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1 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Ventilação Mecânica na Pediatria Introdução A ventilação assistida vem sendo aplicada na sala de urgência e até mesmo em domicílio, além das unidades de terapia intensiva (UTI). Por isso, os médicos em geral devem estar familiarizados com as técnicas de ventilação. Definição: A ventilação mecânica trata-se da utilização de um ventilador pulmonar artificial para o tratamento de pacientes com insuficiência respiratória, visando à melhora ou a manutenção das trocas gasosas pulmonares, reduzindo o trabalho respiratório e melhorando a relação ventilação/perfusão. Assim como na ventilação espontânea, a respiração é cíclica na ventilação mecânica, com intervalos em volume inspirado é exalado passivamente. O que diferencia a ventilação mecânica da espontânea é a entrada de gases via pressão intratorácica positiva na ventilação mecânica (Lembre-se que na ventilação espontânea é uma pressão negativa). Indicações da ventilação mecânica: As principais indicações são: - Insuficiência respiratória, seja de origem pulmonar, cardiovascular, metabólica ou neurológica; - Estabilização pós-reanimação cardiopulmonar; - Pós-operatório de cirurgia de abdome superior ou torácica de grande porte. OBS: Insuficiência Respiratória: há um processo restritivo, onde há redução da complacência pulmonar (representa a capacidade elástica do tórax, ou seja, quando há redução da complacência os pulmões são ditos duros) e um processo obstrutivo, quando há resistência ao fluxo aéreo (é a dificuldade na passagem do ar pelas vias aéreas) representa uma incapacidade do sistema respiratório manter a oxigenação e/ou ventilação. Outra definição é PAO2 < 60; PACO2 > 55 e saturação < 90%. Ciclo ventilatório com respirador É composto de 4 fases: Fase inspiratória: O respirador insufla os pulmões do paciente, vencendo as propriedades elásticas e resistivas do sistema respiratório; - Pode existir uma pausa inspiratória para prolongar essa fase. Mudança da fase inspiratória para expiratória: O ventilador interrompe a fase inspiratória, permitindo o início da fase expiratória de forma passiva. Fase expiratória: O ventilador deve permitir o esvaziamento dos pulmões de forma passiva. Mudança da fase expiratória para a fase inspiratória: Pode ser desencadeada pelo respirador ou pelo paciente através do ciclagem (tempo), caso ele ainda possua drive respiratório. Parâmetros: - Volume corrente: é a quantidade de ar ofertada pelo ventilador a cada ciclo ventilatório. Habitualmente varia entre 6-8 mL/kg. Se obstrutivo 8-10 ml/kg para lavar o CO2; Se restritivo 4-8 ml/kg; Em casos de Síndrome do desconforto respiratório agudo pode usar volumes menores que 6 ml/kg. - Volume minuto: é o produto do volume corrente pela frequência respiratória VM= VC x FR Representa o principal determinante da PCO2, de modo que varia de forma inversamente proporcional, ou seja, quanto maior o volume minuto, menor a PCO2. - Tempo inspiratório: Possui uma relação com a constante de tempo (CT), a qual representa o tempo necessário para que ocorra o equilíbrio de pressões entre a via aérea e os alveolos. Equivale ao produto da resistência pela complacência. RN normal: 0,15 segundos. Tempo inspiratório/tempo expiratório fisiológico corresponde 1:2, ou seja, 1 fração do tempo inspiratório e 2 frações do tempo para tempo expiratório. Doenças restritivas: < 1:2; Doenças obstrutivas: 1:3 ou 1:4 Necessita-se de um tempo expiratório mais prolongado, na tentativa de expulsar mais CO2. - Sensibilidade para disparado ou Triggers: 2 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Podemos configurar o aparelho de ventilação mecânica para iniciar um novo ciclo ventilatório de acordo com