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Revolução Industrial

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A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
META
Discutir aspectos constituintes da Revolução Industrial.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
conceituar revolução industrial;
reconhecer os fatores que proporcionaram a primazia inglesa na industrialização;
caracterizar as fases da revolução industrial em que as transformações 
econômicas se processam de forma desigual e combinadas.
PRÉ-REQUISITOS
Ter estudado e assimilado o conteúdo da aula “A gênese do pensamento liberal”.
Aula
8
Figura 1 - Chaminé (Fonte: http://www.agenciaginga.com.br).
88
Temas de História Econômica
INTRODUÇÃO
Caro aluno ou querida aluna, vamos iniciar esta aula ana-lisando o 
texto abaixo:
Na rua, o povo ia passando... 
Madrugada. Tudo escuro ainda. Bandos e bandos de raparigas, 
falando alto, desciam a Estrada Nova. Dos recantos e vielas que ali 
desembocavam, de momento a momento, surgiam vultos apressados. 
Todo o bairro de S. Antonio parecia levantado, a correr para o 
trabalho.
Os outros arrabaldes também davam grandes levas. Do Apicum, 
Aribé, do Saco, de mais longe, vinham operários.
A parte sul da cidade, para os lados do Carro Quebrado e Fundição, 
fornecia numerosos contingentes.
Ainda embrulhada nas sombras da noite, Aracaju ia despertando, ao 
ruído dos grupos que passavam, palradores.
 (...) O vento fustigava-lhes o rosto: a chuva fria arrepiava-lhes a 
epiderme. E, no entanto, marchavam, marchavam sem parar...
Iam em busca do pão. Um negro pão, que, a troco de trabalho, lhes 
forneciam as Fábricas de Tecidos.
Elas estavam lá, acaçapadas e enormes. Eram duas: a da Companhia 
Sergipana de Fiação, que o povo cognominava a Sergipana, e a Têxtil 
do Norte, apelidada simplesmente de Têxtil. Todos os dias, os seus 
grandes portões, escancarados, tragavam para mais de milhares de 
operários.
(...) Homens entroncados, sujos de pó, chegavam às caldeiras da 
Têxtil, empurrando vagonetes de lenha. Lavados de suor, os foguistas 
não descansavam, jogando grandes toros em meio às labaredas. Todas 
as máquinas da Fabrica se moviam, num ensurdecedor.
No vasto salão, onde trezentos e setenta teares se alinhavam (...).
A larga correia de uma transmissão, que fazia funcionar todo 
um grupo de teares, alcançou um rapazelho de quinze anos pelo 
braço, atraíra-o para a roda, suspendera-o no ar, e arremessara-o 
violentamente sobre a parede que a pequena distancia se encontrava. 
Quando o corpo veio dar no chão, estava já sem vida, o crânio 
extensamente fraturado. (...)
Alguns minutos após as máquinas de novo trabalharam ... (FONTES, 
Amando, 1988, 18/97/98)
O romancista sergipano Amando Fontes, em Os Corumbas, retrata 
aspectos da industrialização em Sergipe, através de uma ficção que conta a 
saga da família Corumba, fazendo lembrar cenário da Revolução Industrial, 
ocorrida na Inglaterra, no século XVIII, tema da aula de hoje. 
Figura 2 - Capa do livro Os Co-
rumbas, de Amando Fontes - 1935 
(Fonte: http://www. sebodomes-
sias. com.br).
Débora Rodrigues
Nota
Palradores: Falador. Profere palavras ferinas. Aquele que se julga sábio. Aquele que sempre tem a dizer, sobre qualquer coisa. Quer ter sempre a razão. Quer dar a "última palavra", se entendendo o dono da verdade. Não tem senso ao falar.
Débora Rodrigues
Highlight
Débora Rodrigues
Nota
As duas companhias da indústria têxtil de Sergipe: a Sergipana e Têxtil foram as maiores potências industriais do estado, durante o século XVIII 
89
A Revolução Industrial Aula
8
Figura 3 - Interior de uma fábrica durante a Revolução Industrial (Fonte: http://
www.coljxxiii.com.br).
REVOLUÇÃO
A superação das contradições que geraram a crise eco-nômica no século 
XVII liberou as forças que prepara-ram as condições conjunturais para a 
ocorrência da Revolução Industrial na Inglaterra, no final do século XVIII, 
e que, durante o século XIX, se espalhou, de forma desigual e combinada, 
pela Europa e os outros continentes.
A Revolução Industrial consistiu 
nas transformações intensas e pro-
fundas do processo de produção que 
ficaram explicitadas pela substituição 
da energia humana pela energia motriz 
não humana (como hidráulica, eólica, e, 
principalmente, a vapor), pela superação 
da oficina artesanal (doméstica, manu-
fatura) pela fábrica (maquinofatura) e 
pela consolidação da existência de duas 
classes sociais: a burguesia (proprietária 
e exploradora dos meios de produção) 
e os trabalhadores juridicamente livres 
(vendedores de sua força de trabalho). Figura 4 - Panorama de uma indústria têxtil inglesa séc. XVII 
(Fonte: http://primeira-serie.blogspot.com).
