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AN02FREV001/REV 4.0 
 116 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
MEDICINA DO TRABALHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 117 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
MEDICINA DO TRABALHO 
 
 
 
 
MÓDULO IV 
 
HIGIENE E TOXICOLOGIA OCUPACIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do 
mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são 
dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 118 
 
 
MÓDULO IV 
 
 
4 HIGIENE E TOXICOLOGIA OCUPACIONAL 
 
 
A Toxicologia Ocupacional é uma área da toxicologia que estuda os 
princípios e métodos para identificação, gestão e controle dos compostos químicos 
no ambiente de trabalho, buscando o uso adequado e seguro de agentes químicos 
que podem oferecer risco ao trabalhador. Dessa forma, a Toxicologia Ocupacional 
tem por objeto de estudo o trabalhador. Enquanto a Higiene Ocupacional, 
complemento da Toxicologia Ocupacional, estuda os ambientes ocupacionais. 
Para fins de prevenção e retorno à atividade ocupacional, é de fundamental 
importância que a doença seja caracterizada como profissional ou do trabalho, 
embora, para o diagnóstico e tratamento, o estabelecimento da relação causal não 
tenha influência na abordagem terapêutica e nem no prognóstico das doenças. 
Entretanto, nem sempre é fácil estabelecer esse nexo causal entre a exposição 
ocupacional e o aparecimento das doenças. 
 
 
4.1 INTRODUÇÃO E CONCEITUAÇÃO: DE HIGIENE DO TRABALHO 
 
 
A higiene do trabalho ou higiene ocupacional corresponde a um conjunto de 
procedimentos preventivos relacionados ao ambiente do trabalho, visando a redução 
de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. 
Uma dessas medidas da higiene do trabalho é a avaliação do risco 
ergonômico no ambiente de trabalho, análise utilizada na identificação de fatores 
que possam prejudicar a saúde do trabalhador e para decisão sobre o pagamento 
adicional de insalubridade e/ou periculosidade, buscando sempre a eliminação ou o 
controle desses riscos e a redução do adoecimento do trabalhador. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ergonomia
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 119 
A Higiene do Trabalho dedica-se principalmente à antecipação, 
reconhecimento, avaliação e controle de fatores e riscos ambientais originados nos 
ambientes de trabalho e que podem causar doenças, prejuízos para a saúde ou ao 
bem-estar dos trabalhadores, como também para os ambientes vizinhos e para o 
meio ambiente em geral. 
A higiene do trabalho está direta ou indiretamente relacionada com diversas 
áreas de conhecimentos diversos: 
a) Direito – com relação aos direitos previdenciário e civil, os dados sobre a 
avaliação de exposição a riscos ambientais auxiliam na concessão de 
aposentadoria especial e indenizações por incapacidade e/ou doenças do 
trabalho. A higiene do trabalho fornece ainda subsídios técnicos para 
solução de problemas envolvendo insalubridade; 
b) Engenharia – a engenharia é uma ciência presente em todas as etapas de 
um programa de higiene do trabalho. Ela é essencial no reconhecimento, 
avaliação e controle dos riscos ambientais, como será abordado em todo 
este trabalho; 
c) Ergonomia – a higiene do trabalho busca além da detecção de atividades 
insalubres, a melhoria do conforto e qualidade de vida do trabalhador no seu 
ambiente de trabalho; 
d) Saneamento e meio ambiente – o processo de avaliação e controle de 
riscos ocupacionais ultrapassa os limites do ambiente de trabalho. Por meio 
da prevenção adequada dos riscos ocupacionais, o impacto negativo da 
industrialização no meio ambiente pode ser apreciavelmente reduzido, e 
favorecer o bem-estar do meio ambiente em geral; 
e) Psicologia e sociologia – a psicologia e a sociologia tratam de harmonizar 
as relações entre o processo produtivo, o ambiente de trabalho e o homem; 
f) Medicina do Trabalho – o processo de controle biológico, por meio de 
exames médicos, é um dos parâmetros utilizados para verificar a eficiência 
das medidas em higiene do trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 120 
 
 
4.2 RISCOS FÍSICOS E MECÂNICOS 
 
 
Os riscos físicos compreendem as diversas formas de energia a que possam 
estar expostos os trabalhadores, tais como: ruído, calor, frio, pressão, umidade, 
radiações ionizantes e não ionizantes, vibração, etc. 
Risco mecânico é o perigo ao qual o trabalhador está exposto ao manusear 
equipamentos, operar máquinas ou utilizar algumas ferramentas que possam lhe 
causar danos físicos, tais como: queimaduras, quedas, prensamentos, cortes, 
amputações, agarramento, enrolamento, choque ou impacto, projeção de objetos, 
perfurações, esmagamento e abrasão. 
Esses danos causados por agentes de risco mecânico estão ligados, em sua 
maioria, a atividades operacionais que são realizadas sem os equipamentos de 
proteção individual (EPIs) e também sem equipamentos de proteção e manutenção 
das ferramentas e máquinas utilizadas. 
Os principais agentes de risco mecânico são os instrumentos de trabalho: 
máquinas, ferramentas e até mesmo as peças produzidas pelo trabalhador. As 
máquinas são, em sua maioria, os agentes de maior risco, principalmente as 
relacionadas a corte, moldagem, perfuração, estampagem, esmagamento ou 
empilhamento. 
Outras fontes de riscos são os mecanismos de transmissão de força, onde 
componentes do sistema mecânico transmitem energia às partes da máquina que 
executam o trabalho. A utilização de EPIs é de fundamental importância para os 
trabalhadores que entram em contato direto com máquinas e ferramentas que 
oferecem riscos. Existem inúmeros produtos de segurança individual que podem ser 
utilizados de acordo com as necessidades de segurança que o trabalho com riscos 
mecânicos exige, como: 
 luvas – proteção para as mãos contra cortes, queimaduras e perfurações; 
 óculos – proteção para os olhos contra impactos, queimaduras e 
perfurações; 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 121 
 calçados – proteção para os pés contra prensamentos, cortes, 
perfurações e impactos; 
 capacetes – proteção para a cabeça contra impactos, perfurações e 
queimaduras; 
 aventais – proteção para o tronco contra cortes, queimaduras e 
impactos; 
 protetores auriculares – proteção para os ouvidos contra ruídos e efeitos 
sonoros muito altos. 
São considerados também agentes de riscos mecânicos geradores de 
acidentes: arranjo físico deficiente, máquinas e equipamentos sem proteção, 
ferramentas inadequadas ou defeituosas, eletricidade, incêndio ou explosão, animais 
peçonhentos e armazenamento inadequado. 
A principal medida de prevenção dos acidentes causados por riscos 
mecânicos é realizar um programa de inspeções de segurança. Por meio de exame 
criterioso de todas as máquinas e instalações, é possível evitar acidentes e reparar 
as situações de risco potencial. A manutenção preventiva eficiente e sistemática é a 
melhor para eliminar os riscos mecânicos de acidente. 
 
 
4.3 RUÍDO – CONCEITOS GERAIS, OCORRÊNCIA, UNIDADE, APARELHOS, 
TÉCNICAS DE AVALIAÇÃO E MEDIDAS DE CONTROLE. 
 
 
As máquinas e equipamentos utilizados pelas empresas produzem ruídos 
que podem atingir níveis excessivos, podendo a curto, médio ou longo prazos 
provocar sérios prejuízos à saúde do trabalhador. Dependendo do tempo de 
exposição, nível sonoro e da sensibilidade individual, as alterações danosas poderão 
manifestar-se imediatamente ou gradualmente. 
O nível do ruído é expresso em uma unidade de medida chamada Decibel 
(dB). Os riscos de danos à saúde aumentam quando os ruídos emitidos ficam acima 
dos 65dB. Neste nível, o som já começa a ser prejudicial à saúde do trabalhador. 
Dessa forma, quanto maior o nível de ruído, menor deverá ser o tempo de exposição 
ocupacional. O tempo de exposição segue descrito conforme a tabela a seguir. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 122 
 
 
TABELA 3 - TEMPO DE EXPOSIÇÃO CONFORME O RUÍDO 
Nível de ruído dB Máxima exposição diária permissível 
85 8 horas 
86 7 horas 
87 6 horas 
88 5 horas 
89 4 horas e 30 minutos 
90 4 horas 
91 3 horas e 30 minutos 
92 3 horas 
93 2 horas e 40 minutos 
94 2 horas e 40 minutos 
95 2 horas 
96 1 hora e 45 minutos 
98 1 hora e 15 minutos 
100 1 hora 
102 45 minutos 
104 35 minutos 
105 30 minutos 
106 25 minutos 
108 20 minutos 
110 15 minutos 
112 10 minutos 
114 8 minutos 
115 7 minutos 
FONTE: Associação Brasileira de Normas Técnicas (NBR 10152). Disponível em: 
<http://www.cabreuva.sp.gov.br/pdf/NBR_10152-1987.pdf>. Acesso em: 1 abr. 2013. 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 123 
O ruído tem uma atividade danosa ao organismo humano, agindo 
diretamente sobre o sistema nervoso, ocasionando: fadiga nervosa; alterações 
mentais (perda de memória, irritabilidade, dificuldade em coordenar ideias); 
hipertensão; modificação do ritmo cardíaco; modificação do calibre dos vasos 
sanguíneos; modificação do ritmo respiratório; perturbações gastrointestinais; 
diminuição da visão noturna; dificuldade na percepção de cores. 
Além destas consequências, o ruído atinge também o aparelho auditivo 
causando a perda temporária ou definitiva da audição. Para evitar ou diminuir os 
danos provocados pelo ruído no local de trabalho, podem ser adotadas as seguintes 
medidas: 
 medidas de proteção coletiva – isolamento da máquina produtora de 
ruído; isolamento de ruído; 
 medidas de proteção individual – fornecimento de equipamento de 
proteção individual (EPI), como o protetor auricular. No caso do EPI, ele 
deve ser fornecido na impossibilidade de eliminar o ruído ou como medida 
complementar; 
 medidas médicas – exames audiométricos periódicos, afastamento do 
local de trabalho, revezamento no período de trabalho; 
 medidas educacionais – orientação para o uso correto do EPI, 
campanha de conscientização; 
 medidas administrativas – tornar obrigatório o uso do EPI e controlar 
seu uso. 
De acordo com as Normas Regulamentadoras (NRs) brasileiras, torna-se 
prejudicial o ruído acima de 85 dBA (decibéis, medidos na escala A do aparelho 
medidor da pressão sonora) para uma exposição máxima de oito horas por dia de 
trabalho. Entretanto, é sabido que sons acima dos 65 dB podem contribuir para 
aumentar os casos de insônia, estresse, comportamento agressivo e irritabilidade, 
entre outros. E, níveis superiores a 75 dB podem gerar problemas de surdez e 
provocar hipertensão arterial. 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 124 
 
