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DOCÊNCIA EM SAÚDE COMO ELABORAR MONOGRAFIAS 1 Copyright © Portal Educação 2012 – Portal Educação Todos os direitos reservados R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP: 79002-130 Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 Internacional: +55 (67) 3303-4520 atendimento@portaleducacao.com.br – Campo Grande-MS Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil Triagem Organização LTDA ME Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 Portal Educação P842c Como elaborar monografias / Portal Educação. - Campo Grande: Portal Educação, 2012. 116p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-8241-306-7 1. Monografia - Elaboração. 2. Redação técnica. 3. Trabalho acadêmico - Normalização. I. Portal Educação. II. Título. CDD 808.066 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 5 2 DEFINIÇÕES .............................................................................................................................. 7 2.1 TIPOS DE MONOGRAFIA ........................................................................................................ 10 2.1.1 Monografia de análise teórica .................................................................................................... 11 2.1.2 Monografia de análise teórico-empírica ..................................................................................... 14 2.1.2.1Escolha e elaboração do instrumento para coleta de dados .............................................. 18 2.1.3 Monografia de estudo de caso ................................................................................................. 21 3 PLANEJAMENTO ..................................................................................................................... 24 3.1 ESCOLHA DO ASSUNTO ......................................................................................................... 27 3.2 DEFINIÇÃO DO TÍTULO DA MONOGRAFIA ............................................................................ 30 3.3 ESCOLHENDO O ORIENTADOR ............................................................................................. 30 3.4 CRONOGRAMA ........................................................................................................................ 32 4 INICIANDO A PESQUISA ......................................................................................................... 35 4.1 LEITURA E BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................... 35 4.2 A PESQUISA NA INTERNET .................................................................................................... 38 4.2.1 Buscadores: Google .................................................................................................................. 44 4.2.2 Outras ferramentas de busca .................................................................................................... 51 5 COMO REALIZAR FICHAMENTOS ......................................................................................... 53 5.1 RESUMO ................................................................................................................................... 54 3 5.2 RESENHA ................................................................................................................................. 53 5.3 ROTEIRO DE FICHAMENTO .................................................................................................... 54 6 INICIANDO A REDAÇÃO DA MONOGRAFIA ........................................................................ 60 7 ESTRUTURA DO TRABALHO ACADÊMICO .......................................................................... 68 7.1 ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS.................................................................................................. 69 7.1.1 Capa .......................................................................................................................................... 69 7.1.2 Lombada .................................................................................................................................... 70 7.1.3 Folha de rosto ou Contracapa ................................................................................................... 71 7.1.4 Errata ......................................................................................................................................... 72 7.1.5 Folha de aprovação ................................................................................................................... 73 7.1.6 Dedicatória (s) ........................................................................................................................... 75 7.1.7 Agradecimento (s) ..................................................................................................................... 76 7.1.8 Epígrafe ..................................................................................................................................... 77 7.1.9 Resumo na língua vernácula ..................................................................................................... 78 7.1.10 Resumo em língua estrangeira .................................................................................................. 79 7.1.11 Lista de ilustrações .................................................................................................................... 80 7.1.12 Lista de abreviaturas e siglas .................................................................................................... 81 7.1.13 Lista de símbolos ....................................................................................................................... 82 7.1.14 Sumário ..................................................................................................................................... 83 7.2 ELEMENTOS TEXTUAIS .......................................................................................................... 84 7.2.1 Introdução .................................................................................................................................. 84 7.2.2 Desenvolvimento ....................................................................................................................... 84 4 7.2.3 Conclusão .................................................................................................................................. 85 7.3 ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS ................................................................................................. 85 7.3.1 Referências....... .. ..................................................................................................................... 85 7.3.2 Glossário ................................................................................................................................... 92 7.3.3 Apêndices .................................................................................................................................. 93 7.3.4 Anexos....................................................................................................................................... 93 7.3.5 Índice .........................................................................................................................................94 8 A AJUDA DO ORIENTADOR ................................................................................................... 96 8.1 ORIENTADOR ........................................................................................................................... 96 9 NORMAS PARA APRESENTAÇÃO GRÁFICA ....................................................................... 98 9.1 FORMATO ................................................................................................................................. 98 9.2 NUMERAÇÃO DOS CAPÍTULOS ............................................................................................ 100 9.3 CITAÇÕES ............................................................................................................................... 101 9.3.1 Citações diretas, literais ou textuais ......................................................................................... 102 9.3.2 Citações indiretas ou livres ....................................................................................................... 103 9.3.4 Citações de citações................................................................................................................. 103 9.3.5 Notas de Rodapé ...................................................................................................................... 104 10 REVISANDO O TRABALHO .................................................................................................. 106 11 APRESENTAÇÃO DE CADA PÁGINA DA MONOGRAFIA .................................................... 