Débora Rodrigues
Highlight
Débora Rodrigues
Nota
Revolução Industrial: foi um conjunto de mudanças que aconteceram na Europa nos séculos XVIII e XIX. A principal particularidade dessa revolução foi a substituição do trabalho artesanal pelo assalariado e com o uso das máquinas.
90
Temas de História Econômica
Pela primeira vez na história da humanidade, foram retirados os 
grilhões do poder produtivo das sociedades humanas, que daí em 
diante se tornaram capazes da multiplicação rápida e constante, e até 
o presente ilimitado, de homens, mercadorias e serviços. Este fato 
é hoje tecnicamente conhecido pelos economistas como a “partida 
para o crescimento auto-sustentável” (...) (HOBSBAWM, 1977, p. 44).
Não existe uma homogeneidade na historiografia sobre a periodização 
da Revolução Industrial e o decorrente processo de industrialização mun-
dial. Alguns historiadores adotam a divisão do processo em dois, três ou 
quatro etapas. Para facilitar a didática do curso utilizaremos a classificação 
realizada pelo professor José Jobson de A. Arruda: 
a) o ocorrido entre 1760 a 1850, geograficamente limitado à Inglaterra, 
caracterizado pela produção dos bens de consumo, centrado na produção 
têxtil e movido a energia a vapor;
b) a segunda, periodicamente localizada entre os anos de 1850 a 1900, teve 
como características principais a de ter se expandido pela Europa (França, 
Bélgica, Alemanha, Itália e Rússia), Estados Unidos da América, algumas 
regiões da América Latina, da Ásia (Japão) e África. Também, na segunda 
fase da Revolução Industrial se distingue o uso da energia hidroelétrica e 
de derivados fósseis (petróleo), a diminuição das distâncias entre os pontos 
comerciais em decorrência a invenção da locomotiva e do barco a vapor. 
c) a terceira, de 1900 a 1980, foi marcada pela formação das multinacionais, 
automatização do processo produtivo, a produção em série, o avanço da 
indústria química, eletrônica, comunicação e do uso do robô.
d) quarta etapa refere-se às transformações ocorridas após 1980, identi-
ficadas através do uso intensivo da informática que prova o aligeiramento 
e intensificação da produção e da circulação de mercadoria.
Maurício Dobb, refletindo sobre a revolução industrial, chama a 
atenção para as periodizações construídas sobre a industrialização, pois, 
geralmente, elas trazem em si o risco de centralizar a Revolução Industrial 
nas transformações mecânicas realizados na estrutura de produção, deix-
ando de relacioná-la com as transformações sociais, políticas e ideológicas 
que estão umbilicalmente ligadas a ela (revolução industrial) (DOBB, 1981).
Como já foi anunciado anteriormente, a formação social inglesa 
constituiu, ao longo dos séculos XVI, XVII e XVIII, as condições ne-
cessárias à ocorrência da Revolução Industrial, pois antecipou, em relação 
aos outros países europeus, a acumulação primitiva de capital (meios de 
produção, comércio e finanças) nas mãos de poucos, fundamental para o 
pesado investimento necessário para incrementar a montagem da fábrica 
e a colocação de força de trabalho livre (expropriado dos instrumentos e 
meios de produção) para ser submetido à exploração em troca do salário 
(relembrar aula anterior).
Maurício Dobb
Economista marxista 
inglês (1900-1976) 
autor deuma clás-
sica obra de análise 
do desenvolvimento 
do capitalisto, A 
Evolução do Capi-
talismo, publicada 
em 1946.
Débora Rodrigues
Nota
Apesar de a produção ser predominantemente artesanal, países como a França e a Inglaterra, possuíam manufaturas. As manufaturas eram grandes oficinas onde diversos artesãos realizavam as tarefas manualmente, entretanto subordinados ao proprietário da manufatura.nullnullA Inglaterra foi precursora na Revolução Industrial devido a diversos fatores, entre eles: possuir uma rica burguesia, o fato do país possuir a mais importante zona de livre comércio da Europa, o êxodo rural e a localização privilegiada junto ao mar o que facilitava a exploração dos mercados ultramarinos
Débora Rodrigues
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Débora Rodrigues
Nota
Só sabe-se que a Revolução Industrial foi dividida em três etapas, para facilitar as informações que temos sobre esse período intenso e que ocorreu grandes transformações na vida em sociedade.null
Débora Rodrigues
Nota
A Primeira etapa da Revolução Industrial: Entre 1760 a 1860, a Revolução Industrial ficou limitada, primeiramente, à Inglaterra. Houve o aparecimento de indústrias de tecidos de algodão, com o uso do tear mecânico. Nessa época o aprimoramento das máquinas a vapor contribuiu para a continuação da Revolução.nullnullA Segunda Etapa da Revolução Industrial: A segunda etapa ocorreu no período de 1860 a 1900, ao contrário da primeira fase, países como Alemanha, França, Rússia e Itália também se industrializaram. O emprego do aço, a utilização da energia elétrica e dos combustíveis derivados do petróleo, a invenção do motor a explosão, da locomotiva a vapor e o desenvolvimento de produtos químicos foram as principais inovações desse período.nullA Terceira Etapa da Revolução Industrial : Alguns historiadores têm considerado os avanços tecnológicos do século XX e XXI como a terceira etapa da Revolução Industrial. O computador, o fax, a engenharia genética, o celular seriam algumas das inovações dessa época.
