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Aula 2 - Sistema Digestório Clínica Isabelle L. Retorno do conteúdo gástrico através do Esfíncter Esofagiano Inferior (EEI) é chamado de refluxo gastroesofágico Fisiológico: casual, curta duração; Refluxo fisiológico → durante a alimentação Patológico: Refluxo recorrente,de longa duração, com sintomas = DRGE É o distúrbio mais comum do trato gastrointestinal alto no mundo ocidental 75% das esofagopatias A prevalência da DRGE foi encontrada em 10 a 20% no mundo ocidental e menos de 5% na Ásia. Existem limitações nas estimativas epidemiológicas da prevalência de DRGE Existem 3 anormalidades básicas: 1. Relaxamentos transitórios do EEI não relacionados à deglutição → 60-70% (principal mecanismo) → resposta do nervo à dilatação do estomago → reflui ácido 2. Hipotonia verdadeira do EEI → grave; Principal causa da hipotonia do esfíncter: idiopática 3. Desestruturação anatômica da junção esofagogástrica (hérnia de hiato no diafragma) *EEI não é um esfíncter verdadeiro *Hérnia → fraqueza muscular *Hérnia de hiato não obrigatoriamente vai ter refluxo Mecanismo de defesa contra o refluxo: Bicarbonato salivar, que neutraliza a acidez do material refluído; Peristalse esofagiana → acalasia SINTOMAS TÍPICOS: Pirose: queimação retroesternal → principal sintoma Regurgitação: percepção de um fluido ácido na boca Azia: queimação epigástrica → dispepsia Obs.: dispepsia → conjunto de sintomas SINTOMAS ATÍPICOS: Dor precordial: pensar primeiro em infarto Erosão do esmalte dentário; Faringe (irritação da garganta, sensação de globus) Laringe (rouquidão, granuloma de corda vocal) Otite média recorrente Tosse crônica, broncoespasmo, pneumonite aspirativa É clínico Aula 2 - Sistema Digestório Clínica Isabelle L. A resposta à prova terapêutica (redução sintomática > 50% após 1- 2 semanas de uso de IBP) é considerada o principal teste confirmatório; SE TRATA E MELHORA → refluxo Exames: Endoscopia digestiva alta (EDA): o Não faz diagnóstico o A principal finalidade é identificar as complicações do DRGE (esofagite erosiva, estenose, esôfago de barret, adenocarcinoma) o Pedir para descartar outras causas (diagnóstico diferencial) Diagnóstico diferencial: CA de esôfago, CA gástrico, ulcera péptica, esofagite Endoscopia por sintomas (SINAIS DE ALARME = ENDOSCOPIA) o Disfagia o Odinofagia o Anemia o Perda de peso o Sangramento o Vômitos incoercíveis Indicações de EDA em pacientes suspeitos ou diagnosticados com DRGE: o Presença de “sinais de alarme”; o Sintomas refratários ao tratamento; o História prolongada de pirose (> 5-10 anos); o Idade > 45-55 anos. o História familiar de câncer. Padrão ouro: PHmetria de 24h (não pedir na UBS) + manometria → sensibilidade acima de 90% Indicações de PHmetria de 24h: o 1) Sintomas refratários ao tratamento clínico. o 2) Avaliação de sintomas atípicos o 3) Documentação da real existência de DRGE antes de uma cirurgia antirrefluxo. o 4) Reavaliação de pacientes ainda sintomáticos após a cirurgia antirrefluxo. Esofagomanometria: o Não serve para diagnosticar a DRGE; o Indicações de esofagomanometria na DRGE: 1) Localizar o EEI de modo a permitir o correto posicionamento do cateter de pHmetria. 2) Antes da cirurgia antirrefluxo, com o objetivo de avaliar a competência motora do esôfago e determinar o tipo de fundoplicatura a ser realizada. 3) Suspeita de algum distúrbio motor associado Impedanciometria o Detecta a ocorrência de refluxo gastroesofágico independentemente do pH do material refluído o A grande indicação de se associar impedanciometria com pHmetria está nos pacientes refratários ao tratamento com inibidores de bomba de próton o Refluxo não ácido Aula 2 - Sistema Digestório Clínica Isabelle L. Esofagite infecciosa (CMV, Candida); Esofagite eosinofílica; Dispepsia não ulcerosa; Úlcera péptica gastroduodenal; Doença do trato biliar; Distúrbios motores do esôfago; Doença coronariana → não tem pirose, não tem azia, mas tem dor torácica Não farmacológico: Perda de peso → obesos Alimentação gorduras, cítricos, café, bebidas