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Procedimentos Técnicos em Feridas e Curativos - Módulo 02

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AN02FREV001/REV 4.0 
 37 
PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA 
Portal Educação 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE 
PROCEDIMENTOS TÉCNICOS EM 
FERIDAS E CURATIVOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aluno: 
 
EaD - Educação a Distância Portal Educação 
 
 
 
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CURSO DE 
PROCEDIMENTOS TÉCNICOS EM 
FERIDAS E CURATIVOS 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO II 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este 
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição 
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido 
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. 
 
 
 
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MÓDULO II 
 
 
4 CUIDANDO DE PESSOAS COM FERIDAS: CONHECIMENTOS E 
COMPETÊNCIAS TÉCNICAS, CIENTÍFICAS E HUMANAS 
 
 
De acordo com Brandão e Souza (2006), o organismo, ao sofrer uma lesão, 
lança mão de mecanismos que buscam defender o meio interno e reparar danos 
teciduais, processo chamado de cicatrização. Historicamente, pode-se perceber que 
a equipe de saúde utilizou por muito tempo técnicas que destruíam ou acabavam por 
prejudicar o trabalho realizado de forma fisiológica pelo organismo. 
A grande evolução e os conhecimentos atuais em relação aos mecanismos 
envolvidos no processo de reparação tecidual e cicatrização das feridas revelam que 
muitos procedimentos realizados pelos profissionais de enfermagem, como, por 
exemplo, o uso de curativos secos e aderentes, a aplicação de soluções 
antissépticas e uma série de outros que comentaremos mais adiante, agem de 
forma negativa, retardando o processo de cicatrização, levando ao surgimento de 
processos de cronificação e sequelas, tanto físicas, como psicológicas (DEALEY, 
2001). 
Como afirmam Mandelbaum e Di Santis (2004), a cicatrização de feridas é 
um mecanismo extremamente complexo e dinâmico, que pode ser classificado 
didaticamente em diferentes fases, conforme descritas adiante, nas quais estão 
envolvidas inúmeras estruturas que são interdependentes e inter-relacionadas. 
Esta sequência de fases não pode ser compreendida de maneira estanque, 
mas deve ser considerada como processos concomitantes, que podem estar 
presentes ao mesmo tempo num mesmo paciente, em diferentes feridas, e numa 
mesma ferida em suas diferentes estruturas. 
Além disso, tais fases não podem ser interpretadas de forma linear, como 
uma sucessão de acontecimentos, pois pode haver alternância entre tais fases, em 
 
 
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decorrência de fatores relacionados à própria ferida, ao paciente e ao meio 
ambiente. 
Compreender de forma correta estas diferentes fases é de fundamental 
importância para que se possa identificar o estágio de cicatrização das feridas, suas 
características normais e patológicas, permitindo, desta forma, que se faça uma 
correta avaliação das necessidades locais e gerais para o seu tratamento, bem 
como se possa planejar e implementar os cuidados necessários à sua efetiva 
resolutividade. 
Outro aspecto importante é que o reconhecimento adequado das diversas 
fases e estágios de evolução do processo cicatricial dos diferentes tipos de feridas 
permitem estabelecer um prognóstico que inclui, entre outros elementos: o tempo 
estimado para sua cicatrização; custos previstos; recursos humanos e materiais 
necessários; sequelas potenciais e riscos de recidivas e cronificação. 
 
 
5 FASES E ESTÁGIOS DE EVOLUÇÃO DO PROCESSO CICATRICIAL 
 
 
5.1 FASE DE HEMOSTASIA 
 
 
Na ocorrência de uma lesão tecidual ocorre também a ruptura de vasos 
sanguíneos. Neste momento há uma vasoconstrição temporária para evitar grandes 
perdas sanguíneas, além do contato entre as plaquetas e o colágeno, o que 
favorece a agregação plaquetária e a oclusão dos vasos sanguíneos lesados. 
 
 
5.2 FASE DE INFLAMAÇÃO 
 
 
Posteriormente, ocorre a liberação de quimioatraentes e histamina, 
provocando a vasodilatação na região lesada e consequentemente a chegada de 
células de defesa que vão fazer a limpeza e defender esta região lesada. 
 
 
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Funções: Ativar o sistema de coagulação, promover o desbridamento e 
defender contra microrganismos. 
Essa fase pode durar de quatro a cinco dias e requer recursos energéticos e 
nutricionais. 
 
 
5.3 FASE PROLIFERATIVA 
 
 
Nesta fase as plaquetas e os macrófagos liberam fatores de crescimento e 
citocinas, que são responsáveis pela proliferação de fibroblastos e células 
endoteliais. 
Os fibroblastos sintetizam colágeno e favorecem a contração da ferida por 
meio dos miofibroblastos. As células endoteliais formam novos arcos capilares, que 
fornecem oxigênio e nutrientes, processo chamado de angiogênese. 
Funções: Proliferação de vasos sanguíneos e colágeno, formação do tecido 
de granulação. 
O tempo de duração depende do tipo e tamanho da lesão. 
 
 
5.4 FASE DE EPITELIZAÇÃO 
 
 
Nesta etapa a lesão é coberta por células epiteliais que só se movimentam 
sobre tecidos viáveis (sadios), como o tecido de granulação, e requerem um 
ambiente úmido para sua proliferação. 
A duração dessa fase é muito variável. 
 
 
 
 
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5.5 FASE DE MATURAÇÃO 
 
 
A ferida torna-se menos vascularizada e as fibras de colágeno são 
reorganizadas, formando ângulos com a margem da lesão, processo que busca 
fortalecimento da região. 
 Nas lesões fechadas, essa fase leva aproximadamente um ano, e nas 
lesões abertas requer um tempo ainda maior, dependendo do estado clínico do 
paciente. 
 
 
6 FATORES ADVERSOS AO PROCESSO DE CICATRIZAÇÃO E 
RESPONSABILIDADES DA ENFERMAGEM 
 
 
Conforme Hipócrates, o organismo possui inúmeros mecanismos dos quais 
lança mão para reparar uma ferida, mas uma série de fatores, tanto relacionados ao 
próprio paciente (fatores intrínsecos), como fatores externos e ambientais, podem 
agir de forma negativa sobre este processo, retardando-o ou impedindo-o. 
A enfermagem tem grande responsabilidade no sentido de conhecer e 
identificar tais fatores, para que possa atuar de forma preventiva, evitando e 
minimizando ao máximo seu efeito, buscando desta forma criar um ambiente 
propício para que os processos acima referidos possam se desenvolver de forma 
harmônica e fisiológica. 
Além disso, muitos desses fatores podem interferir de forma tão severa 
sobre o processo cicatricial que podem comprometê-lo de forma permanente, 
levando a complicações como infecções, cronificação da ferida ou mesmo a 
sequelas graves como perda de órgãos e membros, o que em última análise 
comprometerá de maneira significativa o prognóstico e a qualidade de vida das 
pessoas. 
Dentre os fatores que podem prejudicar e comprometer a cicatrização das 
feridas destacam-se: 
 
 
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Fatores Locais: 
• Infecção da ferida; 
• Isquemia e alterações na perfusão dos tecidos; 
• Presença de tecidos desvitalizados ou necrosados; 
• Corpos estranhos; 
• Ressecamento (desidratação) ou excesso de umidade (maceração); 
• Agentes tóxicos; 
• Extensão ou profundidade da lesão. 
 
Fatores Sistêmicos: 
 
• Deficiências no estado nutricional: desnutrição ou obesidade, déficit 
proteico, hipovitaminoses; 
• Doenças crônicas: diabetes, hipertensão; 
• Idade avançada; 
• Depressão imunológica e uso de medicamentos imunossupressores; 
• Neoplasia maligna; 
• Terapia medicamentosa com anticoagulantes e outras drogas; 
• Imobilidade ou redução na movimentação. 
 