Débora Rodrigues
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Débora Rodrigues
Nota
Criação do Taylorismo e do Fordismo, duas linhas de produção da indústria automobilística que existe em alguns países até os dias atuais.
91
A Revolução Industrial Aula
8Além desses dois fatores fundamentais juntaram-se outros como a 
unificação e formação do Estado Nacional, que, com a derrubada dos reis 
absolutistas e ascendência política da burguesia 
ao poder, a partir das revoluções ocorridas no 
século XVII, o Estado inglês passou a adotar 
políticas que favoreceram o domínio do mercado 
internacional e a intensificação das transforma-
ções na estrutura agrária via edição dos “Decre-
tos Anexos” (Enclosure Acts), que vigorou de 
1760 a 1830 (HOBSBAWM, 1977), ampliando o 
movimento de cercamento e conseqüentemente 
a expulsão do camponês em direção à cidade, au-
mentando a disponibilidade de força de trabalho 
à disposição dos proprietários capitalistas. Além 
de possibilitar o uso da terra com a finalidade de 
atender às demandas do mercado.
A ação política estatal inglesa dirigida para a 
agropecuária, além de desbaratar a propriedade 
feudal contribuiu para a introdução de novas 
técnicas de produção, possibilitando ao setor 
atender às necessidades de uma economia de 
base industrial (em formação), fornecendo ali-
mento em quantidade para uma população “não 
agrícola” que crescia rapidamente, fornecendo excedente 
que seria utilizado na indústria, proporcionando acumu-
lação de capital.
Além dessas contribuições, o Estado atuou forte-
mente na construção de portos, no equipamento de 
frota, na construção de estradas e no dever “sagrado” de 
defender a propriedade privada dos meios de produção, 
fundamento central do modo de produção em formação, 
o capitalismo. 
O envolvimento entre o político (Estado) e a eco-
nomia em fase de industrialização deu-se tão fortemente 
que faz jus aos comentários proferidos pelo historiador 
Eric Hobsbawm, que chamou a atenção para o engate 
entre política e lucro, afirmando que naquela época “o 
dinheiro não só falava mas governava” (HOBSBAWM, 
1977, p. 47).
A primazia da Inglaterra também atingiu o setor 
de transformação. As oficinas artesanais perderam a 
concorrência para as fábricas que incorporaram novos 
instrumentos, novas técnicas, nova disciplina de trabalho 
Figura 6 - Gerador a vapor (Fonte: http://www.viverci-
dades.org.br).
Figura 7 - Capa do livro A Era do Capital de 
Eric J. Hobsbawm (Fonte: www. sebodomes-
sias. com.br).
Débora Rodrigues
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Débora Rodrigues
Nota
Lembrar: a R.I foi um período de transição do feudalismo para os "tempos modernos" em que a sociedade via passando desde do século XVI até o século XIX. 
Débora Rodrigues
Nota
Fenômeno do Exôdo Rural, ou seja, a população vinha deixando de habitarem o campo para conviverem na cidade grande.
Débora Rodrigues
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92
Temas de História Econômica
(impõe ao trabalhador o lugar, o tempo e a forma de trabalhar) e a força 
motriz da produção deixou de ser humana (manufatura) para, inicialmente, 
ser extraída do vento (eólica) e da força da água (hidráulica) - não confun-
dir com as usinas hidroelétricas de hoje - e depois a vapor. A força motriz 
continuou sendo renovada e ampliada incorporando novas fontes, como a 
baseada nos combustíveis fósseis, energia atômica e biorenovável (cana de 
açúcar, mamona entre outras). 
 
A invenção de máquina para fazer o trabalho do homem era uma 
história antiga, muito antiga. Mas como a associação da máquina 
à força a vapor ocorreu uma modificação importante no método 
de produção. O aparecimento da máquina movida a vapor foi o 
nascimento do sistema fabril em grande escala. Era possível ter 
fábricas sem máquinas, mas não era possível ter máquinas a vapor 
sem fábricas (HUBERMAN, 1981, p. 184).
As fábricas criaram um mundo produtivo em que o trabalhador perdia 
todo o seu controle sobre o processo produtivo ao tempo que sucumbia 
à determinação do proprietário do capital. Processo que transformou em 
um “trabalhador assalariado livre”, alienado, pois o trabalho se apresenta 
distante e indiferente da sua vida real, fruto da apropriação do produto de 
seu trabalho pelo capitalista.
Além de ser expropriado do produto final de seu trabalho, o trabalhador 
se torna sujeito às normas de produção impostas pelo capital.
A entrada dos operários, a refeição deles e a saída ocorrem ao som do 
sino. No interior da fábrica, cada um tem seu lugar marcado, a tarefa 
estreitamente delimitada e sempre a mesma; todos devem trabalhar 
regularmente e sem parar, sob o olhar do contra-mestre que o força 
à obediência mediante a ameaça da multa ou da demissão, por vezes 
até mesmo mediante uma coação mais brutal (Paul Mantaux citado 
por BEAUD, 1981, p. 108).
