, nos tratados doutrinários. As fontes foram 
divididas em Imediata, porque está mais próxima, e Mediata porque está mais 
distante. 
As fontes materiais Imediatas são os Órgãos Legiferantes e a mediata é a 
Sociedade. São os órgãos legiferantes aqueles que, segundo a ordem 
constitucional, têm a função de legislar, tanto no Poder Legislativo como no 
Executivo. A fonte material mediata ou remota é a sociedade, pois o direito emana 
do grupo social. Já a fonte formal imediata é a Lei, e as mediatas são a 
Jurisprudência, os Costumes, dentre outros. 
 
 Lei: como fonte primária é a mais importante do direito administrativo. A 
palavra lei vem de ligar, porque, em sentido jurídico, obriga a agir. 
Poderíamos dizer que a lei é a regra social obrigatória emanada da 
autoridade. A lei é a matéria que lhe dá corpo e forma, sendo geradora de 
direitos e obrigações, impondo-se tanto à conduta humana como à ação 
estatal. 
 
É importante lembrar que as fontes formais podem ser estatais e não 
estatais. As estatais subdividem-se em legislativas (leis, decretos, regulamentos, 
etc.) e jurisprudenciais (sentenças, precedentes judiciais, súmulas, etc.). Tal divisão 
foi feita tendo-se em vista o predomínio das atividades legiferante e jurisdicional. A 
isso podemos acrescer as convenções internacionais, pelas quais dois ou mais 
Estados estabelecem um tratado, daí serem fontes formais estatais convencionais. 
As não estatais, por sua vez, abrangem o direito consuetudinário (costume 
jurídico), o direito científico (doutrina) e as convenções em geral ou negócios 
jurídicos. Essas normas jurídicas (leis, decretos, costumes, sentenças, contratos) 
não são, como se vê, produtoras do direito, mas consistem no próprio direito 
objetivo, que brota de circunstâncias políticas, históricas, geográficas, econômicas, 
axiológicas e sociais (fontes materiais) que se completam com um ato volitivo do 
Poder Legislativo, executivo ou judiciário. 
Existem Leis Federais de caráter nacional, pois compete exclusivamente à 
União legislar sobre temas de Direito Administrativo (Desapropriação e Licitação) ou 
outras que não atingem todo território nacional pelo aspecto especial de seu objeto 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
17 
(Lei do Polígono das Secas e da Amazônia Legal), ou por dizer respeito à União 
Federal (Reforma Administrativa da União, Estatuto dos Servidores Públicos Civis da 
União). 
As Leis Estaduais e Municipais só valem no interior dos respectivos 
territórios, sendo válidas em relação aos Estados as observações antes exaradas 
em relação à União, com suas adaptações. 
 
 Jurisprudência designa o conjunto de decisões anteriores proferidas por 
juízes ou tribunais sobre casos idênticos. 
 
Como fonte do Direito Administrativo entende-se o conjunto de decisões 
reiteradas em um mesmo sentido, proferidas pelos Tribunais, Juízes e órgãos de 
natureza contenciosa, emitidos em relação a casos concretos, ou seja, um caso é 
levado à apreciação do Judiciário, onde após regular tramitação do processo recebe 
uma decisão. Tempos depois, caso idêntico é submetido à decisão do Judiciário e, 
assim, sucessivas vezes. Essas decisões reiteradas que emanam dos órgãos 
judiciários constituem a jurisprudência. Os tribunais utilizam a jurisprudência como 
fonte do direito administrativo para solucionar os seus conflitos. 
 
 Costumes: é a reiteração uniforme de comportamento tido como obrigação 
pela consciência popular, surge espontaneamente da atividade administrativa. 
 
O costume pode ser dividido em: 
 
 Secundum Legem: é o costume que serviu de apoio ao ditame legislativo 
regular, ou surgiu como complemento deste. O costume deve ser observado 
e até exigido, porque encontra respaldo na própria lei. Exemplo dessa 
espécie de costume é a chamada praxe forense: muitos atos praticados 
diariamente no foro regulamentados, realizam-se de acordo com costumes 
que servem de complemento à lei. 
 
 Praeter Legem (além da lei, o costume que funciona como fonte supletiva, 
onde a lei nada dispôs). 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
18 
 Contra Legem (contrário à lei, o costume que se opõe à lei, introduz uma 
nova norma contrária às disposições legislativas, ou faz os preceitos legais 
vigentes não serem aplicados, caindo em desuso). 
 
