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AN02FREV001/REV 4.0 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE FÁRMACOS QUE ATUAM NO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 2 CURSO DE FÁRMACOS QUE ATUAM NO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 3 SUMÁRIO 1 SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO 2 FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO 2.1 Farmacologia do SNA Parassimpático 2.2 Farmacologia Adrenérgica REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AN02FREV001/REV 4.0 4 1 SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO O sistema nervoso pode ser dividido em nível estrutural e funcional, em componentes periféricos e centrais. O sistema nervoso periférico inclui todos os nervos que seguem o seu percurso entre o sistema nervoso central e os locais somáticos e viscerais. O sistema nervoso central formado pelo encéfalo e pela medula espinhal está envolvido na percepção, no estado de vigília, na linguagem e no estado de consciência. O sistema nervoso periférico dividido no sistema nervoso autônomo, sistema eferente somático (músculo esquelético) e sistema aferente somático e visceral (transmite sinais da periferia para o sistema nervoso central). O sistema nervoso autônomo (SNA) regula as respostas involuntárias do organismo, sendo responsável no controle de diversas funções vitais como: frequência cardíaca, contratilidade cardíaca, tônus da musculatura lisa, regulação da pressão arterial, secreções exócrinas e endócrinas, metabolismo intermediário, peristaltismo, frequência urinária, constrição/dilatação pupilar, salivação e pieloereção. O SNA em três subdivisões: Parassimpático = respostas de “repouso e digestão”; Simpático = resposta de “luta ou fuga”; Entérico (plexos nervosos intrínsecos do TGI). As fibras nervosas do SNA interagem com seus órgãos-alvo por meio de uma via de dois neurônios. O primeiro neurônio origina-se no tronco encefálico ou na medula espinhal e é denominado neurônio pré-ganglionar. Esse faz sinapse fora da medula espinhal com um neurônio pós-ganglionar, que inerva o órgão-alvo. Tais localizações anatômicas diferem para o SNA simpático e parassimpático. O sistema nervoso simpático (= adrenérgico) também é conhecido como sistema toracolombar visto que suas fibras pré-ganglionares originam-se do primeiro segmento torácico ao segundo ou terceiro segmento lombar da medula espinhal. Os primeiros três gânglios, cujas fibras pós-ganglionares seguem com os nervos cervicais, são chamados, gânglio cervical superior (inervam pupila, glândulas salivares e lacrimais), gânglio cervical médio e inferior (inervam coração e pulmão). Os gânglios do sistema nervoso parassimpático (= colinérgico) localizam-se nos órgãos que inervam ou em sua proximidade. As fibras pré-ganglionares AN02FREV001/REV 4.0 5 originam-se no tronco encefálico ou nos segmentos sacrais da medula espinhal, dessa forma, o sistema parassimpático é conhecido como sistema craniossacral. Em alguns casos, as fibras nervosas pré-ganglionares podem seguir um percurso mais longo, como no caso de fibras que surgem do nervo craniano III, como o nervo oculomotor (inerva pupila); as fibras oriundas do nervo craniano VII que estimulam a secreção salivar e lacrimal; o nervo craniano IX (nervo glossofaríngeo) que estimula a parótida e o nervo craniano X – nervo vago que inerva os principais órgãos da região tórax e do abdome (coração, árvore traqueobrônquica, os rins e o sistema TGI). Os nervos que originam da região sacral da medula espinhal inervam o colo, a bexiga e a genitália. FIGURA 1 – DIVISÃO DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO FONTE: Katzung, 2003. AN02FREV001/REV 4.0 6 2 FARMACOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO 2.1 Farmacologia do SNA Parassimpático Na transmissão parassimpática, a acetilcolina (ACh) é o principal neurotransmissor que controla as funções colinérgicas. Esse neurotransmissor é sintetizado em uma única etapa a partir da colina (transportada do meio extracelular para a terminação neuronal por um transportador de membrana) e da acetilcoenzima A (sintetizada na mitocôndria a partir da glicólise acetilCoA), reação catalisada pela enzima acetiltransferase. Uma vez sintetizada no citoplasma, a ACh é transportada em vesículas sinápticas para o seu armazenamento. A liberação de ACh na fenda sináptica depende de Ca2+ extracelular e ocorre quando um potencial de ação atinge a terminação e desencadeia o influxo de cálcio (Figura 2). AN02FREV001/REV 4.0 7 FIGURA 2 – TRANSMISSÃO COLINÉRGICA DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO FONTE: Adaptado Katzung, 2003. Após a liberação a ACh pode se ligar ao colinorreceptor e ativá-lo ou ser degradada na fenda sináptica. A ACh é hidrolisada em colina e acetato, reação catalisada pela enzima do tipo serina hidrolase - a acetilcolinesterase (AChE), presente em neurônios colinérgicos e em outros tecidos, sua ação cessa as ações da ACh. Como a hidrólise ocorre rapidamente a meia-vida da ACh na sinapse é extremamente curta. A colina regenerada pela AChE retorna a terminação axônica para nova síntese de ACh. Outras colinesterases com menor especificidade para AN02FREV001/REV 4.0 8 Ach como a butirilcolinesterase ou pseudocolinesterase são encontradas no plasma, no fígado e na glia. A ACh se liga aos receptores colinérgicos NICOTÍNICOS e MUSCARÍNICO: Receptor Nicotínico polipeptídios transmembrana cujas subunidades formam um canal iônico seletivo para cátions; localizados nas membranas plasmáticas de células pós-ganglionares simpáticas e parassimpáticas em gânglios autônomos, nas membranas de músculo inervado por fibras motoras somáticas e no SNC. Pode ser dividido em: RNm (muscular), presente na junção neuromuscular, sua ativação pela ACh leva a abertura do canal de cátion e despolarização da placa terminal, resultando na contração do musculoesquelético e RNn (neuronal) presente em gânglios autonômicos/ medula adrenal, em que atua na despolarização e disparo do neurônio pós-ganglionar/secreção de catecolaminas. Receptor Muscarínico receptores transmembrana acoplados à superfamília de proteínas G; subtipos M1-M5; regula a produção de mensageiros intracelulares (trifosfato inositol (IP3), diacilglicerol (DAG) e Ca2+); M1 – gânglios autonômicos e sistema nervoso central = ativação da fosfolipase C por meio da proteína G quinase com formação de IP3 e DAG e aumento Ca2+ intracelular resultando em despolarização; M2 – coração (nodo atrioventricular, nodo sinoatrial, átrio e ventrículo) = ativação dos canais de K+ por meio das subunidades da proteína G inibitória; inibição da adenilatociclase = hiperpolarização (despolarização espontânea lenta); duração encurtada do potencial de ação e menor força de contração do átrio, redução da velocidade de condução, leve diminuição da força de contração do ventrículo; M3 – músculo liso e glândulas secretórias; sinalização intracelular semelhante ao subtipo M1, levando a contração e aumento de secreção; M4- semelhante M2; localização em investigação; M5 - semelhante M1; localização em investigação. A ACh por meio dos receptores muscarínicos tem como efeitos fisiológicos: AN02FREV001/REV 4.0 9 Vasculatura (células endoteliais) = liberação de NO e vasodilatação; Íris (músculo esfíncter da pupila) = contração e miose; Músculo ciliar = contração e acomodação da lente para visão de perto; Glândulas salivares e lacrimais = secreções ralas e aquosas; Brônquios = constrição; aumento secreções; Coração = bradicardia; menor velocidade de condução; bloqueio AV com doses altas; ligeira redução da contratilidade; TGI = aumento do tônus e das secreções; relaxamento dos esfíncteres; Bexiga = contração do músculo detrusor; relaxamento do esfíncter; Glândulas sudoríparas = diaforese; Trato Reprodutor Masculino = ereção. E por meio dos receptores nicotínicos: Placa Motora = despolarização e contração; Suprarrenal = liberação de catecolaminas. Os agentes farmacológicos (substâncias colinérgicas) que imitam as ações e os efeitos da ACh são denominados colinomiméticos ou parassimpaticomiméticos ou parassimpatomiméticos. Podem ser classificados em: Diretos – atuam diretamente em receptores nicotínicos ou muscarínicos ativando-os; Indiretos – exercem efeitos primários ao inibir a ação das colinesterases, aumentando a concentração de ACh na fenda sináptica: anticolinesterásicos reversíveis ou irreversíveis. AN02FREV001/REV 4.0 10 a. Agonistas dos Receptores Nicotínicos Estimulam a abertura do canal do receptor nicotínico de ACh e produzem despolarização da membrana celular. Atuam nos receptores nicotínicos ganglionares e da placa motora. NICOTINA (Nicotiana tabacum) – afeta principalmente os gânglios autonômicos; SUCCINILCOLINA (=SUXAMETÔNIO) – agente bloqueador despolarizante utilizado para induzir paralisia durante cirurgias. Age diretamente nos receptores nicotínicos e produzem bloqueio por persistir na junção neuromuscular e ativar continuamente os canais dos receptores nicotínicos. Proporciona breve período de excitação com fasciculações nas células musculares, seguida de paralisia flácida (receptores nicotínicos abertos mantendo a membrana celular despolarizada, inativando