A intensa industrialização da Inglaterra 
contou também com a contribuição de fa-
tores naturais existentes no reino britânico: 
como as reservas de ferro e de carvão, o 
que contribuiu para o desenvolvimento da 
siderurgia, setor fundamental para produção 
de máquinas e outros instrumentos de 
produção em uma era de industrialização.
Porém, a existência dos fatores coloca-
dos anteriormente, não motivaria “a mul-
tiplicação rápida e constante” do processo Figura 8 - Ferrovia inglesa do séc. XVIII (Fonte: http://www.
enciclopedia.com.pt).
Débora Rodrigues
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Débora Rodrigues
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Débora Rodrigues
Nota
Para entender um pouco melhor sobre esse período de transformações:nullver o filme TEMPOS MODERNOS, de Charlie Chaplin.
Débora Rodrigues
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93
A Revolução Industrial Aula
8produtivo inglês, pois eles não possibilitariam a reprodução ampliada de 
capital. Lacuna que foi preenchida pela ocorrência de um fator externo 
que abrisse as possibilidades de garantir o consumo dos produtos fabrica-
dos e permitisse alto acúmulo de capital. Essa condição foi criadacom a 
expansão e controle do mercado mundial pela Inglaterra que forçaram os 
proprietários de oficinas a introduzir modificações no processo de produção, 
incorporando técnica e instrumentos de produção novos. 
A intensiva e agressiva política britânica, objetivando o controle dos 
mares, permitiu a exploração do mercado triangular operado pela Inglat-
erra com as suas colônias, no século XVIII, através dos portos de Bristol, 
Glasgow e Liverpool, principalmente o ligado à indústria algodoeira e 
ao tráfico de escravos, garantiu acúmulo de capitais à burguesia inglesa, 
elemento necessário para financiar as transformações do setor produtivo. 
A importância do mercado mundial foi exemplar, pois: “... a 
revolução industrial pode ser descrita, com exceção dos primeiros 
anos da década de 1780, como a vitória do mercado exportador 
sobre o doméstico: por volta de 1814, a Grã-Bretanha exportava 
cerca de quatro jardas de tecido de algodão para cada três 
usadas internamente, e, por volta de 1850, treze para cada oito” 
(HOBSBAWM, 1977, p. 51).
O mercado mundial impulsionou e assegurou a primazia da Revolução 
Industrial na Inglaterra.
Motivado pelo lucro que poderia ad-
vir do crescente mercado consumidor, o 
proprietário capitalista procurou criar as 
condições para produzir com menos custos 
e melhor qualidade (significa menor tempo 
na produção, menor gasto na sua realização 
e, logo, menor salário) fato que permitiria 
enfrentar a concorrência no mercado mun-
dial, que, no caso inglês, seria a disputa co-
mercial com o produto têxtil manufaturado 
asiático (Índia). Essa possibilidade de lucros 
libera as forças humanas da criatividade, 
que fica estampada pelas invenções de 
técnicas e maquinários que resolveriam os 
problemas enfrentados pela ampliação da 
produtividade.
A descoberta da América, a circunavegação da África ofereceram 
à burguesia em acenso um novo campo de ação. Os mercados da 
Índia e da China, a colonização da América, o comércio colonial, 
Figura 9 - Mapa cartográfico da América no séc. XVII
(Fonte: http://upload.wikimedia.org).
Débora Rodrigues
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Débora Rodrigues
Nota
Bristol, Glasgow e Liverpool: todos ficavam bem próximos ao mar, onde o produtor final é escoado mais facilmente.
Débora Rodrigues
Nota
Isso ocorreu por causa, que nas terras americanas estava ocorrendo a Guerra da Secessão, onde o norte estava em luta com o sul.
Débora Rodrigues
Nota
altas jornadas de trabalho (chegavam até a trabalharem por 16 horas), baixos salários e péssima condições de trabalho. Era algo quase desumano. Não importava a idade dos trabalhadores, que iam desde de crianças com cerca de 8 anos até anullidosos com 85 anos.
Débora Rodrigues
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94
Temas de História Econômica
o incremento dos meios de troca e, em geral, das mercadorias 
imprimiram um impulso, desconhecido até então, ao comércio, 
à indústria, à navegação, e, por conseguinte, desenvolveram 
rapidamente o elemento revolucionário da sociedade feudal em 
decomposição.
A antiga organização feudal da indústria, em 
que esta era circunscrita a corporações fechadas, já 
não podia satisfazer às necessidades que cresciam 
com a abertura de novos mercados. A manufa-
tura a substituiu. A pequena burguesia industrial 
suplantou os mestres das corporações; a divisão 
do trabalho entre as diferentes corporações desa-
pareceu diante da divisão do trabalho dentro da 
própria oficina.
Todavia, os mercados ampliavam-se cada vez 
mais: a procura de mercadorias aumentava sempre. 
A própria manufatura tornou-se insuficiente; então, 
o vapor e a maquinaria revolucionaram a produção 
industrial. A grande indústria moderna suplantou 
a manufatura; a média burguesia manufatureira 
cedeu lugar aos milionários da indústria, aos chefes 
de verdadeiros exércitos industriais, aos burgueses 
modernos.