Fatores Externos: 
 
- Agentes físicos 
• Radiação; 
• Temperatura ambiente; 
• Postura; 
• Radioterapia. 
 
- Agentes químicos 
• Antissépticos; 
• Alergenos; 
• Quimioterapia. 
 
 
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7 COMPETÊNCIA HUMANA E ÉTICO-LEGAL NA AVALIAÇÃO E TRATAMENTO 
DE FERIDAS 
 
 
As recentespublicações alertam cada vez mais para a importância do 
trabalho interdisciplinar para o adequado atendimento às crescentes demandas 
gerencias e assistenciais relacionadas aos cuidados preventivos e ao tratamento de 
feridas, considerado como um grave problema de saúde pública, como abordado 
anteriormente. 
A avaliação precoce dos fatores de risco para o desenvolvimento de feridas, 
a instituição de medidas preventivas e o monitoramento contínuo, acompanhado de 
técnicas adequadas e recursos efetivos, representam, nesse contexto, melhorias em 
todos os níveis, ou seja, no âmbito institucional, profissional, econômico e social. 
Verifica-se que mesmo com poucos recursos humanos e materiais é 
possível fazer a diferença ao operacionalizar melhorias contínuas e permanentes, 
principalmente, no sentido de inovar práticas assistenciais e gerencias de qualidade 
e humanismo. 
A credibilidade dos serviços de saúde parece, então, apontar para as 
pequenas, mas sistematizadas operações de melhoria que, por sua vez, necessitam 
ser continuamente avaliadas, reavaliadas e atualizadas para atender às exigências 
do mercado competitivo (BORGES, 2006). 
Empreender na qualidade e humanização da assistência significa, desse 
modo, desenvolver uma lógica disciplinar voltada para a integração dos diferentes 
saberes a fim de alcançar um novo conhecimento, ou seja, um conhecimento 
específico e sistematizado de melhorias contínuas. 
As novas tecnologias disponíveis atualmente no mercado não representam, 
em si, avanços e/ou resultados na melhoria do cuidado. O sucesso, entretanto, 
traduz o esforço e a capacidade empreendedora de profissionais imbuídos na lógica 
do mercado competitivo, no sentido de garantir a qualidade e credibilidade dos 
pequenos e/ou grandes eventos assistenciais e organizacionais. 
Assim, a utilização adequada das tecnologias exige dos profissionais de 
enfermagem um contínuo aperfeiçoamento para que sejam selecionadas as 
 
 
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melhores opções em cada situação específica, com base em acurado conhecimento 
clínico e atualizada informação sobre as melhores evidências científicas. 
Nesse processo o empreendimento enquanto qualificação do cuidado de 
feridas/curativos requer não apenas competência técnica, mas, sobretudo, 
competência humana para visualizar novas demandas e espaços de sucesso. 
Mesmo que possa parecer insignificante frente ao contingente assistência 
geral, o cuidado de feridas/curativos determina e contribui significativamente no 
desenvolvimento gerencial e institucional por sua representatividade em 
custos/benefícios, minimização de efeitos adversos de uma hospitalização e a 
garantia de um cuidado com qualidade e competência profissional, como 
comprovam os dados divulgados por organizações nacionais e internacionais 
(WOUNDS, 2008). 
Sendo assim, o cuidado de feridas com qualidade e competência profissional 
associado à utilização de recursos tecnológicos avançados, isto é, de coberturas 
modernas, representa uma importante conquista para a equipe multiprofissional de 
saúde, pacientes, instituição e fontes pagadoras. 
Para a equipe multiprofissional, representa a qualificação e humanização da 
assistência e, ainda, a desmistificação de crenças sociais e culturais perpetuadas 
historicamente. 
Para as instituições de saúde e fontes pagadoras, o reconhecimento e a 
redução de custos com o tratamento. Para o paciente, a diminuição significativa da 
dor, pela capacidade, que estes possuem de manter a ferida úmida e reduzir as 
trocas frequentes dos curativos, além de acelerar o processo de cicatrização e, 
consequentemente, reduzir o tempo de hospitalização. 
O tratamento aprimorado, isto é, qualificado e humanizado de feridas agudas 
e crônicas constitui no cenário atual uma ação emergente e uma importante 
estratégia para a minimização de custos hospitalares e a redução do período de 
tratamento para os pacientes. 
A consolidação desta prática, principalmente, em pessoas idosas portadoras 
de úlceras, nas suas mais variadas formas, vem ao encontro, portanto, das 
necessidades da população, uma vez que estudos da Organização Mundial de 
Saúde apontam para um aumento da expectativa de vida dos indivíduos e, por 
conseguinte, o envelhecimento da população buscando, ainda, recuperar o lugar das 
 
 
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várias dimensões discursivas dos sujeitos que atuam ou recorrem às instituições de 
saúde. 
O tratamento qualificado de feridas, estimulado pelo aprimoramento contínuo 
de tecnologias e práticas inovadoras para a realização dos curativos, no contexto 
multiprofissional, ocasionou no decorrer dos últimos anos inúmeros questionamentos 
em relação à eficácia/eficiência dos produtos e/ou coberturas modernas utilizadas. 
Com base nestas considerações existem hoje diversos programas de 
capacitação específicos para os profissionais de enfermagem, além da formação de 
grupos de estudos e grupos de Curativos/Feridas, compostos por diversos 
integrantes dentre estes: enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, 
médicos, nutricionistas e farmacêuticos, com o propósito de avaliar, monitorar e 
humanizar o tratamento das feridas a fim de suprir uma necessidade emergente em 
nível social. 
O grupo, enquanto espaço de trocas de conhecimentos e estratégia de 
mobilização de processos auxilia, também, na validação e padronização de 
produtos, redução de custos, resultando em benefícios para a instituição, pacientes 
e fontes pagadoras. 
Com uma prática consolidada e fundamentada cientificamente é possível 
assegurar que o uso seguro de novas tecnologias no tratamento de feridas, a 
previsão adequada da periodicidade das trocas dos curativos, a padronização de 
técnicas atualizadas para a realização e o acompanhamento das feridas por 
profissionais habilitados e qualificados de forma técnico-científica e humana 
contribuem na construção de práticas inovadoras socialmente responsáveis, 
principalmente no que se refere à redução de custos e desperdício de materiais e 
medicamentos, assim como na diminuição do tempo dispensado pelos profissionais 
para a realização dos curativos. 
Nesse sentido, a humanização da assistência envolve essencialmente o 
trabalho conjunto destes diferentes profissionais que, por meio do trabalho 
multiprofissional, podem favorecer a uma multiplicidade de enfoques e alternativas 
para uma compreensão de aspectos que estão envolvidos no atendimento ao 
paciente. Neste processo, a humanização começa com o conceito de saúde como 
bem-estar do indivíduo, da pessoa doente, que é promovida em todas as dimensões 
seja física, mental, social e/ou espiritual. 
 