109 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 114 5 1 INTRODUÇÃO FONTE: Disponível em: <http://www.sxc.hu/photo/1176000>. Acesso em: 22 dez. 2010. A elaboração de uma monografia, ou trabalho de conclusão de curso, não é uma tarefa fácil. No entanto, a importância que este trabalho tem na vida acadêmica e profissional do pesquisador é imensurável. A realização deste trabalho reúne todo o aprendizado acumulado no decorrer do curso; é o exercício prático do que o acadêmico aprendeu. A aprovação no curso depende deste trabalho, portanto, é uma atividade que deve ser feita com seriedade. Vai ser nesta oportunidade que os avaliadores analisarão se todo o empenho de alunos e professores foi proveitoso. Por isso, as etapas para a realização deste trabalho devem ser minuciosamente estudadas e planejadas. O trabalho final deve seguir normas preestabelecidas por órgãos como a Associação Brasileira de Normas Técnicas, que disponibiliza as NBRs – Normas Brasileiras. A maioria das instituições de ensino orienta seus acadêmicos a seguirem tais Normas, no entanto, estas instituições têm por método a elaboração de manuais próprios. Neste caso, o acadêmico deve seguir à risca o que determina estes manuais. Mas mesmo com os manuais próprios de cada instituição, as NBRs constituem a base para os parâmetros de citações e referências bibliográficas. Veremos esse tópico detalhadamente mais adiante. 6 Neste curso, pretendemos abordar cada passo que o acadêmico deve atender a fim de desenvolver um trabalho eficiente. Desde a fase inicial de escolha do tema até a fase final da entrega final do trabalho, em que devem ser tomados certos cuidados, como uma boa revisão ortográfica. Os dois primeiros módulos serão destinados a fase da pesquisa, período de definição de temas, abordagens, reunião e leitura de bibliografia. Os módulos seguintes vão tratar especificamente da redação e formatação do trabalho final até sua apresentação. 7 2 DEFINIÇÕES A expressão “monografia” tem origem nos termos gregos mónos, que significa “um só” e graphein, que significa “escrever” (DRUMOND, 2010). Ou seja, a redação de uma monografia implica em escrever sobre um assunto único. Tachizawa e Mendes (1998, p. 16) assim definem a expressão: (...) trabalho destinado a cumprir uma obrigação acadêmica e de caráter de iniciação científica, diferente, portanto, de uma tese de doutoramento ou de uma dissertação de mestrado. Chama-se monografia porque o trabalho é, em essência, delimitado, estruturado e desenvolvido em torno de um único tema ou problema. (grifo do autor) Já Martins (1990, p. 18) define monografia como: (...) relatório que expressa o tipo de pesquisa frequentemente solicitado como ‘Trabalho de formatura’ ou ‘Trabalho de final de curso’. Trata-se de um estudo minucioso sobre tema relativamente restrito. Para Santos (2001, p. 37), Monografia é um texto de primeira mão resultante de pesquisa científica e que contém a identificação, o posicionamento, o tratamento e o fechamento competentes de um tema/problema. Essencialmente analítica, em que o objeto (o tema, o problema) é geralmente bem delimitado em extensão, a monografia permite o aprofundamento do estudo. Fundamenta-se na organização e na interpretação analítica e avaliativa de dados, conforme objetivos (linhas de raciocínio) preestabelecidos. A matéria prima do raciocínio são os dados, que basicamente se constituem de axiomas científicos (verdades aceitas por diversas ciências), da autoridade de autores consagrados, ilustrações, testemunhos e, até mesmo, da experiência pessoal coerente do pesquisador. O raciocínio é desenvolvido de forma indutiva (parte-se de experiências e observações particulares para se chegar a um princípio geral), ou de forma dedutiva (parte-se de um princípio geral para verificá-lo em casos particulares). 8 A monografia se diferencia de outros trabalhos acadêmicos, sobretudo por não exigir o mesmo rigor determinado ao se redigir, por exemplo, uma tese de doutoramento ou uma dissertação de mestrado. Tachizawa e Mendes (1998) apontam que tanto rigor é necessário em monografias com obrigações acadêmicas advindas de programas de pós-graduação em nível stricto sensu – caso dos já citados trabalhos de doutoramento e mestrado, os quais exigem rigor compatível com os títulos concedidos de doutor e mestre, respectivamente. Para os cursos de graduação de qualquer área, programas de especialização lato sensu e, mais recentemente, cursos MBA, o mesmo rigor não é necessário, sendo um enfoque prático mais aplicável com esses tipos de trabalhos (TACHIZAWA E MENDES, 1998). PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU E LATO SENSU Stricto sensu é um termo latim que significa “em sentido restrito”. É usado para distinguir os cursos de pós-graduação, de mestrado e doutorado. Lato sensu também é uma expressão latina e significa “em sentido amplo”. É usada para diferenciar os cursos de pós-graduação com finalidades de especialização, aperfeiçoamento ou qualquer outro curso complementar realizado após a graduação. FONTE: Moreno, 2010. 9 MBA MBA é a sigla em inglês para Master in Business Administration, que significa Mestrado em Administração de Negócios. Apesar do termo “mestrado” na nomenclatura, a maioria dos cursos ministrados aqui no Brasil são do tipo lato sensu, ou seja, especializações. O curso trata sobre o funcionamento das empresas e as ferramentas básicas para gerenciar as áreas de recursos humanos, marketing, logística, finanças e planejamento estratégico. FONTE: Vida Universitária, 2010. Outra característica da monografia é que seu período de realização é mais curto que dos demais trabalhos. Geralmente, é estipulado um prazo de seis meses para a sua conclusão, quando em um trabalho de dissertação de mestrado ou tese de doutoramento pode-se levar de dois a cinco anos para realização (TACHIZAWA E MENDES, 1998). Mendes (1990, p. 18), diferencia dissertação e tese da seguinte forma: Dissertação: é o relato de pesquisa exigido para obtenção do título de Mestre. Trata-se de um trabalho de pesquisa, com o qual o candidato deve demonstrar sólidos conhecimentos sobre a área de estudos que se dedica. Geralmente é feito no mínimo em seis meses e no máximo em dois anos. Tese: é o relato de pesquisa exigido para obtenção de Doutor. Constitui-se num trabalho original de pesquisa, com o qual o candidato deve demonstrar capacidade de fazer avançar a área de estudo a que se dedica. Geralmente, exige no mínimo seis meses e no máximo três anos de trabalho predominantemente intelectual. Há ainda a modalidade de “Trabalho acadêmico/Resumo do Assunto/Pesquisa Bibliográfico”: “É o relatório que expressa o tipo de pesquisa mais solicitado pelos professores universitários. Trata-se de um texto que reúne, analisa e discute conhecimentos e informações já publicadas” (MENDES, 1990, p. 18). 10 Filho (2007) afirma que o trabalho monográfico é iniciado por uma dúvida ou problema. Assim, o pesquisador levanta dados em fontes específicas do conhecimento, sendo os dados obtidos entremeados por críticas e direcionados pela relevância e pela preocupação que o pesquisador confere ao assunto (aos temas e subtemas). O modo de organização e síntese das informações obtidas das fontes e a forma de seleção e inserção dos dados mais importantes revelam o nível de criticidade do trabalho. “Da busca, da reflexão crítica resulta a monografia, que deverá conter mais fatos que opiniões” (FILHO, 2007, p. 89). A exigência de um trabalho monográfico nas universidades é comum, pois é uma forma de tornar concreta a indissociabilidade entre ensino e pesquisa (FILHO, 2007). Para alguns cursos universitários em que a técnica é mais enfatizada que a pesquisa, a monografia é dispensada em detrimento da apresentação do trabalho de conclusão do curso em outra forma, como livro-reportagem para os cursos de jornalismo, ou um plano de propaganda para os cursos de publicidade. No entanto, um relatório é sempre solicitado com os objetivos do trabalho e revisão bibliográfica. 2.1 TIPOS DE MONOGRAFIA A monografia pode ser enquadrada em três tipos: segundo Tachizawa e Mendes (1998): Monografia de análise teórica, representada por um trabalho teórico-conceitual sobre um assunto pesquisado bibliograficamente; Monografia de análise teórico-empírica, que representa uma pesquisa empírica (trabalho de campo); Monografia de estudo de caso. 11 2.1.1 Monografia de análise teórica A monografia de análise teórica é uma simples organização coerente de ideias, baseada em bibliografia de autores consagrados escolhidos pelo pesquisador. “Este tipo de monografia pode ser desenvolvido como uma análise crítica ou comparativa de uma teoria ou modelo já existente, a partir de um esquema conceitual bem-definido” (TACHIZAWA E MENDES, 1998, p. 33). O aluno deve evitar temas muito ambiciosos e focar-se em desenvolver um trabalho acadêmico simples. Os cursos de graduação e os lato sensu ou MBA geralmente não exigem trabalhos científicos, assim, não há necessidade de se criar uma monografia inovadora, a partir de fontes exclusivamente bibliográficas (TACHIZAWA E MENDES, 1998). 