A grande indústria criou o mercado mundial 
preparado pela descoberta da América. O mercado 
mundial acelerou prodigiosamente o desenvolvim-
ento do comércio, da navegação, dos meios de comunicação. Este desen-
volvimento reagiu por sua vez sobre a extensão da indústria; e à medida 
que a indústria, o comércio, a navegação, as vias férreas se desenvolviam, 
crescia a burguesia, multiplicando seus capitais e relegando a segundo plano 
as classes legadas pela Idade Média.
As fábricas criadas no final do século XVIII, e tempo posterior, não 
obedeciam aos trâmites das regulamentações corporativas artesanais me-
dievais que impediam a introdução de novidades, possibilitando ao propri-
etário capitalista se colocar livre para impor a jornada de trabalho, valor da 
força de trabalho e a forma da produção. A liberdade abriu espaço para a 
introdução de inovações técnicas e de instrumentos. 
Para atender o crescimento intensivo e extensivo do mercado mundial 
e superar a sua concorrência, os proprietários capitalistas ingleses 
iniciaram um processo de mecanização e de subordinação da força 
de trabalho ao capital, que permitia a extração da mais-valia, ao 
explorar a força de trabalho além da necessidade de sua reprodução 
Figura 10 - Homens urbanos durante a Revolução 
Inglesa (Fonte: http://oglobo.globo.com).
Débora Rodrigues
Nota
Mão de obra alienada, ou seja, cada um tinha a sua função e fazia aquilo, durante toda a sua vida.
Débora Rodrigues
Highlight
Débora Rodrigues
Highlight
95
A Revolução Industrial Aula
8(Mais-valia significa o valor do trabalho não pago ao trabalhador, 
isto é, exploração do sobre-trabalho, parte que é abocanhado pelo 
capitalista) (SANDRONI, 1994).
O processo de substituição da manufatura pela maquinofatura durou 
um longo tempo. Na indústria têxtil, teve seu início com a incorporação ao 
processo produtivo da invenção do tecelão Jonh Kay (1733), “a lançadeira 
volante”, que foi adaptada ao tear manual e dobrava a produtividade. 
Essa inovação impingiu a necessidade de superar as condições do tear 
tradicional limitado pelas condições físicas do trabalhador, pois só conseguia 
fiar um tecido no tamanho dos seus braços. Esse embaraço foi superado 
com a invenção da máquina de fiar (Spinning-jenny), pelo artesão James 
Hargreaves (1765/67), permitindo a fiação de mais de 80 fios de uma vez, 
o que multiplicava o tamanho do tecido. Mas, os fios eram finos e frágeis, 
quebrando constantemente e prejudicando o ritmo da produção, transtorno 
que foi superado com a invenção de Richard Arkwright, a Waterframe, que 
produzia fios grossos, resistente, porém inferiores em qualidade aos fios 
utilizados pela indústria têxtil indiana. 
A desvantagem no produto têxtil inglês foi superada com as invenções 
de S Samuel Croptom (1779) ao combinar o funcionamento das máquinas 
Spinning-jenny com a Waterframe formado a “Mule”, produtora de finos 
e resistentes fios de algodão. Porém, a produção continuava limitada pelo 
domínio do trabalho humano no processo de produção de têxteis, situação 
que foi superada pela invenção do tear mecânico por Edmond Cartwight 
(1785), que usava como força motriz a energia hidráulica (rodas movidas a 
água). Essa força motriz, contudo, limitava o uso da máquina em virtude 
de depender da existência de uma corrente de água. Dependência que foi 
superada com o aperfeiçoamento da “máquina a vapor” inventada por 
Newcomen (século XVII) e adaptada ao tear por James Watt (1764). 
A essência da transformação estava na mudança do caráter da 
produção que, em geral, associava-se à utilização de máquinas 
movidas por energia não animal. Marx afirmou que a transformação 
crucial foi, na verdade, a adaptação de uma ferramenta, antes 
empunhada pela mão humana, a um mecanismo: a partir daquele 
momento, “a máquina toma o lugar de mero implemento”, sem levar 
em consideração “se a força motriz vem do homem ou de outra 
máquina”. O importante é que “um mecanismo, depois de acionado, 
executa com suas ferramentasas operações antes executadas pelo 
trabalhador com ferramentas semelhantes. Ao mesmo tempo, Marx 
mostra que “a máquina individual conserva um caráter anão enquanto 
for trabalhada apenas pela força do homem”, e que “sistema algum 
de máquina poderia ser adequadamente desenvolvida antes que a 
máquina a vapor tomasse o lugar da força motriz anterior (DOBB, 
1981, p. 185-192).
Débora Rodrigues
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Débora Rodrigues
Nota
Desenvolvimento dos produtos têxtil na epóca em que as grandes indústrias estavam em pleno vapor.
Débora Rodrigues
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Débora Rodrigues
Nota
Visam somente ao lucro que obtêm depois que o produto está finalizado!null
96
Temas de História Econômica
O desenvolvimento da industrialização não ocorreu de forma ho-
mogênea entre os setores da produção, mas sim, de forma desigual tanto 
no interior da fábrica como na relação entre elas.
A introdução de novos instrumentos e técnicas no processo de 
produção indicava a tendência da substituição da força de trabalho (trabalho 
vivo) pelas máquinas (trabalho morto) que dominaria as futuras revoluções 
industriais e se consolidaria como uma das características do modo de 
produção capitalista, em que as transformações técnicas e a introdução de 
tecnologia passaram a ser consideradas como algo normal.