 
4.4 PRESSÕES ANORMAIS 
 
 
Existem inúmeras atividades em que os trabalhadores ficam sujeitos a 
pressões ambientais diferentes das pressões normais, isto é, acima ou abaixo da 
pressão atmosférica a que normalmente estamos expostos. Podemos classificar as 
pressões da seguinte maneira: 
 baixas pressões – são as que se situam abaixo da pressão atmosférica 
normal e ocorrem com trabalhadores que realizam tarefas em grandes 
altitudes. No Brasil, são raros os trabalhadores expostos a este risco. 
 altas pressões – são as que se situam acima da pressão atmosférica 
normal. Ocorrem em trabalhos realizados em tubulações de ar comprimido, 
máquinas de perfuração, caixões pneumáticos e trabalhos executados por 
mergulhadores, por exemplo. 
A exposição do trabalhador a pressões anormais pode causar a ruptura do 
tímpano quando o aumento de pressão for brusco e a liberação de nitrogênio nos 
tecidos e vasos sanguíneos e morte. Por ser uma atividade de alto risco, devem 
ser obedecidas as normas presentes na Norma Regulamentadora NR-15, que 
descreve sobre as atividades e operações em ambientes insalubres, discutido no 
módulo 2 deste curso. 
 
 
4.5 TEMPERATURAS EXTREMAS – CONCEITOS GERAIS, PARÂMETROS 
FUNDAMENTAIS QUE INFLUEM NAS TROCAS TÉRMICAS, ÍNDICES DE 
AVALIAÇÃO, MEDIDAS DE CONTROLE 
 
 
Os mecanismos de regulação do calor pelo corpo humano buscam manter o 
corpo em uma temperatura constante de 37°C. A pele e os tecidos subcutâneos são 
mantidos em uma temperatura constante pelo sangue circulante. A temperatura do 
sangue se deve ao calor proveniente da energia liberada pelas células quando estas 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 125 
queimam o alimento (um processo que requer um suprimento constante de alimento 
e oxigênio). O excesso é eliminado, sendo normal que o corpo perca 
constantemente calor através dos pulmões e da pele. 
No caso de exposição ao calor ambiental excessivo, o organismo produz 
mais calor e utiliza esses mecanismos de regulação para perder mais calor e manter 
constante a sua temperatura. Em primeiro lugar, se produz dilatação dos vasos 
sanguíneos da pele e dos tecidos subcutâneos e se desvia parte importante do fluxo 
sanguíneo para essas regiões superficiais. 
Por consequência, há um aumento do volume sanguíneo circulante devido à 
contração do baço e à diluição do sangue circulante com líquidos extraídos de 
outros tecidos. Esses ajustes circulatórios favorecem o transporte de calor do centro 
do organismo até a superfície. Simultaneamente, as glândulas sudoríparas são 
ativadas, e regulam o calor do corpo pelo suor. 
No organismo humano, as altas temperaturas podem provocar: 
desidratação; erupção da pele; câimbras; fadiga física; distúrbios psiconeuróticos; 
problemas cardiocirculatórios; insolação. Ao passo que as baixas temperaturas 
podem provocar: feridas; rachaduras e necrose na pele; enregelamento (ficar 
congelado); agravamento de doenças reumáticas; predisposição para acidentes; 
predisposição para doenças das vias respiratórias. 
Para o controle dos agravos à saúde do trabalhador relacionados a 
temperaturas extremas, é necessário tomar algumas medidas, relativas a: 
 proteção coletiva – ventilação local com sistema de exaustão com a 
função de retirar o calor e gases dos ambientes, isolamento das fontes de 
calor/frio; e, 
 proteção individual – fornecimento de EPI (por exemplo, avental, bota, 
capuz, luvas especiais para trabalhar no frio). 
Os efeitos da sobrecarga térmica (ou estresse térmico), a que um 
trabalhador está submetido em uma área de trabalho quente, dependem de fatores 
ambientais e de características individuais do trabalhador, tais como idade, peso e 
condicionamento físico, especialmente do aparelho cardiocirculatório. Entre os 
fatores ambientais, devem ser considerados a temperatura, a umidade, o calor 
radiante (sol, fornos) e a velocidade do ar. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 126 
As ocupações que apresentam maior risco de exposição ao calor incluem os 
cozinheiros, padeiros, fundidores de metais, fabricantes de vidros, mineiros, entre 
outros. Os riscos aumentam com a umidade elevada, que diminui o efeito 
refrescante da sudorese, e com o esforço físico prolongado, que aumenta a 
quantidade de calor produzido pelos músculos. 
Os limites de exposição humana ao calor excessivo estão explícitos no 
Anexo nº 3 da NR-15, da Portaria 3214/78. Consta nessa portaria para tais 
condições de insalubridade que é necessário a implementação de procedimentos 
para uma adequada reidratação e reposição salina, por meio da ingestão de sal e 
água. Devem ser utilizadas roupas adequadas para tais procedimentos, e reposição 
de líquido e sais perdidos pelo suor, que pode ser realizada pela ingestão de 
bebidas e alimentos levemente salgados. 
Com relação do frio, quando o corpo está exposto a este agente ocorre o 
oposto do que acontece em situações de calor excessivo. Os vasos sanguíneos 
periféricos (pele e extremidades) se contraem para reduzir a perda de calor no 
ambiente, o que resulta numa queda brusca da temperaturada pele, dos dedos das 
mãos e dos pés, das orelhas e do nariz. Dessa forma, mais sangue é enviado para 
os órgãos vitais como o coração e o cérebro. 
As ocupações com maior risco de exposição ao frio são os trabalhos em 
câmaras frigoríficas, a céu aberto no clima frio, nos serviços de refrigeração, entre 
outros. Quando há congelamento dos tecidos, e isso ocorre quando a temperatura 
chega perto de –1°C ocorre alteração da estrutura celular e necrose dos tecidos. O 
primeiro sinal de lesão por frio é uma sensação aguda de pontada, adormecimento 
e anestesia dos tecidos atingidos. A necrose por frio pode produzir desde uma 
lesão superficial com mudança da cor da pele, anestesia transitória, até o 
congelamento de tecidos profundos com isquemia persistente, trombose, cianose 
profunda e gangrena. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 127 
 
 
4.6 ILUMINAÇÃO 
 
 
Os ambientes de trabalho devem possuir iluminação adequada, natural ou 
artificial, apropriada à natureza da atividade. Ou seja, o tipo de iluminação utilizada 
no ambiente de trabalho deve estar relacionado ao tipo de atividade que é realizada 
ali. Além de ser distribuída e difundida de maneira uniforme no ambiente, a 
iluminação deve ser projetada e instalada de forma a evitar ofuscamento, reflexos 
incômodos, sombras e contrastes excessivos. 
Alguns problemas comuns relativos à iluminação que podem estar presentes 
no ambiente de trabalho precisam ser evitados, como: 
 nível insuficiente de iluminação – esse tipo de problema pode causar 
percepção inadequada dos detalhes, queda de rendimento do trabalhador, 
além de erros, cansaço etc.; 
 claridade excessiva ou de ofuscamento – ocasiona a fadiga visual; 
 tamanho inadequado de letras e objetos – ocasiona fadiga visual e 
posturas forçadas, para enxergar melhor; 
 uso de lâmpadas de baixa reprodutibilidade cromática – lâmpadas de 
vapor de sódio para atividades em que a percepção de cores é fundamental. 
Importante ressaltar que iluminação e acústica são fatores que influenciam 
diretamente o conforto, a produtividade e até mesmo a saúde dos profissionais no 
ambiente de trabalho. Níveis de iluminação inadequada, além de atrapalhar o 
rendimento das pessoas, também podem deixar uma imagem negativa da sua 
marca ou empresa junto ao público. 
Os projetos de iluminação dos ambientes de trabalho raramente se 
preocupam com o tipo de tarefa que será realizada no local mesmo. Para isso, existe 
apoio legal para esses procedimentos, cujas exigências constam na NBR-5413 (a 
Norma de Iluminação) e na NR-9 (a Norma de Prevenção de Riscos Ambientais). 
A iluminância de um ambiente é mensurada por um aparelho chamado 
luxímetro. A unidade de medida é expressa em LUX, e varia entre 1 LUX e 50.000 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 128 
LUX. A tabela a seguir apresenta alguns níveis de iluminância necessários a alguns 
ambientes e tarefas. 
 