os canais de sódio regulados por voltagem); DEXAMETÔNIO – mecanismo despolarizante semelhante à succinilcolina; sendo a duração da ação mais prolongada. Esses agentes têm como efeitos indesejáveis: bradicardia (evitada com administração intravenosa de atropina); hipocalemia (perda de potássio pelo músculo) que resulta em disrritmia ventricular ou parada cardíaca; aumento da pressão intraocular; paralisia prolongada; hipertermia maligna*; depressão respiratória; mialgia e rabdomiólise. b. Agonistas dos Receptores Muscarínicos Fármacos que mimetizam os efeitos da ACh quando ligada aos receptores muscarínicos. Os agentes do tipo éster de colina, semelhantes à ACh atuam tanto nos receptores nicotínicos quanto muscarínicos, sendo que nesse último atuam de forma mais potente. ___________________________________________________________________ *Hipertermia maligna - elevação da temperatura corporal e espasmos musculares em indivíduos sob administração de certos fármacos, como suxametônio e halotano. A reversão deste quadro se faz com a administração de DANTROLENE, que inibe a contração muscular ao impedir a liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático. AN02FREV001/REV 4.0 11 Os agentes parassimpatomiméticos de ação direta são: MUSCARINA – alcaloide isolado do cogumelo Amanita muscaria; METACOLINA – éster de colina, atualmente obsoleto, todavia foi muito utilizado no diagnóstico da asma. Efeitos adversos comuns: dispneia, tonteira, irritação da garganta e prurido; CARBACOL – éster de colina, possui maior ação nicotínica do que muscarínica frente a outros ésteres de colina. Não podem ser utilizados por vista sistêmica, devido seus efeitos sobre os gânglios autônomos. Uso no glaucoma, sua aplicação tópica resulta em miose e diminuição da pressão intraocular; BETANECOL - estável à hidrólise e seletivo para receptor muscarínico, apresenta maior resistência à degradação pela acetilcolinesterase, utilizado clinicamente na retenção urinária; PILOCARPINA - agonista dos receptores muscarínicos subtipo M1 e M3; utilizada clinicamente para o tratamento da xerostomia (síndrome de Sjögren). Os agonistas muscarínicos são contraindicados no glaucoma de ângulo estreito (fechamento de ângulo); úlcera péptica e asma. c. Anticolinesterásicos Agentes que atuam inibindo a atividade da acetilcolinesterase, levando ao aumento da disponibilidade de ACh na fenda sináptica. Os anticolinesterásicos podem ser divididos em reversíveis e irreversíveis. I) Anticolinesterásicos reversíveis Os anticolinesterásicos reversíveis são ainda classificados e utilizados na prática clínica de acordo com sua duração de ação: AN02FREV001/REV 4.0 12 Anticolinesterásicos de Ação Curta EDROFÔNIO = composto amônio quaternário que se liga reversivelmente ao sítio aniônico da enzima. Usado no diagnóstico da miastenia gravis*. Anticolinesterásico de Ação Intermediária NEOSTIGMINA / FISOSTIGMINA (=ESERINA) = ésteres de carbamato que sofrem hidrólise em duas etapas: transferência do grupo carbamil para o sítio esterático, a enzima carbamilada sofre hidrólise mais lentamente. A neostigmina é utilizada por via intravenosa para reversão de bloqueio neuromuscular competitivo e por via oral para tratamento da miastenia gravis e em casos de retenção urinária. A fisostigmina é indicada na forma de colírio no tratamento do glaucoma. II) Anticolinesterásicos irreversíveis Os anticolinesterásicos irreversíveis, por sua vez são compostos pentavalentes de fósforo, capazes de fosforilar a enzima, tornando-a inativa por meio da formação de um complexo fósforo/enzima bastante estável e de hidrólise lenta. A recuperação enzimática é lenta e depende da síntese de novas moléculas da enzima. Compostos organofosforados como DIFLOS e PARATION apresentam elevada lipossolubilidade, sendo rapidamente absorvidos pela pele e pelas mucosas apresentando como efeitos: potencialização da transmissão colinérgica nas sinapses autônomas colinérgicas e na junção neuromuscular, sinais clínicos como bradicardia, hipotensão, aumento das secreções, broncoconstrição, hipermotilidade do trato gastrointestinal e redução da pressão intraocular; fasciculações musculares e neurotoxicidade por desmielinização dos nervos periféricos, resultando em gradual fraqueza e perda sensitiva. Em casos de intoxicação por organosfosforados, o fármaco utilizado para regenerar a enzima acetilcolinesterase é a PRALIDOXIMA. *Miastenia gravis - patologia autoimune em que há destruição dos receptores nicotínicos da placa motora, o paciente apresenta fraqueza intensa. AN02FREV001/REV 4.0 13 Os agentes