O processo de maquinização do 
processo produtivo implicou e implica 
na maior especialização da força de tra-
balho e conseqüente processo de am-
pliação da divisão técnica do trabalho 
na medida em que cada trabalhador 
passou a executar uma atividade no 
processo de produção. Na época inicial 
da industrialização a divisão técnica do 
trabalho se caracterizou pela separação 
do trabalho intelectual (exercido pelo 
proprietário capitalista que assumiu 
as tarefas de elaboração e organiza-
ção da produção) do trabalho manual 
(realizado pelo trabalhador direto). A 
divisão técnica do trabalho foi responsável pelo aumento da produtividade 
no processo de produção e pela ampliação da alienação do trabalhador di-
ante desse processo, ao mesmo tempo em que contribuía para fragmentar 
a organização dos trabalhadores e rebaixar o valor da força de trabalho. 
A divisão técnica do trabalho é um componente da divisão social do 
trabalho que se entende por:
distribuição de tarefas entre os indivíduos ou agrupamento sociais, de 
acordo com a posição que cada um deles ocupa na estrutura social e 
nas relações de propriedade. A divisão do trabalho ocorre em relação 
às tarefas econômicas, políticas e culturais (SANDRONI, 1994). 
No processo de industrialização a divisão social do trabalho aflorou 
de forma intensa com o aprofundamento da separação entre o processo 
produtivo realizado no campo e o realizado nos centros urbanos. A sepa-
ração entre o campo e a cidade.
Com a ampliação do mercado mundial a divisão social do trabalho 
tomou uma feição internacional na medida em que determinadas regiões 
assumiram uma posição específica no processo de acumulação. Por ex-
emplo, países periféricos, como o Brasil, que se especializou em produzir 
Figura 11 - Trem a vapor (Fonte: http://img.olhares.com).
Débora Rodrigues
Highlight
Débora Rodrigues
Nota
A implantação de um maquinário próprio transforma a sociedade e a forma de trabalho com o intuito de produzir maior riqueza e lucro. nullnullA burguesia é a classe que se consolida com o processo de industrialização e, em muitos casos, homens são substituídos por máquinas nos meios de produção. O impacto da industrialização gera um grande aumento na divisão do trabalho, grandes progressos em produtividade industrial, assim como o crescimento da classe média e dos padrões de consumo.
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Montagem e criação das conhecidas LINHAS DE PRODUÇÃO!
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8produtos agrícolas (açúcar, fumo, café) e ser consumidor de industrializa-
dos da Europa, especialmente da Inglaterra. À medida que os processos 
de industrialização e mercantilização se ampliavam, o modo de produção 
capitalista tornava-se hegemônico mundialmente. Processo que resultou na 
instituição de uma divisão internacional do trabalho desigual e hierarquizada. 
A Revolução Industrial não se limitou à transformação técnica, dos 
instrumentos e do regime de produção, pois ela operou mudanças sociais 
sem precedentes na história da humanidade. As transformações sociais, 
para muitos estudiosos da Revolução Industrial, como Karl Marx, Maurice 
Dobb, Michel Beaud e Eric Hobsbawm, foram as mais sérias conseqüências 
da Revolução Industrial, na medida em que transformaram o modo vida 
da maioria da população do mundo.
Figura 12 - Trabalho infantil na Inglaterra durante a Revolução Industrial (Fonte: http://
arquivoetc.blogspot.com).
Mas, as transformações sociais ligadas à Revolução Industrial nem 
sempre foram em direção de melhoria das condições de vida da maioria 
das populações. Pois as melhorias nas condições de vida operadas pela 
Revolução Industrial ficaram concentradas nas mãos de poucos, em especial 
dos grandes proprietários, comerciantes e setores pequenos da classe média. 
Enquanto a maioria da população arrancada do modo de vida pretérita 
passou a sobreviver em condições de miséria.
O quadro social da Inglaterra, durante a Revolução Industrial (final 
do século XVIII e inicio do século XIX), apresentava-se com uma forte 
tendência concentração da população nos centros urbanos, fato que foi 
consolidado à medida que se desenvolvia o processo de industrialização 
durante todo o século XIX. A cidade passou a receber a maioria da popu-
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Quando as empresas começaram a empregar as pessoas neste período, as condições em que elas viviam eram miseráveis.
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Temas de História Econômica
lação expropriada dos meios de produção que, na luta pela sobrevivência, 
submetia-se (constrangida ou não) aos interesses dos capitalistas, a levar 
uma vida em meio à fome, epidemias, ratos, etc. As cidades industriais se 
estruturavam espacialmente refletindo a desigualdade social, pois parte dela 
estava reservada aos benefi-ciários da Revolução Industrial e outra destinada 
aos trabalhadores ativos e trabalhadores desempregados
Figura 13 - London Bridge no século XVII (Fonte: http://rezboa.blogspot.com).