No Direito Administrativo o costume é fonte, quer quando preenche as 
omissões da Lei, quer quando serve à sua interpretação e incidência, mas não 
quando a revoga ou a derroga, sempre Secundum Legem. Sua importância reside 
na deficiência da legislação, para preencher as lacunas do texto legal. 
 Os Costumes apresentam grande divergência de serem utilizados como 
fonte do direito administrativo, pois o legislador determinou que a administração 
deverá seguir o princípio da legalidade. Portanto, se o costume for Praeter Legem ou 
Contra Legem não poderá ser fonte de direito administrativo. Já o costume 
Secundum Legem, seguindo os moldes da lei, poderá ser utilizado como fonte do 
direito administrativo. 
 A Doutrina, apesar de muito controvertida, também se constitui em uma 
fonte do direito administrativo, posto que são ensinamentos de juristas que analisam 
o sistema normativo, levantando contradições e formulando definições e 
classificações que auxiliam o Estado a desenvolver suas atividades e funções. 
 Finalmente, podemos concluir que a lei é uma das maiores fontes do direito 
administrativo, pois dá conteúdo à competência distribuída pela Constituição às 
pessoas de direito público para legislarem sobre as diversas matérias 
administrativas. Mas a Constituição pode ser considerada como a principal fonte do 
direito administrativo, pois possui em seu art. 37 uma série de preceitos voltados a 
disciplinar as atividades e funções do Estado. 
 Apesar de a Constituição fixar os princípios e regular matéria que disciplina o 
direito administrativo, as Leis Complementares também são fontes do direito 
administrativo pelo fato de que muitas vezes complementam aquilo que está 
disposto na Constituição Federal. 
 
 
 
 
 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
19 
 
1.3 RELAÇÕES DO DIREITO ADMINISTRATIVO COM OUTROS RAMOS DO 
DIREITOO Direito Administrativo faz parte de um todo, por isso se correlaciona com 
outros ramos do direito, embora possua institutos próprios e princípios particulares 
que afirmam a sua relativa autonomia. Assim, o Direito Administrativo mantém 
relação com vários ramos do direito, conforme abaixo. 
 
 
1.3.1 Direito Constitucional 
 
 
É grande a relação, pois ambos cuidam do Estado. Mas o direito 
administrativo tem uma ampla relação com o direito constitucional, a tal ponto que 
doutrinadores postulam ser aquele o processo, instrumental deste, buscando no 
direito constitucional todo seu embasamento ou fundamentos. A diferença é que o 
Direito Constitucional se interessa pela estrutura estatal e pela instituição política do 
governo, já o Direito Administrativo cuida da organização interna dos órgãos da 
Administração, do seu pessoal e do funcionamento de seus serviços, de modo a 
satisfazer as finalidades que lhe são constitucionalmente atribuídas. 
O Direito Constitucional faz a anatomia do Estado, cuidando de suas formas, 
de sua estrutura, de sua substância, no aspecto estático, enquanto o Direito 
Administrativo estuda-o na sua movimentação, na sua dinâmica. O Direito 
Constitucional institui os órgãos essenciais, define os direitos e garantias individuais, 
já o Direito Administrativo disciplina os serviços públicos e regulamenta as relações 
entre a administração e os administrados. Mas é bom lembrar que sempre 
subordinado aos princípios constitucionais. 
As Constituições do século XIX não comentavam sobre Administração 
Pública. A Constituição do Brasil Imperial, de 1824, por exemplo, não tem dispositivo 
específico sobre a Administração Pública ou sobre os servidores, e apenas 
apresenta dispositivos isolados em matéria administrativa. Já a nossa Constituição 
de 1988, que no Título III, denominado “Da Organização do Estado”, traz o capítulo 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
20 
VII intitulado “Da Administração Pública”, com quatro seções, uma das quais 
dedicada aos Servidores Públicos, gênero da espécie funcionário público. 
Além dos preceitos contidos nesse capítulo, inúmeros dispositivos referentes 
à matéria administrativa aparecem de modo difuso, em outras partes do texto 
constitucional. Assim, por exemplo: no capítulo “Dos direitos e deveres individuais e 
coletivos” vêm previstos: direito a receber informações dos órgãos públicos (art. 5º, 
inciso XXXIV); a fiscalização financeira e orçamentária dos Tribunais de Contas 
sobre a atividade da Administração, previstos nos artigos 70 a 75; o regime das 
concessões e permissões de serviço público que constam do art. 175, parágrafo 
único, dentre outros. A Constituição mostra as bases do direito administrativo e a 
atuação da Administração. 
 