 
TABELA 4 - NÍVEIS DE ILUMINÂNCIA 
NÍVEIS DE ILUMINÂNCIA PARA INTERIORES 
(NBR-5413) 
AMBIENTE OU TRABALHO LUX 
Sala de espera 100 
Garagem, residência, restaurante 150 
Depósito, indústria (comum) 200 
Sala de aula 300 
Lojas, laboratórios, escritórios 500 
Sala de desenho (alta precisão) 1.000 
Serviços de muito alta precisão 2.000 
FONTE: Associação Brasileira de Normas Técnicas (NBR 5413). Disponível em: 
<http://www.labcon.ufsc.br/anexos/13.pdf>. Acesso em: 1 abr. 2013. 
 
 
A iluminação adequada no local de trabalho é um dos fatores mais 
importantes para um desempenho eficiente das atividades dos trabalhadores, além 
de ser essencial para evitar muitos acidentes. É importante não só a quantidade de 
luz, mas também a qualidade da luz. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 129 
 
 
4.7 RADIAÇÕES ELETROMAGNÉTICAS IONIZANTES E NÃO IONIZANTES 
 
 
São formas de energia transmitidas em ondas eletromagnéticas. A absorção 
das radiações pelo organismo é responsável pelo aparecimento de diversas lesões. 
As radiações eletromagnéticas podem ser classificadas em dois grupos: 
 radiações ionizantes – os operadores de raios-x e radioterapia estão 
frequentemente expostos a esse tipo de radiação, que pode afetar o 
organismo ou se manifestar nos descendentes das pessoas expostas; 
 radiações não ionizantes – são radiações não ionizantes a radiação 
infravermelha, proveniente de operação em fornos, radiação ultravioleta, 
como a gerada por operações em solda elétrica, raios laser, micro-ondas, 
etc. Seus efeitos são perturbações visuais, queimaduras, lesões na pele, etc. 
Para que haja o controle da ação das radiações para o trabalhador é preciso 
que se tomem: 
 medidas de proteção coletiva – isolamento da fonte de radiação, como 
por exemplo, por meio do uso de biombo protetor para operação em solda, e 
enclausuramento da fonte de radiação, por meio de pisos e paredes 
revestidas de chumbo em salas de raio-x; 
 medidas de proteção individual – fornecimento de EPI adequado ao risco 
(avental, luva, perneira e mangote de raspa para soldador, óculos para 
operadores de forno); 
 medida administrativa – uso de dosímetro de bolso para técnicos de 
raio-x, por exemplo; 
 medida médica – realização de exames periódicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 130 
 
 
4.8 RISCOS QUÍMICOS 
 
 
Os riscos químicos presentes nos locais de trabalho são encontrados nas 
formas sólida, líquida e gasosa e classificam-se em: poeiras, fumos, névoas, gases, 
vapores, neblinas e substâncias, compostos e produtos químicos em geral. 
Poeiras, fumos, névoas, gases e vapores estão dispersos no ar na forma de 
aerossóis. 
Poeiras são partículas sólidas geradas mecanicamente por ruptura de 
partículas maiores. As poeiras são classificadas em: 
 poeiras minerais – sílica, asbesto, carvão mineral. Traz consequências à 
saúde humana, como silicose (quartzo), asbestose (amianto), 
pneumoconiose dos minérios de carvão (mineral); 
 poeiras vegetais – algodão, bagaço de cana-de-açúcar. As 
consequências à saúde humana são bissinose (algodão), bagaçose (cana-
de-açúcar) etc.; 
 poeiras alcalinas – calcário. As consequências à saúde humana são 
doenças pulmonares obstrutivas crônicas, enfizema pulmonar; 
 poeiras incômodas – partículas de origem diversa encontradas no 
ambiente de trabalho. As consequências à saúde humana são interações 
com outros agentes nocivos presentes no ambiente de trabalho, 
potencializando sua nocividade. 
Os fumos são partículas sólidas produzidas por condensação de vapores 
metálicos. Fumo de óxido de zinco nas operações de soldagem com ferro é um 
exemplo. Apresentam consequências à saúde humana como doença pulmonar 
obstrutiva, febre de fumos metálicos, intoxicação específica de acordo com o metal. 
E, as névoas, por sua vez, correspondem a partículas líquidas resultantes da 
condensação de vapores ou da dispersão mecânica de líquidos. Névoa resultante do 
processo de pintura a revólver e monóxido de carbono liberado pelos escapamentos 
dos carros são alguns exemplos. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 131 
 
 
4.9 GASES E VAPORES TÓXICOS 
 
 
Os gases correspondem ao estado natural das substâncias nas condições 
usuais de temperatura e pressão, tais como: gás liquefeito de petróleo (GLP), 
hidrogênio, ácido nítrico, butano, ozona, etc. Já os vapores são dispersões de 
moléculas no ar que podem condensar-se para formar líquidos ou sólidos em 
condições normais de temperatura e pressão, tais como: nafta, gasolina, naftalina, etc. 
Névoas, gases e vapores podem ser classificados em: 
 irritantes – que causam irritação das vias aéreas superiores. Por 
exemplo, ácido clorídrico, ácido sulfúrico, soda cáustica, cloro, etc.; 
 asfixiantes – causam dor de cabeça, náuseas, sonolência, convulsões, 
coma e morte. Por exemplo, hidrogênio, nitrogênio, hélio, metano, acetileno, 
dióxido de carbono, monóxido de carbono, etc.; 
 anestésicos – são, em sua maioria, solventesorgânicos que possuem 
ação depressiva sobre o sistema nervoso, causam danos a diversos órgãos, 
ao sistema formador de sangue (benzeno), etc. Por exemplo, butano, 
propano, aldeídos, cetonas, cloreto de carbono, tricloroetileno, benzeno, 
tolueno, alcoóis, percloritileno, xileno, etc. 
As vias de penetração dos agentes químicos podem ser: via cutânea (pele); 
via digestiva (boca); via respiratória (nariz). Sendo que a penetração dos agentes 
químicos no organismo depende de sua forma de utilização. 
Para avaliar o potencial tóxico das substâncias químicas, alguns fatores 
devem ser levados em consideração: 
 concentração – quanto maior a concentração, mais rapidamente seus 
efeitos nocivos se manifestarão no organismo; 
 índice respiratório – representa a quantidade de ar inalado pelo 
trabalhador durante a jornada de trabalho; 
 sensibilidade individual – o nível de resistência varia de indivíduo para 
indivíduo; 
 toxicidade – é o potencial tóxico da substância no organismo; 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 132 
 tempo de exposição – é o tempo que o organismo fica exposto ao 
contaminante. 
Para evitar danos à saúde humana, algumas medidas de proteção podem 
ser empregadas nos ambientes de trabalho: ventilação e exaustão do ponto de 
operação, substituição do produto químico utilizado por outro menos tóxico, redução 
do tempo de exposição, estudo de alteração de processo de trabalho, 
conscientização dos riscos no ambiente, fornecimento do EPI como medida 
complementar (máscara de proteção respiratória para poeira, para gases e fumos, 
luvas de borracha), e, em alguns casos, afastamento do local de trabalho. 
 
 
4.10 APARELHOS UTILIZADOS NA HIGIENE INDUSTRIAL 
 
 
A higiene industrial é definida como uma técnica ou ciência não médica 
dedicada à identificação e quantificação dos contaminantes do ambiente de trabalho, 
assim como à avaliação da exposição dos trabalhadores a esses contaminantes. 
A higiene industrial tem como principais objetivos criar e manter condições 
de trabalho que não prejudiquem a saúde dos trabalhadores e que sejam as mais 
adequadas à psicologia e fisiologia dos trabalhadores. Atua também na prevenção 
do aparecimento de doenças profissionais e aumento do bem-estar psicossocial, da 
produtividade e da satisfação no trabalho. 
Para que esses objetivos sejam alcançados, a Higiene Industrial é 
constituída de quatro áreas fundamentais: a Higiene de Campo, a Higiene Analítica, 
a Higiene Teórica e a Higiene Operativa. 
1) Higiene de Campo: está diretamente ligada à higiene operativa. Tem 
como função recolher todos os elementos para o estudo das condições de higiene 
nos postos e ambientes de trabalho. Para tal, é necessário realizar uma identificação 
de potenciais riscos. É importante a observação rigorosa das instalações, do 
processo produtivo, dos equipamentos e materiais, dos métodos de trabalho e da 
própria organização do trabalho. A coleta do maior número de elementos é de 
extrema importância e deve ser realizada por um técnico especializado, de modo a 
permitir uma análise correta do local de trabalho. Os dados obtidos dessas análises 
 