12 MODELO METODOLÓGICO DE MONOGRAFIA DE ANÁLISE TEÓRICA FONTE: Adaptado de Tachizawa e Mendes, 1998. Escolha do assunto/Delimitação do tema Bibliografia pertinente ao tema (área específica sob estudo) Levantamento de dados Específicos da área sob estudo Fundamentação teórica Metodologia e modelos aplicáveis Análise e interpretação das informações Conclusões e resultados 13 Este tipo de monografia pode ser desenvolvido como uma análise crítica ou comparativa de uma teoria ou modelo já existente, a partir de um esquema conceitual bem- definido, ou ainda como um trabalho que seja o resultado de uma revisão de literatura com articulação crítica. Enfim, a monografia pode ter como proposta a formulação de quadros de referência e estudos de teoria (TACHIZAWA E MENDES, 1998). Após a formulação dos problemas, investigam-se suas possíveis respostas. É a partir daí que surge o anteprojeto da monografia. A estrutura a ser seguida para a elaboração de um anteprojeto é a seguinte: Enunciar o assunto/tema; Delimitar o assunto a ser estudado; Justificar a escolha do tema; Definir os objetivos do trabalho; Elaborar o esquema de trabalho; Relacionar a bibliografia disponível a ser usada. O anteprojeto deve ser submetido ao professor orientador já sua forma estruturada, que é o próprio arcabouço a ser adotado na monografia final. Veja estruturação proposta por Tachizawa e Gildásio Mendes (1998): MODELO DE ANTEPROJETO Capítulo I: DESCRIÇÃO DO TEMA 1. Assunto da monografia 2. Delimitação do tema 3. Metodologia Capítulo II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA (neste capítulo serão abordados os conceitos extraídos da bibliografia. A fundamentação teórica deve refletir, de forma lógica e coerente, a articulação conceitual e teórica a ser aplicada no estudo). 14 1. (conceito aplicável/pertinente ao tema) e assim por diante Capítulo III: ... (já é o assunto propriamente dito da monografia, com as competentes análises) Capítulo IV: CONCLUSÕES 1. Conclusões específicas 2. Sugestões para novas pesquisas REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (relacionar as obras consultadas, em ordem alfabética de autor, de preferência seguindo as normas da ABNT). FONTE: Tachizawa e Mendes, 1998, p. 36 2.1.2 Monografia de análise teórico-empírica Nesta categoria, a monografia pode ser, segundo Tachizawa (1993 apud TACHIZAWA E MENDES, 1998, p.41): Uma simples análise interpretativa de dados primários sobre um tema, apoiado na bibliografia; Um teste de hipóteses, modelos ou teorias, a partir de dados primários e secundários; 15 Um trabalho realmente inovador, a partir de dados primários e/ou secundários, o que, deve ser evitado, pois já é característica dos trabalhos objetivados pelos cursos de mestrado e doutoramento. A interpretação dada para dados primários diz respeito àquelas informações obtidas diretamente no campo ou origem dos eventos pesquisados. Dados secundários são aqueles obtidos nas consultas às obras bibliográficas ou em relatórios de pesquisas anteriores sobre o mesmo tema (TACHIZAWA E MENDES, 1998). MODELO METODOLÓGICO DE MONOGRAFIA DE ANÁLISE TEÓRICO-EMPÍRICA Realidade observável Pergunta problema e objetivo proposto Bibliografia e dados secundários Teoria pertinente ao tema (conceitos, técnicas, constructos) e dados secundários 16 FONTE: Adaptado de Tachizawa e Mendes, 1998, p. 42 Nesta categoria, a monografia pode analisar a correspondência entre um caso real e modelos/teorias. Pode ser ainda a descrição dos resultados de teste de modelos e/ou teorias a partir de dados primários e secundários. São utilizadas técnicas de coleta, tratamento e análise de dados essencialmente quantitativas que se caracterizaram pela rigorosa aplicação metodológica na busca da relação causal entre variáveis.(TACHIZAWA E MENDES, 1998, p. 43). A formulação dos problemas suscita a investigação das possíveis respostas, o que vai auxiliar na realização do anteprojeto, baseado nas seguintes tarefas: Instrumento da pesquisa (questionário) Pesquisa empírica Análise Conclusões e resultados 17 Levantamento bibliográfico acerca do assunto; Leitura da bibliografia e seleção/anotação de conceitos aplicáveis ao tema; Coleta de dados e informações complementares acerca do assunto junto a entidades, instituições ou pessoas ligadas ao mesmo. Obtidos os elementos indispensáveis à elaboração do anteprojeto, já é possível formatá-lo deacordo com a seguinte estrutura, também utilizada no tipo de monografia anterior como a mesma estrutura de formatação, proposto por Tachizawa e Mendes (1998): Enunciar o assunto/tema; Delimitar o assunto a ser estudado; Justificar a escolha do tema; Definir os objetivos do trabalho; Elaborar o esquema de trabalho; Relacionar a bibliografia disponível a ser usada. MODELO DE ANTEPROJETO Capítulo I: DESCRIÇÃO DO TEMA 4. Assunto da monografia 5. Delimitação do tema 6. Metodologia Capítulo II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA (neste capítulo serão abordados os conceitos extraídos da bibliografia. A fundamentação teórica deve refletir, de forma lógica e coerente, a articulação conceitual e teórica a ser aplicada no estudo). 2. (conceito aplicável/pertinente ao tema) . . . . 18 e assim por diante Capítulo III: ... (já é o assunto propriamente dito da monografia, com as competentes análises) Capítulo IV: CONCLUSÕES 3. Conclusões específicas 4. Sugestões para novas pesquisas REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (relacionar as obras consultadas, em ordem alfabética de autor, de preferência seguindo as normas da ABNT). FONTE: Tachizawa e Mendes, 1998, p. 44 Este tipo de monografia vai apresentar o trabalho de coleta de dados, que pode ser apresentado da seguinte forma: Descrição de dados e informações coletados e tratados; e, adicionalmente, conterá a análise de tais dados e informações descritas com o suporte teórico e conceitual da fundamentação teórica; Definição de forma detalhada o teor da pesquisa empírica (trabalho de campo) explicitar os dados coletados do instrumento de pesquisa adotado (questionário), na forma de caracterização do tema (TACHIZAWA E MENDES, 1998). 2.1.2.1 Escolha e elaboração do instrumento para coleta de dados Os instrumentos mais comuns para a coleta de dados são o questionário e a entrevista. Neste momento, é preciso definir o que se pretende saber e por que se quer saber. O 19 cuidado para a entrevista é saber se aquela fonte é realmente qualificada para opinar sobre o assunto em questão. Há a necessidade de um cuidado extremo ao realizar as perguntas corretamente para aumentar a precisão das respostas. Formule questões que estejam relacionadas aos objetivos e hipóteses da pesquisa. Para a elaboração do questionário, observe os seguintes preceitos, de acordo com Martins (1990): a) Identificar dados e variáveis fundamentais que irão compor as questões. Ou seja, perguntar sobre o comportamento das variáveis que estão sendo consideradas pela investigação. b) Avaliar as questões formuladas quanto à clareza da redação e ordenação das perguntas. c) Avaliar a extensão do questionário. d) Verificar a pertinência ou não de cada questão. Evitar perguntas sobre dados de que já se dispõe cadastros, fichários, publicações. e) Cuidar da estética e da qualidade de impressão do questionário. f) Quando necessário, elaborar instruções claras e precisas para o preenchimento do instrumento. g) Se necessário, pré-codificar as respostas para o posterior processamento. Exemplos de tipos de perguntas Fechadas a) Você é sindicalizado? Sim Não b) Assinale qual é seu grau de instrução: Ensino fundamental Ensino médio Superior Mestre 20 Doutor Livre docente c) Escalas de atitudes: são técnicas que procuram medir a intensidade das opiniões ou das reações de um indivíduo. Exemplo: - O diploma do curso superior é uma das condições para a ascensão social. 1 Discordo totalmente 2 Discordo bastante 3 Discordo pouco 4 Concordo pouco 5 Concordo bastante 6 Concordo totalmente d) Perguntas “cafeteria”: trata-se de uma questão aberta em que é oferecido uma variedade de possibilidades para resposta. Exemplo: - Segundo sua opinião, o que caracteriza um homem de “esquerda”? 1 O anticlericalismo 2 A preocupação em defender as liberdades individuais 3 A atenção dada aos problemas do mundo 4 O pacifismo 5 A preferência pelo dirigismo em matéria ecconômica 6 A preferência pelo sistema republicano 7 Outra característica não incluída entre as acima Abertas São aquelas perguntas que conduzem o informante a responder livremente com frases ou orações. a) Qual a sua opinião sobre a atual constituição? FONTE: Adaptado de Martins, 1990, p. 36-37 21 A entrevista é um diálogo orientado que busca, por meio do interrogatório, informações e dados para a pesquisa. São estruturadas por meio de questões previamente formuladas, não havendo liberdade para o entrevistador alterar ou fazer inclusão de questões (MARTINS, 1990). Algumas considerações para a condução da entrevista: a) Planejar a entrevista, delineando cuidadosamente o objetivo a ser alcançado. b) Quando possível, obter algum conhecimento prévio do entrevistado. c) Atentar para os itens que o entrevistado deseja esclarecer, sem manifestar as suas opiniões. d) Criar condições favoráveis ao bom desenvolvimento da entrevista. Obter e manter a confiança do entrevistado. Ouvir mais do que falar. Evitar divagações. e) Registrar os dados e informações durante a entrevista. Se não for possível, registrá- los imediatamente após a entrevista. f) Se a entrevista não for conduzida pelo próprio investigador, é imprescindível exaustivo treinamento para os entrevistadores, bem como atento controle ao trabalho de campo (MARTINS, 2010). 2.1.3 Monografia de estudo de caso O desenvolvimento deste tipo de monografia sugere uma análise específica da relação entre um caso real e hipóteses, modelos e teorias (TACHIZAWA, 1991 apud TACHIZAWA E MENDES, 1998). A monografia representativa de um estudo de caso deve ser desenvolvida a partir da análise de uma determinada organização. Esta é a situação mais comum, embora uma monografia deste tipo possa ser desenvolvida em qualquer outro contexto que retrate a situação encontrada e proponha uma solução/mudanças no contexto analisado. (TACHIZAWA E MENDES, 1998, p. 49). 