 
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A humanização, no que se refere ao tratamento de feridas, requer 
comprometimento e envolvimento por parte de todos os profissionais da equipe. A 
transformação do modo assistencial, portanto, somente é possível, a partir de uma 
sensibilização dos trabalhadores quanto às atitudes e comportamentos que 
envolvem a prática profissional (SILVA, 2000; MARTINS, 2003). 
A humanização no atual momento de transformação do sistema de saúde 
brasileiro significa a melhoria da qualidade do atendimento aos usuários ou, em 
última análise, tratar o semelhante de maneira humana permitindo reatar a 
experiência da hospitalização ao ciclo da vida e transformá-la em uma oportunidade 
de desenvolvimento humano, ou seja, o profissional passa a manter uma relação 
humana, solidária e personalizada a cada paciente atendido além de oferecer um 
bom desempenho técnico-científico. 
O atendimento humanizado e competente de enfermagem, na prevenção e 
tratamento de feridas visa desenvolver um conjunto de práticas inovadoras e 
socialmente responsáveis na área da saúde, relacionadas ao cuidado qualificado e 
humanizado, que atenda às necessidades das pessoas em seus aspectos 
biológicos, psicossociais e estético-funcionais, de formaa respeitar sua 
individualidade e incentivar a promoção do autocuidado e da busca de emancipação 
e libertação das pessoas portadores de feridas crônicas e/ou agudas, pois como 
afirma Brandão (2006), os problemas de pele ocasionam não só dificuldades de 
ordem física, mas afetam as pessoas em sua vida psíquica, emocional, relacional e 
social. 
Para atender a tais necessidades, os programas e protocolos precisam ser 
desenvolvidos de forma a: 
 
 Disponibilizar um amplo e efetivo arsenal de recursos/tecnologias em curativos 
capazes de atender à complexidade dos novos casos emergentes; 
 Oferecer estrutura física específica para a realização dos curativos, compatível 
com a demanda e complexidade dos casos emergentes (consultório de 
enfermagem e nutrição, salas de curativos, sala de espera, acesso com rampa); 
 Criar uma estrutura operacional e funcional para a orientação e educação dos 
pacientes e familiares (folders, cartazes informativos, treinamento do familiar 
cuidador), além de suporte nutricional ao paciente; 
 
 
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 Promover socialmente a integração e o saber interdisciplinar dos profissionais da 
saúde por meio de práticas empreendedoras; 
 Disponibilizar material didático, máquina fotográfica digital e computador para o 
registro, acompanhamento e evolução dos curativos/feridas de forma 
sistematizada e informatizada; 
 Criar um programa de Educação Permanente com o quadro funcional interno e 
externo sobre o cuidado qualificado e humanizado de feridas; 
 Oferecer aos pacientes e familiares terapias ocupacionais individuais e grupais; 
 Promover jornadas, cursos, consultorias e palestras para a comunidade como um 
dos compromissos sociais dos profissionais; 
 Promover ações que valorizem as práticas saudáveis, promovam a saúde e a 
busca precoce de atendimento; 
 Integrar esforços na elaboração de políticas públicas que permitam o acesso da 
população aos recursos e tecnologias modernas, hoje existentes para o 
tratamento de feridas; 
 Desenvolver protocolos que levem em consideração a integralidade dos 
processos e ações, evitando ações fragmentadas, considerando o aspecto 
holístico do cuidado de feridas e sua complexa etiologia e natureza. 
 
 
8 MODELO DE FLUXO DE ATENDIMENTO E ALGUNS RESULTADOS OBTIDOS 
 
 
1º Todos os pacientes, ao serem admitidos para internação, são avaliados 
quanto ao grau de risco para desenvolvimento de úlceras por pressão ou problemas 
na cicatrização de feridas. O médico assistente do paciente solicita o 
acompanhamento do Grupo de Curativos da Instituição, por escrito. 
2º A equipe de curativos realiza a avaliação geral do paciente e da pele, 
sugerindo o tratamento de escolha para prevenir infecções e complicações na 
cicatrização; identifica e registra lesões já existentes. 
3º Os profissionais integrantes do grupo realizam uma tabela de custos com 
previsão e periodicidade das trocas dos curativos e do tratamento global. 
 
 
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4º Um dos integrantes da equipe avalia e monitora o tratamento da ferida 
pelo tempo integral, observando a autorização do termo de consentimento, o registro 
fotográfico e a evolução do processo de cicatrização, bem como a avaliação do 
estado clínico do paciente. 
5º O grupo mantém contato permanente com o médico assistente do 
paciente e a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar – CCIH, a fim de 
assegurar um tratamento clínico integral e efetivo. 
6º Realizam-se orientações para a alta hospitalar, com instruções para troca 
de curativos no domicílio, se necessário, e agenda-se retorno para reavaliação 
ambulatorial. 
 
São realizadas Reuniões semanais para a discussão dos casos de pacientes 
acompanhados pelo Grupo Multiprofissional de Curativos, com contribuição de cada 
profissional dentro de sua área, para melhorar o processo de recuperação da ferida 
e do paciente. 
A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e a documentação e 
registro de todos os dados deve ser uma preocupação e uma meta a ser atingida 
pela equipe. 
A implementação da SAE em todas as suas etapas assegura continuidade 
de cuidados aos pacientes e segurança e proteção legal aos profissionais de 
enfermagem, pois por meio dela estão documentados: 
 
- Histórico de Enfermagem (entrevista / exame físico); 
- Diagnóstico de enfermagem; 
- Intervenções (prescrição de enfermagem); 
- Evolução de enfermagem. 
 
A implementação da SAE tem se revelado como uma estratégia altamente 
positiva no tratamento de feridas, como relatado por diversos autores, como Backes 
(2006). 
 
 Diminuição dos casos de reinternação hospitalar de pacientes portadores 
de feridas crônicas; 
 
 
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 Redução do número de amputação de membros; 
 Minimização da dor e do desconforto do paciente pela redução da 
periodicidade das trocas dos curativos; 
 Aceleração do processo de cicatrização da ferida tendo como vantagem a 
redução do tempo de tratamento; 
 Redução dos índices de infecção hospitalar; 
 Orientação aos pacientes e familiares, garantindo a continuidade do 
tratamento prestado; 
 Redução do custo global do tratamento para a instituição e fontes 
pagadoras; 
 Integração e fortalecimento do compromisso e/ou responsabilidade social 
instituição/comunidade local e regional; 
 Integração e fortalecimento das relações e parcerias entre os profissionais 
e prestadores de serviço; 
 Assessoria técnica e acompanhamento de pacientes com feridas crônicas 
ou com dificuldades de cicatrização em outras instituições; 
 Atendimento domiciliar a pacientes impossibilitados de serem atendidos 
em nível ambulatorial e/ou hospitalar; 
 Terapia ocupacional individual e grupal com os pacientes e familiares, a 
fim de minimizar a dor e o estresse e, consequentemente, promover a 
integração das pessoas e desenvolvimento do voluntariado nas 
instituições; 
 Humanização da assistência aos pacientes e familiares por meio de 
atividades científicas interativas – mesas de debate – e comemorações 
festivas. Exemplo: Comemoração do dia do aniversário dos pacientes 
internados; 
 Participação dos integrantes do Grupo de Curativo em Congressos 
regionais e/ou nacionais; 
 Participação do Grupo de Curativos em pesquisas para a validação de 
produtos e agentes cicatrizantes no tratamento inovador de feridas; 
 Processo de Educação Permanente, por meio da realização de 
treinamentos e eventos científicos para o público interno e externo. 
 
 
 
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9 RECURSOS PARA O TRATAMENTO DE FERIDAS E IMPORTÂNCIA DO 
CONTROLE DE INFECÇÕES 
 
 
Como já referimos, a etapa inicial do tratamento de uma ferida deve ser sua 
adequada avaliação, que implica na avaliação geral da pessoa e na avaliação focal 
da lesão em si. 
Após a avaliação, o profissional estará em condições de planejar as diversas 
etapas dos cuidados de enfermagem, que propiciarão as necessárias e adequadas 
condições para que o processo de reparação e cicatrização dos tecidos possa 
evoluir. 
 
 
9.1 LIMPEZA 
 
 
A limpeza da ferida reduz a carga microbiana, remove corpos estranhos, 
minimiza o odor, preserva tecidos viáveis e favorece a cicatrização (RODEHEAVER, 
1999). 
Com o avanço tecnológico contamos com o advento de inúmeras 
substâncias disponíveis no mercado atualmente, incluindo em sua formulação 
antissépticos em baixa dosagem, surfactantes e ou tensoativos com o intuito de 
auxiliar na remoção de contaminantes da ferida, sem, contudo, provocar agressão 
aos delicados e frágeis tecidos fundamentais ao processo de reparo 
(RODEHEAVER, 2001). 
A região da pele íntegra que margeia a ferida (denominada região 
perilesional) abriga microrganismos que podem ser fonte de contaminação. Dessa 
forma, a limpeza tem o intuito de remover patógenos e ajudar a fixação da cobertura. 
O agente de limpeza é determinado pela sujidade e integridade da pele. 
Recomenda-se,portanto, a utilização de soluções degermantes e enxágue suficiente 
para remoção dos resíduos ou uso de soluções antissépticas, preferencialmente 
clorexidina aquosa. 
 