 
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 133 
serão posteriormente avaliados com a colaboração das outras áreas, dando origem 
a resultados, a partir dos quais permitirão conclusões e recomendações, com vista a 
solucionar o problema em questão. 
2) Higiene Analítica: faz a determinação qualitativa e quantitativa dos 
poluentes existentes no ambiente. Em geral, há sempre mais do que um 
contaminante no ambiente de trabalho. Na fase da quantificação dos fatores 
ambientais, a exatidão dos seus resultados vai depender, não só da calibração dos 
aparelhos de medida, da coleta de amostras de ar para análise laboratorial posterior 
e da qualidade dessas análises (determinadas por métodos analíticos 
padronizados), mas também dos locais e altura das medições e colheitas. 
3) Higiene Teórica: estuda a relação dose-resposta, isto é, a relação entre 
o contaminante, o tempo de exposição e o homem, e estabelece valores-padrão de 
referência, níveis de ação ou valores-limite de exposição para os quais a maioria das 
pessoas não sofre qualquer tipo de alteração funcional. A correta avaliação da 
exposição do trabalhador requer conhecimento das tarefas desempenhadas e da 
sua duração, a integração destes dois elementos é comparada com os referidos 
valores-limite fixados por lei, normas, recomendações ou orientações. 
4) Higiene Operativa: executa os estudos no sentido de prevenir, eliminar 
ou reduzir a situação de risco para níveis aceitáveis. Propõe ações corretivas e 
preventivas de modo a fazer com que as condições ambientais permaneçam dentro 
de limites não perigosos para a saúde do homem. É fundamental que o 
estabelecimento de medidas corretivas e/ou preventivas se adapte à situação 
concreta dos postos de trabalho e que sejam desenvolvidas ações de sensibilização 
para que as medidas sejam aceitas por trabalhadores, chefias e empregadores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 134 
 
 
4.11 INTRODUÇÃO À TOXICOLOGIA 
 
 
A Toxicologia Ocupacional é um ramo da ciência que estuda os efeitos 
nocivos causados por substâncias químicas presentes no ambiente de trabalho. Nos 
últimos tempos, a Toxicologia Ocupacional tem ganhado grande destaque porque se 
preocupa com a saúde dos trabalhadores, que é a população produtiva do país. 
A associação de algum efeito tóxico com uma determinada atividade 
profissional já é conhecida há séculos, e desde essa época procura-se estudar estes 
efeitos e estabelecer medidas de segurança no manuseio das inúmeras substâncias 
tóxicas a que o homem é exposto em seus diferentes ambientes de trabalho. 
Devido ao crescimento acelerado da indústria e ao constante aumento do 
uso de produtos químicos, qualquer tipo de atividade pode expor o trabalhador a 
uma variedade de substâncias, capazes de produzirem efeitos indesejáveis sobre os 
sistemas biológicos. As medidas preventivas destinadas a este fim são conhecidas 
como procedimentos de monitoramento. 
De uma maneira bem resumida, a Toxicologia Ocupacional procura 
prevenir o desenvolvimento das lesões tóxicas ou de doença profissional. Para 
cumprir tal objetivo é necessário um grande conhecimento sobre os agentes 
ocupacionais potencialmente tóxicos, especialmente informações sobre a 
toxicidade das substâncias e a relação dose/resposta. Esses dados podem ser 
obtidos por meio de quatro fontes principais: experimentação em animais; 
experimentação em voluntários; observação ao acaso no ambiente de trabalho; 
pesquisas epidemiológicas. 
Com os dados experimentais e epidemiológicos, torna-se possível definir 
critérios de segurança para cada substância, como, por exemplo, as suas 
concentrações aceitáveis, e adotar medidas de prevenção que tornem possível 
respeitar esses critérios. Dessa maneira, é mantida a saúde do trabalhador, ou, em 
outras palavras, alcançado o objetivo da Toxicologia Ocupacional. 
O monitoramento ambiental visa determinar os níveis de agentes 
químicos no ambiente ocupacional, para avaliar uma exposição potencial, isto é, 
 
 
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 135 
a quantidade do agente químico que pode alcançar os organismos vivos. Assim, 
com base nos dados obtidos e no conhecimento do risco toxicológico das 
substâncias, é possível evitar que a contaminação atinja níveis perigosos. O 
controle desses agentes nocivos foi, por muitos anos, efetuado como único modo 
de se prevenir o aparecimento de alterações prejudiciais à saúde, decorrentes da 
exposição ocupacional. 
Para se estabelecer as concentrações máximas para uma exposição 
ocupacional, uma série de informações científicas é exigida, tais como: os 
conhecimentos das propriedades físico-químicos das substâncias; investigações 
toxicológicas sobre toxicidade aguda, subaguda e crônica pelas diversas vias de 
introdução; experimentos em animais e observaçõesno homem. 
O monitoramento ambiental, entretanto, ao estimar a intensidade da 
exposição, não é inteiramente satisfatório para evitar o risco decorrente da 
exposição ocupacional a agentes nocivos. Existem inúmeras variáveis que 
prejudicam a associação direta entre a exposição e os efeitos nocivos. Os indivíduos 
diferem quanto à duração e à intensidade da exposição aos contaminantes da 
atmosfera, aos hábitos alimentares, hábitos próprios no trabalho e no 
macroambiente. O monitoramento ambiental não considera, por exemplo, o trabalho 
extra ou o trabalho pesado, quando pode ocorrer até 20 vezes mais inalação de ar 
por minuto do que no trabalho leve. 
Além disso, as características individuais tais como sexo, idade, raça, 
estados nutricionais, entre outros, resultam em uma série de respostas diferentes 
dos diversos organismos, frente a uma mesma concentração do agente tóxico 
ocupacional. No entanto, para vários agentes tóxicos, como, por exemplo, aqueles 
que apresentam ação tóxica local (vapores de ácidos, NO, NO2, SO2, etc.), o 
monitoramento ambiental é o único meio de prevenir o aparecimento de 
intoxicações. 
Há uma série de vantagens e limitações para que seja realizado o 
monitoramento biológico. Ele é de uso limitado a poucos agentes químicos e 
também não pode ser utilizado para a prevenção de efeitos carcinogênicos, 
mutagênicos ou alergênicos, para os quais não são conhecidas as doses onde não 
são observados efeitos nocivos. 
 
 
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 136 
Dentre as vantagens do monitoramento biológico em relação ao ambiental, 
podemos citar: exposição relativa a um período de tempo prolongado; exposição 
como resultado da movimentação do trabalhador no ambiente de trabalho; absorção 
de uma substância, por meio de várias vias de introdução e, não apenas, pelo 
sistema respiratório; exposição global, decorrentes de várias fontes de exposição, 
seja ocupacional, seja ambiental; quantidade da substância absorvida pelo 
trabalhador, em função de outros fatores (atividade física no trabalho e fatores 
climáticos); quantidade da substância absorvida pelo trabalhador, em função de 
fatores individuais (idade, sexo, características genéticas, condições funcionais dos 
órgãos relacionados com a biotransformação e eliminação do agente tóxico). 
Quando o monitoramento biológico é realizado, deve ser considerado o fato 
de que o próprio homem é a melhor indicação das condições do seu local de 
trabalho. No monitoramento biológico é estimado o risco para a saúde dos 
indivíduos expostos a substâncias químicas com base na exposição interna do 
organismo (dose interna). Todos os trabalhadores são examinados, individualmente, 
procurando detectar precocemente uma exposição excessiva (antes que alterações 
biológicas significativas ocorram) ou, então, algum distúrbio biológico reversível 
(antes que tenham causado algum prejuízo à saúde). Temos, então, dois tipos de 
monitoramento biológico. 
O monitoramento biológico de dose interna foi definido como: “A medida e 
avaliação de agentes químicos ou de seus produtos de biotransformação em tecidos, 
secreções, excreções, ar exalado ou alguma combinação desses, para estimar a 
exposição ou o risco à saúde quando comparados com uma referência apropriada”. 
Ele visa estimar a quantidade biodisponível do agente químico (dose interna). O 
objetivo desse procedimento é de assegurar que a exposição do indivíduo não 
alcance níveis nocivos. A dose interna pode representar: 
1) a quantidade do agente químico recentemente absorvida (exposição 
recente), como, por exemplo, o fenol urinário na exposição ao benzeno; 
2) a quantidade do agente químico ligada aos sítios de ação (dose no 
órgão crítico), como, por exemplo, o cádmio no tecido renal; 
3) a quantidade armazenada num ou vários compartimentos do organismo 
(dose total integrada ou dose especifica num órgão), como, por exemplo, o 
chumbo nos ossos. 
 
 
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 137 
Uma vez que o monitoramento biológico envolve prioritariamente a 
prevenção, o monitoramento biológico de efeito seria conceitualmente contraditório 
com o primeiro. Todavia, deve-se considerar que o efeito no qual esse 
monitoramento está baseado é o não nocivo. 
O monitoramento de um efeito precoce, não nocivo, produzido por um 
agente químico pode, em princípio, ser adequado para prevenir efeitos nocivos à 
saúde. Assim, o monitoramento biológico de efeito é definido como: “A medida e 
avaliação de efeitos biológicos precoces, para os quais não foi ainda estabelecida 
relação com prejuízos à saúde, em trabalhadores expostos, para estimar a 
exposição e/ou os riscos para saúde quando comparados com referência 
apropriada”. 
Um efeito biológico pode ser definido como uma alteração bioquímica, 
funcional ou estrutural que resulta da reação do organismo à exposição. Essa 
alteração é considerada não nociva quando: 
 ao serem produzidas numa exposição prolongada não resultem em 
transtornos da capacidade funcional nem da capacidade do organismo para 
compensar nova sobrecarga; 
 são reversíveis e não diminuem perceptivamente a capacidade do 
organismo de manter sua homeostasia; 
 não aumentam as suscetibilidades do organismo aos efeitos 
indesejáveis de outros fatores ambientais tais como os químicos, os físicos, 
os biológicos ou sociais. 
A vantagem dos testes que avaliam os efeitos biológicos não nocivos é que 
fornecem melhor informação sobre a quantidade do agente químico que interage 
com o sítio de ação. Como exemplos de efeitos considerados não nocivos, temos a 
depressão da desidratase do ácido delta-aminolevulínico no sangue (delta-alaD) e o 
aumento da zincoprotoporfirina no eritrócito (zn-pp) na exposição ao chumbo. 
Dessa forma, o objetivo principal do monitoramento biológico, seja ele de 
dose interna ou de efeito, é, essencialmente, o mesmo do monitoramento ambiental, 
ou seja, prevenir a exposição excessiva aos agentes químicos que podem provocar 
efeitos nocivos, agudos ou crônicos, nos indivíduos expostos. Nos três casos, o risco 
à saúde é avaliado comparando o valor medido, com um padrão de segurança. 
 