22 MODELO METODOLÓGICO DE MONOGRAFIA DE ESTUDO DE CASO FONTE: Adaptado de Tachizawa e Mendes, 1998, p. 49 Escolha do assunto/Delimitação do tema Bibliografia pertinente ao tema (área específica sob estudo) Levantamento de dados da organização sob estudo Fundamentação teórica Caracterização da organização Análise e interpretação das informações Conclusões e resultados 23 Este tipo de monografia segue as mesmas recomendações de elaboração de anteprojeto das anteriores, inclusive com a mesma estruturação. 24 3 PLANEJAMENTO O desenvolvimento da monografia vai seguir etapas encadeadas. Para um bom aproveitamento do tempo é necessário a realização de um planejamento e até mesmo de um cronograma. A organização da pesquisa e do tempo vai ser útil no aproveitamento do tempo disponível para a realização do trabalho e ajudará a evitar surpresas, como um não atendimento ao prazo estipulado pela instituição de ensino. Para fins de planejamento da monografia, apresentaremos dois planos de trabalho distintos propostos pelos autores Tachizawa e Mendes (1998) e Martins (1990): ETAPAS DE UMA MONOGRAFIA FONTE: Tachizawa e Mendes: Como fazer monografia na prática, 1998. Tipo de monografia Proposição/ aprovação Levantamento prévio Levantamento detalhado PROFESSOR ORIENTADOR Definição assunto Anteprojeto monografia Projeto final Apresentação monografia Banca examinadora BIBLIOGRAFIA Fontes convencionais/acervo digital (internet) 25 GRANDES FASES DO PROCESSO DE PESQUISA – AÇÕES DO INVESTIGADOR QUESTÃO DE PESQUISA OBJETODE ESTUDO Responda às questões: - O que fazer? - Por que fazer? - Formulação do problema de pesquisa; antecedentes; tendências; relevância do assunto; questão da pesquisa; - Necessidade de solução. - Possíveis aplicações e utilizações dos resultados. ESTUDO EXPLORATÓRIO - Consulta a livros, revistas, jornais... - Consulta a especialistas e autoridades no assunto. - Identificação de um marco teórico. ENUNCIADOS DOS OBJETIVOS DA PESQUISA Responda à questão: - Para que fazer? - Especificação do objetivo geral. - Enunciado dos objetivos específicos. FIXAÇÃO DOS PARÂMETROS - Identificação das limitações da pesquisa. 26 - Qual é a tipologia do estudo? PLANEJAMENTO OPERACIONAL DA PESQUISA Responda às questões: - Onde fazer? - Quando fazer? - Com o que fazer? - Como fazer? - Cronograma de trabalho. - Custos. APRESENTAÇÃO FINAL - Identificação. - Sumário. - Índice. - Introdução: antecedentes do problema; tendências; pontos críticos; questão de pesquisa; relevância do assunto; objetivos; hipóteses. - Revisão bibliográfica. - Metodologia. - Apresentação e discussão dos resultados. - Conclusões e recomendações. - Bibliografia. - Anexos. FONTE: Adaptado de Martins, 1990, p. 16-17. 27 3.1 ESCOLHA DO ASSUNTO A escolha do assunto é um ponto importante no processo de elaboração da monografia. Na verdade, este é o primeiro passo e vai determinar o desenrolar da pesquisa. Segundo Tachizawa e Mendes (1998), a definição do tema ocorre em três fases: Escolha de um assunto ou tema; Delimitação do assunto; Estudo exploratório. Alguns pontos devem ser observados para a definição do tema a ser estudado. Os critérios de seleção aplicados devem resultar em um tema que: Corresponda ao gosto e interesse do aluno-pesquisador; Propicie experiências duráveis e de grande valor para o pesquisador; Possua importância teórica e, principalmente, prática; Corresponda às possibilidades de tempo e de recursos financeiros do pesquisador; Seja viável em termos de levantamento de dados e informações. ESCOLHA DE UM ASSUNTO OU TEMA FONTE: Tachizawa e Mendes: Como fazer monografia na prática, 1998. Tipo de monografia Definição do assunto Critério de seleção Escolha do tema Delimitação do tema e formulação do problema Anteprojeto monografia 28 Outro ponto que pode ser analisado nesta fase de escolha do tema é se o assunto a ser pesquisado necessita de melhores definições; outras formas de abordagem; novos relacionamentos entre variáveis, maior precisão, ou, ainda, um tema que exige maior aprofundamento ou dilatação das suas fronteiras (MARTINS, 1990). Santos (2001, p. 50-51) sugere três critérios que podem ajudar na escolha do tema: Gosto pessoal, preparo técnico e tempo disponível: um tema escolhido de acordo com o gosto pessoal do pesquisador gera empatia e entusiasmo. A formação cultural e vivência pessoal vão garantir início bem-sucedido do processo de busca. Importância ou utilidade do tema: deve estar claro para o pesquisador a relevância de um tema que possa dirigir-se genericamente a três beneficiários: a sociedade, a ciência e a escola. Pode-se considerar a relevância de um tema quando sua conclusão gera contribuição direta para a sociedade. A relevância científica diz respeito a uma contribuição para melhor esclarecer/resolver um problema detectado no curso de uma pesquisa científica. Relevância acadêmica é característica do tema que, desenvolvido, contribui para o ensino/aprendizado a respeito de uma necessidade/problema humano. A importância em uma dessas áreas será motivo suficiente para o desenvolvimento do tema. Existência de fontes: é condição essencial, pois é impossível pesquisar algo sem fontes de dados. As fontes de pesquisas são três: uma bibliografia a respeito do tema; um campo onde se possa observar; um laboratório onde se possa recriar. Em resumo, o tema ideal para a pesquisa é aquele que preenche as três características: atende ao gosto, aptidão e tempo do pesquisador; é relevante ou para uma sociedade, ou para uma ciência ou para a escola; e sobre ele é possível obterem-se dados. (MARTINS, 2001, p. 51). Exemplo Suponha-se que o tema escolhido seja: “As grandes viagens de descoberta do século XV”. As questões iniciais a serem respondidas são: (a) “Gosto deste assunto? Tenho conhecimento e aptidão para a pesquisa histórica? Tenho tempo para desenvolvê-la?” (b) “Qual é a importância do desenvolvimento deste tema? O desenvolvimento dele contribui para a sociedade, ou para a ciência ou para o ensino da história?” ou ainda: “Vou aprender mais a 29 respeito dos descobrimentos?” (c) “Existem fontes?” (obviamente serão fontes bibliográfica/documentais). A resposta a este conjunto de questões é que tornará o tema bom ou ruim para o pesquisador. FONTE: Santos, 2001, p. 51. O pesquisador não deve escolher assuntos muito amplos, pois temas assim não permitem um tratamento com profundidade. Há a necessidade da delimitação do sujeito e do objeto. O sujeito é o universo de referência; o objetivo do estudo é conhecê-lo, agir sobre ele. Como sujeito pode-se considerar ainda o assunto que pode dar ensejo ou lugar a alguma coisa. Já o objeto é o tema propriamente dito. Consiste no que se quer saber ou fazer a respeito do sujeito. É o conteúdo do trabalho (TACHIZAWA E MENDES, 1998). Exemplo No tema “A formação de recursos humanos” tem-se como sujeito, que é o universo de referência, os recursos humanos, e como objeto ou conteúdo do trabalho a formação. Em “A comercialização do produto X”, o produto X é o sujeito, e comercialização é o objeto. FONTE: Tachizawa e Mendes, 1998, p. 26. Ainda há a necessidade de se fixar a extensão do sujeito e do objeto. No exemplo em questão, o sujeito se refere aos recursos humanos em geral. Um estudo monográfico, no entanto, exige que se reduza a sua extensão, a fim de se chegar a um tema objetivo e preciso. No caso pode-se reduzir o sujeito a “formação de recursos humanos na empresa A”. Dessa forma, determinar a extensão do sujeito é fixar o seu “universo de referência”. Já fixar a extensão do objeto é selecionar os setores, áreas ou tópicos do assunto que serão focalizados. No exemplo, poderia se focalizar a “formação humana”, a “formação profissional” e afins (TACHIZAWA E MENDES, 1998). A demarcação de um período também ajuda e dar o enfoque necessário, como por exemplo, “entre 1995 e 1998”. 30 3.2 DEFINIÇÃO DO TÍTULO DA MONOGRAFIA A delimitação da extensão do tema direciona o título da monografia. Há o título geral e o título técnico, ou subtítulo – por exemplo: “Organização flexível: qualidade na gestão por processos”. Assim, neste exemplo, organização flexível é o título geral, e qualidade na gestão por processos é o título técnico. No entanto, a preocupação com o título é secundária, já que ele pode ser alterado ao longo do desenvolvimento da monografia (TACHIZAWA E MENDES, 1998). 3.3 ESCOLHENDO O ORIENTADOR Pode parecer desnecessário, mas o relacionamento que o pesquisador mantém com seu orientador é extremamente importante para bom o andamento do trabalho. Não são raros os casos em que ouvimos que o orientador na verdade “desorientou”. Nestes casos, o quesito “afinidade” é um ponto que precisa ser considerado para a escolha do orientador. A análise do currículo do professor deve ser realizada. É interessante para o pesquisador que o assunto da sua monografia seja um assunto afim ao estudado pelo orientador. Dessa forma, o entendimento entre ambos será facilitado tendo em vista a afinidade dos assuntos estudados, podendo o professor orientador auxiliar melhor o processo de orientação por meio de indicação de bibliografias e até mesmo direcionando o pesquisador para umapossível carreira acadêmica, se for o interesse deste. 31 Você conhece a Plataforma Lattes? A Plataforma Lattes é uma base de currículos que integra dados de pesquisadores, grupos de pesquisa e instituições. O cadastro e consulta de dados é on-line. A Plataforma possui um sistema de buscas por nome e por assunto dos trabalhos publicados. Este sistema de busca pode auxiliar na procura por material bibliográfico ou até mesmo para verificar quais pesquisadores no Brasil têm afinidades com a sua pesquisa. Acesse: http://lattes.cnpq.br/ SISTEMA DE BUSCA DA PLATAFORMA LATTES FONTE: Disponível em: <http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/busca.do?metodo=apresentar>. Acesso em: 27 dez. 2010. 