anticolinesterásicos também podem ser utilizados no tratamento dos sintomas da doença de Alzheimer e outras afecções que provocam disfunção cognitiva e demência. Exemplos de fármacos anticolinesterásicos utilizados nessas situações clínicas são: GALANTAMINA e RIVASTIGMINA (considerado um inibidor “pseudoirreversível” por formar uma ligação covalente temporária com acetilcolinesterase, inativando-a até a quebra desta ligação). Os efeitos adversos destes fármacos são: diarreia, náusea, vômitos, cólicas, anorexia e sonhos. Os agentes anticolinérgicos são aqueles que antagonizam as ações da ACh por meio da competição pelos receptores colinérgicos. d. Antagonistas dos Receptores Nicotínicos Esses agentes impedem seletivamente a ligação da ACh endógena nos receptores nicotínicos, antagonizando a despolarização das células musculares caracterizado como bloqueio não despolarizante. Muitos destes fármacos são utilizados como agentes adjuvantes da anestesia, associados com ventilação artificial, como TUBOCURARINA, PANCURÔNIO, VECURÔNIO, ATRACÚRIO, MIVACÚRIO e GALAMINA, que levam a paralisia motora. Os efeitos indesejáveismais comuns são hipertensão, taquicardia, apneia, broncoespasmo, insuficiência respiratória, salivação e rubor. Tais efeitos podem ser revertidos pela administração de anticolinesterásicos. Fármacos como galamina e pancurônio podem também bloquear o receptor muscarínico no coração levando a taquicardia. Os agentes bloqueadores ganglionares TRIMETAFAN e MECAMILAMINA são utilizados na clínica por via intravenosa na crise hipertensiva em pacientes com dissecção aórtica aguda, reduzindo a pressão arterial por meio da atenuação dos reflexos simpáticos. A utilização desses agentes pode proporcionar como efeitos indesejáveis ileoparalítico, parada respiratória, retenção urinária, hipotensão ortostática e sedação. AN02FREV001/REV 4.0 14 e. Antagonistas dos Receptores Muscarínicos Esses agentes antagonizam seletivamente as ações da ACh nos receptores muscarínicos. Os antagonistas muscarínicos de origem natural são: ATROPINA (=hiosciamina) – alcaloide tropânico isolado da espécie Atropa belladona (beladona) e Datura stramonium (estramômio). Usada na clínica como adjuvante em anestesia; na intoxicação por anticolinesterásicos; na bradicardia; como antiespasmódico e no excesso de salivação. A administração da atropina leva a marcantes efeitos, como inibição das secreções, ressecamento da boca e da pele; taquicardia; bradicardia paradoxal; midríase; fotofobia; cicloplegia (perda de acomodação visual); redução da motilidade gástrica; relaxamento da musculatura brônquica, biliar e urinária; ligeira inquietação (dose baixa); ação estimulante (alta dose); aumento da pressão intraocular; aumento do ritmo cardíaco e da condução pelo nodo atrioventricular. Os tecidos mais sensíveis a ação da atropina são as glândulas salivares, brônquicas e sudoríparas, resultando em elevação da temperatura corporal devido à supressão da sudorese termorreguladora, quadro conhecido como febre atropínica. ESCOPOLAMINA (= hioscina) – alcaloide da Hyoscyamus niger (meimendro). Usado clinicamente na cinetose, náusea e vômitos. Efeitos indesejáveis: visão embaraçada, constipação, aumento da pressão intraocular, depressão respiratória, arritmia cardíaca e coma. Antagonistas muscarínicos sintéticos: PIRENZEPINA – antagonista seletivo dos receptores muscarínicos subtipo M1 capaz de reduzir a produção de suco gástrico, sendo por muito tempo utilizado na prática clínica na doença ulcerosa péptica e também na bradicardia induzida cirurgicamente ou pelo nervo vago; IPATRÓPIO/ TIOTRÓPIO – ação broncodilatadora; utilizados na asma e na doença pulmonar obstrutiva crônica; AN02FREV001/REV 4.0 15 OXIBUTINA/ PROPANTELINA – antagonistas não seletivos usados na bexiga hiper-reflexia e hiperativa, na incontinência urinária. O tratamento é acompanhado de efeitos indesejáveis, como ressecamento da boca, visão embaraçada e constipação; TOLTERODINA – antagonista seletivo dos receptores muscarínicos subtipo M3 utilizado na incontinência urinária; causa menos ressecamento da boca e constipação; CICLOPENTOLATO/ TROPICAMIDA – utilizados como agentes midriáticos utilizados na oftalmologia na forma de colírios. Os antagonistas muscarínicos devem ser administrados com cautela em pacientes com glaucoma de ângulo estreito ou fechados; lesões cerebrais, xerostomia, hipertensão e hipertireoidismo. f. Inibidores da Síntese, do Armazenamento e da Liberação de Acetilcolina Esses agentes atuam nível pré-sináptico (Figura 2). Hemicolínio/ Trietilcolina = impede o transporte de colina para a