 
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 138 
Para o monitoramento biológico, existem alguns indicadores biológicos, 
também conhecidos como biomarcadores, que auxiliam no processo de detecção e 
avaliação do efeito tóxico dos agentes. 
Indicador Biológico de Exposição (IBE) é uma substância química, elemento 
químico, atividade enzimática ou constituintes dos organismos, cuja concentração ou 
atividade biológica no organismo (sangue, urina, ar exalado) ou em tecidos, possui 
relação com a exposição ambiental a determinado agente tóxico. 
A substância ou elemento químico determinado pode ser produto de uma 
biotransformação ou alteração bioquímica precoce decorrente da introdução deste 
agente tóxico no organismo. Para os agentes químicos preconizados na NR-7, é 
definido o Índice Biológico Máximo Permitido (IBMP), que é: “O valor máximo do 
indicador biológico para o qual se supõe que a maioria das pessoas 
ocupacionalmente expostas não corre risco de dano à saúde. A ultrapassagem 
deste valor significa exposição excessiva” (NR-7). Este valor (IBMP) deve ter 
correlação com a concentração do agente químico no ambiente de trabalho e é 
definido como limite de tolerância ou limite de exposição ocupacional. 
Para realizar o monitoramento biológico é preciso ter o indicador biológico, 
que pode ser definido como todo agente tóxico inalterado e/ou seu produto de 
biotransformação, determinado em amostras representativas do organismo dos 
trabalhadores expostos (sangue, urina e ar expirados), assim como a identificação 
de alterações biológicas precoces decorrentes da exposição. 
Dentre os fatores que podem influenciar os níveis dos indicadores 
biológicos, podemos citar os seguintes: 
1) fatores não ocupacionais 
 hábitos pessoais (por exemplo, consumo de álcool ou fumo); 
 fármacos (por exemplo,aspirina); 
 fatores constitucionais (por exemplo, espécie, sexo, idade); 
 fatores patológicos (pessoas anêmicas expostas a metais Cd, Pb, 
Hg, terão seus níveis mais baixos); 
 fatores ligados às características dos fluídos biológicos (densidade 
da urina, correção pela creatinina urinária). 
 
 
 
 
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 139 
2) fatores ocupacionais 
 interações metabólicas, decorrentes de exposições múltiplas a 
vários agentes industriais; 
 momento da amostragem (padronização pela NR-7 em função da 
permanência dos indicadores biológicos no organismo); 
 utilização de frascos adequados para coleta (evitar contaminação, 
principalmente nas análises de metais); 
 observar que a coleta seja realizada em local afastado do local de 
trabalho (evitar contaminação exógena); 
 evitar urinas muito diluídas (comprometem o resultado em função 
da correção pela creatinina urinária). 
Os resultados obtidos dos exames dos indicadores biológicos são 
comparados com referências apropriadas. Aqui no Brasil, a legislação que estabelece 
estas referências é regulamentada pela NR 7, Portaria nº 24, de 29 de dezembro de 
1994, da Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho, onde são definidos os 
parâmetros para o controle biológico de exposição a alguns agentes químicos. 
É necessário estabelecer, claramente, a diferença entre monitoramento 
biológico e vigilância à saúde. Vigilância em saúde corresponde a exames médico 
fisiológicos, periódicos de trabalhadores expostos, com o objetivo de proteger a 
saúde e detectar precocemente a doença. A detecção da doença instalada esta 
fora do propósito desta definição. Desse modo, a vigilância à saúde utiliza 
indicadores sensíveis que auxiliam na detecção, porém, não na prevenção de 
sinais precoces de alterações orgânicas provocadas pela interação do agente 
químico com o organismo. 
A vigilância à saúde é um procedimento médico no qual se recombinam os 
diversos elementos, obtidos a partir do exame clínico do trabalhador, aos quais se 
somam os do monitoramento biológico, para se obter um quadro geral da condição e 
saúde do trabalhador, relacionando-a com uma atividade específica. 
Em programas de vigilância à saúde são utilizados os indicadores do efeito 
nocivo que revela a fase inicial, reversível, da intoxicação. Os exames podem 
necessitar de especificidade com relação à exposição. Como exemplos, podemos 
citar as provas de função hepática, que poderão estar alteradas em muitas 
moléstias do fígado com o resultado do hábito de ingerir álcool. O quadro 
 
 
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 140 
hematológico altera-se não somente na exposição ao benzeno, mas também em 
uma variedade de outros agentes químicos, além de numerosas moléstias 
originadas por micro-organismos. 
A validação das provas a serem usadas na vigilância à saúde para 
determinar efeitos precoces produzidos por agentes químicos é um processo difícil, 
pois a sensibilidade e a especificidade dos exames devem ser conhecidas. De fato, 
programas de vigilância à saúde utilizam o monitoramento biológico e o 
monitoramento de efeito como alguns de seus critérios mais valiosos na detecção 
precoce de doenças decorrentes da exposição humana a substâncias químicas. 
Deve-se sempre levar em consideração que somente os indicadores 
altamente específicos, para uma determinada patologia do órgão, é que podem ser 
considerados como instrumentos úteis para o diagnóstico precoce de uma doença 
em processo de instalação. 
A vigilância à saúde procura dar ênfase às características da exposição, 
especialmente tempo e duração, associando-se ao estado de saúde, podendo ser 
aplicada com os seguintes objetivos: 
1) comprovar a ausência de um efeito nocivo numa exposição considerada 
aceitável ou a eficiência das medidas ambientais adotadas; 
2) dar atenção às alterações precoces do estado de saúde para poder 
interferir, preventivamente, em relação à doença. 
As alterações do estado de saúde ocorrem com as seguintes características: 
1) uma fase de indução, isto é, aquela em que decorre certo tempo para se 
iniciar o processo de morbidade, após alcançar uma certa dose do agente 
químico no organismo; 
2) uma fase de latência, que corresponde ao período compreendido entre o 
início do processo de morbidade e o aparecimento das alterações funcionais 
que ainda não permitem a sua individualização. 
A aplicação da vigilância à saúde, a exemplo do que acontece com o 
monitoramento biológico, não pode ser confundida com os procedimentos que visam 
o diagnóstico. 
É importante enfatizar que a manifestação de deterioração da saúde não 
ocorre necessariamente no momento do reconhecimento médico. A ocorrência de 
certas alterações biológicas pode, desde que evidenciada em tempo hábil, 
 
 
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 141 
advertir que, se não forem modificadas as condições de trabalho, ocorrerão os 
transtornos funcionais. 
 
 
4.12 OS AGENTES TÓXICOS 
 
 
Pode-se definir agente tóxico como sendo qualquer substância que, 
interagindo com o organismo, seja capaz de produzir em um órgão ou conjunto de 
órgãos, lesões estruturais e/ou funcionais, podendo provocar até mesmo a morte. 
De modo geral, a intensidade da ação do agente tóxico será proporcional à 
concentração e ao tempo de exposição. Esta relação de proporcionalidade, por sua 
vez, pode variar de acordo com o estágio de desenvolvimento do organismo e de 
acordo com seu estado de funcionamento biológico. 
Com bastante frequência, o termo xenobiótico é usado para designar agente 
tóxico. No entanto, por xenobiótico entende-se qualquer substância química 
qualitativa ou quantitativamente estranha ao organismo. Um xenobiótico pode ser de 
efeito benéfico, como é o caso dos medicamentos, ou de efeito negativo, como no 
caso de intoxicação por chumbo, por exemplo. 
A presença de agentes químicos, físicos ou biológicos no ambiente de 
trabalho oferece um risco à saúde dos trabalhadores. Entretanto, o fato de estarem 
expostos a estes agentes agressivos não implica, obrigatoriamente, que venham a 
contrair uma doença do trabalho. 
Para que os agentes causem danos à saúde, é necessário que estejam 
acima de uma determinada concentração ou intensidade, que seja suficiente para 
uma atuação nociva desses agentes sobre o ser humano. 
Denominamos Limites de Tolerância, para fins legais, como está na NR-15 
da Portaria 3214/78 do MTE, aquelas concentrações dos agentes presentes no 
ambiente de trabalho sob as quais os trabalhadores podem ficar expostos durante 
toda a sua vida laboral, sem sofrer danos a sua saúde. 
Esses limites têm por objetivo garantir a proteção da saúde, mas o seu 
caráter não é absoluto, refletindo, unicamente, o estado em que se encontram os 
conhecimentos em um dado momento. Quando se determina a possibilidade de uma 
 