32 3.4 CRONOGRAMA A preparação de um projeto de pesquisa é relacionar as atividades ao tempo disponível, isto é, planejar o tempo em função das atividades previstas para a conclusão do trabalho proposto. Uma vez estabelecido um cronograma, é essencial que este seja seguido à risca. Exemplo No mês de janeiro, ao fazer seu cronograma, o pesquisador sabe que seu prazo final de entrega é 15 de dezembro. O cronograma poderia se apresentar assim: Coleta de dados – até julho. Redação – até outubro. Apresentação gráfica – até 10 de dezembro. Entrega – 15 de dezembro. FONTE: Santos, 2001, p. 73. FONTE: Disponível em: <http://www.sxc.hu/photo/1174474>. Acesso em: 27 dez. 2010. 33 Santos (2001) sugere ainda outro nível de detalhamento para um cronograma, sendo este mais específico determinando datas exatas para cada etapa. Objetivo #1 Coleta ___/___/____. Redação ___/___/____. Apresentação ___/___/____. Objetivo #2 Coleta ___/___/____. Redação ___/___/____. Apresentação ___/___/____. Conclusão/Introdução ___/___/____. Entrega ___/___/____. FONTE: Adaptado de Santos, 2001, p. 73 LEITURA COMPLEMENTAR A importância da metodologia científica Ao ingressar em uma faculdade o aluno percebe que muita coisa vai mudar em sua vida, o ato de estudar terá que ser inserido no seu cotidiano. Esta disciplina é primordial e se faz necessária neste primeiro momento do estudante, pois: O objetivo da Metodologia Científica é tomar os neo-universitários pela mão e caminhar ao seu lado, acompanhando-os em seus primeiros passos de vida universitária, indicando o caminho certo na procura do saber superior, iluminando problemas para que melhor possam vê- los a assumir e a desenvolver hábitos de estudo e técnicas de trabalho que tornem realmente produtivos os anos de vida universitária, tão preciosos e, não raro, tão mal aproveitados. 34 Metodologicamente a cadeira responsável por dar as boas vindas ao novo aluno é a Metodologia Científica, ela significa o estudo dos caminhos do saber, do conhecimento científico. O perfil do aluno do ensino superior, principalmente o estudante do período noturno, é de ser o chamado aluno-trabalhador. Na sua maioria são pessoas que além de estudar também trabalham durante o dia, sendo assim se observa o primeiro obstáculo a ser superado, o de conciliar a vida acadêmica com a pessoal e profissional. O compromisso do estudo não significa a total renuncia da vida pessoal. Existem algumas dicas para se obter maior eficácia nos estudos, são: Planeje o seu tempo colocando-o em um cronograma, detalhando o seu tempo útil; Disponibilize no mínimo duas horas para estudar todos os dias, utilize uma hora para cada matéria; Se prepare para as aulas, faça a leitura prévia, participe ativamente das aulas e depois faça uma revisão do que foi aprendido em sala de aula; Farta pesquisa é um pressuposto básico do bom aluno, utilize a biblioteca á vontade, forme grupos de estudo para discussão dos temas pesquisados. Os alunos devem desde o primeiro semestre se esforçar em usar as normas da ABNT, pois desta forma estarão se familiarizando com as mesmas e quando o momento de elaborar as suas monografias chegar já dominem por completo o seu uso, esta dica vale também para uma importante ferramenta de estudo, a informática. Gostaria de levantar ainda uma questão muito importante no mundo acadêmico, o aprendizado. A aprendizagem na sua essência é um fenômeno construtivo, então podemos afirmar que aprender passa por uma postura constantemente reconstrutiva. Lembre-se que o maior objetivo do aluno é aprender, não basta apenas passar de semestre. Aprender é a maior prova da maleabilidade do ser humano, porque, mais que adaptar-se à realidade, passa a nela intervir. Saber pensar não combina com a intensa e única dependência do mestre, pois esta subordinação completa nos torna submissos e ignorantes. O que se espera do estudante universitário é que tenha autonomia e o pensamento critico e criativo, para obter o saber superior e produzir conhecimento. RUIZ, João Álvaro. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. São Paulo, Atlas, 1985, p.16. DEMO, Pedro. Saber pensar. São Paulo, Cortez, 2001, p.47. FONTE: Botelho, 2010. 35 4 INICIANDO A PESQUISA 4.1 LEITURA E BIBLIOGRAFIA Para a realização de qualquer trabalho acadêmico a leitura e a pesquisa são atividades indispensáveis. Qualquer processo de pesquisa se utiliza de uma consulta bibliográfica para o seu desenvolvimento. Essa consulta quase sempre vai identificar que aquele assunto já foi pesquisado de forma mais básica, ou idêntica ou correlata, permitindo, assim, uma variedade de percepções e embasamentos que podem servir para comparações ou mesmo para conhecimento daquilo que se pretendia pesquisar sozinho. A pesquisa bibliográfica, geralmente, não oferece dados inéditos, como a pesquisa de campo ou de laboratório pode oferecer. No entanto, nada compromete a originalidade dos raciocínios que surgirão a partir deles. Dados já publicados podem possibilitar raciocínios inéditos, já que este conceito não se restringe a “realidade nova”, pois pode significar, também, “pensamento novo” a respeito de uma “realidade velha” (SANTOS, 2001). O primeiro passo para levantamento de bibliografia é a pesquisa em bibliotecas e na internet. Se for verificado que há uma grande quantidade de livros, artigos e outros tipos de fontes talvez seja um indício de que o tema é grandioso e inviável. O contrário também pode comprometer o desenvolvimento do trabalho: a escassez de material bibliográfico. No entanto, é natural que no início da pesquisa a bibliografia seja pobre ou inexistente. Neste caso, a sugestão é que tão logo uma obra relacionada ao objetivo da monografia seja encontrada, o pesquisador deverá consultar a página final da obra para verificar os livros utilizados pelo autor daquela. Mas mesmo assim, caso a bibliografia ainda seja insuficiente, pode ser o caso de repensar e talvez alterar o tema da monografia (TACHIZAWA E MENDES, 1998). 36 ROTEIRO: PROCESSO DE LEITURA FONTE: Adaptado de Martins: Manual para elaboração de monografias, 1990. A leitura é uma das maneiras mais utilizadas para se conhecer a realidade. Ao ler, a pessoa tem possibilidade de conhecer mais sobre o mundo. A leitura é fundamental para a busca do conhecimento. Trata-se, pois, do pré-requisito para quem deseja dedicar-se às lides da pesquisa. O gosto pela leitura é condição básica para a formação do espírito científico. (MARTINS, 1990, p. 11) 37 Uma vez que o tema já foi escolhido, a procura de materiais escritos sobre o assunto é o próximo passo. Como o assunto a ser trabalhado já nos é de conhecimento prévio, a releitura exploratória tem a função de aumentar a extensão e profundidade dos conteúdos conhecidos. A leitura inicial a respeito do assunto em dicionários, enciclopédias, introduções e manuais didáticos permitirá, ao menos, que se apurem o sentido de palavras-chave, definições, situação histórica do problema, classificaçõesgenéricas, etc. Além disso, o conhecimento genérico obtido por meio desse contato inicial, ajudará a distinguir o secundário do essencial e facilitará a delimitação do conteúdo dos temas a investigar. (SANTOS, 2001, p. 52) A leitura exploratória é levantar curiosidades, conceitos novos, marcando definições, nomes, datas que pareçam importantes para aprofundamento posterior, traçando, dessa forma, as linhas gerais do assunto a partir das informações contidas naqueles textos. FONTE: Disponível em: <http://www.sxc.hu/photo/969875>. Acesso em: 22 dez. 2010. 38 1.2 A PESQUISA NA INTERNET A obtenção de informações especializadas, se dá, usualmente, em visitas a bibliotecas, acervos técnicos, compra de livros, publicações, revistas especializadas e participação em cursos, seminários, treinamentos e congressos. E há alguns anos a internet se juntou a estas fontes para servir de suporte à pesquisa, por conta de aglomerar, num só meio, inúmeras possibilidades de consulta. Há de se convir que desde sua popularização a pesquisa se tornou algo mais prático e até mais prazeroso de se fazer. Os sistemas de buscas de assuntos nos permitem “viajar” por várias fontes, permitindo o acesso a uma variedade de opiniões e dados. A internet é uma inesgotável fonte de pesquisa. No entanto, é necessário discernimento e cautela ao se utilizar textos encontrados na rede mundial de computadores. O que existe na internet é um excesso de informações, da mesma forma que acontece com as fontes bibliográficas tradicionais. Desse modo, vale a recomendação de ser seletivo na coleta de dados para a monografia. É preciso começar o desenvolvimento gradativo da monografia e ir acessando aos poucos as fontes bibliográficas disponibilizadas em ambas as mídias, a efetuar a leitura e resumir textos acessando as fontes bibliográficas tradicionais e/ou navegar na internet para depois começar de fato a escrever (o aluno irá se perder e trabalhar desnecessariamente). (TACHIZAWA E MENDES, 1998, p. 71-72) (grifos dos autores) 1.2.1 Buscadores: Google O Google (www.google.com.br) certamente é o motor de buscas mais conhecido e utilizado da internet. Desde uma simples busca, na página inicial mesmo, até uma busca 39 avançada, o Google com certeza já faz parte da rotina de pesquisadores no mundo inteiro, pois é um facilitador para encontrar as mais diversas fontes para os mais variados assuntos. Vejamos, a seguir, como explorar as ferramentas que o Google oferece para otimizar a sua pesquisa. APRENDA A USAR A PESQUISA AVANÇADA DO GOOGLE Dominar a técnica de fazer buscas usando as opções avançadas é o que faz a diferença entre um resultado ruim ou medíocre e um bom ou excelente. Localize, na página principal do Google, o link “Pesquisa Avançada”, ou acesse diretamente a página: http://www.google.com/advanced_search Como se vê na reprodução de tela abaixo, na parte superior do formulário há diferentes campos. 