 
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Todas estas considerações não diminuem a responsabilidade e o 
compromisso do profissional de preservar e proteger o paciente de contaminações 
oriundas de técnicas inadequadas e produtos contaminados (YAMADA, 2003). 
Algumas recomendações devem ser seguidas para o adequado processo de 
limpeza das feridas: 
 
- Limpeza de ferida cirúrgica aguda (incisões/excisões) - recomendamos o 
“toque suave” da gaze umedecida em SF 0.9%, a 37° C, em movimentos únicos, da 
área menos contaminada para a mais contaminada; 
- Limpeza da ferida aberta (causa cirúrgica: deiscência / causas não 
cirúrgicas: feridas agudas, abrasões; feridas crônicas como pé diabético; úlcera por 
pressão; úlcera venosa, entre outras) - recomenda a utilização da solução fisiológica 
(SF 0.9%), a 37° C, sob pressão, utilizando seringa de 20 mL e agulha 40 X 12 (4-
15PSI). Na presença de cavidade, remover o excesso de soro. 
 
 
9.2 MÉTODOS DE DESBRIDAMENTO 
 
 
O desbridamento é um processo fisiológico que acontece na fase 
inflamatória em que macrófagos e neutrófilos digerem e removem plaquetas 
aproveitadas na hemostasia, debris celulares e tecidos avascularizados. 
Entretanto, com o acúmulo destes elementos, este processo fisiológico 
torna-se difícil e pode ser insuficiente, exigindo, assim, medidas que complementem 
o desbridamento natural (BRYANT, 2000). 
Diferentes métodos de desbridamento podem ser utilizados, levando em 
consideração as características da ferida, aspecto do tecido inviável, etiologia e 
condições clínicas da pessoa. São classificados como seletivos (remoção do tecido 
inviável) ou não seletivos (remoção dos tecidos viável e inviável). São divididos de 
acordo com o mecanismo de ação: autolítico, mecânico, enzimático, biológico e 
cirúrgico. 
A escolha do método de desbridamento leva em consideração aspectos 
como: infecção, tempo para remoção do tecido desvitalizado, tipo de ferida e de 
 
 
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exsudato, quantidade e tipo de tecido inviável, problemas potenciais como trauma no 
leito da lesão e maceração, ou de outra maneira, urgência da necessidade do 
desbridamento, nível de cuidado e disponibilidade de recursos tanto humanos como 
materiais (AYELLO, 2003). 
 
 
9.2.1 Desbridamento Autolítico 
 
 
É indolor e não invasivo. Utiliza enzimas endógenas presentes na fase 
inflamatória, para remoção do tecido desvitalizado, sendo um método seletivo. A 
autólise, processo fisiológico, ocorre na presença de ambiente úmido com boa 
vascularização, adequado número de leucócitos e neutrófilos e estado nutricional. 
Indicação: Feridas que apresentem tecido necrótico. 
 
 
9.2.2 Desbridamento Mecânico 
 
 
É um método não seletivo, em desuso e que pode ocasionar dor. Neste 
método estão a técnica da gaze seca, a hidroterapia e a irrigação do leito. A técnica 
de irrigação do leito é a mais aceita atualmente e eficaz na remoção de debris, 
matéria particulada e bactérias, sem causar trauma ao tecido vivo, desde que 
respeitada a pressão recomendada entre 4-15PSI. 
Recomendamos apenas a utilização de SF 0,9% a 370C, sob pressão, 
utilizando-se seringa de 20 ml e agulha 40 X 12. 
 
 
9.2.3 Desbridamento Cirúrgico 
 
 
É realizado por médico cirurgião utilizando laser ou instrumental de corte, 
preferencialmente em ambiente cirúrgico. 
 
 
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9.2.4 Desbridamento com Instrumental Conservador 
 
 
É realizado somente por enfermeiros especialistas, que tenham atingido a 
competência e habilidade para realizá-lo, utilizando instrumental de corte. 
Indicação: Escara, Esfacelos e Corpos estranhos / partículas inorgânicas. 
 
 
9.2.5 Desbridamento Enzimático 
 
 
É realizado por meio da aplicação tópica de enzimas exógenas (fibrinolisina, 
colagenase, papaína) que degradam o tecido necrótico por meio da degradação 
proteica, liquefazendo-o, o que permite seu desprendimento do tecido viável. 
Pode ser associado a outros métodos em lesos com grandes áreas 
necróticas com o intuito de obtenção de resultados mais rápidos. Neste tipo de 
desbridamento pode-se utilizar colagenase, que degrada o colágeno do tecido 
necrótico; a fibrinolisina, que degrada a fibrina do colágeno e exsudato ou a papaína, 
que degradam as moléculas de proteína de tecido inviável seletivamente, em razão 
da ação da α1-antitripsina, globulina humana que inativa a ação das proteases 
(MONETTA, 1995; MONETTA, 1998; MONETTA, 2003; SANTOS, 2000). 
As duas primeiras enzimas são encontradas no mercado em forma de gel e 
a papaína pode ser utilizada apenas em forma de gel e solução, sendo 
contraindicado o uso do pó e pomada (MONETTA, 1998; MONETTA, 2003). 
Recente publicação do FDA adverte para os riscos com utilização de formulações 
não aprovadas, citando entre outros, o risco de toxicidade para diversos tecidos 
(FDA, 2008). 
 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 55 
 
9.2.6 Desbridamento Biológico 
 
 
É um desbridamento considerado químico, biológico ou biocirúrgico com 
aplicação de larvas de moscas esterilizadas que secretam enzimas proteolíticas 
sobre o leito das feridas, com o intuito de remoção do tecido necrótico. Sua 
aplicação tem crescido consideravelmente a partir da década de 90 em inúmeros 
centros dos Estados Unidos. No entanto, a prática ainda é pouco difundida no Brasil 
(MARTINI, 2003). 
 
 
10 PRODUTOS MAIS UTILIZADOS NO TRATAMENTO DE FERIDAS 
 
 
Após assegurar-se de que a ferida encontra-se livre de agentes físicos, 
químicos e biológicos que possam prejudicar a evolução do processo cicatricial, 
devem-se proteger os tecidos viáveis e assegurar que a região perilesional e o leito 
da lesão sejam mantidos em condições adequadas para que as fases do processo 
possam desencadear-se de forma harmoniosa. 
Segundo Turner (1982), as técnicas para realização de curativos devem 
assegurar as condições adequadas para a reparação tecidual: 
 
 Manter o meio úmido na interface curativo/ferida; 
 Oferecer proteção mecânica contra traumas, atrito, fricção; 
 Ser seguro (não ser tóxico, ser hipoalergênico); 
 Remover o excesso de exsudato; 
 Permitir a troca gasosa; 
 Fornecer isolamento térmico; 
 Ser impermeável a bactérias; 
 Ser isento de partículas; 
 Permitir a retirada sem traumas; 
 Ser adaptável a diferentes regiões corporais; 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 56 
 Ser agradável e reduzir a dor; 
 Estar disponível em diferentes formatos e tamanhos; 
 Não requerer trocas frequentes; 
 Ter boa relação custo-benefício. 
 
Dentre os produtos disponíveis, relacionaremos a seguir aqueles que 
demonstram maiores evidências de eficácia e podem beneficiar o processo de 
reparação tecidual e contribuir para a cicatrização das feridas. 
Entretanto, como refere Mandelbaum (2004), a escolha destes diversos 
recursos deve se basear em três pontos fundamentais: 
 
- As características e necessidades da ferida, no momento em que se realiza 
a avaliação da ferida e a troca do curativo; 
- As necessidades do paciente, em função de suas condições gerais de 
saúde, suas condições econômicas de adquirir os produtos ou ter acesso a eles, e 
sua facilidade de uso; 
- O custo-benefício e custo-efetividade, pois algumas destas coberturas e 
produtos têm custo financeiro elevado e devem ser reservadas para situações 
especiais, em que não seja possível a utilização de um produto de menor custo. 
 