 
1.3.2 Direito do Trabalho 
 
 
 Neste caso a relação ocorre especialmente com as instituições de 
previdência e assistência ao assalariado. As relações neste campo são bem 
detectáveis, porque tais organizações são instituídas, como autarquias 
administrativas, já porque as relações entre empregadores e empregados, em boa 
parte, passaram do âmbito do Direito Privado para o campo do Direito Público, com 
o fim precípuo de mantê-las sob a regulamentação e fiscalização do Estado. 
 
 
1.3.3 Direito Tributário e Direito Financeiro 
 
 
 As relações do Direito Administrativo se restringem às atividades vinculadas 
à imposição e arrecadação de tributos, à realização da receita e efetivação das 
despesas públicas, que, são administrativas. 
 
 
 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
21 
 
1.3.4 Direito Civil 
 
 
 As relações acontecem de forma intensíssima, principalmente no que se 
refere aos contratos e obrigações do Poder Público com o particular. Neste aspecto, 
muitos institutos e regras do Direito Privado são adotados no campo administrativo, 
chegando, mesmo, o Código Civil a enumerar entidades públicas, a conceituar os 
bens públicos, a dispor sobre desapropriação, a prover sobre edificações urbanas, 
além de outras disposições endereçadas diretamente à Administração Pública. 
 
 
1.3.5 Direito Eleitoral 
 
 
 A interpenetração se manifesta na requisição de bens como locais de 
votação e serviços como mesários, institutos típicos de direito administrativo, 
necessários à consecução das diversas etapas do processo eleitoral. 
 
 
1.3.6 Direito Processual Civil e Penal 
 
 
 Direito Administrativo mantém intercâmbio de princípios aplicáveis a ambas 
as disciplinas, na regulamentação de suas respectivas jurisdições. Se, por um lado, 
a Justiça Comum não dispensa algumas normas administrativas na movimentação 
dos feitos, por outro, a jurisdição administrativa serve-se de princípios tipicamente 
processuais para nortear o julgamento de seus recursos. 
 
 
 
 
 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
22 
 
1.3.7 Direito Penal 
 
 
 Em muitos casos, tais como nos crimes contra a Administração Pública 
previstos no Código Penal em seus artigos 312 a 327, a Lei Penal subordina a 
definição do delito à conceituação de atos e fatos administrativos. Noutros casos, 
chega, mesmo, a relegar à Administração prerrogativas do Direito Penal, como 
ocorre na caracterização de infrações dependentes das chamadas normas penais 
em branco. Mas é importante lembrar que o ilícito administrativo não se confunde 
com o ilícito penal, assentando cada qual em fundamentos e normas diversas. 
 
 
1.4 PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO 
 
 
 O conjunto de princípios de acordo com o regime administrativo constitui-se 
de uma gama de princípios além daqueles que estão consagrados no artigo 37 da 
CF. Como veremos a seguir. 
 
 
1.4.1 Conceito de Princípio 
 
 
 Princípio é um conjunto de ideias gerais e abstratas que embasam um 
sistema e lhe garantem a validade, conferindo-lhe identidade, tornando-o peculiar 
em relação aos demais ramos do Direito. São regras que fornecem critérios de 
interpretação para as normas jurídicas. Princípios são proposições fundamentais 
que se encontram na base de toda legislação, formando seu sistema teórico, sendo 
aplicáveis, no caso do Direito Administrativo, por cima da Lei, informando 
superiormente toda a atividade legal e administrativa, independentemente de estar 
ou não contida na Lei. 
 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
23 
 
1.4.2 Princípios da Supremacia e Indisponibilidade dos Interesses Públicos 
 
 
 O regime jurídico-administrativo, considerado no direito administrativo 
segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, delineia-se, fundamentalmente, em 
função da consagração de dois princípios, conforme abaixo: 
 