 
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 142 
substância provocar câncer, por exemplo, não há mais sentido em falar-se em 
"Limites de Tolerância", uma vez que qualquer exposição deverá ser evitada, como é 
o caso dos conhecimentos sobre o benzeno, que até poucos anos atrás tinha seu 
limite de tolerância definido internacionalmente. 
No Brasil, até o ano de 1978, não tínhamos tabelas de limites de tolerância 
para substâncias químicas. A Portaria 491, de 1965, que era a legislação vigente até 
a promulgação da atual NR-15 e Anexos, determinava os trabalhos insalubres 
baseando-se apenas nos aspectos qualitativos da exposição aos agentes químicos. 
Os agentes tóxicos podem ser agrupados, para fins didáticos, em diversas 
categorias, como, por exemplo: 
 agentes tóxicos irritantes – são substâncias que produzem inflamação 
dos tecidos com que entram em contato, tais como a pele, conjuntiva ocular, 
tecidos de revestimento das vias respiratórias, etc. (gás clorídrico, amônia, 
cloro, soda cáustica, ácido sulfúrico); 
 agentes tóxicos asfixiantes – são aqueles que exercem sua ação no 
organismo interferindo com o oxigêniodisponível. Há os asfixiantes simples, 
que são gases inertes cuja interferência é apenas em nível de diluição do 
oxigênio disponível (gás carbônico, hélio, hidrogênio, nitrogênio, etc.). Há 
também os asfixiantes químicos, os quais impedem o transporte de oxigênio 
ou a sua perfeita distribuição pelo organismo (monóxido de carbono, anilina, 
cianeto de hidrogênio, sulfeto de hidrogênio, etc.); 
 agentes tóxicos anestésicos – são aqueles que interagem com o 
organismo, atuando a nível do sistema nervoso central, de ampla aplicação 
médica (alcoóis, éter, clorofórmio, etc.); 
 agentes tóxicos de ação local – são aqueles cujos efeitos se manifestam 
no local onde ocorreu o contato inicial com o organismo (cimento versus 
dermatose ocupacional); 
 agentes tóxicos de ação sistêmica – são aqueles cujos efeitos se 
manifestam à distância do local onde se deu o contato inicial entre o 
agente tóxico e o organismo (benzeno versus danos celulares na medula 
óssea, tetracloreto de carbono versus danos hepáticos/renais/Sistema 
Nervoso Central); 
 
 
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 143 
 agentes tóxicos mutagênicos – são aqueles capazes de provocar 
alterações na informação do material genético, acarretando o aparecimento 
de alterações em descendentes do indivíduo contaminado (alguns 
pesticidas, clorofórmio, formaldeído); 
 agentes tóxicos teratogênicos – são aqueles capazes de produzirem 
alterações no desenvolvimento do feto (mercúrio, selênio, manganês); 
 agentes tóxicos carcinogênicos – são aqueles capazes de induzirem a 
transformação de células normais em células cancerígenas (benzeno, 
asbesto, formaldeído, anilina). 
O grau de toxicidade de uma substância é avaliado quantitativamente pela 
medida da "DL50", que é a dose de um agente tóxico, obtida estatisticamente, capaz 
de produzir a morte de 50% da população em estudo. Assim, um agente será tanto 
mais tóxico, quanto menor for sua DL50. 
Pode-se avaliar a toxicidade de uma substância a partir da provável dose 
letal oral para humanos. Segundo esse critério, os agentes tóxicos podem ser 
agrupados segundo seis diferentes categorias de toxicidade. 
1) praticamente não tóxico: acima de 15 g/kg; 
2) ligeiramente tóxico: entre 5 e 15 g/kg; 
3) moderadamente tóxico: entre 0,5 – 5 g/kg; 
4) muito tóxico: entre 50 – 500 g/kg; 
5) extremamente tóxico: entre 5 – 50 mg/kg; 
6) supertóxico: abaixo de 5 mg/kg. 
Esta classificação ainda é de pouca utilidade prática, pois está baseada 
apenas na toxicidade intrínseca das substâncias. Na verdade, outros fatores vão 
afetar significativamente a toxicidade, como, por exemplo: coformulantes da 
substância ou produto considerado; organismo receptor; fatores genéticos; estado 
nutricional; sexo; idade; estados patológicos; dose ou concentração da substância 
considerada; temperatura ambiental; pressão. 
Um agente químico de alta toxicidade pode ser de baixo risco em virtude da 
baixa exposição, mas um agente químico de baixa toxicidade pode ser de maior 
risco se houver elevada exposição individual ou coletiva. 
Dose é a expressão utilizada para indicar a quantidade ou a concentração 
de um agente tóxico que atinge um determinado ponto do organismo do receptor, 
 
 
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 144 
em determinado espaço de tempo. Usualmente, a dose é expressa pela relação 
massa/massa (massa da substância administrada/unidade de massa corporal do 
indivíduo receptor). 
Efeito é a alteração biológica observada em um indivíduo ou em uma 
população, alteração essa provocada pela interação entre a dose do agente 
tóxico e os organismos receptores. Resposta é o índice percentual de uma 
população que apresentou um determinado efeito, mediante a administração de 
uma determinada dose. 
Em se tratando de ambientes ocupacionais, o estudo das relações dose x 
efeito e dose x resposta deve ser realizado considerando-se grupos homogêneos de 
trabalhadores expostos a riscos semelhantes. Nestes casos, busca-se conhecer ou 
confirmar dados já obtidos estatisticamente, que relacionam a intensidade de 
exposição com as alterações do estado de saúde provocadas por essa exposição. O 
conhecimento da relação dose-resposta: 
 estabelece o nexo causal entre os fatos observados e o produto tóxico 
em estudo; 
 estabelece a menor dose onde um efeito induzido ocorre; 
 determina a taxa de evolução da lesão. 
Dentro de uma população, a maioria das respostas a xenobióticos são 
similares, mas existe uma variação nas respostas em alguns indivíduos, com maior 
susceptibilidade ou maior resistência em alguns outros. 
O limiar para efeitos tóxicos ocorre no ponto onde a possibilidade do corpo 
desintoxicar-se ou reparar a lesão tóxica foi excedida. Para a maioria dos órgãos, 
existe uma capacidade reserva, de forma que a perda de certa porcentagem da 
função não chega a afetar a performance geral do órgão. Por exemplo, o 
desenvolvimento de cirrose no fígado pode não resultar em efeitos clínicos até que 
50% do fígado tenha sido tomado por tecido fibroso (cirrótico). 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 145 
 
 
4.13 VIAS DE PENETRAÇÃO NO ORGANISMO 
 
 
Os principais mecanismos de ação tóxica dos agentes nocivos são: 
1) interferência com os sistemas enzimáticos (reversível, irreversível, 
síntese letal); 
2) interferência com o transporte de oxigênio (carboxi-hemoglobina, 
metahemoglobina); 
3) interferência com o sistema genético (ação citostática, carcinogênese, 
mutagênese e teratogênese); 
4) interferência com as funções gerais das células (anestésica, 
neurotransmissão); 
5) irritação direta dos tecidos (dermatite química, gases irritantes); 
6) reações de hipersensibilidade (alergia química, fotoalergia, 
fotossensibilização). 
Entre os agentes tóxicos de interesse da Toxicologia Ocupacional e seus 
efeitos sobre o organismo, temos os: 
1) hepatotóxicos (fígado) – clorofórmio, tetracloreto de carbono, fósforo, 
cloreto de vinila, álcool etílico; 
2) nefrotóxicos (rins) – mercúrio, cádmio, cromo, hidrocarbonetos 
policíclicos, clorofórmio, tetracloreto de carbono; 
3) neurotóxicos (sistemas nervoso central e periférico) – dissulfeto de 
carbono, álcool etílico, manganês, mercúrio orgânico, brometo de metila, 
compostos organofosforados, btx (thinners); 
4) interação com sistemas biológicos diversos – As, Cd, Pb, Cu, Cr, Sn, 
Mn, Hg e outros; 
5) carcinogênicos (câncer) – benzidina, níquel, cromo, cloreto de vinila, 
benzeno, asbestos; 
6) pneumoconióticos (pulmões) – sílica, asbestos, óxidos de ferro, 
carbonetos de tungstênio, alumínio. 
 
 
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 146 
A exposição humana a um agente tóxico pressupõe a penetração do agente 
tóxico no organismo. A penetração é, pois, o contato inicial seguido do ingresso da 
substância no organismo, por meio de seus orifícios anatômicos (oral, nasal, retal, 
cutâneos) ou por aberturas não naturais, como feridas e cortes, por exemplo. A 
absorção, por sua vez, consiste no transporte do agente tóxico do meio externo para 
o meio interno do organismo receptor, através de membranas biológicas. 
Após a exposição por um agente tóxico, a exposição, ocorre a intoxicação e 
inicia a segunda fase, que é a toxicocinética. Esta última inclui as etapas de 
absorção, distribuição e eliminação do agente tóxico. 
A absorção dos agentes tóxicos varia conforme a via de penetração do 
xenobiótico. Os fatores mais importantes envolvidos na absorção são: estrutura da 
membrana; espessura da membrana; área de membrana disponível; seletividade da 
membrana; lipossolubilidade do agente; hidrossolubilidade do agente (coeficiente de 
partição óleo/água). 
Após a absorção, o transporte dos agentes tóxicos através das membranas 
ocorre segundo quatro mecanismos: 
a) difusão simples – é a passagem do agente tóxico através das 
membranas, regida apenas pelo coeficiente de partição óleo/água; 
b) filtração – o agente tóxico, na forma de soluto, passa através dos porosda 
membrana juntamente com o fluxo de água; é influenciada pela solubilidade 
do agente tóxico em água; 
c) pinocitose – determinadas células “incorporam” o agente tóxico, fazendo-o 
através de dobras da membrana celular; 
d) transporte ativo – substâncias específicas funcionam como 
“transportadores" do agente tóxico, transportando-o mesmo contra um 
gradiente de concentração, um gradiente de pressão ou uma diferença 
elétrica através do consumo de energia do organismo receptor. 
Há três vias importantes de absorção dos xenobióticos no organismo: 
absorção via gastrointestinal; absorção via cutânea; absorção via respiratória. 
Após a absorção, precisa acontecer o transporte das substâncias químicas 
para a corrente sanguínea. Os fatores mais importantes envolvidos na absorção são: 
estrutura da membrana; espessura da membrana; área de membrana disponível; 
 