 
10.1 ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS 
 
 
Composição: óleo vegetal composto por ácido linoleico, caprílico, cáprico, 
vitamina A, vitamina E e lecitina de soja. 
Ação: hidratação (pele integra) mantém umidade, promove a quimiotaxia e 
angiogênese (lesões). 
Indicação: prevenção e tratamento de lesões com ou sem infecção. 
Modo de usar: aplicar naferida ou embeber a gaze, proteger com 
secundário e fixar. Troca diária. 
Pode ser associado a outras coberturas. 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 57 
 
10.2 ALGINATO DE CÁLCIO E SÓDIO 
 
 
Os alginatos são sais do polímero natural de ácido algínico derivado das 
algas marinhas marrons. Estes curativos são comercializados em embalagens 
individuais e estéreis e são especialmente indicados para feridas cavitárias 
altamente exsudativas, em razão de seu elevado poder de absorção e eficiente 
estímulo à granulação tecidual (DANTAS, 2003). 
Podem também ser utilizados em feridas sangrantes, com ou sem infecção, 
até a redução do exsudato. Em feridas infectadas trocar, no máximo, a cada 24 
horas e em feridas limpas com sangramento a cada 48 horas ou quando saturado. 
Com a diminuição do exsudato, as trocas poderão ser efetuadas a cada três ou 
quatro dias. 
Composição: íons de cálcio (80%), íons de sódio (20%), ácidos gulurônico e 
manurômico (derivados de algas marinhas). 
Ação: a troca iônica promove a formação de gel (umidade), desbridamento 
autolítico, hemostasia e grande absorção de exsudato. 
Indicação: feridas sangrantes com exsudação abundante, cavitárias com ou 
sem infecção. 
Troca do curativo: trocar a cobertura secundária sempre que saturar. Nas 
feridas infectadas a cada 24 horas e nas feridas limpas entre dois e cinco dias. 
 
 
10.3 BOTA DE UNNA 
 
 
Composição: bandagem contendo óxido de zinco, glicerina, gelatina em pó e 
água. O produto comercializado é acrescido de glicerina, acácia, óleo de castor e 
petrolato branco para evitar o endurecimento. 
Mecanismo de Ação: facilita o retorno venoso e auxilia na cicatrização. Evita 
o edema nos membros inferiores. 
Indicação: úlceras de estase venosa. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 58 
Contraindicação: úlceras arteriais e presença de infecção ou inflamação. 
Modo de Usar: limpeza do local com gaze e soro fisiológico (jatos). Aplicar a 
bandagem na perna totalmente desinchada pela manhã. Iniciar pela base do pé, 
envolvendo a perna sem deixar enrugá-la até a altura do joelho. Colocar uma 
bandagem elástica para a compressão. 
Troca do curativo: Semanalmente. 
Observações: Devem ser observados sinais de infecção local ou sistêmica 
durante a utilização da bota. 
 
FIGURA 8 – CONFECÇÃO DA BOTA DE UNNA 
 
FONTE: Arquivo Pessoal do Autor. 
 
 
10.4 CARVÃO ATIVADO E PRATA 
 
 
O Carvão Ativado e Prata é uma cobertura primária, composta de um tecido 
carbonizado em uma atmosfera desprovida de oxigênio e impregnada com nitrato de 
prata a 0,15% envolto por uma camada de não tecido, selado em toda a sua 
extensão indicada, mais especificamente, no tratamento de feridas com média a 
moderada quantidade de exsudato. 
É preciso ressaltar, no entanto, que a cobertura de Carvão Ativado e Prata 
não deve ser violada, tendo em vista a possibilidade de liberar fragmentos tóxicos no 
leito da ferida. 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 59 
A prata, por sua vez, é um potente microbicida que age sobre o crescimento 
e resistência bacteriana. A ação do Carvão Ativado, por meio da força magnética, 
exerce, portanto, a função de absorção dos microbianos e exsudato presente no 
leito da ferida. 
O processo, em síntese, favorece a aderência das bactérias ao Carvão 
Ativado e Prata a fim de deixar o leito da ferida livre de toxicidade e propício à 
cicatrização (DANTAS, 2003; MULDER, 1996). 
Além da ação bactericida e desodorizante, a cobertura tem a vantagem de 
não aderir ao tecido neocicatricial, preservando-o de traumas no ato da retirada e, 
com isso, eliminando significativamente a dor local. 
Sendo assim, possui indicação para o tratamento de feridas infectadas 
exsudativas, úlceras de pressão, úlceras varicosas, incisões cirúrgicas, entre outros. 
O curativo de Carvão Ativado com Prata, enquanto curativo primário, 
necessita de curativo secundário, devendo este ser trocado em intervalos menores 
de tempo. 
Nas primeiras trocas, a cobertura de carvão deve ser trocada diariamente, 
podendo aumentar gradativamente, até sete dias, conforme a redução da 
quantidade de exsudato. Com a diminuição do número de trocas e redução da 
agressão ao tecido neoformado tem-se, consequentemente, a minimização da dor 
ao paciente e do investimento de tempo pelos profissionais de enfermagem na 
realização do curativo (DEALEY, 2001; CÂNDIDO, 2004). 
Em última análise, a cobertura de Carvão Ativado e Prata pode assemelhar-
se a um curativo ideal, por evitar a mudança frequente da temperatura e do pH do 
leito da ferida, permitindo, desse modo, um processo de cicatrização ainda mais 
intenso. 
Composição: carvão ativado impregnado com prata a 1,5% e envolto por 
tecido de nylon. 
Ação: absorve exsudato, filtra odor, bactericida. 
Indicação: feridas infectadas e exsudativas. 
Observações: não pode ser cortado, não pode ser utilizado nos casos de 
exposição óssea. 
Troca do curativo: trocar cobertura secundária; troca do carvão: entre dois e 
cinco dias. 
 
 
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 60 
 
10.5 CLOREXIDINA 
 
 
Germicida por destruição da membrana citoplasmática bacteriana, que se 
mantém na presença de matéria orgânica. 
Ação: é citotóxico e reduz a força tensil tecidual. 
Indicação: antissepsia da pele e pericatéteres (profilaxia em procedimentos 
invasivos e prevenção de colonização). 
 
 
10.6 COLAGENASE 
 
 
Composição: enzima proteolítica. 
Ação: desbridamento suave, não invasivo em razão da degradação de 
colágeno. 
Indicação: ferida com tecido desvitalizado. 
Modo de usar: aplicar fina camada, colocar gaze úmida, aplicar o curativo 
secundário e fixar. 
Troca diária. 
 
 
10.7 COBERTURA NÃO ADERENTE ESTÉRIL 
 
 
Composição: tela de acetato de celulose, impregnada com emulsão de 
petrolatum, hidrossolúvel. 
Ação: proporciona a não aderência da ferida. 
Indicação: áreas doadoras e receptoras de enxerto, abrasões e lacerações. 
 
 
 
 
 
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 61 
 
10.8 FILME TRANSPARENTE SEMIPERMEÁVEL 
 
 
Composição: poliuretano, hipoalergeno, aderente, transparente e elástico e 
semipermeável. 
Ação: umidade, permeabilidade seletiva, impermeável a fluidos. 
Indicação: fixação de cateteres, proteção de pele íntegra, na prevenção de 
úlceras por pressão em pacientes acamados e imobilizados. 
Observações: pode ser usado como curativo secundário. 
Troca: pode ser mantido por até sete dias, dependendo das condições da 
pele, umidade, do atrito e da fricção. Avaliar diariamente. 
 