 O Princípio da Supremacia 
 
 Modernamente seu intento é limitar o exercício dos direitos individuais em 
benefício do bem-estar coletivo na prestação dos serviços públicos, garantindo a 
estabilidade e a ordem social. Nesta linha mestra do Direito Administrativo os 
interesses da coletividade se sobrepõem aos dos particulares, traduzindo-se em 
inúmeros privilégios concedidos aos órgãos encarregados do bem comum, a fim de 
assegurar a proteção destes interesses. 
 É bom lembrar que a superioridade, entretanto, não é ilimitada, sendo 
fundamental que sempre se estabeleça uma proporcionalidade dos meios aos fins; 
pois não pode impor à liberdade restrições que excedam ao que é necessário para 
atender os fins públicos. Como exemplo desse princípio são os atributos especiais 
dos atos administrativos, ou seja, eles são autoexigíveis, autoexecutáveis e 
presumem-se legítimos e verdadeiros, Mas podem ser revistos, modificados e 
revogados pela própria Administração, desde que atendidos certos pressupostos. 
 
 Princípio da Indisponibilidade dos Interesses Públicos 
 
 Constitui-se em uma limitação das faculdades e poderes reconhecidos ao 
administrador, que não possui liberdade para concretizar transações de qualquer 
natureza, sem prévia e correspondentenorma legal; os bens, direitos e interesses 
públicos são confiados a ele apenas para a sua gestão, nunca para a sua 
disposição. O poder de disposição, seja para aliená-los, renunciá-los dependerá de 
autorização legal, devendo toda atividade estatal se dirigir ao atendimento de um 
interesse público qualificado, não podendo dispor sobre estes livremente, devendo 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
24 
sempre respeito à lei. Fica por este princípio proibida a desapropriação de bens para 
dá-los a particulares ou como medida de vingança. 
 Assim, o primeiro proclama a superioridade do interesse coletivo sobre o 
particular, com condição de segurança e até mesmo de sobrevivência deste. 
Significa pressuposto de uma ordem social estável em que todas as pessoas se 
sintam garantidas e resguardadas. Já o segundo, resulta de posição privilegiada do 
órgão encarregado de zelar pelo interesse público e manifestando essa 
preocupação junto aos particulares. 
 
 
1.5 PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
 
A Constituição Federal os enuncia de modo expresso em seu art. 37: “A 
administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.” Assim, a CF 
proclama os princípios constitucionais essenciais para a probidade e transparência 
na gestão da coisa pública. Princípios estes que são postulados fundamentais 
norteadores de toda a administração pública, inspirando o seu modo de agir e 
condutas do Estado quando no exercício de atividades administrativas. Assim, a 
administração pública deve obedecer aos seguintes princípios. 
 
 
1.5.1 Legalidade 
 
 
 O princípio administrativo da legalidade consiste em que o administrador 
deve se sujeitar aos mandamentos da lei em suas atividades funcionais e às 
exigências do bem comum. Ou seja, significa que o administrador público está, em 
toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do 
bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato 
inválido e expor-se à responsabilidade disciplinar, civil e criminal. Na administração, 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
25 
o agente só pode fazer o que a lei determina ou lhe autoriza. 
 Previsto no art. 5°, II, da CF aplica-se normalmente à administração pública, 
porém de forma mais rigorosa e especial, pois o administrador público somente 
poderá fazer o que estiver expressamente autorizado em lei e nas demais espécies 
normativas, inexistindo, pois, incidência de sua vontade subjetiva, pois na 
Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza. 
 Administrar é aplicar a lei, de ofício, ou seja, à Administração só cabe fazer o 
que permitido em lei (ao contrário do particular, que pode fazer tudo que não lhe seja 
vedado por lei). Atua sem finalidade própria, mas em respeito à finalidade imposta 
pela lei, e com a necessidade de preservar-se a ordem jurídica. É bom lembrar que 
as leis administrativas são normalmente de ordem pública e seus preceitos não 
podem ser relegados pelo administrador, nem mesmo por acordo de vontade. 
Cumprir a lei é um poder e dever do agente público. 
 
 
1.5.2 Moralidade 
 
 
 A moralidade administrativa constitui-se em um dos mais importantes 
pressupostos relativos à validade do ato administrativo. Não quer dizer apenas a 
moral comum, mas, principalmente, a que respeita a moral jurídica – necessária à 
validade da conduta do administrador público. A atividade do administrador público, 
além de traduzir a vontade de obter o máximo de eficiência administrativa, terá ainda 
de corresponder à vontade constante de viver honestamente, de não prejudicar 
outrem e de dar a cada um o que lhe pertence. 
 O instrumento para o controle da moralidade é a Ação Popular, previsto no 
art. 5º, LXXIII, CF, onde diz: 
 
 “Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise anular 
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à 
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e 
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais 
e do ônus da sucumbência”. (CF, art. 5º, LXXIII). 
 