alcoólicas e gasosas, menta, hortelã, molho de tomate, chocolate, condimentos em excesso (alho, cebola, pimenta etc.) Elevação da cabeceira do leito (15 a 20cm) Suspensão do fumo Evitar liquido as refeições Evitar deitar após as refeições, esperar de 2 a 3h Evitar, se possível, as drogas que relaxam o EEI (antagonistas do cálcio, nitratos, derivados da morfina, anticolinérgicos, progesterona, diazepam, barbitúricos, teofilina). Farmacológico: Bloqueadores do receptor H2 de histamina (BH2): o Atuam nas células parietais gástricas o São comprovadamente menos eficazes do que os IBP o Inibidores da Bomba de Prótons (IBP): o Bloqueio da via final para a secreção de ácido pelas células parietais do estômago. o A droga de escolha quando o paciente é muito sintomático, e também quando apresenta esofagite ou outras complicações da DRGE → omeprazol (tem mais interação medicamentosa) o A melhora da pirose é observada em 80-90% dos pacientes, desaparecendo por complete em cerca de 50% o Antiácidos: o Hidróxido de alumínio e/ou magnésio; o Neutralizam diretamente a acidez do suco gástrico, sem interferir na secreção cloridropéptica das células parietais o NÃO são úteis no tratamento prolongado da DRGE Aula 2 - Sistema Digestório Clínica Isabelle L. o Podem ser utilizados para alívio imediato dos sintomas Tratamento inicial: As drogas de escolha são os IBP em dose padrão (1x ao dia), mantidos por 4-8 semanas. 10-20% dos pacientes não melhoram com a dose padrão. “Dobrar a dose” se não melhorar (2x ao dia 20mg) → 40mg (NÃO DAR 40mg DE UMA VEZ, DAR 2x AO DIA 20mg) Na ausência de resposta à dose dobrada (5% dos casos), o paciente deve ser submetido a exames complementares Pacientes que respondem de forma satisfatória ao IBP na dose padrão devem tentar suspender a medicação após o tratamento inicial 80% desses paciente apresentam recaída dos sintomas em 3 meses Para pacientes que necessitaram de IBP em dose dobrada durante o tratamento inicial, bem como para aqueles diagnosticados com complicações da DRGE, recomenda-se NÃO TENTAR A SUSPENSÃO DA MEDICAÇÃO, devendo o tratamento ser mantido indefinidamente com a menor dose efetiva possível Esofagite erosiva: 40mg de omeprazol em casos de complicações Apenas 30% dos pacientes com pirose não tratados têm esofagite erosiva Pode evoluir para estenose péptica Classificação de Los Angeles: Estenose péptica do esôfago: Ocorre em 5% dos portadores de esofagite erosiva A disfagia por obstrução mecânica (predominando para sólidos) é a característica clínica mais marcante, geralmente aparecendo de forma INSIDIOSA, precedida em anos por sintomas como pirose A pirose, por outro lado, costuma diminuir ou desaparecer quando da instalação de uma estenose péptica, pois esta última acaba atuando como “barreira antirrefluxo” Perdem pouco ou nenhum peso O tratamento é feito com dilatação endoscópica por balão É obrigatório manter esses pacientes com IBP em longo prazo Esôfago de Barrett: Substituição do epitélio escamoso normal por um epitélio colunar de padrão intestinal, altamente resistente ao pH ácido (metaplasia intestinal) → metaplasia não é câncer É encontrado em 10-15% dos pacientes submetidos à EDA devido a sintomas de refluxo Aula 2 - Sistema Digestório Clínica Isabelle L. É uma doença principalmentede: o Homens o Brancos o 45-60 anos o Obesidade O diagnóstico é suspeitado pela inspeção do endoscopista, que visualiza no terço inferior do órgão as típicas “línguas” de coloração vermelho-salmão A confirmação é feita pela biópsia, sendo sua principal característica histopatológica (que define a presença de metaplasia do tipo “intestinal”) o encontro de células caliciformes (repletas de mucina), melhor identificadas pelo corante alcian-blue, que as torna azuis claras O grande problema do EB é que ele representa uma lesão precursora do Adenocarcinoma (AC) de esôfago A terapia intervencionista só será indicada se houver displasia na biópsia TODOS os portadores EB devem receber inibidores de bomba de prótons!
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