FIGURA 9 - FILME TRANSPARENTE SEMIPERMEÁVEL 
 
FONTE: Arquivo Pessoal do Autor. 
 
 
10.9 HIDROCOLOIDE 
 
 
São curativos comercializados com a finalidade de tratamento de feridas 
limpas e prevenção de úlceras de pressão. A camada externa destes curativos, 
formada por espuma de poliuretano, serve como barreira térmica microbiana e 
mecânica a gases e líquidos. 
 
 
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 62 
A camada interna, composta por gelatina, pectina e carboximetilcelulose 
sódica tem as propriedades de absorção de exsudato, manutenção do pH ácido e 
manutenção de ambiente úmido, estimulando a angiogênese e o desbridamento 
autolítico. 
Alivia a dor por meio da proteção das terminações nervosas e não aderência 
ao leito da ferida e é autoaderente, dispensando a utilização de curativos 
secundários. 
A placa de hidrocoloide deve ser trocada sempre que o gel extravasar ou o 
curativo descolar ou no máximo a cada sete dias (MANDELBAUM et al., 1998). 
Composição: gelatina, pectina, carboximetilcelulose sódica e espuma de 
poliuretano. 
Ação: estimula angiogênese e o desbridamento autolítico, acelera o 
processo de granulação. 
Indicações: ferida não infectada, com leve a moderada exsudação. 
Prevenção de úlcera de pressão. 
Observações: odor desagradável na retirada. 
Troca: pode durar até sete dias, dependendo do volume de exsudato. Deve 
ser avaliado diariamente. 
 
FIGURA 10 - HIDROCOLOIDE 
 
FONTE: Arquivo Pessoaldo Autor. 
 
 
 
 
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 63 
 
10.10 HIDROGEL: AMORFO OU EM PLACA 
 
 
Composição: água (77,7%), propilenoglicol (20%) e carboximetilcelulose 
(2,3%). 
Ação: amolece e remove tecido desvitalizado por meio de desbridamento 
autolítico. 
Indicação: feridas abertas com crostas e tecidos desvitalizados. 
Observações: necessita de cobertura secundária. 
Troca de 24 a 72 horas. 
 
FIGURA 11 - HIDROGEL 
 
FONTE: Arquivo Pessoal do Autor. 
 
 
10.11 HIDROPOLÍMERO 
 
 
Composição: almofada de espuma composta de camadas de não tecido, 
revestida por filme de poliuretano. 
Ação: mantém a umidade, absorve pouco exsudato, preenchendo a 
cavidade. 
Indicação: feridas não infectadas com baixa ou moderada exsudação. 
Observação: troca sempre que saturar, podendo ficar até cinco dias. 
 
 
 
 
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 64 
 
10.12 PAPAÍNA 
 
 
Consiste num complexo de enzimas proteolíticas, retirado do látex do 
mamão papaia (Carica Papaya). Este complexo provoca dissociação das moléculas 
de proteína, resultando em desbridamento químico. 
É bactericida e bacteriostático, além de estimular a força tênsil das cicatrizes 
e acelerar o processo cicatricial. Está indicado para o tratamento de feridas abertas, 
limpas ou infectadas e para o desbridamento de tecidos desvitalizados. 
A periodicidade da troca é, no máximo, a cada 24 horas ou de acordo com a 
saturação do curativo secundário (DEALEY, 2001; DANTAS, 2003). 
Composição: enzimas proteolíticas, retiradas do látex do mamão papaia. 
Ação: desbridante, anti-inflamatória e bactericida. 
Indicação: feridas abertas, infectadas e com tecido necrótico. 
Modo de usar: lavar a lesão com jatos de solução com concentrações 
dependentes da característica da lesão. Cobrir com gaze embebida em soro 
fisiológico a 0,9% e curativo secundário. Fixar. 
Troca diária. 
Advertência e cuidados especiais: em alerta emitido pelas entidades 
SOBENDE e SOBEST (www.sobende.org.br e www.sobest.org.br), tendo como base 
publicação do FDA, “as pessoas alérgicas ao látex podem desenvolver alergia 
cruzada quando utilizam enzimas como a papaína e algumas outras enzimas”. 
Neste sentido, é importante investigar este tipo de alergia, pois as reações 
podem ser leves, graves e até mesmo gravíssimas, levando à morte por anafilaxia. 
Com o crescente uso de luvas de procedimentos, camisinha, e derivados do látex, é 
cada vez maior o número de pessoas alérgicas a este produto, o que exige cautela 
por parte dos profissionais ao utilizar esta enzima. 
Nos Estados Unidos o FDA proibiu a utilização de cremes contendo papaína, 
desde 25 de setembro de 2008, em função deste risco. No Brasil, até o momento a 
ANVISA não se manifestou a respeito. 
 
 
 
 
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 65 
 
10.13 PROTETORES CUTÂNEOS PARA ESTOMAS 
 
 
São compostos comercializados na forma de pó, pasta ou placa, com a 
função de proteger e regenerar a epiderme de lesões de pele provocadas por 
esparadrapagem, fixação de bolsas coletoras, extravasamentos de drenos, estomas 
e fístulas. 
Em sua composição tem-se: gelatina, pectina, carboximetilcelulose sódica e 
poli-isobutileno. A gelatina faz a hidrólise parcial do colágeno e é um agente 
hemostático e absorvente. 
A pectina é uma substância mucilaginosa com poder de absorção de água 
formando soluções coloidais viscosas e opalescentes (gel) com propriedades 
protetoras sobre as mucosas. 
A carboximetilcelulose sódica proporciona viscosidade e estabilidade à 
emulsão. O poli-isobutileno, por sua vez, é um elastômero resistente aos ácidos 
drenados pelo organismo. Estes protetores devem ser trocados somente quando 
houver perda de sua aderência (CARNEIRO et al., 1998). 
 
 
10.14 SULFADIAZINA DE PRATA A 1% 
 
 
Composição: sulfadiazina de prata a 1%. 
Ação: bactericida e bacteriostática residual. 
Indicação: queimaduras, principalmente nas primeiras 24 horas. 
Observação: retirar excesso remanescente a cada troca de curativo. Em 
áreas extensas, monitorar sulfa sérica e função renal. 
 
 
 
 
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 66 
 
11 OXIGÊNIO HIPERBÁRICO 
 
 
A oxigenoterapia hiperbárica (OHB) é uma modalidade terapêutica que 
consiste na oferta de oxigênio puro (FiO2 = 100%) em um ambiente pressurizado a 
um nível acima da pressão atmosférica, habitualmente entre duas e três atmosferas. 
A OHB pode ser aplicada em câmaras com capacidade para um paciente 
(câmara monopaciente ou monoplace) ou para diversos pacientes (câmara 
multipaciente ou multiplace). 
A oxigenoterapia hiperbárica é reconhecida como uma modalidade 
terapêutica que deve ser aplicada por um médico. No Brasil, as indicações foram 
regulamentadas pelo Conselho Federal de Medicina, mediante resolução CFM 
1457/95. 
As indicações para a realização da terapia hiperbárica são as seguintes: 
 
 Embolia gasosa; 
 Doença descompressiva; 
 Embolia traumática pelo ar; 
 Gangrena gasosa; 
 Síndrome de Fournier; 
 Outras infecções necrotizantes de partes moles: celulites, fasceítes e 
miosites; 
 Vasculites agudas de etiologia alérgica, medicamentosa ou por toxinas 
biológicas (aracnídeos, ofídios e insetos); 
 Lesões por radiação: radiodermite, osteorradionecrose e lesões actínicas de 
mucosas; 
 Anemia aguda, nos casos de impossibilidade de transfusão sanguínea; 
 Isquemias traumáticas agudas: lesão por esmagamento, síndrome 
compartimental, reimplante de extremidade amputada e outros; 
 Queimaduras térmicas ou elétricas; 
 Lesões refratárias: úlceras de pele, pé diabético, escaras de decúbito, úlceras 
por vasculites autoimunes, deiscências de sutura; 
 
 
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 Osteomielite; 
 Retalhos ou enxertos comprometidos. 
 