 
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 147 
seletividade da membrana; lipossolubilidade do agente; hidrossolubilidade do agente 
(coeficiente de partição óleo/água). 
Em termos quantitativos, a via respiratória é, sem dúvida, a mais importante 
em termos de toxicologia ocupacional, seguida das vias cutânea e gastrointestinal. 
As intoxicações ocupacionais pela via gastrointestinal são raras e devem-se, 
na maioria das vezes, a condições higiênicas e de conforto muito precárias nos 
ambientes de trabalho e a hábitos como fumar ou alimentar-se com as mãos sujas 
nos ambientes de trabalho. 
Uma vez no trato gastrointestinal, o agente tóxico poderá sofrer absorção 
desde a boca até o reto, por difusão através das mucosas, ou por transporte ativo. 
Normalmente, não há absorção através das mucosas da boca e do esôfago, pois o 
tempo de contato entre o agente tóxico e estas mucosas é muito pequeno. 
Nas demais seções do trato gastrointestinal a absorção varia em função das 
características do agente tóxico, visto que o “ambiente físico-químico” é diferente de 
uma para outra seção. No estômago, por exemplo, há as substâncias químicas 
específicas, enzimas digestivas, além do ácido clorídrico (pH~1). 
Poderá haver ainda alguma quantidade de alimento, a qual contribuirá para 
a redução da absorção, já que haverá menos contato entre o agente tóxico e a 
mucosa estomacal. No início do intestino delgado, na área denominada duodeno, o 
pH varia de 12 a 14, devido à presença dos sais biliares e de hidróxido de sódio, 
isso facilita ou interfere na absorção de determinadas substâncias. No intestino 
grosso, a ação de bactérias sobre o agente tóxico poderá levar à produção de 
moléculas absorvíveis. 
A via gastrointestinal contribui ainda de forma passiva para a incorporação 
de substâncias tóxicas inaladas, principalmente material particulado, pois a porção 
que se deposita na parte superior do trato respiratório é arrastada para cima, pela 
ação ciliar, sendo posteriormente engolida. Tal contribuição é, na maioria das vezes, 
pouco significativa em termos de efeitos. 
As intoxicações ocupacionais pela via cutânea podem significar a 
penetração do agente tóxico pela pele e o posterior ingresso na corrente circulatória, 
pela epiderme. As intoxicações mais conhecidas são aquelas de efeito local, ou seja, 
as dermatoses ocupacionais, produzidas pelo contato com os agentes tóxicos. 
 
 
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 148 
A pele constitui-se numa barreira de revestimento do corpo, sendo um 
obstáculo contra a penetração de xenobióticos. São duas as camadas formadoras 
da pele: a epiderme, que é a camada mais externa, estando em contato com o meio 
ambiente; e a derme, camada interna, onde se observa a presença de glândulas 
sudoríparas, vasos sanguíneos, nervos e folículos pilosos. 
Muitos fatores influenciam a absorção através da pele, tais como: abrasão 
ou descontinuidade da pele, que tornam fácil a penetração do xenobiótico; 
inflamação; pilosidade (áreas com pelos apresentam absorção cutânea cerca de 3 a 
13 vezes maior que as demais); tamanho da área exposta; presença de outras 
substâncias na pele; tempo de exposição; temperatura no local da exposição; 
redução da camada gordurosa protetora (efeitos dos solventes e sabões). 
Em termos de intoxicações ocupacionais, a via respiratória é a via mais 
importante e frequente via de penetração de agentes tóxicos. A exposição dos 
trabalhadores a aerodispersoides constitui-se num problema presente na maioria 
dos ambientes de trabalho. A absorção se dá tanto nas vias aéreas superiores 
quanto nos alvéolos. 
A superfície de contato pulmonar, composta pela superfície interna dos 
brônquios e bronquíolos é estimada em 90 m2, e a superfície interna dos alvéolos 
pulmonares, estimada em 70 m2, formam a interface de contato com o exterior. Essa 
área, somada a uma rede capilar de vasos sanguíneos com área média de 140 m2, 
facilitam muito a absorção, particularmente de substâncias na forma gasosa. 
Sendo o consumo de ar de 10 kg a 20 kg diários, dependendo 
fundamentalmente do esforço físico realizado (metabolismo), é fácil chegar à 
conclusão que mais e 90% das intoxicações generalizadas tenham origem na 
absorção respiratória. 
As partículas sólidas ou mesmo as líquidas de maiores diâmetros, podem 
ficar retidas nas partes superiores do aparelho respiratório, onde podem causar 
doenças irritativas. Quando menores que 10 micra, podem chegar até os alvéolos 
pulmonares, onde atravessam a membrana alveolar, entram na corrente sanguínea 
e dai podem ser levadas a outras partes do organismo, por intermédio do sangue ou 
das células fagocitárias (glóbulos brancos) do sangue. 
Outras vezes, determinados xenobióticos fixam-se firmemente nas paredes 
pulmonares, tornando-se resistentes às tentativas de remoção do organismo, que 
 
 
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 149 
tenta dissolvê-los, por meio do sangue e de secreções, ou pela ação das células 
fagocitárias que tentam digerir os corpos estranhos. Isso faz com que surjam reações 
pulmonares à agressão da presença dos aerodispersoides, como inflamações e 
cicatrizações que acabam por afetar a função dos pulmões em longo prazo. 
A quantidade de um agente tóxico que será absorvida pelo organismo, 
quando a penetração se dá pela via respiratória, depende de alguns fatores, tais 
como: concentração do agente tóxico no ar; taxa de respiração; (quantidade de ar 
respirada, que depende da taxa de metabolismo); solubilidade do material no 
sangue (coeficiente de distribuição); reatividade do material com tecidos do 
organismo. 
 
 
4.14 MECANISMOS DE PROTEÇÃO DO ORGANISMO 
 
 
Durante a fase de exposição e mesmo após a penetração do agente tóxico 
no organismo, mecanismos de proteção são acionados, tentando minimizar ou até 
evitar a absorção do xenobiótico. Por exemplo: a pele e a película de suor e gordura 
que a recobrem atuam como barreira efetiva para várias substâncias químicas, 
impedindo sua penetração; a camada queratinosa da pele (formada por células 
mortas) resiste, até certo ponto, à ação da água, ácidos, raios ultravioleta, etc. 
Nos olhos, as glândulas lacrimais são ativadas quando gases, vapores ou 
corpos estranhos entram em contato com a conjuntiva ocular. O aparelho 
respiratório reage prontamente à presença de partículas, por meio do reflexo da 
tosse, do efeito dos cílios dos brônquios, produção de secreções (catarro) e ação 
das células sanguíneas denominadas macrófagos alveolares que englobam e 
tentam destruir os agentes estranhos. 
Persistindo a exposição ou dependendo da dose/concentração do agente 
tóxico, esses mecanismos de proteção tornam-se ineficientes e o xenobiótico 
instala-se no organismo. Ocorrendo isto, o processo de intoxicação prossegue, ou 
seja, o agente tóxico começa a movimentar-se no organismo. 
 
 
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Para se evitar uma doença ou intoxicação, deve-se então eliminá-lo ou 
neutralizá-lo. Entram em cena os mecanismos de desintoxicação, que são a 
biotransformação e a excreção. 
Biotransformação é o conjuntode alterações químicas que as substâncias 
sofrem no organismo, geralmente pela ação de enzimas. Essas alterações 
produzem, geralmente, compostos mais polares e solúveis em água. 
O termo metabolização é aplicável às transformações dos elementos 
essenciais ao organismo, inclusive as reações químicas de queima de alimentos 
para fornecimento de energia às células. 
A detoxificação (desintoxicação) pode ser entendida como a 
biotransformação de um agente tóxico que resulta em um composto menos tóxico. O 
oposto à detoxificação seria a biotoxificação (intoxicação). 
A maior parte dos agentes tóxicos, ao serem biotransformados, sofre 
desativação, ou seja, o produto resultante da biotransformação é menos ativo 
(menos tóxico) que o precursor. Nestes casos, a biotransformação é realmente um 
mecanismo de detoxificação. Esta não é, entretanto, uma regra geral; como 
exemplo, cita-se a biotransformação dos hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, 
quando os mesmos são convertidos em derivados arilados, que podem reagir com 
proteínas, induzindo mutações, câncer e anormalidades embrionárias. 
As principais reações envolvidas na biotransformação de agentes tóxicos 
são do tipo oxidação, redução, hidrólise e conjugação. A biotransformação de 
agentes tóxicos por oxidação se dá pela ação das enzimas do grupo oxidase, 
localizadas no fígado. As reações de oxidação são as mais frequentes, sendo esta a 
tendência dos processos bioquímicos no reino animal. Em menor escala, a 
biotransformação de agentes tóxicos por redução se dá pela ação das 
flavoproteínas, também situadas no fígado. 
A biotransformação por hidrólise se dá pela ação das enzimas do grupo 
estereases, as quais podem localizar-se no fígado, plasma do sangue e outros 
tecidos. A biotransformação por conjugação consiste na ligação do agente tóxico, ou 
de seus metabólitos provenientes de biotransformações anteriores, a determinados 
substratos do organismo, formando moléculas conjugadas de grande tamanho. 
A biotransformação pode ser intensificada pela presença de substâncias 
indutoras da síntese de enzimas específicas. Contrariamente, substâncias inibidoras 
 