terminação nervosa, inibindo a síntese de ACh. Não apresenta aplicação clínica; Vesamicol = impede o transporte de ACh no interior das vesículas sinápticas; Neomicina/ Estretomicina = são agentes antimicrobianos do tipo aminoglicosídios que impedem a entrada de cálcio impedindo a liberação de ACh; Toxina botulínica/ -Burgarotoxina = componentes peptidases que clivam as proteínas específicas de fusão, impedindo a liberação de ACh. Essa toxina provoca paralisia motora e redução progressiva da atividade parassimpática, com ressecamento da boca, visão turva, dificuldade da deglutição e paralisia respiratória. AN02FREV001/REV 4.0 16 1.2.2 Farmacologia Adrenérgica Na transmissão adrenérgica, as catecolaminas (norepinefrina, epinefrina, dopamina) são os neurotransmissores que atuam no controle da função cardíaca, da força de contração cardíaca, na resistência dos vasos sanguíneos e nos bronquíolos, na liberação de insulina e na degradação de gordura. As catecolaminas são sintetizadas a partir da tirosina. Essa síntese ocorre nas terminações nervosas simpáticas e em menor extensão nos corpos celulares neuronais. A síntese de epinefrina predomina na glândula suprarrenal, enquanto os neurônios adrenérgicos produzem em sua maioria norepinefrina (Figura 3). A tirosina, precursora das catecolaminas é transportada para dentro dos neurônios por meio de um transportador de aminoácidos aromáticos por intermédio da membrana neuronal. Tirosina hidroxilase TIROSINA ➩ DIIDROXIFENILALANINA (L-DOPA) ➩ DOPAMINA Descarboxilase L- aminoácidos aromáticos Em seguida, a dopamina é transportada em vesículas sinápticas por um transportador de monoaminas vesicular. Nesta vesícula a dopamina é convertida em norepinefrina por meio de uma reação de hidroxilação, catalisada pela dopamina - hidroxilase. Após sua liberação a molécula de catecolamina exerce seu efeito em um receptor adrenérgico pós-sináptico, a resposta é levada ao seu término por três mecanismos: recaptação de catecolaminas no neurônio pré-sináptico; metabolismo das catecolaminas até um metabólito inativo e/ou difusão das catecolaminas a partir da fenda sináptica. Os dois primeiros mecanismos dependem de proteínas de transporte ou enzimas, sendo um importante alvo para intervenção farmacológica. AN02FREV001/REV 4.0 17 FIGURA 3 – TRANSMISSÃO ADRENÉRGICA DO SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO FONTE: Katzung, 2003. Alteração de autorreceptor. A recaptação de catecolaminas é mediada por um transportador seletivo de norepinefrina, processo que permite reciclar o transmissor para uma liberação subsequente. No interior do citoplasma neuronal as catecolaminas podem ainda ser novamente concentradas em vesículas. O metabolismo das catecolaminas envolve duas enzimas, a monoaminaoxidase (MAO) presente na mitocôndria, existente em duas isoformas – MAO-A, seletiva para serotonina, norepinefrina e epinefrina e MAO-B, seletiva para dopamina; e a catecol-O-metiltransferase (COMT), enzima citosólica expressa primariamente no fígado. AN02FREV001/REV 4.0 18 Os neurotransmissores norepinefrina e epinefrina se ligam aos receptores adrenérgicos. Esses são divididos em duas classes: alfa e beta receptores que pertencem à superfamília de receptores acoplados à proteína G. Os receptores alfa-adrenérgicos são divididos em: Alfa-1 adrenérgico - acoplado a uma proteína G quinase sua estimulação leva a ativação da fosfolipase C e produção de mensageiros intracelulares (IP3 e DAG) e influxo de cálcio. Sua estimulação leva a vasoconstrição, contração do músculo liso geniturinário, relaxamento do músculo liso do trato gastrintestinal, secreção salivar, broncoconstrição, glicogenólise e gliconeogênese. Alfa-2 adrenérgico – acoplado a proteína G inibitória sua estimulação leva a inibição da enzima adenilato ciclase e redução do nível intracelular de AMPc; abertura dos canais de K+ e fechamento dos canais de Ca2+. Atua inibindo a liberação de neurotransmissores, inibe a agregação plaquetária, inibe a liberação de insulina, no relaxamento do músculo liso do trato gastrintestinal. Os receptores beta-adrenérgicos, por sua vez, estão acoplados à proteína G estimulatória e quando estimuladoslevam a ativação da enzima adenilato ciclase e aumento do nível intracelular de AMPc. Beta-1 adrenérgico – estimulação da enzima glicogênio fosforilase hepática; no coração aumenta a frequência cardíaca e a velocidade de condução do nodo atrioventricular; no sistema renal induz a liberação de renina; Beta-2 adrenérgico – presente na musculatura lisa, no fígado e no musculoesquelético, sua estimulação resulta em