Os efeitos colaterais da OHB são os seguintes: 
 
 Toxicidade pulmonar: tosse seca, dor retrosternal, hemoptoicos e edema 
pulmonar; 
 Toxicidade neurológica: parestesias e convulsão (1:10.000 tratamentos); 
 Desconforto e barotrauma auditivos; 
 Desconforto nos seios da face; 
 Alterações visuais transitórias. 
 
 
12 ATRIBUIÇÕES DOS DIFERENTES PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM NA 
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE FERIDAS 
 
 
A enfermagem é uma profissão composta por diferentes categorias, sendo 
necessária a definição das competências de cada integrante da equipe. 
A Legislação do Exercício Profissional (Lei 7468) prevê diferentes 
atribuições, responsabilidades, deveres e direitos, os quais devem nortear as ações 
dos profissionais para que atuem como uma equipe, com cooperação, respeito 
mútuo e complementariedade de ações, para que a assistência de enfermagem 
possa ser contínua, integral, individualizada e qualificada. 
O “Fórum de especialistas em enfermagem em dermatologia e 
estomaterapia” delineou as seguintes atribuições dos profissionais de enfermagem 
no tratamento de feridas: 
 
Enfermeiro Generalista: 
 
 Capacitar recursos humanos; 
 Realizar pesquisas; 
 Elaborar protocolos; 
 
 
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 Emitir parecer técnico; 
 Indicar a utilização de superfícies dinâmicas e estáticas; 
 Realizar desbridamento autolítico e enzimático; 
 Solicitar parecer ao enfermeiro especialista em casos complexos (pés 
diabéticos, feridas oncológicas, úlceras com envolvimento de estrutura 
tendínea e ou óssea, lesões provenientes de patologia autoimune, lesões 
tuneilizadas em pacientes imunoincompetentes) e sempre que julgar 
necessário; 
 Implementar a Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE; 
 Realizar anotações de enfermagem. 
 
Enfermeiro Especialista: 
 
 Capacitar recursos humanos; 
 Realizar pesquisas; 
 Elaborar e validar protocolos; 
 Emitir parecer técnico; 
 Prescrever coberturas; 
 Indicar a utilização de superfícies dinâmicas e estáticas; 
 Realizar previsão do tempo de tratamento das feridas e estimativa de 
custos; 
 Realizar desbridamento autolítico, enzimático e com instrumental 
conservador; 
 Assumirresponsabilidade técnica em consultórios especializados e em 
grupos de referência para o tratamento de pessoas com feridas, seja no 
atendimento hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando à promoção da 
integridade da pele, prevenção, tratamento e reabilitação; 
 Implementar a SAE; 
 Coordenar a equipe de enfermagem; 
 Realizar anotações de enfermagem; 
 Realizar auditoria; 
 Coordenar cursos de pós-graduação na área; 
 
 
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 Atuar como responsável e consultor técnico junto a empresas que atuam 
no seguimento de produtos para os cuidados com a pele e tratamento de 
feridas. 
 
Técnico de Enfermagem: 
 
 Realizar ações de promoção da integridade da pele e prevenção de 
feridas, sob orientação e prescrição do enfermeiro; 
 Realizar curativos de menor complexidade mediante a prescrição e 
supervisão do enfermeiro; 
 Realizar anotações de enfermagem. 
 
Auxiliar de Enfermagem: 
 
 Realizar ações de promoção da integridade da pele e prevenção de 
feridas, sob orientação e prescrição do enfermeiro; 
 Auxiliar o enfermeiro e/ou técnico na realização de curativos; 
 Realizar anotações de enfermagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIM DO MÓDULO II 
 
 
 
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 70 
 
 
 
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 AN02FREV001/REV 4.0 
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 AN02FREV001/REV 4.0 
 74 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXOS 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 75 
 
ANEXO 1 - MODELO PARA REGISTRO DA EVOLUÇÃO DO 
TRATAMENTO DE FERIDAS 
 
COMISSÃO DE CURATIVOS 
 
Dados gerais de identificação do paciente 
 
1. Histórico: 
- Doença de base: 
________________________________________________________ 
- Feridas existentes: 
______________________________________________________ 
- Número e tipo de feridas: 
_________________________________________________ 
- Tempo de evolução das feridas: 
___________________________________________ 
- Antecedente familiar: 
___________________________________________ 
- Cirurgias realizadas: 
__________________________________________ 
- Desbridamento cirúrgico: 
_________________________________________________- Câmara hiperbárica: 
____________________________________________________ 
- Alergias: 
_____________________________________________ 
- Curativos anteriores: 
____________________________________________________ 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 76 
- Data da Primeira avaliação da Ferida: 
_______________________________________ 
 
2. Medicamentos em uso: 
 Antibióticos 
 Anti-hipertensivos 
 Anticoagulantes 
 Suplemento Vitamínico 
 Imunossupressor 
 Hipoglicemiantes orais e Insulina 
 Corticoides 
 Outros: Quais? ___________________________________. 
 
3. Fatores que afetam a cicatrização e dados relacionados à patologia de base: 
 Idade 
 Vasculopatias 
 Estado Nutricional (deficit proteico, calórico e de vitaminas) 
 Imunossupressão 
 IRC 
 Distúrbio de coagulação 
 Álcool 
 Glicocorticoide 
 Diabetes 
 Hipertensão 
 Insônia 
 Dor 
 Stress e ansiedade 
 Imobilidade 
 Infecção 
 Tricotomia 
 Irradiação 
 Obesidade 
 Incontinência 
 
 
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 77 
 Doença Cardiovascular (oxigenação) 
 Fumo 
 
4. Exames 
 Hemograma 
 Coagulograma:_______________________________________ 
 Glicemia 
 Leucócitos:__________________________________________ 
 Cultura: Data: ____/____/_________ 
 Resultado: ____________________________________ ____ 
 
5. Classificação da Ferida 
 Crônica: 
( ) Úlcera Venosa 
( ) Úlcera por Pressão 
( ) Úlcera Diabética, neuropática ( Pé diabético) 
( ) Úlcera de Perna ( trauma, bactérias e picadas) 
 Aguda: 
( ) Queimaduras, lacerações, abrasões 
 Cirúrgica: 
( ) Incisão Cirúrgica 
( ) Deiscência 
( ) Infecção Sítio Cirúrgico 
 
6. Tipos de Cicatrização: 
 Primeira Intenção 
 Segunda Intenção 
 Terceira Intenção 
 
7. Mensuração: 
 Desenho (decalque) 
 Swab (comp.) ______________________________________________ 
 Dimensionamento (comp. x larg.)__________________________________ 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
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 Fotografia 
 Volume ml (instilar S.F 0,9%) ____________________________________ 
 
8. Espaço morto: 
 Descolamento 
 Sinus ou Túnel 
 Fístula 
 
9. Avaliação do Estado da Ferida: 
 
Estruturas Envolvidas Estadiamento 
Epiderme (eritema da pele intacta que não 
embranquece após a pressão). 
Estágio I 
Epiderme e Derme (Perda parcial da pele); é 
superficial. Apresenta-se como uma abrasão 
ou crateras rasas. 
Estágio II 
Epiderme, Derme e Tecido Subcutâneo 
Perda da pele na sua espessura total, 
envolvendo danos ou necrose do tecido 
subcutâneo que pode aprofundar, não chega a 
fascia. Apresenta-se como uma cratera 
profunda. 
Estágio III 
Epiderme, derme, tecido subcutâneo, 
músculo, tendão e osso. Extensa destruição, 
necrose dos tecidos ou danos aos músculos, 
ossos e estruturas de suporte. 
Estágio IV 
 
Estadiamento: _____________________________ 
 
 
 
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10. Localização Anatômica da Ferida (descrever a primeira avaliação): 
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
____________________________________________________________
 
 
11. Tipos de tecido no leito da ferida: 
 Granulação 
 Necrose 
 Esfacelos 
 
 
 
 AN02FREV001/REV 4.0 
 80 
 
12. Cor da ferida: 
 Granulação vermelha saudável 
 Granulação pálida 
 
13. Característica do exsudato da ferida: 
 Seroso 
 Purulento 
 Sanguinolento 
 Ausente 
 Pouco 
 Moderado 
 Acentuado 
 
14. Borda da ferida: 
 Epitelização 
 Necrose 
 Isquemia 
 
15. Pele ao redor da ferida: 
 Macerada 
 Eritema 
 Queratinosa 
 Edemaciada 
 Endurecida 
 Lipodermatosclerose 
 
16. Presença de Infecção: 
 Com odor característico 
 Inflamação pronunciada ao redor 
 
 
 
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17. Coberturas (Curativos): 
 
Obs.: Realizar a prescrição de Enfermagem no Prontuário do paciente, do curativo e 
cobertura indicada, bem como os cuidados de prevenção com a aplicação e troca. 
 