 
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de certos grupos enzimáticos reduzem a velocidade do processo de 
biotransformação. A biotransformação varia com alguns fatores, tais como: idade (o 
feto e o recém-nascido têm biotransformação mais lenta); o estado nutricional; 
frequência das doses; estado patológico; temperatura (a biotransformação é mais 
rápida quando a temperatura aumenta). 
A excreção pode ser entendida como o processo de eliminação do agente 
tóxico 'in natura' ou biotransformado. Essa eliminação pode ocorrer por meio das 
secreções (secreção biliar, sudorípara, lacrimal, salivar, láctea), por excreções 
(urina, fezes e catarro) ou pelo ar expirado. 
Associado ao fenômeno de excreção surge o conceito de meia vida biológica 
do agente tóxico. O sistema excretor mais importante para a toxicologia é o sistema 
renal, por ser bastante específico. A urina é o único material biológico de excreção 
do organismo humano que é citado na NR-7 (PCMSO) como material de referência 
de rastreamento biológico para detecção de agentes químicos absorvidos em 
ambientes ocupacionais. 
A prevenção da intoxicação profissional pressupõe o correto reconhecimento 
dos fatores de risco presentes no trabalho e da realidade dos riscos ocupacionais a 
que estão expostos os trabalhadores. 
O problema começa já na fase de reconhecimento do fator de risco. 
Independente da boa intenção e da perspicácia do profissional envolvido com a 
questão, algumas dificuldades podem surgir, por exemplo: para determinadas 
substâncias químicas, as propriedades toxicológicas são pouco conhecidas; uma 
determinada substância poderá estar presente como coformulante ou como veículo 
em um determinado produto, sem que isso esteja claro, quantitativa e 
qualitativamente na especificação do produto; impurezas comercialmente aceitáveis 
no produto podem torná-lo perigoso à saúde, etc. 
Tomadas as medidas iniciais de controle, controlada a exposição grosseira e 
evidente, é necessário controlar a exposição em longo prazo, sendo necessário, 
muitas vezes, quantificar os agentes químicos presentes no ambiente. 
Para a quantificação é preciso que se conheça a intensidade da exposição 
(dose), os efeitos que tal exposição pode produzir e, ainda, a relação dose versus 
resposta, para o agente químico considerado. Obtidas estas informações, 
especifica-se o risco aceitável (exposição admissível) para aquele agente químico. 
 
 
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Utilizam-se geralmente os Limites de Tolerância legais, constantes na NR-15 da 
Portaria 3214/78. 
Os métodos de coleta e análise de produtos químicos são procedimentos 
delicados e sujeitos a muitos erros, motivo pelo qual os profissionais devem redobrar 
seus cuidados e aprofundar seus conhecimentos para que não se perca a validade 
dos resultados obtidos. Por exemplo, se não for possível amostragem contínua, a 
avaliação das concentrações de agentes químicos por intermédio de métodos de 
amostragem instantânea, de leitura direta ou não, deverá ser feita pelo menos em 
dez amostragens, para cada ponto, ao nível respiratório do trabalhador, e entre cada 
uma das amostragens deverá haver um intervalo de, no mínimo, 20 minutos. 
Só este exemplo demonstra a complexidade dessas avaliações e os 
cuidados necessários. 
Tomadas as medidas de controle e, mesmo estando a exposição dentro dos 
Limites de Tolerância, a exposição deverá ser monitorizada, objetivando rastrear 
possíveis efeitos tóxicos nos trabalhadores. A monitorização é feita em duas linhas 
de ação: monitorização ambiental e monitorização biológica. 
 
 
4.15 ERGONOMIA 
 
 
A Ergonomia tem como objetivo melhorar as condições de trabalho, 
permitindo maior conforto operatório e segurança, integrando critérios de 
produtividade e qualidade. Ela se aplica ao projeto de máquinas, equipamentos, 
sistemas e tarefas, cognição e layout com o objetivo de melhorar a segurança, 
satisfação e bem-estar dos trabalhadores no seu relacionamento com sistemas 
produtivos. 
O resultado disso tudo será uma maior eficiência no trabalho. Um ambiente 
mal planejado pode gerar desconforto, doenças e mal-estar, acarretando em perda 
de produtividade. As condições de insalubridade e desconforto são minimizadas, ou 
até eliminadas, sendo adequadas às capacidades e limitações físicas e psicológicas 
do trabalhador. Os benefícios são: 
 adequação das condições operatórias às exigências de trabalho; 
 
 
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 adequação a leis ou normas; 
 redução do absenteísmo e da rotatividade; 
 adequação do posto de trabalho à atividade de trabalho; 
 garantia da segurança do trabalhador na realização das suas atividades; 
 aumento do conforto operatório; 
 diminuição de problemas de saúde decorrentes da atividade de trabalho; 
 melhoria da estrutura organizacional da empresa; 
 adequação das ferramentas ao trabalho; 
 desenvolvimento de critérios para a aquisição dos meios de trabalho 
(ferramentas, máquinas, etc.); 
 planejamento de um posto de trabalho levando em conta a abordagem 
ergonômica. 
Segundo a legislação brasileira, na Norma Regulamentadora NR 17, para 
avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas 
dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, 
devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho. As condições de 
trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de 
materiais, ao mobiliário, aos equipamentos, às condições ambientais do posto de 
trabalho e à própria organização do trabalho. 
A ergonomia ou engenharia humana é uma ciência relativamente recente 
que estuda as relações entre o homem e seu ambiente de trabalho e definida pela 
Organização Internacional do Trabalho (OIT) como:"A aplicação das ciências 
biológicas humanas em conjunto com os recursos e técnicas da engenharia para 
alcançar o ajustamento mútuo, ideal entre o homem e o seu trabalho, e cujos 
resultados se medem em termos de eficiência humana e bem-estar no trabalho." 
São considerados riscos ergonômicos: esforço físico, levantamento de peso, 
postura inadequada, controle rígido de produtividade, situação de estresse, 
trabalhos em período noturno, jornada de trabalho prolongada, monotonia e 
repetitividade, imposição de rotina intensa. 
Os riscos ergonômicos podem gerar distúrbios psicológicos e fisiológicos e 
provocar sérios danos à saúde do trabalhador porque produzem alterações no 
organismo e estado emocional, comprometendo sua produtividade, saúde e 
segurança, tais como: LER/DORT, cansaço físico, dores musculares, hipertensão 
 
 
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arterial, alteração do sono, diabetes, doenças nervosas, taquicardia, doenças do 
aparelho digestivo (gastrite e úlcera), tensão, ansiedade, problemas de coluna, etc. 
Para evitar que estes riscos comprometam as atividades e a saúde do 
trabalhador, é necessário um ajuste entre as condições de trabalho e o homem sob 
os aspectos de praticidade, conforto físico e psíquico por meio de: melhoria no 
processo de trabalho, melhores condições no local de trabalho, modernização de 
máquinas e equipamentos, melhoria no relacionamento entre as pessoas, alteração 
no ritmo de trabalho, ferramentas adequadas, postura adequada, etc. 
Um dos principais riscos encontrados nos mais diversos ambientes de 
trabalho e responsável por uma gama variável de doenças ocupacionais é o Risco 
Ergonômico. O ambiente de trabalho ergonomicamente incorreto é um causador 
importante do adoenciamento físico e mental dos trabalhadores. 
São áreas de aplicação da Ergonomia: 
1) ergonomia na organização do trabalho pesado – planejar o trabalho em 
atividades fisicamente pesadas, com alto dispêndio de energia e, em alguns 
casos, em ambientes de altas temperaturas, tendo como objetivo evitar os 
quadros de fatigas; 
2) biomecânica aplicada ao trabalho – é o estudo dos movimentos 
humanos sob a ótica da mecânica. Estudamos as sobrecargas na coluna 
vertebral, as posturas incorretas, a prevenção da fadiga muscular, a 
prevenção das tendinites, tenossinovites, as lesões por movimentos 
repetitivos, etc.; 
3) adequação ergonômica geral do posto de trabalho – por meio dos 
estudos de antropometria, planeja-se os postos de trabalho visando um 
índice de satisfação de 90% da população trabalhadora, nos diversos tipos 
de trabalhos em pé, semissentados ou sentados; 
4) prevenção da fadiga no trabalho – identificando e corrigindo os fatores 
de sobrecarga; 
5) prevenção do erro humano – que muitas vezes pode estar associado 
com os riscos ergonômicos. 
Não há um profissional específico para lidar com os problemas e soluções 
no campo da ergonomia. Esse trabalho deve ser desenvolvido por uma equipe 
multi e interprofissional na abordagem dos problemas e das soluções 
 
 
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ergonômicas no trabalho. A equipe multiprofissional é composta por pessoas de 
diferentes especialidades que se complementam, tais como: médico do trabalho, 
engenheiro de segurança do trabalho, engenheiro industrial, projetista, 
desenhista industrial, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, gerente, supervisor, 
trabalhadores de produção etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIM DO MÓDULO IV

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