A exploração da força de trabalho era chocante. Homens, mulheres e 
crianças (de até 6 anos de idade) realizavam, em condições desumanas, 
uma jornada de trabalho de até 18 horas. Essa situação permitia 
aos proprietários capitalistas impor ao trabalhador a execução e a 
extração do sobretrabalho (horas trabalhadas além das necessidades 
de reprodução da força de trabalho), o que permitia a acumulação 
do lucro, que em parte era reinvestido no setor produtivo, com o 
único e principal objetivo de valorizar o capital. Essa situação social 
demonstrava que “tudo corria para o rico” (HOBSBAWM, 1977). 
A situação de miséria em que viviam os trabalhadores durante o pro-
cesso de industrialização motivou o surgimento de movimentos contesta-
dores. No primeiro momento, na Inglaterra, os trabalhadores revoltados 
agem contra as máquinas, destruindo-as, pois, para eles, as máquinas, eram 
responsáveis pela substituição da força de trabalho humana, causa do desem-
prego e da desvalorização dos salários. O movimento “de quebra máquina” 
ficou conhecido como “ludita ou luddismo” (1811), por ser liderado pelo 
trabalhador Ned Luldam. Os lundistas foram violentamente reprimidos 
através da condenação à morte ou à extradição.
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Ludismo ou Movimento Ludita é o nome dado a um movimento ocorrido na Inglaterra entre os anos de 1811 e 1812, que reuniu alguns trabalhadores das indústrias contrários aos avanços tecnológicos em curso, proporcionadas pelo advento da primeira revoluçãoindustrial. Os ludistas protestavam contra a substituição da mão-de-obra humana por máquinas. O ludismo pode ser considerado o primeiro movimento operário de reivindicação de melhorias nas relações e condições de trabalho. Tanto o Ludismo e como o Cartismo foram movimentos que colocaram em destaque a questão do trabalho e as suas condições.
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A Revolução Industrial Aula
8À medida que a Revolução Industrial se ampliava e estabelecia as 
relações de produção capitalista, as contradições entre o capital e o trab-
alho acirravam-se empurrando os trabalhadores para 
organização que resultou na criação de associações. 
No início elas tinham o caráter de “ajuda mútua”, de 
prática assistencialista. Depois criaram associações mais 
politizadas e centralizadas: os sindicatos e partidos 
políticos. 
A forte pressão da classe trabalhadora diante 
da exploração e da opressão capitalista fez crescer a 
luta pelo direito à organização dos trabalhadores e 
ao voto universal (lembrar que a democracia liberal 
instituía o voto censitário, isto é, o voto era direito de 
alguns cidadãos escolhidos por sua renda ou forma-
ção, a exemplo da I Constituição Brasileira, que ficou 
conhecida como a “Constituição da mandioca”). Na 
Inglaterra, o Parlamento, em 1824, aprovou o direito à 
livre organização dos trabalhadores e posteriormente 
os trabalhadores, através do movimento denominado 
“cartismo”, conquistou o direito ao voto, porém lim-
itado ao voto masculino. As mulheres conquistariam o 
direito ao voto entre os séculos XIX e XX. (Cartismo 
- nome derivado da Carta ao Povo que estabelecia uma 
serie de reivindicações, entre elas o direito ao voto e 
mudanças nas condições de trabalho. O movimento cartista teve seu auge 
durante a década que vai do ano de 1838 a 1848).
A efervescência revolucionária movida pela radicalização das revoltas 
dos trabalhadores na Inglaterra e no restante da Europa, na primeira metade 
do século XIX, levou Karl Marx a iniciar seu texto, encomendado pela Liga 
dos Justos (depois Liga dos Comunistas), O Manifesto do Partido Comu-
nista, como a afirmação de que o inimigo da burguesia rondava a Europa, 
fazendo tremer a burguesia. “Um espectro ronda a Europa: o espectro do 
comunismo. Todas as potências da velha Europa se uniram em uma santa 
campanha difamatória contra ele: o papa e o czar, Metternich e Guizot, 
radicais franceses e policiais alemães” (MARX; ENGELS. O Manifesto do 
Partido Comunista. São Paulo: Editora Perseu Abramo, 1998, p. 7).
Mas, a previsão do perigo revolucionário não era percebida apenas por 
Karl Marx, mas também os defensores do mundo burguês, como: Thiers, 
Morny e Begeud comunicaram ao rei francês Napoleão III, que o verdadeiro 
inimigo da França não eram os russos ou austríacos, mais sim os socialistas.
Figura 14 - Gravura representando a classe 
operária pobre inglesa do século XVII (Fonte: 
http://docshistoria11-cr-esmaia.blogspot.com).
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O cartismo é um fenômeno derivado das mudanças trazidas pela primeira revolução industrial. Do mesmo modo que esta trouxe progresso e altos lucros a vários de seus idealizadores, uma outra massa vinda do campo para suprir a demanda de mão de obra nas fábricas sofria com salários baixos, péssimas condições de trabalho e turnos de trabalho excessivos. Vários são os relatos das primeiras décadas do século XIX sobre protestos onde o operariado britânico buscava superar as dificuldades e problemas de seu cotidiano. O cartismo foi o primeiro movimento tanto de classe como de caráter nacional, contra as injustiças sociais da nova ordem industrial na Grã Bretanha.
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Temas de História Econômica
ATIVIDADES
Definir revolução industrial.
Indicar as condições favoráveis à ocorrência da Revolução Industrial inglesa.