broncodilatação, vasodilatação, relaxamento do músculo liso visceral, catabolismo do glicogênio e glicogenólise (aumento do nível glicêmico); Beta-3 adrenérgico – presente no tecido adiposo envolvido no aumento da lipólise. Os agentes farmacológicos adrenérgicos são classificados de acordo com sua atuação na transmissão adrenérgica, podendo atuar na síntese de AN02FREV001/REV 4.0 19 catecolaminas, na etapa de armazenamento ou na recaptação, na biotransformação dos neurotransmissores e diretamente sobre os receptores adrenérgicos. a. Inibidores da Síntese das Catecolaminas A enzima tirosina hidroxilase atuante na síntese das catecolaminas pode ser inibida pela ALFA-METILTIROSINA. Aplicada na terapêutica no tratamento da hipertensão associada à feocromocitoma*. Os efeitos adversos consistem em quadro de hipotensão ortostática e sedação. b. Inibidores do Armazenamento de Catecolaminas Inibem o armazenamento das catecolaminas nas vesículas, resultando em aumento em curto prazo, na liberação de catecolaminas das terminações sinápticas, porém, com depleção em longo prazo do reservatório disponível de catecolaminas. RESERPINA – interage com proteínas do transportador vesicular, impedindo o armazenamento de norepinefrina e de dopamina. Antigamente utilizado na terapêutica para tratamento da hipertensão, tornou-se obsoleto devido aos efeitos adversos marcantes, como: arritmias cardíacas, hemorragia gastrintestinal e depressão psicótica; GUANETIDINA/ GUANADREL = concentram-se nas vesículas transmissoras e desloca a norepinefrina, resultando em depleção gradual. Esse efeito provoca redução do débito cardíaco; a redução da resposta simpática leva à ocorrência de hipotensão sintomática. A aplicação terapêutica na hipertensão tornou-se obsoleta em decorrência dos efeitos indesejáveis: doença renal, apneia, hipotensão ortostática, retenção hídrica, visão embaraçada e impotência; ANFETAMINA/ METILFENIDATO = semelhantes estruturalmente com a norepinefrina, sendo transportadas nas terminações pelo processo de recaptação. ___________________________________________________________________ *Feocromocitoma – tumor na glândula suprarrenal com intensa produção de epinefrina. vesí de c com vaso da m prom de a emp hipe ____ *Dist pela mant atenç São f culas de a catecolamin o efeitos oconstrição motilidade mover perd abuso para pregado cli ratividade FIGURA __________ túrbio de hi primeira ve ter a atençã ção no níve fármacos armazenam nas media farmacod o, aumento intestinal. da de peso a vencer inicamente com defici A 4 – RECA INIBI __________ iperatividad ez na infân ão e impuls el do córtex capazes mento, de i da pelo tra dinâmicos: o da frequ A anfetam o por meio o sono e e na dose it de atenç APTAÇÃO IDORES D FON __________ de com defi cia, caracte sividade. 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Inibidores da Recaptação de Catecolaminas Inibem a recaptação de catecolaminas mediada pelo transportador de norepinefrina, potencializando a ação das catecolaminas. Nesse grupo encontram- se os antidepressivos tricíclicos, como imipramina que serão detalhados mais adiante. A cocaína, uma droga de abuso, é um potente inibidor do transporte de catecolaminas. O quadro de intoxicação por essa droga reflete a exacerbação dos efeitos simpáticos. d. Inibidores do Metabolismo das Catecolaminas A IPRONIAZIDA, TRANILCIPROMINA (seletiva para MAO-A), MOCLOBEMIDA e SELEGILINA (seletivo MAO-B) são inibidores da MAO. A inibição enzimática por esses fármacos resulta no aumento dos níveis de catecolaminas. A TRANILCIPROMINA é utilizada clinicamente no tratamento de alguns tipos depressão. A SELEGILINA é classificada como agente antiparkinsoniano, aumentando o nível de dopamina, neurotransmissor deficiente na Doença de Parkinson. e. Agonistas dos Receptores Alfa-adrenérgicos Os fármacos agonistas dos receptores alfa-1 adrenérgicos ativam seletivamente esses receptores, levando a um aumento da resistência vascular periférica, hipertensão e hipertrofia cardíaca: METOXAMINA = uso limitado no tratamento do choque tendo como efeitos adversos: bradicardia reflexa, cefaleia e ansiedade; FENILEFRINA = utilizada como descongestionante nasal e midriático em várias formulações nasais e oftálmicas; a infusão intravenosa para o tratamento do choque cardiogênico leva a acentuada vasoconstrição arterial; OXIMETAZOLINA/ TETRAIDRAZOLINA/ NAFAZOLINA = utilizados no alívio da congestão nasal e hiperemia oftálmica; o uso abusivo leva a ocorrência de efeito rebote dos sintomas. AN02FREV001/REV 4.0 22 Os agonistas dos receptores alfa-2 adrenérgicos ativam seletivamente os