1- Primeira janela: use palavras sem operadores, pois a janela em si representa o operador AND, ou – o que é o mesmo – o sinal +. Portanto, todas as palavras que você incluir nesta janela estarão incluídas nas páginas de resultado. Deve ficar claro que nesta janela se 40 coloca palavras soltas. Exemplo: 2- Segunda janela: representa a frase exata, portanto, não se deve colocar a expressão entre aspas porque a janela funciona como o operador de aspas. Utilizar esta janela é uma forma de restringir a pesquisa; é uma das mais seguras opções de filtragem. Exemplo: 3- Terceira janela: Se você não tem muitos dados relacionados à informação que procura, você pode escrever palavras soltas ou sinônimos aqui, em geral, já que esta janela funciona como um seletor de algumas palavras e não todas. Por exemplo, se você colocar na primeira janela a palavra “corrupção”, o buscador vai trazer apenas os resultados que contenham essa palavra. Mas talvez o documento que você busca não contenha a palavra corrupção, mas termos equivalentes ou semelhantes, como: corrupto, propina etc. Portanto, essa janela normalmente traz a possibilidade de aumentar o número de resultados. 41 4- Quarta janela: Geralmente, websites comerciais atrapalham o objetivo de obter poucos e bons resultados. Portanto, esta janela permite que você exclua documentos que tragam termos que você não quer ver nos resultados. Por exemplo, se você estiver procurando informações sobre “exportações de café” e uma primeira busca traz muitos resultados sobre “exportações de carne”, ao colocar a palavra “carne” nesta janela, ela será excluída dos resultados. Você pode até mesmo colocar domínios. Suponha que você busca uma decisão judicial, mas os primeiros resultados exibidos são links do gabinete presidencial, que contém apenas press-releases que você já conhece. Nesse caso, você pode digitar na quarta janela o domínio, ou URL, do órgão em questão, sem o www seguido do ponto e apenas escrever o domínio puro. Imediatamente após essas quatro janelas na pesquisa avançada, você vai encontrar outras ferramentas de seleção (ou campos) que permitem maior precisão de filtragem. Aqui: 42 Idioma: talvez você precise de informações de outro país, como a Argentina. Aí, será necessário ajustar o idioma para espanhol. Região: você pode restringir sua busca a um determinado país. Por exemplo, supondo que você procura um documento que pode ter sido criado na embaixada da Espanha em seu país, provavelmente na Espanha haverá uma versão digital do mesmo. Formato: esta é talvez uma das caixas de seleção mais importantes. Documentos relevantes, e geralmente informações governamentais, costumam estar em PDF. A sigla, que significa Portable Document Format, indica um formato criado pela Adobe Systems, semelhante a uma página impressa. Costumam estar nesse formato documentos de licitações, decisões judiciais ou outros documentos públicos. Selecione essa opção para restringir os resultados de pesquisa entre os sites comerciais ou de fontes não confiáveis. Se você procura estatísticas, é mais provável que o documento esteja em Excel, mas não necessariamente, já que muitas organizações e governos, com a desculpa de proteger seus documentos, convertem arquivos de Excel em formatos de imagem, tornando impossível transferir as informações para uma planilha. Os governos que arquivam como imagem os documentos que postam em seus websites operam de maneira mais lenta e dificultam o acesso à informação pública que deve ser garantido por lei. Você também pode escolher outras opções de formato, como PPT (de PowerPoint), se estiver 43 procurando informações acadêmicas, apresentações em conferências, etc. Data: é importante definir a data, já que ela permite delimitar de maneira bastante precisa, ainda que não exata, a época em que a informação foi ao ar. Se você decidir deixar a opção “qualquer momento”, provavelmente os resultados serão muitos. Vá ajustando gradualmente este parâmetro. Suponha que você precisa de um documento criado em 2009. Comece por selecionar a opção “semana passada”. Se não encontrou o que queria, expanda a seleção: “no mês passado”, até finalmente “o ano passado.” Ocorrências: permite que você busque os resultados de acordo com o lugar onde estão no documento. Se você tiver certeza de que um documento contém determinada frase ou palavra-chave no título, você pode usar essa seleção, mas geralmente é muito restritivo e poderia deixar de fora o resultado do documento que você está procurando. Vale testar, mas não descarte o uso deste recurso. Domínios: permite localizar um documento, dados ou informações em um site. É como o Google “se metesse” dentro de um site. Por exemplo, ao buscar informações geradas pelo Ministério da Fazenda brasileiro,uma boa maneira de limitar o número de links e tornar sua 44 pesquisa mais eficaz é informar a URL do website do órgão, mas sem o WWW e o ponto. Ou seja, não escreva www.fazenda.gov.br e sim fazenda.gov.br: FONTE: Crucianelli, 2010. 4.2.2 Outras ferramentas de busca Na internet há muitas possibilidades de busca. O conhecimento das ferramentas corretas oferece uma variedade de fontes e ajuda a otimizar o tempo de pesquisa. Veja, a seguir, outras ferramentas que vão ajudar na sua pesquisa. Buscadores acadêmicos: tais buscadores servem para encontrar arquivos científicos disponíveis na web. Há os em português: Google acadêmico (http://scholar.google.com.br/) e Scielo (http://www.scielo.br/). E os de base internacional: Scirus (http://www.scirus.com/srsapp/); AcademicInfo (http://www.academicinfo.net/); Library Research (http://www.libraryresearch.com/); Scitopia (http://www.scitopia.org/scitopia/). A base Scielo (http://www.scielo.br/) oferece busca em diversas áreas e países. O pesquisador deve explorar, também, os websites das instituições ensino, que, geralmente, disponibilizam integralmente dissertações e teses, além de revistas especializadas. A Wikipédia (pt.wikipedia.org/) pode ser consultada também, no entanto, há que se ter cuidado em utilizá-la como única fonte, pois as informações ali contidas são livremente modificadas pelos usuários, e nem sempre são redigidas por especialistas. 45 Download e consulta de livros digitais: o site mais conhecido talvez seja o Google Books (http://books.google.com/books). Nele, há como visualizar livros e revistas na sua forma impressa. No entanto, há algumas obras, que apresentam somente parte do conteúdo, omitindo algumas páginas. Cultura Acadêmica Editora (http://www.culturaacademica.com.br): a editora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) lançou uma coleção de livros digitais já publicados; há obras de várias áreas do saber: Letras, Filosofia, Ciências Sociais, Comunicação, Artes etc. Domínio Público (http://www.dominiopublico.gov.br) é uma biblioteca digital oferecida pelo Ministério da Educação que contém obras em texto, imagens, sons e vídeos. Sites de aulas: O Academic Earth (http://academicearth.org/) disponibiliza aulas gratuitas de diversas áreas para serem visualizadas no site; o idioma utilizado nas aulas é o inglês. Um site equivalente com aulas em português é o Espaço Ética (http://www.espacoetica.com.br/). Nele são encontrados vídeos e artigos científicos sobre filosofia, ciência política etc. Dicionários: A Academia Brasileira de Letras (http://www.academia.org.br/) divulga em seu site os verbetes contidos no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. Há também o dicionário português Priberam (http://www.priberam.pt/dlpo/). PDAMED (http://www.pdamed.com.br/diciomed/pdamed_0001_aa.php) apresenta verbetes da área médica. LEITURA COMPLEMENTAR TCC pode render bons frutos depois da formatura Olho em demandas do mercado ajuda no planejamento após êxito na banca O TCC (trabalho de conclusão de curso) leva pelo menos um semestre para ser produzido e a apresentação não dura mais do que algumas horas. Em muitos casos, depois da aprovação, o trabalho não tem aproveitamento algum e passa servir apenas para ilustrar currículos e portfólios. Em alguns casos, no entanto, o TCC pode proporcionar ganhos aos alunos que extrapolam o âmbito acadêmico. Existem até algumas escolas que estimulam estudantes a pensar o TCC como parte 46 da iniciação profissional. “Ele é tão aplicado à prática que no dia da banca são convidadas empresas parceiras para assistir à apresentação. Temos banca acadêmica e banca de mercado, esta última, opina sobre o que achou interessante”, conta Ricardo Nakai, professor de marketing da Esamc. Ele acredita que o TCC é uma oportunidade interessante para o aluno conversar com o mercado. Enfoque semelhante é dado ao TCC do curso de publicidade e propaganda da Universidade Metodista. De acordo com Fernando Ferreira de Almeida, coordenador do curso, o aluno tem de se aproximar ao máximo