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Direito x moral, Círculos éticos - Prof Ricardo Maurício

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Direito x Moral: Critérios Distintivos
● Bilateralidade x Unilateralidade
- Unilateralidade: a moral é unilateral pois as normas morais disciplinam a vida
humana em sua dimensão subjetiva, não sendo assim possível a exigibilidade
institucional do dever moral. A relação que temos com a moral é individual e
subjetiva.
- Bilateralidade: As normas jurídicas são bilaterais pois regulam relações
intersubjetivas atribuindo direitos subjetivos e deveres jurídicos. É possível afirmar
que a exigibilidade do dever jurídico decorre desta bilateralidade das relações
jurídicas - pode ser sempre exigida pois tem a outra parte da história.
- A escolha do campo moral é da sua consciência ética, escolha subjetiva e genuína.
● Exterioridade x Interioridade
○ Exterioridade:
- O direito é exterior pois as normas jurídicas só incidem a partir de comportamentos
que estejam materializados no mundo dos fatos. Para que o direito possa incidir no
âmbito das relações sociais, é necessário que haja comportamentos que estejam
postos no plano concreto/fenomênico/empírico. Não há como o direito ser invocado
a partir de ideações.
⤷ Exemplo: enquanto o desejo de matar alguém estiver apenas idealizado, na sua
cabeça, não há o que o jurídico fazer. Só há o que fazer em caso de exteriorização
(enunciação, gesticulação, verbalização).
○ Interioridade:
- As normas morais são interiores, pois os preceitos de moralidade podem ser
invocados independentemente do comportamento humano. A moral independe da
exteriorização.
⤷ Exemplo: quando pensamos em algo reprovável e nossa consciência moral atua
reprimindo esse pensamento.
● Heteronomia x Autonomia
○ Heteronomia:
- O direito é heterônomo pois apresenta normas obrigatórias que são impostas
independentemente da vontade dos agentes sociais. O sujeito deve agir conforme
as normas que já lhe são impostas (como uma Lei produzida pelo Estado).
○ Autonomia:
- As normas morais são autônomas, pois os seus preceitos podem ser escolhidos
pelos agentes sociais, isto é, o sujeito não é obrigado a se comportar conforme as
normas morais, sendo livre para tomar suas decisões.
- O campo moral é o campo da liberdade.
- Moralidade = liberdade (Kant trabalha isso).
● Maior coercitividade x Menor coercitividade
- O direito é dotado de coerção enquanto a moral é incoercível. O direito conta com a
coerção para coagir os homens.
- A ordem jurídica apresenta uma maior capacidade intimidatória (ameaça de
aplicação de um castigo ético). Referir-se a essa capacidade intimidatória é dizer
que no mundo ocidental o direito projeta muito mais temor/receio na mente dos
agentes sociais do que a moral em regra. O peso da sanção jurídica é muito maior
do que o peso da sanção moral.
- A moral só comporta sanções internas (sentimentos de reprovação), é menos
coercitiva pois projeta um receio menor de imposição de um castigo ético. Atua no
psiquismo do indivíduo de forma menos contundente.
● Maior coatividade x Menor coatividade
- O direito é mais coativo que a moral pois a ordem jurídica, através de suas
instituições e normas, utiliza uma carga maior de violência, sendo pois mais severas
as sanções jurídicas (a sanção jurídica é mais coativa e violenta).
- Coação é a aplicação forçada da sanção.
● Sanções organizadas x Sanções difusas
○ Sanção organizada:
- A sanção jurídica é organizada pois é aplicada em regime de monopólio pelo
Estado, estando pré determinada no sistema normativo.
○ Sanção difusa: a sanção moral apresenta uma natureza difusa pq ela é aplicada de
forma espontânea e plural pela opinião pública (ex: cancelamento nas redes sociais)
Teoria dos Círculos Éticos
- A Teoria dos Círculos Éticos trata-se da parte da teoria geral do direito que estuda as
relações existentes entre direito e moral.
○ Círculos éticos Concêntricos:
- Idade Antiga e na Idade Média no Ocidente, segundo a qual o direito seria o núcleo
do mundo moral.
- Concepção influenciada pelo jusnaturalismo (teoria dos direitos naturais).
- Essa visão, embora ainda predominante nas sociedades orientais, é hoje criticada
pois nem sempre existe uma coincidência do direito com a moral no tratamento dos
temas humanos.
- Tudo que é direito é moral, mas nem tudo que é moral é direito.
- Moral é maior que o direito e se sobrepõe a ele.
- O direito está inserido na moral, nasce nela e está subordinado a ela.
○ Círculos Éticos Separados:
- Desenvolvida por Hans Kelsen - Teoria Pura do Direito
- Concepção firmada durante a Idade Moderna e representa a ideia de neutralização
do fenômeno jurídico das subjetividades morais.
- O direito deveria ser criado e aplicado independentemente das convicções morais de
justiça de seus aplicadores. Trata somente da norma e diz que a moral deve ser
tratada pelos moralistas.
- Restariam garantidas a segurança jurídica e a previsibilidade decisória.
- Teoria influenciada pelo positivismo jurídico e científico de Augusto Comte. Essa
teoria surgiu na modernidade. O grande risco dessa concepção é potencializar a
realização de injustiças.
○ Círculos Éticos Secantes:
- O direito e a moral são independentes, mas em algum momento estão interligados.
- Concepção desenvolvida após a Segunda Guerra Mundial – Idade Contemporânea.
- Para esta visão, direito e moral, compartilham uma zona crescente de interseção
representada pelos direitos humanos fundamentais. Tal visão é criticada por gerar
insegurança jurídica e estimular o ativismo judicial irresponsável.
- Exemplos: omissão de socorro e abandono de incapaz.
- Existem fatos que podem ser analisados tanto pela ótica do Direito quanto pela ótica
da moral.

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