autorreceptores alfa-2 adrenérgicos centrais e, portanto, inibem a descarga simpática do sistema nervoso central. CLONIDINA – a principal utilização clínica é no tratamento da hipertensão arterial; também se mostra útil no tratamento e na preparação de dependentes para a suspensão de narcóticos, álcool e tabaco, reduzindo nesses pacientes o desejo pelo fármaco. Pode ser utilizada associada com agentes anestésicos, reduzindo a necessidade de anestésico, promovendo sedação e ação ansiolítica. Na suspeita de feocromocitoma, a clonidina é administrada para diagnóstico dessa patologia. Dentre os efeitos indesejáveis estão relacionados bradicardia, insuficiência cardíaca, hipotensão, constipação, xerostomia, sedação e tontura; ALFA-METILDOPA - metabolizada no cérebro a alfa-metilnorepinefrina, um anti-hipertensivo de ação central. Após ser liberado das terminações nervosas adrenérgicas, passa a atuar como falso neurotransmissor ativando os receptores alfa-2 adrenérgicos, reduzindo a pressão arterial semelhante à clonidina. Utilizada na hipertensão arterial durante a gravidez. Efeitos indesejáveis: hepatotoxicidade e anemia hemolítica autoimune. f. Agonistas dos Receptores Beta-adrenérgicos Os agonistas dos receptores beta-adrenérgicos foram utilizados em muitas situações clínicas. Atualmente, são agentes importantes no tratamento da broncoconstrição em pacientes asmáticos e na doença pulmonar obstrutiva crônica. A epinefrina foi pela primeira vez utilizada como broncodilatador no início do século XX. Entretanto, os pacientes apresentavam sinais da atividade alfa- adrenérgica, como aumento da pressão arterial. Na década de 1940então foi desenvolvido o ISOPROTERENOL, um agonista seletivo dos receptores beta adrenérgicos para tratamento da asma que carecia de atividade alfa-adrenérgica. O desenvolvimento de agonistas beta-2 seletivos forneceu fármacos com maior biodisponibilidade oral, ausência de atividade alfa-adrenérgica e menor incidência de efeitos cardiovasculares indesejáveis. AN02FREV001/REV 4.0 23 A DOBUTAMINA é considerada um agonista beta-1 relativamente seletivo, mas por ser administrada como mistura racêmica tem seus efeitos como reflexos das interações em receptores tanto alfa quanto beta-adrenérgicos. Indicada para tratamento em curto prazo da descompensação cardíaca que pode ocorrer após cirurgia cardíaca ou em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva ou infarto agudo do miocárdio. A dobutamina aumenta o débito cardíaco e o volume sistólico. A infusão de dobutamina para aumentar o débito cardíaco situa-se entre 2,5 e 10 g/kg/min respeitando as respostas hemodinâmicas e clínicas do paciente, tendo em vista que a alta velocidade de infusão reflete efeitos alfa-adrenérgicos da dobutamina. Os agonistas beta-2 seletivos são resultados de modificações estruturais a partir da molécula de isoproterenol tornando a molécula mais volumosa. Muitos desses agentes terapêuticos são utilizados em pequenas doses por via inalatória, na forma de aerossol; permitindo a ativação eficaz de receptores beta-2 nos bronquíolos, com concentrações sistêmicas extremamente baixas. SALBUTAMOL – também conhecido como albuterol é administrado por inalação ou por via oral para alívio sintomático do broncoespasmo. Quando inalado, causa broncodilatação significativa em 15 minutos e os efeitos persistem durante 3-4 h; TERBUTALINA – rápido efeito broncodilatador após inalação ou administração parenteral, após inalação o efeito persiste por 3-6 h quando administrado por via oral o efeito demora de 1 a 2h. É utilizada no tratamento em longo prazo das doenças obstrutivas das vias respiratórias e no broncoespasmo agudo. Além de ser uma ferramenta farmacológica na crise asmática emergencial; SALMETEROL – possui duração de ação prolongada de aproximadamente 12h, entretanto seu início de ação é relativamente lento após inalação, sendo inapropriado para alívio imediato das crises inesperadas de broncoespasmo. Os principais efeitos adversos dos agonistas beta-adrenérgicos são resultantes da ativação excessiva dos receptores beta-adrenérgicos. O tremor muscular constitui um efeito adverso comum. O desenvolvimento de tolerância é observado com a terapia em longo prazo com esses agentes, refletindo uma AN02FREV001/REV 4.0 24 dessensibilização dos receptores beta-2 adrenérgicos. Para minimizar esse efeito, deve-se iniciar a terapia oral com dose baixa, e progressivamente aumentando à medida que surgir o tremor. A sensação de inquietação, apreensão e ansiedade são sintomas apresentados pelos pacientes tratados por via oral ou parenteral. A