da situação real de mercado. “O TCC é visto como um instrumento de trabalho. Desde o primeiro semestre os alunos já trabalham o desenvolvimento do TCC em contato com o mercado. Ele tem de apresentar soluções e pensar sempre no retorno do investimento feito pelo cliente”, explica Almeida. Não é apenas para os cursos voltados ao mercado que a possibilidade de desenvolver um TCC com aplicação prática existe. De acordo com Denizar Melo, coordenador do curso de fisioterapia da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), por exemplo, é comum o trabalho final servir como ponte para o mestrado. “O que se quer com o TCC, que é um trabalho que desperta no aluno o espírito empreendedor e cientifico, é que ele seja um grande laboratório, propicie vivência prática e possa resultar numa (proposta a ser apresentada num curso) stricto sensu“, afirma Melo. Além disso, Melo afirma que há casos em que o aluno desenvolve novas técnicas ou equipamentos que são de interesse do mercado. O desencadeamento do trabalho de conclusão dependeria da intenção do aluno. “Para alguns é mais natural atuar no mercado. Já outros têm viés mais acadêmico. O que a gente procura é potencializar essas vocações”, explica Melo. Segundo Almeida, um dos requisitos para que o TCC obtenha sucesso comercial é o embasamento teórico. “O trabalho serve para consolidar o conhecimento e confrontar teoria e prática. É importante ter base e conteúdo”, acrescenta. Direcionado ao mercado O coordenador do curso de fisioterapia da PUCRS defende a ideia de que para aproveitar o TCC depois da formatura, o aluno precisa estar atento às necessidades de mercado. “Ele tem de ter um bom problema para resolver. E, a partir dele, montar um bom 47 projeto para organizar esquematicamente a solução”, recomenda Melo. No entanto, ele sugere que o aluno direcione essa busca para a área do conhecimento da qual ele mais se aproxima. A exploração de nichos de mercado ainda carentes de soluções também é recomendada pelo professor de marketing da Esamc. Segundo Nakai, o ideal é procurar empresas dispostas a comprar capital intelectual para os problemas que enfrenta. Já Almeida defende que a única forma de conseguir desenvolver o trabalho de acordo com as demandas de mercado é estar atento às tendências e oportunidades à época da escolha do tema. “A dica é estudar sempre, acompanhar a evolução tecnológica do mercado. Seja para monografia ou para desenvolver campanhas e produtos”, acredita ele. Marcelo Veras, vice-presidente acadêmico da Esamc, concorda com Almeida e reforça o coro na defesa da tese de que o estudante precisa enxergar o mercado. “Tem de estar atento com o que o mercado precisa. Não pode pegar um tema só para cumprir tabela. Tem de ser um projeto para colocar embaixo do braço e levar na entrevista de emprego”, declara Veras. Nesse sentido, Nakai acrescenta ainda que o aluno tem a vantagem de ter à disposição durante a execução do TCC, além de toda a infraestrutura da instituição, o conhecimento dos professores. “O aluno nem sempre tem capacidade para desenvolver a solução, mas pode utilizar os recursos da universidade e o conhecimento e experiência dos professores para desenvolver um produto seu”, explica Nakai. “O professor é um profissional, que conhece a linguagem própria do mercado”, completa ele. No caso do grupo do então estudante Dani Schweller, formado em propaganda e marketing pela Esamc em julho de 2009, foi um das professoras quem viabilizou o contato com a empresa da qual ele era gerente de marketing. “Os professores têm necessidades reais que podem ser aproveitadas pelos alunos”, resume Schweller. No curso de fisioterapia da PUCRS, as pesquisas dos alunos são atreladas às linhas de pesquisa dos professores.“Os alunos desenvolvem parte da pesquisa dos professores. Às vezes, os professores reúnem grupos de alunos e cada um faz um capítulo de um livro, que pode ser publicado”, explica Melo. Por isso, ele recomenda para aqueles que têm interesse em levar o TCC ao mercado, que procurem professores e orientadores interessados em atuar na mesma linha. A própria universidade pode direcionar o desenvolvimento de trabalhos mais atraentes aos olhos do mercado. “Todo ano exploramos um segmento para ser trabalhado pelos alunos. Depende do que está em alta no mercado”, diz Almeida. 48 Oportunidade de padronização Formado em agosto de 2007 pela PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), o fisioterapeuta Régis Mestriner atualmente aguarda a concretização do processo de transferência tecnológica da patente depositada a partir de seu TCC. No projeto que fez em parceria com Rafael Oliveira Fernandes, ele desenvolveu um sistema de fisioterapia respiratória que, apesar de mais barato que os similares, estava esquecido devido à falta de padronização. “O sistema já existia desde a década de 30, mas não tinha como ser executado com segurança”, resume Mestriner. Trata-se de um equipamento, denominado coluna d’água, para reabilitação pulmonar em que o paciente assopra ar para o interior de um recipiente por meio de um canudo. O fisioterapeuta pode regular a pressão interna e com isso exigir mais ou menos pressão por parte do paciente. O problema que prejudicava o uso desse método dizia respeito à resistência promovida pelo canudo à passagem do ar. Impossível de ser controlada pelo fisioterapeuta, comprometia o tratamento. “Embora seja um sistema alternativo a outros bem mais caros que existem no mercado, há muita resistência dos profissionais em utilizar, justamente pela falta de padronização”, lamenta Mestriner. Os alunos tomaram conhecimento desse sistema numa aula do sexto semestre de Fisioterapia, quando o professor – que se tornou orientador do trabalho – propôs aos alunos que avaliassem o desempenho de diferentes tipos de material para execução dos procedimentos. Mestriner e Fernandes se interessaram e procuraram o hospital São Lucas, da própria PUCRS, onde conseguiram montar o sistema experimental e levantar os dados necessários para desenvolvimento do projeto. “A ideia inicial era padronizar o processo para usar no próprio São Lucas. O TCC nos deu a oportunidade de experimentar as ideias que surgiam. De algo que não esperávamos, conseguimos publicar até artigo”, comemora Mestriner. Depois da apresentação do TCC, em agosto de 2007, a dupla continuou com o desenvolvimento do sistema visando o departamento de registro de patentes da PUC. Atualmente, a universidade, que depositou o registro, negocia a comercialização do sistema com empresas da área de saúde. Os trâmites estão sendo resolvidos pela universidade, que é quem levará, caso o processo seja bem-sucedido, a maior parte dos lucros. Ainda assim, Mestriner e seu parceiro de TCC também terão retorno sobre o trabalho. “Estamos bem esperançosos de 49 que aconteça. Toda a parte experimental foi feita durante o TCC. A única coisa feita depois foi o artigo”, conta Mestriner sobre o material publicado na revista científica da área de fisiologia respiratória Respiratory Care. Opção pelo desafio A possibilidade de aplicar na prática os conhecimentos adquiridos ao longo do curso foi o que levou o grupo de TCC de Dani Schweller a optar pela Topz, empresa do grupo farmacêutico EMS, para a criação de uma campanha de reposicionamento de marca. De acordo com ele, duas das seis pessoas que compunham o grupo trabalhavam na EMS, além de a professora Vania Bitencour Serrasqueiro ser gerente de marketing da empresa, o que facilitou o acesso à companhia. Além disso, era o único cliente prospectado que apresentava um desafio real. “Tivemos algumas opções de clientes, mas esse era o que proporcionava o desafio mais real. Tinha uma verba reduzida, mas era uma verba real. E queríamos trabalhar com isso”, declara Schweller. Ele explica que a presença da professora na posição de gerente da empresa foi importante para estreitar o relacionamento entre cliente e alunos e pautou o grupo com relação às necessidades da EMS. “Ela acompanhou todo o desenvolvimento do trabalho. Por ela ser professora, sabia da seriedade do projeto e, por conhecer o grupo, pôde confiar na hora de passar os dados da empresa”, afirma. Dessa maneira, o grupo de Schweller procurou atender à necessidade da empresa de acelerar o retorno da linha de protetores solares Topz. Para tanto, o grupo realizou análises de mercado e desenvolveu peças de criação para apresentar ao cliente. “Propusemos a reformulação de embalagens, a criação da marca Sunny para diferenciar da linha Topz, criamos programas de metas e incentivos para a equipe e criamos programas de incentivo para os clientes”, explica ele. Como resultado, além de amigos e familiares, a diretoria da Topz esteve presente à apresentação. Atualmente, a marca Sunny está em processo de registro e a empresa está analisando formas de adotar outras das propostas do TCC. Além de Dani Schweller, o grupo de TCC era composto por Talles Ramalho, André Froner Hortense, Fernanda Ponzeto, Flávia Von e André Krajewski. Como aproveitar o TCC depois da formatura 50 - Procure desenvolver soluções para necessidades reais de mercado; - Busque orientação de professores que atuem no segmento de mercado desejado; - Mantenha-se informado quanto às tendências e necessidades de mercado; - Encare o desenvolvimento do trabalho como uma possibilidade de abrir portas junto às empresas; - Explore a infraestrutura da instituição e a experiência dos professores para desenvolver um produto ou solução seu. FONTE: Loturco, 2010. 