 
 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
26 
 Ação popular é uma ação judiciária usada pelo cidadão para pleitear a 
anulação do ato lesivo ao meio ambiente, à moral administrativa, ao patrimônio 
público histórico e cultural. Na Moralidade, não bastará ao administrador o estrito 
cumprimento da estrita legalidade, devendo ele, no exercício de sua função pública, 
respeitar os princípios éticos de razoabilidade e justiça, pois a moralidade constitui, a 
partir da Constituição de 1988, pressuposto de validade de todo ato da 
administração pública. Ou seja, a atividade administrativa deve estar enquadrada em 
padrões morais. Não se trata de moralidade pessoal do agente, mas de elementos 
morais paradigmáticos (padrões) que formam a chamada “moralidade 
administrativa”. 
 
 
1.5.3 Impessoalidade ou Finalidade 
 
 
O agente público deve exercer seu cargo visando ao interesse público e não 
ao interesse pessoal ou de outrem. Esse princípio direciona-se a todos os poderes 
de Estado, inclusive ao Poder Judiciário, ou seja, o administrador público só deve 
praticar ato que a norma de direito indica como objetivo do ato. Finalidade de 
atender ao interesse público e aos objetivos da lei. Esse princípio tende a impedir 
práticas administrativas que beneficiem ou atinjam interesses particulares, como 
procedimento de baixeza ou vingança. Os resultados que se buscam com a prática 
do ato administrativo têm como fim o interesse geral. 
 
 
1.5.4 Publicidade 
 
 
 Constitui-se na divulgação oficial do ato administrativo para conhecimento 
público e início de seus efeitos externos. É a divulgação oficial do ato para 
conhecimento público e início de seus efeitos externos. As leis, atos e contratos 
administrativos que produzem consequências jurídicas fora dos órgãos que os 
emitem exigem publicidade para adquirirem validade universal, isto é, perante as 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
27 
partes e terceiros. 
Assim, a Publicidade faz-se pela inserção do ato no Diário oficial ou por 
edital afixado no lugar próprio para divulgação de atos públicos, para conhecimento 
do público em geral e, consequentemente, início da produção de seus efeitos, pois 
somente a publicidade evita os dissabores existentes em processos arbitrariamente 
sigilosos, permitindo-se os componentes recursos administrativos e as ações 
judiciais próprias. 
Ou seja, todos os atos da Administração devem ser públicos, seja de forma 
interna, seja de forma externa, publicando no diário oficial ou em jornais de grande 
circulação. A publicidade dos atos administrativos sofre as seguintes exceções 
previstas na Constituição Federal: 
I) art. 5º, XXXIII, – garante o sigilo para segurança da sociedade e do Estado; 
II) art. 5º, X - direito à intimidade; e 
III) art. 5º LX – ações que devem correr em segredo de justiça. 
 Observar que se a informação for do seu interesse cabe Mandado de 
Segurança e se for sobre você cabe Habeas Data. 
 
 
1.5.5 Hierarquia 
 
 
 Vínculo que coordena e subordina uns aos outros os órgãos do poder 
executivo, graduando a autoridade de cada um. Do poder hierárquico decorrem 
faculdades implícitas para o superior, tais como a de dar ordens, a de fiscalizar o 
seu cumprimento, a de delegar e evocar atribuições, e a de rever os atos dos 
inferiores. 
 