as variações no fluxo ou pressão das vias aéreas, as quais são geradas pelo esforço do paciente. Ou seja, um paciente que participa da respiração, irá realizar uma pressão negativa, mobilizando o ar, de modo que o ventilador irá realizar o disparo. Para disparado por pressão: 2 cm de H2O e de fluxo 1-5 L/min. - Fração inspirada de oxigênio (FIO2): representa a proporção de O2 no ar inspirado. FIO2 de 1, ou seja, 100%, é usada para recuperar a hipoxemia Geralmente é iniciado a 100%, mas procura-se reduzir a FIO2 até atingir valores PO2 > 60 mmHg e saturação adequada. FIO2 > 0,6 aumenta o risco de complicações. OBS: Ou seja, iniciamos com FIO2 máxima e depois vamos reduzindo. - Pressão positiva ao final da expiração (PEEP): representa a pressão positiva e constante ao final da expiração. PEEP fisiológica: 5 cm H2O; PEEP aumentada tem como finalidades: Reduzir os distúrbios das trocas gasosas, permitindo aos pacientes a administração de uma menor FIO2; Reduzir edema pulmonar; Abertura de alveolos colapsados. Efeitos adversos no uso da PEEP: Aumento da pressão intratorácica; Aumento da pressão intracraniana; Diminuição do retorno venoso e débito cardiaco; Úlceras de estresse e redução da motilidade; Represamento de ar. - Pico de pressão inspiratória (PIP): equivale ao maior valor de pressão atingindo durante a inspiração; Valores excessivos, ou seja, > 35 cm H2O, podem levar a pneumotórax e a pneumomediastino. Modos ventilatórios Tipos: - Controlado ou mandatório: ocorre quando o ventilador fornece o ciclo de acordo com os parâmetros ajustados, sem a participação do paciente (ausência de drive ventilatório); - Assistido -controlado: o disparo por pressão é ativado pelo esforço inspiratório do paciente (assistido) e o disparo por tempo, onde é deflagrado pelo aparelho (controlado), funcionando como um mecanismo de resgate, ativado apenas quando o ciclo assistido não ocorre. LEGENDA: a ventilação assistida pela pressão negativa é ativada, que posteriormente não ocorre, de modo que inicia a ventilação controlada. - Ventilação mandatória intermitente: o paciente recebe um número fixo e predeterminado de ciclos mecânicos, de modo que nos intervalos das respirações mandatórias, o paciente pode iniciar a respiração espontânea; - Ventilação mandatória intermitente sincronizada: o ventilador fornece o ciclo no momento do esforço respiratório do doente. - Modo de suporte: ocorre quando o ventilador gera uma pressão positiva para auxiliar a respiração é aquele utilizado na extubação. CPAP: pressão contínua; BIPAP: bifásica- pressão inspiratória e expiratória; - Ventilação com duplo comando: um volume corrente predeterminado com fluxo variável e uma meta de pressão, de modo que o ventilador estima a relação volume/pressão em cada respiração e isso permite que a pressão de pico possa variar. OBS: Os modos ventilatórios devem ser escolhidos de acordo com a experiência da equipe. - Ventilação não invasiva: BIPAP ou CPAP são fornecidas para auxiliar a ventilação do paciente através do uso de máscaras Deve ter reavaliações frequentes para ver se há melhora dos parâmetros. Indicações: Paciente com esforço respiratório, que apresenta PACO2 > 45 mmHg e < 50 mmHg; pH entre 7,25 e 7,35; Paciente consciente e colaborativo. Pacientes com edema agudo de pulmão: CPAP 10 cm H2O; Pacientes com obstrução: BIPAP com pressão expiratória de 4-6 cm H2O e inspiratória de 10-15 cm H2O. Pacientes hipoxêmicos: CPAP de 8-10 cm H2O OU; BIPAP com expiratória de 8—10 cm e inspiratório suficiente para gerar um volume corrente de 6-8 ml/kg. 3 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Ajustes Ajustes iniciais: - Selecionar o modo de ventilação: sendo o mais usado mandatória intermitente com a pressão de suporte. - Ajustar a pressão de suporte: 