51 5 COMO REALIZAR FICHAMENTOS Para o autor de um trabalho acadêmico, a ficha estabelece um instrumento de trabalho importante, uma vez que manuseia o material bibliográfico que, em geral, não lhe pertence. Utilizam-se, também, nas mais diversas instituições, para serviços administrativos, e nas bibliotecas, para consulta do público. As fichas permitem a identificação das obras, o conhecimento de seu conteúdo, a utilização de citações, a análise do material e a elaboração de críticas. Há, então, fichas bibliográficas de resumo ou conteúdo, de citações, de análise ou comentário, dentre outras. Por ser um procedimento importante na organização de dados complementares da concretização da pesquisa de documentos. O fichamento serve para arquivar e organizar as principais informações provenientes de leituras, devendo permitir um fácil acesso aos dados fundamentais para a elaboração do trabalho. Assim, o formato de registrar informações em fichas varia, de acordo com a organização de cada leitor, podendo ser utilizadas as tradicionais fichas de cartolina pautada, a folha comum de um caderno ou, mais modernamente, fazendo-se uso de um banco de dados de um computador. De acordo com diferentes autores, o fichamento deve conter a seguinte estrutura mínima: a) cabeçalho: pode ser dividido em apenas dois campos: o primeiro indica o assunto; Educação 1.1 Concepções da Educação; 52 b) referência: no caso de um livro1, a referência deve apresentar a autoria, título da obra, local de publicação, editora e ano de publicação, como segue, no exemplo: FREIRE, P. Sobre educação: lições de casa. São Paulo: Paz e Terra, 2008. c) conteúdo: depende do modelo de fichamento, podendo ser: fichamento de transcrição textual, fichamento de resumo e fichamento de comentário. Fichamento de transcrição textual: conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2001), a transcrição textual é chamada de citação direta, pois reproduz literalmente os conceitos do autorconsultado. Fichamento de resumo: é uma síntese, das principias ideias do autor contidas na obra. Aproveitam-se as ideias do autor, escrevendo-as livremente com as próprias palavras. Fichamento de comentário: é um fichamento descritivo, com comentários abordando a obra inteira ou parte dessa obra. Assim, o fichamento tem como desígnio permitir armazenamento de dados e/ou informações de documentos, no todo ou em parte, para posterior utilização, segundo os interesses do pesquisador. Desse modo, conforme as informações vão surgindo, durante o desenvolvimento dos trabalhos acadêmicos, devem ser catalogadas para, posteriormente, serem utilizadas como base para análise e discussão dos efeitos obtidos. 53 5.1 RESUMO Resumir significa reduzir um texto anteriormente mais longo, preservando-se, contudo o sentido geral. Estabelece-se, inicialmente, no trabalho de resumo, a concepção clara da mensagem do texto, o que significa um trabalho preliminar de análise: domínio do vocabulário, da estrutura sintática e do conteúdo semântico. 5.2 RESENHA Corresponde a um processo de síntese, semelhante ao resumo, mas dele se diferencia por possuir caráter obrigatório crítico, avaliativo em relação ao texto original, que pode se apresentar como literário, didático ou científico. Resenhar uma obra cultural – livro, artigo, crônica, filme, peça de teatro – ou um evento, por conseguinte, consiste em informar sobre elementos ressaltantes de conteúdo, forma e contexto, para que o leitor possa avaliar a importância ou o interesse de procurar o objeto original. Para tanto, a resenha deve corroborar sobre o autor, sobre o conteúdo da obra e sobre sua avaliação, pontos básicos esquematizados, para maior compreensão, segue exemplo. Em relação a uma obra: 54 Autor a. Quem é ele na área, formação, títulos, outros livros ou obras publicados etc. b. Referencial teórico e sua prática. Conteúdo da Obra a. Do que se trata, qual sua proposta central. b. Como está organizado o livro (introdução, corpo, conclusão, capítulos ou partes) ou a obra. c. Suporte teórico: conhecimentos e argumentações científicas, históricas, estatísticas. d. Linguagem usada: correção, clareza, objetividade, problemas de tradução (se for o caso). e. Extensão e valor da bibliografia. Avaliação a. Qualidade da contribuição, a quem se destina, utilidade. b. Balanço das contribuições e das críticas. FONTE: CARVALHO, Sérgio Waldeck. SOUZA, Luiz Marques. Compreensão e produção de textos. Rio de Janeiro: Libro. 5.3 ROTEIRO DE FICHAMENTO 55 Um fichamento é um trabalho intelectual, individual, onde o aluno tem oportunidade de sistematizar suas leituras, de tal forma que tenha consigo um material de consulta permanente, ao qual ele poderá recorrer em diferentes momentos de sua vida acadêmica ou profissional. Para tanto, com base na literatura sobre determinado assunto, sugere-se um roteiro básico de fichamento que busca garantir uma leitura extenuante, qualitativa e organizada dos textos. I. Aspecto formal 1. Referências bibliográficas completas, contendo: - Autor: SOBRENOME, nome. - Nome da obra ou artigo; edição se houver. - Local da edição (cidade). - Editora. - Data da publicação. - As páginas, se tratar de artigo ou capítulo de livro. Nesse caso, citar o livro de onde foi retirado o capítulo, indicando o organizador (se for obra coletiva) ou o autor. II. Conteúdo 56 1. Resumo do texto. Resumo do capítulo/livro/artigo: o assunto do qual trata o artigo ou livro. Antes de fazer o resumo, deve-se ler todo o texto. Utilize suas próprias palavras e não as do autor. O resumo deve ser, de preferência, sucinto, indicando, de forma global, não detalhada, qual é o assunto, os procedimentos metodológicos e as conclusões do autor. 2. Síntese seletiva das ideias/conceitos/definições desenvolvidas no texto. Fazer sínteses em torno de alguns temas de interesse do aluno e/ou de temas destacados pelo autor, inclusive conceitos; temas/conceitos relacionados com a disciplina para a qual o texto foi lido. Pode-se: a) fazer citações diretamente do autor. Nesse caso, deve-se pôr a citação "entre aspas", indicando a(s) página(s); b) sintetizar a ideia do autor utilizando as próprias palavras. 3. Comentários pessoais a título de conclusão sobre o texto em exame, utilizando suas próprias palavras e não as do autor. Nessa última parte, o aluno deve fazer um esforço de reflexão acerca do texto lido, tentando relacioná-lo a outros textos, às aulas ou às discussões e, se for o caso, indicar seus méritos ou falhas. A estrutura das fichas deve conter: - Cabeçalho: título que coincide com o título que está sendo fichado. Em um fichamento, há três tipos de títulos: 57 • Título genérico: título do livro • Título próximo: desdobramento do livro, ou seja, o título de cada capítulo. • Título próximo: desdobramento do título do capítulo. • Título específico: caso haja alguma subdivisão do título próximo, algum subitem. Na ficha catalográfica deve conter a referência bibliográfica de acordo com as normas da ABNT. Essa ficha catalográfica está pronta no livro que está sendo pesquisado. Todo o livro com o ISBN tem uma ficha catalográfica que deve ser colocada nos moldes do fichamento tradicional. Saiba mais... O ISBN - International Standard Book Number - é um sistema internacional padronizado que identifica numericamente os livros segundo o título, o autor, o país, a editora, individualizando-os inclusive por edição. Utilizado também para identificar software, seu sistema numérico é convertido em código de barras, o que elimina barreiras lingüísticas e facilita a sua circulação e comercialização. FONTE: Agência Brasileira do ISBN. Disponível em: <http://www.bn.br/portal/?nu_pagina=26>. Acesso em: 30 dez. 2010. Obs.: FICHA CATALOGRÁFICA (obrigatório Dissertações/Teses) Deve ser elaborada pelo profissional bibliotecário. 58 O texto do desenvolvido na ficha deve conter o que pode ser o resumo, a citação, a crítica, o esboço e a relação com outros textos, obedecendo a cada tipologia de fichamento. O objetivo de expor o texto em fichas é captar a ideia central de todos os textos fundamentais para o pesquisador. Quando a ficha é apenas para resumo deve seguir o roteiro: • Cabeçalho Título genérico Título próximo • Referência bibliográfica • Texto • Indicação da obra • Local Quando a ficha for de citação, o texto pode ser reproduzido de acordo com o conteúdo da obra e com os trechos que forem sendo selecionados pelo pesquisador. O importante é: - Colocar aspas em todas as citações respeitando a autoria; 59 - Ao citar é importante mencionar o número de páginas ao lado de cada citação; - Qualquer traço no texto: negrito, itálico, erros de grafia, palavras estrangeiras, devem ser mantidos de forma a confirmar com a originalidade e lealdade ao longo da citação. - Caso haja supressão no texto, o pesquisador deve demonstrar que uma parte fora retirada por meio do símbolo dos colchetes [...]. 60 6 INICIANDO A REDAÇÃO DA MONOGRAFIA REDAÇÃO A monografia necessita ser escrita na terceira pessoa, em linguagem clara, concisa e de coerência gramatical e sequencial; frases simples e curtas (média de trinta palavras); parágrafos médios (oito a 15 linhas); capítulos médios (de dez a 15 laudas). DESTAQUE E DIFERENCIAÇÃO DE PALAVRAS Nomes científicos, palavras e frases em língua estrangeira, títulos de obras (livros e periódicos), emprega-se itálico, sem aspas; para dar destaque a um termo, usar negrito, os títulos de capítulos ou de poemas vêm entre
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