 
1.5.6 Fiscalização 
 
 
 A vigilância exercida sobre a atividade dos órgãos da administração, para 
lhe assegurar a legitimidade e a conveniência. 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
28 
 
1.5.7 Eficiência 
 
 
 É o princípio que se impõe a todo agente público para que realizesuas 
atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional. A função administrativa 
não deve ser desempenhada apenas com legalidade, pois precisa atingir resultados 
positivos para o serviço público e prestar satisfatório atendimento das necessidades 
da coletividade. 
 A Emenda Constitucional n° 19/98 acrescentou expressamente aos 
princípios constitucionais da administração pública o princípio da eficiência, portanto, 
é uma inovação da Constituição Federal de 1988, que determina que o agente deve 
agir de modo proporcional e razoável, de forma a empregar apenas os meios 
necessários para a consecução dos fins da Administração Pública e de forma 
otimizada. 
 O princípio da eficiência compõe-se de algumas características básicas, tais 
como: direcionamento da atividade e dos serviços públicos à efetividade do bem 
comum, imparcialidade, neutralidade, transparência, participação e aproximação dos 
serviços públicos da população, eficácia, desburocratização e busca de qualidade. 
 Assim, o princípio da eficiência vem reforçar a possibilidade de o ministério 
Público, com base em sua função constitucional de zelar pelo efetivo respeito dos 
poderes públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados 
nesta Constituição, promover as medidas necessárias judicial e extrajudicialmente, a 
sua garantia prevista no artigo 129, II da CF. 
 
 
1.6 OUTROS PRINCÍPIOS IMPORTANTES 
 
 
1.6.1 Princípio da Motivação 
 
 
 Esse princípio obriga o agente público a expor as razões fáticas e jurídicas 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
29 
que sustentam a adoção de qualquer providência, pois todos os atos administrativos 
devem ser motivados para que o Judiciário possa controlar a sua legalidade. Na 
atualidade, até os atos discricionários precisam da motivação, que pode ser prévia 
ou concomitante, sem exigir formas específicas. 
 
 
1.6.2 Princípio da Razoabilidade 
 
 
 Razoabilidade significa coerência entre os meios que se utiliza o 
administrador para que o ato atenda a sua finalidade pública específica. Os poderes 
concedidos à Administração Pública devem ser exercidos na medida necessária ao 
atendimento do interesse coletivo, sem exacerbações. Visa limitar o poder 
discricionário. 
 
 
1.6.3 Princípio da Proporcionalidade 
 
 
 É um desdobramento do Princípio da Razoabilidade. Adotando a medida 
necessária para atingir o interesse público almejado, o administrador que age de 
modo adequado, para atingir a finalidade legal, atua com proporcionalidade. O modo 
de interpretação da realidade face à prática do ato, não deve ser medido pelos 
critérios subjetivos do agente, mas segundo os padrões da sociedade da época. 
 Sendo assim, o princípio da razoabilidade e da proporcionalidade, o 
administrador deve escolher o meio adequado, ou seja, objeto razoável e 
estritamente necessário para atingir os fins que deseja, ou seja, a razoabilidade. E 
mais, dentro do necessário, agir proporcionalmente entre a limitação ao direito 
individual e o prejuízo a ser evitado, onde as vantagens superam as desvantagens. 
Como exemplo, temos o alimento estragado em um restaurante, havendo 
uma infração administrativa, ocorrerá a destruição do alimento e multa, que são 
meios adequados e necessários de punição. A multa deve ser proporcional à 
gravidade da infração, aos alimentos estragados, à sua qualidade e quantidade, etc., 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
30 
pois o risco de estar cometendo uma injustiça e ter que indenizar o dono do 
estabelecimento pela perda dos alimentos é melhor que a possível intoxicação 
alimentar dos consumidores (Lei nº 9784/99, art. 2º, § único, VI). 
 
 
1.6.4 Princípio da Autotutela 
 
 
 É o controle da Administração Direta e Indireta sobre a legalidade e 
eficiência dos seus próprios atos, em relação ao mérito e a legalidade, anulado-os 
quando ilegais, ou revogando-os por motivo de conveniência e oportunidade, sem 
necessidade de recorrer ao Judiciário. Conforme a Súmula 473 do STF: 
 
 
 “A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios 
que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos, ou revogá-los, 
por motivo de conveniência e oportunidade, respeitados os direitos 
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”. 
 
 
1.6.5 Princípio da Tutela ou Controle 
 
 
 É a fiscalização que a Administração Direta realiza em relação às entidades 
da Administração Indireta por ela criadas, com a finalidade de garantir a observância 
das suas finalidades institucionais. A regra destas entidades é a autonomia; o 
controle é exceção, e só pode ocorrer nos limites da lei. 
 