Comentar os objetivos que induziriam a introdução de maquinarias e téc-
nicas no processo de produção.
Relacionar Revolução Industrial e mercado mundial.
Relacionar pensamento liberal e revolução industrial.
Relacionar revolução industrial e capitalismo.
Identifique as conseqüências da Revolução Industrial.
COMENTÁRIO SOBRE AS ATIVIDADES
A Revolução Industrial não se limitou às transformações técnicas, dos 
instrumentos e do regime de produção, pois ela repercutiu na estrutura 
social modificando-a de uma forma sem precedentes na história. Ela 
criou as condições para a instituição hegemônica do modo de produção 
capitalista mundialmente.
AUTO-AVALIAÇÃO
Avalio que no final do curso serei capaz de explicar a importância da 
Revolução Industrial para a instituição do modo de produção mercantil 
capitalista. 
CONCLUSÃO
A Revolução Industrial, que se iniciou na Inglaterra no final do século 
XVIII e no início do século XIX, con-solidou a separação do trabalhador 
dos instrumentos e meios de produção, possibilitando colocar-se “livre-
mente” no mercado como vendedor do único bem de sua propriedade – a 
sua força de trabalho -, ao mesmo tempo em que contribuiu para consolidar 
a propriedade dos meios e instrumentos de produção, do comércio e das 
finanças na mão de um reduzido número de indivíduos – a burguesia. Essa 
situação veio a impor uma vida miserável aos trabalhadores, que reagiram 
organizando-se em sociedades reivindicadoras de conquistas políticas e 
sociais. Como também, motivou a formulação teórico/ideológica, critica e 
revolucionária diante ao capitalismo. A luta pelos seus interesses políticos 
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A Revolução Industrial Aula
8e sociais juntamente com as formulações teórico/ideológicas contribuíram 
para o amadurecimento do movimento operário diante da luta contra a 
classe dominante na sociedade capitalista. 
A Revolução Industrial ampliou a divisão social do trabalho e a estru-
turou mundialmente de forma desigual e hierarquizada, criando as condições 
para o “ilimitado” crescimento do mercado nas condições capitalistas. Em 
outras palavras, a Revolução Industrial, através das transformações na 
economia, na sociedade, na política e na ideologia, contribuiu para que na 
história da humanidade, pela primeira vez, existisse um modo de produção 
hegemônico mundialmente, o modo de produção capitalista, em que o 
mercado é a relação primordial que se estabeleceu entre os indivíduos e 
a natureza, entre indivíduos e indivíduos , e entre as nações. Assunto que 
aprofundaremos na nossa próxima aula.
RESUMO
A Revolução Industrial intensificou o uso da máquina movida a força 
motriz não humana, processo que consolida estruturas sociais e econômi-
cas baseadas na divisão entre trabalhadores assalariados e burguesia, como 
também o aprofundamento da divisão social do trabalho, que se apresenta 
de imediato através da separação entre a cidade e o campo, tornando a 
cidade o centro das atividades econômicas e da população, em sua maioria 
formada por trabalhadores despojados e vendedores de força de trabalho 
que vagavam em profundas condições de pobreza. A miséria a que foram 
submetidos os trabalhadores motivou a ocorrência de rebeliões, a criação 
de organizações trabalhistas e a formulação de teorias e ideologias críticas 
à sociedade burguesa.
REFERÊNCIAS
BOTTOMORE, Tom. Dicionário do Pensamento Marxista. Rio de 
Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1988.
BEAUD, Michel. História do Capitalismo: de 1500 aos nossos dias. São 
Paulo: Editora Brasileiense, 1981.
DOBB, Maurice. A evolução do Capitalismo. 7 ed. Rio de Janeiro: Zahar 
Editores, 1980.
ENGELS, Friedrich. A situação da classe trabalhadora na Inglaterra. 
São Paulo: Ed. Global, 1986.
HOBSBAWM. Eric J. Sobre História. São Paulo: Ed. Companhia Das 
Letras, 1998.
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Sublinhado
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Temas de História Econômica
———. As origens da Revolução Industrial. São Paulo:Global Editora, 
1979.
———. A crise geral da economia européia no século XVII. In: 
SANTIAGO, Theo. Do Feudalismo ao Capitalismo – uma discussão 
histórica. São Paulo: Ed. Contexto, 1988. 
———. A era das Revoluções – 1789/1848. Rio de Janeiro: Ed. Paz e 
Terra, 1977.
HUBERMAN, Leo. História da riqueza do homem. 17 ed. Rio de Janeiro: 
Zahar Editores, 1981.
MARX, Karl. O Capital: critica à Economia Política. 16 ed. Rio de Janeiro: 
Editora Civilização Brasiliense, 1998. 
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. O Manifesto do Partido Comunista. 
São Paulo: Editora Perseu Abramo, 1998.
OHLWEILER, Otto Alcides. Materialismo Histórico e crise contem-
porânea. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1985.
SANDRONI, Paulo. Novo Dicionário de Economia. 2 ed. São Paulo: 
Ed. Best Seller, 1994. 
SINGER, Paul. O que é Economia. São Paulo: Ed. Contexto, 1998.
SWEEZY, Paul e outros. A transição do Feudalismo para o Capitalismo. 
3 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.

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