taquicardia é um efeito adverso comum dos agonistas beta-adrenérgicos quando administrados por via sistêmica. A estimulação da frequência cardíaca ocorre via receptor beta-1 adrenérgico. g. Antagonista dos Receptores Alfa-Adrenérgicos Bloqueiam a ligação das catecolaminas endógenas aos receptores alfa-1 e alfa-2 adrenérgicos promovendo vasodilatação, redução da pressão arterial e redução da resistência periférica. Observa-se ativação dos barorreceptores a fim de compensar a diminuição da pressão arterial, resultando em aumento dos reflexos da frequência cardíaca e do débito cardíaco. A FENOXIBENZAMINA e FENTOLAMINA bloqueiam irreversivelmente e reversivelmente, respectivamente os receptores alfa-1 e alfa-2 adrenérgico. Dessa forma, a fentolamina apresenta duração de ação curta, é utilizada na hipertensão e sudorese associadas ao feocromocitoma. Os antagonistas dos receptores alfa-1 seletivos são: PRAZOSIN - relaxa o músculo liso arterial e venoso, produzindo diminuição na resistência vascular periférica. Esse efeito não leva ao aumento da frequência cardíaca como se observa com outros agentes vasodilatadores. O prazosin também é um potente inibidor das fosfodiesterase e nucleotídeos. O tratamento inicia-se com uma dose de 1 mg, 2-3x/dia, geralmente administrada ao deitar, o paciente deve permanecer deitado por um bom tempo a fim de reduzir os riscos de hipotensão postural grave relacionada a primeira dose. O prazosin é utilizado no tratamento da hiperplasia prostática benigna nas doses de 1-5 mg 2x/dia; TERAZOSIN/ DOXAZOSIN - são análogos estruturais da prazosina que apresentam maior biodisponibilidade por via oral, sendo indicados para o tratamento da hiperplasia prostática benigna, nas doses de 10 mg/dia e 1 mg/dia, respectivamente. Esses agentes também podem levar a hipotensão postural grave; AN02FREV001/REV 4.0 25 TANSULOSIN – antagonista alfa-1A-seletivo, predominante no músculo liso do trato geniturinário; biodisponibilidade muito alta; tempo de meia-vida de 9-15h; metabolizada extensamente no fígado; indicada terapeuticamente para hiperplasia prostática benigna na dose inicial de 0,4 mg/dia sem acarretar efeitos significativos sobre a pressão arterial; a ejaculação anormal consiste em um efeito adverso nestes pacientes. A IOIMBINA, alcaloide encontrado na casca da árvore Pausinystalia yohimbe, atua como antagonista competitivo seletivo para os receptores alfa-2 adrenérgicos. Por penetrar facilmente no sistema nervoso central, atua aumentando a pressão arterial e a frequência cardíaca. A atividade motora é intensificada provocando tremores. Antigamente, a ioimbina era muito utilizada no tratamento da disfunção sexual masculina. h. Antagonistas dos Receptores Beta-Adrenérgicos Os fármacos desta classe recebem muita atenção clínica devido a sua eficácia na terapêutica da hipertensão, da cardiopatia isquêmica, da insuficiência cardíaca congestiva e certos casos de arritmias. O mecanismo de ação dos antagonistas beta-adrenérgicos consiste no bloqueio dos receptores beta-adrenérgicos. Podem ser divididos em: agentes seletivos ou não seletivos para os receptores beta-1 adrenérgico. Os antagonistas não seletivos são PROPRANOLOL (dose 40-480 mg/dia), NADOLOL (dose 40-80 mg/dia) e TIMOLOL (dose 10-40 mg/dia). O tratamento com tais agentes podem ocasionar os seguintes efeitos adversos: broncoespasmo, bradiarritmias, sedação, mascarar os sintomas de hipoglicemia, depressão, dispneia e sibilos. Dessa forma, são contraindicados na asma brônquica e doença pulmonar obstrutiva crônica, choque cardiogênico e insuficiência cardíaca não compensada. Os agentes antagonistas beta-1 seletivos (cardiosseletivos) como METOPROLOL (dose 100-400 mg/dia), ATENOLOL (dose 25-100 mg/dia), ACEBUTOLOL (dose 400-1.200 mg/dia), BISOPROLOL (dose 2,5-10 mg/dia) são indicados para tratamento de pacientes hipertensos ou cardiopatas com asma ou diabetes. Estes fármacos são mais potentes no bloqueio dos receptores cardíacos AN02FREV001/REV 4.0 26 (beta-1 adrenérgicos) do que os receptores beta-2. Todavia, a seletividade é relativa, quando utilizados em altas doses, a seletividade é perdida. Alguns agentes podem ainda exibir atividade dual, ou seja, são capazes de bloquear os receptores beta-1, beta-2 e alfa-1 adrenérgicos, como LABETALOL (dose 300-600 mg/dia) e CARVEDILOL (dose 3,125-25 mg/dia) utilizados na angina e hipertensão. O SOTALOL (dose 160-480 mg/dia) é um antagonista beta não seletivo com propriedade adicional de bloqueio dos canais de potássio e com propriedades antiarrítmicas classe III. 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