Obs.: Realizar a prescrição de Enfermagem no Prontuário do paciente dos materiais 
de Superfície de Suporte e alívio da carga mecânica. 
 
 Malha de Carvão Ativado 
 Alginato de Cálcio e Sódio 
 Intrasite Gel amorfo 
 Adaptic 
 AGE (Dersani) 
 Hidrocoloide com Alginato de Sódio (Safigel) 
 Hidrocoloide Placa 
 Papaína 
 Colagenase 
 Iruxol 
 Filme transparente (tegaderme) 
 Melolin 
 Sulfadiazina de Prata 1% 
 Gazes 
 Zobec 
 Outros 
 
18. Prescrição do curativo: Primeira Ferida em qual 
membro?___________________________________ 
 Irrigar a ferida com solução fisiológica a 0,9% morna. 
 Aplicar o curativo_________________________________________ que deverá 
permanecer por _________ horas. Trocar o curativo se sair ou se muito saturado. 
 Aplicar a cobertura secundária que deverá permanecer por _______ horas. Trocar 
se saturar. 
 
 
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Prescrição do curativo: Segunda: Ferida em qual membro? 
_________________________________ 
 Irrigar a ferida com solução fisiológica a 0,9% morno. 
 Aplicar o curativo_________________________________________ que deverá 
permanecer por _________ horas. Trocar o curativo se sair ou se muito saturado. 
 Aplicar a cobertura secundária que deverá permanecer por _______ horas. Trocar 
se saturar. 
 
Prescrição do curativo: Terceira Ferida em qual membro? 
_________________________________ 
 Irrigar a ferida com solução fisiológica a 0,9% morno. 
 Aplicar o curativo ______________________________________ que deverá 
permanecer por _________ horas. Trocar o curativo se sair ou se muito saturado. 
 Aplicar a cobertura secundária que deverá permanecer por _______ horas. Trocar 
se saturar. 
 
Passo o plantão do curativo para Enfermeira ou Técnica de Enfermagem: 
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________ 
 
19. Data da próxima avaliação: 
______________________________________________ 
 
20. Nome da Enfermeira que realizou a avaliação 
______________________________________________ 
 
21. Classificação do risco de desenvolver úlcera por pressão 
 
 
 
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Escala de Braden 
Obs: Quanto mais baixa for a pontuação, maior será o potencial para desenvolver uma 
úlcera de pressão 
*Escore 15 a 16: brando * Escore de 12 a 14: moderado *Escore menor ou igual 
11: acentuado. 
O escore deste paciente: ______________________________________ 
 
Percepção 
Sensorial: responde 
à pressão, 
relacionada ao 
desconforto. 
1-Completamente 
limitado: Não 
responde aos 
estímulos 
dolorosos. 
2-Muito limitado: 
Responde somente 
aos estímulos 
dolorosos. 
3-Levemente 
limitado: Responde 
aos comandos 
verbais. Nem 
sempre consegue 
comunicar. 
4-Nenhuma 
limitação: 
Responde aos 
comandos verbais. 
Umidade: Grau ao 
qual a pele está 
exposta à umidade. 
1-Constantemente 
úmida. 
2-Muito úmida. 3-Ocasionalmente 
úmida. 
4-Raramente 
úmida. 
Atividade: grau de 
atividade física. 
1-Acamado. 2-Restrito à cadeira. 3-Caminhaocasionalmente. 
4-Caminha 
frequentemente. 
Mobilidade: 
habilidade de mudar 
e controlar as 
posições corporais. 
1-Completamente 
imobilizado. 
2-Muito limitado. 3-Levemente 
limitado. 
4-Nenhuma 
limitação. 
Nutrição: padrão 
usual de ingestão de 
alimento. 
1-Muito Pobre: 
está em jejum ou 
em hidratação EV. 
2-Provavelmente 
inadequada: 
Raramente faz uma 
refeição completa. 
Alimentação por SNE. 
3-Adequada: Come 
mais da metade da 
maior parte das 
refeições. 
Geralmente recusa 
uma refeição. 
4-Excelente. 
Fricção e 
Forças de 
deslizamento. 
1-Problema: 
Necessita de 
assistência para 
mover-se. 
2-Potencial para o 
problema: 
Movimenta-se 
livremente ou 
necessita de uma 
assistência mínima. 
3-Nenhum 
problema 
aparente. 
 
 
 
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22. Materiais e Equipamentos para prevenir Úlcera de Pressão: 
 
 
Uso de Superfície de suporte e alívio da carga mecânica (assinalar o que faz uso) 
 
Usa colchonete “caixa de ovo” ou colchão de ar como alívio de pressão alternada? 
Usa protetor de espuma para calcanhar e tornozelo (ciente que não deve usar luva 
d’água?) 
 
Usou superfície / colchonete com redistribuição de pressão sobre a mesa cirúrgica? 
Usa travesseiro, almofada e coxim no leito e cadeira (na cadeira reposiciona a cada uma 
hora?) 
 
Usa fralda e coletor (limpa a pele a cada eliminação?) 
Usa forro móvel (reposiciona a cada duas horas?) 
Mantém em posição de 30 graus a cabeceira do leito e quando está na lateral? 
Faz uso de hidratantes evitando massagem sobre proeminências ósseas? 
Faz uso de Filme transparente e Hidrocoloide para proteção da pele? 
 
Troca do curativo 
Protocolo de Avaliação 
 Primeira 
troca do 
curativo 
Segunda 
troca do 
curativo 
Terceira 
troca do 
curativo 
Quarta 
troca do 
curativo 
Quinta 
troca do 
curativo 
Data 
Localização Anatômica da Ferida 
Nome do Curativo Indicado 
Tipo da Cobertura Indicada 
Nome do Enfermeiro ou Técnico 
de Enfermagem responsável pela 
troca 
 
Tipo de tecido no leito da ferida e 
cor: granulação vermelha ou pálida, 
 
 
 
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 85 
necrose, esfacelos. 
Pele ao redor da ferida: macerada, 
eritema, queratina, edema, 
endurecida, lipodermatosclerose. 
 
Borda da ferida: epitelização, 
necrose, isquemia. 
 
Presença de exsudato: seroso, 
purulento, sanguinolento, ausente, 
pouco, moderado, acentuado. 
 
Presença de infecção: mau cheiro, 
inflamação ao redor. 
 
Foi ministrado antibiótico: 
Sim, não, qual? 
 
Presença de dor: na troca do 
curativo, sempre, esporadicamente, 
à noite. 
 
Quantos dias o curativo 
permaneceu aplicado? 
 
Mensuração: (após segunda 
semana) boa evolução ou retardo. 
 
Existe vazamento de exsudato 
pelas bordas do curativo: sim, não. 
 
Tempo despendido com a troca do 
curativo 
 
 
Observação: rubrica e carimbo. 
 
 
 
FIM DO CURSO!

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