 
1.6.6 Princípio da Presunção de Legitimidade ou da Veracidade 
 
 
 Para concretizar o interesse público, as decisões da Administração Pública 
são dotadas do atributo da presunção de legitimidade e de legalidade, o que as 
tornam presumivelmente verdadeiras quanto aos fatos, e adequadas quanto à 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
31 
legalidade; tais atributos permitem a execução imediata, do conteúdo do ato ou 
decisão administrativa, mesmo que criem obrigações para o particular. A presunção 
é relativa, admite prova em contrário. 
 
 
1.6.7 Princípio da Continuidade 
 
 
 Por serem indisponíveis os interesses públicos, é obrigatória a atividade 
administrativa, em especial os serviços públicos essenciais ou necessários. Não são 
admitidas paralisações, nem mesmo o exercício do direito de greve. Há proibições e 
exceções à greve. Os militares estão proibidos de fazê-la (art. 42, § 5º CF); e, para 
os demais agentes públicos, tal exercício depende de regulamentação legal (art. 37, 
VII CF). 
 Também por força da não interrupção das atividades, não pode o contrato 
administrativo ser descumprido pelo contratado, ainda que a AP (contratante) tenha 
deixado de satisfazer suas obrigações, porque não se reconhece a exceptio non 
adimpleti contractus (exceção de contrato não cumprido). Assim, pode ocorrer à 
encampação de concessão de serviço público e a possibilidade da AP utilizar 
equipamentos, instalações da empresa contratada, para assegurar a continuidade 
do serviço público. 
 
 
1.6.8 Princípio da Especialidade 
 
 
 As entidades estatais não podem alterar ou modificar os objetivos para os 
quais foram constituídas; sempre atuarão vinculadas aos seus fins ou objeto social, 
pois seus administradores não têm a livre disponibilidade dos interesses públicos. A 
alteração do objeto só é admissível se observada a forma pela qual foi constituída a 
entidade. As Autarquias, assim, não podem receber doações ou legados que 
contrariem suas finalidades, como por exemplo, se uma autarquia rodoviária (DNIT) 
recebesse doação para que nela se instalasse um hospital. Esse princípio é 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
32 
aplicável, também, em relação às demais pessoas jurídicas que integram a 
administração indireta, sendo que como decorrência não podem os acionistas, em 
Assembleia Geral, alterar seus objetivos institucionais. 
 
 
1.6.9 Princípio da Segurança Jurídica 
 
 
 Sabe-se que o direito é dinâmico, a interpretação não deve ficar cristalizada, 
mas deve respeitar os casos já decididos com base em interpretação anterior, 
considerada válida, diante das circunstâncias do momento em que foi adotada. Tem 
relação com a ideia de respeito à boa-fé. Veda a interpretação retroativa no âmbito 
da Administração Pública. Sendo assim, o administrador público está, em toda a sua 
atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem-comum, 
e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se 
à responsabilidade disciplinar, civil e criminal. 
 O administrador público só pode fazer o que está previsto na lei. Também se 
faz necessária a validade da conduta do administrador público, poisa atividade do 
administrador público, além de traduzir a vontade de obter o máximo de eficiência 
administrativa, terá ainda de corresponder à vontade constante de viver 
honestamente, de não prejudicar outrem e de dar a cada um o que lhe pertence. 
 Sendo assim, o administrador precisa ser honesto, tendo a intenção de 
realizar o bem comum. Deve exercer sua função com presteza, eficiência, para 
atender ao interesse público e aos objetivos da lei, para isso, são traçadas metas 
para que sejam alcançados bons resultados. Portanto, todos os atos devem ser 
publicados. Há também uma hierarquia e fiscalização, sendo um vínculo que 
coordena e subordina uns aos outros os órgãos do poder executivo, graduando a 
autoridade de cada um. 
 Do poder hierárquico decorrem faculdades implícitas para o superior, tais 
como a de dar ordens, a de fiscalizar o seu cumprimento, a de delegar e evocar 
atribuições, e a de rever os atos dos inferiores. A vigilância exercida sobre a 
atividade dos órgãos da administração serve para lhe assegurar a legitimidade e a 
conveniência. Concluindo, deve-se dizer, em termos de regime jurídico, que a tarefa 
 
 Documento não controlado - AN03FREV001 
33 
do administrador público subordina-se à lei que lhe impõe a exigência do bem 
comum que deve ser observada com probidade, honestidade e ética, evitando o 
desvio de poder e abuso de autoridade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
-------------------------FIM DO MÓDULO I--------------------------

Continue navegando