10 cm H2O ou igual à pressão inspiratória. OBS: A FR deve iniciar com frequências respiratóriasmenores. OBS1: IMPORTANTE: Nos gráficos o que sobe é inspiratório e o que desce é expiração. - Se Padrão restritivo (Doença parenquimatosa pulmonar e edema pulmonar e atelectasias) Hipoxêmica, ou seja, não entra O2; Há uma complacência muito reduzida, então para restaurar a relação ventilação/perfusão deve-se usar PEEP em níveis mais elevados, mantendo alvéolos abertos. Iniciar com PEEP em torno de 8 cm H2O, podendo ser aumentada em 2 cm H2O a cada 3-5 minutos até que a oxigenação melhore e seja possível manter SAT O2 > 90% com FIO2 < 60% (para proteção do pulmão, e vamos reduzindo de acordo com a gasometria ou resposta do paciente). TRABALHAR COM PIP E FIO2 - Se padrão obstrutivo (Asma) Hipercapnênica, ou seja, não sai CO2; Há um aumento da resistência das vias aéreas, o que leva uma hiperinsuflação pulmonar, que pode ser agravada pela pressão positiva. Usar mínimos valores possíveis para PIP e PEEP; Reduzir a relação tempo inspiratório e tempo expiratório para 1:3 ou 1:4 fazemos isso uma vez que diante do quadro obstrutivo, precisamos vencer a resistência, Aumentando o tempo de saída do gás. TRABALHAR COM FR E PEEP. OBS: Bronquiolite é uma superposição dos 2 componentes (nesse caso devemos fazer uma relação I/E com o quadro que está mais prejudicando o paciente). - Ajustar a sensibilidade entre 2-3 cm H2O ou 2-4 L/min; - Ajustar a concentração de Oxigênio: Inicialmente 100%, depois reduzindo objetivando SAT O2 > 90% com FIO2 < 60%; - Testar o ventilador; - O paciente deve ser conectado ao ventilador com filtro apropriado na saída do circuito expiratório para o ambiente e sistema de aspiração fechado; Monitorização: - Monitorizar o paciente com monitor cardíaco, oxímetro de pulso e monitorização da PA; - Pode-se acrescentar medida de CO2 exalado por capnógrafo, pressão venosa central, etc; - Coletar gasometria e solicitar RX; - Monitorização da dinâmica ventilatória em tempo real, através das curvas. Ventilação protetora Ocorre quando queremos proteger o paciente de algumas complicações, como atelectasia, pneumomediastino, etc, permitindo que a gente coloque e depois avalie ao longo do período esse pulmão mais protegido. Hipercapnia permissiva: - Utiliza-se um volume corrente abaixo do recomendado para o peso do paciente (cerca de 4-5 ml/kg) e/ou PIP de no máximo 25 cm H2O; Deve-se tolerar hipercapnia com PACO2 < 50-55 mmHg e principalmente pH > 7,2. Hipoxemia permissiva: - Utiliza-se FIO2 de até 60%; - Limitar PEEP em até 15 cm H2O, tolerando-se SAT O2 de pelo menos 85%. Complicações Complicações agudas: Em caso de deterioração súbita, desconecte o ventilador imediatamente e inicie a ventilação com AMBU e O2 a 100%. Verifique: - Descolamento da cânula; - Obstrução da cânula; - Pneumotórax; - Falha do equipamento: verifique o funcionamento do ventilador, os ajustes, a conexão com as fontes de ar e de O2. 4 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Pode ainda haver comprometimento hemodinâmico e baixo debito cardiaco por causa da pressão positiva, então, alguns pacientes podem se beneficiar com uso de expansão de volume e drogas inotrópicas. RESUMINDO: OBS: IOT: Cânula: idade/4 + 3,5 e fixação: diâmetro x 3 Reta até 4 anos e curva > 4 anos. OBS: Na lâmina reta: pinça a epiglote e na reta coloca-se na valécula. 5 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP SEQUÊNCIA RÁPIDA DE INTUBAÇÃO OBS: A lidocaína promove redução da PIC e reduz o reflexo da tosse. OBS1: Uma das contraindicações ao Midazolan é hipotensão; OBS2: Pré-oxigenação por 3-5 minutos e utilizar máscara não reinalante ou AMBU. OBS3: O Etomidato gera supressão de suprarrenal.
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